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melhor.
A BELA E A FERA
PROTEJA-SE
O terceiro passo para construir a autoestima é
proteger-se. Isso significa ter cuidado. Você tem
inimigos. Haverá forças trabalhando para impedi-lo
de alcançar a sua “Sala da Alma”, aquele espaço
interno onde você pode sustentar a sua consciência
de alma e cultivar a sua conversa com Deus. Vozes
vão chamar por você a partir de outras salas. “Onde
você está?”, “Precisamos de você aqui!” Elas vão
impedi-lo de saber e aprender sobre Deus, o mestre
arquiteto do seu novo eu.
Numa peregrinação, enquanto você está
reconquistando a sua autoestima, é melhor viajar
sozinho pelo menos durante a parte substancial da
jornada. O propósito da sua vida no momento é
achar o Santo Graal. Mas isso não é um fim em si
mesmo. O mais importante é o que você fará com
ele depois que o encontrar. Então, o propósito da sua
vida é doar, expressar, compartilhar o que você
achou. É verdade que num certo sentido você não
pode separar os dois, pois ao doar, expressar e
compartilhar você também se descobre. Mas é um
equilíbrio delicado e, como tal, facilmente perdido.
Portanto, se estiver viajando próximo a outros,
assegure-se de dar-se espaço suficiente.
Enquanto Noé construía a sua arca, as pessoas
vinham e caçoavam dele. “O que está fazendo,
Noé?” Eles pensavam que Noé estava louco. Pode
ser que os outros não entendam por que você quer ir
à sua Sala da Alma para ficar quieto e conhecer
Deus. A lagarta não é a fase mais atraente na vida da
borboleta, mas é um passo essencial. Sem lagarta,
sem borboleta, é simples. Deus tem uma ordem de
preservação sobre você nessa época. Confie e tenha
a fé de que se você continuar indo para dentro de si a
fim de encontrar poder, então, o poder fará o seu
trabalho.
Proteger-se tem muito a ver com os relacionamentos
na sua vida, seu relacionamento consigo mesmo,
com Deus e com outras pessoas. Ponha seu
relacionamento consigo e com Deus em primeiro
lugar. Suas lições virão através de outras pessoas,
mas não perca de vista quem está aprendendo e
quem está ensinando.
Os relacionamentos com os outros são um modo de
nos conhecermos num nível mais profundo. Eles são
intensos, interessantes e verdadeiros. Precisamos de
alguém para nos sacudir, para espelhar de volta para
nós a nossa realidade. Mas precisamos ter cautela
em relação ao que eles estão espelhando de volta,
qual realidade, qual identidade. Se você está numa
peregrinação para encontrar a sua verdadeira
identidade, tenha cuidado com o que as outras
pessoas veem em você, pois você se verá com
aqueles olhos também, e isso poderá dar-lhe uma
sensação falsa de segurança; você pensa que está
bem, quando na realidade há muito com o que
poderia estar trabalhando em si. Quando você é
próximo a algumas pessoas, sua percepção fica
misturada com a percepção deles; às vezes você não
pode sequer dizer se seus sentimentos são seus
mesmos ou deles. Se eles não estão vendo a si
próprios claramente, irão projetar o que eles não
gostam neles em você, e se você não estiver fazendo
o seu trabalho adequadamente, projetará neles aquilo
de que não gosta em você! Todos os
relacionamentos são uma troca de força, as pessoas
competem por energia: A e B tomando suporte um
do outro, até que A não tenha mais a energia ou
interesse e retira o sentimento. E B, tendo se tornado
dependente, é então incapaz de encontrar aquela
energia tanto de dentro quanto de qualquer outro
lugar.
Num relacionamento ideal haverá uma troca de
amor de alta qualidade. Uma pesquisa científica
recente de Nova York, que tem atraído a atenção da
mídia, identificou três tipos de amor: luxúria,
atração e apego. Luxúria e atração falam por si
mesmas. Elas podem ser muito divertidas, mas pode
haver um preço muito alto a pagar em termos de sua
autoestima, e elas, por fim, causarão distração para
qualquer um numa peregrinação verdadeira. O
apego talvez prometa um amor mais profundo, mas
quantas pessoas você conhece que não podem viver
um sem o outro, mas que não podem realmente viver
um com o outro também? Eles amam odiar um ao
outro! Portanto, seja cuidadoso com a qualidade de
seus relacionamentos. Você realmente está
preparado para amar outro ser humano
adequadamente? Ou precisa aprender a amar-se
primeiro?
As coisas que nos atraem às outras pessoas são
frequentemente qualidades que nós mesmos
gostaríamos de ter. Se somos calmos e gentis,
poderemos achar atraentes as pessoas extrovertidas e
confiantes. Se somos fortes e dinâmicos, poderemos
achar atraentes as pessoas gentis e calmas. Em
qualquer caso, a única e verdadeira solução
definitiva é encontrar dentro de nós qualquer
qualidade que estamos procurando no outro. Isso
porque o poder que pode ser encontrado no retorno
ao estado natural da alma tem todos os ingredientes
necessários para a confecção de qualquer qualidade.
Dentro da lagarta da transformação espiritual existe
um equilíbrio perfeito de qualidades; um equilíbrio
do masculino e do feminino dentro de todos nós.
Assim, todos podemos ser fortes e gentis,
responsáveis e livres, aventureiros e cautelosos.
Quando vemos a alquimia daquilo que foi fraco
tornar-se forte, daquilo que foi idealista tornar-se
visionário, daquilo que foi preocupação tornar-se
liberdade – então, os relacionamentos mudam de
dependentes para interdependentes, de prejudiciais
para saudáveis.
Deus nos ensina a amar a nós mesmos. Por Ele não
ter nenhuma agenda escondida, Ele refletirá de volta
para nós somente nossas qualidades mais elevadas.
Nós não seremos capazes de projetar Nele nossas
próprias fraquezas; simplesmente teremos de aceitá-
las e nos apropriar delas. Ele não se projetará em
nós, porque Ele não tem fraquezas. Ele não tirará
nossa força, nem retirará o Seu poder, porque é
ilimitado. Ter um relacionamento com Deus é
necessário quando nossas baterias acabam. E isso é
o que pode acontecer para qualquer um procurando
pela autoestima.
POTENCIALIZAÇÃO
O passo final para construir a autoestima é se
potencializar. A força vem de todos os tipos de
lugares. Algumas energias serão temporárias, como
a excitação da cafeína ou da cocaína, que termina
deixando você se sentindo por baixo. O ímpeto da
energia de uma atração temporária também pode
deixá-lo sentindo-se vazio quando enfraquece, ou
machucado quando não é recíproco. Até mesmo
voar alto no sucesso e nas aquisições leva consigo a
inevitabilidade de descer à Terra com um choque
quando existe criticismo e mal-entendido.
A energia verdadeira o deixará tranquilamente
confiante, contente, satisfeito, receptivo, amoroso e
em paz. Você se sentirá conectado à sua própria
bondade interior, à fonte de bondade do universo e à
bondade nas outras pessoas. Você ficará estável e
calmo quando as coisas estiverem indo bem ou mal.
Você não precisará culpar ou criticar alguém ou
algo.
Você se amará – o que significa cuidar de suas
necessidades físicas, comendo a comida apropriada,
fazendo exercícios. Você despenderá tempo sozinho
sendo criativo, meditando ou apreciando o silêncio,
feliz com sua própria companhia e feliz na
companhia dos outros. Conhecerá suas limitações e
delineará fronteiras claras com confiança e calma
quando estiver no trabalho e em compromissos.
Para manter esse estado de autoestima, você
precisará ser muito cauteloso sobre o que causa
perdas à sua força interior. A força escoará se você
não for verdadeiro consigo mesmo. Todos nós temos
um barômetro interno que nos indicará quando
estivermos fora da trilha. Profundamente dentro da
alma, na silenciosa Sala da Alma do nosso ser, está a
nossa consciência. É nossa sabedoria interna, a parte
de nós que sabe realmente que o amor é um estado
do ser mais natural do que o ódio, que a paz é mais
natural do que o estresse. E ela sabe quando
violamos nossa própria verdade através de nossas
fraquezas, compulsões e sendo influenciados pelos
outros. Nossa consciência dói. Tornamo-nos
prisioneiros de nossa própria consciência. Eu disse
anteriormente que Deus não recolhe Seu poder, mas
nós podemos nos privar de tomar o poder da
bondade de Deus, e encontrar força na nossa própria
bondade se não somos verdadeiros com nós
mesmos. Se nos enganamos, se nos esquecemos de
quem realmente somos, se tomamos rápidas doses
de energia ao criticar os outros, por entrarmos em
ganância ou opções fáceis, nossa energia se escoará.
Se abusamos de nós ou de alguém, de algum modo
não teremos uma consciência clara. Isso acontecerá
em nossa mente. E quando formos à nossa Sala da
Alma, não haverá paz, mas punição. Punição
autoinfligida, a punição de uma mente atribulada.
É um paradoxo da espiritualidade, que a verdadeira
autoestima vem quando nós, de fato, vamos além de
nosso “eu”. Se transcendermos a nós mesmos, se
não tivermos desejos egoístas ou teimosos, podemos
nos tornar instrumentos da vontade de Deus. Então,
nosso propósito na vida torna-se muito claro. E é
somente quando temos um propósito claro que
podemos ter autoestima verdadeira. Quando vamos
além de nossos “Eus”, então, encontramos a alma.
Então, nosso propósito na vida torna-se
simplesmente aprender a amar e trazer paz à Terra
de qualquer maneira que pudermos. Pode ser através
da composição de uma sinfonia ou de assar bolos.
Isso realmente não importa.
Por dezesseis anos, Lesley Edwards dedicou-se ao
desenvolvimento espiritual interior com a Brahma
Kumaris. Sua carreira levou-a a ensinar, e ela se
entregou de coração a seu trabalho com crianças
em diversas escolas de Londres. Permaneceu
igualmente comprometida com sua busca espiritual.
Como estudante e professora na Brahma Kumaris,
ela foi um membro muito amado e respeitado na
família BK. Por quase quatro anos, conduziu uma
grande batalha interior com a esclerose múltipla e,
por fim, o câncer. Faleceu em junho de 1999, mas o
legado que deixou nos corações e mentes de todos
que a conheciam foi a visão de imensa coragem,
serviço altruísta e aceitação serena de seu papel
entre nós nesta vida.
Durante seus últimos cinco anos, uma de suas
principais áreas de foco foi o desenvolvimento da
autoestima. Ela desenvolveu e conduziu cursos pelo
Reino Unido, compartilhando tudo o que aprendeu
em sua própria jornada. Este é o segundo de dois
artigos que ela escreveu antes de sua morte. Como
você viu, pela maneira profunda e articulada com
que discorre sobre esse importante tópico, ela
realizou seu trabalho interno e falou diretamente de
sua própria experiência.
ÁTOMO E ATMA
Ao longo da História, os cientistas edificaram muito
do conhecimento das leis do Universo físico sobre as
bases da teoria atômica. O átomo é tido como o
ponto-fonte de energia. Níveis diferentes de energia
e vibrações entre os átomos vizinhos dão a aparência
de forma, cor e calor. A teoria atômica apareceu
originalmente na Grécia e na Índia.
A palavra em português “átomo” veio do
grego atomos, que significa piscar de olho, e do
latim atomus, que significa indivisível. A palavra
grega provavelmente é derivada da palavra
hindiatma, que significa “eu” ou “alma” e refere-se
à energia consciente do ser humano como um ponto
indivisível e indestrutível de luz não física.
Ficou estabelecido que o mundo material inteiro,
que vejo a minha volta como uma variedade de
formas e cores, luz e calor, é formado por esses
pontos-fonte de energia física. A mais bonita cena da
natureza é apenas um arranjo de ondas de energia e
de vibrações.
Os órgãos dos sentidos selecionam essas vibrações e
transmitem uma mensagem para a mente, onde todas
as imagens são formadas. Os olhos veem alguns
desses arranjos como formas de luz e cores, o nariz
recebe odores e sabores, e sensações são detectadas
e transmitidas para a mente.
O corpo humano também é um arranjo complexo de
energias físicas. Os átomos se reúnem para criar as
estruturas orgânicas e os minerais inorgânicos que
realizam as interações químicas do corpo, formando
assim a base do controle hormonal e nervoso desse
corpo.
O que vejo como velho ou jovem, feio ou bonito,
masculino ou feminino também é o efeito desses
níveis diferenciados de energias físicas.
Independentemente de quão maravilhosa possa ser a
máquina do corpo, é a presença da alma que faz com
que ela funcione.
Uma das diferenças básicas entre almas e átomos é o
fato de que as almas podem escolher seus
movimentos, aonde ir e quando ir a algum lugar, ao
passo que os átomos não podem, obviamente, fazer
isso. De certo modo, poderíamos dizer que uma
alma, ao contrário dos átomos, é um ponto-fonte de
energia espiritual que tem a percepção de sua
própria existência.
DEFINIÇÕES
A palavra atma tem três significados específicos: eu,
o ser vivo e o habitante. Dentro dessa única palavra
obtemos um insight dos diferentes aspectos do eu:
eu, o ser vivo, sou um habitante desse corpo físico.
A resposta à pergunta “quem sou eu” torna-se clara.
Sou uma alma, o ser interno vivo e inteligente.
Habito e dou vida ao corpo. O corpo é o meio pelo
qual eu, a alma, me expresso e experimento o mundo
a minha volta. Em vez de responder à pergunta com
relação a minha identidade dando nome do corpo,
designação do trabalho, nacionalidade ou sexo, o eu
interno real simplesmente diz: “Eu sou uma alma, eu
tenho um corpo”. As diferenças básicas são
mostradas no quadro abaixo.
SINÔNIMOS DE ALMA
As seguintes palavras e expressões são
essencialmente sinônimos da palavra “alma”:
Espírito – Ser – Consciência - Anima/animus -
Energia vital – Essência – Eu
POSIÇÃO
Quando olho num espelho, não vejo meu reflexo,
mas o de meu corpo. De fato, a alma está olhando
através das janelas dos olhos de algum ponto dentro
da cabeça. As funções sensitivas são controladas e
monitoradas por meio dos sistemas nervoso e
hormonal de um ponto específico na área do cérebro
que aloja as glândulas do tálamo, hipotálamo,
pituitária e pineal. Essa região é conhecida como o
assento da alma ou o terceiro olho. A conexão entre
o físico e o não físico ocorre por intermédio da
energia do pensamento.
Quando vista de frente, essa região parece estar um
pouquinho acima da linha das sobrancelhas, entre
elas. Muitas religiões, filosofias e estudos esotéricos
dão grande importância ao terceiro olho ou olho da
mente. Os hindus usam um tilak, um ponto vermelho
ou pasta de sândalo no centro da testa. Os cristãos
também fazem o sinal da cruz pondo o polegar nessa
região. Os muçulmanos também tocam esse ponto
em saudação tradicional. Quando alguém de
qualquer cultura faz um erro tolo, intuitivamente
leva a mão para o meio da testa. Afinal de contas,
não é o corpo que comete o erro, mas o ser pensante
que está operando o corpo de um ponto específico.
Já que o cérebro é o centro de controle de todos os
processos do corpo — metabolismo, os sistemas
nervoso, endócrino, imunológico e linfático —, faz
sentido que a pessoa interior esteja alojada em
algum lugar do cérebro.
Assim como o motorista acomoda-se atrás do
volante, segurando-o com as mãos, a alma “assenta-
se” num ponto específico do centro do cérebro,
próximo ao corpo pineal. Isso é importante para os
propósitos da meditação, pois esse é o local para
onde a atenção é primeiramente direcionada no
esforço de concentrar os pensamentos: eu sou a
alma, um foco minúsculo de energia-luz consciente
centrado no ponto entre as sobrancelhas.
Quando dizemos “sinto algo bem aqui”, pondo a
mão sobre o coração, nem sempre nos referimos a
alguma coisa dentro do peito. O coração físico é
simplesmente uma bomba do sangue incrivelmente
sofisticada. Ele pode até ser transplantado! Porém,
dentro do eu real, o ser vivo e pensante, existe um
centro de emoções, humores e sentimentos.
As sensações que muito obviamente sinto no corpo
devem-se à total interligação que existe entre a alma
e a matéria que ela está habitando. Por exemplo,
quando estou com medo de um cão, o sistema inteiro
é ativado. Do centro de controle, no meio do
cérebro, a alma envia mensagens para todo o corpo.
A adrenalina é liberada para dar força extra aos
músculos. O coração começa a bater mais depressa,
a respiração torna-se mais rápida e as palmas das
mãos ficam úmidas. Pode parecer que todos os
órgãos têm sensibilidade e sistemas emocionais
autônomos, mas a operação inteira dura tão pouco
— uma fração de segundo — que nem percebo a
coordenação das sensações e as respostas da alma a
partir de sua própria cabine especial de pilotagem,
no centro do cérebro. Dessa forma, se sinto algo em
meu coração por causa de alguma coisa ou de
alguém, aquilo está realmente sendo processado por
mim, o ser pensante, para depois refletir em meu
coração.
FORMA
Todas as características presentes na alma são sutis
ou não dimensionais por natureza — pensamentos,
sentimentos, emoções, poder de tomar decisões,
traços de personalidade, e assim por diante. Se essas
características são todas sem tamanho, então é
razoável concluir que a energia consciente da qual
elas surgem também não tenha tamanho. Por essa
simples razão, ela é eterna. Uma coisa que não tem
tamanho físico não pode ser destruída.
Como uma alma, não estou difuso pelo corpo todo
nem sou uma duplicata invisível e etérea do corpo
físico. Mesmo que essa forma sutil exista, ela é o
efeito da alma que habita a forma física, e não a
alma em si. Assim como o Sol está em um ponto e
ainda assim irradia luz por todo o sistema solar, a
alma está num local e sua energia permeia o corpo
inteiro.
Para expressar algo que existe, mas não tem
dimensões físicas, nós podemos usar a palavra
ponto. A alma, portanto, é um ponto infinitesimal de
luz consciente. Com a finalidade de termos uma
imagem em que possamos fixar nossas mentes,
podemos dizer que ela é semelhante a uma estrela
em sua aparição. Em meditação profunda, posso
perceber a alma como um ponto infinitesimal de luz
não física circundada por uma aura de forma oval.
Cirurgia Cardíaca
Dependendo do meu check-up, posso necessitar de
cirurgia cardíaca. O coração precisa de três tipos de
amor para se tornar completamente saudável; assim,
algumas vezes, a cirurgia é necessária para
restabelecer o fluxo de amor.
Primeiro Procedimento Cirúrgico – A Abertura
do Meu Próprio Coração
Todos sabemos quais os ingredientes de um bom
relacionamento: respeito, confiança, honestidade,
franqueza, atenção, compaixão – e a lista continua.
Será que essas palavras descreveriam o meu
relacionamento comigo? Como eu me trato? Cuido
amorosamente do meu coração ou me ponho para
baixo, me agrido, me subestimo? Esse
comportamento autoagressivo parece estar no âmago
da minha dor de coração.
Nós todos queremos nos amar. Por que, às vezes,
isso é tão difícil? Somos educados para amar uma
imagem. Será que sou atraente, inteligente, bem-
sucedido? Estou tentando amar as próprias barreiras
e fachadas que construí ao redor de meu coração.
Elas não apenas impedem outros de se aproximarem
de mim, mas me impedem de me aproximar de mim
mesmo!
O primeiro procedimento cirúrgico remove a velha
autoimagem de meu corpo, meu status, minha
beleza, minha riqueza, e substitui isso pela
consciência de meu eu espiritual. Primeiramente,
começo a me aceitar como sou. Então, quando
descubro que meu estado original intrínseco é puro,
começo a me curar profundamente, e sentimentos
amorosos pelo meu eu autêntico e verdadeiro
emergem. Essa é a história da “Bela Adormecida”.
A parte bela e adorável de meu coração estava
trancada em um grande castelo escuro, coberto pelos
sofrimentos, dores e tristeza. O príncipe dá o beijo
da autoconsciência que me capacita a acordar e amar
o meu eu verdadeiro.
O silêncio cura
Silêncio é como um espelho. Tudo se torna claro. O
espelho não censura ou critica, mas ajuda a ver as
coisas como elas são, libertando-nos de todo tipo de
pensar errado.
Como o silêncio faz isso? O silêncio reaviva a paz
original do eu – uma paz que é inata, divina e
quando invocada, transborda, harmonizando e
curando qualquer desequilíbrio. O silêncio é
plenitude, e ele preenche suave e poderosamente de
forma consistente e ativa.
Para criarmos silêncio, voltamo-nos internamente.
Conectamo-nos com o nosso eu eterno, a alma.
Neste local de imperturbável tranquilidade como
num ventre eterno, o processo de renovação começa.
Lá, um novo padrão de energia pura é tecido. Neste
espaço introspectivo, refletimos e relembramos o
que havia sido esquecido por um longo tempo.
Concentramo-nos lenta e suavemente e, à medida
que o fazemos, aqueles padrões originais de amor,
verdade e paz emergem e são experimentados como
realidades pessoais e eternas. Através disso,
qualidades começam a entrar na vida. As qualidades
de algo mais puro e verdadeiro em nós.
Em silêncio, o ouvir nos guia à posição correta,
abrindo o canal da receptividade. A receptividade
alinha-nos. Um alinhamento muito necessário se
verdadeiramente desejamos conhecer e experimentar
Deus. Para termos receptividade, devemos nos
esvaziar de nós mesmos e permanecer limpos,
transparentes, simples, desprovidos de
artificialidade. Então, a genuína comunicação
começa.
À medida que ouvimos, entendemos; à medida que
entendemos, refletimos e gradualmente nos
movemos em direção à concentração. Concentração
ocorre quando estamos completamente absortos em
um único pensamento.
Onde há amor, a concentração é natural e estável
como a chama firme de uma vela irradiando sua aura
de luz. O pensamento no qual estamos absortos
torna-se o nosso mundo. Quando a mente humana
está absorta no pensamento sobre Deus, a pessoa
sente-se totalmente em união com Ele. Nessa ligação
silenciosa de amor, despertamos – não como parte
de um processo intelectual, mas como um estado de
ser. Esse despertar é quando estamos totalmente
conscientes da Verdade. Simultaneamente tornamo-
nos conscientes das ilusões em nós e do esforço
necessário para removê-las.
Esse despertar capacita-nos a perceber e responder
ao que normalmente não notaríamos quer em níveis
naturais ou sobrenaturais. Com relação ao eu,
tornamo-nos um ser verdadeiro.
Dentro do silêncio, nossos raios sutis e invisíveis de
pensamentos concentrados encontram-se com Deus.
Este é o poder do silêncio, que é frequentemente
chamado de “meditação”.
O som não pode alcançar este encontro com Deus. O
som, através de canções ou cânticos, pode apenas
louvar e glorificar a proximidade da união com o
Divino, mas não pode criá-la. Apenas o silêncio cria
a experiência prática de união.
Silêncio concentrado é a focalização sem palavras
e de pura atenção no Único
Amor por Ele torna a concentração fácil, estável e
preenchedora. Essa proximidade do eu com o
Supremo inevitavelmente inspira o desejo por
autotransformação; inspiração para melhorá-lo, para
torná-lo digno de realizar seu potencial original e,
onde for possível, compartilhar os frutos desse
potencial realizado com outros.
No silêncio, a mais profunda orientação da
consciência é o desejo de alcançar perfeição pessoal.
Esse desejo é o resultado do fluxo de energia
entrando na consciência humana e inspirando a
crença em seu próprio valor. Perfeição pessoal é
aceita como sendo possível. É a fé dada por Deus
como um presente para a alma. A possibilidade de
perfeição é aceita, porque a alma sabe que ela não
está sozinha em seus esforços; ela tem o constante
suporte do Amor Divino para alcançar seu objetivo.
Em sua conexão com Deus, a alma torna-se
preenchida. Ela se sente completa, ela encontrou o
que procurava.
O Amor Divino funciona especialmente através do
silêncio; a alma é despertada de seu sono de
ignorância e recebe vida nova como na história da
Bela Adormecida. A alma é a Bela Adormecida,
Deus é o príncipe e a ignorância é a bruxa que lança
seu feitiço mágico de sono sobre a princesa.
O amor de Deus pela alma é tal que não é bloqueado
por nenhuma escuridão ou barreira, mas alcança a
alma para acordá-la, trazendo-a de volta à vida, de
volta à realidade. O amor quebra as correntes do
encantamento.
É através do Amor que eu, a alma, sou acordada e
sou capaz de reconhecer a minha eternidade. A
minha realidade é muito mais do que a minha
aparência material. A minha eternidade é a minha
realidade. Esta é a verdade da minha existência. Em
grego, a palavra para verdade é alithea, que significa
“não esquecer”. O ser humano está sob um
esquecimento muito profundo, uma amnésia do
espírito. Não podemos alcançar o estado de
despertar o nosso verdadeiro estado com nossas
próprias habilidades intelectuais. A aquisição da
Verdade não é uma questão de esperteza.
Apenas podemos despertar quando Deus nos
ajuda a nos lembrarmos
Lembrar é realmente conhecer, é a Verdade.
Para alcançarmos mudança interior, o silêncio tem
que estar preenchido com amor, não apenas
preenchido com paz. Muitos pensam que é suficiente
apenas experimentar paz no silêncio da meditação
para se alcançar transformação da consciência. A
paz estabiliza; a paz harmoniza e aquieta
suavemente. A paz coloca a fundação. No entanto, o
amor inspira ativamente; amor é o catalizador para a
mudança; o amor move o universo. O amor move
todas as coisas em direção à sua liberdade e
felicidade originais
Ambos, paz e amor são necessários.
Em sua forma arquetípica, ambos vêm de Deus, a
Fonte imutável e universal. É este Deus preenchido
de silêncio que devolve o estado original aos seres
humanos e a essa terra.
Em silêncio, realizamos que este silêncio não é
simplesmente um retorno às raízes, mas, mais que
isso, é um retorno à semente, ao início; é um retorno
a Deus, um retorno ao eu, um retorno ao
relacionamento correto.
Anthony Strano foi Diretor dos Centros da Brahma
Kumaris na Grécia, Hungria e Turquia. Ele faleceu
em 2014. Este artigo foi extraído de seu livro O
Ponto Alfa publicado pela Editora Brahma Kumaris
em 2005.