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ESTRUTURAS DE CONCRETO

Libânio M. Pinheiro, Cassiane D. Muzardo

ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO

14.1 MOMENTO DE FISSURAÇÃO (Mr)


“Nos estados limites de serviço as estruturas trabalham parcialmente no estádio I e
parcialmente no estádio II. A separação entre essas duas partes é definida pelo momento de
fissuração. Esse momento pode ser calculado pela seguinte expressão aproximada” (item
17.3 da NBR 6118:2003):
α ⋅ fct ⋅ Ic
Mr =
yt
α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a
resistência à tração direta:

1,2 para seções T ou duplo T


α=
1,5 para seções re tan gulares
A resistência do concreto à tração direta, fct, é obtida conforme o item 8.2.5 da NBR
6118:2003. Para determinação de Mr, no estado de limite de formação de fissura, deve ser
usado o fctk,inf, e no estado limite de deformação excessiva, o fctm;

f 2/3
= 0,21 fck (em MPa, formação de fissura)
 ctk,inf
fct =
f 2/3
 ctm = 0,3 fck (em MPa, deformação excessiva)

Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;


yt é a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada.
Para seção retangular, resulta:
3
b⋅h
Ic =
12
yt = h – x = x

14.2 HOMOGENEIZAÇÃO DA SEÇÃO


Por ser formado por dois materiais – concreto e aço – com propriedades diferentes, é
necessário homogeneizar a seção, para alguns cálculos. Essa homogeneização é feita
substituindo-se a área de aço por uma área correspondente de concreto, obtida a partir da
área de aço As, multiplicando-a por αe = Es/Ec.
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Estados Limites de Serviço

14.2.1 Estádio I
No estádio I o concreto resiste à tração. Para seção retangular, a posição da linha
neutra e o momento de inércia são calculados com base na Figura 14.1.

Figura 14.1 – Seção retangular no Estádio I

No cálculo da posição x1 da linha neutra, basta fazer MLN = 0, sendo MLN o momento
estático da seção em relação à linha neutra. Para a seção retangular da figura 14.1 tem-se:
x (h − x )
MLN = b ⋅ x ⋅ − b ⋅ (h − x ) ⋅ − (α e − 1) ⋅ A s ⋅ (d − x ) = 0 → x1
2 2
αe = Es/Ec
Es = 210 GPa = 210 000 MPa (Item 8.3.5 da NBR 6118:2003)
1/ 2 1/ 2
Ec = 0,85 Eci = 0,85 . 5600 fck = 4760 fck (em MPa, item 8.2.8 da NBR 6118:2003)

A expressão para cálculo da posição x1 da linha neutra resulta:


2
b⋅h
+ (α e − 1) ⋅ A s ⋅ d
x1 = 2
b ⋅ h + (α e − 1) ⋅ A s

Para a mesma seção retangular da Figura 14.1, o momento de inércia resulta:


3 2
b⋅h  h 2
I1 = + b ⋅ h ⋅  x1 −  + (α e − 1) ⋅ A s ⋅ (d − x1 )
12  2

Para seção circular, tem-se:


4
π⋅φ
I1,cir =
64

No cálculo de I1, é desprezível o momento de inércia da armadura em relação ao


próprio eixo.
14.2
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14.2.2 Estádio II
No estádio II o concreto tracionado é desprezado, pois ele está fissurado (Figura 14.2).

Figura 14.2 – Seção retangular no Estádio II

Com procedimento análogo ao do estádio I, desprezando-se a resistência do concreto


à tração, tem-se para seção retangular no estádio II (Figura 14.2):

x
MLN = b ⋅ x ⋅ − α e ⋅ A s ⋅ (d − x ) = 0 → x 2
2

Portanto, a posição da linha neutra x2 é obtida por meio da equação:


b
⋅ x 22 + α e ⋅ A s ⋅ x 2 − α e ⋅ A s .d = 0
2

Momento de inércia I2:


2
b ⋅ x 23 x
I2 = + b ⋅ x 2 ⋅  2  + α e ⋅ A s ⋅ (d − x 2 )2
12 2
ou
3
b ⋅ x2
I2 = + α e ⋅ A s ⋅ (d − x 2 )2
3

14.3 FORMAÇÃO DE FISSURAS


O estado limite de formação de fissuras corresponde ao momento de fissuração
calculado com fct = fctk,inf. Esse valor de Mr é comparado com o momento fletor relativo à
combinação rara de serviço, dada por (item 11.8.3.2 da NBR 6118:2003):

14.3
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Fd, ser = ∑ Fgik + Fq1k + ∑ ψ 1j ⋅ Fqjk

Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço


Fq1k é o valor característico das ações variáveis principais diretas
Ψ1 é o fator de redução de combinação freqüente para ELS (Tabela 14.1)

Tabela 14.1 – Valores de ψ0, ψ1 e ψ2 (NBR 6118:2003)

γf2
Ações
ψ0 ψ 1(1) ψ2

Locais em que não há predominância de pesos de


equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,5 0,4 0,3
de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas (2)
Cargas
acidentais de
edifícios Locais em que há predominância de pesos de
equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,7 0,6 0,4
de tempo, ou de elevada concentração de pessoas (3)

Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6

Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0


Variações uniformes de temperatura em relação à média
Temperatura 0,6 0,5 0,3
anual local
(1)
Para valores de ψ1 relativos às pontes e principalmente aos problemas de fadiga, ver seção 23 da NBR 6118:2003

(2)
Edifícios residenciais

(3)
Edifícios comerciais e de escritórios

Para edifícios, em geral, em que a única ação variável é a carga de uso, tem-se:

Fd,ser = Fgk + Fqk = Fk

Portanto, Md, rara = Mr .

Se Md, rara > Mr , há fissuras; caso contrário, não.

14.4 DEFORMAÇÃO
Na verificação das deformações de uma estrutura, deve-se considerar: combinação
quase-permanente de ações e rigidez efetiva das seções.

14.4
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A combinação quase-permanente é dada por (item 11.8.3.2 da NBR 6118:2003):

Fd,ser = ∑ Fgik + ∑ ψ 2 j ⋅ Fqjk

Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço


Fqjk é o valor característico das ações variáveis principais diretas
Ψ2 é o fator de redução de combinações quase permanente para ELS (Tabela 14.1).

Para edifícios, em geral, em que a única ação variável é a carga de uso, tem-se
(Tabela 14.1, ψ2 = 0,3):

Fd,ser = Fgk + ψ 2 ⋅ Fqk

14.4.1 Flecha imediata em vigas


A flecha imediata pode ser calculada admitindo-se comportamento elástico e pode
ser obtida por meio de tabelas, em função das condições de apoio e do tipo de
carregamento. PINHEIRO (1993) apresenta tabelas com expressões do tipo:

 p l4
α (p é uma carga linearment e distribuída)
 EI

 P l 3
ai =  β (P é uma carga concentrad a)
 EI
 2
 Ml
δ E I (M é um momento aplicado )


α, β, δ são coeficientes tabelados e l é o vão teórico.


Conforme a NBR 6118:2003, o módulo de elasticidade e o momento de inércia podem
ser obtidos, respectivamente, conforme os itens 8.2.8 e 17.3.2.1.1:
1/ 2 1/ 2
E = E cs = 0,85 ⋅ E ci = 0,85 ⋅ 5600 ⋅ fck = 4760 ⋅ fck

 Mr 
3   M 3 
I = Ieq =  I + 1 −  r   I
M  c  M   2
 a   a 
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
I2 é o momento de inércia da no estádio II, calculado com αe = Es/Ec;
Ma é o momento fletor na seção crítica, para combinação quase permanente;
Mr é o momento de fissuração calculado com fct=fctm.

O valor de Mr deve ser reduzido à metade, no caso de utilização de barras lisas.

14.5
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14.4.2 Flecha diferida


A flecha adicional diferida, decorrente das cargas de longa duração em função da
fluência, pode ser calculada de maneira aproximada pela multiplicação da flecha imediata
pelo fator αf dado pela expressão (NBR 6118:2003 – item 17.3.1.1.2):
∆ξ
αf =
1 + 50 ⋅ ρ'
ρ’ é a taxa de armadura de compressão (armadura dupla), dada por:
As'
ρ' =
b⋅d
∆ξ = ξ( t ) − ξ( t 0 ) (Tabela 14.2)
t é o tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida;
t0 é a idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração.

Obtém-se, portanto:

Flecha diferida: af = αf . ai

Flecha total: at = ai + αf . ai = ai (1 + αf)

Tabela 14.2 – Valores de ξ (Tabela 17.1 da NBR 6118:2003)

Tempo (t)
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 70
meses
Coeficiente
0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
ξ(t)

14.4.3 Verificação das flechas


Os deslocamentos obtidos devem ser comparados com os valores limites dados na
Tabela 14.3 e com os demais valores indicados na Tabela 13.2 da NBR 6118:2003.

Caso esses limites sejam ultrapassados, tem-se entre as soluções possíveis:

• Aumentar a idade para aplicação da carga (aumentar t0), mantendo o escoramento


por mais tempo ou retardando a execução de revestimentos, paredes etc.
• Adotar uma contraflecha (ac), que pode ser estimada por meio da expressão
(flecha imediata mais metade da flecha diferida):

 α  a
a c = a i ⋅ 1 + f =a + f
 i
 2  2

14.6
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É usual arredondar o valor da contraflecha (ac) para o múltiplo de 0,5 cm mais próximo
do valor calculado. A contraflecha pode ser adotada mesmo quando os deslocamentos
estiverem abaixo dos limites da Norma.

Tabela 14.3 – Limites para deslocamentos (Parte da Tabela 13.2 da NBR 6118:2003)

Deslocamento a
Tipo de efeito Razão da limitação Exemplo Deslocamento limite
considerar
Deslocamentos
visual visíveis em elementos Total l/250
Aceitabilidade estruturais
sensorial
Vibrações sentidas no Devidos a cargas
outro l/350
piso acidentais

superfícies que devem Coberturas e (1)


Total l/250
drenar água varandas

(2)
Total l/350 + contra-flecha
Pavimentos que
Efeitos estruturais Ginásios e pistas de
devem permanecer
em serviço boliche
planos Ocorrido após a
l/600
construção do piso

Elementos que
Ocorrido após De acordo com
suportam
Laboratórios nivelamento do recomendação do fabricante
equipamentos
equipamento do equipamento
sensíveis
(1)
As superfícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto compensado por contraflechas, de
modo a não se ter acúmulo de água.
(2)
Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela especificação de contraflechas. Entretanto, a
atuação isolada da contraflecha não pode ocasionar um desvio do plano maior que l/350.

14.5 ABERTURA DE FISSURAS


Na verificação de abertura de fissuras deve ser considerada combinação freqüente de
ações. Para edifícios em geral, em que a carga de uso é a única ação variável, tem-se:

Fd,ser = Fgk + ψ1 ⋅ Fqk com ψ1 = 0,4 (Tabela 14.1)

14.5.1 Valor da abertura de fissuras


A abertura de fissuras, w, determinada para cada região de envolvimento, é a menor
entre w 1 e w 2 , dadas pelas expressões (item 17.3.3.2 da NBR 6118:2003):

14.7
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 φi σ 3 ⋅ σ si
w 1 = ⋅ si ⋅
12,5 ⋅ ηi E si fctm

w≤
 φi σ si  4 
w 2 = 12,5 ⋅ η ⋅ E ⋅  ρ + 45 
 i si  ri 

σsi , φi , Esi, ρri são definidos para cada área de envolvimento em exame (Figura 14.3):

Acri é a área da região de envolvimento protegida pela barra φi (Figura 14.3);


Esi é o módulo de elasticidade do aço da barra considerada, de diâmetro φi ;
ρri é a taxa de armadura em relação à área Acri, dada por:
A si
ρri =
A cri

σsi é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada


no Estádio II, cálculo este que pode ser feito com αe=15 (item 17.3.3.2 da NBR 6118:2003).
ηi é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada (η1 para
armadura passiva dado no item 9.3.2.1 da NBR 6118:2003)

1,0 para barras lisas



η1 = 1,4 para barras dentadas

2,25 para barras nervuradas
2/3
fctm = 0,3 ⋅ fck (em MPa, item 8.2.5 da NBR 6118:2003)

Figura 14.3 – Concreto de envolvimento da armadura (Figura 17.3 da NBR 6118:2003)

14.8
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14.5.2 Cálculo de σsi

Há duas maneiras de se calcular o valor de σsi, indicadas a seguir.

a) Cálculo refinado
No Estádio II obtém-se x2 e I2 (item 14.2.2). Neste caso, a Norma permite adotar αe=15.

σs Md,freq α e ⋅ Md,freq ⋅ (d − x 2 )
σ cs = = ⋅ (d − x 2 ) ⇒ σ s =
αe I2 I2

b) Cálculo aproximado
É feito adotando-se z = 0,80d (Figura 14.4):
M d,freq
σs =
0,80 ⋅ d ⋅ A s

Figura 14.4 – Braço de alavanca

14.5.3 Valor limite


Em função da classe de agressividade ambiental, (Tabela 6.1 da NBR 6118:2003), a
abertura máxima característica wk das fissuras é dada na Tabela 14.4.

Tabela 14.4 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da


armadura (Parte de tabela 13.3 da NBR 6118:2003)

Classe de
Tipo de concreto Exigências relativas à Combinação de ações
agressividade
estrutural fissuração em serviço a utilizar
ambiental (CAA)
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há ***
CAA I ELS - W wk ≤ 0,4 mm
Concreto armado CAA II a CAA III ELS - W wk ≤ 0,3 mm Combinação freqüente

CAA IV ELS - W wk ≤ 0,2 mm

14.9
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Caso o valor obtido para wk > wk,lim , as providências possíveis são:

• Diminuir o diâmetro da barra (diminui φ);


• Aumentar o número de barras mantendo o diâmetro (diminui σs);
• Aumentar a seção transversal da peça (diminui φ).

14.6 EXEMPLO
Verificar os ELS para a viga biapoiada indicada na Figura 14.5. Dados:
seção 22cm x 40cm, l = 410cm, concreto C25, aço CA-50, armadura longitudinal 4φ20
(12,60 cm2), d = 35,9cm, classe II de Agressividade Ambiental.

- Carga permanente 50kN/m


- Carga acidental 10kN/m
Figura 14.5 – Viga biapoiada

14.6.1 Momento de fissuração

α ⋅ fct ⋅ Ic
Mr =
yt
α = 1,5 (seção retangular)
3 3
b⋅h 22 ⋅ 40 4
Ic = = = 117333 cm
12 12
h 40
yt = h − x = = = 20 cm
2 2

a) Formação de fissura

2/3 2/3 2
fct = fctk,inf = 0,21⋅ fck = 0,21⋅ 25 = 1,795 MPa = 0,1795 kN / cm

1,5 ⋅ 0,1795 ⋅ 117333


Mr = = 1580 kN.cm = 15,8 kN.m
20

14.10
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2 2
p⋅l 50 ⋅ 4,10
Md,rara = = = 105,1kN.m
8 8
Md,rara = 105,1kN.m > Mr = 15,8 kN.m → há fissuras

b) Deformação excessiva

2/3 2/3 2
fct = fctm = 0,3 ⋅ fck = 0,3 ⋅ 25 = 2,565 MPa = 0,2565 kN / cm

1,5 ⋅ 0,2565 ⋅ 117333


Mr = = 2257 kN.cm ≅ 22,6 kN.m
20

14.6.2 Momento de inércia no estádio II

b 2
⋅ x 2 + α e ⋅ A s ⋅ x 2 − α e ⋅ A s .d = 0 (Item 14.2)
2
Es = 210000 MPa
1/ 2 1/ 2
Ec = 4760 ⋅ fck = 4760 ⋅ 25 = 23800 MPa

Es 210000
αe = = = 8,82
Ec 23800
22 2
⋅ x 2 + 8,82 ⋅ 12,60 ⋅ x 2 − 8,82 ⋅ 12,60.35,9 = 0
2
2
x 2 + 10,10 ⋅ x 2 − 362,69 = 0
x 2 = 14,66 cm ( A raíz negativa é ignorada )
b ⋅ x 23
I2 = + α e ⋅ A s ⋅ (d − x 2 )2
3
22 ⋅ 14,66 3
I2 = + 8,82 ⋅ 12,60 ⋅ (35,9 − 14,66) 2 ⇒ I2 = 73.240 cm 4
3

14.6.3 Deformação excessiva

a) Combinação quase-permanente

43
p qp = g + ψ 2 ⋅ q = 40 + 0,3 ⋅ 10 = 43 kN / m = kN cm
100

b) Momento de inércia equivalente

É obtido com a expressão indicada no item 14.4.1:


14.11
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 Mr 
3   M 3 
I = Ieq =  ⋅ I + 1 −  r   ⋅ I
M  c  M   2
 a   a 

São conhecidos os valores (item 14.6.1 e 14.6.2)


Mr = 22,6 kN.m (EL - Deformação) (Item 14.6.1b)
Ma = Md, rara = 105,1kN.m (Item 14.6.1a)

Ic = 117333 cm 4 (Item 14.6.1)

I2 = 67380 cm 4 (Item 14.6.2)

Resulta:

 22,6 
3
  22,6  3  4
I = Ieq =   ⋅117333 + 1−    ⋅ 73240 = 73679 cm
 105,1   105,1 

c) Flecha imediata

A flecha imediata é obtida com a expressão (Tabela 3.2a, caso 6, PINHEIRO, 1993):

5 p ⋅ l4
ai = ⋅
384 E ⋅ I

O módulo de elasticidade do concreto foi calculado no item 14.6.2:


1/ 2 2
E = E cs = 4760 ⋅ fck 1/ 2 = 4760 ⋅ 25 = 23.800 MPa = 2.380 kN / cm

Substituindo os valores já obtidos, resulta:

5 43 410 4
ai = ⋅ ⋅ ⇒ a i = 0,902 cm
384 100 2380 ⋅ 73679

d) Flecha diferida

∆ξ
αf = (Item 14.4.2)
1 + 50 ⋅ ρ'

t ≥ 70 meses 
 ∆ξ = 2 − 0,68 = 1,32 (Tabela 14.2)
t 0 = 1mês 

ρ' = 0 ( Armadura simples )

14.12
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1,32
αf = = 1,32
1
a f = α f ⋅ ai = 1,32 ⋅ 0,902 → a f = 1,191cm

e) Flecha total

at = ai ⋅ (1+ α f ) = 0,902 ⋅ (1+ 1,32) ⇒ at = 2,09 cm

f) Flecha limite

Da Tabela 14.3, para aceitabilidade visual:


l 410
a lim = = = 1,64 cm
250 250

Há necessidade de contraflecha, pois:

at = 2,09 cm > alim = 1,64 cm

g) Contraflecha

α a 1,191 (Item 14.5.3)


a c = ai ⋅ 1+ f  = ai + f = 0,902 + = 1,49 cm
 2 2 2
l 410
ac = = = 1,1 7 cm Adota-se contraflecha de 1,0 cm.
350 350

14.6.4 Abertura de fissuras

a) Dados iniciais

φ = 20 mm
η = 2,25 (Barras nervuradas, CA-50)
Es = 210 000 MPa = 21 000 kN/cm2 (Item 8.2.5 da NBR 6118:2003)

b) Taxa de armadura ρri

Com base na Figura 14.3, há duas regiões de envolvimento a considerar


(Figura 14.6): das barras externas, A c r i , e s , e das barras internas, A c r i , i n t . O
espaçamento horizontal e h das barras longitudinais é dado por:

b − (2c + 2φ t + 4φl )
eh = (Há três espaços entre as barras)
3

14.13
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Para b=22cm, c=2,5cm, φ t =0,63cm e φ l = 2cm, resulta:

22 − (2 ⋅ 2,5 + 2 ⋅ 0,63 + 4 ⋅ 2,0)


eh = = 2,58 cm
3
As respectivas áreas de envolvimento resultam:

eh
Acri, est = (c + φ t + φ l + ) ⋅ ( c + φ t + 8φ l ) =
2

= (2,5 + 0,63 + 2,0 + 2,58 ) ⋅ (2,5 + 0,63 + 8 ⋅ 2,0) = 122,81cm


2
2
2
Acri, int = ( φ l + e h ) ⋅ (c + φ t + 8φ l ) = ( 2,0 + 2,58 ) ⋅ ( 2,5 + 0,63 + 8 ⋅ 2,0 ) = 87,62 cm

Adota-se o menor desses dois valores, resultando:

2
Acri = 87,62 cm
A si 2,0
ρ ri = = = 0,0228 = 2,28 %
A cri 87,62

Figura 14.6 – Área Acr

c) Momento fletor para combinação freqüente

Md, freq = Mgk + ψ1 ⋅ Mqk ψ 1 = 0,4 (Tabela 14.1)

2
40 ⋅ 4,10
Mgk = = 84,1kN.m
8
2
10 ⋅ 4,10
Mqk = = 21,0 kN.m
8
Md, freq = 84,1 + 0,4 ⋅ 21,0 = 92,5 kN.m

14.14
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d) Cálculo aproximado de σs

Md, freq 9250 2


σs = = = 25,56 kN / cm
0,80 ⋅ d ⋅ A s 0,80 ⋅ 35,9 ⋅ 12,60

e) Cálculo de σs no estádio II com αe = Es / Ec = 8,82

α e ⋅ Md,freq ⋅ (d − x 2 ) 8,82 ⋅ 9250 ⋅ (35,9 − 14,66)


σs = = = 23,66 kN / cm2
I2 73240

f) Cálculo de σs no estádio II com αe = 15

• Linha neutra

b 2
⋅ x 2 + α e ⋅ A s ⋅ x 2 − α e ⋅ A s .d = 0
2
22 2
⋅ x 2 + 15 ⋅ 12,60 ⋅ x 2 − 15 ⋅ 12,60.35,9 = 0
2
x 22 + 17,18 ⋅ x 2 − 616,82 = 0
x 2 = 17,69 cm ( A raíz negativa é ignorada )

• Momento de inércia

3
b ⋅ x2
I2 = + α e ⋅ A s ⋅ (d − x 2 )2
3
22 ⋅ 17,69 3
I2 = + 15 ⋅ 12,60 ⋅ (35,9 − 17,69) 2 ⇒ I2 = 103269 cm 4
3

• Valor de σs para αe = 15

α e ⋅ Md,freq ⋅ (d − x 2 ) 15 ⋅ 9250 ⋅ (35,9 − 17,69)


σs = = = 24,47 kN / cm2
I2 103269

Nota-se que este valor de σs é muito próximo dos obtidos nos itens anteriores.

14.15
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Estados Limites de Serviço

g) Cálculo de wk

 φi σ 3 ⋅ σ si
w 1 = ⋅ si ⋅
 12,5 ⋅ ηi E si fctm
wk ≤ 
 φi σ  4 
w 2 = ⋅ si ⋅  + 45 
 12,5 ⋅ ηi E si  ρ ri 

20 25,56 3 ⋅ 25,56
w1 = ⋅ ⋅ = 0,26 mm
12,5 ⋅ 2,25 21000 0,2565

20 25,56  4 
w2 = ⋅ ⋅ + 45  = 0,19 mm
12,5 ⋅ 2,25 21000  0,0228 

Obtém-se, portanto:

w k = 0,19 mm < w lim = 0,4 mm (Item 14.5.3)

AGRADECIMENTOS

Aos colaboradores na redação, nos desenhos e na revisão deste texto:


Marcos Vinícius Natal Moreira,
Anastácio Cantisani de Carvalho (UFAM) e
Sandro Pinheiro Santos.

REFERÊNCIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2003). NBR 6118 – Projeto de


estruturas de concreto. Rio de Janeiro, ABNT.

14.16

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