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Sexta, 10 de outubro de 2014

Até quando o Brasil ficará de costas para o mar?


"Atualmente, a criação de áreas marinhas protegidas está estagnada no Brasil, seja no Governo
federal, estadual e municipais, na contramão do que acontece em outros países, como Austrália,
Bahamas, Ilhas Cook, Palau e Estados Unidos", escreve Marcia Hirota, diretora-executiva da
Fundação SOS Mata Atlântica, em artigo, publicado pelo Blog do Planeta, 09-10-2014.

Eis o artigo.

A região costeira e marinha brasileira é formada por um imenso patrimônio natural. O país tem nada
menos do que 8.600 km de costa, a maior da América Latina. Vivem no litoral cerca de 42 milhões
de pessoas, ou 25% da população brasileira, concentradas principalmente em 13 das 27 capitais
situadas à beira-mar. É também no mar que estão aplicados investimentos bilionários para a produção
de petróleo nas camadas pré-sal. No entanto, entre tantos números, um em especial se destaca – e,
infelizmente, não por sua grandiosidade: temos apenas 1,57% de áreas marinhas brasileiras protegidas
na forma de Unidades de Conservação.

Pela importância do oceano para a saúde, a segurança, a alimentação e o lazer da população brasileira,
é inaceitável que governos continuem a ignorar a necessidade de um planejamento estratégico e uma
agenda positiva que protejam e favoreçam as zonas costeira e marinha. Com o objetivo de estimular
esse debate, a Fundação SOS Mata Atlântica dedicou um capítulo exclusivo ao tema no documento
Desenvolvimento para Sempre, que apresenta 14 metas aos candidatos às eleições de 2014.

São quatro os pontos que compõem o eixo Mar, sendo o primeiro deles o que pede o compromisso
dos candidatos com a aprovação, até 2015, do Projeto de Lei nº 6.969/2013, que institui a Política
Nacional para a Conservação e Uso Sustentável do Bioma Marinho (PNCMar).

Esse projeto, que chamamos de Lei do Mar, é resultado de um processo democrático que contou com
a participação de cientistas, parlamentares, profissionais e especialistas no tema. Busca,
especialmente, o aprimoramento da governança costeira e marinha no Brasil, garantindo assim a
proteção dos recursos naturais para essa e para as futuras gerações. Apresentado no Congresso
Nacional no final de 2013, o projeto de lei segue pelos trâmites regulares e comissão temática até a
aprovação e sanção presidencial.

Outro tópico da carta trata da proteção das áreas marinhas. A proposta é que o país tenha, até 2018,
5% desse território protegido, o que representa metade da meta de elevar essa cifra a 10% até 2020,
com a qual o Brasil se comprometeu na Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade
Biológica. Para completar, o documento pede que 100% das unidades de conservação marinhas
tenham planos de manejo aprovados até 2018.

Atualmente, a criação de áreas marinhas protegidas está estagnada no Brasil, seja no Governo federal,
estadual e municipais, na contramão do que acontece em outros países, como Austrália, Bahamas,
Ilhas Cook, Palau e Estados Unidos. Por aqui, as últimas iniciativas do Poder Executivo para a
concepção dessas unidades ocorreram há cinco anos, quando foram criadas as Reservas Extrativistas
da Prainha do Canto Verde (CE) e do Cassurubá (BA). A falta de prioridade é tamanha que tem sido
pouco abordada nas propostas dos candidatos à presidência.

Para completar as reivindicações, o documento propõe que os candidatos se comprometam a dobrar,


até 2018, municípios com cobertura de saneamento básico na zona litorânea, passando de 30% para
60%, e a implementar o Plano Nacional de Contingência para grandes vazamentos de petróleo,
aumentando assim a fiscalização do Estado sobre essa exploração.

Ao cumprirem essas metas, os futuros governantes terão dado um passo importante para suprir a
ausência de políticas adequadas à conservação e gestão sustentável do nosso território marinho. Para
nós, seria a garantia da proteção do nosso patrimônio costeiro e marinho, que tem papel fundamental
no desenvolvimento do país.

Para ler mais:

19/07/2010 - Cresce temor estrangeiro sobre trabalho da Petrobras em alto mar


06/11/2011 - IDH, como uma onda no mar
01/10/2008 - Brasil vai "esconder" gás carbônico no fundo do mar
04/09/2012 - Pesquisa com anêmonas reforça teoria de que Brasil teve 'mar interno'
25/11/2011 - Entre a terra e o mar

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