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ESCOLA: __________________________________________________________________________________________________

PROFESSOR (A): ___________________________________________________ TURNO: ____________


ALUNO: ___________________________________________________________ 7º ANO TURMA: ___________
LÍNGUA PORTUGUESA
III BIMESTRE – 3º PERÍODO
MITOS E LENDAS

Leia com atenção:


O QUE VOCÊ VAI LER
Em viagens por todo o Nordeste brasileiro, o escritor Luís da Câmara Cascudo recolheu contos populares
transmitidos e conservados de geração em geração pela oralidade. Ao registrar por escrito essas histórias, Câmara
Cascudo preocupou-se em não modificar a linguagem utilizada pelos contadores, de modo que mantivesse a
originalidade e tradição oral do conto.

O marido da mãe-d'água Nunca mais viu a Mãe-d’água, mas no tempo da


Era uma vez um moço pescador muito destemido e lua, vinha pescar e foi ficando mais aliviado da pobreza.
bom que lutava com as maiores dificuldades para viver. Os meses iam passando e ele ficando com saudade
Ultimamente o vento mudara e quase não havia peixe. daquela formosura.
Passava horas e horas na praia, com a pindaíba na mão e Uma noite de luar, estando na pesca, ouviu o
os peixes fugiam dele como o Diabo da cruz. O rapaz canto da Mãe-d’água e largando tudo correu na
estava mesmo desanimado e dormia com fome mais das confrontação da cantiga. Quando a Mãe-d’água botou as
vezes. mãos em cima da pedra o rapaz chegou para junto e,
Numa noite de luar estava ele querendo pescar assim que ela se calou, o pescador agradeceu o benefício
e o peixe escapulindo depois de comer a isca. A noite recebido e perguntou como pagaria tanta bondade.
foi avançando, avançando, o luar ficando alvo como - Quer casar comigo? --- disse a Mãe-d’água.
prata e caindo mesmo a friagem. O rapaz não queria O rapaz nem titubeou:
voltar para sua casinha sem levar nem que fosse um - Quero muito!
peixinho para matar a fome. - A Mãe-d’água deu uma risada e continuou:
Já ia ficando desanimado quando começou a ouvir - Então vamos casar. Na noite da quinta para a
uma voz cantando tão bonito que era de encantar. A voz sexta-feira, na outra lua, venha me buscar. Traga roupa
foi chegando mais perto, mais perto, e o rapaz para mim. Só traga roupa de cor branca, azul ou verde.
principiou a olhar em redor para ver quem estava Veja que não tenha alfinete, agulha ou coisa alguma que
cantando daquele jeito. Numa ponta de pedra apareceu seja de ferro. Só tenho uma condição. Nunca arrenegue
uma moça bonita como um anjo caído do céu, cabelo de mim nem dos meus parentes que vivem no mar.
louro, olhos azuis e pele branca como uma estrangeira. Promete?
Ficou com o corpo meio fora d’água cantando, cantando, O rapaz, que estava enamorado por demais,
os cabelos espalhados, brilhando como ouro. prometeu tudo e deixou a Mãe-d’água, que desapareceu
O pescador ficou todo arrepiado, mas criou nas ondas e cantou até sumir.
coragem e disse: Na noite citada o pescador compareceu ao lugar,
- Que desejais de um cristão, alma penada? trazendo roupa branca, sem alfinete, agulha ou coisa
A moça respondeu: que fosse de ferro. Antes de o galo cantar, a Mãe-
- Não sou alma penada! Sou a Mãe-d’água! Sempre d’água saiu do mar. O rapaz estava com um lençol bem
que uma pessoa me pediu alguma coisa, eu dei, mas grande, todo aberto. A Mãe-d’água era uma moça tão
jamais me ofereceram auxílio. Tens coragem? bonita que os olhos do rapaz ficaram encandeados.
- Tenho - declarou o rapaz. Enrolou-a no lençol e foi para casa com ela.
- Queres pegar peixe? Viveram com Deus e com os Santos. A casa ficou
- Quero! uma beleza de arrumada, com um tudo, roupa, mobília,
- Pois sacode o anzol onde eu estou. Deves vir dinheiro. Comida, água, nada faltava. O rapaz ficou rico
todas as noites até o quarto minguante e só pescar de da noite para o dia. O povo vivia assombrado com aquela
meia-noite até o quebrar da barra. felicidade que parecia milagre.
Abanou a mão e mergulhou, sumindo-se. Passou um ano, dois anos, três anos. O rapaz
O rapaz fez o que ela tinha aconselhado e pegou gostava muito da Mãe-d’água, mas de umas coisas ia se
tanto peixe que amanheceu o dia e não pôde carregar aborrecendo. A moça não tinha falta, mas na noite de
tudo para casa. quinta para a sexta-feira, sendo luar, ficava até o
quebrar da barra na janela, olhando o mar. Às vezes
cantava baixinho, que fazia saudade até às pedras e aos a) Do pescador:
bichos do mato. Às vezes chorava devagarzinho. O b) Da Mãe d’água:
rapaz tratava de consolar a mulher, mas com o correr
dos tempos, acabou ficando enjoado daquela penitência 5) O que o rapaz tanto desejava?
e principiou a discutir com ela.
- Deixe essa janela, mulher! Venha dormir! Deixe 6) A Mãe D’água concedeu o desejo ao pescador. Mas, o que
de fazer assombração! pediu em troca?
A Mãe-d’água nem respondia, chorando, cantando
ou suspirando, na sina que Deus lhe dera. 7) Qual a única condição exigida por ela para que o pescador
Todo mês sucedia o mesmo. O rapaz ia ficando pudesse sempre usufruir dos benefícios recebidos?
de mal a pior.
- Venha logo dormir, mulher presepeira! Que 8) O que ele deveria levar ao ir buscá-la?
quizila idiota é essa? Larga essa mania de cantiga e
9) Como passou a ser a casa e a vida do pescador a partir do
choro virada para o mar! Você é gente ou é peixe?
casamento?
E como o melhor já possuía em casa, deu para
procurar vadiação do lado de fora, chegando tarde. A
10) Por que o rapaz começou a se aborrecer?
Mãe-d’água recebia-o bem, não se queixando de nada e
tudo ia correndo com satisfação e agrado da parte dela.
11) Já aborrecido, o que o pescador começou a fazer?
Numa noite o rapaz foi a um baile e ficou a noite
inteira dançando, animado como se fosse solteiro. Nem
12) Explique o motivo da Mãe D’água ter retirado tudo que
se lembrava da beleza que esperava por ele em casa.
havia dado ao rapaz.
Só voltou de manhã e foi logo gritando pelo café,
leite, bolos e mais coisas para comer. A Mãe-d’água 13) Qual sua opinião sobre a atitude do rapaz no final da
fazia mais que depressa o que ele pedia, mas não vinha história? Ele mereceu ter perdido tudo? Justifique.
na rapidez do corisco.
O mal-agradecido, sentando-se numa cadeira, de 14) Copie do texto um trecho que:
cara franzida, não tendo o que dizer, começou a a) tenha numeral:
resmungar: b) tenha adjetivos:
- Bem feito! Quem mandou casar com mulher do c) Mostre que a Mãe D’água estava triste:
mar em vez de gente da terra? Bem feito! É tudo d) Mostre que o pescador estava aborrecido:
misterioso, cheio de histórias. Coisas do mar... hi...
arrenego! 15) Qual das opções abaixo traz uma fala da Mãe D’Água:
Logo que disse essas palavras, a Mãe-d’água deu a) “- Que desejais de um cristão, alma penada?”
um gemido comprido e ficou da cor da cal da parede. b) “- Bem feito!”
Levantou as duas mãos e as águas do mar avançaram c) “- Queres pegar peixe?”
como um castigo, numa onda grande, coberta de espuma, d) “- Deixe essa janela, mulher!”
roncando como um bicho feroz. O rapaz, morrendo de
medo, deu uma carreira de veado, subindo um monte 16) Em qual dos trechos destacados temos ideia de LUGAR?
perto da casa. Lá em cima se virou para ver. Casa, a) “Na noite citada, o pescador compareceu ao lugar.”
varanda, cercado, animais, tudo desaparecera. No lugar b) “Todo mês sucedia o mesmo”
estava uma lagoa muito calma, pegada a um braço de c) “Ás vezes, cantava baixinho.”
mar. Ao longe ouviu uma cantiga triste. Triste como d) “Passava horas e horas na praia.”
quem está se despedindo do mundo.
Nunca mais viu a Mãe-d’água. 17) Marque o trecho onde esteja destacada uma expressão
Luís da Câmara Cascudo. Contos tradicionais do Brasil. Rio de que indique TEMPO:
Janeiro: Ediouro, 2001. p. 76 – 78. a) “Lá em cima se virou para ver.”
1) Como o autor conheceu a história que lemos? b) “Ao longe ouviu uma cantiga triste.”
c) “Na noite da quinta para a sexta-feira, venha me buscar...
2) Qual situação o pescador estava passando no início da
história?

3) O que aconteceu quando o rapaz já estava bastante


desanimado?

4) Quais as características:

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