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CIV 314 - Materiais compósitos engenharia

civil: Dimensionamento de elementos com


barras não metálicas e sistemas de reforço

PhD Gláucia Maria Dalfré


Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar)

Mestre em Engenharia de Estruturas


(SET/EESC/USP)
Doutora em Engenharia Civil
(Universidade do Minho/Portugal)
Membro do Comitê IBRACON/ABECE 303: Uso de Materiais não convencionais para Estruturas de
Concreto, Fibras e Concreto Reforçado com Fibras
Membro da diretoria regional Ibracon/São Carlos
Bolsista Produtividade em Pesquisa – PQ-2/CNPq (2016-2018)

Enquadramento

SEMANA ANTERIOR
Apresentação da disciplina

NESTA AULA
Cálculo de capacidade resistente dos elementos de
concreto armado – flexão e cisalhamento

1
CIV 314 - Materiais compósitos engenharia
civil: Dimensionamento de elementos com
barras não metálicas e sistemas de reforço

Unidade 2:
Modelos de
dimensionamento

PhD Gláucia Maria Dalfré

NBR 6118 (ABNT, 2014)

2
Estádios das seções de concreto armado sob flexão
pura

 Estádio I (estado elástico)


o Corresponde ao início do carregamento
o σct ≤ fct Lei constitutiva
o Diagramas lineares
o Sem fissuras visíveis

Rcc

Rct
Rs

Concreto tracionado ainda resiste

Estádios das seções de concreto armado sob flexão


pura

 Estádio II (Estado de fissuração; PII > PI)


o Concreto não resiste mais à tração
o Seção encontra-se fissurada
o Tensão de compressão no concreto permanece linear
o Fissuras visíveis

Rcc

Rs

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Estádios das seções de concreto armado sob flexão
pura

 Estádio II
o Com a evolução do carregamento, as fissuras
caminham no sentido da borda comprimida, a linha
neutra também e a tensão na armadura cresce

o O estádio II termina com o início da plastificação


do concreto comprimido

o Basicamente, o estádio II serve para a


verificação da peça em serviço (estado limite de
abertura de fissuras e o estado limite de
deformações excessivas)

Estádios das seções de concreto armado sob flexão


pura

 Estádio III (PIII > PII)


o Zona comprimida encontra-se plastificada
o Concreto comprimido na iminência da ruptura
o Peça bastante fissurada

Rcc2
Rcc1

Rs

Diagrama parabólico-retangular

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Estádios das seções de concreto armado sob flexão
pura

 Estádios I e II
o Correspondem às situações de serviço (quando
atuam as ações reais)
o
 Estádio III
o Corresponde ao Estado Limite Último (ELU) para o
qual a viga deve ser dimensionada

o Promove o aproveitamento integral da capacidade


resistente dos materiais (ocorre escoamento do aço à
tração e esmagamento do concreto à compressão)

Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2 pg 120)


a) Seções transversais permanecem planas após as
deformações de flexão, até a ruptura da peça (Bernoulli)

Rcc

Rs

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2 pg 120)


b) Aderência perfeita entre armadura passiva e concreto
(deformação da barra é a mesma do concreto ao seu
entorno)
c) As tensões de tração no concreto são desprezadas,
obrigatoriamente, no ELU

Rcc

Rs

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2)

e) A distribuição de tensões de compressão no concreto


se faz-se pelo diagrama parábola-retângulo, com tensão
de pico igual a c. fcd.

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2)


e) ...

ecu scd= ac fcd


Rcc2
Rcc1
ec2

Rs

Mesma resultante e mesmo braço de alavanca!

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2)


d) ...

ecu scd= ac fcd scd=ac fcd


Rcc2
Rcc
Rcc1 l⋅x
ec2

Rs Rs

Mesma resultante e mesmo braço de alavanca!

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

e) ... e onde a tensão constante atuante até a


profundidade y pode ser tomada igual a:
— ac fcd, no caso da largura da seção, medida
paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir
desta para a borda comprimida;
— 0,9 ac fcd, no caso contrário.
ac fcd ac fcd 0.9 ac fcd 0.9 ac fcd

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

e) ... e onde a tensão constante atuante até a


profundidade y pode ser tomada igual a:
— ac fcd, no caso da largura da seção, medida
paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir
desta para a borda comprimida;

sendo ac definido como:


— para concretos de classes até C50: ac = 0,85
— para concretos de classes de C50 até C90:
ac = 0,85 . [1,0 – (fck – 50) / 200]

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2)


e) ...
Esse diagrama pode ser substituído por um diagrama
retangular simplificado com profundidade y = l⋅x, onde
o valor do parâmetro λ pode ser tomado igual a:

λ = 0,8, para fck ≤ 50 MPa; ou

λ = 0,8 – (fck – 50)/400, para fck > 50 MPa.

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2)


f) A tensão nas armaduras de aço deve ser obtida a partir
de diagramas de cálculo σ-ε
O diagrama tensão-deformação de cálculo das barras e fios de aço é obtido
a partir do diagrama de resistência característica do material, dividindo-se os
valores das tensões pelo coeficiente de ponderação da resistência do aço
σs (s). A reta de proporcionalidade entre tensões e deformações fica com o
ângulo de inclinação mantido, ou seja, é obedecida a lei de Hooke.
fyk
fyd fyd = fyk/γs (γs = 1,15 para
σs* comb normal)

tgα = Es = fyd/εyd = 210 GPa


α
εs* εyd εyk 10‰ εs

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Como a deformação de início de escoamento para
o aço CA-50 foi obtida?

Aço fyk (MPa) fyd (MPa) e yd (MPa)


 (‰)
CA-25 20 40 50
CA-50 3,50 3,50 3,50
CA-60 3,50 3,50 3,50

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Como a deformação de início de escoamento para


o aço CA-50 foi obtida?

Aço fyk (MPa) fyd (MPa) e yd (MPa)


 (‰)
CA-25 20 40 50
CA-50 3,50 3,50 3,50
CA-60 3,50 3,50 3,50

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

Diagrama de tensão para o aço


s (MPa) s (MPa) s (MPa)

f yk
f yk
522
435
f yk
217

1,03 o/oo 10,0 o/oo e s 2,07 o/oo 10,0 o/oo e s 2,49 o/oo 10,0 o/oo e s

Aço CA-25 Aço CA-50 Aço CA-60

Lembrando que a NBR 6118:2014 específica para cálculo das tensões e


deformações que o coeficiente de minoração da resistência do aço e o
módulo de deformação valem, respectivamente, cálculo s = 1,15 e Es =
210000 MPa.

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Adendo - E se for um aço americano?

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Dimensionamento das seções à flexão pura no ELU

 Hipóteses básicas (NBR 6118 / 2014 - 17.2.2)

g) O alongamento máximo do aço da armadura de tração


é de 10‰, para evitar deformações excessivas

h) O encurtamento de ruptura do concreto é de ec2 (2‰


para fck ≤ 50MPa) na compressão simples, e de ecu
(3,5‰ para fck ≤ 50MPa), na flexão simples

Para concretos de classe C50 a C90:


compressão

flexão

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Domínios de deformações das seções no ELU (na


ruína)

A ruina da seção transversal no ELU é caracterizada


pelas deformações específicas de cálculo do aço e do
concreto, que atingem os valores últimos das
deformações específicas nestes materiais.

O conjunto de deformações específicas do concreto e


do aço ao longo de uma seção retangular com armadura
simples submetida a ações normais definem 6 domínios
de deformação, que representam as diversas
possibilidades de ruina da seção.
Para a determinação da resistência de cálculo de uma
dada seção transversal, é preciso saber em qual domínio
esta situado o diagrama de diagrama de tensões
específicas de cálculo dos materiais (aço e concreto).

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Domínios de deformações das seções no ELU (na
ruína)

Situações em que pelo menos um dos materiais (aço


ou concreto) atinge o seu limite de deformação

A’s

As

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Domínios de deformações das seções no ELU (na


ruína)

 NBR 6118/2014:

εc2 εcu

(εcu- εc2)h / εcu

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Equacionamento para concretos de classe
até C50 e seção retangular

c fcd c fcd

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Equacionamento para concretos de classe


até C50 e seção retangular

c fcd c fcd

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Determinação do momento limite para seções
retangulares com armadura simples

Verificação dos domínios


Analisando o diagrama de deformações da figura, a
profundidade que divide o D2 de D3 é:

e cc e yd

x dx

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Determinação do momento limite para seções


retangulares com armadura simples

Profundidade da linha neutra (na ruína) para garantir


ductilidade adequada
Para fck ≤ 50 MPa*:
NBR 6118 (2014): x  xlim x
lim  lim
 0.45
εc2 εcu d
Para fck > 50 MPa**:
xlim
lim   0.35
d xlim d
*- xlim retirados do CEB/90, mas o fck
foi modificado de 35MPa para 50MPa
na NBR 6118 (2014).

**- maior fck exige-se mais dutilidade

Região que deve ser evitada

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Determinação do momento limite para seções
retangulares com armadura simples

Profundidade da linha neutra (na ruína) para garantir


dutilidade adequada
NBR 6118 (2014) 14.6.4.3:

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Concrete Brazilian Class C25 (which corresponds to ACI 318-05 nominal concrete strength
f’c = 25.94 MPa) are considered.
Exemplo 1a *HTTP://IBRACON.ORG.BR/PUBLICACOES/REVISTAS_IBRACON/REV_ESTRUTURAS/
PDF/RIEST_-_VOL3_-_N_2_-_ARTIGO_5_-_INGLES.PDF

Determinar a capacidade resistente da seção transversal (sem reforço) da


viga abaixo apresentada.

fc´ 34,47 MPa


fs 414 MPa
As 1935 mm2

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Exemplo 1a

Determinar a capacidade resistente da seção transversal (sem reforço) da


viga abaixo apresentada.

fc´ 34,47 MPa


fs 414 MPa
As 1935 mm2

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Exemplo 2a

Determine a capacidade resistente da seção transversal de uma viga que


possui concreto de 20 MPa, armadura de aço com fyk = 420 MPa, b =
250mm, d = 500mm, 3 barras de aço posicionadas na zona tracionada,
perfazendo um As = 1530 mm2.

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Exemplo 2a

Determine a capacidade resistente da seção transversal de uma viga que


possui concreto de 20 MPa, armadura de aço com fyk = 420 MPa, b =
250mm, d = 500mm, 3 barras de aço posicionadas na zona tracionada,
perfazendo um As = 1530 mm2.

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ACI 318 (2019)

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão - ACI 318


Os cálculos da resistência das seções transversais devem ser
realizados com base nas seguintes premissas:

● Deformação no concreto e a barra de aço é proporcional à


distância do eixo neutro (isto é, uma seção plana antes do carregamento
permanece plana após o carregamento);
● A máxima deformação de compressão utilizada no concreto é
assumida como sendo 0,003;
● A resistência do concreto à tração é ignorada;
● Perfeita aderência entre o concreto e a barra de aço.

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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Exemplo 1b

Determinar a capacidade resistente da seção transversal (sem reforço) da


viga abaixo apresentada.

fc´ 34,47 MPa


fs 414 MPa
As 1935 mm2

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Exemplo 1b

Dimensionamento à flexão – ACI 318 (2019)

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Exemplo 1b

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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Exemplo 1b

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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Exemplo 2b

Determine a capacidade resistente da seção transversal de uma viga que


possui concreto de 20 MPa, armadura de aço com fyk = 420 MPa, b =
250mm, d = 500mm, 3 barras de aço posicionadas na zona tracionada,
perfazendo um As = 1530 mm2.

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão – ACI 318 (2019)

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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Dimensionamento

Dimensionamento à flexão – ACI 318

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NBR 6118 (ABNT, 2014)

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Verificação da ruptura por tração diagonal (Modelo I)
(armadura transversal + mecanismos complementares)
 Condição de segurança:

V ≤V =V +V
– Vsw: força cortante resistida pela armadura transversal
– Vc: força cortante resistida por mecanismos complementares

A força cortante resistente de cálculo VRd3 deve ser no


mínimo igual à força solicitante de cálculo VSd.

Portanto: V =V ∴ V =V −V

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Verificação da ruptura por tração diagonal


(armadura transversal + mecanismos complementares)
• Parcela resistida pelos mecanismos complementares:

V = 0,6 ⋅ f ⋅b ⋅d
na flexão simples com a linha neutra cortando a seção;

Lembrando que:

f , 0,7. f 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ f ⁄
f = = = = 0,15 ⋅ f
γ 1,4 1,4

com fck e fctd em MPa.

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ABNT NBR 6118:2014

Verificação da ruptura por tração diagonal


(armadura transversal + mecanismos complementares)
• Parcela resistida pela armadura transversal
A
V = ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ f ⋅ senα + cosα
s
No caso de estribos verticais:
A
𝛼 = 90° → V = ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ f
s
s: espaçamento entre estribos
Asw: área de armadura transversal
fywd: tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos
e a 70% desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os
casos, valores superiores a 435 MPa;
: inclinação da armadura transversal, podendo ser 45º    90º.

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ACI 318 (2019)

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Dimensionamento

Dimensionamento ao cisalhamento
Segundo a ACI 318 (2019), Vc e Vs são calculados utilizando as seguintes
expressões:

𝑉 = 0,17. 𝑓 ´ . 𝑏 . 𝑑

𝐴 .𝑓 .𝑑
𝑉 =
𝑠
=0,75 for shear

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Comparação – experimental x laboratório

Algumas vigas de concreto armado, com fc 37,6N/mm2 (28 dias) e fc 49,2N/mm2 (à


data de ensaio) foram analisadas em laboratório por Dias (2010). Uma análise
inicial indica que esta viga resiste bem aos esforços de flexão, entretanto,
apresenta problemas ao cisalhamento.
O layout de ensaio, a seção transversal e o arranjo de armaduras transversais e
do sistema de reforço são abaixo apresentados.

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A aço utilizado nas vigas possui as seguintes propriedades: Ø 6mm (longitudinal):
622 MPa; Ø 6mm (transversal): 540 MPa; Ø 10mm: 464 MPa; Ø 12mm: 574 MPa.
Com relação ao reforço, foram utilizados dois tipos de sistemas:

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Os resultados obtidos nos ensaios são abaixo apresentados.

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Tendo em vista os resultados obtidos no programa experimental e os obtidos


segundo as normas NBR 6118 (ABNT, 2014) e ACI 318 (2019), pede-se:
a) Qual a capacidade resistente, ao cisalhamento, de todas as vigas
apresentadas?

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fc 49,2N/mm2 Ø 6mm (transversal): 540 MPa d = 274mm

NBR 6118 (2014)


V = 0,6 ⋅ f ⋅b ⋅d f = 0,15 ⋅ f

A
V = ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ f ⋅ senα + cosα
s

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fc 49,2N/mm2 Ø 6mm (transversal): 540 MPa d = 274mm

ACI 318 (2019)

𝐴 .𝑓 .𝑑
𝑉 =
𝑠
=0,75 for shear

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Enquadramento

PRÓXIMA AULA

Introdução as manifestações patológicas de estruturas


de concreto armado

PARA A PRÓXIMA AULA


AT1 - Atividade 1
Modelos de dimensionamento
15/08

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