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Nota : ____
INSTRUÇÕES
Era uma vez um homem muito pobre – Bem feito para mim, que
que tinha uma boa plantação de roubava as frutas – disse ela.
melancias na beira do rio. Porém, – Você então se casa comigo? –
quando estavam as pesadas frutas perguntou o homem, embevecido com a
maduras, e ao calor se via o coração sua beleza.
vermelhando, ele não podia colher uma – Caso. Mas tem uma coisa.
só. Desapareciam de noite. Ele – O que?
procurava os rastros do ladrão, nada – Nunca arrenegue de gente
encontrava na terra fofa. "Deve ser debaixo d’água.
algum canoeiro, que vem pela água". – Pois sim. Nunca arrenegarei.
Acreditando nisso, escondeu-se por trás Foram para a cidade, num
de umas moitas e passou parte da noite domingo, para se casar. Juntou gente
espiando. Nada viu na primeira noite, para ver moça, tão linda, com seus
nem na segunda. Na terceira, ouvindo cabelos verdes, e olhos de água verde,
um leve rumor para os lados do rio, foi tão linda! Entrou na casa do pobre e
devagarinho até lá, e viu uma moça com ela o milagre. E com ela a fartura.
linda como os amores, de compridos O melancial deu de arrebentar em
cabelos verdes, e olhos d’água melancias de arroba. O arrozal pendia
profunda, colhendo as melancias todas. de espigas enormes. Nas laranjeiras era
Foi atrás dela, bem devagarinho, pé por preciso pôr escoras, pois vinham abaixo
pé, e agarrou-a. com as laranjas. E as vacas tinham
– Ah! Danada – gritou. – É você bezerros formosos. As ovelhas, tanta lã
quem carrega as minhas melancias. Pois que as maçarocas tiradas cada verão
agora você vai para minha casa, para se deram um fabuloso lucro. E era tudo
casar comigo. assim. O homem fazia um negócio,
– Eu não – gritava a moça. – Eu ganhava um mundo de dinheiro.
não. Comprou escravos, comprou terras,
Mas o homem era forte e ela foi. aumentou as plantações. Adquiriu
mobílias, louças, jóias, roupas. O gado Meus bichos todos
inumerável, dinheiro de não se acabar, Calunga
escravaria, tudo que tinha se Vamos embora[...]”
multiplicado. Tudo que não tinha lhe
veio ter às mãos. Corria tudo muito Com vagaroso passo foram os
bem, quando a moça começou a se rebanhos se dirigindo para o rio. Foram
desleixar. Andava pela casa com os as vacas de leite, os bois de carros, as
vestidos esfrangalhados, emaranhada a ovelhinhas brancas de neve, cabras e
bela cabeleira. Como não tomava conta cavalos e burros, bestas de carga, até o
de nada mais, os escravos também nada cachorrinho, até o gato, até a
faziam. E era uma sujeira de dar nojo, tartaruguinha com que as crianças
pela casa toda. Os filhos de carinha suja brincavam, e o papagaio. Alcançaram a
choramingavam de fome. O marido Mãe d’Água, passaram adiante dela,
pedia: foram andando para o rio e entrando
- Mulher, tome conta da casa. O n’água como se pisassem no terreno
que foi isso? Você era tão prestimosa… limpo, e desaparecendo aos poucos, sem
A moça nem respondia. E a casa alarido.
e ela e os filhos continuavam na mesma.
Um dia, o homem, arreliado, "Zão, zão, zão, zão
falou: Calunga,
- Arre, também, que já estou Meus "terens" todos
perdendo a paciência. Arrenego de Calunga
gente debaixo d’água. Vamos embora,[...]
A moça, que estava sentada,
levantou-se mais que depressa e foi - Não vá embora não, minha
andando em direção ao rio, ao mesmo mulher – o homem gritava.
tempo que cantava: Os móveis, as jóias, a louça, os
baús, começaram a pular em direção ao
"Zão, zão, zão, zão rio. Até a casa se sacudiu e pulou.
Calunga..[...] Cercados, telheiros, galinheiros, cercas
Minha gente toda de divisa, plantações, foi tudo engolido
Calunga pelas águas. Dentro em pouco, a moça,
Vamos embora [...]” cantando, mergulhou também. Quando
o homem viu, estava sozinho, na
O homem gritou: margem tranqüila, com as suas roupas
- Não vai lá não, mulher. de pobre, e na terra somente havia uma
E ela, sem olhar para trás, ia plantaçãozinha reles de melancia.
andando. Atrás dela foram saindo os Ele foi viver de novo
filhos, os escravos, o pessoal jornaleiro pobremente, de vender as frutas, mas
das roças: também nunca mais a Mãe d’Água
buliu na sua roça.
"Zão, zão, zão, zão
Calunga,[..]
(http://jangadabrasil.com.br/ acesso em jun. 2012)
Agora responda:
1. a) Podemos dizer que essa história é uma lenda? Explique. (0,5)
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b) Qual a diferença entre “gente da água” e “gente da terra” de acordo com o texto lido?
(0,5)
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e) Como era a Mãe-d’Água assim que o pobre o homem a viu? E depois de um tempo,
como ela ficou? Copie as palavras do texto que comprovem sua resposta.(0,5)
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f) Quais das palavras abaixo melhor define as palavras destacadas nos trechos abaixo de
acordo com o sentido do texto?
Alheias e nossas
As palavras voam.
Bando de borboletas multicolores,
As palavras voam.
Bando azul de andorinhas,
Bando de gaivotas brancas,
As palavras voam.
11. Sublinhe, nas frases abaixo, os substantivos que se apresentam flexionados em grau,
informando se o grau é aumentativo ou diminutivo, sintético ou analítico: (0,75)
a) Seu corpanzil mal cabia no carrinho de passeio.
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b) Ao avistar a mãe, a garotinha ensaiou um chorinho tímido.
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c) Por gracejo, o molecote rabiscou um enorme bigode no retrato do avô.
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d) O forte da pequena ilha não resistiu ao ataque do inimigo.
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e) Com as mãozinhas no rosto, a garotinha pôs-se a correr.
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15.Leia: (1,0)