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INTRODUÇÃO À TEORIA DOS CONJUNTOS

1) NOÇÃO DE CONJUNTO E ELEMENTO

No dia a dia, encontramos vários tipos de conjuntos. Por exemplo: o conjunto de alunos
de uma sala de aula, o conjunto de fotos de um álbum, o conjunto de atletas de uma equipe
de voleibol.
Então, podemos imaginar um conjunto como um grupo ou coleção de objetos.

Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.

Exemplo:

 Conjunto das capitais dos estados da região Nordeste.


Elementos: São Luís, Teresina, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracajú,
Salvador.

2) REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS

Podemos representar um conjunto de duas maneiras: entre chaves e por diagramas.

Representação entre chaves

Nesse caso, utilizamos duas chaves, entre as quais escrevemos uma propriedade
característica dos elementos do conjunto ou nomeamos cada um de seus elementos.

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Exemplos:

 A = {números naturais pares entre 1 e 9} ou A = {2, 4, 6, 8}

 B = {letras da palavra “arara”} ou B = {a, r}

Observe que os conjuntos são geralmente indicados por letras maiúsculas do nosso
alfabeto: A, B, C, D,..., X, Y, Z.

Se os elementos de um conjunto forem letras, deverão ser representados por letras


minúsculas do nosso alfabeto: a, b, c, d, ..., x, y, z, como no exemplo do conjunto B = {a, r}.

Representação por diagramas

Escrevemos os elementos do conjunto no interior de uma linha fechada simples.

Exemplos:

 A = {números naturais pares entre 1 e 9}  B = {letras da palavra “arara”}

Observações:

1) Em um conjunto, não devemos repetir os elementos iguais.

Exemplo:

{a, a, r, a} = {a, r}

2) Os elementos podem ser dispostos em qualquer ordem nos conjuntos.

Exemplo:

{a, b, c} = {b, c, a} = {c, a, b}

3) O número de elementos de um conjunto A, por exemplo, é indicado por n(A).

Exemplo:

A = {0, 1, 2, 5, 7}, em que n(A) = 5

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3) CONJUNTO UNITÁRIO E CONJUNTO VAZIO

 Conjunto unitário é aquele que possui um único elemento.

Exemplo:

K = {consoantes da palavra ana} = {n}

 Conjunto vazio é aquele que não possui nenhum elemento e pode ser assim
representado: { } ou .

Exemplo:

B = {planetas cujo nome começa com a letra z} =  ou { }.

CUIDADO!

O conjunto {  } não representa o conjunto vazio, e sim um conjunto unitário.

4) CONJUNTO FINITO E CONJUNTO INFINITO

Considere o conjunto A dos números naturais menores que 5: A = {0, 1, 2, 3, 4}


Esse conjunto possui cinco elementos, ou seja, n(A) = 5.

Um conjunto que possui uma quantidade definida de elementos é chamado de conjunto


finito.

Agora, considere o conjunto B dos números naturais maiores que 5:

B = {6, 7, 8, 9, ...}

Observe que não podemos determinar a quantidade de elementos desse conjunto.

Um conjunto com quantidade indefinida de elemento é denominado conjunto infinito.


Na representação de um conjunto com infinitos elementos, usamos reticências após
alguns deles.

Exemplo:

P = {0, 2, 4, 6, 8, ...}  conjunto dos números naturais pares

CUIDADO!

A presença de reticências nem sempre significa que um conjunto é infinito.

Exemplo:

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M = {1, 2, 3,...,48, 49, 50 } é um conjunto finito, sendo n(M) = 50
As reticências substituem os
elementos situados entre 3 e 48.

5) CONJUNTOS IGUAIS

Dois ou mais conjuntos são iguais se possuem os mesmos elementos.

Exemplo:

A=B

OBSERVAÇÃO:

Para demonstrar que dois conjuntos são diferentes, usamos o símbolo .

Exemplos:

 {1, 3, 5}  {1, 3}
 { 9 }  {99}

6) RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA

A relação entre um elemento e um conjunto é denominada relação de pertinência.


Utilizamos os símbolos  (pertence) e  (não pertence) nas relações de pertinência.

Exemplo:

Sendo M = {1, 2}, podemos afirmar que:

 1  M  Lê-se: “um pertence a M”.


 2  M  Lê-se: “dois pertence a M”.
 5  M  Lê-se: “cinco não pertence a M”.

7) RELAÇÃO DE INCLUSÃO

Considere os conjuntos A = {a, e, o} e B = {a, e, i, o, u}.

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Observe que todos os elementos do conjunto A também pertencem ao conjunto B. Nesse
caso, dizemos que o conjunto A está contido no conjunto B e indicamos assim: A  B
Lê-se: “A está contido em B”.

Como A está condido em B, podemos também afirma que B contém A: B  A


Lê-se: “B contém em A”.

Os símbolos  e  são chamados de sinais de inclusão e relacionam dois conjuntos.

Usamos os símbolos  (não contém) e  (não está contido) como negações de 


(contém) e  (está contido).

Exemplos:

 {a, b, c}  {b, c, d, e, f}

 {0, 1, 2, 3}  {1, 4}

CUIDADO!

A afirmação {1}  {1, 2, 3} é falsa, pois a relação de pertinência ocorre somente entre
um elemento e um conjunto, e {1} não é elemento, mas um conjunto unitário. Seriam
corretas as afirmações: {1}  {1, 2, 3} e 1  {1, 2, 3}.

OBSERVAÇÃO:

Se dois conjuntos, A e B são iguais, podemos afirmar que: A  B e B  A.

8) SUBCONJUNTOS

Considere os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {1, 2, 3, 4, 5}.

Observe que todos os elementos do conjunto A são também elementos do conjunto B.


Então, dizemos que A é subconjunto de B ou que A está contido em B.

Um conjunto A é subconjunto de um conjunto B se todos os


elementos de A são também elementos de B.

Indicamos essa relação com: A  B.

OBSERVAÇÕES:

1 – Todo conjunto é subconjunto de si próprio, ou seja, A  A.


2 – O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto, ou seja, para qualquer conjunto
A, podemos afirmar que:   A.
3 – O símbolo  relaciona um subconjunto e o conjunto que o contém.
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9) REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DE SUBCONJUNTO DE IN

Um número pode ser representado por uma letra minúscula do alfabeto. Assim, podemos
ter: número x, número y, número z, entre outros.

Observe estas notações:

 O número x representa um número natural: x  IN.


Lê-se: “x pertence a IN”

 O número x representa um número natural ímpar: x  IN / é ímpar O símbolo


Lê-se: “x pertence a IN” tal que x é ímpar. / significa
“tal que”
 O número x representa um número natural menor que 8: x  IN / x < 8
Lê-se: “x pertence a IN” tal que x é menor que oito”

Veja, a seguir, como representar alguns subconjuntos de IN, pela nomeação ou pela
propriedade de seus elementos.

 Conjunto P dos números naturais pares:

P = {0, 2, 4, 6, 8, ...} ou P = {x  IN / x é par}

 Conjunto I dos números naturais ímpares:

I = {1, 3, 5, 7, 9, ...} ou I = {x  / x é ímpar}

 Conjunto A dos números naturais menores que 4:

A = {0, 1, 2, 3} ou A = {x  IN / x < 4}

 Conjunto B dos números naturais maiores que 10:

B = {11, 12, 13, ...} ou B = {x  IN / x > 10}

 Conjunto C dos números naturais maiores que 5 e menores que 10:

C = { 6, 7, 8, 9} ou C = {x  IN / 5 < x < 10}

 Conjunto D dos números naturais maiores ou iguais a 7 e menores que 11:

D = {7, 8, 9, 10} ou D = {x  IN / 7  x < 11}

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10) CONJUNTO DAS PARTES

Seja o conjunto A = {1, 2, 3}. Observe a relação de todos os subconjuntos de A:

 vazio: 
 unitários: {1}, {2}, {3}
 com dois elementos: {1, 2}, {1, 3} e {2, 3}
 com três elementos: {1, 2, 3}

O conjunto formado por todos esses subconjuntos é denominado conjunto das partes
de A e é assim representado:

P(A) = {, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}}
conjunto das partes de A

Dado um conjunto A, denomina-se conjunto das partes de A


aquele formado por todos os subconjuntos de A.

11) DIAGRAMA DE VENN

Já vimos que, em uma representação por diagrama, devemos


escrever os elementos do conjunto no interior de uma linha fechada
simples.
Quando essa linha é uma circunferência, o diagrama recebe o
nome de diagrama de Euler, em homenagem a Leonhard Euler
(1707 – 1783).
O inglês John Veen (1834 -1883) desenvolveu diversos
estudos sobre a representação de dois ou mais conjuntos em um
diagrama. Esse diagrama, utilizado para facilitar a visualização das
relações e operações entre conjuntos, é conhecido como diagrama
de Venn.

Observe a representação de alguns conjuntos no diagrama de Venn:

Vamos considerar os conjuntos A = {1, 6} e B = {1, 2, 3, 4, 6}:

Observe que o conjunto A é subconjunto de B.


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Vamos considerar os conjuntos C = {1, 5, 7, 8} e D = {1, 2, 5, 9}:

Verifique que os elementos 1 e 5 pertencem aos dois conjuntos.

Vamos considerar os conjuntos E = {2, 3, 7} e F = {1, 4, 8}:

Verifique que não existe nenhum elemento que pertença aos


dois conjuntos.
Nesse caso, os conjuntos E e F são disjuntos.

Vamos considerar os conjuntos G = {1, 2, 3, 6}, H = {2, 3, 4, 5}


e I = {2, 5, 6, 8}:

Observe que:
 o elemento 2 pertence aos três conjuntos;
 os elementos 2 e 3 pertencem aos conjuntos G e H;
 os elementos 2 e 5 pertencem aos conjuntos H e I;
 os elementos 2 e 6 pertencem aos conjuntos G e I.

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12) CONJUNTO UNIVERSO (U)

Ao desenvolver um assunto ou resolver uma questão matemática, admitimos a


existência de um conjunto U ao qual pertencem todos os elementos utilizados em tal
assunto ou questão. Esse conjunto recebe o nome de conjunto universo, representado
por U.

Exemplo:

Vamos considerar um problema que envolva os conjuntos A = {1, 2, 3, 4}, B = {7, 8, 9} e


os elementos 6 e 10.

Dispondo-os em um diagrama, temos a figura a seguir.

Podemos indicar o conjunto universo usado no problema por:

U = {1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10}

13) UNIÃO DE CONJUNTOS

Considere os conjuntos A = {0, 1, 3, 6, 8} e B = {1, 2, 4, 5, 6}.

Determinando um conjunto C, formado por todos os elementos que pertencem ao


conjunto A e ao conjunto B, obtemos:

C = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8}  Os elementos 1 e 6 devem constar uma só vez.

Portanto, realizaremos a operação de união ou reunião entre os conjuntos A e B. O


resultado dessa operação é o conjunto C, denominado conjunto união. Observe:

AB=C
Lê-se: “A união B é igual A C”.

Assim, no exemplo dado:

{0, 1, 3, 6, 8}  {1, 2, 4, 5, 6} = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8}

14) INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS

Considere os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e B = {2, 3, 4, 6, 7}.

Determinando um conjunto C, formado por todos os elementos que pertencem ao


conjunto A e também ao conjunto B, obtemos:

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C = {2, 3, 4, 6}

Portanto, realizamos a operação de intersecção entre os conjuntos A e B. O resultado


dessa operação é o conjunto C, denominado conjunto intersecção. Observe:

AB=C
Lê-se: “A interseção B é igual a C”.

Assim, no exemplo dado: {1, 2, 3, 4, 5, 6}  {2, 3, 4, 6, 7} = {2, 3, 4, 6}

OBSERVAÇÕES:

1 – Quando A  B = , dizemos que A e B são disjuntos.


2 – A intersecção do conjunto vazio com qualquer outro conjunto é igual ao conjunto vazio:
A=

15) DIFERENÇA DE CONJUNTOS

Considere os conjuntos A = {1, 2, 3, 5, 7} e B = {0, 1, 3, 4, 7}.

Determinando um conjunto C, formado por todos os elementos que pertencem ao


conjunto A e não pertencem ao conjunto B, obtemos:

C = {2, 5}

Portanto, realizamos a operação diferença entre os conjuntos A e B. O resultado dessa


operação é o conjunto C, denominado diferença entre A e B. Observe:

A–B=C
Lê-se: “A menos B é igual a C”

Assim, no exemplo dado: {1, 2, 3, 5,7} – {0, 1, 3, 4, 7} = {2, 5}

CUIDADO!

É importante observar que, em geral, A – B  B – A.

Exemplo:

Considerado A = {0, 1, 3, 5} e B = {1, 3, 4, 7, 9}:


A – B = {0, 5}
B – A = {4, 7, 9} A – B  B – A.

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16) COMPLEMENTAR DE UM CONJUNTO

Considere os conjuntos A = {1, 2, 3, 5, 7, 8} e B = {2, 5, 7}.

Observe que B  A. Nesse caso, denominamos complementar de B em relação a A o


conjunto formado pelos elementos que pertencem ao conjunto A e não pertencem ao
conjunto B. Assim:

B = A – B = {1, 3, 8}
Notação do conjunto complementar de B

Veja o exemplo abaixo.

Sejam:
U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, ...} números naturais

P = {0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ...} números pares

I = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ...} números ímpares

Podemos dizer que P é complementar de I em relação a U e que I é complementar


de P em relação a U.

17) APLICAÇÕES PRÁTICAS

Vamos resolver um problema com a aplicação das operações com conjuntos.

Considere esta situação:

Em uma escola foi realizada uma pesquisa entre os 900 alunos para identificar os
jornais mais lidos por eles. Obteve-se este resultado.

PESQUISA
Número de alunos Jornal
500 A
280 B
75 AeB

Nessas condições, determine:

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a) quantos alunos leem somente o jornal A;

b) quantos alunos leem somente o jornal B;

c) quantos alunos não leem nenhum desses jornais.

Solução:

Para resolver esse problema, vamos utilizar um diagrama de Venn. Os conjuntos A e B


representam os leitores dos dois jornais.

Inicialmente, vamos colocar na intersecção dos dois conjuntos o número de alunos que
leem os dois jornais.

A  B tem 75 elementos

Como 500 alunos leem o jornal A, para saber quantos alunos leem somente o jornal A
devemos determinar a quantidade de elementos do conjunto A – B.

500 – 75 = 425

Como 280 alunos leem o jornal B, para saber quantos alunos leem somente o jornal B
devemos determinar a quantidade de elementos do conjunto B - A.

280 – 75 = 205

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Para saber quantos alunos leem os dois jornais, devemos calcular o número de
elementos do conjunto A  B.

425 + 75 + 205 = 705

Como na escola estudam 900 alunos (conjunto universo U) e 705 deles leem jornais,
podemos afirmar que 195 alunos não leem nenhum desses jornais, pois:

900 – 705 = 195

Logo, a resposta de cada item é:


a) 425 alunos leem somente o jornal A;

b) 205 alunos leem somente o jornal B;

c) 195 alunos não leem nenhum desses jornais.

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