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19/08/2022 10:36 NAT JUS

ANÁLISE DE SITUAÇÃO
1005401-08.2022.4.01.3304 - infusão contínua de insulina (Bomba de Insulina)
SOLICITANTE: ALEXSANDRO SILVA PIRES | SERVIDOR
2ª VARA FEIRA DE SANTANA

Número do Chamado: 110722126111

Status:
CONCLUÍDO

Aberto em: 11 de julho de 2022 | 16:40 Encerra em: 22 de julho de 2022 | 16:00

INFORMAÇÕES DO PROCESSO

Nenhuma informação foi encontrada.

 Há 1 arquivo(s) anexado(s)

CONTEÚDO

Promova-se consulta ao corpo médico do NATJUS, remetendo cópia da petição inicial e documentos pessoais e médicos do autor, de modo que se
obtenha resposta aos seguintes questionamentos, de acordo com a documentação apresentada:
1. É possível dizer que o autor possui Diabetes Mellitus Tipo I? Caso afirmativo, em que estágio se encontrava ao tempo da propositura da ação?
2. É possível dizer que o autor se submeteu a algum tratamento prévio? Qual? Que documentos indicam isso?
3. Além dos tratamentos que o autor se submeteu (ou afirma ter se submetido), quais as outras opções disponíveis no Sistema Único de Saúde para
tratamento?
4. O tratamento pretendido pelo autor, com sistema de infusão contínua de insulina, especificamente o sistema MINIMED 780G (MMT-1896BP), é
indicado para seu estágio de saúde ao tempo da propositura da ação?
5. É possível dizer que o estado de saúde do autor importa risco de óbito ou de graves complicações?
6. Que outras considerações relevantes para a compreensão do quadro de saúde do autor e de seu tratamento podem ser apresentadas?

RESPOSTA

 08 de agosto de 2022 | 18:12

TIPO: NOTA TÉCNICA

Processo nº 1005401-08.2022.4.01.3304

Exmo(a). Sr(a). Juiz(a),

De acordo com o relatório médico, trata-se de paciente do sexo feminino, 34 anos, portadora de Diabetes tipo 1, apresentando variabilidade glicêmica,
fenômeno do alvorecer, hipoglicemias graves e mau controle glicêmico.

Tecnologias solicitadas:

1. Bomba de Infusão contínua de Insulina (Sistema Mini med 780G) e insumos

RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS DO JUÍZO:

1. É possível dizer que o autor possui Diabetes Mellitus Tipo I? Caso afirmativo, em que estágio se encontrava ao tempo da propositura da
ação?

Os dados apresentados (relatório médico e exame de hemoglobina glicada) corroboram o diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 1. Os dados referentes
ao tempo de diagnóstico e à presença de complicações não foram descritos no relatório médico.

https://www.tjba.jus.br/natjus/index.php/pergunta/listar/126111 1/4
19/08/2022 10:36 NAT JUS
 

2. É possível dizer que o autor se submeteu a algum tratamento prévio? Qual? Que documentos indicam isso?

Não há cura para o Diabetes Tipo 1 e a insulinoterapia é a base do tratamento. A insulina pode ser administrada em múltiplas aplicações diárias ou
através dos sistemas de infusão contínua de insulina (SICI), conhecidos como bombas de insulina. Em caso de múltiplas aplicações diárias de
insulina, a estratégia de eleição é a terapia basal-bolus, no qual uma insulina basal cuja função é controlar a glicemia em jejum é associada a uma
insulina bolus, em três ou quatro aplicações diárias, para controlar as glicemias após as refeições. Por muitos anos, este tratamento foi feito
exclusivamente com insulinas humanas do tipo NPH (basal) e Regular (bolus). No entanto, novas insulinas com perfil de ação mais fisiológico,
denominadas de análogos, foram desenvolvidas por técnicas de DNA recombinante. Atualmente, estão disponíveis para o bolus os análogos de
insulina de ação rápida (lispro, asparte e glulisina) e as insulinas análogas de ação ultrarrápida (asparte ultrarrápida [Fiasp] e a insulina inalável
tecnosfera). Para a terapia basal, são disponíveis dois análogos de insulina de ação longa (Glargina U100 e detemir) e dois análogos de insulina de
ação ultralonga (glargina U300 e degludeca).

No caso em análise, presume-se que o tratamento prévio foi baseado no uso de insulina em múltiplas aplicações diárias. Contudo, o relatório médico
não especifica quais insulinas foram utilizadas.

3. Além dos tratamentos que o autor se submeteu (ou afirma ter se submetido), quais as outras opções disponíveis no Sistema Único de
Saúde para tratamento?

Para o tratamento do diabetes tipo 1, o SUS disponibiliza:

as insulinas humanas do tipo NPH (basal) e Regular (bolus) e;


as insulinas análogas de ação rápida (asparte, lispro e glulisina) e ação prolongada (glargina U100 e determir), conforme critérios definidos pelo
respectivo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.

O relatório médico não especifica quais insulinas já foram utilizadas no caso em questão.

4. O tratamento pretendido pelo autor, com  sistema de infusão contínua de insulina, especificamente  o  sistema MINIMED 780G (MMT-
1896BP), é indicado para seu estágio de saúde ao tempo da propositura da ação?

Tanto a bomba de infusão de insulina quanto a terapêutica com múltiplas doses de insulina (MDI) são meios efetivos e seguros para o tratamento
intensivo do diabetes, com o objetivo de obter níveis glicêmicos o mais próximo possível dos normais e melhora da qualidade de vida. De acordo com
as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), as principais vantagens das bombas de insulina são a flexibilidade, permitindo ao paciente
alterar a insulina basal de acordo com a necessidade e injetar bolus frequentes sem a exigência de injeções repetidas, a redução dos episódios de
hipoglicemias em geral, principalmente as graves, e, sem dúvida, a melhora do controle glicêmico, com redução da hemoglobina glicada (HbA1C).
Através de um Posicionamento (nº 04/2019), a SBD recomenda que esta modalidade seja indicada com base nos seguintes critérios médicos:

• Crianças menores de sete anos ou com dose de insulina basal < 10UI/24h

• Fenômeno do alvorecer sem controle com terapia com análogos de insulina de ação rápida e prolongada (MDI)*

• Hipoglicemia nível 2 frequente*

• Hipoglicemia nível 3 ou grave*** (>2/ano)

• Hipoglicemia assintomática

**Nível 2 (Glicemia <54 mg/dL): frequência maior de uma vez/semana; hipoglicemia grave/clinicamente significativa, denota prejuízo na função
cognitiva, episódios repetidos causam redução dos sintomas de hipoglicemia e predizem episódios graves, arritmias cardíacas e mortalidade, além do
provável impacto econômico e para a saúde;

***Nível 3 (Hipoglicemia grave): frequência maior de uma vez/ano; independente do valor de glicemia, comprometimento cognitivo grave, requer
assistência externa (ajuda de terceiros), apresentação com convulsão/coma.

Desse modo, considerando as informações do relatório médico, a paciente apresenta hipoglicemias graves e fenômeno do alvorecer, enquadrando-se
nos critérios estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) para a indicação de sistema de infusão contínua de insulina (bomba de
insulina, como o sistema MINIMED 780G).

5. É possível dizer que o estado de saúde do autor importa risco de óbito ou de graves complicações?

Sim. Os episódios de hipoglicemia se associam a aumento da morbimortalidade em diabéticos.

6. Que outras considerações relevantes para a compreensão do quadro de saúde do autor e de seu tratamento podem ser apresentadas?

O uso da bomba de insulina visa reduzir a variabilidade glicêmica (episódios de hiperglicemia e hipoglicemia frequentes) e atingir um melhor controle
do diabetes. A utilização do referido dispositivo pode aumentar a segurança da insulinoterapia em pacientes diabéticos, contudo, independente do
modo de aplicação, não há terapia com insulina completamente isenta de riscos.

À disposição,

NAT JUS – TJ BA.

Referências bibliográficas:

1. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2019-2020. Disponível em www.diabetes.org.br.

https://www.tjba.jus.br/natjus/index.php/pergunta/listar/126111 2/4
19/08/2022 10:36 NAT JUS
2. CONITEC. Relatório de n° 375 setembro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/
Relatorio_BombaInfusaoInsulina_DiabetesI.pdf

3. BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA Nº 17, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do
Diabete Melito Tipo 1.

RESPOSTA

 08 de agosto de 2022 | 18:12

TIPO: NOTA TÉCNICA

Processo nº 1005401-08.2022.4.01.3304

Exmo(a). Sr(a). Juiz(a),

De acordo com o relatório médico, trata-se de paciente do sexo feminino, 34 anos, portadora de Diabetes tipo 1, apresentando variabilidade glicêmica,
fenômeno do alvorecer, hipoglicemias graves e mau controle glicêmico.

Tecnologias solicitadas:

1. Bomba de Infusão contínua de Insulina (Sistema Mini med 780G) e insumos

RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS DO JUÍZO:

1. É possível dizer que o autor possui Diabetes Mellitus Tipo I? Caso afirmativo, em que estágio se encontrava ao tempo da propositura da
ação?

Os dados apresentados (relatório médico e exame de hemoglobina glicada) corroboram o diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 1. Os dados referentes
ao tempo de diagnóstico e à presença de complicações não foram descritos no relatório médico.

2. É possível dizer que o autor se submeteu a algum tratamento prévio? Qual? Que documentos indicam isso?

Não há cura para o Diabetes Tipo 1 e a insulinoterapia é a base do tratamento. A insulina pode ser administrada em múltiplas aplicações diárias ou
através dos sistemas de infusão contínua de insulina (SICI), conhecidos como bombas de insulina. Em caso de múltiplas aplicações diárias de
insulina, a estratégia de eleição é a terapia basal-bolus, no qual uma insulina basal cuja função é controlar a glicemia em jejum é associada a uma
insulina bolus, em três ou quatro aplicações diárias, para controlar as glicemias após as refeições. Por muitos anos, este tratamento foi feito
exclusivamente com insulinas humanas do tipo NPH (basal) e Regular (bolus). No entanto, novas insulinas com perfil de ação mais fisiológico,
denominadas de análogos, foram desenvolvidas por técnicas de DNA recombinante. Atualmente, estão disponíveis para o bolus os análogos de
insulina de ação rápida (lispro, asparte e glulisina) e as insulinas análogas de ação ultrarrápida (asparte ultrarrápida [Fiasp] e a insulina inalável
tecnosfera). Para a terapia basal, são disponíveis dois análogos de insulina de ação longa (Glargina U100 e detemir) e dois análogos de insulina de
ação ultralonga (glargina U300 e degludeca).

No caso em análise, presume-se que o tratamento prévio foi baseado no uso de insulina em múltiplas aplicações diárias. Contudo, o relatório médico
não especifica quais insulinas foram utilizadas.

3. Além dos tratamentos que o autor se submeteu (ou afirma ter se submetido), quais as outras opções disponíveis no Sistema Único de
Saúde para tratamento?

Para o tratamento do diabetes tipo 1, o SUS disponibiliza:

as insulinas humanas do tipo NPH (basal) e Regular (bolus) e;


as insulinas análogas de ação rápida (asparte, lispro e glulisina) e ação prolongada (glargina U100 e determir), conforme critérios definidos pelo
respectivo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.

O relatório médico não especifica quais insulinas já foram utilizadas no caso em questão.

4. O tratamento pretendido pelo autor, com  sistema de infusão contínua de insulina, especificamente  o  sistema MINIMED 780G (MMT-
1896BP), é indicado para seu estágio de saúde ao tempo da propositura da ação?

Tanto a bomba de infusão de insulina quanto a terapêutica com múltiplas doses de insulina (MDI) são meios efetivos e seguros para o tratamento
intensivo do diabetes, com o objetivo de obter níveis glicêmicos o mais próximo possível dos normais e melhora da qualidade de vida. De acordo com
as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), as principais vantagens das bombas de insulina são a flexibilidade, permitindo ao paciente
alterar a insulina basal de acordo com a necessidade e injetar bolus frequentes sem a exigência de injeções repetidas, a redução dos episódios de
hipoglicemias em geral, principalmente as graves, e, sem dúvida, a melhora do controle glicêmico, com redução da hemoglobina glicada (HbA1C).
Através de um Posicionamento (nº 04/2019), a SBD recomenda que esta modalidade seja indicada com base nos seguintes critérios médicos:

https://www.tjba.jus.br/natjus/index.php/pergunta/listar/126111 3/4
19/08/2022 10:36 NAT JUS
• Crianças menores de sete anos ou com dose de insulina basal < 10UI/24h

• Fenômeno do alvorecer sem controle com terapia com análogos de insulina de ação rápida e prolongada (MDI)*

• Hipoglicemia nível 2 frequente*

• Hipoglicemia nível 3 ou grave*** (>2/ano)

• Hipoglicemia assintomática

**Nível 2 (Glicemia <54 mg/dL): frequência maior de uma vez/semana; hipoglicemia grave/clinicamente significativa, denota prejuízo na função
cognitiva, episódios repetidos causam redução dos sintomas de hipoglicemia e predizem episódios graves, arritmias cardíacas e mortalidade, além do
provável impacto econômico e para a saúde;

***Nível 3 (Hipoglicemia grave): frequência maior de uma vez/ano; independente do valor de glicemia, comprometimento cognitivo grave, requer
assistência externa (ajuda de terceiros), apresentação com convulsão/coma.

Desse modo, considerando as informações do relatório médico, a paciente apresenta hipoglicemias graves e fenômeno do alvorecer, enquadrando-se
nos critérios estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) para a indicação de sistema de infusão contínua de insulina (bomba de
insulina, como o sistema MINIMED 780G).

5. É possível dizer que o estado de saúde do autor importa risco de óbito ou de graves complicações?

Sim. Os episódios de hipoglicemia se associam a aumento da morbimortalidade em diabéticos.

6. Que outras considerações relevantes para a compreensão do quadro de saúde do autor e de seu tratamento podem ser apresentadas?

O uso da bomba de insulina visa reduzir a variabilidade glicêmica (episódios de hiperglicemia e hipoglicemia frequentes) e atingir um melhor controle
do diabetes. A utilização do referido dispositivo pode aumentar a segurança da insulinoterapia em pacientes diabéticos, contudo, independente do
modo de aplicação, não há terapia com insulina completamente isenta de riscos.

À disposição,

NAT JUS – TJ BA.

Referências bibliográficas:

1. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2019-2020. Disponível em www.diabetes.org.br.

2. CONITEC. Relatório de n° 375 setembro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/


Relatorio_BombaInfusaoInsulina_DiabetesI.pdf

3. BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA Nº 17, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do
Diabete Melito Tipo 1.

https://www.tjba.jus.br/natjus/index.php/pergunta/listar/126111 4/4

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