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Operação e Controle de Sistemas de Potência

Aula 1:
Introdução à Operação,
Controle e Estabilidade de
Sistemas Elétricos de Potência

Docente: Dr. Raphael Augusto de Souza Benedito


E-mail:raphaelbenedito@utfpr.edu.br
disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito
Conteúdo
1. Introdução
2. Estados Operativos de um Sistema Elétrico de
Potência
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
1. Introdução
• Os Sistemas Elétricos de Potência ou Sistemas Eletro-
Energéticos:
- podem ser definidos como conjunto de equipamentos
físicos e elementos de circuitos elétricos conectados, que
atuam de modo coordenado
- com o intuito de gerar, transmitir e distribuir Energia
Elétrica aos consumidores.

Geração: Perfaz a função de converter alguma forma de energia


(hidráulica, térmica, etc) em energia elétrica;

Transmissão: Responsável pelo transporte de energia elétrica dos Centros


de Produção aos Centros de Consumo, ou até outros sistemas elétricos,
interligando-os;

Distribuição: Distribui a energia elétrica recebida do sistema de


transmissão aos grandes, médios e pequenos consumidores.
1. Introdução

Fig. 1: Desenho ilustrativo de um Sistema Elétrico de Potência


(ou Sistema Eletro-Energético)
1. Introdução

Fig. 2: Diagrama unifilar exemplificando um Sistema Elétrico de Potência


1. Introdução
• A gestão de energia e operação de Sistemas Elétricos é uma
tarefa extremamente difícil e complexa,
- exigindo um planejamento prévio bem elaborado;
- e a análise simultânea de uma grande quantidade de informações
técnicas e econômico-financeiras.
• Além disso, vale lembrar que armazenar uma grande quantidade
de energia na forma elétrica é uma tarefa inviável.

Mas qual é o objetivo da gestão de energia e operação de


Sistemas Elétricos?
• Podemos dizer que a gestão de energia e a operação de sistemas
eletro-energéticos tem como objetivo principal o suprimento do seu
mercado de energia elétrica, levando-se em conta:
– Continuidade;
– Qualidade;
– Economia.
1. Introdução
• Em decorrência do grande desafio e da grande quantidade de
informações a serem analisadas e processadas, tornou-se
imprescindível automatizar a Operação e o Gerenciamento de
Sistemas Eletro-Energéticos.

• A automação da Operação de Sistemas Elétricos só foi possível com a


implantação de dois tipos de Centros de Controle:
- Um responsável pela gestão dos Sistemas de Geração e
Transmissão, denominado Sistema de Gerenciamento de Energia
ou EMS (Energy Managment System);

- Outro responsável pela gestão dos Sistemas de Distribuição de


Energia, denominado Sistema de Gerenciamento de Distribuição
ou DMS (Distribution Managment System).
1. Introdução

Fig. 3: Visão geral de 2 Centros de Operação e Controle: a) CPFL; b) ISA-CTEEP


1. Introdução
Atividades Gerais dos Centros de Controle

- Planejamento (Operação e Expansão);


- Sistema Supervisório (SCADA);
Centros de Controle - Controle da Geração;
EMS - Operação em Tempo Real;
(Geração e Transmissão) - Análise e Controle de Segurança em
Tempo Real;
- Vários outros estudos em SEP.

=> Objetivo da Operação em Tempo-Real:


- Manter o Sistema Elétrico operando sem sobrecarga em
equipamentos e atendendo todos os consumidores, em qualquer
condição ou Estado de Operativo.
2. Estados Operativos de um Sistema Elétrico de
Potência
• Importância da caracterização dos Estados Operativos:

- É imprescindível à operação e controle dos sistemas elétricos.

- Isto porque consiste em verificar se o sistema está ou não


operando adequadamente e, caso não esteja, deve indicar o que
deve ser feito para corrigir essa operação inadequada.

• Como determinar os Estados Operativos ?

- Através da verificação (análise) contínua do atendimento de várias


restrições: de Carga; de Operação; e de Segurança.
2. Estados Operativos de um Sistema Elétrico de
Potência
• Restrições de Carga [ g(x) = 0 ]:
- traduzem o fato de que o Sistema deve atender todos os seus
consumidores. Logo, são restrições de igualdade, sendo “x” as variáveis
de estado (tensões fasoriais nas barras do sistema);

• Restrições de Operação [ h(x) ≤ 0 ]:


- refletem a necessidade de serem obedecidos os limites de operação dos
equipamentos do Sistema, por exemplo, a máxima potência que pode ser
transmitida por uma determinada linha de transmissão;

• Restrições de Segurança [ s(x) ≤ 0 ]:


- consiste de analisar um conjunto preestabelecido de contingências
possíveis (ou as mais prováveis) de equipamentos do Sistema para um
determinado estado de operação. Tem o papel de verificar a capacidade
do Sistema elétrico continuar operando da forma adequada após a
simulação de alguma perturbação (contingência).
2. Estados Operativos de um Sistema Elétrico de
Potência
Estados Operativos:

Fig. 4: Estados operativos e transições possíveis de estados


2. Estados Operativos de um Sistema Elétrico de
Potência
Baseando-se nas 3 restrições, quatro estados operativos foram
definidos: Normal Seguro; Normal Alerta; Emergência; Restaurativo.

• Estado Normal Seguro:


- É o estado de operação ideal, pois são obedecidos os três conjuntos
de restrições: carga, operação e segurança. Isto significa que o sistema
está em perfeitas condições de operação, sendo que, nenhuma das
contingências de segurança preestabelecidas, se de fato ocorrer, levará o
sistema ao estado de emergência.

• Estado Normal Alerta (ou Inseguro):


- Neste estado, são obedecidas as restrições de carga e operação; nem
todas as restrições de segurança são obedecidas. Da mesma maneira que
no estado seguro, o sistema está intacto, com atendimento de toda a sua
demanda e sem nenhuma violação de limites de operação, porém, a
ocorrência de pelo menos uma das contingências listadas como possíveis
poderá levar o sistema para o estado de emergência.
2. Estados Operativos de um Sistema Elétrico de
Potência
• Estado de Emergência:
- O que caracteriza o estado de emergência é a violação das restrições de
operação. A emergência pode ser provocada por uma contingência e
conseqüente desligamento de um ou mais componentes do sistema
(linhas, geradores, etc).

• Estado Restaurativo:
- Este estado é atingido quando uma emergência é eliminada por
desligamento manual ou automático de partes do sistema, efetuado
pelo centro de controle ou por dispositivos locais.
- As restrições operacionais são obedecidas, mas o sistema não está
intacto (cargas não-atendidas, ilhamentos, etc). Nota-se, portanto, que ao
se passar do estado de emergência para o estado restaurativo, sacrifica-se
a integridade total do sistema, a fim de se resgatar a observância das
restrições de operação.
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos

Considerando os Estados Operativos, pode-se dizer que o


objetivo do Controle de Segurança é:
- Manter o sistema operando no estado normal de operação;
- Ou, pelo menos, minimizar as transições do estado normal para o
de emergência ou para o estado restaurativo.

• Segurança de um Sistema Elétrico de Potência:


- Está relacionada diretamente com as estratégias de segurança
adotadas pelos centros de controle, quando o Sistema está no
estado normal.
Monitoração de Segurança;
- Estratégias: Análise de Segurança (ou de Contingências);
Controle Preventivo.
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos

• Como são executadas as estratégias de Segurança apresentadas


anteriormente?

- Para a execução das estratégias supracitadas, os centros de


controle são constituídos pelo Sistema de Análise de Redes, que
aglutinam várias funções ou programas distintos, que se
interagem.
Sistema de Análise de Redes:
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos

• Programa de Análise de Segurança (ou de Contingências):


- Este programa caracteriza-se pela determinação da segurança do sistema
elétrico através da análise de um conjunto de contingências
previamente estabelecidas.
- Dessa forma o programa de análise de segurança é constituído por
subprogramas, ou rotinas específicas, responsáveis pela seleção e
simulação das contingências mais plausíveis de ocorrer.
- As simulações podem ser divididas em: estáticas ou dinâmicas.
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos
• Programa de Análise de Segurança (ou de Contingências):

i) Simulações Estáticas:
- desprezam o comportamento dinâmico dos elementos dos sistemas
elétricos, representando tais sistemas através de equações algébricas
não-lineares ou lineares.

- Apesar das aproximações na modelagem matemática, as simulações


estáticas dão um bom indicativo do comportamento dos sistemas
elétricos e, além disso, suas exigências computacionais viabilizam suas
utilizações em tempo-real.

- Dentre as análises que englobam esse tópico pode-se citar:


Fluxo de Potência sob contingências de equipamentos;
Análise e Detecção de Ilhamento Elétrico e de Linhas Críticas;
Análise de Instabilidade (ou colapso) de Tensão;
Etc.
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos
• Programa de Análise de Segurança (ou de Contingências):

ii) Simulações Dinâmicas:


- exigem grande esforço computacional, já que o comportamento
dinâmico dos elementos não é desprezado, fazendo-se com que os
sistemas elétricos sejam representados através de equações diferencias.

- Dentre as análises de simulações dinâmicas, enquadram-se:


- Análise Dinâmica de Instabilidade de Tensão;
- Análise de Estabilidade do ângulo do rotor (ou rotórica);
- Análise de Estabilidade da Freqüência;
- etc;.
3. Conceito de Segurança em Sistemas Elétricos
• Programa de Análise de Segurança:

• Controle Preventivo:
Caso a análise de segurança acuse que o sistema elétrico em análise
esteja vulnerável a uma dada contingência, o próximo passo é
determinar as ações que devem ser tomadas para levar o sistema ao
estado de segurança, se isto for possível.

Para determinar as melhores estratégias preventivas a serem tomadas,


executa-se novamente simulações estáticas e dinâmicas.

Após tais simulações, as ações preventivas são implementadas.

Obs.: Após as análises, pode-se chegar a conclusão de que ações de


melhorias na infra-estrutura do sistema devem ser conduzidas, e tais
informações devem ser passadas às equipes de planejamento da expansão
da rede.
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
• Trata-se de um dos problemas mais complexo em Engenharia
Elétrica:

Exigindo métodos automáticos e ferramentas sofisticadas de análise,


além da qualificação dos Engenheiros de Sistemas de Potência.
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
• Histórico:
Definições matemáticas exatas de estabilidade para sistemas
Termo “estabilidade” já dinâmicos e teoremas de estabilidade para sistemas não
constava nos trabalhos de lineares
Euler

Final
1749 1920 1925
século XIX

Problemas relacionados à Realizados os primeiros testes de


estabilidade em SEPs campo com relação ao tema de
primeiramente reconhecidos estabilidade em SEPs

• Preocupação principal era o Torque Sincronizante:


- Estabilidade Transitória – atuação lenta da proteção
- Estabilidade Estática – linhas de transmissão “fracas”
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
• Histórico:
Introdução de novas tecnologias e aumento nas interligações dos
sistemas:
- Sistemas de Excitação Rápidos (Regulador Automático de Tensão)
* Melhor para o problema de Estabilidade Transitória;
* Melhor para regulação de tensão;
* Problema de Estabilidade à Pequenas Perturbações (oscilações não-
amortecidas);
* Introdução dos Estabilizadores (ou controladores) PSS.

- Sistemas sobrecarregados, geração distante dos centros de carga


* Problemas de Estabilidade de Tensão.

- Interligações:
*Explorar os recursos energéticos;
*Problemas de Oscilações Inter-Área.
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
• Atualmente:
• Definição geral:
- Estabilidade de um sistema de potência é entendida
como a habilidade de retomar um estado de equilíbrio
após ser submetido a uma perturbação física.

• Existem vários cenários de Instabilidade;

• Divisão e classificação do problema de Estabilidade:


- depende do tempo de análise;
- depende do tipo de perturbação;
- depende do tipo de variável em análise
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
• Dependendo do tempo de análise:
- Curto prazo;
- Médio prazo;
- Longo prazo.

• Dependendo do tipo de perturbação


- Perturbações imprevisíveis:
* Grandes perturbações (curto-circuito);
* Pequenas perturbações (variações de carga).
- Perturbações previsíveis:
* Variações lentas e previsíveis de carga.

• Dependendo da variável de interesse


- Ângulo do rotor;
- Tensão;
- Freqüência.
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência
• Classificação Mais Completa de Estabilidade em Sistemas
Elétricos

Fonte: Kundur et al. (2004)


4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência

Fig.: Visão Geral dos Sistemas de Controle de um gerador (ou


usina) conectado à uma Rede Elétrica Interligada
4. Introdução ao Problema de Estabilidade e
Controle em Sistemas Elétricos de Potência

Fig.: Principais Malhas de Controle Presentes em um SEP


Referências Bibliográficas
AZEVEDO, G. P.; OLIVEIRA FILHO, A. L. (2001) Control Centers with Open Archictectures.
IEEE Computer Applications in Power Transaction on Power, p.27-32, outubro.

DY LIACCO, T. E. (1974). Real-Time Computer Control of Power Systems. Proceedings of the


IEEE, Vol. 62, no7, p.884-891, julho.

MONTICELLI, A. J. (1983). “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica”, São Paulo - Brasil:
Edgard Blucher.

WU, F. F.; MOSLEHI, K.; BOSE, A. (2005). Power System Control Centers: Past, Present, and
Future. Proceedings of the IEEE, Vol. 93, No11, p.1890-1908, novembro.

ONS - OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO (2009). Procedimento de Redes.


Revisão 2009. Endereço na Internet: http://www.ons.org.br.

KUNDUR, Prabha. Power System Stability and Control. Estados Unidos: McGraw-Hill, 1994.

Prabha Kundur (Canada, Convener), John Paserba (USA, Secretary), Venkat Ajjarapu (USA), Göran
Andersson, (Switzerland), Anjan Bose (USA) , Claudio Canizares (Canada), Nikos
Hatziargyriou (Greece), David Hill, (Australia), Alex Stankovic (USA), Carson Taylor (USA),
Thierry Van Cutsem (Belgium), and Vijay Vittal (USA). Definition and Classification of Power
System Stability. IEEE Transactions on Power Systems., IEEE/CIGRE Joint Task Force on
Stability Terms and Definitions. V. 19, n. 02, p.1387-1401, mai. 2004,

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