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RESPONSABILIDADE CIVIL

Aula nº 10 – 3-11-2017

Sumário: RESPONSABILIDADE CIVIL

Bibliografia:

Antunes Varela – Das obrigações em Geral Vol I

Pedro Martinez – Direito das Obrigações Apontamentos

Direito e Moral são capítulos da Ética: o estudo dos comportamentos possíveis


dos sujeitos enquanto uns se põem perante os demais. Na Moral, é o próprio
sujeito quem determina a sua obrigatoriedade da sua conduta; no Direito, o dever
de conduta decorre da lei, é coercível.

A responsabilidade civil é o dever jurídico, pois a conduta exigida não fica


a critério do agente, mas é imposta pela lei. Sempre que cuidamos de
alguma ação imposta pelo ordenamento jurídico, cujo incumprimento
implique na obrigação de reparar os danos, estamos cuidando de
responsabilidade civil.

A Responsabilidade Civil é mais uma fonte – legal – de criação de obrigação.

E qual a obrigação? Dever de indemnizar danos sofridos numa esfera jurídica


que serão suportados por outem. É uma exceção à regra, pois o princípio geral
é quem tem danos deve suporta-los.

Na responsabilidade civil, verificados certos pressupostos, afasta-se princípio


geral, e os prejuízos são suportados por outro

Modalidades da Responsabilidade:

Responsabilidade:
a. Por fatos ilícitos ou subjetiva ou delitual
b. Pelo risco
c. Por fatos lícitos
d. Contratual
e. Pré-contratual

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Responsabilidade por fato ilícitos ou subjetiva ou deleitual483º

Pressupostos da Responsabilidade civil por fatos ilícitos

1. Fato prejudicial – controlável pela vontade humana- pois apenas em


relação a estes se pode atribuir culpa e a obrigação de indemnizar. A ação. Fato
positivo (apropriação, destruição de coisa alheia) é o primeiro pressuposto, visto
que a responsabilidade civil está ligada à conduta que provoca dano nas outras
pessoas. É a ação é causa de dano, mas também a omissão sempre a que haja
um dever jurídico de praticar um ato para evitar a consumação do dano Ex: A
mãe que não alimenta a criança, o professor de natação que não socorre o aluno
podem ter causado a morte da vítima pela omissão.

2. A ilicitude – infração à lei que decorre da violação de um dever jurídico


(comportamento obrigatoriamente imposto por lei ao contrário do ónus jurídico
que é um comportamento necessário para o exercício de um direito, mas que
está na disponibilidade das partes Ex. o Réu tem o ónus de impugnação dos
fatos alegados pelo autor, mas ele não tem o dever de o praticar, só que não
impugnando a lei determina que os fatos se tenham por confessados).

A ilicitude por ser:

a) Por violação de um dto de outrem – dto subjetivos – poder conferido


pela ordem jurídica a um sujeito para tutela do seu interesse- ex. Violação
do Dto de propriedade, dto de personalidade como o ao nome.
ou
b) por Violação de um preceito legal destinado a proteger interesses
alheio Ex: regras de defesa da saúde, de combate à poluição, obrigação
de iluminação de locais de acesso a pessoas
c) a juntar aos casos de violação de dto ou de lei que protege interesses
alheios está ao abuso de dto – 334. Não se trata de casos de violação
de dto ou de ofensa a lei, mas trata-se do exercício anormal de um dto
próprio, o exercício de um dto em termos reprovados pela lei “Tomemos
o exemplo do empregador que, tendo pleno direito de despedir seu
empregado, seja por justa ou injusta causa, promove a demissão sob a
falsa alegação de prática ilícita. Neste caso, houve abuso de direito e o
patrão poderá, inclusive, ser condenado por danos morais, porquanto seu

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ato configura uma das situações típicas. Não é por outra razão que
Enoque Ribeiro do Santos, se escudando em S. P. Martins, nos ensina
que quando o empregador "dispensa por justa causa sob a alegação de
que o empregado roubou, furtou ou se apropriou indevidamente de
alguma coisa do empregador, quando na verdade isso não ficou provado
ou não foi o empregado que praticou o ato, mas outra pessoa", em razão
de tal imputação poderá sofrer um processo indenizatório.” (acesado em
https//jus.com.br/responsabilidade civil por abuso de direito. requerer o
credor arresto de bens que sabia não pertencer ao devedor;

Outros exmplos de abuso de dto:


c) requerer busca e apreensão sem necessidade;
d) requerer falência de alguém quando as circunstâncias e as relações entre ele e o
requerente não o autorizam;
e) provocar prejuízos que excedam os incômodos ordinários de vizinhança;

A lei trata de alguns caso de especiais de ilicitude – artº 484, 486)

Causas de exclusão da ilicitude – causa justificativa do fato capaz de afastar


a sua ilicitude

A. Exercício de um direito - o fato, embora prejudicial aos interesses de


outrem ou violando dto alheio, se considera justificado e portanto lícito,
sempre que praticado no exercício regular de um direito. Ex: não atua
ilicitamente quem age no exercício de um dto Ex. 1349, nº 1, nº 1 do 1540.
Atuação lícita no exercício de um direito pode causar dano ao lesado que
será compensado, mas não há ilicitude, pelo que a compensação é devida
no âmbito de uma responsabilidade objectiva, por intervenções lícitas.

B. Ação direta - 336º é a autotutela, é o recurso à força (ataque) para


realizar ou assegurar um dto próprio. O princípio geral é de que o dto
deve ser garantido em tribunal e por isso a ação direta é admitida em caso
muito delimitados.
Requisitos cumulativos:

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a. Que o agente seja titular dum dto próprio (o que distingue a ação
direta do estado de necessidade que visa proteger quer dto próprio
que de terceiro) que visa assegurar ou realizar
b. Ser necessário: o recurso à força terá que ser indispensável
c. Adequado: o agente não pode exceder o estritamente necessário
d. Valor relativo: Que não se sacrifique interesses superiores àqueles
que se encontrem em perigo
Verificando-se estes requisitos o fato torna-se licito e não há dto a
indemnização
Ex: ação direta para eliminar a resistência do dono do prédio que está a
impedir o acesso indispensável ao seu prédio para combater o Inocêncio
no prédio vizinho.

C. Legitima defesa - 337 – reação/defesa (não é um ataque como na ação


direta ou no estado de necessidade) destinada a afastar a agressão atual
e ilícita da pessoa ou do património, seja do agente seje do terceiro

Requisitos:

a) Que os bens lesados por quem se esta a defender pertençam ao agressor


b) Agressão/ofensa (ação e não omissão) da pessoa ou dos bens de
alguém (do agente ou de terceiro);
c) Reação contra uma agressão ilícita e atual (presente) (não é necessário
eu haja culpa do agressor, sendo possível a reação à agressão de um
demente)
d) Necessidade de reação – não é possível e nem eficaz recorrer aos meios
normais
e) Adequação: proporcionalidade entre o prejuízo que se causa e o aquele
que se pretende evitar, de modo a que o meio usado não provoque um
dano manifestamente superior ao que se pretende evitar.
Ex. B,tendo sido injustamente (sem provocação) esfaqueado por A,
deflagra contra este disparos de sua espingarda, no intuito de cessar a
agressão.
Ex: Imagine que um vigilante bancário entre em conflito armado com um
assaltante e, ao disparar sua arma de fogo, atinja um cliente que está no

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interior da agência bancária. O vigilante agiu em legítima defesa e, desse
modo, praticou ato lícito. Porém, a reação defensiva que ele executou não
atingiu o responsável pela agressão injusta, mas sim um terceiro inocente.
Portanto, a vítima do disparo terá o direito de ser indenizada pelo vigilante
e pela instituição financeira que o emprega, restando para estes últimos
o direito de recobrar do infrator tudo o que gastaram para reparar o
prejuízo experimentado pelo lesado.

A legitima defesa (verificados todos os requisitos cumulativos torna licito o ato


de quem se defende e isenta-o de responsabilidade pelos danos causados,
salvo em caso de erro na verificação dos pressupostos.

O ato considera-se também justificado quando haja excesso na defesa


resultante do medo ou da perturbação com que ao autor agiu (Ex: a pessoa
reagiu a tiro quando poderia usar a sua própria força)

D. Estado de necessidade – 339º Ex. capitão navio que, em caso de


tempestade, lança carga ao mar) – Estado de necessidade é o ato
daquele que , para remover o perigo atual de um dano ( que se pretende
evitar) manifestamente superior, quer do agente (à sua pessoa ou ao seu
património) , quer de terceiro, destrói o danifica coisa alheia. EX:
automobilista a quem surge de repente à frente um peão e não tendo
como parar, prefere desviar e ir bater num carro estacionado do que
atropelar o peão. O bem jurídico, porém, não será simplesmente
sacrificado, mas deixado de lado ou desconsiderado face a outro, de
reconhecido maior valor. É possível, portando, sacrificar um carro em prol
de uma vida, mas nunca o oposto. Ou um animal feroz na iminência de
atacar um ser humano, não sendo justificável, porém, sacrificar a vida de
um ser humano que estiver prestes a tirar a vida de um animal.
E. Imagem agora que A para não atropelar B, atira com o seu veículo para
cima de um outro veículo que tb lhe pertence. Isso não é estado de
necessidade, porque se danifica um bem próprio. Como no estado de
necessidade não há reação contra agressão prévia do lesado e porque
há sacrifício de coisa alheia, há indemnização em certos casos. Há
obrigação de indemnizar sempre que a situação de perigo foi provocada
por culpa exclusiva do autor da destruição ou do uso de coisa alheia.– Ex:
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o agente culpado de m grave ferimento que força em seguida a pessoa
a utilizar o veículo alheio para transportar o ferido ao hospital
Diferença entre Legitima defesa e estado de necessidade
Legitima defesa Estado de necessidade
uma reação a uma agressão Ataque contra o perigo.
há um conflito entre dois bens
jurídicos expostos a perigo.
o direito sofre uma agressão atual o bem jurídico é exposto a perigo
ou iminente;
a agressão só pode ser praticada o perigo pode ou não advir da
por pessoa humana; conduta humana;
A conduta somente contra o a conduta pode ser dirigida contra
agressor; terceiro inocente
só existe se houver injusta a agressão não precisa ser injusta
agressão

Consentimento do lesado – 340º também o consentimento do lesado


(anterior à lesão) constitui causa justificativa do fato - o consentimento é
a anuência do titular do direito à praticado ato que, sem essa anuência,
constituiria uma violação desse dto ou uma ofensa da norma que tutela
esse interesse. Ex: A autoriza o vizinho a abrir a sua correspondência
durante o período que está ausente de casa. A permite a b colher frutos
do seu quintal - . aqui não há ilicitude do ato praticado pelo vizinho no
exercício da autorização que lhe foi concedida. E quando é qua há
consentimento? – 340/3 – nos casos em a lesão se operou no seu
interesse e de acordo com a sua vontade presumível- por ex. nos casos
de intervenção cirúrgica em que o doente não tem discernimento, aplica-
se esta presunção de dar o consentimento para, por exemplo alagar a
intervenção a outros órgãos afetados.

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