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Peça de Teatro

“O Segredo do rio”, de Miguel Sousa Tavares

Apresentador: (A acção desta história passa-se no campo, onde se situa uma pequena casa branca,
rodeada por um pomar. Junto da casa, passa um ribeiro com água límpida e transparente. Está um belo
dia de Verão, o sol brilha radiante e sente-se no ar, uma suave brisa perfumada. O narrador entra em
cena, apresentando um ar alegre e simpático, envergando roupas coloridas e alegres. Como música de
fundo ouvem-se os sons da Natureza).

Narrador (movimentando-se alegremente): - Bom dia senhores e senhoras, meninos e meninas, tenho a
honra de vos apresentar, uma extraordinária peça de teatro, cujo nome se intitula “O Segredo do rio”.
Acomodem-se, confortavelmente, nos vossos lugares, pois esta história irá levar-vos numa viagem, cheia
de imaginação e emoção. Estejam com muita atenção para tentarem descobrir o nosso segredo.
(O narrador sai lentamente de cena e entra o menino que se aproxima do rio).

Menino (dirigindo-se a saltitar para o rio): – Que lindo dia que está hoje! Ufa que calor, vou banhar-
me no rio para me refrescar.

(O narrador entra em cena, falando baixinho com um ar misterioso.)

Narrador: - O menino brincava alegremente quando, de repente, ouviu um barulho estranho dentro da
água. Apesar de estar muito assustado, o rapaz aproximou-se lentamente para ver o que era. Subitamente,
saltou de dentro de água uma criatura muito esquisita.

(O narrador sai de cena afastando-se discretamente).

Peixe (com um ar divertido, olhando para o menino): - Olá rapaz!

Menino (com um ar surpreendido respondeu gaguejando): - O… o...olá, acho eu! Mas tu falas como os
hu….humanos!

Peixe (com um ar muito vaidoso): - Falo sim, aprendi a falar a vossa língua, porque vivi durante muitos
anos num aquário, junto de uma família que cuidava muito bem de mim e que falava muito comigo. Foi
assim que eu aprendi a falar a linguagem dos humanos.

Menino (com um ar curioso): - Mas como vieste aqui parar?

Peixe (com um tom de voz triste): - À medida que o tempo foi passando, eu fui crescendo, crescendo e
tornei-me numa carpa muito grande. O aquário tornou-se muito pequeno para mim e o meu dono levou-
me para o rio dando-me a liberdade. Agora estou sozinho e à procura de um lugar para viver.

Menino (com um ar satisfeito): - Eu tenho uma solução para o teu problema! Podes ficar aqui neste rio,
assim já tenho um companheiro para as minhas brincadeiras, mas ninguém pode saber que tu falas, vai
ser o nosso segredo!

(O narrador entra em cena com um ar muito alegre).

Narrador: - Os dias foram passando, a carpa e o rapaz tornaram-se grandes amigos, companheiros de
brincadeiras. Mergulhavam no fundo do rio e brincavam com a bola. Mas dias difíceis aproximavam-se.
(O cenário muda dando lugar a uma imagem de seca, o narrador continua a falar com uma voz muito
triste). Com a chegada do Outono, o tempo continuava muito quente. Os frutos das árvores dos pomares
apodreciam, a Natureza ia secando e os alimentos começaram a escassear.

(O narrador e o peixe saem discretamente de cena, enquanto se muda o cenário. Com o cair da noite
entram em cena os pais do menino que conversam na casa sem se aperceberem da presença do rapaz
que se encontra escondido).

Pai (com um ar preocupado): – Não sei o que vamos fazer mulher, estou muito preocupado com esta
situação! Já não temos comida. O que vamos dar aos nossos filhos?

Mãe (com um ar terno e afectuoso): – Não te preocupes homem, havemos de arranjar uma solução!
Tudo se há-de resolver! (De repente, a mãe dá um salto.) Já sei! Lembrei-me. No outro dia, vi no rio
uma carpa enorme, se a apanharmos temos alimento para, pelo menos, dois meses!

Pai (com um ar mais satisfeito): - Que bom! Amanhã de manhã, vou para o rio apanhar esse peixe.
Estamos salvos! (O narrador entra em cena com um ar muito preocupado.)

Narrador: - O menino, que estava escondido atrás da porta, ouviu a conversa dos pais e decidiu avisar
o seu amigo peixe.

(O narrador sai lentamente de cena, ao mesmo tempo que surge o menino a correr para o rio, gritando
pela carpa).

Menino: - Amigo, amigo, onde estás?

Peixe (surgindo da água): - Estou aqui amigo!

Menino (quase sem fôlego): - Tens que partir! Os meus pais estão a planear apanhar-te para te comer.
Tens que fugir para bem longe!

Peixe (com um tom de voz triste e a choramingar): - Custa-me muito deixar-te sozinho, mas hei-de
voltar, assim que possa, para te ver! (Com uma voz melancólica surge novamente o narrador, com outro
cenário).

Narrador: - O peixe afastou-se, deixando – o a chorar. Os dias foram passando e o menino sentia-se
cada vez mais solitário, a situação foi piorando, havia cada vez menos comida. (Dá-se uma mudança de
cenário, o menino e as árvores desaparecem). – Durante a sua viagem, o peixe descobriu um barco
naufragado, lá dentro encontrou várias latas de conserva com comida, lembrou-se logo do seu amigo e
colocou as latas numa rede. Pediu a duas raposas que passavam por ali que o ajudassem a arrastar a rede.

Peixe (surgindo à superfície): - Bom dia amigas raposas, podiam ajudar-me a arrastar esta rede com
comida, para levar ao meu amigo que está a passar por grandes dificuldades?

Raposas (falando em coro): - Claro que sim! Ajudamos-te com muito gosto!

(Surge o narrador em cena, ao mesmo tempo que aparece a lua e as estrelas, fala com uma voz suave).

Narrador: - As duas raposas ajudaram o peixe a arrastar a rede e, finalmente, chegaram de noite ao
destino, à frente da casa do rapaz. Entretanto, o menino, que estava à janela, viu uma sombra na água,
pensou logo no seu amigo e precipitou-se, de imediato, para junto do rio.

(O narrador sai de cena discretamente).

Menino (agitado e cheio de emoção): - És tu amigo voltaste.


Peixe (emergindo da água): - Sim voltei!

(Surge o narrador com voz de emoção)

Narrador: - Os dois amigos abraçaram-se com muita ternura, o peixe contou que tinha voltado, porque
tinha a solução para os seus problemas e começou a contar a sua aventura.
(Mudança de cenário onde surge o dia, em que o narrador continua a falar).

Narrador: - No dia seguinte, o rapaz contou a novidade aos pais, mas sem nunca revelar o seu segredo.
O pai, por estar muito agradecido, colocou no rio uma placa de madeira, com a seguinte inscrição:
“proibido pescar neste local.” Ao amanhecer, o rapaz colocou outra placa a dizer: (Todos os atores): -
“Este rio tem um segredo e esse segredo é só meu.”

EXEMPLOS DE CENÁRIOS:

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