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Finalidade: indicar qual sistema jurídico deve ser aplicado dentre as várias legislações conectadas numa
hipótese jurídica. O aplicador da lei deve decidir qual sistema aplicar.
Exemplo 02: Estrangeiro de 17 anos, domiciliado em seu país, que de passagem pelo Brasil deseja fazer
um testamento (ART. 7 LICC).
● Condição jurídica do estrangeiro: possibilidade para testar no Brasil.
● Lei civil relativa à capacidade e normas testamentárias a ser aplicada: os aspectos formais são
regidos pela lei do local da feitura do testamento e os aspectos de capacidade e substanciais são
regidos pela lei do domicílio.
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AULA 2 data
- Direito Tributário / Ex: Imposto de renda (lucros de uma empresa no exterior); previdência.
- O Direito Internacional tem como objeto preponderante o conflito de leis, que pode ser encarado de duas
formas diferentes:
(A) MÉTODO UNILATERAL (Brainerd Currie)
Qual a extensão da aplicação da lei? Exemplo: ART. 10 1 LICC
É o enfoque que compara leis de diversos sistemas, divergentes entre si. Procura-se decidir sobre a
extensão da aplicação da norma legal de acordo com os interesses governamentais que a mesma seja
aplicada em hipóteses de conflito. Por este método procura-se o alcance extraterritorial de determinadas
normas internas de um sistema jurídico.
“O método unilateral foca diretamente sobre o conteúdo das leis substantivas concorrentes e tenta resolver
o problema conflitual delineando o raio de ação pretendido para as leis em questão, com base nos seus
objetivos”.
AULA 3 data
Obs: Em termos universais prevalece a diversidade dos sistemas jurídicos, em decorrência da disparidade
de condições climáticas, étnicas, geográficas, econômicas, sociais, religiosas e políticas, diversidade
considerada natural e necessária. Natural, porque a legislação de cada Estado deve constituir o reflexo das
necessidades especiais de seu povo, de acordo com o estado atual de sua cultua e o nível de sua
civilização. E necessária, porque a vida do direito positivo depende de seu progresso e transformação.
Sistemas jurídicos com a mesma origem e criados pela mesma fonte vão se diversificando à medida que
evoluem de acordo com as necessidades e influências de seu meio ambiente.
- Método uniformizador: é aquele que resolve diretamente a questão, posto que inexiste um conflito.
- Método conflitual: é por excelência o método aplicado no DIPRI, através do qual o interprete do direito
define dentre as legislações que se relacionam com o caso em tela e deve ser aplicada. Este método não
fornece a resposta para a questão, mas indica qual lei é mais adequada para a o caso concreto.
RESUMO:
- Direito Uniforme: instituições ou normas de caráter interno, que espontaneamente recebem o mesmo
tratamento pelas leis de dois ou mais sistemas jurídicos. Em certos casos, esta uniformidade resulta de
coordenação internacional, que deve ser compreendida como Direito Uniformizado.
- Direito Internacional Uniformizado: atividades de caráter internacional, objeto de convenções
internacionais que uniformizam as regras jurídicas disciplinadoras da matéria por meio de leis uniformes.
- Dir Internac Privado: verificando-se conflitos de determinadas situações e relações humanas conectadas
com sistemas jurídicos autônomos e divergentes, o DPRI de cada país determina a aplicação de uma
dentre as leis em conflito, escolhida por um sistema de opções (regras de conexão – método conflitual).
- Direito Internacl Privado Uniformizado: para evitar conflitos entre regras de DPRI de dois ou mais
sistemas, criam-se convenções internacionais que estabelecem regras de conexão aceitas pelos países
signatários, uniformizando as suas regras.
- Direito Comparado: é a ciência que estuda por meio de contrastes, dois ou mais sistemas jurídicos,
analisando suas normas positivas, fontes, história e fatores sociais e políticos que a influenciam.
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10) Classificação das normas do Direito Internacional Privado - Quanto à natureza
Normas conflituais ou indiretas (sobredireito): tem por objetivo indicar, em situações conectadas com
dois ou mais sistemas jurídicos, qual dentre eles deve ser aplicado. Determina que ordenamento jurídico
deve ser aplicado para questões de capacidade, para os institutos do direito de família e do direito das
sucessões, para os contratos e demais obrigações e para as questões de direito real, fazendo esta escolha
por meio de pontos de contato, nacionalidade, domicílio, local da assinatura do contrato ou local do
cumprimento da obrigação, local da situação do bem (regras de conexão).
- Quando seguem o método conflitual ou harmonizador dos conflitos de lei.
- Não solucionam a questão jurídica propriamente dita (não solucionadoras).
- Seta indicativa do direito a ser aplicado, procurando as normas jurídicas que regulam o caso.
- Essas normas apenas indicam qual dentre os sistemas jurídicos de alguma forma ligados à hipótese deve
ser aplicado (normas instrumentais).
Exemplos: ART. 7 LICC; ART. 8 LICC; em matéria de responsabilidade civil por ato ilícito, deve-se aplicar a
lei do país onde o ato foi cometido pelo responsável ou a lei do país onde a vítima sofreu o dano.
Normas substanciais ou diretas: são normas sem qualquer conteúdo conflitual que proporcionam uma
solução (dirimir/resolver) as questões jurídicas, mediante sua aplicação. Destacam-se as regras sobre
nacionalidade e sobre a condição jurídica do estrangeiro.
- Quando adotam regras materiais uniformes (método uniformizador).
- Solucionam a questão jurídica.
Exemplos: ART. 7 5 LICC; ART. 11 2 3 LICC; ART. 12 CF; Estatuto do Estrangeiro.
Normas conceituais ou qualificadoras: são aquelas que definem institutos jurídicos, necessários para a
aplicação das normas conflituais. Não é uma regra de conflito e nem uma norma substancial. Trata-se de
uma regra definidora e qualificadora, que colabora com a norma conflitual que indica determinado sistema
jurídico para reger determinadas matérias.
- Restringem-se as definições de determinados institutos. Exemplo: ART. 7 7 LICC.
- Quanto à estrutura
Normas unilaterais ou incompletas: regras que objetivam a aplicação de sua própria lei. Visa determinar
o campo da aplicação no espaço de sua própria lei e por conseqüência limita seu objeto apenas à
designação da lei do foro. Preocupa-se em definir critérios de aplicação da lei no âmbito espacial. São as
regras sobre nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro e as normas processuais.
Exemplos: ART. 8 ú LICC; ART. 7 1 LICC; ART. 9 1; LICC ART. 14 LICC.
Normas bilaterais ou completas: regras que não objetivam a aplicação da sua própria lei. São regras
multilaterais. Visam a universalização da norma.
Exemplo: ART. 7 LICC; ART. 8 LICC.
Normas justapostas: é a soma de duas normas unilaterais que resulta no mesmo efeito do que as
normas bilaterais. Porém, há normas unilaterais que não se prestam a bilateralização, quando de natureza
eminentemente protetora (ART. 10 1 LICC).
- Quanto à fonte
A principal fonte do Direito Internacional Privado é a legislação interna de cada sistema (preponderância).
Salienta-se que não há hierarquia entre fontes.
Legislativa: os principais sistemas europeus de DIP no regime codificado são o francês, italiano e
alemão. No Brasil, a Lei de Introdução ao Código Civil (1916) contém normas de direito intertemporal e de
Direito Internacional Privado – lei reguladora das demais leis.
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Doutrinária: desempenha o duplo papel de intérprete da jurisprudência e serve como guia e orientação
para os tribunais. Também se manifesta por meio de trabalhos coletivos (tentativas de codificação)
realizados por entidades científicas: Instituto de Direito Internacional; a Conferência da Haia de Direito
Internacional Privado; UNIDROIT (Roma); CIDIP’s (OEA); Código de Bustamante; Câmara de Comércio
Internacional (Paris).
Jurisprudencial: escassez de produção jurisprudencial. A jurisprudência brasileira limita-se praticamente
a homologação de sentenças estrangeiras e “exequatur” em cartas rogatórias, matérias atinentes ao direito
processual internacional, a processos de expulsão e de extradição, arbitragem e contratos internacionais,
direito internacional penal e decisões no campo fiscal de caráter internacional.
Tratados e convenções
Princípios gerais de direito reconhecidos
Costume Internacional (tratados não ratificados como fonte)
1) Conceito
Direito substancial integrado no direito público. É um vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado,
ou seja, é o elo entre a pessoa física e um determinado Estado. A aferição da nacionalidade de cada
pessoa é importante, pois distingue entre nacionais e estrangeiros, cujos direitos não são os mesmos.
- Com a aplicação da lei nacional supõe que se saiba qual a nacionalidade da pessoa.
Convém resolver a questão preliminar. Para se decidir em um Estado sobre a nacionalidade de pessoa que
tem ligações com dois outros Estados, ambos considerando-o nacional, devem ser aplicados os critérios do
próprio país do foro para saber qual das duas nacionalidades deva ser aceita. Esta decisão representa uma
opção entre dois regimes jurídicos e a norma que fundamenta esta decisão constitui um direito sobre
direito: uma regra indicando qual sistema jurídico sobre nacionalidade deve ser aplicado.
- Efeitos práticos da nacionalidade: quando o “nacional” estiver em um Estado que não seja o seu e lá
sofrer algum abuso de direito, caso a tutela jurisdicional não for prestada de forma satisfatória, pode o
indivíduo requerer a proteção diplomática de seu Estado.
- A nacionalidade é norma direta, sem qualquer conteúdo conflitual que proporciona uma solução
(dirimir/resolver) as questões jurídicas, mediante sua aplicação.
Nacionalidade ≠ Cidadania
A nacionalidade é o vínculo jurídico que liga o indivíduo ao Estado (acentua o aspecto internacional). Já a
cidadania representa um conteúdo adicional, de caráter político, que faculta à pessoa certos direitos
políticos (valoriza o aspecto nacional). A cidadania pressupõe a nacionalidade, ou seja, para ser titular dos
direitos políticos, há de ser nacional, enquanto que o nacional pode perder ou ter seus direitos políticos
suspensos, deixando de ser cidadão.
- Naturalização comum
Ato de natureza unilateral e discricionário
É um ato unilateral e discricionário do Estado no exercício de sua soberania, podendo conceder ou negar a
nacionalidade a quem (estrangeiro) a requeira. Não está o Estado obrigado a conceder a nacionalidade
mesmo quando o requerente preencher todos os requisitos estabelecidos pelo legislador (ART. 121 Lei n.
6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro).
6) Conflitos de nacionalidade
Resulta do conflito de leis em matéria de nacionalidade. A aplicação das regras sobre a aquisição da
nacionalidade leva muitas vezes à perda de nacionalidade ou à aquisição de polipátria, resultando que as
normas internas sobre nacionalidade estabelecidas por um Estado podem repercutir sobre situações
criadas ou garantidas pela legislação relativa à nacionalidade de outro Estado.
- Conflito positivo (mais de uma nacionalidade): polipátrida ou bipátrida
- Conflito negativo (sem nacionalidade): apátrida
1) Entrada dos estrangeiros: o Estado pode não admitir estrangeiros ou impor condições a sua entrada.
- Livre circulação dos estrangeiros no território nacional: ART. 5 XV CF; ART. 1 da Lei n. 6.815/80
Direito soberano do Estado: a Lei n. 6.815/80 foi elaborada visando atender os interesses nacionais do
Estado. Para defender a soberania do Estado contra os estrangeiros nocivos aos interesses nacionais.
ART. 2 da Lei n. 6.815/80; ART. 3 da Lei n. 6.815/80
- Concessão do visto: em matéria de visto de entrada para estrangeiro, o governo brasileiro segue a política
da reciprocidade, conforme disposto no Decreto n. 82.307/1978.
ART. 10 ú da Lei n. 6.815/80; ART. 130 da Lei n. 6.815/80
Obs: A concessão do visto é um ato de soberania do Estado. Não precisa motivar a negação do visto.
Não cabe indenização contra a não concessão do visto. Regra geral: reciprocidade.
Espécies de vistos (ART. 4 da Lei n. 6.815/80). São vários os tipos de vistos que podem ser concedidos
ao estrangeiro: (a) Trânsito (ART. 8 da Lei n. 6.815/80)
(b) Turista (ART. 9 A ART. 12 da Lei n. 6.815/80)
(c) Temporário (ART. 13 A 15 da Lei n. 6.815/80)
(d) Permanente (ART. 16 A ART. 18 da Lei n. 6.815/80)
(e) Cortesia (ART. 19 da Lei n. 6.815/80)
(f) Oficial (ART. 19 da Lei n. 6.815/80)
(g) Diplomático (ART. 19 da Lei n. 6.815/80)
Expulsão
Processo pelo qual um país expele de seu território estrangeiro residente, em razão de crime ali praticado
ou de comportamento nocivo aos interesses nacionais, ficando-lhe vedado o retorno ao país donde foi
expulso. Na expulsão, a remoção dá-se por prática ocorrida após a chegada e a fixação do estrangeiro no
território do país.
- Enquanto o nacional tem o direito inalienável de permanecer em seu solo pátrio, o estrangeiro não tem
essa garantia, pois o Estado, mesmo depois de admiti-lo em seu território em caráter permanente, guarda o
direito de expulsá-lo se for considerado perigoso para a boa ordem e a tranqüilidade pública.
- É um ato discricionário do Estado, representando uma manifestação da sua soberania, decorrência lógica
de seu poder de admitir ou recusar a entrada de estrangeiro.
- A expulsão não é uma pena, mas constitui uma medida administrativa, exercida em proteção do Estado,
como manifestação de sua soberania.
- Competência: Chefe do Executivo (ART. 66 da Lei n. 6.815/80)
- Habeas Corpus por expulsão é julgado pelo STF (ART. 102 I d CF)
- Defesa do expulsando (ART. 75 da Lei n. 6.815/80)
Exemplo: Jornalista americano
Deportação
Processo de devolução de estrangeiro que aqui chega ou permanece irregularmente para o país de sua
nacionalidade ou de sua procedência. Origina-se exclusivamente da entrada ou estada irregular no país.
- Entrada irregular
- Competência: Ministério da Justiça
- Habeas Corpus por deportação é julgado pelo STJ (ART. 105 I c Cf)
Exemplo: americanos das fotos
1) Objetivo
A grande conquista do Direito Internacional Privado é a aplicação de direito estrangeiro sempre que a
relação jurídica tiver maior conexão com outro sistema jurídico do que com o do foro. A compreensão de
que em determinadas circunstâncias faz-se mister aplicar a lei emanada de outra soberania, porque assim
se pode fazer melhor justiça, Verifica-se também o reconhecimento de que em nada ofende um sistema
jurídico decidir pela aplicação de norma legal de outro sistema.
- Como Direito?
Tobias Asser: o juiz deve aplicar a lei estrangeira ex offício, independentemente de invocação das partes,
eis que sua obrigação é julgar cada ação de acordo com o direito que o rege. Decide-se pela valoração
legal da norma estrangeira.
(c) Julgamento com a presunção de que a lei estrangeira é idêntica à lei nacional do foro.
Roberto Ago (recepção formal): significa que, apesar de recepcionar a norma estrangeira no regime
jurídico do foro, esta conserva o sentido e o valor que lhe atribui o sistema que a criou. Neste caso, a
norma estrangeira é recepcionada mantendo-se a conservação de seus valores. Então, deve ser
interpretada pelo juiz de acordo com o seu conteúdo original. Trata-se de uma teoria mais aberta, porque
possibilita que naquele caso em concreto a controvérsia seja dirimida.
- CRÍTICA: ao recepcionar toda norma jurídica estrangeira indicada pelas regras do direito internacional
privado, o direito do foro corre o risco de se tornar uma colcha de retalhos repleta de normas jurídicas
estrangeiras.
Conclusão: A primeira teoria visa a distinção entre aplicar a lei estrangeira, incorporando-a no sistema
jurídico local. Já a segunda teoria, aplica-se como direito estrangeiro puro.
- A lei estrangeira torna-se uma lei nacional, porque o Poder Legislativo apoderou-se dela ao determinar,
por sua regra de resolução de conflito, a aplicação da lei estrangeira.
- A lei estrangeira intervém no Estado sem contrair qualquer ligação com o seu Poder legislativo, guarda
seu caráter imperativo estrangeiro.
Obs: No Brasil, ao aplicar direito estrangeiro, deve-se atender para o sentido que se lhe dá no país de sua
origem, o que significa respeitar a interpretação doutrinária e jurisprudencial que se produz no país do qual
emana a norma jurídica a ser aplicada. O artigo 5 LICC dispõe que na aplicação da lei o juiz deve atender
aos fins sociais a que se dirige e às exigências do bem comum. Entende-se que na aplicação da norma
jurídica estrangeira deve-se atender às finalidade desta, desde que não ofenda princípios estabelecidos no
sistema jurídico do foro.
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Aula 7 data PONTO 05: ELEMENTOS DE CONEXÃO
1) Conceito:
As regras de conexão são as normas estatuídas pelo direito internacional privado, que indica qual o direito
aplicável às diversas situações jurídicas conectadas a mais de um sistema legal.
- O direito internacional privado cuida primeiramente de classificar a situação jurídica ou relação jurídica
dentre o rol de qualificações. Em seguida, localiza a sede jurídica desta situação ou relação e finalmente
determina a aplicação do direito vigente nesta sede.
Qualificação – local da sede jurídica – lei aplicável (Exemplo: ART. 10 LICC).
Cada uma destas categorias tem a sua sede jurídica, que deve ser caracterizada. Uma vez localizada a
sede jurídica encontrado está o elemento de conexão, indicando-se em seguida a aplicação do direito
vigente neste local, o que constitui a regra de conexão do direito internacional privado. A conexão vem a
ser a ligação entre uma situação da vida e a norma que vai regê-la.
3) Direcionamento:
- Classificação ou qualificação da questão jurídica.
- Localização (lei da sede jurídica)
- Determinação do direito aplicável
4) Doutrina Francesa:
Divide as regras em três categorias:
- O estatuto pessoal regido lei nacional.
- O estatuto real regido pela lei da situação dos bens.
- Os fatos e atos jurídicos submetidos à lei do local de sua ocorrência ou à lei escolhida pelas partes.
5) Classificação:
- Estatuto pessoal (ART. 7 §2 LICC)
- Elementos reais (ART. 8 LICC)
- Elementos volitivos
Questões formais – Locus Regit Actum / Questões materiais – Lex Locus Executionis
Exemplo: ART. 7 1 LICC – casamento
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1) CONCEITO
- A teoria das qualificações é de grande importante para o direito internacional privado, posto que atribui
uma valoração jurídica a um fato ocorrido na sociedade. A partir do momento em que o operador atribui o
valor jurídico, de acordo com a classificação tripartite dos elementos de conexão, ele consegue saber qual
a lei deve ser aplicada para resolver a questão.
- É através da identificação do elemento de conexão que o aplicador do direito sabe qual a regra de direito
a ser aplicada para solucionar uma determinada questão. Dependendo dos valores que o juiz atribuir ao
fato, diferente pode ser o resultado.
- O Juiz tem o fato, atribui um valor jurídico ao fato, encontra a norma de conexão e define qual a lei a ser
aplicada. Qualifica o caso para saber qual deve ser a legislação aplicada. A questão da qualificação é de
extrema relevância para o DIPRI, uma vez que para se resolver uma determinada relação jurídica há que
se saber como qualificar de forma correta.
- Os direitos reais distinguem-se dos direitos pessoais, sendo necessário qualificar os diversos atos e
contratos para saber em qual das duas categorias enquadrar.
Exemplo: Procura saber se o caso diz respeito a direitos reais ou direitos pessoais.
- No que diz respeito aos direitos pessoais, aplica-se o critério do domicílio (ART. 7 LICC)
- No que diz respeito aos direitos reais, aplica-se o local da sede jurídica, ou seja, do local em que o bem
imóvel se encontra.
COMO QUALIFICAR?
CONCEITUAR + CLASSIFICAR = QUALIFICAR
Temo o fato e dispomos da norma jurídica. Para enquadrar o fato na norma, há que se ter claramente
delineado aquele e bem entendida esta. Procura-se ligar o fato ou ato a um determinado sistema jurídico e
para esta operação é preciso qualificar a hipótese submetida à apreciação, dependendo da sua
classificação, sabe-se se a mesma constitui uma situação inerente ao estatuto pessoal ou de natureza
contratual. Uma vez efetuada a qualificação numa ou noutra categoria, recorre a regra de conexão
correspondente e aplica-se o direito de um ou de outro sistema jurídico.
1. Conceito
- Conflito de leis no espaço.
O DIPRI ocupa-se dos conflitos entre leis substantivas relativas aos mais variados institutos jurídicos.
Verificando-se uma relação jurídica conectada com dois ou mais sistemas, que conflitem sobre
determinada matéria, cabe ao DIPRI encontrar a regra indicadora do direito aplicável.
2. Conflito
- Primeiro grau: o conflito de 1 GRAU é a divergência das normas substantivas de duas legislações
nacionais sobre a mesma matéria. Exemplo: maioridade civil diversa.
- Segundo grau: se determinada hipótese de conflito de leis for tratada diversamente por dois sistemas de
DIPRI, está diante de um conflito entre sistemas de solução de conflitos de leis. Este conflito de regras de
DIPRI é denominado conflito de 2 GRAU.
CONFLITO 2 GRAU
Positivo: é aquela em que dois sistemas jurídicos solucionam o conflito determinando a aplicação de seu
próprio direito. Exemplo: quando se trata de determinar o direito aplicável à capacidade de uma pessoa: o
sistema do DIPRI do país onde o mesmo se encontra domiciliado, determina a competência da lei do
domicílio, enquanto o sistema DIPRI do país da nacionalidade indica como aplicável a lex patrie.
- Materializada a divergência entro os dois sistemas de DIPRI, em que cada um indica sua própria lei
interna para ser aplicada à questão jurídica, atenda-se para a solução ordenada pelo sistema do foro, sem
considerar o critério do DIPRI da outra jurisdição.
- Não ocorre o reenvio.
Negativo: ocorre quando as regras de conflito de cada um dos sistemas atribui competência para reger a
matéria não a sua própria lei, mas a lei interna do outro sistema. Exemplo: o país A considera aplicável a lei
do país B, enquanto este indica como aplicável a lei do país B, e esta reenviando (devolvendo) para a lei do
país A.
- Cada uma das legislações, por suas regras de DIPRI, considera inaplicável sua própria legislação, por
negar competência a seu próprio sistema jurídico para a solução de determinada questão.
- Ocorre um reenvio de conflito de 1 GRAU ou 2 GRAU (3 jurisdições)
- Não se deve confundir o conflito negativo em torno da lei competente com o relativo à competência
jurisdicional.
Quando o país A, por suas regras de conflito manda aplicar a lei do país B, isto não representa qualquer
renúncia a sua competência jurisdicional em favor dos tribunais do país B, mas somente o reconhecimento
de maior adequação da lei estrangeira à espécie. Portanto, o movimento de remissão e reenvio não se
materializa efetivamente, mas se limita à determinação do sistema jurídico. Prefere-se não aplicar a
terminologia do reenvio para os conflitos de jurisdição.
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- Admissão do reenvio:
Quando o elemento de conexão do ordenamento jurídico do Estado B remeter a aplicação do elemento de
conexão de outro país para solução do caso concreto.
- Processualmente:
Material de competência absoluta – pronunciamento ex officio.
Material de competência relativa – pronunciamento deve ser provocado.
ART. 17 LICC – exclui a aplicação de leis estrangeiras, bem como de atos e sentenças estrangeiras sempre
que estes ofenderam a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
2. Características:
- Relatividade/Instabilidade: visto que o conceito de ordem pública emana da mens populi, compreende-se
que seja relativo, instável, variando no tempo e no espaço. Assim como a noção de ordem pública não é
idêntica de um país para outro, de uma região para outra, também não é estável, alterando-se ao sabor da
evolução dos fenômenos sociais dentro de cada região.
- Contemporaneidade: a instabilidade do que possa ofender a ordem pública obriga o aplicador da lei a
atentar para o estado da situação à época em que vai julgar a questão, sem considerar a mentalidade
prevalente à época da ocorrência do fato ou ato jurídico. Assim, só se nega a aplicação de uma lei
estrangeira se esta for ofensiva à ordem pública do foro à época em que se deu o ato jurídico ou a
ocorrência sub judice.
Exemplo: O regime jurídico brasileiro não reconhecia divórcios de brasileiros realizados no exterior,
conforme determinado no artigo 7 §6 LICC. A jurisprudência pacificada da Suprema Corte homologava as
sentenças de divórcios estrangeiras que afetavam brasileiros para fins patrimoniais, ou seja, para valerem
como desquite. Não se admitia a dissolução do vínculo matrimonial decorrente do divórcio de brasileiro
decretado no estrangeiro por ofender a ordem pública. Com a lei de 1977, alterou-se a redação de tal
artigo, que agora admite o reexame dos casos de divórcios pronunciados no exterior que obtiveram
homologação parcial na Suprema Corte brasileira, com a finalidade de que passem a produzir todos os
efeitos legais.
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(b) Plano internacional privado: impede a aplicação de leis de outros Estados ou reconhecimento de
sentenças estrangeiras, quando a atentatórias à ordem jurídica, moral ou econômica do foro. Trata-se do
impedimento à aplicação de leis estrangeiras indicadas pelas regras de conexão do DIPRI, quando estar se
chocar com a ordem pública. A ordem pública impede a aplicação de norma de direito estrangeiro que seja
gravemente chocante ao sistema jurídico do foro. Exemplo: capacidade civil com 12 anos.
(c) Direitos adquiridos: a ordem pública impede o reconhecimento de direitos adquiridos no exterior, o que
só ocorre quando estes são gravissimamente chocantes aos princípios jurídicos ou morais do foro.
Exemplo: poligamia.
2. Fundamentos:
- Ordem pública
- Teoria do abuso de direito
- Os países que proíbem a poligamia não concedem proteção a um casamento poligâmico, mesmo que a
lei do estatuto da pessoa seja a de país cuja legislação admite este regime matrimonial.
- Teoria de Pillet
- Princípio da imunidade
(a) Atos de império – Imunidade absoluta (não pode ser o Estado demandado por outra jurisdição)
(b) Atos de gestão – Relativização do princípio da imunidade (pode o particular demandar contra o Estado
perante sua jurisdição)
- Processo de execução
Só podem ser executados bens que não estão ligados a atividade essencial do Estado.
- Competência Internacional
Compete ao Estado regulamentar os requisitos relativos à delimitação de competência.
É a jurisdição do Estado que deve fixar as hipóteses em que sua jurisdição é competente para julgar a lide
(matéria processual).
ART. 88 CPP Competência relativa
ART. 89 CPP Competência absoluta
ART. 90 CPP Litispendência internacional
JUÍZO EXECUTOR
- Reconhecimento dos efeitos da sentença
Resolução n. 9 de 2005:
ART. 4 §2
- Haver sido proferida por autoridade competente.
- Citação da partes e verificação da revelia.
- Ter transitado em julgado.
- Estar autenticada pelo cônsul brasileiro.
- Estar acompanhada por tradução de tradutor oficial ou juramentado.;
- Acordos de cooperação do judiciário são tratados celebrados entre os países com a finalidade de tornar
célere o cumprimento destes atos (cumprimento de uma sentença estrangeiro).
Exemplo: Protocolo de Ouro Preto sobre medidas cautelares; Protocolo de Lãs Lenas permite que os
protocolos de sentenças estrangeiras tramitem via carta rogatória e também diminui os requisitos para
tornar o cumprimento exequator mais célere.
- Quando existem estes acordos, institui-se uma autoridade central num Estado que deve receber o pedido
e encaminhar a autoridade central do outro Estado – para o juízo competente para apreciação da matéria.
Autoridade central (centralizar o encaminhamento dos pedidos)
Brasil – Ministério da Justiça
Cartas rogatórias:
- Solicitação de uma autoridade judiciária (juízo rogante) que devera ser cumprida pela autoridade judiciária
de outro Estado (juízo rogado). A tramitação normalmente se dá através da via diplomática, quem autoriza
é o STJ, devendo ser cumprida pela Justiça Federal.
- Quando se fala das cartas rogatórias, verifica-se a finalidade de citar, intimar ou notificar os atos que tem
por finalidade a produção de provas ou execução de uma determinada providencia. São os atos
ordinatórios, instrutórios e executórios.
- Quando não existem esses tratados ou protocolos, o entendimento do STF era não deferir ao exequatur,
tendo em vistas que é uma decisão transitória. Exemplo: media cautelar de busca e apreensão do menor.
- Pode ser alterada a qualquer momento por entendimento dos tribunais superiores desde que observados
os requisitos do processo de homologação da sentença estrangeira.
- ART. 7 Resolução n.09/2005 (atos decisórios ou não decisórios)
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Aula 12 data PONTO 15: LEI E ARBITRAGEM (Lei n. 9307/96)
1) Comentários gerais
Arbitragem é um método alternativo de solução de controvérsia. Tem como objetivo fazer com que seja
afastada a competência do Poder Judiciário quando da análise e exame de uma controvérsia. Essa
controvérsia é submetida a terceiro indicado pelas partes para resolver a questão.
2) Conceito
- Mecanismo heterocompositivo e alternativo de solução de conflitos.
- Intervenção de terceiros que recebem poderes em convenção de arbitragem.
- Ausência de intervenção estatal.
3) Princípios
- Pacta sun servana
- Boa-fé
4) Constitucionalidade da arbitragem
- Inconstitucionalidade em razão da violação ao princípio do livre acesso ao Poder Judiciário.
- Posicionamento do STF – constitucionalidade.
- Não é utilizada compulsoriamente, mas apenas quando as partes desejarem.
5) Vantagens
- Celebridade (ausência de recurso – salvo se as partes acordarem).
- Redução de custos
- Sigilo
- Confiabilidade
- Segurança (conhecimento técnico do árbitro)
6) Desvantagens
- Custo do árbitro
-
7) Diferenciação entre:
- Arbitragem é um método heterocompositivo de solução de controvérsia (o árbitro está acima das partes).
- Conciliação é um método autocompositivo de solução de controvérsia (o conciliador está no mesmo
patamar que as partes). O conciliador tenta aproximar as partes para que efetuar transações recíprocas
para por fim a controvérsia.
- Mediação é um método autocompositivo de solução de controvérsia (o mediador está no mesmo patamar
que as partes). O mediador utiliza-se de técnica para que as partes cheguem à solução do litígio, não
interferindo diretamente na controvérsia. Pode propor uma solução, não sendo as partes obrigadas a
aceitá-la).
9) Espécie de arbitragem
- Órgão arbitral
- Um único árbitro
- Institucional
- Ad-hoc
10) Requisitos:
- Capacidade de contratar (maior de dezoito anos)
- Direitos patrimoniais disponíveis
- Lei de licitações:
Artigo 55 §2 da Lei n. 8666/93
Contratos administrativos (obras, serviços, compras, publicidade, alienações, locações).
Foro competente: local da administração pública
Licitações internacionais: Artigo 32 §6 da Lei n. 8666/93
ART. 2 DA LEI
- A arbitragem pode ser de direito ou de eqüidade (a critério das partes).
- Podem as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que
não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
- Podem também convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do direito, nos
usos e costumes e nas regras internacionais do comércio.
Deve-se respeitar:
- Princípio da autonomia da vontade das partes
- Ordem pública e bons costumes
- Eqüidade
- LICC (convenção entre as partes, usos e costumes, princípios gerais do direito)
- Lex mercatoria: conjunto de princípios gerais utilizado no comércio internacional, sem referência a um
sistema legal específico.
ART. 3 DA LEI
As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de
arbitral.
- cláusula compromissória
- compromisso arbitral