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4 questões para entender o que acontece

em Gaza, que vive a pior escalada da


violência em anos
"E ouvireis de guerras e de rumores de
guerras;..." Mateus 24:6
06 de abril de 2018.

Bastou um único dia para que um protesto pacífico previsto para durar 6 semanas se
transformasse no conflito mais violento entre israelenses e palestinos em quase quatro
anos.

A chamada Grande Marcha do Retorno começou há uma semana na Faixa de Gaza, na


fronteira com Israel, e, no mesmo dia, viu 16 palestinos sendo mortos a tiros por
soldados israelenses.

Desde então, pelo menos mais cinco pessoas morreram nos protestos que, se ocorrerem
dentro do planejado, devem durar mais cinco semanas. Autoridades em Gaza
informaram que uma pessoa morreu nesta sexta-feira, marcada por tensos confrontos.

Mas como e por que começou essa nova onda de protestos e violência na região?

A BBC Mundo examinou algumas questões para entender o que está acontecendo.

1. Que conflito é esse?

Cerca de 30 mil palestinos marcharam em Gaza ao longo da fronteira com Israel na


sexta-feira passada (30 de abril) para chamar atenção à "luta das centenas de milhares
de pessoas que foram expulsas de suas casas no que hoje é Israel".
O governo israelense considera a iniciativa uma "provocação perigosa" que poderá
"colocar vidas em risco", colocou tanques e franco-atiradores na área e avisou aos
manifestantes para não se aproximarem das barreiras de segurança.

Os palestinos estabeleceram cinco acampamentos a cerca de 600 metros da fronteira.

Alguns manifestantes, no entanto, começaram a jogar pedras, coquetéis molotov e


queimaram pneus. As autoridades israelenses dizem que também houve tentativas de
romper a barreira que separa os dois territórios.

As forças israelenses responderam com balas e gás lacrimogêneo. Dezesseis pessoas


morreram e centenas ficaram feridas - tudo isso no primeiro dia do protesto.

Cinco dos mortos eram membros da ala militar do Hamas, o grupo islâmico que
controla Gaza.

2. Quais foram as reações?

Palestinos e organizações de direitos humanos criticaram o uso de força excessiva do


lado israelense.

A ONU e a União Europeia pediram uma investigação independente e transparente.

Israel disse que o Hamas estava usando os protestos para lançar ataques contra o país e
que teve de responder com firmeza para impedir que suas fronteiras e soberania fossem
violadas, assim como para proteger as comunidades próximas.

As forças armadas israelenses fizeram "o que tinha que ser feito", disse o ministro da
Defesa, Avigdor Lieberman. "Acho que todas as nossas tropas merecem uma medalha."

3. O que é a Grande Marcha do Retorno?

A Grande Marcha do Retorno começou em 30 de março, o Dia da Terra, no qual os


palestinos lembram a morte de seis manifestantes nas mãos das forças de segurança
israelenses durante os protestos que ocorreram naquela data, em 1976, pelo confisco de
suas terras.

O protesto deve durar seis semanas, até 15 de maio, data que os palestinos chamam de
Nakba (catástrofe) e que marca o deslocamento de centenas de milhares de palestinos
durante o conflito que levou à criação de Israel em 1948.

Há décadas, os palestinos exigem o direito de retornar a aldeias e cidades que hoje são
território de Israel. Israel quer que estes se estabeleçam em um futuro Estado palestino
nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

4. Qual é a situação em Gaza?

A vida na Faixa de Gaza - uma faixa de 41 km de comprimento por entre 6 e 12 km de


largura, com 2 milhões de habitantes - é difícil.
Israel mantém um bloqueio por vias aérea, marítima e terrestre que restringe a
circulação de bens, serviços e pessoas e que justifica por razões de segurança. O Egito
costuma abrir a passagem de Rafah - cidade na fronteira com a Faixa de Gaza - apenas
de forma intermitente.

E o Hamas, que controla o território, enfrentando ainda a oposição política do Fatah, a


facção palestina mais moderada, que governa a Cisjordânia.

A situação em Gaza vem piorando nos últimos anos e os protestos também são vistos
como fruto do isolamento, do ressentimento e da crise econômica na área.

Autoridades das Nações Unidas alertaram que a faixa está prestes a entrar em colapso.
O desemprego está em torno de 44%, o acesso a água potável é mínimo e cortes de
energia de 12 horas por dia prejudicam o funcionamento dos hospitais.

Apenas 54% dos pedidos de autorização médica para buscar tratamento em Israel foram
aprovados no ano passado, informaram organizações de direitos humanos em fevereiro,
e a Organização Mundial de Saúde informou que 54 palestinos morreram em 2017 por
não conseguir autorização.

Fonte: BBC

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