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1 “A DIFERENCIAÇÃO DO CÉREBRO MASCULINO E FEMININO”

1. A diferenciação anatômica, psíquica e emocional entre os gêneros


masculino e feminino é bastante complexa e envolve os fenômenos
biológicos referentes à genética e à ação dos esteroides sexuais, além dos
fenômenos epigenéticos.
2. A maioria dos estudos sobre a anatomia e a influência hormonal nesse
processo é baseada em experimentos com animais extrapolados para
humanos. Já a influência do componente psíquico, sob o controle do
processo de socialização do indivíduo, supostamente, faz parte da definição
da identidade de gênero.
3. As diferenças sexuais resultam do desequilíbrio inerente aos genes
codificados pelos cromossomas sexuais (X,Y).
4. As células cerebrais da mulher e do homem apresentam diferenças nos
padrões de expressão de outros genes que são específicos para o cérebro
em desenvolvimento, os quais determinam funções e habilidades
específicas para cada gênero.
5. Do ponto de vista anatômico, as diferenças entre os cérebros masculino e
feminino estão relacionadas às dimensões de regiões específicas.
6. Dos esteroides sexuais principalmente na organização do cérebro
masculino é bastante conhecida. Tanto a testosterona como o estrogênio
participam da organização do cérebro no sentido masculino. A primeira
“onda” da testosterona ocorre entre a sexta e oitava semanas da gestação
proveniente da gônada masculina e será responsável pela diferenciação da
genitália.
7. Já no cérebro, a testosterona sofre a conversão em dihidrotestosterona, a
qual será responsável por organizar as conexões cerebrais no sentido
masculino, promovendo uma grande variedade de comportamentos
masculinos que diferenciam os dois sexos.
8. APO é rica em aromatase e em receptores dos esteroides sexuais,
possibilitando assim a conversão da testosterona em estrogênio, sendo este
crucial para o processo de masculinização do cérebro masculino.
9. No cérebro masculino, o estrogênio promove a desfeminização, o que leva
à supressão das funções cerebrais femininas no homem, induzindo-o a
assumir atitudes e exercer funções tipicamente masculinas.
10. O estrogênio estimula a expressão da enzima decarboxilase glutâmica
ácida no núcleo arqueado da área pré-optica, aumentado a síntese do ácido
gama-aminobutírico (GABA).
11. O GABA atua nos astrócitos para induzir o processo de formação das
ramificações dendríticas. Em relação à mulher, o homem possui densidade
maior de ramificações dentríticas na área pré-optica medial e maior
concentração da proteína epinofilina.
12. A segunda “onda” de esteroides sexuais ocorre na puberdade e é
considerada a fase de “refinamento” da diferenciação sexual, quando ocorre
a organização dos circuitos neurais sexuais no cérebro do adolescente em
desenvolvimento, facilitando a expressão do comportamento sexual típico
do adulto dentro do contexto social específico.
13. O núcleo ventromedial (NVM), localizado no hipotálamo médio basal, é a
região chave para o controle do comportamento sexual feminino. A ação
dos esteroides sexuais perdura até o período pós-natal imediato (1–3
meses) quando ocorre o aumento nos níveis da testosterona no sexo
masculino. Na menina, durante o primeiro ano de vida, os níveis da
testosterona permanecem os mesmos, enquanto nos meninos a
testosterona aumenta e reduz rapidamente, mantendo-se em níveis pré-
puberais.
14. Em experimentos animais, a exposição de ratas grávidas à testosterona
resulta em alteração de importantes aspectos do comportamento sexual e
social da prole desses animais que passam a apresentar, na vida adulta:
comportamento mais agressivo, redução da expressão do comportamento
feminino (lordose) nas fêmeas com maior tendência ao comportamento
masculino para a cópula (monta), além de retardo na puberdade.
15. A influência hormonal na diferenciação e expressão sexual é importante,
mas o processo de socialização do indivíduo é reconhecidamente
fundamental para a construção da sua sexualidade e terá implicações na
expressão sexual.
16. Os pais são cruciais para o encorajamento da expressão típica do modo
masculino ou feminino de ser. Entretanto, nas meninas sujeitas a ambiente
intrauterino hiperandrogênico, o esforço dos pais em fazer com que elas
tenham comportamento feminino, principalmente na escolha dos brinquedos
é falha, o que indica ser o imprinting hormonal um determinante do gênero.
Entretanto, em meninas com identificação de gênero assegurada é
importante o reforço dos pais ou cuidadores para a socialização da criança
dentro do seu gênero, para que ela assuma o papel típico do seu gênero.

2 “NEUROTRANSMISSORES E RECEPTORES”

1. Aqui, nós focaremos nos neurotransmissores, o mensageiro químico


liberado pelos neurônios nas sinapses para que eles possam
"conversar" com as células vizinhas. Nós também veremos as proteínas
receptoras que permitem que a célula "escute" a mensagem.

Neurotransmissores convencionais
2. Eles são armazenados em vesículas sinápticas, são liberados
quando  entram no terminal axonal em resposta à um potencial de ação,
e atuam ligando-se a receptores de membrana da célula pós-sináptica.
3. Em resposta a um potencial de ação, as vesículas se fundem com a
membrana pré-sináptica em liberam o neurotransmissor na fenda
sináptica.Os neurotransmissores convencionais podem ser divididos em
dois grupos principais: as pequenas moléculas neurotransmissoras e os
neuropeptídeos.

Os efeitos do neurotransmissor dependem do seu receptor

1. Alguns neurotransmissores são considerados


"excitatórios," provocando a deflagração de um potencial
de ação no neurônio alvo. Outros são considerados
"inibitórios," dificultando a deflagração de algum potencial
de ação no neurônio alvo.
2. Um mesmo neurotransmissor pode, às vezes, possuir um
efeito excitatório ou inibitório, dependendo do contexto. Se
o efeito de um certo neurotransmissor será excitatório ou
inibitório em determinada sinapse, dependerá de quais de
seu(s) receptor(es) estão presentes na célula (alvo) pós-
sináptica.

Canais iônicos ativados por ligantes


3. Eles passam por uma mudança na forma quando o
neurotransmissor se liga, causando a abertura do canal.
Isso pode ser um efeito excitatório ou inibitório,
dependendo dos íons que possam passar pelos canais e
suas concentrações dentro e fora da célula. Canais
ativados por ligantes tipicamente produzem respostas
fisiológicas muito rápidas.
Receptores metabotrópicos

1. Sinalização por meio desses receptores metabotrópicos depende da


ativação de diversas moléculas dentro da célula e frequentemente
envolve uma via de segundos mensageiros. Por envolver mais passos, a
sinalização por receptores metabotrópicos é muito mais lenta que aquela
feita por canais iônicos ativados por ligantes.

2. Alguns receptores metabotrópicos têm efeitos excitatórios quando eles


são ativados (tornar a célula mais provável a disparar um potencial de
ação), enquanto outros têm efeitos inibitórios. Muitas vezes, estes
efeitos ocorrem porque o receptor metabotrópico dispara uma via de
sinalização que abre ou fecha um canal iônico.

Neurotransmissores não convencionais

1. Recentemente, várias classes de neurotransmissores que foram


identificadas não seguem todas as regras usuais. Estes são
considerados neurotransmissores "não convencionais" ou "não
tradicionais".
2. Duas classes de transmissores não convencionais são
os endocanabinoides e os neurotransmissores gasosos. Estas
moléculas são não convencionais, pois não são armazenadas em
vesículas sinápticas e talvez possam transmitir mensagens do neurônio
pós-sináptico para o neurônio pré-sináptico. Além disso, ao invés de
interagir com receptores da membrana plasmática de suas células-alvo,
os neurotransmissores gasosos podem atravessar a membrana celular e
agir diretamente nas moléculas dentro da célula.
3 “ESTRESSE, ENFRENTAMENTO E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A
GLICEMIA E A PRESSÃO ARTERIAL”

1. O estresse é considerado um fator que pode influenciar ou desencadear


diferentes tipos de doenças, dentre elas a hipertensão arterial e a diabetes,
porém ele se torna crônico apenas quando as estratégias de enfrentamento
do indivíduo falham. Os principais objetivos do estudo foram: verificar se os
trabalhadores de um órgão público apresentam estresse, se existe
correlação entre estresse e pressão arterial e nível glicêmico e quais as
estratégias de enfrentamento utilizadas. Os resultados mostraram que
27,41% dos participantes apresentam estresse. O tipo predominante de
estratégia de enfrentamento foi de “controle”. Os tipos de estratégias de
enfrentamento de estresse utilizados pouco influenciaram na pressão
arterial e na glicemia.
2. O estresse vem sendo atualmente considerado um dos mais importantes
fatores desencadeadores de diferentes tipos de doenças na sociedade
moderna. Estimativas apontam que cerca de 50% das doenças têm alguma
relação com ele, seja esta direita ou indireta (Sabbatine, 1996).
3. pode ser definido como um estado de tensão que causa uma ruptura no
equilíbrio interno do organismo, ou seja, um estado de tensão patogênico. O
desequilíbrio ocorre quando a pessoa necessita responder a alguma
demanda que ultrapassa sua capacidade adaptativa (Everly, 1990). É uma
reação do organismo composta por componentes físicos e/ou psicológicos,
causados pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa
se depara com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite,
amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz.
Isto significa que o processo bioquímico do estresse independe da causa da
tensão, sendo que o elemento primordial necessário para o seu
desencadeamento é claramente a necessidade de adaptação a algum fato
ou mudança (Lipp, Arantes, Buriti & Wizig, 2002). Esta resposta procura
restabelecer a homeostase do organismo uma vez que ele tenha sido
mobilizado para uma reação de fuga ou luta (Alchieri & Cruz, 2008). Selye
(1956) desenvolveu o conceito de síndrome geral de adaptação (SGA)
como consequência à exposição repetida e prolongada a um evento
estressor.
4. Podem ocorrer ainda, doenças como: hipertensão, gastrite, úlceras e baixa
do sistema imunológico. O estresse gera respostas fisiológicas incluindo
atividades neurais e endócrinas, que podem influenciar os outros processos
corporais, como, por exemplo, gerar aumento do funcionamento metabólico,
cardiovascular e do sistema nervoso autônomo, levando ao aumento do
batimento cardíaco e aumento da pressão arterial (Lima, 2005).
5. O estresse psicossocial crônico está relacionado ao controle metabólico
perturbado em adultos e crianças diabéticas (Cox, Tayor, Nowacek,
HolleyWilcox & Guthrow, 1984). Duas explicações têm sido propostas: a) O
estresse interrompe as rotinas comportamentais e impede o gerenciamento
da doença, prejudicando a alimentação, reduzindo a quantidade de
exercício ou impedindo que o sujeito tome a medicação, por exemplo; b) O
estresse inicia um processo psicofisiológico de excitação, no qual
hormônios contra-reguladores são secretados, o que faz aumentar os níveis
de glicose e ácidos graxos livres no sangue (Peyrot & MacMurry, 1992). De
acordo com Sousa (2002), o estresse é uma reação fisiológica do
organismo que desencadeia a liberação de hormônios e que tem por efeito
a geração de energia para o corpo executar a ação de luta ou fuga.
6. Walles (1995) considera que existe forte evidência de que o estresse
psicológico está relacionado a uma deterioração do controle glicêmico em
pacientes com diabetes estabelecido, porém há pouca ou nenhuma
evidência de que o estresse psicológico possa produzir diabetes.
7. Peyrot e McMurry (1992) objetivavam verificar se os níveis de glicose de
105 pacientes diabéticos não insulino-dependentes seriam afetados pelo
estresse e pelo estilo de enfrentamento de estresse utilizado. Os estilos de
enfrentamento avaliados foram: Foco na resolução do problema, evitamento
do problema, controle das emoções e três estilos de reação emocional
(ansiedade, impaciência e raiva). Foi considerando coping efetivo quando a
pessoa utilizava predominantemente um dos três primeiros estilos e coping
inefetivo quando utilizava um dos três últimos. Verificou-se que o estresse
aumentou significativamente os níveis glicêmicos, porém nos indivíduos que
utilizaram o enfrentamento eficiente não foi verificado aumento do nível
glicêmico. Desta forma, o estilo de coping influenciou no controle glicêmico.
8. Se o coping for adequado, o nível de estresse pode diminuir, já em caso
contrário, se as estratégias de enfrentamento não forem adequadas, o nível
de estresse pode se intensificar (Antoniazzi et al., 1998). Folkman e Lazarus
(1980,1984) afirmam que o coping (enfrentamento) consiste em um
conjunto de esforços (cognitivos e comportamentais), despendido pelos
indivíduos com o objetivo de lidar com as demandas específicas (internas
ou externas), que são avaliadas como excessivas em relação aos seus
recursos pessoais, estando presentes em situações de estresse. Nesta
direção, os autores defendem que o coping representaria a forma como as
pessoas geralmente reagem ao estresse, sendo uma variável individual,
determinada por fatores pessoais, exigências situacionais e recursos
disponíveis. Zautra e Wrabetz (1991).
9. Segundo Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998) é importante distinguir
estilo de coping de estratégias de coping. O primeiro se refere a
características de personalidade ou a resultados de coping, já o segundo às
ações específicas de tomada de decisão frente a um episódio estressante.
De acordo com Folkman e Lazarus (1980), as estratégias podem ser
classificadas como coping focalizado na emoção e coping focalizado no
problema. Nesta perspectiva, o coping focalizado na emoção seria um
esforço para regular o estado emocional associado ao estresse. Já o coping
focalizado no problema, seria o esforço direcionado para a modificação da
situação que causou o estresse, alterando o problema existente na relação
entre a pessoa e o ambiente que está causando a situação estressante.
10. Lindquist, Beilin e Knuiman (1997) dizem que as estratégias de
enfrentamento de estresse podem ser adaptativas ou desadaptativas. No
primeiro caso, por exemplo, observa-se comportamentos como: busca por
apoio social, pratica exercícios físicos e relaxamento. No segundo caso,
temos exemplos como: comer em excesso, ingerir álcool e drogas e se
afastar do convívio social.
11. O mesmo pode ser observado em Lindquist, Beilin e Knuiman (1997)
estudando 654 trabalhadores de um escritório do governo australiano, que
também não verificaram correlação significativa entre nível de estresse no
trabalho e pressão arterial. O que foi encontrado é que o estilo de vida
decorrente das estratégias de enfrentamento do estresse é que influenciam
na pressão arterial. Estilos desadaptativos como: comportamento de
consumo exagerado (eg. comida, álcool, drogas), evitamento ou negação
do problema e isolamento social é que se correlacionaram à hipertensão.

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