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O dia estava ensolarado e uma brisa suave percorria as terras do continente de Qi’anar.

Um
garoto montando em um lobo vai em direção a um gigantesco vale. O garoto devia ter uns 13
ou 12 anos. Tinha cabelos castanhos escuros, usava um chapéu de agricultor na cabeça, vestia
uma capa verde, uma calça preta e andava descalço. Seu lobo era branco como neve e maior
que um urso. Suas patas era gigantescas e seus olhos colocariam medo em qualquer animal.

- Parece que é aqui, lobinho.

Eles enxergam uma grande cidade dentro das paredes do vale. Mas sem sinal de água ou de
alguma vegetação crescendo nas redondezas. O garoto desce por um passagem que leva até a
parte inferior do vale onde ficam as residências. Tudo parecia quieto e deserto demais.
Enquanto descia, ele foi abordado por alguns homens usando facas e lanças. Os homens eram
despojados e sujos. Alguns não tinham todos os dedos e outros pareciam muito doentes.

- Você é membro do exército? Ou é um caçador?

- Nenhum dos dois. Disse o garoto

- Devemos confiar nele senhor?

- Se não quiser problemas, é melhor voltar imediatamente.

- Deixem ele passar.

- Mestre Kuga.

Os homens se ajoelharam como um gesto de respeito para o homem. O homem demonstrava


poder, mas não era muito diferente dos outros.

- Ele é aquele que veio para salvar nosso povo da miséria. Ele é o guerreiro da luz. Tragam ele
comigo. E o lobo também.

Eles adentraram até o vale até a base a centenas de metros de profundidade. Aquele vale
cortava todo o continente de Qi’anar, dividindo ele em dois.

- Na noite passada, durante meu sono, tive uma visão com uma mulher. Ela se apresentou
como uma deusa, que mandaria seu mensageiro da paz montado em uma fera para salvar
nossa gente. Nos últimos 100 anos, nosso povo tem passado por maus bocados. Antes da
primavera, um espírito gigante costumava passar pelo vale, trazendo fertilidade pra nossas
terras e saúde para os doentes. Após sua passagem, a água voltava a correr pelo rio que
atravessava o vale. Nós estamos pisando onde um dia costumava pescar e me banhar.

- Mas o que aconteceu? Perguntou o garoto.

- Depois que a guerra se iniciou, o gigante parou de passar. E assim estamos desde então. Não
temos mais o que comer e nem beber. A nossa fonte de renda era a mineração de cobre nesse
vale. Mas o exército da mão negra agora realiza a própria extração.

- Isso é ruim. Não consigo acreditar no que esse lugar se tornou.

- Você já tinha vindo aqui antes, garoto?

- É uma complicado. Disse o garoto sorrindo, mas com uma clara expressão de tristeza vendo a
situação deplorável que o lugar se encontrava.

- Venha comigo.
Eles adentraram uma passagem que levava as cavernas internas do vale.. Lá se encontrava
uma garota, usando uma broca em uma das paredes internas da caverna. Aquela caverna era
imensa, e o barulho da broca ecoava por toda parte.

- Osono!

A garota se virou.

- Este é... Qual o seu nome mesmo?

- Iko.

- Está é minha filha, Osono.

- Prazer. Disse ela sorrindo pra Iko.

- Igualmente.

- Iko, vou te dar nossos últimos suprimentos. Precisamos que você vá até o extremo leste do
vale. É de lá que o gigante vem. Descubra o que aconteceu e traga ele de volta. Eu suplico.
Todos nós precisamos de você.

- Podem contar comigo! Disse Iko, um pouco hesitante, mas com determinação nos olhos.

Iko saiu para preparar o seu lobo.

- Pai, quem é ele?

- Nossa última esperança.

Osono olhava para Iko com curiosidade e incerteza. Ela sabia que tinha algo a mais nele.

- Pai... Eu quero ir com ele.

- O que está dizendo? Eu não vou deixar você fazer isso.

- Mas pai, eu...

- Sem “mas”. Você é a minha única filha e a herdeira da liderança de nosso povo. Não vou
deixar você se arriscar assim.

- Do que eu vou ser herdeira se não tiver povo pra liderar, pai? Nosso povo está morrendo e eu
não posso fazer nada pra ajudar?

- Eu sou seu pai. Você não vai e ponto final.

Ela saiu irritada e deixou seu pai sozinho. No noite do mesmo dia, Iko já estava pronto pra
viajar.

- Viajar durante o dia é muito perigoso. A viagem vai demorar alguns dias. Você tem comida e
água o suficiente pra passar duas semanas. Muito cuidado e boa sorte, garoto.

- Obrigado. Vou dar o meu melhor pra ajudar. Vamos, lobinho.

Iko e seu lobo saíram em disparada em direção ao seu destino. Iko, apesar de tudo, parecia um
pouco desconfortável com toda essa situação. Após correr alguns metros, ele se depara com
uma figura em meio a escuridão.

- Quem é você?
- Iko, preciso que me leve com você.

- Osono? O que você tá fazendo aqui?

- Não posso ficar parada vendo minha família morrer de fome. Eu tenho que fazer alguma
coisa, se não nunca vou ser capaz de ser uma verdadeira líder.

- Mas o seu pai, o que ele...

- Meu pai não confia em mim. Mas eu sei que eu posso te ajudar seja lá quem você for.

- Eu não sei se eu devo. É muito arriscado pra você.

- Ah que saco. Chega de conversa.

Ela subiu no lobo e se segurou na cintura de Iko.

- Eu não vou sair.

Os dois seguiram viagem, mesmo contra a vontade de Iko.

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