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Juliana Carrion PDF
Juliana Carrion PDF
RESUMO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2 COISA JULGADA
1
TALAMINI, Eduardo. Coisa Julgada e sua Revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p.
51-2.
Semelhante é o entendimento de Sérgio Gilberto Porto, quando aduz que a
garantia constitucional da coisa julgada estabelece uma verdadeira blindagem na
decisão jurisdicional, tornando-a imune a qualquer alteração futura, incluindo atos do
Poder Executivo e até mesmo do próprio Judiciário.2
2
TALAMINI, Eduardo. Coisa Julgada e sua Revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p.
60.
3
KLIPPEL, Rodrigo. A Coisa Julgada e sua Impugnação: relativização da coisa julgada. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 22.
4
Art. 6º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro dispõe: “A lei em vigor terá efeito
imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
[...]
§3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.”
5
Art. 467, do Código de Processo Civil: “ Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna
imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.”
6
PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.
51.
A doutrina majoritária adota o posicionamento de Enrico Tullio Liebman, o
qual define coisa julgada como “qualidade de imutabilidade do conteúdo e dos
efeitos de uma decisão judicial de mérito, uma vez findos todos os recursos
cabíveis”, ou seja, a coisa julgada deve ser interpretada como uma qualidade da
decisão, um adjetivo e não como um efeito da sentença.7
Por fim, a coisa julgada pode ser definida como a qualidade que se agrega
ao efeito declaratório da sentença exauriente de mérito, após seu trânsito em
julgado, tornando-a imutável resolvendo definitivamente a lide e estabilizando as
relações jurídicas.
7
LIEBMAN, Enrico Tullio. Eficácia e Autoridade da Sentença e Outros Escritos sobre a Coisa
Julgada. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1981. p. 14-5.
8
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado Artigo
por Artigo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 446.
A coisa julgada formal é a imodificabilidade da sentença no processo em que
foi proferida, após seu trânsito em julgado9. Esta imutabilidade é adquirida ante a
ausência absoluta da possibilidade de impugnação da decisão, em razão do
exaurimento da atividade recursal com a exaustão dos meios recursais disponíveis,
por falta de iniciativa recursal da parte, de sua iniciativa tardia, e ainda, pela renúncia
ou desistência do recurso.
9
Trânsito em Julgado: O vocábulo trânsito expressa movimento e Julgado expressa decisão
imutável. Transitar em Julgado significa adquirir o celo de imutabilidade, passando a ser
irrecorrível.
10
DINAMARCO, Cândido Rangel. Nova Era do Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros,
2009. p. 225.
11
SILVA, Ovídio A Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 4. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 322.
12
DINAMARCO, Cândido Rangel. Nova Era do Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros,
2009. p. 226.
anteriormente decidido, fazendo lei entre as partes. Assim, a matéria decidida não
poderá mais ser reapreciada.13
Pelo que foi exposto, pode se concluir que a coisa julgada formal representa
a impossibilidade de impugnação no processo em que foi prolatada, tornando
imutável a decisão ante a preclusão recursal. Esta é apresentada como pressuposto
à coisa julgada material, uma vez que após ter se tornado imodificável no processo
em que foi proferida passa também a ser imutável e indiscutível perante os demais.
13
TUCCI, José Rogério Cruz e. Limites Subjetivos da Eficácia da Sentença e da Coisa Julgada
Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 168.
14
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 5. ed. São Paulo:
Malheiros, 2005. p. 304-5.
15
A não apresentação de recursos no prazo estipulado ou o exercício de todos os recursos
disponíveis, com o exaurimento da via recursal, acarreta a preclusão máxima.
vista temporal, uma vez que as relações jurídicas também estão sujeitas a variações
dos fatos no tempo.
A limitação temporal é tratada na Alemanha por Othomar Jauering
defendendo que a sentença após transitada em julgado estabelece a situação
jurídica apenas em determinado momento, não para todo o provir, pois a situação se
altera com o passar do tempo. A alegação destas alterações não pode ser excluída
num novo processo pela coisa julgada. 16
2.3.2 Objetivo
16
PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.
80.
17
op. cit., p. 80.
18
Art. 474 do Código de Processo Civil dispõe: “Passada em julgado a sentença de mérito,
reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor
assim ao acolhimento como à rejeição do pedido.”
dedutível buscando, com isso, caracterizar a extensão a ser atribuída ao que,
tecnicamente, se denomina de efeito preclusivo da coisa julgada.
Há, nessa medida, dissenso em torno da questão. Alguns doutrinadores,
como Ovídio Araújo da Silva Baptista e Araken de Assis, defendem que a eficácia
preclusiva consome todas as causas possíveis de ensejar o acolhimento do pedido,
outros, como José Carlos Barbosa Moreira, entendem que a eficácia consome
apenas as alegações e defesas pertinentes à causa de pedir deduzida.
A respeito do tema Sérgio Gilberto Porto, citando Arruda Alvim Neto, ensina
que a autoridade da coisa julgada atinge o que foi deduzido e aquilo que poderia ter
sido deduzido, mas não o foi. Então todo argumento do autor e do réu, que poderia
ter-lhes sido útil, mas não foi discutido, será coberto pela coisa julgada.19
2.3.3 Subjetivo
A coisa julgada, em regra, tem como limite subjetivo as partes (inter partes),
conforme o disposto no artigo 472 do Código de Processo Civil.20 A primeira parte do
artigo referido traz na norma a regra geral. A segunda traz a exceção à regra. São
exemplos da exceção, na qual temos a coisa julgada ultra partes, as ações de
19
ALVIM NETO apud PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006. p. 86.
20
Art. 472, Código de Processo Civil: “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado da pessoa,
se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a
sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.”
estado, a substituição processual, a legitimação processual concorrente e a
sucessão mortis causa ocorrida após o trânsito em julgado da sentença.
São atribuídos à coisa julgada três efeitos, quais sejam: negativo, positivo e
preclusivo. Dentre eles merecem destaque o positivo e o negativo, que serão
abordados neste trabalho.
21
Os princípios constitucionais referidos, estão previstos no art. 5, XXXV, LIV e LV da Constituição
Federal.
22
TALAMINI, Eduardo. Coisa Julgada e sua Revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p.
96.
O efeito taxado como negativo impede que a questão principal já decidida
seja novamente julgada como questão principal em outro processo. Conforme
previsto no artigo 267, inciso V, do Código de Processo Civil .24
3 A PATERNIDADE
23
KLIPPEL, Rodrigo. A Coisa Julgada e sua Impugnação: relativização da coisa julgada. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 48-9.
24
PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.
67.
25
TALAMINI, Eduardo. Coisa Julgada e sua Revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p.
130.
26
BOEIRA, José Bernardo Ramos. Investigação de Paternidade. Posse de estado de filho:
paternidade socioafetiva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999. p. 19.
Sociologicamente a família se estrutura das relações de afeto, diálogo e igualdade,
estabelecidas com o convívio diário e cultivo da afetividade entre seus membros.28
27
ALMEIDA, Maria Christina de. Investigação de Paternidade e DNA: aspectos polêmicos. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 23.
28
BOEIRA,José Bernardo Ramos. Investigação de Paternidade. Posse de estado de filho:
paternidade socioafetiva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999. p. 27.
29
ALMEIDA, Maria Christina de. Investigação de Paternidade e DNA: aspectos polêmicos. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 29-0.
30
ALMEIDA, op. cit, p. 30.
31
Art. 1.596 “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.
32
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 405.
Com estas mudanças, a Constituição alargou o conceito de entidade
familiar, protegendo não apenas a família constituída pelo casamento, mas também
à união estável e a família monoparental e, como conseqüência, os conceitos de
sexo e procriação se desatrelaram. O desenvolvimento de novas técnicas de
reprodução permitiu que a concepção não mais decorra exclusivamente do contato
sexual, trazendo mudanças ao conceito da paternidade, que passa a ser vista como
um fato de opção, que extrapola os aspectos meramente biológicos ou
presumidamente biológicos, adentrando com força e veemência na área afetiva.33
33
DIAS, Maria Berenice Manual de Direito das Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009. p. 325.
34
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008. p. 494.
35
FACHIN, Luiz Edson. Da Paternidade: relação biológica e afetiva. Belo Horizonte: Del Rey,
1996. p. 34.
36
ALMEIDA, Maria Christina de. Investigação de Paternidade e DNA: aspectos polêmicos. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 44-6.
Este sistema de presunções legais era justificado tanto pela dificuldade
cientifica de determinar a filiação, quanto pelo lugar que a mulher ocupava na
sociedade, sendo obrigada a casar-se virgem e, após o casamento, retornava à
incapacidade sendo então representada pelo marido em todos os atos.
37
DNA: “ácido desoxirribonicléico (ADN) – é o material genético que contém informações
determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência.
atribuindo, reciprocamente, direitos e deveres. Essa realidade é o que corresponde à
posse de estado de filho, que se estabelece de acordo com a vontade, sendo
necessária a existência de afeto além do vínculo biológico.
Na formação de uma família cada pessoa ocupa o seu lugar, uma função na
estrutura do núcleo familiar, podendo a função paterna, por exemplo, ser exercida
por outra pessoa que não seja de fato o genitor daquela criança. Neste caso há
paternidade socioafetiva. Esta decorre de um ato de vontade e produz os mesmos
efeitos que a adoção, se estabelecendo por uma relação de afeto, amor, dedicação
e não apenas pelo fator genético ou por força da presunção legal. A filiação afetiva é
assentada no reconhecimento da posse de estado de filho, sendo esta a base
sociológica da filiação.38
38
BOEIRA, José Bernardo Ramos. Investigação de Paternidade. Posse de estado de filho:
paternidade socioafetiva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999. p. 61.
39
WELTER, Belmiro Pedro. Igualdade entre as Filiações Biológica e Socioafetiva. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003. p. 156-7.
40
BOEIRA, op. cit., p. 69.
Embora a filiação socioafetiva não seja reconhecida expressamente pela
codificação em vigor, a jurisprudência vem paulatinamente prestigiando a
prevalência da chamada posse do estado de filho, que representa em essência, o
substrato fático da verdadeira filiação, sustentada no amor e na vontade de ser pai
ou de ser mãe, ou seja, de estabelecer espontaneamente os vínculos da relação
filial.41
41
MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 372.
42
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008. p. 522.
43
Artigo 1.606 do Código Civil: “’A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.”
44
Artigo 1.615 do Código Civil:” Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a
ação de investigação de paternidade ou maternidade.”
45
Artigo 1.616 do Código Civil: “A sentença que julgar procedente a ação de investigação
produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento, mas poderá ordenar que o filho se crie e
eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade.”
46
O art. 1.609 dispõe: O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será
feito: I – no registro do nascimento; II – por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado
em cartório; III – por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; IV – por manifestação
direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e
principal do ato que o contém.
nascimento, através da escritura pública ou particular, através de testamento e
ainda, através da manifestação direta e expressa perante o juiz. 47
47
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de família. 22. ed. São Paulo:
Saraiva, 2007. v. 5, p. 445.
sua filiação através da ação de investigação de paternidade, ajuizada contra o
suposto pai. Este reconhecimento coativo decorre do reconhecimento do vínculo
parental através de uma sentença judicial.
48
ALMEIDA, Maria Christina de. Investigação de Paternidade e DNA: aspectos polêmicos. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 58.
49
PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.
131.
50
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 455.
51
Súmula nº 149 do STF: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a
da petição de herança”.
Com a obtenção do reconhecimento judicial da filiação é obtida a afirmação
pelo juízo de uma situação fática pré-existente, porém desconhecida no mundo
jurídico, o que evidencia a natureza declaratória desta ação. Esta visa corrigir a
relação jurídica da paternidade do filho, afirmando a existência de uma condição que
não constitua para o autor nenhum direito novo, e que não condene o réu a uma
prestação.52
3.3.1 Legitimidade
3.3.1.1 Legitimidade Ativa
52
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Reconhecimento da Paternidade e seus Efeitos. 6. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2006. p. 67.
53
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008. p. 546.
O Ministério Público também possui legitimidade ativa para ingressar com a
referida ação, uma vez que incumbe a este a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, artigo 127 da
Constituição Federal.
54
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008. p. 556.
55
FARIAS, op. cit, p. 564.
56
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Direito de Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
v. 5. p. 297-8.
57
Artigo 212 do Código Civil: “Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode
ser provado mediante: I- Confissão; II- documento, III- testemunha; IV- presunção; V- perícia.”
Através do exame de DNA é possível excluir ou atribuir a paternidade
questionada com 99, 9999% de certeza, inclusive nos casos em que membros da
família já faleceram, ou até mesmo antes do nascimento da criança.
Insta referir, que as figuras de pai e genitor são distintas, “porque genitor,
qualquer homem potente pode ser, basta manifestar capacidade instrumental para
gerar; pai, ao contrário, é mais do que mero genitor, pode até se confundir com o
genitor, mas vai além da mera noção de reprodução.”61 Desta forma, não basta a
58
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008. p. 558.
59
No Rio Grande do Sul, a Lei Estadual 11.163 de 1998 determina que o estado arque com os
custos do exame, o que levou o TJ a firmar convênio com a UFRGS – Universidade Federal do
Estado do Rio Grande do Sul, realizando os exames sem custos para as partes.
60
Súmula 301 STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de
DNA induz presunção júris tantum de paternidade.
61
LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In: ______.
Grandes Temas da Atualidade: DNA como meio de prova da filiação. Rio de Janeiro: Forense,
2000. p. 77.
confirmação do vínculo biológico para que a paternidade seja caracterizada, pois o
caráter afetivo é também de grande relevo, devendo ser considerado.
62
Art. 485 do Código de Processo Civil: prevê as hipóteses de rescisão da sentença de mérito
transitada em julgado.
63
KLIPPEL, Rodrigo. A Coisa Julgada e sua Impugnação: relativização da coisa julgada. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 56.
64
SILVA JUNIOR, Aldo Ferreira da. Novas Linhas da Coisa Julgada Civil: da “relativização” da
coisa julgada e os mecanismos de rescindibilidade. Campo Grande: Futura, 2009. p. 52.
65
PORTO, Sérgio Gilberto. Ação Rescisória Atípica: instrumento de defesa da ordem jurídica.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 125.
66
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. São Paulo: Malheiros,
2003. p. 227.
de que não é legítimo eternizar injustiças a pretexto de evitar a eternização de
incertezas.67
67
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. São Paulo: Malheiros,
2003. p. 227.
68
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009. p. 366.
69
ALMEIDA, loc. cit.
70
MOURA, Claudia Belotti. A Questão da Coisa Julgada na Investigação de Paternidade:
novas perspectivas. Passo Fundo: UPF, 2004. p. 91.
4.2 COLISÃO DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
71
TALAMINI, Eduardo. Coisa Julgada e sua Revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p.
612-3.
72
DINAMARCO, Cândido Rangel. Nova Era do Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros,
2009. p. 252.
73
MADALENO, Rolf. A Coisa Julgada na Investigação de Paternidade. In: LEITE, Eduardo de
Oliveira (coord.). Grandes Temas da atualidade: DNA como meio de prova da filiação. Rio de
Janeiro: Forense, 2000. p. 301.
74
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008. p. 574.
É possível inferir, portanto, que para resolver o choque entre direitos
igualmente valiosos é importante fazer um juízo de ponderação entre eles,
analisando qual é mais urgente e fundamental em determinada situação. Em
princípio, sustenta Paulo Nader, que o valor segurança deve prevalecer, a fim de
não comprometer a ordem social com a incerteza.75 Porém, no caso das ações de
investigação de paternidade julgadas sem o exame pericial de DNA, é inaceitável
que a coisa julgada venha a ser analisada isoladamente, sobrepondo-se ao direito à
filiação.
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery são adeptos à essa
corrente, uma vez que rejeitam a tese relativizadora, referindo que “desconsiderar a
coisa julgada é eufemismo para esconder-se a instalação da ditadura, de esquerda
75
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Direito de Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
v. 5. p. 301.
76
NICOLAU JÚNIOR, Mauro. Paternidade e Coisa Julgada: limites e possibilidades à luz dos
direitos fundamentais e dos princípios constitucionais. Curitiba: Juruá, 2009. p. 284.
ou de direita, que faria desaparecer a democracia que deve ser respeitada, buscada
e praticada pelo processo”.77
Outro não é o entendimento de José Carlos Barbosa Moreira que critica a
relativização da coisa julgada em casos de investigação de paternidade após o, pois,
segundo ele não seria razoável autorizar o juiz de primeiro grau a desconsiderar a
coisa julgada de acórdão do Supremo Tribunal Federal, uma vez que estas
decisões, não comportam sequer ataque por ação rescisória.78
Nessa linha, Sérgio Gilberto Porto, considera que, quando uma primeira
ação de investigação de paternidade é julgada improcedente, ela poderia ser
reproposta sem que esbarrasse na coisa julgada, desde que na nova ação fossem
invocados outros elementos probatórios. Para ele, uma prova que não fora utilizada
anteriormente constituiria uma nova causa de pedir. 79
77
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil
Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 686.
78
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Considerações sobre a chamada "relativização" da coisa
julgada material. In: Temas de Direito Processual - Nona Série. São Paulo: Saraiva, 2007. p.
260-1.
79
PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.
131.
80
SILVA, Ovídio A. Baptista da. Coisa Julgada Relativa? In: DIDIER JR. F. (org.). Relativização da
Coisa Julgada: Enfoque crítico. Salvador: JusPODIVM, 2004. p. 215.
81
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; MEDINA, José Miguel Garcia. O Dogma da Coisa Julgada:
Hipóteses de Relativização. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 198.
A mitigação da coisa julgada deve existir apenas nos casos excepcionais,
entendimento defendido por Cândido Rangel Dinamarco o qual aduz que as
situações extraordinárias e raras, devem ser tratadas mediante critérios
extraordinários. Todavia, cabe aos juízes a tarefa de descobrir as situações nas
quais a coisa julgada deve ser relativizada , recusando-se à flexibilizá-la sempre que
o caso não seja portador de absurdos, injustiças graves.82
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
82
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 5. ed. São Paulo:
Malheiros, 2005. p. 254.
estes, geraria a instabilidade nas relações sociais, bem como o descrédito do Poder
Judiciário.
Dessa forma, devido ao valor que a coisa julgada representa para Estado
Democrático de Direito, deve esta ser relativizada somente em situações
excepcionais, cuja inconstitucionalidade seja de tal ordem clarividente que nenhum
homem médio ousaria chamá-la de justa, a não ser, por óbvio, a parte favorecida.
REFERÊNCIAS BIBLOIGRÁFICAS
ALMEIDA, Maria Christina de. DNA e Estado de Filiação à luz da Dignidade
Humana. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
DIAS, Maria Berenice Manual de Direito das Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2009.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 5. ed.
São Paulo: Malheiros, 2005.
_________. Nova Era do Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008.
LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In:
______. Grandes Temas da Atualidade: DNA como meio de prova da filiação. Rio
de Janeiro: Forense, 2000.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 37. ed. atual. por
Regina Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 2. Direito de Família.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Direito de Família. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008. v. 5. p. 297-8.
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Ainda e sempre a coisa julgada. In: Direito
Processual Civil (Ensaios e Pareceres). Rio de Janeiro: Borsói, 1971.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Direito de Família. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008. v. 5.
NERY JUNIOR, Nelson. Teoria Geral dos Recursos. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004.
_______. Coisa Julgada Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
SILVA, Ovídio A Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil.
4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; MEDINA, José Miguel Garcia. O Dogma da Coisa
Julgada: Hipóteses de Relativização. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.