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Nome: Gabriel Alves Araújo – N°USP: 5760918

Professor: Paula Marcelino – Matéria: Sociologia II – Período: Noturno


Fichamento 4
DURKHEIM, Émile. “A divisão do trabalho forçada”, “Outra forma anormal”,
“Conclusão”. In: Da divisão do trabalho social São Paulo: Martins Fontes, 2008,
Livro III, cap. II, III e Conclusão p. 391- 432.

Iniciando o capitulo segundo de sua obra, Durkheim faz uma menção ao capitulo
precedente, dizendo que, por vezes a própria regulamentação das relações entre os órgãos não
é suficiente. Apesar de serem bem regradas, segundo o autor sempre há pessoas que tentam
tirar outras de suas funções por buscarem alcançar funções que são vetadas a elas. Este fato
decorre por conta da maneira com que o trabalho está distribuído e ocorre quando não existe
satisfação com o papel exercido.
A partir de tal explanação o tema tratado tanto nesse quanto no capitulo seguinte, será
as formas em que a divisão do trabalho não produz solidariedade por conta de suas anomias.
Segundo o autor, para que se possa realmente produzir solidariedade é necessário que
a tarefa realizada por um indivíduo também convenha a ele. Quando isso não existe, a divisão
das funções é feita de forma desigual gerando os conflitos entre classes, o resultado é uma
solidariedade imperfeita e perturbada.
Posteriormente, o autor nos mostra mais um caso patológico da divisão do trabalho.
Esta é denominada divisão do trabalho forçada, ou seja, ela não consegue prover funções
sociais para todos os talentos naturais dos órgãos e distribui de forma irregular os cargos,
garantindo que uns desempenhem papéis que não lhes convém, todavia, este lhes é imposto
por uma espécie de coerção. Tal coerção começa a agir a partir do momento em que a
regulamentação já não tem mais base nos costumes, sustentando-se apenas pela força. Nesse
caso então, não há produção de solidariedade, pois não a tarefa não é realizada de forma
espontânea como prevê a divisão do trabalho.
Ainda neste capitulo, Durkheim expõe que as divisões sociais deveriam ser
distribuídas de acordo com as faculdades de cada individuo. Contudo, esse tipo de
espontaneidade não é encontrado em nenhum lugar. Além disso, o chamado regime de castas
hereditário continua a existir nos costumes e por passar as funções de pai para filho também
torna a divisão das funções desiguais. Sendo assim, o autor vai dizer que é preciso eliminar
tais desigualdades, pois essa é a condição para que haja solidariedade. “Se as sociedades
organizadas se esforçam, e devem se esforçar, para eliminar na medida do possível as
desigualdades exteriores, não é apenas porque esta empresa é bela, mas porque sua existência
está comprometida no problema.” (DURKHEIM, 2008, p. 399).
A igualdade de condições também é importante para ligar as próprias funções sociais.
Para isso, Durkheim dá o nome de solidariedade contratual, uma vertente jurídica da
solidariedade orgânica. Esses contratos não podem ser assinados por força, mas devem ser
consentidos. Ele representa a quantidade de trabalho útil para a produção cada objeto de troca,
o chamado valor social.
Por fim, o sociólogo conclui este capitulo dizendo que a tarefa das sociedades mais
avançadas é uma obra de justiça, na qual, a partir de uma relação de igualdade entre as partes
possa existir uma reciprocidade nos serviços trocados.
No terceiro capitulo de seu texto, é mostrada outra forma de patologia da divisão do
trabalho que o autor chama de descoordenação das funções. Quando as funções sociais são
distribuídas de forma que não proporcionam matéria suficiente para a atividade dos
indivíduos, os movimentos se ajustam de forma ruim entre si, afrouxando a solidariedade.
Para ela ocorrer, é necessário que as funções sejam exercidas de forma continua, a fim de
gerar um bom funcionamento do todo.
Na conclusão, Durkheim inicia o capítulo em cima de uma regra de conduta que toca
na moral do homem, e que, para ele, é tudo aquilo que venha a produzir solidariedade e que
força um individuo a contar com outro. Mas, as morais se diferem nas duas sociedades que se
propôs a analisar: nos povos primitivos, ou seja, na solidariedade mecânica, os traços
coletivos alcançam o máximo de rigor. Nas sociedades avançadas, isto é, no qual vigora a
solidariedade orgânica, os indivíduos não se assemelham, de forma que essa moral faça parte
de uma consciência humana formada pelo coletivo. A moral, portanto está na especialização
do trabalho, pois é na definição da tarefa que o individuo presta solidariedade.
Durkheim finaliza dizendo que a moral passa por uma “crise terrível”, e que esse
fenômeno pode ser explicado pela rapidez com que as sociedades passaram da solidariedade
mecânica para a orgânica, sem que as funções fossem equilibradas a tempo. Para solucionar o
problema, diz o autor: “é necessário fazer cessar essa anomia, encontrar os meios para fazer
esses órgãos que ainda se chocam em movimentos discordantes concorrem harmoniosamente,
introduzir em suas relações mais justiça, atenuando cada vez mais as desigualdades externas
que são fontes do mal”. (DURKHEIM, 2008 p. 432)

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