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8.

ESTABILIDADE LATERAL EM VIGAS

8.1. INTRODUÇÃO

A zona comprimida de uma viga fletida pode sofrer um fenômeno parecido com a flambagem,
ou seja, se a tensão atuante na borda comprimida for elevada, a viga pode perder estabilidade
lateral (ver figura 47). A verificação, quanto a estabilidade lateral, deve fazer parte de todo
problema de flexão, a exceção dos que garantem a estabilidade lateral de maneira construtiva.

OBS.: A posição inicial da viga está representada


pela linha pontilhada. A seção central também
foi representada (linhas pontilhadas) para que
se perceba melhor o fenômeno.

FIG. 47 – Estabilidade lateral em uma viga fletida

8.2. VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE LATERAL EM VIGAS FLETIDAS DE


SEÇÃO RETANGULAR

As vigas de seção retangular, de largura b e altura h (medida no plano de atuação do


carregamento), nas quais:

• os apoios de extremidade da viga impedem a rotação de suas seções extremas em


torno do eixo longitudinal da peça, e

• existe um conjunto de elementos de travamento ao longo do comprimento l da viga,


afastados entre si de uma distância não maior que l1 (ver figura 48), que também
impedem a rotação dessas seções transversais em torno do eixo longitudinal da peça,

Segundo a ABNT (1997), dispensa-se a verificação da estabilidade lateral, se:

l1 E c 0,ef

b β M . f c 0, d

OBS.: Note que para l 1 ≅ 0 , como no caso de vigas solidárias à laje de piso, a verificação da
estabilidade lateral é desnecessária.

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FIG. 48 – Parâmetros para verificação da estabilidade lateral em uma viga fletida

Na qual o coeficiente β M é dado pela expressão abaixo, que fornece, para γf = 1,4 e βE = 4, os
valores apresentados na tabela 33.

3
h 2
 
1 β b
βM = . E.
0,26.π γ f h 
1
2
γ f . − 0,63 
b 

TAB. 33 – COEFICIENTE DE CORREÇÃO, β M


h
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
b
βM 6,0 8,8 12,3 15,9 19,5 23,1 26,7 30,3 34,0 37,6

h
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
b
βM 41,2 44,8 48,5 52,1 55,8 59,4 63,0 66,7 70,3 74,0
OBS.: Valores intermediários podem ser obtidos por interpolação linear. Na prática é usual
utilizar o valor tabelado (de β M ) imediatamente superior, trabalhando-se a favor da
segurança.

Satisfeitas as verificações relativas às tensões normais, segundo a ABNT (1997), também se


pode dispensar a verificação da estabilidade lateral, em vigas de seção retangular, nas quais:

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l1 Ec 0,ef
>
b β M . f c 0, d

desde que a tensão normal na borda comprimida (σc1,d) não ultrapasse o valor limite:

E c 0,ef
σ lim =
 l1 
 .β M
b

ou seja (NBR 7190/1997, item 7.5.6):

E c 0,ef
σ c1,d ≤ σ lim =
 l1 
 .β M
b

8.3. ROTEIRO PARA VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE LATERAL EM VIGAS


FLETIDAS DE SEÇÃO RETANGULAR

1 – Obter as dimensões da seção transversal (b e h) e o maior espaçamento entre as barras de


travamento (l1).

2 – Determinar as propriedades de cálculo da madeira utilizada, no caso: o módulo de


elasticidade efetivo (Ec0,ef) e a resistência à compressão paralela às fibras (fc0,d).

3 – Obter o coeficiente β M , função da relação h , utilizando a tabela 33.


b

4 – Verificar a estabilidade lateral da viga.

l1 E c 0,ef
a) Se ≤ , então a VIGA NÃO PERDE ESTABILIDADE LATERAL
b β M . f c 0, d

l1 Ec 0,ef
b) Se > e a tensão normal foi verificada, então:
b β M . f c 0, d

b.1) Recupere o valor da tensão normal máxima na borda comprimida:

Md
σ c1, d = . y c1 ≤ f c 0, d (da verificação da tensão normal)
I

b.2) Obtenha o valor limite desta tensão para que não ocorra perda de estabilidade lateral:

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E c 0,ef
σ lim =
 l1 
 .β M
b

b.3) Verifique a estabilidade lateral

E c 0,ef
• Se σ c1,d ≤ σ lim = , então:
 l1 
 .β M
b

A VIGA NÃO PERDE ESTABILIDADE LATERAL

E c 0,ef
• Se σ c1,d > σ lim = , então:
 l1 
 .β M
b

A viga perde estabilidade lateral e se deve aumentar a seção da viga


(especialmente b) ou aumentar o número de pontos contraventados,
diminuindo o valor de l1. Neste caso o problema precisará ser refeito com os
novos valores adotados.

8.4. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

8.4.1. Verificar a estabilidade lateral de uma viga: simplesmente apoiada, com 4,00 m de vão;
seção 6 cm x 16 cm; um carregamento permanente, uniformemente distribuído em toda a
extensão da viga, de 450 N/m; e um carregamento acidental móvel (variável),
concentrado, de 1000 N (homem caminhando). Considere: carregamento de longa
duração; cargas permanentes de grande variabilidade; que a madeira é uma dicotiledônea
usual, da classe de resistência C-40 e classe de umidade 2 (ver exercício proposto 7.6.4, de
flexão simples reta).

8.4.2. Para evitar a perda de estabilidade lateral, da viga do exemplo anterior, onde devem ser
colocados contraventamentos laterais?.

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