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EXERCÍCIO DE INTERPRETAÇÃO

Para entender a lei, é preciso saber como LEIA TAMBÉM


ela foi escrita BOTIJÃO MARCADO
Indústrias pedem que STF confirme
12 de junho de 2009, 16h34 Imprimir Enviar 43 0 0
regra de envasilhamento de gás

Por Sylvio Motta PEDIDO SECUNDÁRIO


Ação Civil Pública também serve
Um dos maiores tormentos que afligem os postulantes a cargos públicos é para contestar constitucionalidade
decifrar o conteúdo das leis que permeiam o programa das matérias de lei
jurídicas que compõem o concurso. Não raro quando o candidato se depara,
CONTROLE DE BENS
pela primeira vez, com uma lei qualquer, sente-se confuso, disperso e
AMB contesta obrigação de juiz
desestimulado. Contudo, o problema é bem menor do que aparenta, para
divulgar declaração de IR uma vez
resolvê-lo basta um pouco de paciência e alguma técnica.
por ano
Sob esse aspecto convém perceber que uma lei é, na verdade, uma
PERDA DE OBJETO
fotografia. O legislador é um fotógrafo que consegue captar uma
Ministro Celso de Mello arquiva ADI
determinada conduta social com o objetivo de convertê-la em conduta social
que contestava lei já revogada
e juridicamente relevante. Para tanto, descreve em um texto de projeto de
lei o quadro que fotografou com a mesma minúcia e maestria que José de DEFICIENTES CARENTES
Alencar emprega quando descreve o quarto de Lucíola, personagem título Passe livre em transporte
de um dos grandes romances de sua autoria. Todavia, essa descrição deve interestadual é mantido
observar algumas técnicas de redação legislativa.
SEM TRIBUTAÇÃO
Para interpretar uma lei torna-se imprescindível compreender como ela foi TJ-SP deve dispensar ICMS em venda
escrita. Da mesma forma que ler um poema de Augusto dos Anjos é tarefa de bens salvados
bem diversa do que declamá-lo, ler uma lei é bem diferente de interpretá-la.
CONTROLE CONSTITUCIONAL
Vamos, pois, estabelecer alguns parâmetros destas técnicas de redação e Não cabe ao Senado definir alcance
interpretação legislativa. Em primeiro lugar, devemos ter em mente que de decisão do STF
uma lei será divida em três partes básicas:
TEMPO DE SERVIÇO
DF questiona lei sobre carreira na
a) Parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o
Polícia Civil
enunciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições
normativas; LETRA DA LEI
Justiça do Rio confirma leis que
b) Parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo
amparam consumidores
substantivo relacionadas com a matéria regulada;

c) Parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas


Facebook Twitter
necessárias à implementação das normas de conteúdo substantivo, às
disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de
revogação, quando couber. Linkedin RSS Feed

Em segundo lugar, formalmente, os textos legais serão articulados com


observância dos seguintes princípios:

I - A unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura


"Art.", seguida de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste;

II - Os artigos vão se desdobrar em parágrafos ou em incisos; os parágrafos


em incisos, os incisos em alíneas e as alíneas em itens;

III - Os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico "§", seguido de


numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste, utilizando-se,
quando existente apenas um, a expressão "parágrafo único" por extenso;
IV - Os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas por
letras minúsculas e os itens por algarismos arábicos;

V - O agrupamento de artigos poderá constituir Subseções; o de Subseções, a


Seção; o de Seções, o Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos, o Livro e
o de Livros, a Parte;

VI - Os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em letras


maiúsculas e identificados por algarismos romanos, podendo estas últimas
desdobrar-se em Parte Geral e Parte Especial ou ser subdivididas em partes
expressas em numeral ordinal, por extenso;

VII - As Subseções e Seções serão identificadas em algarismos romanos,


grafadas em letras minúsculas e postas em negrito ou caracteres que as
coloquem em realce.

Estabelecidos estes conceitos, convém entender como se deve estudar um


artigo de uma lei. O artigo é a menor porção de uma lei que ainda guarda as
suas características. Sendo assim, a forma correta de interpretar um artigo é
concêntrica e não linear, ou seja, deve-se entender que o centro orbital de
um artigo é o seu caput, tudo o circunstancia: os parágrafos, incisos, alíneas
e itens que porventura o integram. Assim, a interpretação exige certo grau
de abstração do intérprete para que, em uma visão espacial mais acurada,
compreenda que os parágrafos, por exemplo, são subdivisões do assunto do
caput, enquanto os incisos são exemplificações do assunto do parágrafo ou
do próprio caput; já as alíneas são enumerações (quase sempre taxativas) do
conteúdo dos parágrafos; e, finalmente, os itens são enumerações do assunto
que está na alínea. Dessa forma, a compreensão do artigo se torna mais fácil
uma vez que o estudante já consegue entender quais foram os parâmetros
formais que nortearam a sua redação.

O próximo e derradeiro passo consiste em pesquisar o que a doutrina e a


jurisprudência vêm criando acerca daquele dispositivo legal. Insta observar
que, não raro, o sentido literal de uma norma jurídica ganha contornos
surpreendentes de acordo com o método interpretativo utilizado pelos
tribunais, mas essa é outra estória.

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Sylvio Motta é professor da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj) e diretor do


curso Companhia dos Módulos

Revista Consultor Jurídico, 12 de junho de 2009, 16h34

COMENTÁRIOS DE LEITORES
1 comentário

INTERPRETAÇÃO DAS LEIS...


Zerlottini (Outros)
13 de junho de 2009, 12h52

O grande problema é que nem quem escreveu a lei sabe o que quis dizer. Eles não são
fotógrafos: estão mais para pintores impressionistas, que pintam o que lhes vai na
cabeça. Um fotógrafo apenas grava, em uma chapa fotográfica, o que está em frente à sua
câmara. Os legisladores, esses fazem o que lhes vai na cabeça - nem sempre bem
preparada, como é norma. Eles estão mais para Salvador Dali (com o perdão do grande
mestre) do que para um fotógrafo.
Francisco Alexandre Zerlottini. BH/MG

Comentários encerrados em 20/06/2009.


A seção de comentários de cada texto é encerrada 7 dias após a data da sua
publicação.

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