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Mestrado em Exercício e Saúde

Fisiologia  do  Exercício

Pedro Miguel Queirós Pimenta de Magalhães


E-mail: pmaga@ipb.pt
Web: www.desporto.ese.ipb.pt
Mestrado em Exercício e Saúde

Tópicos
2. O sistema endócrino e o exercício físico
Sistemas neural e endócrino
Hormonas: regulação e acção
Controlo hormonal da mobilização do substrato durante o exercício
Utilização do glicogénio muscular
Homeostasia da glicose durante o exercício
Interacção hormonal-substrato

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Bibliografia

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Bibliografia

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Homeostasia  corporal

Sistema nervoso (neurónios e neurotransmissores)

Sistema endócrino (hormonas)

Trabalho conjunto na regulação de várias funções


(cardiovascular, renal, metabólicas, etc.)

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Comparação  entre  o  Sistema  Nervoso  e  o  Sistema  Endócrino

Sistema Nervoso Sistema Endócrino


Comunicação através de impulsos Comunicação através de hormonas
eléctricos e neurotransmisores transportadas pelo sangue

Reacção rápida ao estímulo (entre Reacção mais lenta ao estímulo


1 e 10 mseg) (segundos ou dias)

Termina rapidamente quando cessa Pode prolongar o seu efeito mesmo


o estímulo após ter terminado o estímulo

Adaptação rápida ao estímulo Adaptação relativamente lenta


continuado

Efeito específico sobre o órgão alvo Por vezes tem um efeito muito
generalizado em vários órgãos
corporais

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Concentração  plasmáAca

O efeito que uma determinada hormona exerce sobre um


tecido alvo está directamente relacionado com a
concentração da respectiva hormona no plasma e com o
número de receptores activos com os quais se pode ligar.

A concentração de hormonas no plasma depende de:

➊ Controlo da secreção hormonal


➋ Metabolismo e excreção hormonal
➌ Proteína transportadora (para algumas hormonas)
➍ Volume plasmático
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➊ Controlo da secreção

Depende da magnitude e do tipo de impulso (ião, substrato,


neurotransmissor, hormona);

A maioria das glândulas endócrinas está sob influência


directa de mais de um tipo de estímulo, que pode reforçar ou
interferir no efeito dos outros.

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➋ Metabolismo e excreção hormonal

A concentração plasmática de uma hormona também é


influenciada pela velocidade com que é inactivada e/ou
excretada.

A inactivação pode ocorrer próximo ou no receptor, no


fígado (principal local de metabolismo hormonal) e nos rins
(podem metabolizar ou excretar na urina na sua forma livre).

Nota: durante a realização de exercício físico, diminuem os fluxos


sanguíneos renal e hepático, diminuindo também a velocidade
com que as hormonas são inactivadas ou excretadas.
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➌ Proteína transportadora (para algumas hormonas)

A concentração plasmática de algumas hormonas


(esteróides, tiroxina) é influenciada pela quantidade de
proteínas transportadoras no sangue.

Para que uma hormona exerça o seu efeito sobre uma


célula, esta deve estar “livre” para poder interagir com o seu
receptor, e não “ligada” à proteína transportadora.

A quantidade da hormona “livre” depende: a) da quantidade


de proteínas transportadoras; b) da capacidade e da
afinidade da proteína para se ligar com a hormona.

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➍ Volume plasmático

As alterações do volume plasmático alteram a concentração


de uma hormona, independentemente de variações nas
taxas de secreção ou de inactivação.

Nota: durante a realização de exercício físico, o volume


plasmático diminui, em decorrência do movimento de água
para o exterior dos sistema cardiovascular, motivando um
aumento da concentração plasmática das várias hormonas.
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Interacção  hormona-­‐receptor
Os tecidos alvo apresentam receptores proteicos específicos
para a ligação de diferentes hormonas.

O número de receptores varia entre 500 a 100.000 por


célula, dependendo do tipo de receptor.

Regulação descendente - diminuição da quantidade de


um receptor em resultado de uma exposição crónica a
concentrações elevadas de uma hormona específica;

Regulação ascendente - aumento da quantidade de um


receptor em resposta a uma exposição crónica a
concentrações baixas de uma hormona específica.
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Mecanismos  da  acção  hormonal


Os mecanismos por meio dos quais as hormonas modificam
a actividade celular, incluem:

➊ Transporte da membrana
➋ Estimulação do DNA do núcleo
➌ Segundos mensageiros

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➊ Transporte da membrana

A ligação da hormona ao receptor, activa moléculas


transportadoras da membrana ou próximas dela,
aumentando o movimento de substratos ou de iões do
exterior para o interior da célula.

Ex.: acção da insulina.

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➋ Estimulação do DNA do núcleo

As hormonas esteróides, com uma natureza semelhante à


dos lípidos, difundem-se facilmente através das membranas
celulares e ligam-se a um receptor proteico no citoplasma da
célula.

O complexo esteróide-receptor
entra posteriormente no núcleo,
juntando-se a outra proteína que
se encontra ligada ao DNA,
estimulando a síntese de RNAm
e a concomitante formação da
proteína específica.
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➌ Segundos mensageiros

A ligação da hormona com o seu receptor na superfície


celular vai activar a proteína G localizada na membrana
celular, podendo motivar os seguintes mecanismos:

1. Activar um canal iónico, possibilitando a entrada de Ca2+, o qual


vai promover a activação da proteína calmodulina, activando
posteriormente outras proteínas celulares;

2. Activar a enzima adenilato ciclase, que promove a síntese de


AMP cíclico, o qual vai activar proteínas celulares;

3. Activar a enzima fosfolipase C, a qual estimula a conversão de


fosfatidilinositol em inositol trifosfato (que aumenta a libertação de
Ca2+ intracelular) e em diacilglicerol (a qual activa a proteína
cinase C que, por sua vez, activa proteínas intracelulares). 17
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➌ Segundos mensageiros
Segundo mensageiro do Ca2+ e da
Segundo mensageiro do AMP cíclico.
fosfolipase C.

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Mecanismo  de  acção  hormonal

‣ O mecanismo de acção hormonal mais comum da maioria


das hormonas é o AMPc (mensageiro hormonal);

‣ A hormona activa a enzima adenil cliclase, que se


encontra dentro da membrana celular, a qual depois de
activada vai induzir síntese de AMPc a partir do ATP;

‣ A resposta cessa quando o AMPc é “destruído”;

‣ Outras substâncias de mediação hormonal são:


prostagladinas; guanosina monofosfato cíclico.

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Locais  de  produção  e  
secreção  hormonal
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Locais  onde  são  produzidas  hormonas

1. Glândulas endócrinas (8 principais)

2. Cérebro

3. Coração

4. Pequeno intestino

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Hipotálamo  e  
Hipófise
(ou glândula pituitária)

A hipófise está localizada


na base do cérebro, sob
estreito controlo do
hipotálamo.

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Lobos  anterior  e  posterior  da  hipófise

O controlo da libertação hormonal pela hipófise anterior


(lobo anterior da hipófise) é controlada por substâncias
químicas (hormonas de libertação) produzidas e libertadas
pelos neurónios do hipotálamo.

A hipófise posterior (lobo posterior da hipófise) recebe as


suas hormonas de neurónios especiais com origem no
hipotálamo. As hormonas movem-se ao longo dos axónios até
aos vasos sanguíneos da hipófise posterior, onde são
posteriormente libertados na circulação geral.

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Hormonas  libertadas  pelo  Hipotálamo  para  a  Hipófise  


posterior

Hormona Efeito principal


ADH (Hormona antidiurética) Promove a retenção de água pelos rins

Promove as contracções uterinas e a


OT (Ocitocina)
libertação de leite

Nota: No homem, a OT parece ter um envolvimento na ejaculação


e no transporte do esperma.
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Hormona  anAdiuréAca  (ADH)


‣ É sintetizada pelo hipotálamo e enviada para a hipófise
posterior para posterior libertação da corrente sanguínea.

‣ Tem a função de reduzir a perda de água pelo organismo.

‣ É estimulada por 2 estímulos principais:

‣ Osmolalidade plasmática elevada — baixa concentração


de água motivada pela perda na transpiração excessiva sem
reposição de água, motivando um aumento da osmolalidade;

‣ Baixo volume plasmático — perda de sangue ou reposição


líquida inadequada.
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Hormona  anAdiuréAca  (ADH)


‣ Durante o exercício, o volume plasmático diminui e a
osmolalidade aumenta.

‣ Em intensidades de
exercício superiores a
60% do VO2máx, a
secreção de ADH
aumenta numa
tentativa de manter o
fluido corporal.

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Hormonas  libertadas  pelo  Hipotálamo  para  a  Hipófise  anterior  

Hormona Efeito principal


TRH (H libertadora da Tirotropina) Promove a secreção de TSH e PRL

CRH (H libertadora da Corticotropina) Promove a secreção de ACTH

GnRH (H libertadora da Gonadotropina) Promove a secreção de FSH e LH

PRF (Factor libertador da Prolactina) Promove a secreção de PRL

PIF (Factor inibidor da Prolactina) Inibe a secreção de PRL

GHRH (H libertadora da H de Crescimento) Promove a secreção de GH

GHIH (H inibidora da H de Crescimento) Inibe a secreção de GH e TSH

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Hormonas  da  hipófise  anterior

Hormona folículo-estimulante (FSH)

Hormona luteinizante (LH)

Hormona estimuladora da tiróide (TSH)

Hormona adrenocorticotropina (ACTH)

Prolactina (PRL)

Hormona de crescimento (GH)

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Hormonas  da  hipófise  anterior


Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
• Ovários F - crescimento ovários/folículos; secreção estrogénios.
FSH (H folículo-estimulante) • Testículos M - produção de espermatozóides.

• Ovários F - ovulação; secreção estrogénio/progesterona.


LH (H luteinizante) • Testículos M - secreção de testoterona.

Crescimento da tiróide, secreção das H T4 (tiroxina) e


• Glândula
TSH (H estimuladora da tiróide) Tiróide
T3 (triiodotironina).

Crescimento do córtex adrenal; secreção de


• Córtex
ACTH (H adrenocorticotropina) Supra-renal
glicocorticóides.

• Glândulas F - desenvolvimento tecido mamário; secreção leite.


PRL (Prolactina) mamárias
• Testículos M - ↑ da sensibilidade à LH; secreção de testosterona.

• Fígado
GH (H de crescimento) • Todas as Secreção de somatomedinas; crescimento dos tecidos.
células do corpo

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Hormonas  
libertadas  pela  
Hipófise  anterior  
e  respecAvos  
tecidos  alvo

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Hormona  do  crescimento  (GH)


‣ É secretada pela hipófise anterior.

‣ Para além do controlo hormonal da libertação da GH pelo


hipotálamo, existem estímulos adicionais que podem
influenciar a sua secreção:

‣ Exercício
‣ Stress (definição ampla)
‣ Baixa concentração plasmática de glicose
‣ Sono

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Funções  da  hormona  do  crescimento  (GH)

‣ Estimula a captação tecidual de aminoácidos;


‣ Promove a síntese de novas proteínas e o crescimento
dos ossos longos;

‣ Opõem-se à acção da insulina para reduzir a utilização


da glicose plasmática, auxiliando assim na manutenção
da glicemia;

‣ Aumenta a síntese de glicose hepática (gliconeogénese);


‣ Aumenta a mobilizados de ácidos gordos do tecido
adiposo de forma a poupar a glicose plasmática.

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Hormona  do  crescimento  (GH)  e  desempenho

‣ Devido às funções biológicas desempenhadas pela GH,


nomeadamente na síntese proteica, tem vindo a ser
utilizada por alguns atletas para aumentar a massa
muscular e por pessoas mais velhas para retardar o
processo de envelhecimento;

‣ Existem, contudo, alguns problemas associada à


suplementação hormonal;

‣ O consumo crónico da GH pode levar à diabetes, à


compressão do túnel do carpo, a miopatias e ao
encurtamento do período de vida.

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Hormonas  da  Aróide

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal

T4 (Tiroxina) Aumenta o ritmo de produção metabólica de


• Todas as
calor; acelera a FC; e aumenta a contractilidade
células
T3 (Triiodotironina) do miocárdio.

Inibe a libertação de cálcio dos ossos para o


Calcitonina • Tecido ósseo
sangue.

Nota: Algumas funções associadas às acções da T3 e da T4 são: (1) ↑ da


síntese proteica; (2) ↑ da quantidade enzimática intracelular; (3) ↑ do nº e
tamanho mitocondrial; (4) ↑ da captação celular de glicose através do ↑ da
glicólise e da gliconeogénese; (5) ↑ da mobilização de ácidos gordos.
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Hormona  T3  e  T4

‣ A baixa concentração da hormona T3 (hipotireoidismo)


promove a letargia e a hiposinergia, podendo assim estar
relacionada com problemas de controlo do peso corporal;

‣ As T3 e T4 actuam como hormonas permissivas, pelo


facto de permitirem que outras hormonas exerçam
completamente os seus efeitos;

‣ Depois de libertadas, a T3 demora 6 a 12 horas a exercer


os seus efeitos, enquanto a T4 demora 2 a 3 dias.

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Hormona  T3  e  T4

‣ Durante o exercício aumenta a velocidade com que as


hormonas T3 e T4 são captadas pelos tecidos, em
decorrência de alterações da característica de ligação da
proteína de transporte;

‣ Para compensar a taxa mais elevada de remoção da T3 e


da T4, aumenta a secreção de TSH pela hipófise anterior,
provocando um aumento da secreção daquelas hormonas
pela tiróide;

‣ Evidências recentes sugerem que o treino de resistência tem


pouco efeito sobre a função da hipófise-tiróide (T3 e T4).
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Calcitonina
‣ A calcitonina está envolvida na regulação do cálcio
plasmático, um ião fundamental para as funções
muscular e nervosa normais;

‣ A secreção da calcitonina é controlada por um


mecanismo de feedback negativo, ou seja, à medida que
o cálcio plasmático se eleva, aumenta também a
libertação de calcitonina, de forma a bloquear a libertação
de cálcio dos ossos;

‣ À medida que a concentração de cálcio diminui, a taxa de


secreção de calcitonina também é reduzida.
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Hormonas  da  paraAróide

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal

Aumenta a concentração de cálcio nos


• Ossos;
PTH (Paratormona) intestinos; rins.
líquidos extracelulares por meio de acções
combinadas sobre os ossos, intestinos e rins.

Nota: Esta hormona trabalha conjuntamente com a calcitonina na


regulação do equilíbrio do ião cálcio no organismo.
O exercício parece aumentar a concentração de PTH no plasma.
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Hormonas  do  córtex  supra-­‐renal

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
• Maioria das Síndrome de resposta ao stress. Acção
Glicocorticóides (cortisol) células antiinflamatória. Regulação parcial do
corporais. metabolismo glicolítico, lipídico e proteico.

Mineralocorticóides Aumenta a retenção de sódio e a excreção de


• Rins. potássio pelos rins. Está directamente
(aldosterona) envolvida no equilíbrio Na+/H2O.

• Ovários;
Esteróides sexuais Estimula o desenvolvimento das características
mamas;
(androgénios/estrogénios) sexuais secundárias femininas e masculinas.
testículos.

Nota: O córtex supra-renal secreta cerca de 40 hormonas pertencentes


à classe dos esteróides, agrupadas nas 3 categorias acima referidas.
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Hormona  corAsol

‣ Consiste no principal glicocorticóide secretado pelo córtex


supra-renal;

‣ Contribui para a manutenção da glicose plasmática no jejum


prolongado e durante o exercício, nomeadamente através:
‣ da promoção da degradação proteica (para a gliconeogénese);
‣ da estimulação da mobilização de AGL do tecido adiposo;
‣ da estimulação das enzimas da síntese hepática de glicose;
‣ do bloqueio da entrada de glicose nos tecidos, “forçando-os” a
utilizar mais AGL como substrato.

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Mecanismo  
de  libertação  
do  corAsol

(Hormona libertadora da Corticotropina)

(Hormona adrenocorticotropina)

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CorAsol  e  síndrome  de  adaptação  geral

‣ O síndrome de adaptação geral é observado em situações


de stress, nomeadamente motivado pela lesão tecidual.

‣ O cortisol estimula a degradação de proteínas teciduais


para a formação de aminoácidos, os quais podem ser
posteriormente utilizados ao nível local para a reparação da
lesão tecidual.

‣ Apesar do tecido muscular ser a principal fonte de


aminoácidos, a sobrecarga funcional do músculo pelo treino
de força ou de resistência é capaz de evitar a atrofia
muscular normalmente induzida pelos glicocorticóides.
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Mecanismo  de  libertação  da  aldosterona

‣ A libertação de aldosterona pelo córtex supra-renal é


controlada por dois mecanismos principais:

‣ Concentrações plasmáticas de K+ — O ↑ de K+ estimula a


libertação de aldosterona, a qual promove o mecanismo de
transporte activo renal para secretar iões K+;

‣ Mecanismo renina-angiotensina-aldosterona — A ↓ do
volume plasmático e a concomitante ↓ da PA nos rins ou o ↑ da
actividade nervosa simpática renal estimula células renais
especiais a secretar a enzima renina, a qual converte no
plasma o substrato renina em angiotensina I que, por sua vez,
é convertida em angiotensina II nos pulmões. A angiotensina II
estimula a libertação de aldosterona.
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Hormona  aldosterona

‣ A hormona aldosterona é assim um regulador da


reabsorção de Na+ e da secreção de K+ nos rins;

‣ está também directamente envolvida na manutenção do


equilíbrio Na+/H2O e, consequentemente, na regulação
do volume plasmático e da pressão arterial.

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Hormona  aldosterona  e  exercício

‣ Durante o exercício ligeiro, existe uma pequena ou


nenhuma alteração da actividade da renina plasmática;

‣ o exercício ligeiro em condições de stress térmico, ↑ a


secreção de renina e de aldosterona;

‣ à medida que ↑ a intensidade do exercício, ↑ também as


concentrações plasmáticas de renina, de angiotensina II
e de aldosterona;

‣ por outro lado, o fígado também ↑ a produção de


substrato de renina, de forma a manter a sua
concentração plasmática.
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Aldosterona  e  intensidade  do  exercício

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Hormonas  da  medula  supra-­‐renal

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
• Maioria das ↑ a FC; ↑ a contractilidade do miocárdio; ↑ o
Adrenalina (epinefrina) células fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos;
corporais. ↑ o VO2 e a mobilização do glicogénio.

• Maioria das ↑ a constrição das arteríolas e vénolas,


Noradrenalina (norepinefrina) células
resultando num ↑ da pressão sanguínea.
corporais.

Nota: A medula supra-renal é semelhante ao sistema nervoso


simpático, sendo controlada por ele.
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Hormona  adrenalina
‣ 80% da secreção hormonal da medula supra-renal é de
adrenalina;

‣ A adrenalina exerce uma acção em inúmeros tecidos-


alvo, nomeadamente:
‣ do sistema cardiovascular;
‣ do sistema respiratório;
‣ do trato gastrointestinal;
‣ do fígado;
‣ de outras glândulas endócrinas;
‣ dos músculos esqueléticos;
‣ das células adiposas. 48
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Hormona  adrenalina  e  noradrenalina


‣ Em termos gerais, hormonas adrenalina e noradrenalina
estão envolvidas na manutenção da pressão arterial e na
concentração da glicose plasmática.

‣ Exercem a sua acção ligando-se a receptores


adrenérgicos dos tecidos-alvo.
α1
‣ Tipos de receptores: ‣ alfa (α)
α2
β1
‣ beta (β)
β2
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Papel  dos  receptores  da  adrenalina  e  da  


noradrenalina
Tipo de Efeito da Enzima ligada à Mediador Efeitos sobre vários
receptor Adrenalina/ membrana intracelular tecidos
Noradrenalina
↑ FC
Adrenalina =
β1 Noradrenalina
Adenilato ciclase ↑ AMPc ↑ Glicogenólise
↑ Lipólise

Adrenalina >>> ↑ Broncodilatação


β2 Noradrenalina
Adenilato ciclase ↑ AMPc
↑ Vasodilatação

Adrenalina ≥ ↑ Fosfodiesterase
α1 Noradrenalina
Fosfolipase C ↑ Ca2+
↑ Vasoconstrição

Adrenalina ≥ Opõe-se à acção dos


α2 Noradrenalina
Adenilato ciclase ↓ AMPc
receptores β1 e β2

Fosfodiesterase: Enzima que degrada o AMPc. 50


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Hormonas  do  pâncreas

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
• Maioria das Reduz a glicose sanguínea; aumenta a
Insulina células
corporais.
utilização da glicose e a síntese de gordura.

• Maioria das Aumenta a glicose sanguínea ao estimular a


Glucagon células sua libertação pelo fígado; estimula o
corporais. fraccionamento das proteínas e das gorduras.

Controla a taxa de entrada das moléculas de


• Trato GI, nutrientes na circulação, ao nível do trato GI.
Somatostatina • Ilhéus de
Langerhans. Está envolvida na regulação da secreção de
insulina.

Nota: O pâncreas consiste tanto numa glândula exócrina, como


endócrina. As secreções exócrinas incluem as enzimas digestivas e o
bicarbonato.
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Hormona  insulina

‣ A insulina é secretada pelas células beta (β) dos ilhéus


de Langerhans e promove o armazenamento de glicose,
de aminoácidos e de gorduras;

‣ A secreção de insulina é influenciada por vários factores,


como as concentrações plasmáticas de glicose e de
aminoácidos, estímulos nervosos simpáticos e
parassimpáticos, assim como várias outras hormonas.

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Hormona  glucagon

‣ O glucagon é secretado pelas células alfa (α) dos ilhéus


de Langerhans e exerce uma acção oposta à da insulina,
estimulando tanto a glicogenólise hepática, como a
mobilização de AGL do tecido adiposo;

‣ A secreção de glucagon é influenciada pelas baixas


concentrações plasmáticas de glicose, monitorizadas
pelas células α, assim como pelo SN simpático;

‣ Na presença do cortisol, o glucagon também estimula a


gliconeogénese.

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Hormona  somatostaAna

‣ A somatostatina é secretada pelas células delta (δ) dos


ilhéus de Langerhans e exerce uma acção de regulação
da taxa de entrada das moléculas de nutrientes na
circulação;

‣ A secreção de somatostatina é influenciada pelo


aumento da actividade do trato gastrointestinal.

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Hormonas  dos  rins

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
• Córtex supra-
Renina renal.
Ajuda na regulação da pressão arterial.

• Medula
EPO (Eritropoetina) óssea.
Aumenta a produção de eritrócitos.

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Hormonas  das  gónadas  (ovários)

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
Desenvolvimento dos órgãos e das
• Órgãos características sexuais femininas; permite um
Estrogénios sexuais, tecido
maior armazenamento de gordura; regulação
adiposo.
do ciclo menstrual.

• Órgãos
Progesterona sexuais.
Ajuda na regulação do ciclo menstrual.

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Estrogénios

‣ Os estrogénios englobam um conjunto de hormonas que


exercem efeitos fisiológicos similares:

‣ Estradiol
‣ Estrona
‣ Estriol

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Hormonas  das  gónadas  (tesTculos)

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
Desenvolvimento dos órgãos e das
• Órgãos características sexuais secundárias
Testosterona sexuais, tecido
masculinas; promove a síntese proteica e o
muscular.
crescimento muscular.

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Hormonas  testosterona  e  estrogénios

‣ A testosterona e os estrogénios são os principais


esteróides sexuais secretados pelos testículos e pelos
ovários, respectivamente.

‣ Estas hormonas são fundamentais na manutenção das


funções reprodutivas, e das características sexuais
secundárias associadas à masculinidade ou à
feminilidade.

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Hormona  testosterona

Esteróide anabolizante - promove


‣ Testosterona a síntese muscular.
efeitos

Androgénico - responsável pelas


características masculinas.

‣ A síntese de testosterona é controlada pela LH libertada


pela hipófise anterior, cuja secreção é regulada pelo
hipotálamo (hormona libertadora da gonadotropina - GnRH).

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Hormona  testosterona  e  exercício

‣ A concentração plasmática de testosterona aumenta 10 a


37% durante exercícios sub-máximos prolongados,
exercícios de intensidade máxima e exercícios de força
muscular.

(Diferentes justificações
de vários autores)

‣ Redução do volume plasmático; ‣ Aumento da taxa de produção,


devido ao concomitante aumento
‣ Diminuição da taxa de remoção da LH.
da hormona.

Nota: A testosterona retorna aos valores de repouso 2 h após o exercício. 61


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Esteróides  anabolizantes  e  desempenho

‣ A testosterona consiste num esteróide tanto anabolizante


como androgénico.

‣ Devido a este efeito combinado, foram desenvolvidos


esteróides para maximizar os efeitos anabólicos e
minimizar os efeitos androgénicos.

‣ A testosterona, os análogos sintéticos da testosterona,


e a androstenediona (um precursor da testosterona) são
frequentemente utilizados por atletas para aumentar a
massa muscular e melhorar o desempenho.

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Outras  hormonas
Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
Influenciam principalmente a regulação do fluxo
• Vasos
Prostaglandinas sanguíneos.
sanguíneo pela sua capacidade de promover a
vasodilatação.

São produzidas por vários tecidos corporais, incluindo


vasos sanguíneos, músculos esqueléticos e coração.

Tecidos
Hormona Alvo Efeito principal
Estimulam o crescimento do músculo e da
• Músculos,
Somatomedinas cartilagens.
cartilagem por meio da estimulação de várias
fases da síntese proteica.

São produzidos pelo fígado e por vários outros tecidos.


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Mestrado em Exercício e Saúde

Elevação  sérica  de  hormonas  com  o  


exercício  Vsico
‣ Hormona do crescimento
‣ Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina)
‣ Hormona adrenocorticóide
‣ Glicocorticóides
‣ Mineralocorticóides
‣ Glucagon
‣ Testosterona
‣ Estrogénios
‣ Progesterona
‣ Hormona libertadora da tiróide
‣ Tiroxina (T4)
‣ Triiodotironina (T3)
64
Mestrado em Exercício e Saúde

Diminuição  sérica  de  hormonas  com  


o  exercício  Vsico
‣ Insulina

65
Mestrado em Exercício e Saúde

Hormonas  que  não  alteram  a  sua  


concentração  sérica  durante  exercício  Vsico
‣ Hormona Luteinizante (LH)
‣ Hormona estimuladora do folículo (FSH)

‣ No entanto, na fase folicular do ciclo menstrual nas mulheres,


pode ocorrer um ligeiro aumento destas hormonas (LH e FSH)
com alguma relação com a intensidade do exercício.

66
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  dos  níveis  sanguíneos  das  


hormonas  com  o  exercício  Vsico/treino

67
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  dos  níveis  sanguíneos  das  


hormonas  com  o  exercício  Vsico/treino

68
Mestrado em Exercício e Saúde

Controlo  da  secreção  hormonal


Sistema Nervoso
‣ Através da comunicação directa com algumas glândulas endócrinas,
exercendo o controlo de algumas hormonas (adrenalina,
noradrenalina, etc).

Mecanismo de realimentação negativa


‣ A acção hormonal promovida por determinada hormona pode
estimular a glândula secretora a diminuir a libertação hormonal.

Ex.: Um ↑ da concentração sanguínea de glicose estimula o pâncreas a


libertar Insulina. Esta induz um ↑ da captação da glicose, a qual reduz a
sua concentração sanguínea. A ↓ da glicose sanguínea realimenta o
pâncreas exercendo um efeito negativo.
69
Mestrado em Exercício e Saúde

Concentrações  circulantes  de  algumas  


hormonas

‣ Em repouso, os níveis hormonais ao nível sanguíneo são


bastante baixos;

‣ A libertação de uma pequena quantidade hormonal, pode


originar um aumento várias vezes superior aos valores de
repouso;

‣ Esta consiste numa das razões pelas quais a utilização de


suplementos hormonais para melhorar o desempenho
pode-se tornar perigoso.

70
Mestrado em Exercício e Saúde

Esteróides  anabólicos  -­‐  androgénicos

‣ Os esteróides anabólicos-androgénicos são derivados da


hormonal sexual masculina (testosterona) segregada pelos
testículos;

‣ São fármacos com uma estrutura química que lhes permite


enfatizar os atributos anabólicos (síntese proteica) da
testosterona ao mesmo tempo que minimiza as
propriedades androgénicas (responsáveis pelas
características masculinas).

71
Mestrado em Exercício e Saúde

Posição  do  Colégio  Americano  de  Medicina  


DesporAva
‣ Os esteróides anabólicos-androgénicos não aprimoram a
potência nem a capacidade aeróbia;

‣ Podem estar associados a efeitos adversos no fígado, no


sistema cardiovascular, no sistema reprodutivo e no estado
psicológico.

Nota: Os atletas de levantamento de pesos que consomem uma


grande variedade de esteróides, têm evidenciado um padrão
consistente de níveis sanguíneos baixos de C-HDL.
72
Controlo  hormonal  e  
mobilização  de  substratos  
durante  o  exercício  Vsico
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ A mobilização de substratos e a velocidade com que ele é


utilizado durante o exercício depende de vários factores:

‣ intensidade do exercício;
‣ duração do exercício;
‣ nível de treino;
‣ dieta.

‣ A intensidade e a duração do exercício têm implicação na


libertação de algumas hormonas com acções na
mobilização de substratos energéticos.

74
Mestrado em Exercício e Saúde

Depleção  do  glicogénio  muscular  no  músculo  quadricípite  


crural  em  função  da  intensidade  do  exercício  em  bicicleta  

75
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  da  concentração  plasmáAca  de  adrenalina  


durante  exercícios  com  diferentes  intensidades  e  durações

76
Mestrado em Exercício e Saúde

Adrenalina  e  mobilização  do  glicogénio  muscular

‣ A adrenalina consiste num potente estimulador da formação


de AMPc, quando se liga aos receptores β-adrenérgicos.

‣ O AMPc activa a proteína quinase que, por sua vez, activa


a enzima fosforilase promovendo a glicogenólise.

‣ No entanto, outros factores intracelulares parecem também


desempenhar um papel preponderante na mobilização do
glicogénio durante o exercício.

77
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  do  glicogénio  


muscular  com  o  exercício  
intenso,  antes  e  após  a  
ingestão  de  propranolol

‣ A administração de propranolol vai


bloquear os receptores β-
adrenérgicos, inibindo a ligação da
adrenalina aos receptores e a
formação de AMPc, limitando a
activação das proteínas quinases
e a promoção da degradação do
glicogénio;

‣ No entanto, o bloqueio dos


receptores não tem efeito sobre a
degradação do glicogénio.

78
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  do  glicogénio  muscular  com  o  exercício  intenso,  


antes  e  após  a  ingestão  de  propranolol

‣ Vários estudos têm demonstrado que as drogas β-


bloqueadoras adrenérgicas têm pouco efeito na redução da
velocidade de degradação do glicogénio durante o exercício;

‣ Estes resultados sugerem a existência de outros


mecanismos responsáveis pela estimulação da glicogenólise
muscular, nomeadamente intrínsecos à própria célula.

79
Mestrado em Exercício e Saúde

Degradação  do  glicogénio  muscular  (adrenalina  e  Ca2+)

Activa a proteína quinase Activa a proteína quinase

80
Mestrado em Exercício e Saúde

Papel  do  cálcio  intracelular  na  mobilização  do  glicogénio

‣ Num estudo de Hultman, E. (1967), um grupo de indivíduos


realizou exercício intenso com apenas uma perna;

‣ Foi observado um aumento das concentrações plasmáticas


de adrenalina, a qual circulava para todas as células
musculares;

‣ No entanto, o glicogénio muscular apenas foi degradado na


perna que realizou exercício, sugerindo que factores
intracelulares (como o Ca2+) são os principais responsáveis
por tais eventos.

81
Mestrado em Exercício e Saúde

Papel  do  cálcio  intracelular  na  mobilização  do  glicogénio

‣ Vários outros estudos também observaram que exercícios


intensos intervalados (alternância entre exercício intenso e
períodos de repouso), o glicogénio das fibras de acção
rápida foi degradado mais rapidamente, apesar da
adrenalina plasmática ser a mesma a circular junto às fibras
de contracção rápida e de contracção lenta.

‣ Estas evidências reforçam a ideia da maior relevância dos


mecanismos intracelulares na estimulação da glicogenólise.

‣ A actividade da glicogenólise tende a ter assim uma relação


com a taxa de utilização do ATP pelo músculo.
82
Mestrado em Exercício e Saúde

Homeostasia  da  glicose  durante  o  exercício


‣ A concentração plasmática da glicose é mantida por meio
de 4 mecanismos diferentes:

‣ glicogenólise hepática;
‣ gliconeogénese hepática, com formação de glicose a partir
de aminoácidos, ácido láctico e glicerol;

‣ mobilização de AGL do tecido adiposo, para poupar a


glicose plasmática;

‣ atenuação da entrada da glicose plasmática nas células


musculares, de forma a “forçar” a utilização dos AGL como
substrato.

83
Mestrado em Exercício e Saúde

Homeostasia  da  glicose  durante  o  exercício

‣ A manutenção da glicose plasmática está sob controlo de


várias hormonas, sendo que algumas são de “acção
lenta” (permissivas) e outras de “acção rápida” (controladoras).

‣ ➊ Hormonas de acção lenta (permissivas)


‣ ➋ Hormonas de acção rápida (controladoras)

84
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➊ Hormonas de acção lenta (permissivas)

‣ Este tipo de hormonas actua ao facilitar a acção de outras


hormonas, ou responde aos estímulos de uma forma lenta.

‣ Estão envolvidas na regulação do metabolismo dos HC, das


gorduras e das proteínas:

‣ ➀ Tiroxina
‣ ➁ Cortisol
‣ ➂ Hormona de crescimento
85
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➀ Tiroxina

‣ A tiroxina (T4) influencia a expressão de receptores na


superfície celular para a interacção com outras hormonas, e
influencia a afinidade entre esses receptores e as
respectivas hormonas.

‣ Sem a T4, a adrenalina tem pouco efeito sobre a


mobilização de AGL do tecido adiposo.

‣ Em exercício, a T3 e a T4 são removidas mais rapidamente


pelos tecidos, levando a um ↑ da secreção de TSH pela
hipófise anterior de forma a ↑ a secreção da T3 e da T4
pela tiróide.
86
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➁ Cortisol

Papel  do  corAsol  na  


manutenção  da  
glicose  plasmáAca

‣ O cortisol é o principal
glicocorticóide nos seres
humanos.

‣ Estimula a mobilização
dos AGL dos adipócitos,
mobiliza as proteínas
teciduais para a
gliconeogénese hepática e
diminui a taxa de utilização
de glicose pelas células.

87
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➁ Cortisol

‣ A resposta do cortisol ao exercício pode variar bastante,


devido à sua secreção ser influenciada por outros factores,
como o nível de excitação do indivíduo.

‣ As concentração plasmáticas de cortisol são inferiores à


situação de repouso em exercício ligeiros, e superiores em
exercícios intensos.

‣ O cortisol, tal como a T4, exerce um efeito permissivo sobre


a mobilização do substrato durante o exercício agudo,
permitindo que outras hormonas de acção rápida (adrenalina,
glucagon) actuem na mobilização da glicose e dos AGL.
88
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  da  concentração  plasmáAca  de  


corAsol  com  o  aumento  da  intensidade  do  exercício

89
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➂ Hormona de crescimento

‣ A hormona de crescimento (GH) desempenha um papel


fundamental na síntese proteica tecidual, seja pela sua
acção directa, seja pelo ↑ da secreção de somatomedinas
pelo fígado.

‣ A GH pode ter um efeito directo (de acção lenta) sobre o


metabolismo dos HC e das gorduras, nomeadamente:

‣ ↓ a captação de glicose pelos tecidos


‣ ↑ a mobilização de AGL
‣ ↑ a gliconeogénese hepática
90
Mestrado em Exercício e Saúde

Papel  da  hormona  de  crescimento  na  manutenção  da  


glicose  plasmáAca
‣ O efeito final é a preservação da glicose plasmática.

91
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➂ Hormona de crescimento

‣ Tal como para o cortisol, as concentrações plasmáticas da


GH também são influenciadas por vários factores (físicos
químicos e psicológicos).

‣ A concentração plasmática da GH aumenta progressivamente


com a intensidade do exercício, podendo atingir valores 25x
superiores aos de repouso no exercício máximo.

92
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  da  concentração  plasmáAca  da  


hormona  de  crescimento  com  o  ↑  da  intensidade  do  
exercício

93
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  da  concentração  plasmáAca  da  


hormona  de  crescimento  durante  o  exercício  a  60%  do  
VO2máx

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Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➋ Hormonas de acção rápida (controladoras)

‣ São hormonas de libertação e acção muito rápida:

‣ ➀ Adrenalina
‣ ➁ Noradrenalina
‣ ➂ Insulina
‣ ➃ Glucagon

95
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➀ Adrenalina e ‣ ➁ Noradrenalina
Papel  das  catecolaminas  na  mobilização  do  substrato

96
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➀ Adrenalina e ‣ ➁ Noradrenalina

‣ A noradrenalina plasmática pode aumentar cerca de 10 a 20 vezes


durante o exercício.

‣ A principal forma de actuação da noradrenalina ocorre quando esta


é libertada dos neurónios simpáticos sobre a superfície do tecido-
alvo.

‣ A adrenalina é considerada a principal catecolamina na mobilização


da glicose hepática.

‣ A adrenalina e a noradrenalina aumenta de forma linear com a


duração do exercício, as quais estão relacionadas com os ajustes
cardiovasculares ao exercício e com a mobilização de substrato.

97
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  das  concentrações  plasmáAcas  de  


adrenalina  e  noradrenalina  durante  o  exercício  a  60%  do  VO2máx

98
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➀ Adrenalina e ‣ ➁ Noradrenalina

‣ O treino de resistência promove uma diminuição muito rápida


das respostas da adrenalina e da noradrenalina plasmáticas.

‣ Com 3 semanas de treino, a secreção das catecolaminas


diminui de forma considerável.

‣ Paralelamente a esta rápida diminuição, ocorre uma


redução da mobilização de glicose.

‣ Apesar desta menor mobilização da glicose hepática, a


concentração plasmática é mantida porque também ocorre
uma redução da captação de glicose com a mesma carga de
trabalho neste tipo de treino.
99
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  das  
respostas  da  adrenalina  
e  da  noradrenalina  
plasmáAcas  durante  7  
semanas  de  treino  de  
resistência

100
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➂ Insulina
e

‣ ➃ Glucagon

Efeito  da  insulina  e  do  


glucagon  na  captação  e  
mobilização  da  glicose  
e  dos  ácidos  gordos

101
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ ➂ Insulina e ‣ ➃ Glucagon

‣ Durante o exercício a captação de glicose pelos músculos


pode aumentar entre 7 e 20 vezes durante o exercício. No
entanto, a concentração plasmática de insulina tende a
diminuir com o exercício.

‣ A menor concentração de insulina durante o exercício


favorece a mobilização da glicose hepática e dos AGL do
tecido adiposo, de forma a manter a glicemia.

102
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  da  concentração  plasmáAca  de  


insulina  com  o  aumento  da  intensidade  do  exercício

103
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  da  concentração  plasmáAca  de  


insulina  durante  o  exercício  prolongado  a  60%  do  VO2máx

104
Mestrado em Exercício e Saúde

Percentagem  de  alteração  da  concentração  plasmáAca  de  


glucagon  durante  o  exercício  prolongado  a  60%  do  VO2máx

105
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ Com o treino de resistência ocorrem adaptações no sentido


de permitir que a concentração plasmática da glicose seja
mantida com pouca ou nenhuma alteração da insulina e do
glucagon.

‣ Em parte, estas adaptações estão relacionadas com um


aumento da sensibilidade do fígado ao glucagon, a uma
diminuição da captação de glicose pelos músculos e a um
aumento da utilização de gordura como combustível para os
músculos.

106
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ No entanto, a libertação de insulina e de glucagon para o


plasma sanguíneo não ocorre apenas como resposta à
variação das concentrações plasmáticas de glicose.

‣ Durante o exercício, com níveis de glicose constantes:


‣ o sistema nervoso simpático pode também modificar as
concentrações de insulina e de glucagon;

‣ as catecolaminas estimulam os receptores α-adrenérgicos


das células beta do pâncreas para ↓ a insulina;

‣ as catecolaminas estimulam os receptores β-adrenérgicos


das células alfa do pâncreas para ↑ o glucagon.

107
Mestrado em Exercício e Saúde

Efeito  da  adrenalina  e  da  noradrenalina  na  secreção  de  insulina  e  


de  glucagon  pelo  pâncreas  durante  o  exercício

108
Mestrado em Exercício e Saúde

Efeito  do  aumento  da  acAvidade  do  SN  simpáAco  sobre  a  


mobilização  dos  AGL  e  da  glicose  durante  o  exercício  submáximo

109
Mestrado em Exercício e Saúde

‣ O treino de resistência ↓ a resposta do SN simpático ao


exercício de intensidade constante, resultando numa menor
estimulação dos receptores adrenérgicos do pâncreas e numa
menor alteração da secreção de insulina e de glucagon.

‣ Apesar da ↓ das concentrações plasmáticas de insulina durante


o exercício, ↑ a captação de glicose pelo músculo, devido:
‣ ao ↑ do fluxo sanguíneo;
‣ ao ↑ da sensibilidade muscular à insulina;
‣ ao ↑ da concentração de Ca2+ intramuscular, auxiliando no
recrutamento das GLUT4 inactivas;

‣ O ↑ do transporte de glicose permanece após o exercício e


facilita a reposição do glicogénio muscular.
110
Mestrado em Exercício e Saúde

Resumo  das  respostas  hormonais  com  o  aumento  da  intensidade  


do  exercício

111
Mestrado em Exercício e Saúde

Resumo  das  respostas  hormonais  ao  exercício  moderado  de  


longa  duração

112
Mestrado em Exercício e Saúde

Ingestão  de  glicose  antes  do  exercício

‣ Se for ingerida glicose antes do exercício, pode motivar uma


elevação da glicose plasmática, o que vai elevar também a
concentração plasmática da insulina.

‣ Esta elevação da insulina no início do exercício, poderá reduzir


a mobilização de AGL dos adipócitos e forçar os músculos a
utilizar mais o glicogénio muscular.

113
Mestrado em Exercício e Saúde

Porque  razão  a  uAlização  de  AGL  diminui  


nos  exercícios  de  elevada  intensidade?

‣ Parece haver um limite na capacidade das células adiposas de


libertar AGL para a circulação a partir de uma certa intensidade
de exercício.

‣ De facto, em intensidade elevadas de trabalho existe uma


menor afinidade das células adiposas libertarem AGL para a
corrente sanguínea, em parte motivado pelo aumento do lactato.

‣ O lactato sanguíneo elevado tem sido relacionado com um


aumento do alfa-glicerolfosfato, que consiste na forma activa do
glicerol necessária para a síntese de triglicerídeos (TG).

114
Mestrado em Exercício e Saúde

Alterações  dos  AGL  plasmáAcos  decorrentes  do  aumento  do  


ácido  lácAco

À  medida  que  a  
concentração  de  
lactato  no  sangue  ↑,  
a  concentração  
plasmá<ca  de  AGL  ↓.

115
Mestrado em Exercício e Saúde

Porque  razão  a  uAlização  de  AGL  diminui  


nos  exercícios  de  elevada  intensidade?

‣ De facto, na presença de elevadas concentrações de lactato no


sangue, à medida que os AGL se tornam disponíveis pela
degradação dos TG nos adipócitos, o alfa-glicerolfosfato recicla-
os para gerar uma nova molécula de TG.

‣ Desta forma os AGL não chegam a ser


libertados das células adiposas.

116
Mestrado em Exercício e Saúde

Efeito  do  ácido  lácAco  sobre  a  mobilização  de  AGL  das  células  
adiposas

117
Mestrado em Exercício e Saúde

Porque  razão  a  uAlização  de  AGL  diminui  


nos  exercícios  de  elevada  intensidade?

‣ Outras explicações avançadas para a ↓ da disponibilidade de


AGL durante o exercício intenso, incluem:

‣ a ↓ do fluxo sanguíneo ao tecido adiposo;

‣ quantidade inadequada de albumina, que consiste numa


proteína plasmática necessária ao transporte dos AGL no
plasma;

‣ Neste sentido, um dos efeitos do treino de resistência é a


diminuição das concentrações de lactato em qualquer
intensidade de trabalho.
118
Mestrado em Exercício e Saúde

Obrigado  pela  vossa  


atenção!

Pedro Miguel Queirós Pimenta de Magalhães


E-mail: pmaga@ipb.pt
Web: www.desporto.ese.ipb.pt

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