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Saída de filho menor do País.

Autorização de saída.

Perguntas e Respostas.

P - Em que circunstâncias pode um progenitor deslocar legalmente uma criança para um


Estado diferente sem o consentimento do outro progenitor?

R - O exercício das responsabilidades parentais relativo às questões de particular


importância cabe a ambos os progenitores (artigos 1901.º, 1902.º, 1911.º e 1912.º, todos
do Código Civil).
Perante uma situação de dissociação familiar (divórcio ou separação), o exercício das
responsabilidades parentais relativo às questões de particular importância continua a
caber a ambos os progenitores (artigo 1906.º, n.º 1 do Código Civil), salvo se o tribunal,
através de decisão fundamentada, determinar que o mesmo seja exercido apenas por um
deles e quando o exercício conjunto seja julgado contrário aos interesses da criança
(artigo 1906.º, n.º 2 do Código Civil).
As questões de particular importância traduzem um conceito indeterminado e
correspondem a um conjunto restrito de aspectos da vida da criança ou às questões
existenciais graves e raras que pertençam ao núcleo essencial dos seus direitos.
A localização ou determinação do centro de vida da criança, ou seja, a fixação da sua
residência constitui uma questão de particular importância cuja decisão cabe a ambos os
progenitores ou, na falta de acordo destes, é determinada pelo tribunal (artigo 1906.º, n.º
5 do Código Civil).
Neste contexto, um progenitor apenas pode deslocar legalmente uma criança para um
Estado diferente sem o consentimento do outro progenitor quando exerça em exclusivo
as responsabilidades parentais ou a residência da criança tenha sido fixada ou alterada
judicialmente, permitindo-se a mudança de Estado.

P - Em que circunstâncias é necessário o consentimento do outro progenitor para a


deslocação de uma criança para um Estado diferente?

R - O consentimento é necessário sempre que o exercício das responsabilidades


parentais caiba a ambos os progenitores o que constitui actualmente o regime-regra
estabelecido no n.º 1 do artigo 1906.º do Código Civil.

P - Se o outro progenitor não der o seu consentimento à deslocação de uma criança para
um Estado diferente, apesar de tal ser necessário, como pode a criança ser deslocada
legalmente para outro Estado?

R - Não sendo prestado o consentimento por um dos progenitores à deslocação de uma


criança para um Estado diferente e cabendo o exercício das responsabilidades parentais
a ambos os progenitores, a deslocação da criança para outro Estado apenas pode ser
determinada judicialmente (artigo 1906.º, n.º 5 do Código Civil).

P - São aplicáveis as mesmas regras à deslocação temporária (férias, cuidados de saúde,


etc.) e à deslocação permanente?
R - A doutrina e a jurisprudência não têm considerado como questões de particular
importância as saídas em férias ou lazer, ou seja, as deslocações que não impliquem
uma mudança do centro de vida da criança, salvo quando se trate de países em conflito
bélico, particularmente inseguros ou com pandemias uma vez que pode estar em risco a
saúde ou a segurança da criança.
Porém, a deslocação temporária para a realização de cuidados de saúde deve ser
considerada como questão de particular importância, implicando o acordo de ambos os
progenitores, em função dos cuidados de saúde em concreto e da repercussão que estes
possam ter no núcleo essencial dos direitos da criança na medida em que pode implicar
a prestação de actos médicos de relevo (quimioterapia, terapêuticas experimentais) ou a
necessidade de garantir o acompanhamento adequado da criança pelo desconhecimento
sobre a linguagem utilizada pelo pessoal médico bem como a dificuldade ou
impossibilidade destes em obterem da criança informações exactas sobre os seus
sintomas, convocando a necessidade de tradução.

SAÍDA DE MENORES DE TERRITÓRIO NACIONAL

A saída do país de menores nacionais bem como a entrada e saída de menores


estrangeiros residentes legais é regulada pelo Decreto-Lei 138/2006, de 26 de Julho
(artigo 23º da Lei dos Passaportes) e pela Lei 23/2007 de 4 de Julho (artigo 31º da Lei
de Estrangeiros), com as alterações introduzidas pela Lei n.º 29/2012, de 9 de Agosto.
De acordo com a legislação em vigor em Território Nacional, os menores nacionais e os
menores estrangeiros residentes legais em Portugal que pretendam ausentar-se do país e
viajem desacompanhados de ambos os progenitores, deverão exibir uma autorização de
saída emitida por quem exerça a responsabilidade parental, legalmente certificada
(documento certificado por notário ou advogado).
Sendo a autorização de saída necessária, alerta-se para o facto de, em matéria de
controlo de fronteira, às viagens realizadas entre Estados parte do Acordo de Schengen
se aplicarem as regras constantes do mesmo.
A autorização de saída deve constar de documento escrito, datado e com a assinatura de
quem exerce a responsabilidade parental legalmente certificada (documento certificado
por notário ou advogado), conferindo ainda poderes de acompanhamento por parte de
terceiros devidamente identificados. Face à diversidade de relações familiares que se
repercutem na determinação de quem exerce a responsabilidade parental, informamos a
definição de algumas situações:

Menor, filho de pais casados:


- A autorização de saída deve ser emitida e assinada por um dos progenitores, apenas se
o menor viajar sem nenhum deles; caso o menor viaje com um dos progenitores não
carece de autorização, desde que não haja oposição do outro*,

Menor, filho de pais divorciados, separados judicialmente de pessoas e bens, ou cuja


casamento foi declarado nulo ou anulado:
- A autorização de saída tem que ser prestada pelo ascendente a quem foi confiado e/ou
com quem reside; Como actualmente o regime normal, em caso de divórcio, é o de
responsabilidades parentais conjuntas, o menor poderá sair com qualquer um dos
progenitores, desde que não haja oposição do outro*;

Menor, órfão de um dos progenitores:


- A autorização de saída deve ser elaborada pelo progenitor sobrevivo.
Menor, cuja filiação foi estabelecida apenas quanto a um dos progenitores:
- A autorização de saída deve ser da autoria do progenitor relativo ao qual a filiação está
estabelecida;
Menor, confiado a terceira pessoa ou a estabelecimento de educação ou assistência:
- Nestes casos, a autorização de saída é da competência da pessoa a quem o tribunal
atribuiu o exercício da responsabilidade parental;

Menor, sujeito a tutela:


- Estando sujeitos a tutela os menores, cujos pais houverem falecido ou estiverem
inibidos do exercício da responsabilidade parental, ou estiverem há mais de seis meses
impedidos de facto de exercer a responsabilidade parental ou forem incógnitos, a
autorização de saída tem que ser emitida pelo tutor designado pelo Tribunal de
Menores;
- Na falta de pessoa com condições para exercer a tutela, o menor pode ser confiado a
um estabelecimento de educação ou assistência, público ou particular, pelo que é o
director deste estabelecimento que deverá assinar a autorização de saída;

Menor adoptado ou em processo de adopção:


- A autorização de saída deste menor depende de autorização do adoptante ou de um dos
adoptantes, se estes forem casados;

Menor emancipado:
- O menor é emancipado pelo casamento, ou por decisão nesse sentido dos progenitores,
adquirindo plena capacidade de exercício e ficando habilitado a reger a sua pessoa, pelo
que deixa de ser necessária a exibição de autorização de saída, bastando exibir a
certidão de casamento ou certidão de nascimento.

* Oposição:
- Oposição à Saída de Menor:
Quando se verificar a oposição à saída de um menor do território nacional, por parte de
um progenitor que não acompanha o menor ou de quem exerça a responsabilidade
parental, essa manifestação de vontade pode ser comunicada através de contacto directo
com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras / SEF, para os seguintes contactos:
- De 2ª a 6ª das 08h30 às 17h30
E-Mail: DCID.UCIPD@sef.pt
Fax: 214 236 646
Tel.: 808 202 653 (rede fixa) / 808 962 690 (rede móvel)
- Fora daquele horário ou em caso de urgência, para os Postos de Fronteira .
A comunicação ao SEF deve fazer-se acompanhar de:
- Declaração, devidamente datada e assinada, com a identificação completa do menor e
do progenitor/opositor, bem como a morada e um número de telefone de contacto deste
último.
- Cópia do documento de identificação do interessado/opositor.
- Cópia da certidão/assento de nascimento do menor, emitida há menos de 6 meses.
- Cópia do acordo/decisão sobre a regulação do exercício das responsabilidades
parentais, quando exista.
A ausência de qualquer um destes elementos inviabiliza a manifestação de vontade.

Embora não se trate de uma medida judicial impeditiva da saída do menor do País, à
manifestação de vontade é atribuído um prazo de validade de 6 meses, possibilitando,
assim, ao requerente, se assim o entender, que a competente autoridade judicial se
pronuncie sobre a eventual interdição de saída do território nacional.

Nesse sentido, aconselha-se que junto do Tribunal seja obtida decisão, mesmo que
provisória, que regule as saídas da menor para o estrangeiro ou seja alterado regime de
responsabilidades parentais.
No caso de tentativa de saída de menor do Território Nacional por uma fronteira externa
com destino a um país terceiro, o SEF avalia no momento as condições para a saída do
menor.
Atendendo a que existe a livre circulação de pessoas dentro do espaço Schengen, as
saídas do Território Nacional com destino a outro país que seja signatário do Acordo de
Schengen, não são objeto de controlo entre os Estados Partes.

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