Abórimèsan

 
 
Abórimèsan  quer  dizer:  “Com  nove  cabeças”,  alusão aos supostos nove
braços do delta do Níger. O número 9, ligado a Oiá, está na origem de seu nome Iansã
e encontramos esta referência no antigo Daomé, onde o culto de Oiá é feito em Porto-
Novo sob o nome de Avèsan, no bairro Akron (Lókóró dos Iorubás) e sob o de
Abèsan, mais ao norte, em Baningbé. Esses nomes teriam por origem a expressão
Abórimèsan.

Cantiga de Avèsan conhecida no Brasil fazendo referência a Lókóró:

“Oya Lókóró gbò iyami nyó,

Oya Lókóró… Oya Lókóró…
Oya Lókóró gbò iyami nyó,
Oya Lókóró!”

O fundador do atual Porto-Novo é Tè-Agbanlin e os primeiros ocupantes

foram os Guns e Ajas. O antepassado mítico comum da disnástia é ioruba de Oyo, e
seu nome é Orinlé.

Orilé, é uma entidade definida por um conjunto de atributos (Oriki) que determinam a
origem de indivíduos membros do mesmo clã. Qualquer comunidade iorubá pode ser
identificadas no tempo e no espaço por um Oriki. O Oriki é recitado como umz
invocação ou cumprimento "ladainha", relatar os fatos e gestos dos antepassados
míticos do clã principal.

Onikoyi, Ikoyi de origem, era um guerreiro chefe do exército que dirigia as

expedições de guerra contra os inimigos do reino. Ele recrutou os guerreiros entre
melhores caçadores do reino. Cicatrizes raciais eram aplicadas nas bochechas desde o
nascimento de uma criança para determinar a origem dos indivíduos de um clã
na comunidade iorubá.

No final do século XV, o príncipe Anata, filho de Óbaganju,

Omo Onikoyi, assistido por seus dois irmãos: Akakpó e Ogbon,
liderou uma migração de iorubás de Oyo beirando o rio
(na atual lagoa de Porto-Novo). Exausto, mas satisfeito, eles declararam:

"Aja asègun òta ibi di ilé" (Nós lutamos, derrotamos o inimigo, este lugar se torna a
nossa casa)

Inimigo, seria a dificuldade e obstáculos ao longo do caminho.

Esta declaração é apenas o nome de "Ajacé-Ilé". Isto é, terra, pátria vitoriosa, aqueles
que lutam. Assim foi criado o reino iorubá do príncipe Anata, filho de Óbaganju,
Omo (nativo) de Ikoyi.

Durante esta longa jornada, a esposa de Anata, uma princesa Yoruba estava grávida.
Seu parto à beira da lagoa de Porto-Novo. Uma sacerdotisa de Oyo disse que coisas
misteriosas ela deu à luz, nove filhos (quatro meninos e cinco meninas) de uma vez.
Tal evento é lembrado por ritual de sacrifício, a mãe da prole é venerada e chamada
de Abèsan, isto é, aquela que deu à luz a nove filhos, todos elevados ao postos de
divindades, assim, ela assume o nome de Abèsan.

Iorubás de outros lugares, cidades e vilas, ficaram sabendo das virtudes e poderes dos
Abesans e passaram a ir visitar o lugar onde os Abesan nasceram e estavam. Dentre
os visitantes temos: Agbarin, Aké (ancestral de Makpò-Mòji), Afanja Bòrò e Òlalèmi.
Todos vindo de Oyo e assim com essas visitas, estabelecendo a fama de Abèsan. O
príncipe Anata, conhecido também como Balé entre seus ex-companheiros da
expedição que deu o nome de Ajacé-Ilé ao novo reino. Muito mais tarde, um príncipe
da dinastia real Onikoyi de Adjacé-Ilé se estabeleceu em Ajóhun. Assim, nasceu
Onikoyi-òmò (Matè-Magbó), que hoje é uma das principais cidades de Porto-Novo.

Os primeiros reis de Ónikóyi-Abèsan, de acordo com informações coletadas de

membros da dinastia real, Óba Ónikóyi-Abèsan:

Ónikóyi Óbaganju Anata Abèsan I - reinou 1485-1560.

Ónikóyi Tayèwo Abèsan II 1560-1585.
Ónikóyi Ajagunan - 1585-1625.
Ónikóyi Abèsan Alatè - 1625-1688.

Com estes quatro reis, um longo período de paz e organização foi estabelecido. A
população teve que fazer oferendas às divindades Abèsan do templo, que também
servia como santuário entronização de reis iorubás e líderes tradicionais.

Quanto à origem do Yoruba, que estabeleceu Ókóró (vide cântico de Ógu: Ókóro..
ókódé…) deve-se ressaltar os seguintes fatos:

- Aborimèssan, monstro de nove cabeças, é uma pura invenção. Este termo não existe
entre os iorubás e na sua língua. Na realidade, não era um monstro que, supostamente,
"Três caçadores" encontraram em Ókóró, mas guerreiros reais de Oyo, nativos de
Ikoyi-Ile, sob a liderança do príncipe Anata Obaganju Onikoyi. O príncipe e a
princesa Obaganju Onikoyi levam o nome de Abèsan. Entre os iorubás, uma mulher
que dá à luz a gêmeos recebe o nome de Iyabéji, a trigêmeos: Iyabèta.