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Horst Bergmeier
Universidade do Minho
1. Bildung
10
A conceptualização do conceito secularizado inicia-se na segunda metade do
século XVIII, indo até à metade do século XIX. O Neuhumanismus radicaliza a
concepção de Bildung para a tarefa humana do trabalho de si-próprio de cada
indivíduo.8 A formulação concisa de tal projecto é devida a Wilhelm von Humboldt que,
em primeiro lugar, era filólogo. No seu estudo sobre a diferença entre as línguas
humanas e a influência delas sobre o desenvolvimemto espiritual da humanidade,
Humboldt afirma que Bildung transcende os conceitos de Zivilisation e Kultur9 e, no
seu estudo sobre a epopeia em versos Hermann und Dorothea de Goethe10, ele afirma
que Bildung consiste “na recepção, com toda a receptibilidade, do material que o
mundo oferece ao indivíduo e na utilização de todas as faculdades interiores
autoactivas na sua reestruturação para estabelecer uma interrelação harmoniosa e
intensa entre o eu e a natura”11. O alvo é uma Bildung completa e bem
proporcionada12 englobando todas as faculdades num conjunto. Primordial para a
Bildung, é o domínio da relação do homem com o mundo que, sendo aequal, como
Humboldt explica numa carta a Schiller em 179613, estimula o conjunto das faculdades
do indivíduo. Este domínio é a arte e a literatura é a forma da arte que se encontra no
8
Luhmann, Niklas, Das Erziehungssystem der Gesellschaft, Ffm. 2002, p. 189.
9
Wilhelm von Humboldt, "Über die Verschiedenheiten des menschlichen Sprachbaues und ihren
Einfluss auf die geistige Entwicklung des Menschengeschlechts" in Humboldt, Wilhelm von,
Werke in fünf Bänden, (Andreas Flitner e Klaus Giel ed.), Darmstadt 1960 – 1965, vol. III
(1963), p. 368 - 756, p. 401. Para a função do conceito da cultura para a ideia da Bildung ver
Bollenbeck, Georg, Bildung und Kultur. Glanz und Elend eines deutschen Deutungsmusters,
Ffm., 1996.
10
"Über Göthes Hermann und Dorothea", in Humboldt, Wilhelm von, Werke in fünf Bänden,
(Andreas Flitner e Klaus Giel ed.), Darmstadt 1960 – 1965, vol. II (1961), pp. 125-356, p. 127f.
Ver tambem Bergmeier, Horst, "Natur, Ästhetik und Revolution. Zu Wilhelm von Humboldts
Frühschriften" em A Palavra e o Canto. Miscelânea de Homenagem a Rita Iriate, Dep. de
Estudos Germanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ed., Lisboa 2000, p.
107- 114.
11
"Natura" designa "a soma de tudo o que para nós pode ter realidade". (Humboldt, l. c., vol. II.
(1961) p. 145.
12
Humboldt, l. c., vol. I (1960), p. 64.
13
Seidel, W. ed., Der Briefwechsel zwischen Friedrich Schiller und Wilhelm von Humboldt, Berlin
1962, vol 2, p. 28-36.
11
primeiro plano, devido a seu fundamento na língua14. O conceito Bildung adquire uma
importância fundamental que mantém até ao início do século vinte.
2. Bildungsroman
14
Para a fundação da Bildung na língua e consequentemente na literatura ver Ladenthin,
Volker, Moderne Literatur und Bildung. Zur Bestimmung des spezifischen Bildungsbeitrags
moderner Literatur, Hildesheim, Zürich, New York 1991.
15
Para Schiller o romance ainda era um “médium impuro” e o “autor de romances um mero
meio-irmão do poeta”. Cit. em Kimpel, Dietrich e Conrad Wiedemann ed., Theorie und Technik
des Romans im 17. und 18. Jahrhundert, vol. II: Spätaufklärung, Klassik und Frühromantik,
Tübingen 1970, p. 61f.
12
O romance alemão que consegue romper com a predeterminação, abrindo
assim um espaço de liberdade, é o Wilhelm Meister de Goethe. Este espaço de
liberdade consiste na transposição literária do conceito básico da forma da auto-
formação reflexiva, da Bildung. O núcleo central do romance é constituído pelos dois
conceitos, o da Bildung e o da Einbildung (Imaginação).16
16
Ver Kritschil, Larissa, Zwischen “schöpferischer Kraft” und “selbstgeschffnem Wahn”. Die
Imagination in Goethes Romanen, Würzburg 1999 e Bergmeier, Horst, «"Bildung" e
"Einbildung" no Wilhelm Meister de Goethe», em Araújo, Alberto Filipe e Joaquim Machado de
Araújo ed., História, Educação e Imaginário, actas do VII colóquio de História, Educação e
Imaginário, Centro de Investigação em Educação, Instituto de Educação e Psicologia,
Universidade do Minho, Braga 2004, p. 107- 114.
17
Schlegel Friedrich, “Gespräch über Poesie”, em Schlegel, Friedrich, Kritische Friedrich-
Schlegel-Ausgabe, Ernst Behler ed., vol. II, Charakteristiken und Kritiken I, Manfred Eichner
ed., München, Paderborn, Wien 1976.
18
Ver Behler, Ernst, “Goethes Wilhelm Meister und die Romantheorie der Frühromantik”, in
Behler Ernst, Studien zur Romantik und zur idealistischen Philosophie, Paderborn 1993, p. 157-
172 e também Swales, Martin, “Irony and the Novel. Reflections on the German
13
narrativa. E só Schlegel nota que o protagonista é duma ”grenzenlose Bildsamkeit”
(formabilidade infinita) e conclui que Os anos da Aprendizagem podiam formar
qualquer personagem imaginável com exepção de Wilhelm, concluindo que o objecto
da Bildung não é um ou outro homem mas a natureza, a própria Bildung. A auto-
reflexividade do romance como forma moderna dobra no seu objecto, a Bildung. Essa
também se torna auto-reflexiva.
14
intimamente ligado21 - ao romance moderno no século XVIII. No projecto de
Morgenstern, o homem culto (Gebildete) autobiógrafo escreve a sua própria vida em
forma de romance, sendo o essencial da vida identificado com a Bildung. Nesta
configuração dos conceitos Bildung, romance, autobiografia e homem culto
(Gebildeter), os dois conceitos de Bildung e Bildungsroman ocupam uma posição
extrema22.
21
Como exemplo mais marcante pode figurar a obra de Karl Philipp Moritz.
22
Os termos extreme e configuração são utilizados no sentido de Walter Benjamin.
23
Schaarschmidt, l. c., tambem em Schaarschmidt, Ilse, “Der Bedeutungswandel der Worte
«bilden» und «Bildung» in der Literatur-Epoche von Gottsched bis Herder”, in Klafki, Wolfgang
(Hg.), Beiträge zur Geschichte des Bildungsbegriffs, Weinberg 1965, p. 68.
24
Goethe, Johann Wolfgang von, Aus meinem Leben. Dichtung und Wahrheit, vol.1 Text
(Siegfried Scheibe ed.), Berlin 1970, p. 447.
15
impõe; segundo, a questão de como o indivíduo reconhece as suas faculdades. As
“tendências falsas” foram um problema maior para Goethe.25 Ele hesita se deve deixar
a decisão a uma voz interior ou se deve considerar os desvios que foram introduzidos
por falsas tendências como elementos importantes da Bildung.26
25
Goethe, Johann Wolfgang von, Aus meinem Leben. Dichtung und Wahrheit, vol. 2
Überlieferung, Variantenverzeichnis und Paralipomena (Siegfried Scheibe ed.), Berlin 1974, p.
449.
26
Ver também Jannidis, Fotis, Das Individuum und sein Jahrhundert. Eine Komponenten- und
Funktionsanalyse des Begriffs «Bildung» am Beispiel von Goethes «Dichtung und Wahrheit»,
Tübingen 1996, p. 134ff.
27
Ver também Bergmeier (2004), l. c.
28
ver Schlaffer, Hannelore, Wilhelm Meister. Das Ende der Kunst und die Wiederkehr des
Mythos, Stuttgart 1980.
29
Sobre a função das imagens ver Schings, Hans-Jürgen, “Symbolik des Glücks. Zu Wilhelm
Meisters Bildergeschichten”, in Goebel, Ulrich et al (ed.), Johann Wolfgang Goethe: One
hundred and fifty years of continuing vitality, Lubbock, Texas 1984, p. 157 – 177, Voßkamp,
Wilhelm, “Ein anderes Selbst”. Bild und Bildung im deutschen Roman des 18. und 19.
Jahrhunderts, Göttingen 2004.
16
da poesia do romance30 está transferida para a Einbildungskraft. A Einbildungskraft
torna-se então sujeito e objecto do romance.
30
Esta auto-reflexividade é, segundo a terminologia de Friedrich Schlegel, a “poesia da poesia”
e o romance de Goethe para Schlegel é poético. A poesia para Schlegel tem um horizonte de
significação vasto. O que é importante no presente contexto é o seu carácter de forma de
mediação entre o real e o ideal e entre a objectividade e a subjectividade. (Para uma
presentação pormenorizada dos significados ver Bär, Jochen A., Sprachreflexion der deutschen
Frühromantik. Konzepte zwischen Universalpoesie und Grammatischem Kosmopolitismus,
Berlin, New York 1999, p. 425-479.) Sendo fundamentalmente irónica, a auto-reflexividade
inicia um processo infinito de auto-negação. Nota-se também que o romance na terminologia
de Schlegel fornece a base do romanticismo. Romantisch (romantico) refere-se ao Roman
(romance).
17
3. Falsche Bewegung [Movimento falso]
31
Handke, Peter, Falsche Bewegung, Ffm., 1975. O Bildungsroman constitua um ponto de
referencia essencial na obra de Handke em geral, sobretudo nos anos 70 alem de Falsche
Bewegung com Der kurze Brief zum langen Abschied (1972) e Langsame Heimkehr (1979).
32
Handke, p. 2. “Wim Wenders hat im Herbst 1974 danach den gleichnamigen Film gedreht.”
33
“Das ist die Geschichte der Filmerzählung Falsche Bewegung.”
34
Deleuze, Gilles, Cinema 1. L’image-mouvement, Paris 1983, p. 10. “Le cinéma en effect
procède avec deux données complémentaires : des coupes instantanées qu’on appelle images
; un mouvement ou un temps impersonnel, uniforme, abstrait, invisible ou imperceptible, qui est
«dans» l’appareil et «avec» lequel on fait défiler les images. Le cinéma nous livre donc un faux
mouvement, il est l’exemple typique du faux mouvement.”
18
centro da cidade. Wilhelm esbarra no vidro da janela mas permanece enquadrado:35
“Uma fotografia de Wilhelm enquanto criança numa parede da casa onde vive com a
mãe.” Entre estes dois enquadramentos Wilhelm escreve, e o texto da obra de Handke
dá-nos não só o texto escrito por Wilhelm mas também a imagem do texto. “De perto:
o que ele acabou de escrever, vê-se. O livro de notas de Wilhelm: Se finalmente
conseguisse escrever…”.36 Pouco depois, Wilhelm mostra à mãe uma fotografia.
Wilhelm indica um indivíduo na fotografia, explicando que se trata dele próprio. A frase
pronunciada corresponde ao retrato. “O rosto de Wilhelm: Há algumas semanas abri o
jornal, não reparei bem na fotografia e de repente reconheci-me”.37 Wilhelm declara o
seu descontentamento consigo mesmo, tendo compreendido que ele durante todos
aqueles anos não representava mais do que este indivíduo anónimo. “A fotografia já
foi tudo o que havia para dizer sobre mim. Preciso de tentar descobrir mais sobre
mim.”38 Aqui começa a viagem. “O rosto de Wilhelm: Ainda hoje partirei. Preciso ainda
de fazer a mala .”39
19
humor indefinido. No início do primeiro movimento a mãe sobrepõe-se a Wilhelm.
“Wilhelm de perto: abre os lábios. Wilhelm e a mãe: Não precisas de dizer nada, caro
Wilhelm. Aguarda até não poder mais. E não percas o teu sentimento de mal-estar e o
teu mau humor, vais precisar deles, se queres escrever.”41 No início do segundo
movimento Wilhelm pronuncia as palavras da mãe. Só agora estas palavras se
encontram relacionadas com a memória como condição duma possibilidade de
finalmente escrever, mas a memória torna-se também condição dum sentimento da
vida, o de amar. “Agora ao falar, lembro-me e fico com desejos. Sei que mais tarde
vou amar-te muito.”42 Wilhelm toma a decisão de separar-se das últimas pessoas
ainda presentes com quem tem passado o tempo da narrativa, Therese e Mignon.
Esta separação deverá ocorrer na cidade, na multidão, em analogia com o início da
narrativa. A narrativa repete a imagem inicial da fotografia em que aparece Wilhelm.
“Um senhor filmando o filho. Wilhelm: Neste filme aparecemos também nós.
Continuam o caminho. Wilhelm: Queria uma vez escrever um poema sobre a minha
aparência acidental em tantas fotografias e filmes.”43 Therese e Mignon desaparecem
na multidão. “Wilhelm sozinho. Está para levar a mala. Um senhor aproxima-se.”44
Este senhor pede a Wilhelm para lhe tirar uma fotografia e exprime de seguida a sua
gratidão, acrescentando que a fotografia iria ser uma bela recordação.
41
l. c. p. 10. “Wilhelm nahe: er öffnet die Lippen. Wilhelm und die Mutter: Nein du brauchst
nichts zu sagen, lieber Wilhelm. Wart damit, bis du anders nicht mehr kannst. Und verlier dein
Unbehaglichkeitsgefühl und deinen Mißmut nicht, die wirst du brauchen, wenn du schreiben
willst”.
42
l. c. p. 78. “Schon mit dem Reden jetzt erinnere ich mich und kriege Lustgefühle. Ich weiß,
daß ich dich später sehr lieben werde, Therese.”
43
l. c. p. 79. “Ein Mann, der sein Kind filmt. Wilhelm: Auf diesem Film sind wir mit drauf. Sie
gehen weiter. Wilhelm: Ich möchte einmal ein Gedicht darüber schreiben, auf wievielen Fotos
und Filmen ich zufällig mit drauf bin”.
44
l c., p. 80. “Wilhelm allein . Er will den Koffer aufheben. Ein Mann tritt auf ihn zu.”
45
l. c. p. 49 e 78.
20
ser perseguida por um homem com uma câmara. O seu suicídio é filmado e o narrador
vê o filme em tempo real. Wilhelm está preso nas imagens que tornam, através da
repetição, o início do segundo movimento tão falso como o primeiro.
No filme, a sequência do livro em que são referidos outros filmes onde Wilhelm
aparece acidentalmente, a exclamação de Wilhelm: “Neste filme estamos também
nós”, torna-se auto-reflexiva relativamente ao médium. A narrativa completa,
transformada em imagens em movimento (falso), torna-se acidental para o
protagonista. O modelo do Bildungsroman de Goethe permanece exterior ao
protagonista, o que interioriza o outro protagonista de cada Bildungsroman, o leitor.
46
Ver Schings, l. c. e Voßkamp, l. c.
21
Também ele encontra uma imagem de uma mulher. Só ao nível da ilusão do
filme como médium, o encontro podia ser logo real. A não-acção de Wilhelm, o seu
mero olhar, torna a mulher imagem. Ela entra num comboio e o protagonista em vez
de a seguir, vê-a na janela como numa moldura. O encontro posterior é devido à
acção da mulher. Ela deixa a moldura, ela sai do quadro.
Sendo Teresa e não Natalie (a figura dos “Anos de Aprendizagem” que não
existe em Handke e Wenders) e sendo transformado em imagem pelo Wilhelm,
movimento e tendência são falsos.
47
Rutschky, Michael, Lebensromane. Zehn Kapitel über das Phantasieren, Göttingen 1998.
22
conduzir a um outro romance. O romance da Bildung concebido por Morgenstern pode
agora ser um romance qualquer. A imaginação modela a vida.
A obra tem uma forma própria, que escapa à classificação. O autor constrói
biografias – geralmente – fictícias que ele analisa paralelamente à construção delas
através das mais importantes teorias contemporâneas. A forma desta análise consiste
na introdução dos representantes das respectivas teorias como interlocutores.
Assim cada um é obrigado a desejar o que não há. Cada um precisa do seu
romance próprio.”48
48
l.c., p. 7. “Niemand kriegt, was er sich wirklich wünscht. Deshalb machen wir ja weiter. Wenn
man nur ein einziges Mal bekäme, was man sich wirklich wünscht, man würde auf der Stelle mit
dem Leben aufhören.
So muß man fortfahren, sich etwas zu wünschen, das nicht da ist. Jedermann braucht seinen
höchstpersönlichen Roman”.
49
l. c., p. 9. “Ikarus, ein Mensch, der Unmögliches vermag, nämlich zu fliegen, kommt dabei der
Sonne zu nahe und stürzt ab - wahrscheinlich ist Ikarus der mythische Inbegriff dessen, der am
Erfolg scheitert.” Note-se que a crítica literária mostrou que o mito de Ícaro já se encontra,
ligado à imaginação, por detrás da concepção do Wilhelm do primeiro livro dos Anos de
23
Lebensroman com o Familienroman der Neurotiker. O Lebensroman não exige ser
escrito, ao contrário, proíbe o registo escrito.50 “O espaço da ambição é no fundo a
imaginação – o romance, o romance da vida não escrito e impossível de escrever. O
que, como foi dito, se deseja na própria vida no mais profundo, só tem lugar neste
romance, não na realidade social.”51 O Lebensroman do trabalho próprio não depende
do conceito da auto-realização através do trabalho na tradição de Hegel e Marx.
Sendo o imaginário o espaço do prestígio do trabalho próprio, este é aspirado sob
forma do auto-esquecimento.52 A ideia do trabalho próprio como trabalho do artista
nasce no vazio que deixa o desaparecimento do trabalho.
24
realização56 na vida prática. O espaço do imaginário (Einbildung) é essencial para
ideia e realização de Bildung.
56
A primeira das poucas interpretações, para além da de Friedrich Schlegel, que não cai na
armadilha - dissimulada na estrutura irónica do romance - da interpretação unidimensional do
caminho de Wilhelm como auto-realização do protagonista via Bildung provém de Karl
Schlechta (Wilhelm Meister, Ffm., 1953). Martin Swales, The Geman Bildungsroman from
Wieland to Hesse, Princeton 1978, também não vê nenhuma harmonia em relação ao
protagonista no fim do romance. Em “Der deutsche Bildungsroman in komparatistischer Sicht”
in Rupp, Heinz e Roloff, Hans-Gert ed. Akten des VI. Internationalen Germanistenkongresses,
Basel 1980, p. 117-125. Swales destaca a auto-reflexividade do romance relativo ao género,
considerando o Bildungsroman um comentário aos eminentes resultados do romance europeu.
57
In therapeutischer Gesellschaft
58
Rutschky, p. 235. “…Gerlinde Stürzenbecher macht immer so weiter.”
25
sentido da faculdade de auto-determinação do sujeito - à reflexividade - no sentido da
reflexão desta auto-derminação - constitui essencialmente o conceito da Bildung, a
personagem em Rutschky já não consegue a auto-realização sob forma de Bildung.
Tal é então a situação da personagem Gerlinde Stürzenbecher, assim como das
personagens Wilhelm Meister de Goethe, de Handke e de Wenders, nenhuma delas
sendo submetida ao processo (conseguido) da Bildung. A forma reflexiva do processo
é a condição para a possibilidade do sujeito poder livremente criar-se a si próprio. A
Bildung não é para os protagonistas dos Bildungsromane mas para o leitor.
59
l.c., p. 254.
60
l. c., p.261ff.
26
Bibliografia
BEHLER, Ernst (1993). “Goethes Wilhelm Meister und die Romantheorie der Frühromantik”, in
Behler Ernst, Studien zur Romantik und zur idealistischen Philosophie, Paderborn 1993,
p. 157-172.
KRITSCHIL, Larissa (1999). Zwischen “schöpferischer Kraft” und “selbstgeschffnem Wahn”. Die
Imagination in Goethes Romanen, Würzburg.
SWALES, Martin (1978). The Geman Bildungsroman from Wieland to Hesse, Princeton 1978.
VOSSKAMP, Wilhelm (2004). “Ein anderes Selbst”. Bild und Bildung im deutschen Roman des
18. und 19. Jahrhunderts, Göttingen.
27