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ESTADO DO PARÁ

MINISTÉRIO PÚBLICO

EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DO PLANTÃO CRIMINAL DA


COMARCA DA CAPITAL.

PROC. N°
PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA
REQUERENTE:
CRIME: ART. 33, CAPUT, DA LEI N°. 11.343/2006

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO, por seu representante


legal, no uso de atribuições constitucionais e no exercício do plantão institucional
criminal, apresenta manifestação nos seguintes termos:

O requerente _______________________________, encontra-


se preso desde o dia __/__/____ em virtude da prática do crime capitulado no art.
33, caput, da Lei 11.343/06, por ter sido apreendido no interior de sua residência,
localizada na _______________________, neste município, certa quantidade de
maconha prensada e um pequeno “tablete” de cocaína, que estavam escondidos
dentro de um balde plástico verde.

Ressalte-se que a apreensão da droga ocorreu em uma


diligência de cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão Domiciliar e Pessoal
na casa do Sr. ____________________, que é pai do requerente, diante da fundada
suspeita de se tratar de local de venda de droga.

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No momento da apreensão da droga, __________ assumiu a


condição de proprietário da droga, que teria sido adquirido de um homem
desconhecido na cidade de ____________. O requerente afirmou ainda aos policiais
que seus pais não tinham conhecimento de que ele mantinha em depósito as
substâncias entorpecentes apreendidas.

A defesa alega, resumidamente, que o requerente é réu


primário, não registra antecedentes criminais, possui profissão definida e residência
fixa, não havendo motivos para a manutenção de sua prisão provisória.

Aduz ainda que a quantidade de droga apreendida pela polícia é


indicativa de que se destinava a uso pessoal e não para a comercialização.

Não merece acolhida a pretensão do requerente.

Inicialmente, a despeito de ambas as Turmas de o Supremo


Tribunal Federal reconhecer a constitucionalidade da proibição legal contida no art.
44, da Lei 11.343/06, alguns de seus integrantes, monocraticamente, já têm
reconhecido a sua inconstitucionalidade, admitindo-se a concessão de liberdade
provisória aos agentes acusados da prática dos crimes previstos nos artigos 33,
caput, e § 1º, e 34 a 37, desta lei 1.

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Medida Cautelar no HC 96.715-9/SP e HC 97.976/MG, ambas da relatoria do Min. Celso de Mello, e
Medida Cautelar no HC 100.745/SC, rel. Min. Eros Grau.
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Dessa forma entendo que, independente da proibição de


concessão de liberdade provisória decorrente do art. 44, da Lei 11.343/06, faz-se
necessário averiguar a existência de elementos que justifiquem a manutenção
da prisão provisória, valendo-se, principalmente, dos fundamentos contidos
no art. 312, do CPP.

No caso dos autos, é certo que conduta do requerente


caracteriza o crime de tráfico de drogas, não só pelo fato da fundada suspeita de
sua casa se tratar de ponto de venda drogas, como também por conta da apreensão
de diversos objetos (aparelhos de telefones celulares, carregadores, bijuterias etc.)
característicos daqueles que adquirem drogas por esse meio.

Nesse particular, forçoso ressaltar que a atividade desenvolvida


pelo traficante ofende flagrantemente a ordem pública, seja por intermédio da venda
reiterada de drogas às diversas camadas da sociedade – desestruturando
principalmente os mais jovens e suas famílias -, como também através da prática
dos mais variados tipos de crimes (roubos, furtos, execuções sumárias etc), que têm
íntima relação com o tráfico de drogas.

Assim, a simples condição de traficante de drogas, seja ele


proprietário ou não da substância, é razão mais do que suficiente para a
manutenção da prisão provisória do requerente como forma de garantir a ordem
pública, cujo objetivo é não só evitar a reiterada prática de novos crimes, mas
principalmente resguardar o meio social e a credibilidade da justiça, em face da
gravidade do crime e da periculosidade dos respectivos autores.

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Em verdade, o fato de o requerente ser réu primário, ter “bons


antecedentes”, possuir residência e domicílio definidos, não autoriza, por si só, a
concessão de liberdade provisória.

O TJRS já se manifestou nesse sentido:

HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. ROUBO


QUALIFICADO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. Não há
constrangimento ilegal a ser sanado na via do HC quando ao
paciente, preso em flagrante, são imputados diversos delitos,
entre eles, roubo qualificado e formação de quadrilha, também
na forma qualificada. As condições pessoais do paciente, tais
como primariedade, bons antecedentes, residência fixa e
emprego, não autorizam, por si só, a concessão da liberdade
provisória. Ordem denegada. (Habeas Corpus Nº
70019155548, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: José Eugênio Tedesco, Julgado em 26/04/2007).

HABEAS CORPUS. ENTORPECENTES. PRISÃO


INOCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. O
despacho que decretou a prisão preventiva encontra-se
devidamente fundamentado na garantia da ordem pública.
CONDIÇÕES PESSOAIS. As condições pessoais do paciente,
tais como possuir residência fixa, ser primário e ter família
constituída, não obstam a custódia provisória quando

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ocorrentes os motivos que legitimam a constrição do acusado.


ORDEM DENEGADA EM DECISÃO UNÂNIME. (Habeas
Corpus Nº 70020493326, Terceira Câmara Criminal, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: José Antônio Hirt Preiss, Julgado em
02/08/2007).

Diante do exposto, o Ministério Público se manifesta pelo


INDEFERIMENTO do pedido de Liberdade Provisória em favor de
________________________.

É a manifestação.

Local, __de_________de_______

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