Você está na página 1de 4

História da Cultura e das Artes I

Profª Marta Esteves

A MÚSICA NA MESOPOTÂMIA
Características
Meso – pótamos = "entre rios“.
Localiza-se no Médio Oriente, na área do Crescente Fértil entre os rios Tigre e Eufrates, berço
de diversas civilizações desenvolvidas ao longo da Antiguidade.
Atualmente território do Iraque, Síria e Irão rodeado por desertos e montanhas.
O grande número de povos que habitou esta região deve-se ao facto das terras serem muito
férteis devido aos regimes de cheias e vazantes: Sumérios (4500 a.C. – 2000 a.C., Babilónios
(2000 a.C. – 1530 a.C), Assírios (2500 a.C. – 600 a.C.), Hititas (2000 a.C. – 1180 a.C.), Cassitas
(1530 a.C. – 1160 a.C.), Elamitas (2700 a.C. – 539 a.C.) e Persas ( 648 a.C. – 331 a.C.).

Durante estas épocas, os sumérios, os assírios e os elamitas formaram cidades, travaram


guerras e fomentaram uma grande troca de valores e costumes.
A primeira ocupação desta zona do Oriente Médio aconteceu aprox. há 4000 a.C., devido ao
deslocamento de pequenas populações vindas da Ásia Central e das regiões montanhosas da
Eurásia, tendo sido influenciada pelos primeiros povos, os Sumérios, o primeiro povo a
desenvolver uma escrita e também a música.
Os exemplos de escrita cuneiforme que nos chegaram revelam um sistema organizado de
escalas pentatónicas e heptatónicas, de acordo com os instrumentos e a sua afinação.

Sumérios (3500 a 2550 a.C.) – A música era


ligada à magia, de carácter religioso, e estava
presente em cerimónias solenes e familiares.

Estandarte de Ur – 2600 a.C. – The British Museum

2
Babilónios (2000 a 539 a.C) – A música tinha carácter militar
em tempos de guerra e de entretenimento em tempos de paz.

Kudurru do rei babilónico,


onde apresenta a sua filha
(segurando uma harpa) para
Nanai, a deusa da saúde e
medicina – (1570 a 1157
a.C. )– Musée du Louvre

Assírios (1200 a 612 a.C.) – Povo altamente


militarizado onde a música possuía um alto
grau de consideração, símbolo de poder e
vitória dos deuses. Hierarquicamente os
músicos estavam antes dos sábios e eram
poupados nas guerras.

Hebreus músicos, prisioneiros de guerra, sendo levados por soldado


Assírio – (704 – 681 a.C.) – The British Museum

Iconografia
As imagens da época mostram momentos musicais que acompanham celebrações de culto,
dança, torneios de luta, refeições e passeios nos jardins.
Já formavam pequenas orquestras e havia cantores.
A Bíblia é um dos documentos que mais nos dá indicações sobre estas épocas. Há uma
descrição da corte do rei Nabucodunosor II que possuía uma orquestra com trompetas,
flautas duplas, liras e harpas que tocavam a solo no início e no final em conjunto.
Os cantores entoariam canções com temáticas de amor, ódio, guerra, caça, evocação dos
mortos, transe e estavam ligadas a algumas atividades da magia.
Também cantavam Hinos (canções de louvor) em louvor dos deuses e Hinos de lamento
pelos sofrimentos sofridos.
Os rituais religiosos eram acompanhados de procissões onde se utilizava música e palmas.

Os instrumentos
Na sua maioria, os mais utilizados são harpas, liras, alaúdes, flautas e tambores:
o Flautas – são as mais primitivas, sem embocadura, com orifícios tocadas em posição
vertical.

3
o Chirimias duplas – dois tubos de prata iguais, sem bocal, 4 orifícios em cada um.
o Trompetas – do período assírio e são usadas nos exércitos como instrumento de sinal.
o Alaúdes - na Suméria chamava-se pantur que significa pequeno arco musical. Aparece
em imagens aprox. 2000 a. C., tocado por mulheres. Tem 2 a 3 cordas e um pequeno
corpo de ressonância.
o Harpas – da época suméria. A caixa de ressonância e as cravelhas em forma de arco são
feitas de uma só peça. Tem 4 a 7 cordas.
o Liras de pé – eram o instrumento nacional da Suméria. Muito grandes, tocadas apoiadas
no chão e adornadas com ouro e prata. Caixa de ressonância em forma de touro
(símbolo da fertilidade), sendo estilizadas mais tarde restando apenas a cabeça. Tinha 4,
5 ou 7 cordas, tocadas com as duas mãos e fixas com cravelhas e com ponte. Mais tarde
transformou-se em lira de mão.
As Liras de Ur ou Harpas de Ur são os instrumentos de corda mais antigos já
encontrados. Em 1929 os arqueólogos descobriram em Ur peças de 3 liras e uma harpa
com mais de 4000 anos. A «Lira Dourada de Ur» ou «Lira do Touro» é a mais perfeita e
rica e encontra-se no Museu de Bagdad no Iraque, tendo ficado danificada durante a
Guerra do Iraque. A «Lira da Rainha» é outro tipo de lira, encontrada numa sepultura de
uma rainha e encontra-se no Museu Britânico. Uma outra, de prata, em forma de barco
e outra com uma cabeça de touro em ouro e lápis lazuli encontram-se no Museu de
Pensilvânia.
o Percussões – variados instrumentos, como:
Crótalos, réguas, sistros, sinos de bronze e pratos de mão, tímbales de metal, tambores
cilíndricos e bombos com 1,80 m de diâmetro e que eram tocados por 2 pessoas.

Achados arqueológicos
Canções Hurrian são uma coleção de música inscrita em 36 placas de argila em escrita
cuneiforme que foram escavadas em 1950 na antiga cidade de Ugarit, no norte da Síria e que
datam aprox. de 1400 a.C. Uma dessas placas contém o Hino Hurrian (h.6) uma canção com
a música quase completa, que faz dela o
mais antigo e completo trabalho de notação
musical do mundo. Esta placa contém a letra
de um Hino dedicado a Nikkal, deusa dos
pomares da religião semítica e tem
instruções para um cantor acompanhado de
um instrumento de 9 cordas – sammûm –
um tipo de lira. Outros fragmentos de outas
placas dão indicações de como afinar o
instrumento e indicam o nome do
compositor, embora o h.6 seja anónimo.

4
Mesopotâmia

Você também pode gostar