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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE HUMANIDADES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LÍNGUA INGLESA

VINÍCIUS DA SILVA TAVARES

RESENHA CRÍTICA
MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM

SÃO BERNARDO DO CAMPO


2016
VINÍCIUS DA SILVA TAVARES

RESENHA CRÍTICA
MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM

Memorial apresentado à Universidade Metodista


de São Paulo para integrar as atividades do
módulo de Sintaxe Avançada.
Professor: Ms. Marcelo Furlin

SÃO BERNARDO DO CAMPO


2016
INDEX

1 Introduction........................................................... Erro! Indicador não definido.


2 About Me ............................................................... Erro! Indicador não definido.
3 Early Years ............................................................ Erro! Indicador não definido.
4 Undergraduate Program ...................................... Erro! Indicador não definido.
5 Graduate Program ................................................ Erro! Indicador não definido.
6 Future .................................................................... Erro! Indicador não definido.
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1 RESENHA CRÍTICA

Bakhtin começa o capítulo sobre a Interação Verbal definindo as relações das


correntes filosóficas do subjetivismo individualista ao Romantismo – movimento
literário observado em meados do século XIX. Desta perspectiva, a enunciação
monológica é tida como um ato puramente individual, como uma expressão da
consciência individual, seus gostos, intenções, etc. Segundo o autor, a expressão é
tudo aquilo que se forma no interior do indivíduo (em forma de pensamento) e se
exterioriza por meio de algum código de signos (palavras, gestos, sons, etc.). O
conteúdo interior, porém, o conteúdo interior muda de aspecto, pois é obrigado a
apropriar-se do material exterior. A partir disso surgem teorias que rejeitam
completamente a expressão, considerando-a uma deformação da pureza do
pensamento interior.
Somente com base no exterior é que o pensamento interior passa por
objetivação e se transforma em enunciação. Qualquer que seja o aspecto da
expressão-enunciação considerado, deve-se levar em conta que ele será
determinado pela situação social imediata, ou seja, pelo contexto. A enunciação é o
produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados. E, ainda que não
haja um interlocutor real, este pode ser substituído pelo representante do grupo
social ao qual pertence o locutor (a quem a palavra se dirige). Não pode haver
interlocutor abstrato.
A palavra procede de alguém e se dirige a alguém, sendo assim, podemos
caracterizá-la como resultado da interação entre locutor e ouvinte (ou coautor). É
uma maneira de se apropriar do outro – estabelecer contato. Se o locutor tem parte
da palavra, que é extraída de um estoque social de signos, a própria realização
deste signo social na enunciação concreta é inteiramente determinada pelas
relações sociais. A situação social mais imediata e o meio social mais amplo
determinam completamente e, por assim dizer, a partir do seu próprio interior, a
estrutura da enunciação. A situação e os participantes mais imediatos determinam a
forma e o estilo ocasionais da enunciação.
x interação com o ouvinte, Bakhtin denomina as possibilidades de “Atividade
Mental do Eu” e “Atividade Mental do Nós”, se referindo a que nível acontece a
tomada de consciência e orientação ideológica. A Atividade Mental do Eu se perde
quando, após ser elaborada internamente, é lapidada e condicionada para caber no
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contexto social em que o indivíduo está presente. Assim que enunciada, a


expressão foge do domínio do Eu para o domínio do Nós.
Nos exemplos propostos por Bakhtin (2006), primeiramente um homem se
percebe com fome no meio de outras pessoas que também estão famintas,
entretanto não o escolheram estar. A situação pode levar o homem a se sentir
envergonhado, já que não se identificou com a coletividade faminta presente e, ao
elaborar sua enunciação, protestará individualmente.
Se agora falamos de um homem que está inserido em um ambiente onde a
fome é uma realidade constante e coletiva, já é sabido que se passará por isso. O
homem desse exemplo, então, não se sente envergonhado por não ser diferente de
seus companheiros. Isso o faz aceitar a situação sem pensar em expressar protesto
individual - ele sabe que seus argumentos contra a fome serão compartilhados por
seus colegas, mas também sabe que nada pode ser feito para mudar a situação
imediatamente.
Já no caso onde o sujeito faminto pertença a uma classe específica, unidos
por vínculos objetivos (soldados em guerra, operários de uma mesma empresa,
etc.), tomam para si a coletividade, e é quando figurarão, na atividade mental,
atitudes que favorecem um desenvolvimento claro e ideológico.
A confiança individualista em si vem de dentro - falamos e interagimos por
querer afirmar o outro em nós e nos afirmar neles também (DOURADO, 2016).
Quando interagimos, estamos utilizando da Atividade Mental do Nós. Quando os
autores Bakhtin e Tolstói (apud BAKHTIN, 2006) utilizam o termo “pensamento para
si”, se referindo à concepção que o indivíduo tem sobre si perante a sociedade. Não
há, segundo o autor, pensamento fora de sua expressão potencial. A consciência
representam uma parte intangível e embrionária do discurso que se pretende
enunciar. É só através da objetivação social e processo de enunciação que ela se
concretiza em forma de enunciado e é direcionada ao interlocutor.
O subjetivismo individualista mostra-se certo quando compreende a
enunciação como substância real da língua, mas erra ao defender que a enunciação
possui sua origem no interior. A natureza da enunciação é social, assim como a sua
evolução. O subjetivismo individualista também está correto ao afirmar que não se
pode isolar uma forma linguística de seu conteúdo ideológico. Levando em conta a
palavra como forma linguística, toda palavra é ideológica e mesmo sua evolução
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depende de ideologias. Sua construção é, também, social, e não é controlada e nem


decidida pelo indivíduo.
Defende-se que a função central da linguagem é a comunicação, e não a
expressão. Para tanto, considera-se o papel do ouvinte e o par locutor-ouvinte
constitui a condição necessária da linguagem. Locutor-ouvinte cria o ambiente para
interação verbal, realizada através da enunciação, provando-se, portanto, a
enunciação como um produto social. A interação verbal, por ser o resultado da
enunciação e da relação locutor-ouvinte, torna-se a realidade fundamental da língua.
O diálogo é uma das formas de interação verbal. O diálogo não é restrito à
comunicação falada, podendo compreender qualquer tipo de comunicação verbal
(livros, artigos, etc). O livro, por exemplo, nada mais é do que objeto de discussões
ativas sob a forma de diálogo. Tudo o que é escrito dialoga com quem lê, quem
escreveu, as ideias ali presentes e as vozes por trás de todos.
Todas as enunciações, escritas ou faladas, constituem apenas uma fração de
uma corrente de comunicação, e, à partir da enunciação, é possível vasculhar todo o
quadro extralinguístico por trás do falante. Para tanto, considera-se a comunicação
verbal entrelaça-se com outros tipos de atos sociais de caráter não verbal, como
linguagem corporal, situação em que foi produzida e a sua “plateia”. A língua vive e
evolui, então, a partir de seu uso, e não de um sistema linguístico abstrato.

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