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Iluminação pública e urbana
Capítulo I Novo!
Conceitos fundamentais I
Por Plinio Godoy*
Nesta edição iniciamos uma série de 12 Este trabalho é um processo vivo, Na história científica, foram
artigos sobre iluminação pública e urbana, assim, sugestões e comentários são bem- formuladas diferentes teorias para explicar
objetivando levar ao leitor uma visão vindas a fim de aprimorar sempre a a luz, sendo a primeira tentativa efetuada
geral dos aspectos técnicos, normativos e informação e a busca pela qualidade da por Isaac Newton no século XVII com a
de soluções, possibilitando melhorar sua iluminação em nossas cidades, visando a chamada Teoria Corpuscular, com base
capacidade crítica e permitindo uma análise iluminação social. em três premissas: 1. Os corpos luminosos
mais embasada nos conceitos fundamentais, Parte do material a ser utilizado nestes emitem energia radiante em formas de
conhecimentos, dicas e detalhes técnicos que capítulos foram desenvolvidos no livro partículas; 2. Estas partículas propagam-se
muitas vezes passam despercebidos dos olhos “Iluminação Urbana”, escrito por mim, em linhas retas; 3. Estas partículas atuam
destreinados. Plinio Godoy, e por Paulo Candura. sobre a retina, estimulando uma resposta
Não temos aqui a pretensão de que produz uma sensação visual.
desenvolver um curso de iluminação, mas Conceitos básicos Já no final do século XVII, o holandês
sim levantar alguns assuntos importantes, Christiaan Huygens lançou a Teoria
aguçando a curiosidade daqueles interessados Define-se “luz” como a energia Ondulatória da Luz, com base nas premissas
para aí sim buscar um aprofundamento. radiante que é capaz de excitar a de que a luz é resultado das vibrações
Como diz o nome deste fascículo, retina do olho humano e produzir, por moleculares no elemento luminoso e de
abordaremos a iluminação pública e urbana, consequência, uma sensação visual, que as vibrações são transmitidas em um
pois entendemos a existência de questões desencadeando o processo de percepção meio denominado “Éter”, com movimento
específicas nestas duas áreas, lembrando o visual. A compreensão completa da luz ondulatório em forma similar às ondas da
entendimento mais abrangente da iluminação implica não somente o conhecimento água. E estas vibrações assim transmitidas
como um todo: a Iluminação das cidades! das leis físicas sobre sua natureza como atuam sobre a retina do olho humano,
Dividimos assim os assuntos a serem também as respostas do ser humano estimulando uma resposta que produz a
discutidos neste espaço: perante esse fenômeno. sensação visual.
Capítulo 1 Conceitos fundamentais I Mais adiante, no século XIX, o físico
Capítulo 2 Conceitos fundamentais II escocês James Clerk Maxwell estabelece
Capítulo 3 Fotometria básica a Teoria Eletromagnética, partindo da
Capítulo 4 Iluminação urbana
ideia de que os corpos luminosos emitem
Capítulo 5 Fontes de luz na iluminação urbana
luz por meio de energia radiante. Esta
Capítulo 6 Luminárias na iluminação urbana
Capítulo 7 Eletrônica na iluminação urbana energia se propaga em forma de ondas
Capítulo 8 Iluminação viária eletromagnéticas, que atuariam sobre
Capítulo 9 Iluminação de áreas verdes a retina do olho humano, estimulando
Capítulo 10 Iluminação de valorização urbana uma resposta que produz a sensação
Capítulo 11 Poluição luminosa
visual. As ondas eletromagnéticas são
Capítulo 12 Plano mestre de iluminação urbana
campos elétricos e magnéticos paralelos
Apoio
se propagando no espaço e têm velocidade século XX, dirigiu sua atenção ao que Unificando as teorias acerca da luz, os 29
c = lf, em que c é a velocidade da luz, l o era, todavia, um problema não resolvido cientistas Louis De Broglie e Heisenberg
comprimento de onda, que é a distância pela física do século XIX, e que consistia estabeleceram as premissas de que cada
entre os picos, e f é a frequência (o na distribuição entre os diversos elemento de massa em movimento tem
inverso do período de uma oscilação). comprimentos de onda da energia associado uma onda cuja longitude é
As diferentes frequências de oscilação calorífica irradiada por um corpo quente. definida pela equação:
estão associadas a diferentes tipos de Sob certas condições ideais, a energia
radiação. Por exemplo, ondas de rádio se distribui de um modo característico. l=h/mv
têm frequências menores, a luz visível tem Planck demonstrou que podia ser
frequências intermediárias e a radiação explicada supondo que a radiação Em que l é a longitude de onda associada
gama tem as maiores frequências. eletromagnética era emitida pelo corpo ao movimento de onda; h é a constante de
A Teoria do Eletromagnetismo foi o em pacotes discretos aos quais chamou Planck; m é a massa da partícula; e v é a
que permitiu o desenvolvimento da Teoria “quanta”. velocidade da partícula.
Restrita (ou Especial) da Relatividade por O postulado de Planck parte do ponto
Albert Einstein, em 1905, descrevendo de que a energia é emitida e absorvida
a física do movimento na ausência de em quantidades definidas (Fótons) e A radiação visível
campos gravitacionais. A noção de que o valor energético de cada fóton é
variação das leis da física no que diz determinado pelo produto de: A energia radiante na parte visível
respeito aos observadores é a que dá nome do espectro está inserida entre duas
à teoria, à qual se acrescenta o qualificativo hxv longitudes de onda, 380-770 nanômetro
de especial ou restrita, por limitar-se (IESNA, 1993). Isso significa que os olhos
apenas aos sistemas em que não se têm em Em que: h = 6,626 x 10-34 (Constante de humanos estão aptos a enxergar a radiação
conta os campos gravitacionais. Plank) e v = frequência da vibração do dentro destes comprimentos de onda, é o
O físico Max Planck, no início do fóton (Hz). que chamamos de luz (Figura 1).
Apoio
30
Iluminação pública e urbana
Figura 2 – Refração.
32 Fluxo luminoso
Sensibilidade espectral do por E, sua unidade de medida é o Lux e é
olho humano calculada pela relação lm/m2.
Iluminação pública e urbana
Intensidade luminosa
34 é a luz que se propaga numa dada direção, sendo uma medida relativa à percepção de aparência diante de uma fonte de luz. A luz
dentro de um ângulo sólido unitário e sua luminosidade da luminância. artificial, como regra, deve permitir ao olho
Iluminação pública e urbana
36 analisar os efeitos psicológicos da luz nas direta ou indireta das fontes de luz em
pessoas – uma abordagem qualitativa. intensidades que possam atrapalhar ou
Iluminação pública e urbana
Fontes de luz 37
As lâmpadas incandescentes produzem somente este fato não conseguia produzir Para uma especificação perfeita, devem ser
luz através da incandescência de um luz por longos períodos de tempo em conhecidos certos aspectos de uma lâmpada
filamento confeccionado a partir dos metais função da queima do filamento. incandescente como potência (W); tensão de
de transição tungstênio e molibdênio. Verificou-se que, inserindo este operação (V); bulbo; e base. A potência de
O inventor e empresário americano filamento em um ambiente sem ar, ou uma lâmpada, definida em watts (W), equivale
Thomas Edison, o precursor da lâmpada seja, no vácuo, ele produzia luz por mais à potência consumida pela lâmpada em uma
incandescente, verificou que, para o tempo. E o desenvolvimento tecnológico da hora de operação. Assim, uma lâmpada de 100
filamento produzir luz, bastava aquecê-lo lâmpada possibilitou chegar no que hoje é watts equivale a um equipamento que consome
utilizando-se da energia elétrica. Porém, uma lâmpada incandescente. 100 watts por hora.
Apoio
30
Iluminação pública e urbana
Capítulo II
Neste capítulo, são apresentados Como iniciar um projeto de ABNT NBR 5101-2012:
alguns conceitos fundamentais para o iluminação de uma via? A primeira Saber as características da via é
bom entendimento das questões relativas informação que devemos buscar é fundamental para a definição das soluções.
à Iluminação urbana. a largura do leito carroçável (w). A
A partir de uma instalação típica segunda informação importante que Classificação da distribuição
de iluminação pública, vamos entender precisamos definir é a categoria da das intensidades das
como os diversos dados se relacionam e via e, por consequência, os índices luminárias
como interpretá-los para a definição da luminotécnicos que temos de atender.
correta solução para seus projetos. Esses índices são encontrados na norma Esta classificação é necessária para
definição do tipo de fotometria que
Volume de tráfego da via devemos utilizar para aproveitar ao
Nota: Para vias com tráfego menor do que 150 veículos por hora, consideram-se as exigências mínimas do
um dos fatores essenciais de iluminação
grupo leve (L) e, para vias com tráfego muito intenso, superior a 2.400 veículos por hora, consideram-se as eficiente em vias. As intensidades
exigências máximas do grupo de tráfego intenso (I).
emitidas pelas luminárias são controladas
Tabela 2 – Tráfego de pedestres a direcionalmente e distribuídas de acordo
com a necessidade para visibilidade
Classificação Pedestre cruzando vias com tráfego motorizado.
adequada (rápida, precisa e confortável).
Distribuições de intensidades são,
Sem tráfego (S) Como nas vias arteriais
geralmente, projetadas para uma faixa
Level (L) Como nas vias residenciais médias
típica de condições, as quais incluem altura
Médio (M) Como nas vias comerciais secundárias
de montagem de luminárias, posição
Intenso (I) Como nas vias comerciais principais
transversal de luminárias (avanço),
a
O projetista deve levar em conta esta tabela, para fins de elaboração do projeto. espaçamento, posicionamento, largura
Apoio
das vias a serem efetivamente iluminadas, b) Distribuição média: três tipos de distribuição vertical (curta, 31
porcentagem do fluxo luminoso na pista e Quando o seu ponto de máxima média e longa, conforme Figura 1);
áreas adjacentes, mantida a eficiência do intensidade luminosa encontra-se na
sistema.” região “M” do sistema de coordenadas, b) Tipo II
isto é, entre 2,25 AM LTV e 3,75 AM LTV. Quando a linha de meia intensidade
A distribuição das intensidades máxima fica compreendida entre a LLV
luminosas da luminária em relação à via c) Distribuição longa: 1,75 AM e a linha de referência na área
é classificada de acordo com três critérios: Quando o seu ponto de máxima dos três tipos de distribuição vertical
intensidade luminosa encontra-se na (curta, média e longa, conforme Figura
• Distribuição longitudinal (em plano região “L” do sistema de coordenadas, 1);
vertical); isto é, entre 3,75 AM LTV e 6,0 AM LTV.
• Distribuição transversal; c) Tipo III
• Distribuição da emissão de luz para o céu. Classificação das luminárias Quando a linha de meia intensidade
em relação à distribuição máxima ultrapassa parcial ou totalmente
As distribuições longitudinais transversal das intensidades a LLV 1,75 AM, porém não ultrapassa
verticais das intensidades luminosas luminosas a LLV 2,75 AM na área dos três tipos
dividem-se em três grupos: de distribuição vertical (curta, média e
a) Tipo I: longa, conforme Figura 1);
a) Distribuição curta: Quando a linha de meia intensidade
Quando o seu ponto de máxima máxima não ultrapassa as linhas LLV d) Tipo IV
intensidade luminosa encontra-se na 1,0 AM, tanto do “lado das casas” como Quando parte da linha de meia intensidade
região “C” do sistema de coordenadas, do “lado da via”, caindo em ambos os máxima ultrapassa parcial ou totalmente a
isto é, entre 1,0 AM LTV e 2,25 AM LTV. lados da linha de referência na área dos LLV 2,75 AM (ver Figura 1).
Apoio
Figura 1 – Diagrama mostrando a relação das LTV e LLV na via e na esfera imaginária, cujo centro Figura 3 – Tipos de distribuição de iluminação
é ocupado pela luminária. externa, de acordo com a IESNA.
34 A distribuição de luz para o céu pode a) Distribuição totalmente limitada (full luminosa acima de 80° não excede 10%
ser mais precisamente definida como: cut-off) dos lúmens nominais da fonte luminosa
Iluminação pública e urbana
Vias arteriais; vias de alta velocidade de tráfego, com separação de pistas; vias de mão Requisitos luminotécnicos
dupla, com cruzamentos e travessias de pedestres em pontos bem definidos; vias
rurais de mão dupla com separação por canteiro ou obstáculo
Com a informação da tipologia da via
Volume de tráfego intenso V1
– via de trânsito rápido, arterial, coletora
Volume de tráfego médio V2
e local – é preciso consultar as tabelas 3
Classe de
Descrição da via e 4 (respectivamente, as tabelas 4 e 5 da
iluminação
ABNTNBR 5101/2012). Estes valores são
Vias coletoras; vias de tráfego importante; vias radiais e urbanas de interligação entre estabelecidos para as partes retas das vias.
bairros, com tráfego elevado
Situações distintas devem ser encontradas
Volume de tráfego intenso V2
Volume de tráfego médio V3
no capítulo 6 da mesma ABNT NBR
Volume de tráfego leve V4 5101/2012.
Conhecendo a classe de iluminação,
Vias locais; vias de conexão menos importante; vias de acesso residencial
Volume de tráfego médio V4 é preciso consultar os índices na Tabela 3
Volume de tráfego leve V5 (tabela 5 da ABNT NBR 5101/2012):
35
Tabela 6 – Iluminância média e fator de uniformidade mínimo a lâmpada ou o reator falham e, assim,
para cada classe de iluminação
o ponto é acessado pelas equipes de
Classe de Iluminância horizontal Fator de uniformidade manutenção.
iluminação média emed lux mínimo u=e min/ emed
Com a adoção do Led, podemos
P1 20 0,3
definir equipamentos que são
P2 10 0,25
P3 5 0,2 desenvolvidos para uma depreciação
P4 3 0,2 de 30%, porém, há soluções que já
apresentam menor depreciação para
Tabela 7 – Requisitos de a limpeza do conjunto. A recomendação da uma determinada quantidade de horas
luminância e uniformidade
ABNT NBR 5101/2012 é que a depreciação de operação, como 10%, por exemplo.
Classe de U0 Ul TI
Lmed SR máxima admitida seja igual a 30%, isto é, Assim, podemos ter um sistema com
iluminação ≥ ≤ %
V1 2,00 0,40 0,70 10 0,5 quando os níveis luminotécnicos mantidos maior depreciação com um custo menor
V2 1,50 0,40 0,70 10 0,5 atingirem 70% dos índices iniciais, deve-se ou um sistema com menor depreciação
V3 1,0 0,40 0,70 10 0,5 adotar o procedimento de manutenção com com um custo inicial maior. Cada solução
V4 0,75 0,40 0,60 15 -
a limpeza da luminária e troca da fonte de pode se adaptar melhor dependendo do
V5 0,50 0,40 0,60 15 -
luz. retorno do investimento.
Com a utilização tradicional das
Perfil de manutenção lâmpadas, é comum estabelecer a Encontrando a solução
manutenção do sistema quando este
Um detalhe importante que deve ser atingir os 30% de depreciação, porém, Considerando a largura da via, temos
considerado é a previsão de manutenção do na prática, o que ocorre é a manutenção algumas possibilidades de instalação das
sistema, ou seja, qual o período previsto para quando ocorre uma falha do sistema, ou luminárias:
Apoio
Unilateral (U)
Fonte: www.voltimum.pt/artigos/ordenamento-da-ilumincao-publica.
entre guias é superior a 13 m, ou,
excepcionalmente, em ruas de grande Softwares de auxílio
Figura 5 – Posicionamento unilateral
movimento.
Bilateral com centros Softwares gratuitos ou fornecidos
alternados (B-A) por fabricantes podem auxiliar a obter as
definições.
Este tipo de posicionamento, com as Um software gratuito disponível para
luminárias em ambos os lados da via em download é o DiaLux e pode ser baixado
um sistema alternado, é normalmente no seguinte endereço: http://www.
utilizado nos locais em que as distâncias dial.de/DIAL/en/dialux-international-
entre fachadas é de 15 m a 18 m ou a download/portugues.html
distância entre guias esteja compreendida Fonte: www.voltimum.pt/artigos/ordenamento-da-ilumincao-publica.
Outro software muito utilizado,
Figura 7 – Posicionamento bilateral com
entre 10 m a 13 m, ou excepcionalmente independemente de fabricantes, é o
centros opostos
em ruas de grande movimento. AGI32 (www.agi32.com).
Esta disposição, apesar de um custo Central dupla (C-D)
mais elevado, permite uma melhor Assim, para uma via:
uniformidade da iluminância, sendo Este tipo de posicionamento, com
aconselhada em vias de tráfego médio ou duas luminárias instaladas em um único • Largura: W = 8,0 m
intenso. apoio, é normalmente usado em vias • Classificação: V3
Apoio
• Luminância : Lmed = 1,0 - Padrão ABNT NBR 5101/2012 vias, mão simples
• Disposição: Unilateral
• Montagem: H = 8,0 m
• Recuo da calçada: 0,5 m
• Faixas: 02
• Inclinação: 5,0 graus
Figura 11 – Resultados.
- Altura de montagem
- Comprimento do braço
Apoio 39
- mecânicas;
- elétricas;
- apresentando os resultados
luminotécnicos desejados;
- montagem desejada;
- temperatura média e ventos médios da
região.
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Iluminação pública e urbana
Capítulo III
Fotometria básica
Por Plinio Godoy*
Intensidade luminosa
Figura 2 – Relacionando o fluxo de água total que sai do chuveiro ao fluxo de luz total que sai da
luminária, a intensidade luminosa seria o jato de água que sai de cada furinho do chuveiro.
• Unidade de medida: candela"
• Abreviação: cd"
• Símbolo: I" intensidade energética nessa direção medido em candela (cd). O conceito de
• Fórmula: I = ϕ / ω" é 1/683 watt por esterradiano."Para intensidade luminosa pode ser descrito
• A candela é a intensidade luminosa, entender o conceito, imaginemos um pela unidade de luz, que, quando
em uma dada direção de uma fonte, que chuveiro no lugar de uma luminária: somada, resulta no fluxo luminoso da
emite uma radiação monocromática A definição de luminância utiliza fonte. Dessa forma, a integral de todas
de frequência 540 x 1012 hertz e cuja um conceito de intensidade luminosa (I) as intensidades luminosas emitidas por
33
Apoio
Fluxo luminoso
Figura 3 – Esferorradiano.
Apoio
34
Iluminação pública e urbana
o que, normalmente, acontece são curvas as intensidades para cada ângulo no plano,
assimétricas que precisam então de muitos temos uma curva de intensidade luminosa.
planos de corte para expressar a distribuição A Figura 6 mostra uma curva de uma
da luz no espaço de maneira fidedigna. lâmpada incandescente refletora. Este tipo
Aproveitando a imagem, notamos que, de curva também é chamada de “curva de
se criarmos uma curva que conecte todas distribuição polar”.
40 Esta questão pode fazer seu cálculo Uma dica interessante é desenvolver - Altura de montagem;
utilizar a luminária corretamente, os cálculos com o seu software - Distância entre postes;
Iluminação pública e urbana
32
Iluminação pública e urbana
Capítulo IV
Este capítulo abordará o tema ou seja, dos aspectos projetuais baseados da região, aspectos turísticos e acima de
“qualidade na iluminação urbana”, um na quantidade de luz em determinada tudo, levando em consideração as pessoas.
tema bastante interessante, visto que via ou espaço público, para a abordagem Quando as pessoas são levadas em
abrange os conceitos mais atuais ligados “qualitativa”, em que a quantidade de conta, tem-se como base de análise
à iluminação pública, a qualidade e seus luz é um dos aspectos estudados para o a percepção dos espaços que estas
benefícios para as pessoas. desenvolvimento do projeto de luz de pessoas vivenciam, como o resultado da
uma determinada região, espaço ou até iluminação impacta na visão objetiva e
A boa iluminação urbana de uma cidade inteira. subjetiva delas.
Uma das questões mais interessantes Assim, podemos entender que Acredito que, no futuro, os processos
no âmbito da iluminação urbana é o a qualidade pode ser aplicada na projetuais serão mais elaborados neste
entendimento da sua importância na iluminação urbana quando esta considera sentido, buscando a qualidade dos
qualidade de vida das pessoas que utilizam não somente questões normativas, mas espaços como uma resultante entre o
os espaços públicos no período noturno. também questões relacionadas com a espaço, a luz existente e a percepção das
É comum analisarmos o fato da arquitetura, a composição urbanística, os pessoas, pois é para elas que devemos
migração das abordagens “quantitativas”, usos e costumes locais, a microeconomia trabalhar.
Figura 1 – As fotos mostram dois momentos urbanos na cidade de Nova York, à esquerda durante o dia e à direita durante a noite.
Apoio
33
A percepção do meio urbano de informações e o cérebro utiliza muito Para exemplificar a capacidade da
A percepção do meio urbano esta qualidade para interpretar os lugares, luz de criar prioridades na percepção
noturno é uma relação de causa e efeito até para impor sentimentos, como a do espaço, à noite, observe o quadro
como a percepção durante o dia, porém, sensação de segurança. de Rambrandt conhecido como “Night
na noite, temos a existência de regiões Pela capacidade da luz de mostrar ou Watch”, datado de 1642, em que, com
escuras, não iluminadas, que alteram o não os elementos, há também a capacidade a utilização de técnicas de iluminação,
espaço significativamente. de alterar um espaço ou elemento, o que percebemos as prioridades na percepção
Costumo dizer que na noite, o que não podemos utilizar de maneira positiva do espaço, valorizando-os mais ou
é iluminado, desaparece, e podemos sim para valorização e destaque de partes do menos, levando o observador a perceber
perceber esta questão com um exemplo todo, mudando a percepção deste espaço. o meio conforme o artista desejou.
simples: pensando em um caminho,
onde sabemos exatamente onde entrar,
qual esquina virar, mas, durante a noite,
como algumas referências urbanas não
são iluminadas, perdemos muitas vezes a
capacidade de orientação e passamos a não
ter tanta facilidade em desenvolver aquele
caminho.
As imagens da Figura 1 foram
registradas dos mesmos lugares, e
notamos quão diferentes são entre os dois
períodos. A percepção dos espaços muda
completamente, pois a visão tem uma Figura 2 – Imagem do quadro “The night watch”, de Rembrandt van Rijin, de 1642. (www.
importância muito grande na transmissão huffingtompost.com)
Apoio
34
Nytimes.com
Iluminação pública e urbana
No plano de iluminação urbana, dos equipamentos utilizados no projeto, uma das características do equipamento
devemos considerar esta questão de sua utilização efetiva, focalização, utilizado, diferentes equipamentos
maneira fundamental, pois a luz tem a posicionamento, e a resultante da podem apresentar mesmo fluxo
capacidade de impor às pessoas a visão luz projetada nos volumes e planos luminoso porém diferentes fotometrias,
e a percepção do espaço, trabalhar com observados. o que causará mudanças nos resultados
essa ferramenta tão potente exige muito A distribuição da luz no espaço é obtidos em relação aos projetados.
cuidado e critério, pois ao contrário de
melhorar a vida das pessoas, podemos
Ledmagazine.com
trabalhar o contrário.
O universo da qualidade na iluminação
urbana é vasto, pois entender todas as
relações entre o espaço e a pessoa demanda
análises holísticas, arquitetônicas, urbanas,
paisagísticas, antropológicas, etc.
Dentro do aspecto da iluminação,
temos algumas questões básicas que
impactam na qualidade da iluminação
de um determinado lugar, afetando seus
usuários, as pessoas.
Distribuição de luz
A distribuição de luz no espaço é uma
resultante da característica fotométrica Figura 4 – Distribuição da luz no espaço.
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36
medada.net
Iluminação pública e urbana
Figura 5 – A mesma pessoa é iluminada com o mesmo foco posicionado diferentemente em relação à câmera.
Não há equipamentos similares, a ponto de se tornar padrão em sua maneira, utilizar equipamentos com
há sim equipamentos equivalentes, maioria, pela utilização indiscriminada bom controle ótico é uma decisão,
principalmente quando usamos a de luminárias com baixo controle ótico. além de técnica, fundamental para o
tecnologia Led. As luminárias utilizadas na bem-estar das pessoas, pois este tipo de
Uma mesma fonte de luz, utilizada iluminação viária, por exemplo, podem efeito pode aumentar o nível de estresse,
de maneira diferente, cria efeitos exercer um grande impacto na qualidade interferir no sono, prejudicando a vida
completamente diferentes, como podemos da iluminação de uma cidade. Dessa das pessoas.
ver na Figura 5, em que a pessoa é
iluminada com o mesmo foco posicionado
www.illinoislighting.org
diferentemente em relação à câmera.
Uma das questões mais sensíveis aos
olhos humanos em relação à iluminação
é o que chamamos de “ofuscamento”.
O “ofuscamento” é, em resumo,
a utilização descontrolada da luz
em relação às pessoas e seus olhos,
este podendo ser classificado como
“desconfortante”, ou seja, aquele que cria
desconforto nas pessoas pela incidência
de luz no plano de visão, até “velador”,
aquela luz que, incidindo nos olhos, cria
uma cegueira temporária, impedindo
que as pessoas consigam ver os arredores.
Este ofuscamento ilustrado na Figura
6 é típico “velador” e deve ser evitado
sempre.
Já o ofuscamento desconfortante
Figura 6 – Situação em que o ofuscamento (à esquerda) impede a visão dos arredores, como
é muito presente nas cidades, comum mostra a imagem à direita.
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37
environmentallysound.wordpress.com
Figura 7 – Exemplo de ofuscamento desconfortante.
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goldendaleobservatory.com
Figura 8 – Níveis de controle ótico.
Classe de iluminação Luminância média mínima Emed, mín lux Fator de uniformidade mínimo U=Emín /Eméd
V1 30 0,4
V2 20 0,3
V3 15 0,2
V4 10 0,2
V5 5 0,2
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sfbetterstreets.org
os pontos mais iluminados e menos
Iluminação pública e urbana
http://science-technologies-engineering.com/
Figura 10 – Ponte na cidade de Los Angeles, iluminada anteriormente com sistema de lâmpadas a vapor de sódio de alta pressão (à esquerda) e
iluminada com Leds (à direita), apresentando uma melhor uniformidade.
luxreview.com
Iguzzini.com
Figura 11 – Fachadas podem usar o recurso da não uniformidade para Figura 12 - Um edifício iluminado de maneira a mostrar todos os seus
melhor resultado final. detalhes e volumes.
Apoio
41
Um cuidado que se deve ter ao
wondermondo.com
utilizar a não uniformidade para
valorizar um edifício é criar uma
desfiguração do mesmo quando no
período noturno.
Note que a face da torre não
iluminada cria uma distorção na
observação do prédio, utilizamos então
a capacidade do cérebro de prever
formas e volumes para completar a
observação do edifício, mesmo não
iluminado totalmente.
No próximo capítulo, serão
abordadas questões relacionadas à luz e
suas fontes geradoras.
40
Iluminação pública e urbana
Capítulo V
Fontes de luz
Por Plinio Godoy*
www.lowtechmagazine.com
as fontes de luz, que “na antiguidade”
chamávamos de lâmpadas, já que, hoje,
com o advento do Led, “nem tudo que
reluz é ouro”...
Nos diversos campos de atuação da
iluminação, algumas fontes de luz tomam
certa prioridade face às suas características
luminotécnicas, fotométricas e físicas.
Por exemplo, na aplicação comercial,
lojas e pontos de vendas, as fontes de
luz devem apresentar boa qualidade de
reproduzir as cores, devem ser pequenas e
possibilitar controle de ofuscamento, etc.
Já na aplicação voltada para a
iluminação pública, as fontes de luz
devem estabelecer uma boa relação
operacional com os processos de
manutenção. Isso porque se uma fonte de
luz apresentar uma baixa expectativa de
vida operacional ou vida útil, o sistema
de manutenção utilizado simplesmente
não aceitará este produto, pois tornará
o custo de troca excessivamente alto,
prejudicando o equilíbrio do contrato.
Então, para a área da iluminação
pública, quais as fontes de luz que
podemos considerar? A resposta a esta Figura 1 – Torres de iluminação com lâmpadas a arco voltaico. Algumas torres apresentavam 90
metros de altura.
pergunta está nas características das
fontes, na operação e na aceitação da arco”. Este tipo de lâmpada marcou os formação de um “arco voltaico” entre
população. tempos primeiros da iluminação pública, dois eletrodos de carbono, uma luz muito
No início, havia a luz proveniente sendo rapidamente sucedido pelas intensa de aparência azulada, motivo pelo
de lâmpadas que produziam luz com lâmpadas incandescentes. qual eram utilizadas em montagens altas e
a descarga de alta tensão através de Essas primeiras lâmpadas utilizavam geral.
eletrodos de carbono, as “lâmpadas a os princípios da produção de luz com a Esta solução não se mostrou
Apoio
41
interessante, pois criava um ambiente
Imgarcage.com
desagradável, porém, o que mais
inviabilizou sua utilização foram os altos
custos de troca dos eletrodos de carbono,
que apresentavam uma vida operacional
baixa, demandando constantes trocas.
Assim, a ideia não vingou pelas diversas
características contrárias, além do custo
de reposição dos eletrodos, fotometria
descontrolada, aparência da luz, resultado
da iluminação prejudicado pelas sombras
criadas pelos edifícios e outros elementos
urbanos, entre outras desvantagens.
A ideia naquele momento era criar-se
torres altas nas cidades, com uma luz
intensa que iluminaria grandes áreas.
Tentou-se ainda a utilização de
unidades de menor porte distribuídos
Figura 2 – Lâmpadas a arco voltaico.
em postes mais baixos que as torres,
no entanto, o resultado econômico era justamente na durabilidade seu grande incandescente considerada “utilizável”, ou
o mesmo, isto é, o custo operacional desafio. seja, economicamente viável.
elevado. Muitas tentativas foram desenvolvidas Assim, foram sendo desenvolvidas
Após esta tentativa de utilização, até Thomas Edson chegar na composição novas tecnologias, tentando aumentar a
surgiu a lâmpada incandescente, que teve de materiais utilizados na lâmpada vida operacional, a eficácia do sistema,
Apoio
42
Iluminação pública e urbana
Eliosvios.com
Interessante é perceber que muitas
das tecnologias hoje utilizadas foram
inicialmente desenvolvidas há muito
tempo, assim como as lâmpadas
fluorescentes, a vapor metálico e a vapor
de mercúrio.
Naquele momento, a produção de luz
era o que movia as pesquisas, precisavam
de fontes de luz que durassem mais e que
produzissem mais luz, diminuindo os
custos operacionais.
Era a abordagem “quantitativa” das Figura 4 – Evolução da eficiência das lâmpadas elétricas.
questões luminotécnicas que norteavam
não somente o desenvolvimento dos operacional e uma grande produção de Devemos entender que, desde as
produtos, mas também as aplicações. luz por watt consumido (Lm/W). primeiras tentativas de utilização de luz
Buscar mais luz por unidade de Porém, como vemos nas nossas no ambiente urbano, as fontes produziam
potência tornou-se a base da valorização cidades, hoje em dia, esta tecnologia luz predominantemente branca, desde as
da tecnologia, visto que tal produto produz luz visível em um espectro incandescentes até as lâmpadas a vapor de
produz mais luz por watt consumido. amarelo, deixando nossas cidades quase mercúrio em alta pressão.
Quando, nos anos 1950, foram monocromáticas. A tecnologia do Sódio (VSAP) trouxe
lançadas as lâmpadas a vapor de sódio As lâmpadas tipo vapor de mercúrio para o mundo real o resultado de luz
em alta pressão (VSAP), o mercado viu em alta pressão produziam uma luz diferente, amarelado, que inicialmente
nesta tecnologia uma solução bastante branca esverdeada, mas era entendida foi discutido, porém dada as vantagens
viável, pois apresentava uma longa vida como luz branca. econômicas e energéticas, foi superado.
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44
Energydepot.com
Esta tecnologia ficou tão difundida,
Iluminação pública e urbana
Led
O desenvolvimento da capacidade
de emissão de luz de um diodo
chamado “Light Emitting Diode (Led)”
Figura 6 – Iluminação com lâmpadas a vapor de sódio.
possibilitou sua utilização econômica,
ou seja, esta tecnologia mostrou-se
economicamente viável no quesito
econômico, técnico e operacional
com grandes vantagens em relação à
1995 1999 2004 2008 2012
tecnologia da lâmpada vapor de sódio
No de pontos (m) 8,8 11,3 13,4 14,7 16,1
em alta pressão.
Potência instalada (GW) 1,74 1,90 2,22 2,42 2,61
Os fabricantes do Led estão em
Consumo de energia (TWh/ano) 7,64 8,31 9,73 10,62 11,43
pleno desenvolvimento tecnológico
Vapor de mercúrio 81% 71% 47% 32% 24%
e é importante não focarmos nossa
Vapor de sódio alta pressão 7% 16% 46% 63% 71%
atenção para o chip, mas sim para o
Fonte: Eletrobrás e distribuidoras de energia elétrica – Fórum de IP – SP 21/05/2015
conjunto luminária, que é, de fato, o que
Figura 7 – Resultado do programa Procel Reluz, que promoveu a inserção maciça das lâmpadas
a vapor de sódio de alta pressão. utilizamos nos nossos projetos.
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45
http://images.slideplayer.com.br/1/281424/slides/slide_14.jpg
Figura 8 – Definição de lâmpada a vapor de sódio de alta pressão.
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http://www.altenergymag.com
por watt consumido é importante e vem
Iluminação pública e urbana
http://www.altenergymag.com
do fluxo luminoso de uma lâmpada, temos
o mesmo resultado final, pois o sistema
projetado se mostra muito mais eficiente.
Esse é o motivo pelo qual não podemos
comparar luminárias baseadas em lâmpadas
e luminárias baseadas em Led pelo fluxo
luminoso, temos que compará-las pela
fotometria.
Então, como definir qual solução Led
substituirá uma instalação VSAP existente?
Vamos lá:
Figura 11 – Iluminação com lâmpadas a vapor de sódio (esquerda) e com Leds (direita).
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48
Iluminação pública e urbana
• Largura da via; aproximadamente 50% menos energia ser utilizada na iluminação pública hoje e no
• Distância entre postes; quando comparamos uma boa luminária futuro, até a próxima mudança de paradigma
• Altura de montagem; a Led com as luminárias conforme norma tecnológica, que não sabemos qual será e
• Comprimento do braço; brasileira vigente para iluminação pública quanto tempo demorará.
• Inclinação; (luminárias fechadas). Sempre me perguntam qual a melhor
• Tipo da luminária utilizada; Importante salientar que este nível de solução: luminária Led, lâmpada Led,
• Tipo da lâmpada; economia não considera dimerização, ou placa de Led ou outra. Na verdade, o que
• Faça as medições conforme indicado na seja, considera que as luminárias a Led devemos entender é que a tecnologia produz
norma ABNT NBR 5101:2012; ficarão acesas 100% do tempo de utilização benefícios econômicos e técnicos, e a tomada
• Consiga a curva fotométrica da luminária na sua potência máxima. de decisão deve se dar buscando entender os
utilizada; Vamos ver no próximo capítulo que, ganhos que cada opção lhe trará.
• Faça os cálculos e defina o nível de na verdade, podemos obter reduções Eu, particularmente, acredito que
depreciação comparando os cálculos com as significativamente maiores quando para utilizar todas as vantagens das
medições (Utilize um software com a curva considerarmos a redução da potência características fotométricas, elétricas e
fotométrica da luminária). durante o período de utilização. térmicas do Led, devemos analisar a fundo
Assim, a tecnologia Led apresenta: as soluções integradas nas luminárias Led
Desenvolva uma estimativa de aplicação e não retrofit de lâmpadas de descarga
no seu software para a mesma instalação - Baixo custo operacional; com lâmpadas Led. Vamos ver isso mais
com diferentes potências de Led, chegando - Consome menos energia; detalhadamente na próxima edição deste
a um nível equivalente ao calculado e ao - Vida operacional superior; fascículo.
medido. - Curva de custo por escala decrescente;
Perceba que muitas vezes você constatará - Curva de produção de luz crescente nos * Plinio Godoy é engenheiro eletricista
que a instalação existente não atende aos especializado em lighting design. É
anos futuros;
consultor e lighting designer sênior da
valores mínimos recomendados por norma. - Facilmente controlável fotometricamente e CityLights.
Assim, você deverá realizar seus cálculos eletricamente;
Continua na próxima edição
visando ao atendimento destes requisitos - Digital.
Acompanhe todos os artigos deste fascículo em
apresentados no capítulo anterior. www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários
Normalmente, os resultados que você Estas razões são suficientes para o podem ser encaminhados para
redacao@atitudeeditorial.com.br
obterá mostrarão que serão necessários mercado definir o Led como a tecnologia a
Apoio
32
Iluminação pública e urbana
Capítulo VI
Led
Por Plinio Godoy*
Trabalhando no campo da iluminação, As fontes de luz na iluminação de reações eletromagnéticas, químicas, entre
percebo um momento muito interessante urbana outras, capaz de produzir radiação visível, que
que nos impede de falar somente da os olhos humanos captam e entendem.
lâmpada como fonte de luz. O mesmo Atuo no campo da iluminação desde 1983, Muitas outras formas de energia
aconteceu, há muito tempo, quando não se quando iniciei um estágio, na época, na fábrica poderiam ser consideradas luz se nossos olhos
podia mais falar do gás como forma “lógica” do pai de um amigo meu de escola. Foi neste conseguissem utilizá-las de forma útil. Seria um
de iluminar as cidades. momento que tomei contato com um mundo outro mundo para nós se conseguíssemos ver
O desenvolvimento busca novas fontes bastante específico com o qual me enamorei e o raio X, os infravermelhos ou os ultravioletas.
de luz mais econômicas, eficientes ou que decidi conviver eternamente, um verdadeiro No entanto, somos limitados e ficamos
produzam melhor luz, mas, muitas vezes, casamento que dá certo até hoje, passados mais apenas com uma estreita faixa energética que
criam-se novos mercados e a “geopolítica” de 30 anos. chamamos de luz.
do setor é completamente transformada. Esta fábrica possuía um goniofotômetro, Dentro da faixa UV, temos as UV-A, B e C
Com o advento do Led, nada mais fica fontes, lâmpadas de testes e ali comecei a sendo esta última considerada como germicida
como era antes. Até quando? Quem viver, aprender a como lidar com a luz. e a primeira utilizada para bronzeamento
verá! A luz é uma consequência de vários tipos artificial. Eu, particularmente, prefiro a praia.
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http://www.ledavice.com.au
se todas as mulheres parecessem estar
pegando fogo, não? Melhor ficarmos
com nossa visão da luz como já estamos
acostumados.
Conhecendo então as partes úteis da
radiação eletromagnética conhecida como
luz visível e sua vizinhança, devemos
entender que, como já mencionado
anteriormente, muitas coisas geram luz. No
entanto, essas “coisas” devem se mostrar
economicamente viáveis para serem
http://i-cdn.phonearena.com/
consideradas como fontes de luz para nossa
utilização.
A viabilidade econômica
34
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Iluminação pública e urbana
seguir que, em 1907, um britânico que Estas foram bem-vindas pelos produzem uma luz branca mais neutra
trabalhava no laboratório de Marconi, departamentos de iluminação, pois e com melhor reprodução de cores pela
chamado Henry Joseph Round, informou apresentavam uma vida útil maior do adição de halogenetos metálicos ao tubo
a primeira vez que conseguiu uma luz que as lâmpadas de mercúrio, alguns de descarga da lâmpada de mercúrio,
amarelada aplicando 10 V em um cristal de modelos ficaram bastante famosos, pois porém, dependendo da aplicação, ainda
Carborundum (Silício). eram híbridos, ou seja, não precisavam de apresentava baixa vida útil.
reatores específicos, depois com o tempo No teatro, as lâmpadas incandescentes
Utilizando as novidades tínhamos as claras, as foscas, as ovoides e as e as halógenas eram as mais utilizadas,
tubulares, que substituíam as lâmpadas de pois eram eventos de curta duração e
Na vida prática, muitos de nós fomos mercúrio. que utilizavam muito a capacidade de
testemunhas da evolução das fontes de luz O que se notava era que a luz produzida reprodução de cores.
no âmbito da iluminação urbana. Lembro pela lâmpada se comportava de maneira
que, ainda pequeno, morador do bairro diferente com essa substituição. Os sistemas Aspectos quantitativos da luz
de Pinheiros, em São Paulo (SP), quando óticos não eram equivalentes. Por essa
houve a troca da lâmpada incandescente razão, criaram-se as lâmpadas ovoides Considerando os aspectos operacionais,
que existia desde então, na frente do prédio foscas para substituir fotometricamente as como consumo energético e vida útil, a
que morava, por uma outra fonte de luz lâmpadas a vapor de mercúrio. lâmpada a vapor de sódio de alta pressão se
muito branca, a impressão que tive era de Foram desenvolvidas as famosas estabeleceu no Brasil como a fonte de luz a
que a noite tinha virado dia. Era a lâmpada luminárias “Cobraheads” ou “Cabeças de ser utilizada nas cidades.
a vapor de mercúrio em alta pressão, a Cobra”, inicialmente nos Estados Unidos e Programas federais, como o Procel
conhecida VM. Isso aconteceu por volta depois copiadas no mundo inteiro. Reluz, incentivaram o uso desta tecnologia
de 1970. Lembro que as pessoas saíam nas Em outras aplicações, havia a com luminárias fechadas e fotometria
ruas, de noite para ver o mundo claro e necessidade de lâmpadas que reproduzissem específica, resultando, assim, na visão geral
branco. melhor as cores, como em eventos das nossas cidades, as “cidades laranjas”.
Pensando bem, a iluminação não era esportivos. A tecnologia dos eletrodos de Vamos entender a situação:
ruim, comparando-se com a luz fraca carbono era utilizada, mas a um alto custo
da lâmpada incandescente, que também operacional, pois as lâmpadas não duravam • As normas relativas à iluminação
não era ruim. Não se reclamava da luz muito, além de serem caras, o que tornava a pública utilizam quantidade de luz como o
produzida, era uma luz branca morna operação bastante dispendiosa. principal objetivo do sistema de iluminação;
e até agradável. Ocorre que, mais tarde, Foram desenvolvidas as lâmpadas • Os luxímetros e fotômetros medem a
vieram as lâmpadas a vapor de sódio, que chamadas lâmpadas a vapor metálico, luz visível que chega no plano da via e que
produziam uma iluminação alaranjada, a que produziam luz de razoável qualidade é refletida ao observador com base em uma
qual os fabricantes chamavam de “branco- a um custo operacional menor que as curva de sensibilidade que é calibrada pela
dourada” (marketing é tudo!). lâmpadas de eletrodos. Estas lâmpadas visão diurna (fotópica);
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produz melhores resultados que outras fontes
Iluminação pública e urbana
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cores.
Somente percebemos o quanto esta
qualidade é importante quando vivenciamos
um espaço iluminado por fontes de luz que
têm maior capacidade de reprodução de
cores, pois estamos tão acostumados a usar
as cidades sob a luz amarela da lâmpada a
vapor de sódio que já estabelecemos uma
relação de expectativa.
Esta questão foi bastante observada
quando a iluminação da Avenida Paulista, em
São Paulo, foi substituída de VSAP para vapor
metálico, quando muitos acharam estranho
por estarem acostumados com a luz amarela.
Hoje, passado algum tempo, a iluminação
branca passou a ser uma referência de
qualidade para as cidades.
Atualmente, muitas cidades estão
mudando os sistemas de iluminação para a
luz branca, o que é interessante, mas, como
sempre, alguns cuidados são necessários.
A luz branca
37
Vejam que o regime de visão fotópica
(Photopic vision regime) percebe níveis de
www.arrivealive.co.za
iluminação superiores e como os fotômetros,
luminancímetros e luxímetros, em sua
maioria, utilizam as curvas de sensibilidade
fotópica, teremos uma leitura que não é
diretamente relacionada com a realidade.
Assim, se tivermos atendendo à
norma com uma classificação que define a
iluminância média em 30 lux, teremos, na
verdade, mais luz quando utilizamos a luz
branca do que quando utilizamos lâmpada
VSAP, por exemplo.
Esta percepção se relaciona com
o conceito de lúmens efetivos, ou seja, curva fotópica. dos cálculos, deveríamos multiplicar o
dependendo do tipo de fonte de luz e suas Estas considerações devem ser bastante fluxo luminoso apresentado no catálogo da
características espectrais, teremos nossa analisadas, pois muitas vezes os cálculos lâmpada VSAP por 0,62 e o da lâmpada a
visão mais ou menos estimulada e, por luminotécnicos podem levar a um erro, vapor metálico por 1,49, o que impactará seus
consequência, nossa percepção da claridade. considerando que podem avaliar somente a resultados definitivamente.
Uma relação que demonstra a capacidade visão fotópica, e não a mesópica, correta para É importante salientar que a aplicação
de uma fonte de luz ser percebida pelos olhos o ambiente urbano noturno. dos lúmens efetivos e sua aceitação técnica
humanos é chamada de S/P Ratio (Scotopic Veja o índice das lâmpadas VSAP e dependerá da revisão das normas brasileiras
/ Photopic) e seu valor é um multiplicador comparem com as lâmpadas a vapor metálico, respectivas de iluminação. Vemos aqui um
do fluxo luminoso medido pelo sensor com 0,62 X 1.49. Na prática, para a elaboração um exemplo prático (foto):
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http://image.slidesharecdn.com/ellipzlightingtechnologyoverview
quer seja com lâmpadas de descarga, quer
Iluminação pública e urbana
Led
• Aparência de cor
O universo de fabricantes e produtos
Led é bastante grande e a padronização é
muito pequena, ou seja, diferentemente
das lâmpadas, que eram equivalentes entre
suas tecnologias, podemos ter grandes
variações quando falamos de luminárias
para iluminação pública com a tecnologia
Led.
A aparência de cor pode variar de 2.500
K até 6.000 K, ou seja, de uma luz branca
quente (amarelada) até uma luz branca fria
(azulada).
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Fonte: cree.com
Normalmente, para assegurar o maior
Iluminação pública e urbana
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depósitos de material amarelado, o que
diminui a relação Lm/W consumido.
Em ambientes como praças, vias locais
e de uso pedonal, sugerimos a utilização
de equipamentos com fontes de luz com
aparência de 3.000 K pelo fato de ser
necessário menos luz e assim tornar o
ambiente mais confortável aos usuários.
• Fotometria
A distribuição de luz produzida em
uma luminária Led é mais controlada do
que em uma luminária HID.
Assim, devemos ter cuidado na
http://www.ledsmagazine.com/
• Ofuscamento
41
Philips.com
http://www.kslights.com/ São muitas variáveis, motivo pelo
qual todo cuidado é pouco na hora de
decidir a especificação para compra ou
licitação. Os resultados poderão ser os
melhores possíveis ou os piores possíveis,
dependendo do grau de profundidade do
seu projeto e especificação.
A melhor maneira de estabelecer uma
boa relação de preços e resultados é a
definição precisa dos resultados esperados,
testes e homologações e uma especificação
bem feita e desenvolvida.
Algumas instalações com Leds já estão
sendo desenvolvidas no Brasil, vamos ficar
atentos para os bons e maus resultados,
pois assim melhoramos nossa curva de
aprendizado sobre esse tal de Led.
importante na iluminação urbana. pública, todavia, é preciso ter cuidado com
No próximo capítulo, falaremos com
Luminárias Led podem ser bastante as informações coletadas, pois não lidamos
mais profundidade sobre as luminárias com
restritas na sua fotometria, isso faz com que com o Led, mas sim com um sistema
Leds.
o resultado possa não ser considerado bom. chamado luminária a Led.
Verifiquem os dados fotométricos Um mesmo Led pode ser utilizado * Plinio Godoy é engenheiro eletricista
fornecidos pelos seus fornecedores e em luminárias com projetos térmicos e especializado em lighting design. É
consultor e lighting designer sênior da
realizem testes para avaliar, no campo, o fotométricos distintos, assim, de nada CityLights.
que melhor resolve seu problema. serve dizer que determinado fabricante
Continua na próxima edição
trabalha com determinado Led. O que deve
Acompanhe todos os artigos deste fascículo em
Conclusão ser analisado é o conjunto Led + projeto www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários
térmico + fotometria + projeto mecânico + podem ser encaminhados para
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Muito se fala sobre o Led na iluminação controles e drivers.
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30
Iluminação pública e urbana
Capítulo VII
Muito se fala sobre o Led, esta fonte de técnicos, físicos, luminotécnicos e estéticos. deve ser integrado ao projeto, participante
luz que se mostrou economicamente viável Atualmente, não mais entendemos uma da cena tanto diurna quanto noturna,
e, por esta razão, está substituindo, aos solução como “luminária” independente, muitas vezes fundamental para a percepção
poucos, as tecnologias tradicionais, como mas sim como um “mobiliário urbano”, que do espaço.
lâmpadas de descarga e incandescentes.
Mas uma coisa é certa, na vida real, não
http://briangoestotown.blogspot.com.br
utilizamos apenas o Led. Ele é empregado
em conjunto com soluções integradas, que
podemos chamar de luminárias.
Neste capítulo, falaremos um pouco
sobre isso, não descrevendo academicamente
os componentes de uma luminária, coisa que
podemos conseguir nos diversos fabricantes
de boa qualidade, mas abordando questões
importantes que devemos considerar
quando fazemos nossas escolhas sobre qual
luminária utilizar.
http://briangoestotown.blogspot.com.br
urbano é fundamental na composição do
espaço público pode ser verificado em
Barcelona, na Espanha, onde percebemos
a presença importante das unidades de
iluminação pública, mantidas como uma
identificação da cidade.
O conceito do mobiliário urbano foi
bastante desenvolvido no passado, como
podemos perceber em outro momento
da cidade de Barcelona, na Espanha,
onde foram criados locais de convívio,
possibilitando uma utilização mais humana
do espaço público, provendo possibilidades
de convívio e até centralidades. Uma
verdadeira assinatura do espaço, ajudando
a tornar o momento urbano único.
Um processo de evolução
schreder.com
4-designer.com
a iluminação pública não tinha como missão
Iluminação pública e urbana
agravo.blog.br | jcatibaia.com.br
trouxe muitos avanços pelo lado técnico da Os sistemas ditos “reflexivos”, ou
iluminação, porém também trouxe muitas seja, aqueles que baseiam a fotometria na
perdas de qualidade de vida e a degradação reflexão da luz em um espelho refletor,
dos espaços públicos para as pessoas. tornou-se a evolução do sistema de difração,
Felizmente, estamos vivendo, hoje, um pois apresentava um maior aproveitamento
Figura 4 – Luminárias com vidro de borosilicato.
momento de tentativa de recuperação dos da luz produzida pela lâmpada.
espaços públicos, objetivando-se, assim, às relativamente recente. Recordo que, nos Então, luminárias com novas
melhores condições de vida. anos 1980 e 1990, os modelos disponíveis possibilidades fotométricas apareceram no
utilizavam ainda a tecnologia da difração mercado, algumas seguindo o conceito de
As luminárias da luz por meio de vidro borosilicato, “cabeça de cobra”, desenvolvido nos Estados
que permite uma maior transmitância, Unidos, muitas delas seguindo o conceito de
O avanço das luminárias é um processo minimizando perdas. fotometria ajustável, alojamento integrado
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ge.com
manutenção, como a utilização de capô
Iluminação pública e urbana
Reflexão X projeção
led-lens.com
material plástico.
Estes materiais plásticos trabalham
com limites térmicos e, em casos em que a
potência térmica do Led é superior a estes
limites, podemos encontrar luminárias
que utilizam o Led como fonte e o sistema
reflexivo como técnica fotométrica.
Ambas as tecnologias apresentam
características próprias que devem ser Figura 8 – As lentes são utilizadas para auxiliar na criação de curvas fotométricas desejadas.
Um sistema confiável
digikey.com
“quente” do sistema, ou seja, o mais quente
possível sem que a lâmpada fosse prejudicada
a ponto de “queimar” precocemente.
Com a utilização do Led, temos uma
inversão nesta questão térmica, pois este
trabalha melhor quanto mais frio for o sistema,
ou seja, as luminárias e seus estudos térmicos
objetivam um sistema o mais frio possível.
Assim, quando falamos de luminárias com
Led, estamos dando uma importância muito
maior para esta questão, pois mesmo o Led, da
mesma fábrica, utilizado em uma luminária,
pode apresentar resultados absolutamente
Figura 11 – Vida útil x temperatura de junção.
diferentes quando utilizados em luminárias
ledsmagazine.com
Conclusão
32
Iluminação pública e urbana
Capítulo VIII
Iluminação pública
Por Plinio Godoy*
Led pra cá, Led pra lá... muito boa essa discussão, no entanto, o serviços eram restritos à lista de contatos, Bina, em que o número
que muitas vezes deixamos de lembrar que o Led sem a eletrônica da pessoa que estava nos ligando aparecia na tela e outros poucos
não é nada. serviços.
Desde a mais simples aplicação até a mais complexa, a eletrônica Naquela época, o que se fazia com um telefone celular era “falar”
faz parte desse mundo, pois estamos falando do mundo digital. com as outras pessoas, pagando um preço alto por isso.
Neste capítulo vamos visitar as possibilidades e entender o novo Enfim, tínhamos uma tecnologia que apresentava limitações
mundo da iluminação pública. face ao sinal analógico que utilizava. Os engenheiros eletrônicos
podem dizer muito mais do que eu digo agora.
O mundo digital Quando a telefonia digital passou para a ser utilizada, como o
nome diz, passou-se da tecnologia analógica para a utilização de
Quando, há alguns anos, me perguntaram se eu acreditava que pulsos “0” e “1”, que realizou milagres!
o futuro da iluminação era o Led, meu pensamento imediatamente
http://qph.is.quoracdn.net
começou a desenvolver uma análise paralela entre este mundo da
iluminação e os demais mundos que habitamos.
Por exemplo, isso foi o que aconteceu com outras tecnologias
que utilizávamos, como a telefonia celular.
No início, os telefones celulares utilizavam a tecnologia
analógica, as telas eram de cristal líquido monocromático e os
http://www.easywaystogogreen.com
https://oroeco.files.wordpress.com
tendências, meu interlocutor me chamou: “Hey, e aí? O que acha
do Led como iluminação do futuro?” Eu respondi: “Se o Led utiliza
tecnologia digital, acredito que será não a iluminação do futuro,
mas a do presente para alguns mercados”.
E podemos perceber esta evolução já em nossas casas:
http://gereports.com.au
Até então, temos tecnologias que funcionam economizando
energia e durando mais, o que já é muito bom para nós, usuários.
Então, começam os desenvolvimentos tecnológicos a partir da
tecnologia digital, o que não era possível com a tecnologia analógica,
por exemplo, das lâmpadas fluorescentes compactas.
http://www.gatortec.com
A tecnologia fluorescente e a fluorescente compacta era, há
pouco tempo, a tecnologia que estava sendo apresentada como
a mais eficiente, economizava 80% de energia em relação às
lâmpadas incandescentes, duravam dez vezes mais... não era
perfeito?
A comparação entre as tecnologias analógicas e digitais, em
termos de utilização da energia para a produção de luz, mudou:
Apoio
34 As lâmpadas podem ser dimerizadas e mudar de cor, visual, a eficiência do sistema e um melhor aproveitamento da
programadas por tempo, enfim, possibilidades que somente a luz nos planos de interesse.
Iluminação pública e urbana
imaginação de quem cria os “softwares”, os programas e aplicativos, Com o advento da tecnologia das lâmpadas a vapor metálico
pode limitar. de baixa potência, conseguimos controlar a luz, produzir luz de
Esta imaginação cria novas possibilidades e utilizações: boa aparência de cor, ótimo índice de reprodução de cor, enfim,
estávamos em um momento avançado no sentido da aplicação
http://images.bidnessetc.com
das tecnologias existentes, um momento “maduro” entre a
tecnologia e a aplicação, os equipamentos e a consciência de
qualidade.
http://www.minel-schreder.rs
As lâmpadas tornam-se caixas acústicas Bluetooth...
Percebe que você pode escolher uma solução Led não mais por
causa da iluminação? Você quer agregar o ponto de luz a outros
serviços, neste caso, transformando a luminária sobre a mesa de
jantar em um ponto de som.
http://i0.wp.com
http://www.schreder.com
A iluminação tinha uma importância ligada ao fato de ver,
com a qualidade de como vemos e as consequências da luz no ato
de ver.
36
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http://www.schreder.com
Iluminação pública e urbana
www.philips.com
Isto poderia ser bastante útil, já que permitiria a troca de
informações entre as luminárias e o seu controle a partir de
sensores.
http://www.schreder.com
www.ibm.com
Muito provavelmente todas estas possibilidades deverão
conversar, trocar informações entre si e serem utilizadas de
maneira integrada em um Centro de Controle Operacional
(CCO).
Muitos fabricantes estão possibilitando a utilização de
alguns serviços integrados com a tecnologia da telegestão,
como provedores de sinal wifi e outras funcionalidades,
baseados na mesma banda de sinal digital, o que é um
primeiro passo em direção ao conceito das cidades
inteligentes.
O que devemos entender é que toda decisão de tecnologia
a ser utilizada nas nossas cidades, como a tecnologia Led, que
tem uma previsão de durabilidade de muitos e muitos anos,
deverá estar preparada para “conversar” com as tecnologias
que virão, através de protocolos abertos.
O que decidimos hoje impactará na facilidade de
integração amanhã e esta é a primeira etapa para a construção
das cidades inteligentes... tomar decisões inteligentes!
34
Iluminação pública e urbana
Capítulo IX
Iluminação urbana
Por Plinio Godoy*
http://cospowerlines.wpengine.netdna-cdn.com/wp-content
iluminação desenvolvido para as cidades era a “iluminação pública”,
que era o sistema de iluminação das vias.
Hoje, temos a “iluminação urbana”, que compõe todos os
sistemas existentes em um meio urbano, sendo a “iluminação viária”
o subsistema que cuida da iluminação específica para auxiliar a
segurança dos motoristas e sua relação com os pedestres.
Esta ampliação dos sistemas se dá em função do maior
número de elementos estudados, que devem funcionar em
harmonia, pois se passou a considerar mais as necessidades
das pessoas, até chegar ao conceito de “iluminação social”,
com o qual são desenvolvidos os planos mestres de iluminação
atualmente. Figura 1 – Nível de uniformidade irregular.
Neste capítulo, serão fornecidas algumas dicas para um melhor Nesta imagem, percebemos a utilização de luz branca
entendimento das técnicas e da norma ABNT NBR 5101:2012. provavelmente em uma via de conexão urbana com uma via de
Sugerimos a leitura completa desta norma para terem contato com conexão, deixando bastante claro para o motorista suas diferenças
outros conceitos e terminologias importantes para a compreensão pelo nível de iluminação e aparência de cor da luz.
da questão como um todo. Podemos também perceber um nível de uniformidade aquém
das expectativas, formando regiões escuras e claras, o que prejudica
A iluminação viária a segurança, pois não permite uma boa visualização, por exemplo,
de um pedestre que esteja atravessando a rua nesta região mais
O universo estudado na iluminação viária é o espaço conhecido escura.
como “leito carroçável” e seus arredores, calçadas, meio-fio e regiões Temos de lembrar que os olhos trabalham por comparação de
adjacentes. luz, ou seja, eles ajustam a capacidade de enxergar, com base na
O que dita os valores quantitativos definidos para os projetos intensidade da luz presente, comparando com as áreas mais escuras.
de iluminação viária no Brasil é a norma ABNT NBR 5101: 2012,
da qual extraímos algumas informações importantes para o Segurança noturna dos motoristas e dos
desenvolvimento dos estudos. pedestres
Um projeto de qualidade proporcionará aos cidadãos uma
qualidade superior na relação dele com a cidade, pois o sistema A necessidade de se enxergar bem durante os deslocamentos é
viário é um grande definidor do campo visual noturno urbano. um tema importante. Os motoristas devem perceber corretamente
Sistemas de iluminação podem ajudar bastante a segurança as passagens para pedestres ou os obstáculos para reduzir a
pessoal e patrimonial, a orientação, a integração e a conexão do velocidade à noite.
tecido urbano, quando bem planejados. Os pedestres devem ser capazes de utilizar diariamente
Apoio
caminhos bem iluminados e ter acesso a equipamentos públicos As iluminações provenientes do piso podem ser ofuscantes e 35
com iluminações e ambientes luminosos, que funcionam bem à perturbadoras para os pedestres. As fontes muito ofuscantes de
noite. alguns aparelhos de iluminação para pedestres criam contrastes
As grandes sombras projetadas pelas árvores alinhadas nos violentos, que podem desorientar temporariamente os
canteiros ou nas calçadas podem ser um problema agravante quando passantes, principalmente as pessoas idosas e com deficiências
dos deslocamentos noturnos. Os projetos executivos, específicos, visuais.
levantados por visitas técnicas, devem levar em conta todos estes O conjunto destas deficiências e faltas provoca uma impressão
aspectos. desagradável de desconforto noturno que pode, em seguida,
Os cidadãos estão pouco habituados a uma real visão noturna conduzir a um forte sentimento de insegurança, principalmente em
(dita escotópica) em razão da onipresença da iluminação viária na idosos e mulheres desacompanhadas que caminham à noite pelos
cidade. espaços públicos.
Quando a visão se enfraquece com a idade, a percepção noturna As propostas de iluminação devem buscar tornar as cidades
se torna ainda mais difícil, devido aos baixos níveis luminosos mais legíveis e mais visíveis.
disponíveis no espaço público.
Definindo uma solução
A falta de visibilidade noturna no espaço
público A definição de um sistema de iluminação viária, ou seja, a
melhor solução técnica que proporcione o resultado luminotécnico
As referências diurnas (edifícios, fachadas, árvores, elementos esperado para uma determinada região da cidade, deve considerar:
arquitetônicos, entradas de equipamentos), que permitem uma
compreensão do espaço na cidade e, portanto, uma melhor Classificação viária
legibilidade dos percursos, desaparecem frequentemente à noite por A tabela extraída da norma ABNT NBR 5101:2012 apresenta a
falta de uma iluminação específica. classificação viária para veículos e pedestres:
Apoio
36 Tabela 1 - Tráfego motorizado Em que “I” é a intensidade recebida pelo ponto P na direção definida
Classificação Volume de tráfego noturnoa de veículos por pelo par de ângulos (C, ϒ) e H a altura da luminária.
Iluminação pública e urbana
hi2
i
•cos3 γi
a
Valor máximo das médias horárias obtidas nos períodos
compreendidos entre 18 e 21 horas. Luminância
b
Valores para velocidades regulamentadas por lei.
L = q (β, γ) • E
Iluminância
A iluminância indica a quantidade de luz que chega a uma superfície Em que "q" é o coeficiente de luminância no ponto P, que
e se define como o fluxo luminoso recebido por unidade de superfície: depende do ângulo de incidência ϒ e do ângulo entre o plano de
DΦ incidência e o de observação β. O efeito do ângulo de observação
E=
ds α é definido para a maioria dos condutores (motoristas com campo
Assim, ampliando este conceito: visual entre 60 e 160 metros adiante e a uma altura de 1,5 metro
sobre o solo).
Ilustração do livro “Iluminação Urbana”, por PCandura e PGodoy.
Assim, ficamos:
n I (C , γ ) • r (β , γ )
L= Σ
i=I
i i
hi2
i i
38
Tabela 2 - Tráfego de pedestres a
http://sensing.konicaminolta.asia/products/t-10a-illuminance-meter/
Descrição da via Classe de
Iluminação pública e urbana
iluminação
Vias de trânsito rápido; vias de alta velocidade
de tráfego, com separação de pistas, sem
cruzamentos em nível e com controle de acesso;
vias de trânsito rápido em geral; Auto-estradas
Volume de tráfego intenso V1
Volume de tráfego médio V2
Vias arteriais; vias de alta velocidade de tráfego
com separaçãode pistas; vias de mão dupla, com
cruzamento e travessias de pedestres eventuais
em pontos bem definidos; vias rurais de mão
dupla com separação por canteiros ou obstáculos
Volume de tráfego intenso V1
Volume de tráfego médio V2
Vias coletoras; vias de tráfego importante; vias
radiais e urbanas de interligação entre bairros,
Figura 4 – Luxímetro. com tráfego de pedestres elevado
Volume de tráfego intenso V2
http://sensing.konicaminolta.asia/products/ls-100-luminance-meter/
Figura 5 – Luminancímetro.
Temos, da norma ABNT NBR 5101:2012, os índices reco
mendados para luminância nas vias conforme a classificação:
“As recomendações estão entre as classes V1 a V5 para
Tabela 4 – Requisitos de luminância e uniformidade
veículos e P1 a P4 para pedestres. As classes são selecionadas
Classe de Lmed Uo UL TI SR
de acordo com a função da via, da densidade de tráfego, da
Iluminação ≥ ≤ %
complexidade do tráfego, da separação do tráfego e da existência
V1 2,00 0,40 0,70 10 0,5
de facilidades para o controle do tráfego, como os sinais de
V2 1,50 0,40 0,70 10 0,5
trânsito” – ABNT NBR 5101:2012.
V3 1,00 0,40 0,70 10 0,5
V4 0,75 0,40 0,60 15 –
Vias para tráfego de veículos V5 0,50 0,40 0,60 15 –
Lmed: Luminancia média; Uo: uniformidade global; UL: uniformidade
Encontramos na ABNT NBR 5101:2012 como identificar longitudinal; TI: incremento linear.
as vias, sua classificação (tabela 2) e os índices recomendados NOTA 1 - Os crtérios de TI e SR são orientativos, assim como as classes V4 e V5
NOTA 2 - As classes V1, V2 e V3 são obrigatórias para a luminância
(tabela 3):
Apoio
40 Lmín
Tabela 5 – Classes de iluminação para cada tipo de via
UL =
Descrição da via Classe de Lmáx
Iluminação pública e urbana
iluminação Em que:
Vias de uso noturno intenso por pedestres Lmin é igual à luminância mínima;
(por exemplo: calçadões e passeios P1 Lmax é igual à luminância máxima.
de zonas comerciais)
Vias de grande tráfego noturno de pedestres Incremento de limiar – TI
(por exemplo: passeios de avenidas, P2 Limitação do ofuscamento perturbador ou inabilitador nas
praças e áreas de lazer) vias públicas, que afeta a visibilidade dos objetos. O valor de TI%
Vias de uso noturno moderado por pedestres P3 é baseado no incremento necessário da luminância de uma via
(por exemplo: passeios e acostamentos) para tornar visível um objeto que se tornou invisível devido ao
Vias de pouco uso por pedestres P4 ofuscamento inabilitador provocado pelas luminárias.
(por exemplo: passeios de bairros residenciais) Lv
TI %= 65 x
(Lmed) 0,8
Tabela 6 – Iluminância média e fator de uniformidade mínimo para
Em que:
cada classe de iluminação
Lmed é a luminância média da via;
Classe de Iluminância horizontal Fator de uniformidade
LV é a luminância de velamento.
Iluminação média Emed,min mínimo
lux U = Emed,/Emin
Luminância média Lmed [cd/m²]
P1 20 0,3
Valor médio da luminância na área delimitada pela malha de pontos
P2 10 0,25
considerada ao nível da via.
P3 5 0,2
P4 3 0,2
Luminância de velamento – LV
Alguns termos utilizados e retirados da ABNT NBR 5101:2012: Efeito provocado pela luz que incide sobre o olho do observador
no plano perpendicular à linha de visão. Depende do ângulo entre
Fator de uniformidade da iluminância (em determinado o centro da fonte de ofuscamento e a linha de visão, bem como da
plano) – U idade do observador.
Razão entre a iluminância mínima e a iluminância média em
um plano especificado: Razão das áreas adjacentes à via – SR
Emín Relação entre a iluminância média das áreas adjacentes à via
U=
Emed (faixa com largura de até 5 m) e a iluminância média da via (faixa
Em que: com largura de até 5 m ou metade da largura da via) em ambos
Emin é igual à iluminácia mínima; os lados de suas bordas. O parâmetro SR pressupõe a existência de
Emed é igual à iluminância média. uma iluminação própria para a travessia de pedestres, levando em
consideração o posicionamento da luminária, de forma a permitir
Fator de uniformidade da luminância (uniformidade global) a percepção da silhueta do pedestre pelo motorista (contraste
– Uo negativo).
Razão entre a luminância mínima e a luminância média em um Temos, então, para a via a ser calculada, os índices
plano especificado: luminotécnicos mínimos a serem obtidos. É importante salientar
Lmín que estes índices são mínimos, ou seja, considerando a depreciação
Uo =
Lmed do sistema de iluminação.
Em que: No próximo capítulo, conheceremos o passo seguinte para
Lmin é igual à luminância mínima; estabelecer a solução a ser projetada.
Lmed é igual à luminância média.
* Plinio Godoy é engenheiro eletricista especializado em lighting
Fator de uniformidade da luminância (uniformidade design. É consultor e lighting designer sênior da CityLights.
longitudinal) – UL
Razão entre a luminância mínima e a luminância máxima ao CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
longo das linhas paralelas ao eixo longitudinal da via em um plano Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para
especificado: redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
30
Iluminação pública e urbana
Capítulo X
32 transversais da via (LTV) também em múltiplos da altura de tipo I ou II, poderemos utilizar mais a luz produzida no plano da via.
montagem. As informações que devem aparecer nos diagramas de Porém, esta não é a condição mais comum nas cidades.
Iluminação pública e urbana
isocandelas são as seguintes: Temos, na maioria dos casos, larguras de vias e calçadas com a
configuração da FIgura 5.
a) Linhas LLV de 1,0 AM; 1,75 AM; 2,75 AM; Se compararmos a configuração desta via da Figura 5 com a
b) Linhas LTV de 1,0 AM; 2,25 AM; 3,75 AM; 6,0 AM; e 8,0 AM; Figura 7, percebemos que a melhor utilização da luz produzida
c) Posição das linhas de máxima intensidade e de meia máxima estaria entre o tipo 3 e 4.
intensidade. Seguindo, sabemos as dimensões da via, sua classificação, a
altura de montagem (aproximadamente igual à largura da via) e a
Estes diferentes tipos servem para você solucionar seu projeto distribuição desejada.
aproveitando ao máximo a luz projetada pela luminária no seu Estes dados possibilitam a escolha de algumas luminárias para
plano viário. desenvolver os cálculos iniciais visando estabelecer a solução ideal.
Observe este exemplo apresentado na Figura 4, em que temos A Figura 5 mostra um exemplo de uma determinada luminária
uma via estreita com um muro alto e um poste padrão com uma com 32 Leds, 350 mA, que apresenta duas possibilidades fotométricas:
luminária instalada em um braço longo.
O que podemos analisar: Nosso estudo refere-se a uma via classificada como V3, relembrando:
34 Para facilitar a apresentação, foi utilizado o software AGI32, que O conceito de Orient (orientação)
possui um módulo de estimativa de sistemas viários bastante útil.
Iluminação pública e urbana
www.agi32.com
Para a luminária #2:
www.agi32.com
- Espaçamento entre postes = 30 m (supondo espaçamento padrão
da concessionária).
Veja os valores de luminância e iluminância, analise os vantagens construtivas e de instalação por sua simplicidade.
resultados da uniformidade e perceba que muita uniformidade Se for muito largo, é preferível tratar as ruas de forma separada.
acima das normas significa que você está desperdiçando luz. Podem-se combinar braços duplos com a disposição alternada ou
Com a uniformidade alta, você pode abaixar a altura de aplicar a iluminação unilateral em cada uma delas.
montagem, aumentando os resultados médios, melhorando Neste último caso, recomenda-se colocar as luminárias no lado
assim o resultado geral. contrário ao canteiro central porque, desta forma, estimula-se o
A solução ideal é encontrada a partir do desenvolvimento de usuário a circular pela via da direita.
diversas possibilidades até alcançar todos os valores mínimos
mantidos e requeridos na norma.
38
http://www.myledlightingguide.com
Iluminação pública e urbana
Figura 16 – Exemplo de iluminação com lâmpadas de descarga (à esquerda) e com Leds (à direita).
http://bloximages.newyork1.vip.townnews.com/sustainablecitynetwork.com
Figura 17 – Remodelação da iluminação com aplicação de Leds – 68% de economia de energia.
largura da via; inclinação igual a cinco graus etc. – são experiências obtidas em laboratórios certificados e creditados, softwares de
obtidas com a aplicação das tecnologias tradicionais, com base em cálculo independentes, abrangência de produtos e fornecedores
lâmpadas, fotometrias refletidas por consequência. com experiência e referências de mercado. Testes, avaliações
Hoje em dia, com a adoção do Led, estas “regrinhas” podem e homologações de produtos com variedade de possibilidades
trazer problemas, pois as fotometrias não são mais as mesmas, a fotométricas são necessários para cada caso específico a ser
projeção de luz não é igual às das lâmpadas de descarga. resolvido.
Atualmente, as luminárias com Leds são mais precisas na No mundo da iluminação viária, Led não tem mais padrão de
emissão da luz, apresentam menos luz dissipada em outras áreas que luminárias, mas sim soluções possíveis que devem ser avaliadas
não o plano viário. Isso pode acarretar em vantagens e problemas, com detalhe.
pois as vias poderão ser iluminadas de maneira diferente.
Uma preocupação que devemos considerar é a modelagem do
espaço iluminado, pois a precisão da projeção da luz pelo sistema * Plinio Godoy é engenheiro eletricista especializado em lighting
Led pode criar zonas escuras em calçadas e arredores. design. É consultor e lighting designer sênior da CityLights.
28
Iluminação pública e urbana
Capítulo XI
Este capítulo abordará o campo da iluminação de de um plano mestre de iluminação urbana, que será
áreas verdes, também conhecida como iluminação de apresentado neste e nos próximos capítulos.
paisagismo, termo que considero equivocado, pois os
elementos paisagísticos são compostos pelos elementos Elementos de paisagem
verdes e complementados por outros elementos
ornamentais. “Na noite, o que não é iluminado, desaparece”
Vamos acordar, então, que o objeto deste artigo são Esta afirmação é uma constatação pura e simples do que
as técnicas de iluminação de elementos externos que acontece com as áreas urbanas não iluminadas.
compõem a paisagem, identificando como são os processos Estas áreas urbanas podem ser privadas ou públicas, de
e as questões a serem levadas em consideração. pequeno ou grande porte, porém fazem parte, sempre, da
Entendo que a composição da paisagem noturna é, composição visual do espaço percebido.
em si, o grande objetivo do planejamento da iluminação A iluminação é uma ferramenta importante na
urbana, pois, de fato, é o que os olhos percebem. composição deste espaço, no período noturno, e deve ser
Vamos entender, assim, que a iluminação das áreas utilizada de maneira bastante equilibrada, pois novamente
verdes, dos elementos paisagísticos, é um dos componentes temos uma linha tênue entre a valorização e o exagero.
Apoio
29
Entendendo e projetando
Funções
Considerações de projeto
• Público ou privado;
• Ornamental; As funções paisagísticas são decorrentes da relação entre o
• Básica; espaço, seus arredores e as pessoas nele inseridas, bem como
• Tarefa; os usos e os momentos em que as pessoas darão a ele e aos
• Acesso; seus pontos de vista no que tange às paisagens criadas. O
• Segurança. desenvolvimento da iluminação para áreas verdes privadas deve
considerar, neste contexto, as quatro premissas do ambiente:
Entender estes elementos é um primeiro passo para projetar
o espaço, pois a iluminação deve atender às expectativas dos • Layout;
usuários destas áreas. • Funções;
Apoio
Uplighting
Projetando a luz para regiões superiores, os equipamentos
usados para executar esse efeito de iluminação destacam elementos
arbóreos volumosos, fachadas ou superfícies verticais.
Atualmente, podem ser encontrados equipamentos com
diferentes tipos de foco e também diversidade de fontes de luz,
compondo um vasto espectro de possibilidades de cores, de
Os pontos de vistas são importantes referências que o intensidades e de angulações para criar o efeito uplighting.
espaço projetado cria para seus observadores, são normalmente
formados por muitos elementos que compõem os espaços,
criando assim uma composição visual privilegiada, de beleza
ímpar.
Cabe ao projetista da iluminação deste espaço o cuidado
superior para acompanhar estes pontos de observação,
evitando-se ofuscamentos ou posicionamentos de fontes de
luz que possibilitem leituras indesejadas ou prejudiciais aos
objetivos do espaço.
Efeitos de luz
iluminadas, cujo ângulo de projeção raso valoriza as texturas um facho de luz que atravessa do ambiente externo, visando um
da superfície, caracteriza o efeito de grazing. elemento normalmente decorativo e distante.
Esse efeito pode ser bem-vindo quando propositalmente Em geral, utiliza-se este efeito com fontes de luz de foco
projetado, mas também ter percepção contrária quando resulta concentrado.
de posicionamentos equivocados de fontes de luz em paredes A aplicação do crosslighting deve ser bem estudada, para
supostamente lisas. O grazing pode estar conjugado com o que a iluminação não crie ofuscamentos indesejados em pontos
downlighting ou com o uplighting. de observação comuns.
Spotlighting
Wall washing
O spotlighting é uma variação do efeito uplighting, por
Quando o equipamento de iluminação está
angular seu foco em direção ao assunto, em geral, utilizando
consideravelmente afastado de uma superfície vertical, o
fontes de luz externas ou espetos.
resultado é uma iluminação homogênea, conhecida como wall
O recurso é frequentemente usado em circunstâncias em que o
washing ou lavagem de luz.
objeto a ser iluminado está localizado a alguma distância de onde
É muito utilizado para valorização arquitetônica, mas,
a fonte de luz será acesa, como por exemplo, próximo a beirais de
mal aplicado, resulta em um efeito intermediário entre o wall
um prédio para iluminar determinados focos ou níveis diferentes
washing e o grazing. O efeito wal washing pode estar conjugado
do piso de um caminho por onde transitam pessoas.
com o downlighting ou com o uplighting.
Apoio
Mirroring Silhueta 33
O mirroring é um dos efeitos mais bonitos, refinados e de Outro efeito que pode ser enquadrado na categoria superior de
elevada beleza da iluminação de áreas externas. refino da iluminação é a silhueta, quando se ilumina um volume,
Utiliza a consequência da iluminação de um elemento decorativo um muro ou outros elementos arbóreos e um elemento importante
ou arbóreo priorizando a observação de um determinado ponto de fica no anonimato, aparecendo como silhueta.
vista através do reflexo em um espelho ou lâmina d’água. Tamanha é a importância desta relação de luz e sombra, que
O bom resultado desse efeito é a interação harmônica entre os faz parte do processo conhecido como “Shadow light”, ou seja, a
equipamentos que jogam luz no elemento arbóreo, o elemento em si iluminação com a sombra.
e a sua observação através de um ponto de vista bem escolhido para Pode ser utilizado com o efeito wall washing, atingindo
reflexão no espelho d´água. melhores resultados, porém, com o efeito grazing, o resultado é
O elemento arbóreo no mirroring é trabalhado de maneira indireta. mais dramático e teatral.
Apoio
34 Floodlighting Moonlighting
O efeito floodlighting é um downlighting projetado para O efeito moonlighting, como o nome diz, procura representar a
Iluminação pública e urbana
iluminar áreas de maior proporção, utilizando equipamentos iluminação de uma lua cheia, criando as sombras das folhagens de
com grande abertura de facho. Normalmente utilizado para uma árvore no chão.
segurança de áreas como parques, campos de futebol e jardins, É um efeito sofisticado e difícil de ser criado, pois requer a
e pode ser extremamente estético quando utilizado como instalação de equipamentos em árvores de copa abundante, de folhas
sistema moonlighting. grandes, galhos definidos e fortes, uma vez que o equipamento deve
ser fixado nos galhos, escondido entre as folhas.
Aspectos importantes
Apoio
Fotometria
assim a distorção da percepção do elemento paisagístico. podem criar um efeito terrível chamado “ofuscamento”, que
é a projeção de luz intensa, descontrolada, que prejudica a
observação do espaço.
Este ofuscamento pode ser desconfortante ou até velador,
ou seja, impede a observação do espaço, prejudicando até a
segurança.
Devemos buscar sempre a utilização de equipamentos com
bom controle ótico, posicioná-los de maneira estratégica para
não criar estes efeitos desagradáveis e até perigosos.
A utilização dos equipamentos de iluminação em ambientes
externos pode também criar o que conhecemos como “poluição
luminosa”, que é a emissão descontrolada de luz para o céu.
37
O projeto de iluminação deve, além de prever equipamentos com fotometria correta, evitar a emissão de luz para ambientes
superiores, o posicionamento e a focalização corretos.
Um aspecto importante nas definições dos projetos é a quantidade de luz a ser projetada no espaço projetado, pois seu reflexo
no plano reflete a luz para os espaços superiores, também causando poluição luminosa.
* Plinio Godoy é engenheiro eletricista especializado em lighting design. É consultor e lighting designer sênior da CityLights.
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Apoio
28
Iluminação pública e urbana
Capítulo XII
Chegamos ao capítulo final do nosso curso sobre iluminação Uma ferramenta poderosa: plano mestre de
pública e urbana. Quero aproveitar para contar um segredo: não iluminação urbana
existe iluminação pública. Tudo o que iluminamos em uma cidade é
iluminação urbana. Uma cidade, quando analisada de maneira imediata, é fruto de
O conceito de iluminação funcional e ambiente está ultrapassado. decisões anteriores, que se relacionaram com decisões mais antigas,
O que temos, sim, é que estudar a cidade, as pessoas que usam esta e assim sucessivamente.
cidade, como as pessoas usam esta cidade, as relações de vivência A intenção de arrumar o sistema de iluminação desta
e percepção dos espaços públicos no período noturno, para assim cidade é interessante e demonstra uma visão de coerência,
desenvolver sistemas coerentes e harmônicos não somente com as organização e, acima de tudo, planejamento, pois estamos
construções, mas sim com os momentos urbanos. lidando com um complexo sistema que acontece em um
Então, fechando esta sequência de capítulos, abordaremos esse complexo ambiente, o sistema de iluminação urbana no
assunto, a iluminação urbana. ambiente urbano.
29
A Figura 1 mostra o exemplo do sistema de iluminação urbana uma série de ações e investimentos que podem ser desenvolvidos
desenvolvido para a cidade de Fortaleza, em que se pode perceber em um período grande de tempo, de maneira regionalizada e
os vários sistemas entrelaçados. sistêmica, objetivando a evolução do sistema atual para o sistema
O planejamento deve ser estabelecido para dar sequência a desejado.
Apoio
as soluções não somente tecnológicas, mas também de Um espaço público desenvolvido no seu aspecto da
planejamento e caminhos para onde a iluminação da cidade iluminação é aquele que cria um ambiente produtivo, seguro,
pode ser desenvolvida, tendo, desse modo, um norte a ser que incentive a economia e o turismo, que faça com que o
buscado. cidadão se sinta cuidado e que o poder público tenha a intenção
de investir de maneira correta, visando seus moradores e
O real objetivo de um plano mestre de visitantes.
iluminação É fácil perceber uma cidade desenvolvida, quando a própria
cidade é vista, apreciada e convivida de maneira natural, quase
O resultado do plano mestre é composto por uma grande ficando a iluminação despercebida, pois quando temos os
pesquisa junto à população para entender os anseios e desejos sistemas funcionando bem, vemos a cidade, as construções, os
diante da realidade encontrada na cidade no período do espaços.
desenvolvimento do plano.
Com esta análise, são desenvolvidas propostas e soluções
para os sistemas de iluminação:
• Para transporte;
• Para pedestres;
• Para valorização;
• De conexão.
31
Planejamento
Figura 7 – Divisão regional e investimentos para o plano mestre de Vitória (ES) – Citylights.
Apoio
34
A aplicação de sistemas digitais pode maximizar a redução energética por meio de sistemas autônomos ou de telegestão.
Iluminação pública e urbana
Tanto a migração tecnológica quanto os sistemas digitais a serem planejados são constantes assuntos discutidos nos municípios,
principalmente nos certames que visam a implementação de Parcerias Público-Privadas (PPPs).
Migração tecnológica
Considerando sistema de Dimerização e Telegestão:
Conclusão
36
Iluminação pública e urbana