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O caso da garota Genie é um caso sobre uma garota que foi privada de estímulos e
nutrição ao longo de sua vida infantil. A garota passou a primeira parte de sua vida
acorrentada em um quarto pelo seu próprio pai, sendo pobremente alimentada e impedida de
ter experiências básicas para seu desenvolvimento, como afeto, contato com outras pessoas e
até mesmo ouvir a voz de pessoas ao seu redor. Já os casos das crianças que sofreram
hemisferectomia, se referem à crianças que, devido a graves problemas neurológicos, tiveram
um hemisfério cerebral retirado cirurgicamente e, ainda assim, tiveram uma vida útil e
produtiva relativamente normal. Esses dois exemplos representam um ótimo paralelo para o
entendimento de conceitos como período crítico, maturação e plasticidade.
O conceito de maturação se refere ao amadurecimento do cérebro a partir do
momento em que o bebê nasce, em que o cérebro está parcialmente formado. É necessário
para esse amadurecimento experiências e substrato (nutrição), possibilitando que o cérebro
tenha estímulos e energia para se desenvolver em sua plasticidade. O conceito de plasticidade
pode ser entendido como a configuração do padrão sináptico a partir das experiências vividas.
O período crítico se relaciona a esses conceitos por ser o período determinado de tempo em
que alguns aspectos no sujeito precisam ser estimulados para que uma função seja
desenvolvida plenamente.
Nos exemplos citados anteriormente podemos ver a importância desses conceitos para
o desenvolvimento completo. No caso da menina Genie, apesar de sua constituição anatômica
estar dentro do padrão de normalidade, as privações na infância, em que se situam as janelas
de período crítico, impossibilitaram a sua plena maturação neurológica, o que resultou em,
mesmo após um grande processo terapêutico com uma equipe multidisciplinar, algumas de
suas capacidades nunca terem se desenvolvido completamente. A principal capacidade
atrofiada no desenvolvimento de Genie foi sua capacidade linguística, a menina não
pronunciava frases com mais de uma palavra a princípio e com o tratamento conseguiu
articular frases com mais elementos, porém não com a síntese perfeita. O fato de Genie ter
conseguido aprender mesmo com estímulos apenas após o período crítico é devido a
plasticidade cerebral que continua existindo por toda a vida, porém com menor potencial. Já
nos casos das crianças que sofreram hemisferectomia ocorreu o contrário. Apesar da retirada
de metade da massa cerebral, as crianças receberam estímulos e nutrição ao longo do período
crítico de seu desenvolvimento (antes dos 10 anos de idade), o que fez com que o seus
sistemas cerebrais se reorganizassem para “dar conta” de desempenhar as funções necessárias
para sua adaptação, a função que normalmente seria realizado pelo hemisfério que foi
retirado, nessas crianças acabou sendo realizada pelo hemisfério restante, ficando este
responsável pelas funções de ambos hemisférios.
Módulo II
1- Opióides endógenos e sensações fantasmas são temas relacionados aos sistemas
sensoriais de grande aplicação em Psicologia. a) Fale um pouco sobre a história dos
opióides, sua aplicação e importância na Psicologia (enfatize as condições que modulam
sua produção - estados de humor, fé, etc - e seus efeitos sobre os indivíduos). b) Em
relação às sensações fantasmas, apresente as bases neurais que explicam o surgimento
destas, enfatizando o envolvimento do Homúnculo de Penfield e da plasticidade neural
neste fenômeno.
b- Os membros fantasmas são explicados pelo fato da amputação do membro não alterar a
representação dele na região correspondente do cérebro. Com a amputação, os circuitos
neurais responsáveis pela parte sensório-motor do membro tenderiam a atrofiar por não serem
utilizados. Porém, por fenômeno de plasticidade, os neurônios dessa região tem seus
dendritos aumentados, se ligando a neurônios responsáveis por áreas sensório-motores
vizinhas. O homúnculo sensorial de Penfield foi essencial para essa descoberta, já que, tendo
o mapeamento do córtex somestésico primário, é possível saber qual área do cérebro é
associada a área correspondente no corpo. E assim se descobriu que o estímulo recebido na
face por um paciente com os braços amputados, por exemplo, fazia com que este sentisse o
braço que já não existia -- no mapeamento de Penfield essas áreas são vizinhas--,
confirmando o rearranjo dos circuitos sensoriais.
Módulo III