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ANALISTA DO TRT E TST

Direito Processual do Trabalho


Leone Pereira
Data: 07/02/2012
Aula 01

RESUMO

SUMÁRIO

1) CONCEITO
2) FINALIDADES OU ESCOPOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
3) NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
4) HERMENÊUTICA OU EXEGESE DO PROCESSO DO TRABALHO
5) FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

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Facebook: Professor Leone Pereira

Indicação Bibliográfica de Processo do Trabalho:

→ Legislação: “Vade Mecum”


Editora: Revista dos Tribunais

→ Legislação: CLT
Editora: Método

→ Obra: Manual de Processo do Trabalho


Autor: Leone Pereira
Editora: Saraiva

→ Obra: Manual de Processo do Trabalho


Autor: Mauro Schiavi
Editora: LTr

→ Resumo: Coleção Elementos do Direito


Autor: os volumes de Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho são do prof. Leone Pereira
Editora: Revista dos Tribunais

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1. CONCEITO

Trata-se de um ramo da ciência jurídica dotado de um conjunto de princípios, regras e instituições


próprias que objetiva a aplicação do Direito Material do Trabalho nos conflitos individuais, coletivos e
transindividuais do trabalho.

Obs.: a palavra norma é gênero, abrange princípios e regras.

ANALISTA DO TRT E TST – 2012


Anotador(a): Cecília Morais
Complexo Educacional Damásio de Jesus
2. FINALIDADES OU ESCOPOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

 Promover a justa composição da lide trabalhista;


 Promover a pacificação social;
 A efetividade da legislação trabalhista e social;
 Defender a dignidade da pessoa do trabalhador;
 Defender os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

3. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

O prof. Maurício Godinho Delgado diz que a natureza jurídica é composta de duas idéias de qualquer
estudo, a primeira idéia é buscar a definição do que se está estudando, segundo ele definição é a busca dos
elementos essenciais; e, a segunda idéia é a classificação, que é a busca do posicionamento comparativo.
Resumindo natureza jurídica é a definição + a classificação.

O processo do trabalho é o ramo de Direito Público e os fundamentos são:

a) É composto de normas processuais cogentes, imperativas ou de ordem pública (ou seja, são normas de
observância obrigatórias);

b) Compete a União legislar sobre Direito Processual, de acordo com o artigo 22, I, da CF:

Art. 22 – CF/88 - Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

4. HERMENÊUTICA OU EXEGESE DO PROCESSO DO TRABALHO

Hermenêutica significa a ciência da interpretação das normas. É dividida em três grandes partes:

 Interpretação e aplicação;
 Integração;
 Aplicação.

Estudaremos a integração e a aplicação.

a) Integração

A integração do processo serve para suprimento de lacunas no Processo do Trabalho.

Obs.: as lacunas tem dois sinônimos, omissões e anomias (ausência de normas).

O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema integrativo (este sistema não é adotado no mundo
inteiro).

Em havendo ausência de norma para o caso concreto, ainda assim, o juiz é obrigado a julgar.

Atenção para os artigos 4º da LINDB (Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro) e 126 do CPC:

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Art. 4º - LINDB - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de
direito.

Art. 126 – CPC - O juiz não se exime de sentenciar ou despachar


alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide
caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à
analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.

E também os artigos 8º, 769 e 889 da CLT:

Art. 8º - CLT - As autoridades administrativas e a Justiça do


Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão,
conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e
outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do
direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o
direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse
de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

Art. 769 – CLT - Nos casos omissos, o direito processual comum


será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto
naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

Art. 889 – CLT - Aos trâmites e incidentes do processo da execução


são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente
Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais
para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública
Federal.

O artigo 769 cuida da aplicação subsidiária do Processo Civil a para esta aplicação subsidiária há a
necessidade de dois requisitos cumulativos:

a) Lacuna na CLT;

b) Compatibilidade de princípios e regras. Ex. prescrição de ofício e sua aplicabilidade no processo do


trabalho (estudaremos).

Cuidado com o artigo 889 da CLT, pois este artigo cuida da aplicação subsidiária na execução trabalhista.
Na hipótese de lacuna na CLT aplicamos a LEF, que é a Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/1980), mas para
aplicá-la há a necessidade de preenchimento dos mesmos requisitos cumulativos (lacuna na CLT e
compatibilidade de princípios e regras). Havendo omissão da LEF utilizamos o CPC.

b) Aplicação

Na aplicação estudamos a eficácia das normas processuais trabalhistas.

O que é eficácia? Eficácia é a mesma coisa que validade?

Pontes de Miranda desenvolveu o estudo do ato jurídico, trouxe o estudo dos planos que se chama de
“escada pontiana”.

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Temos que estudar em três planos, como se fosse uma escada, no 1º plano temos o plano da existência
quando verificamos se a ciência existe ou não, depois o plano da validade quando verificamos se as normas
são válidas ou não, e por último, temos o plano da eficácia.

Plano de eficácia

Plano da validade

Plano da existência

Trazemos o conceito de eficácia: eficácia significa aptidão para produzir efeitos jurídicos.

Quando estudamos eficácia estudaremos em dois blocos:

 Eficácia no tempo

Como a lei nova incide no processo em andamento? Através do conceito de processo responderemos esta
questão.

Processo é o instrumento da jurisdição. Além desta idéia de instrumento, é o conjunto de atos


processuais coordenados que se sucedem no tempo objetivando a entrega da prestação jurisdicional.

Atenção com os artigos 912 e 915 da CLT, 1211 do CPC e 6º da LINDB:

Art. 912 – CLT - Os dispositivos de caráter imperativo terão


aplicação imediata às relações iniciadas, mas não consumadas,
antes da vigência desta Consolidação.

Art. 915 – CLT - Não serão prejudicados os recursos interpostos


com apoio em dispositivos alterados ou cujo prazo para
interposição esteja em curso à data da vigência desta
Consolidação.

Art. 1.211 – CPC - Este Código regerá o processo civil em todo o


território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-
se-ão desde logo aos processos pendentes.

Art. 6º - LINDB - A lei em vigor terá efeito imediato e geral,


respeitados o ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa
julgada.

1º. Aplicamos o princípio do efeito imediato ou da eficácia imediata;

Lei processual nova terá incidência imediata no processo em curso.

2º. Aplicamos o sistema do isolamento dos atos processuais;

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Lei processual nova somente atingirá atos a serem praticados. Pois para atos já praticados aplicamos a
preclusão (estudaremos). A preclusão é a perda de uma faculdade processual, do direito de praticar um ato
processual.

3º. Princípio da irretroatividade das leis:

Além do artigo 6 da LINDB, temos o artigo 5º, XXXVI da CF, lei nova não poderá retroagir prejudicando ato
jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.

Art. 5º - CF/88 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;

 Eficácia no espaço

Aplicamos os artigos 1º e 1.211 do CPC, é o princípio da territorialidade, a lei processual tem incidência
em território nacional, mas temos discussões que estudaremos nas próximas aulas.

Art. 1º - CPC - A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é


exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as
disposições que este Código estabelece.

Art. 1.211 – CPC - Este Código regerá o processo civil em todo o


território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-
se-ão desde logo aos processos pendentes.

5. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

No âmbito do processo do trabalho só faz sentido estudar as fontes formais do Processo do Trabalho.

Fontes do Direito significam a origem das normas jurídicas.

As fontes formais representam as normas já materializadas (já construídas). As fontes formais


representam o momento eminentemente jurídico.

Vamos estudar as principais fontes formais do processo do trabalho.

a) Constituição Federal

Atenção aos artigos 111 a 116 da CF, pois encontraremos nestes regras da organização e competência da
Justiça do Trabalho:

Art. 111 – CF/88 - São órgãos da Justiça do Trabalho:


I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juizes do Trabalho.

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Art. 111-A – CF/88 - O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á
de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o
disposto no art. 94;
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio
Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do
Trabalho.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções,
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
carreira;
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer,
na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária,
financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e
segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões
terão efeito vinculante.

Art. 112 – CF/88 - A lei criará varas da Justiça do Trabalho,


podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-
la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
Regional do Trabalho.

Art. 113 – CF/88 - A lei disporá sobre a constituição, investidura,


jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos
órgãos da Justiça do Trabalho.

Art. 114 - CF/88 - Compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
direito público externo e da administração pública direta e indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data ,
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho;

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VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no
art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na
forma da lei.
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger
árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas
legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade
de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho
poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho
decidir o conflito.

Art. 115 – CF/88 - Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-


se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República
dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco
anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o
disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
antigüidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça
itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
fases do processo.

Art. 116 – CF/88 - Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será


exercida por um juiz singular.

b) CLT - Decreto-Lei 5.454/1943

Obs. tem status de lei ordinária federal, assim foi recepcionada pela CF.

c) CPC

d) LEF (lei 6.830/1980)

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e) Lei 5.584/1970

Traz diversos exemplos processuais. Encontramos por exemplo, o procedimento sumário, chamado de
dissídio de alçada (estudaremos); prazos recursais uniformes (prazo regra 8 dias); regras sobre a prova pericial;
a remição (pagamento) na execução; assistência judiciária gratuita, etc.

f) Lei 7701/1988

No módulo 2 estudaremos e encontraremos por exemplo, competência no âmbito do TST.

g) Lei 7.347/1985

É a lei da ação civil pública que serve para a tutela dos interesses transindividuais e metaindividuais.

h) Lei 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor - CDC

i) Súmulas vinculantes do STF

Súmula Vinculante 4
Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem
de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por
decisão judicial.

Súmula Vinculante 22
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as
ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes
de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença
de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional no 45/04.

Súmula Vinculante 23
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de
greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Súmula Vinculante 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito.

j) Formas ou métodos de solução dos conflitos trabalhistas

Carlos Henrique Bezerra Leite adota de forma mais didática. A doutrina diz que temos três formas ou
métodos de solução dos conflitos.

 Autotutela ou autodefesa

Autotutela representa a forma mais primitiva de solução dos conflitos, é a idéia de fazer justiça com as
próprias mãos.

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A idéia se dá por imposição da força por uma das partes. A força pode ser física, política, social,
econômica, cultural, etc. E se uma das partes impõe a força temos a submissão da parte contrária.

Em regra, a autotutela é vedada pelo ordenamento jurídico vigente, inclusive é um crime do artigo 345 do
CP, crime de exercício arbitrário das próprias razões.

Art. 345 - CP - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer


pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além
da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.

Hipóteses excepcionais que a autotutela é permitida (exceção):

→ Legítima defesa no Direito Penal;

→ Desforço imediato na tutela da posse (art. 1.211 do CC):

Art. 1.211 – CC/02 - Quando mais de uma pessoa se disser


possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se
não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por
modo vicioso.

Na área trabalhista:

→ No âmbito coletivo a doutrina traz os exemplos da greve e locaute (este último não é permitido, que é
a paralisação das atividades do empregado por iniciativa do empregado,r para frustrar negociação coletiva que
tem como conseqüência a interrupção do contrato de trabalho).

→ No âmbito individual a doutrina traz o “jus resistentiae”, que é o direito de resistência obreiro em face
de alterações unilaterais abusivas por parte do empregador, ex. rescisão indireta (Mauro Schiavi, Bezerra
Leite).

 Autocomposição

Trata-se da forma mais privilegiada de solução dos conflitos. Na autocomposição as próprias partes
solucionam os conflitos e sem o emprego da força.

Classificações da autocomposição:

→ A autocomposição pode ser unilateral ou bilateral:

Unilateral é a manifestação de vontade de uma das partes, ex. a renúncia, em que a parte abre mão de
um direito certo. Enquanto a bilateral é a manifestação de vontade de ambas as partes, ex. transação.

→ Autocomposição pode ser extraprocessual e intraprocessual:

Extraprocessual é fora do processo, ex. temos a convenção coletiva de trabalho, o acordo coletivo de
trabalho, conciliação na CCP (Comissão de Conciliação Prévia) e a mediação (não é pacifico, mas na 1º fase
assinalar) e intraprocessual é dentro do processo, ex. conciliação.

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Obs. sobre mediação:

Mediação é a forma de solução dos conflitos na qual o mediador aproxima as partes no intuito de uma
solução conciliatória.

O terceiro é chamado de mediador que tem a função de aproximação das partes. Em uma idéia inicial traz
o elemento novo que é a figura do terceiro.

Maurício Godinho enquadra a mediação como heterocomposição, mas prevalece o entendimento de que
a mediação é uma espécie de autocomposição, Amauri Mascaro Nascimento explica que o mediador possui
uma função persuasiva, mas não impositiva. E a grande característica da heterocomposição é a imposição da
mediação.

Exemplos de mediadores na área trabalhista: Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do


Trabalho.

 Heterocomposição

Apresenta duas importantes características:

1º. Presença de um terceiro (mas isto por si só não caracteriza a heterocomposição);

2º. Com poder de decisão sobre as partes.

Exemplos de heterocomposição: jurisdição onde o terceiro é o Estado-juiz e a arbitragem que o terceiro é


a figura do árbitro regida pela lei 9307/96.

Comissão de Conciliação Prévia (CCP):

A CCP foi fruto do advento da lei 9.958/2000, é relativamente recente na conciliação de conflitos. Esta lei
resultou na inclusão dos art. 625-A a 625-H na CLT:

Art. 625-A – CLT - As empresas e os sindicatos podem instituir


Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com
representantes dos empregados e dos empregadores, com a
atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.
(título acrescido pela L-009.958-2000)
Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo
poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter
intersindical.

Arts. 625-B – CLT - A Comissão instituída no âmbito da empresa


será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e
observará as seguintes normas:
I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a
outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto,
fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;
II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os
representantes titulares;
III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um
ano, permitida uma recondução.

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§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados
membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta
grave, nos termos da lei.
§ 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho
normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas
quando convocado para atuar como conciliador, sendo
computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa
atividade.

Art. 625-C – CLT - A Comissão instituída no âmbito do sindicato


terá sua constituição e normas de funcionamento definidas em
convenção ou acordo coletivo.

Art. 625-D – CLT - Qualquer demanda de natureza trabalhista será


submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da
prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito
da empresa ou do sindicato da categoria.
§ 1º A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo
por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia
datada e assinada pelo membro aos interessados.
§ 2º Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado
e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada
com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da
Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação
trabalhista.
§ 3º Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância
do procedimento previsto no caput deste artigo, será a
circunstância declarada na petição inicial da ação intentada
perante a Justiça do Trabalho.
§ 4º Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria,
Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará
por uma delas para submeter a sua demanda, sendo competente
aquela que primeiro conhecer do pedido.

Art. 625-E – CLT - Aceita a conciliação, será lavrado termo


assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e
pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo
extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às
parcelas expressamente ressalvadas.

Art. 625-F – CLT - As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de


dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a
partir da provocação do interessado.
Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão,
será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se
refere o § 2ºdo Art. 625-D.

Art.625-G – CLT - O prazo prescricional será suspenso a partir da


provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a

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fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de
conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no Art. 625-F.

Art. 625-H – CLT - Aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de


Conciliação Trabalhista em funcionamento ou que vierem a ser
criados, no que couber, as disposições previstas neste Título, desde
que observados os princípios da paridade e da negociação coletiva
na sua constituição.

A CCP foi criada como uma tentativa de desafogar o poder judiciário trabalhista, é uma forma alternativa
de solução de conflitos. É uma forma de autocomposição extraprocessual.

Principais regras sobre a Comissão de Conciliação Prévia:

1º. Abrange apenas dissídios individuais;

Não cabe CCP para conflitos coletivos.

2º. A instituição da CCP é facultativa;

3º. Local;

No âmbito da empresa (grupo de empresas) ou no âmbito do Sindicato (caráter intersindical).

OBS.: na hipótese da existência de CCP empresarial e CCP Sindical para a mesma categoria, o empregado
poderá escolher uma das CCPs e será competente a que primeiro conhecer do pedido.

4º. Na CCP aplicamos a idéia de composição paritária, a doutrina chama de princípio da paridade;

Igual número de representante dos empregados e empregadores (o número da CCP tem que ser par pela
composição paritária).

5º. CCP Sindical;

A CLT fala que a CCP criada no âmbito de um Sindicato tem a sua constituição e as normas de
funcionamento definidas em Convenção Coletiva de Trabalho ou Acordo Coletivo de Trabalho, ou seja, em
negociação coletiva.

6º. CCP empresarial;

A CCP empresarial as regras estão definidas na CLT.

a) Número de membros

No mínimo dois e no máximo dez membros. Metade será indicada pelo empregador a outra metade será
eleita pelos empregados em escrutínio secreto (escrutínio é a forma do voto), fiscalizado pelo Sindicato da
categoria profissional.

b) Suplentes

Tantos suplentes quantos forem os titulares.

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c) Mandato

É de um ano permitida uma recondução.

d) Estabilidade provisória (garantia de emprego) do membro da CCP (muito importante)

A expressão estabilidade provisória é muito consagrada na jurisprudência. Esta estabilidade abrange


apenas os membros representantes dos empregados, ou seja, apenas os eleitos. Abrange titulares e suplentes.

Estabilidade está no art. 625-B, § 1º da CLT:

Arts. 625-B – CLT - A Comissão instituída no âmbito da empresa


será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e
observará as seguintes normas:
I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a
outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto,
fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;
II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os
representantes titulares;
III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um
ano, permitida uma recondução.
§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados
membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta
grave, nos termos da lei.
§ 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho
normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas
quando convocado para atuar como conciliador, sendo
computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa
atividade.

Demonstra que a estabilidade vai até um ano após o final do mandato, ou seja, a lei falou o final, mas não
diz quando começa a estabilidade, temos uma lacuna em relação ao termo inicial desta estabilidade.

Temos duas correntes sobre o tema:

1º corrente (posição majoritária): defende que o termo inicial é o registro da candidatura.

Vai haver, portanto, a necessidade do inquérito judicial para apuração de falta grave.

Atenção com os artigos 8º, VIII da CF, 543, § 3º da CLT e Súmulas 197 do STF e 379 do TST:

Art. 8º - CF/88 - É livre a associação profissional ou sindical,


observado o seguinte:
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do
registro da candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Art. 543 - CPC - O empregado eleito para cargo de administração


sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de

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deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas
funções, nem transferido para lugar impossível o desempenho das
suas atribuições sindicais.
§ 3º Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou
associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a
cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de
associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu
mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se
cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta
Consolidação.

SÚMULA Nº 197 DO STF:

“O EMPREGADO COM REPRESENTAÇÃO SINDICAL SÓ PODE SER


DESPEDIDO MEDIANTE INQUÉRITO EM QUE SE APURE FALTA
GRAVE.”

Súmula nº 379 - TST - Res. 129/2005 - DJ 20, 22 e 25.04.2005 -


Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SDI-1
Dirigente Sindical - Despedida - Falta Grave - Inquérito Judicial -
Necessidade
O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta
grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos
arts. 494 e 543, §3º, da CLT. (ex-OJ nº 114 - Inserida em
20.11.1997)

2º. corrente (posição de Sérgio Pinto Martins – minoritária): o termo inicial é a eleição. Na prova teste vai
estar escrito “parcela da doutrina entende” e isto está correto, pois para ele não há previsão legal.

Desnecessidade do inquérito policial para apuração de falta grave.

e) Passagem pela Comissão de Conciliação Prévia

Art. 625-D, “caput” da CLT fala que qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à CCP:

Art. 625-D - CLT - Qualquer demanda de natureza trabalhista será


submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da
prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito
da empresa ou do sindicato da categoria.

1º corrente (posição majoritária): que a passagem é facultativa. STF (liminar) nas Ações Diretas de
Inconstitucionalidade 2139 e 2160:

EMENTA
Dados Gerais
Processo: ADI 2139 DF
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 01/02/2010
Publicação: DJe-027 DIVULG 11/02/2010 PUBLIC 12/02/2010

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Decisão
AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE. COINCIDÊNCIA DE OBJETO. ALTERAÇÃO DA CLT PELAS LEIS NS.
9.957 e 9.958, AMBAS DE 2000. CAUTELARES PARCIALMENTE DEFERIDAS. VISTA AO ADVOGADO-GERAL DA
UNIÃO E AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA PARA JULGAMENTO DO MÉRITO.1. Em Questão de Ordem
decidida na sessão plenária de 6.4.2000, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela prevenção do Relator desta
Ação Direta de Inconstitucionalidade na ocasião, o eminente Ministro Octavio Gallotti, em relação às Ações
Diretas de Inconstitucionalidade ns. 2.148 e 2.160, originalmente distribuídas aos Ministros Março Aurélio e
Celso de Mello, respectivamente, tendo em vista a coincidência de objeto dessas ações e a anterioridade na
distribuição.2. Em decisao de 12.9.2000, o Ministro Octavio Gallotti assentou, em decisão monocrática (DJ
12.9.2000), a ilegitimidade ativa da confederação autora da ADI n. 2.148, tendo essa decisão transitado em
julgado em 26.9.2000.3. Discute-se, nas ações diretas remanescentes , a higidez constitucional de d (ns. 2.139
e 2.160) ispositivos acrescentados à Consolidação das Leis do Trabalho pelas Leis 9.957 e 9.958 , ambas de 12
de janeiro de 200 (art. 625-D e 852-B, inc. II) 0, os quais, em síntese, dispõem sobre as Comissões de
Conciliação Prévia e impossibilitam a citação por edital no procedimento sumaríssimo da Justiça do Trabalho,
respectivamente.4. Em 13.5.2009, este Supremo Tribunal concluiu o julgamento das medidas cautelares
requeridas nesta e na ação direta de inconstitucionalidade apensa (n. 2.160), deferindo-as parcialmente, por
maioria, para dar interpretação conforme à Constituição da República relativamente ao artigo 625-D,
introduzido pelo artigo 1º da Lei n. 9.958/00, no sentido de afastar a obrigatoriedade da fase de conciliação
prévia que disciplina (DJe 23.10.2009).5. Pelo exposto, dê-se vista ao Advogado-Geral da União e ao
Procurador-Geral da República, sucessivamente, para que cada qual se manifeste, na forma da legislação
vigente, no prazo máximo e igualmente improrrogável e prioritário de quinze dias (art. 8º da Lei n.
9.868/99).Publique-se.Brasília, 1 de fevereiro de 2010.Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora.

EMENTA
Dados Gerais
Processo: ADI 2160 DF
Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI
Julgamento: 13/05/2009
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação: DJe-200 DIVULG 22-10-2009 PUBLIC 23-10-2009 EMENT VOL-02379-01 PP-00129 RIOBTP v. 21, n.
250, 2010, p. 18-47
JUDICIÁRIO - ACESSO - FASE ADMINISTRATIVA - CRIAÇÃO POR LEI ORDINÁRIA - IMPROPRIEDADE.
Ao contrário da Constituição Federal de 1967, a atual esgota as situações concretas que condicionam o
ingresso em juízo à fase administrativa, não estando alcançados os conflitos subjetivos de interesse.
Suspensão cautelar de preceito legal em sentido diverso.
Decisão
Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, vencido o Senhor Ministro Março Aurélio, não conheceu da ação
direta no que toca ao artigo 1º da Lei nº 9.958, de 12 de janeiro de 2000, no ponto que introduziu na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) o parágrafo único do artigo 625-E. Votou o Presidente. Prosseguindo
no julgamento, o Tribunal, por unanimidade, indeferiu a medida liminar no que toca ao artigo 1º da Lei nº
9.957, de 12 de janeiro de 2000, no ponto em que introduziu na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) o
inciso II do artigo 852-B. Votou o Presidente. E após o voto do Senhor Ministro Octavio Gallotti (Relator),
indeferindo a cautelar, e do voto do Senhor Ministro Março Aurélio, deferindo-a, em parte, referentemente ao
artigo 625-D, introduzido pelo artigo 1º da Lei nº 9.958/2000, o julgamento foi adiado pelo pedido de vista do
Senhor Ministro Sepúlveda Pertence. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Sydney Sanches e
Celso de Mello. Plenário, 30.6.2000.Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Sepúlveda
Pertence, justificadamente, nos termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro de 2003.
Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário, 28.04.2004.Decisão: Após o voto-vista do Senhor
Ministro Sepúlveda Pertence, que acompanhou a divergência iniciada pelo Senhor Ministro Março Aurélio,
para deferir parcialmente a cautelar, no que foi acompanhado pelos votos da Senhora Ministra Cármen Lúcia e
pelos dos Senhores Ministros Ricardo Lewandowski e Eros Grau, pediu vista dos autos o Senhor Ministro

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Joaquim Barbosa. Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 16.08.2007. Decisão: Prosseguindo
no julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Senhor Ministro Março Aurélio, que redigirá o
acórdão, deferiu parcialmente a cautelar para dar interpretação conforme a Constituição Federal
relativamente ao art. 625-D, introduzido pelo art. 1º da Lei nº 9.958, de 12 de janeiro de 2000, vencidos os
Senhores Ministros Relator e Cezar Peluso. Não participaram da votação o Senhor Ministro Menezes Direito e
a Senhora Ministra Ellen Gracie por sucederem aos Senhores Ministros Sepúlveda Pertence e Octavio Gallotti.
Ausentes o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Presidente), em representação do Tribunal no exterior, e o
Senhor Ministro Celso de Mello, licenciado (art. 72, inciso II, da Lei Complr nº 35/1979 - LOMAN). Presidiu o
julgamento o Senhor Ministro Cezar Peluso (Vice-Presidente). Plenário, 13.05.2009.

Foi feita a “interpretação conforme” (a Constituição), conforme o art. 5º, XXXV da CF que traz o princípio
da inafastabilidade da jurisdição:

Art. 5º - CF/88 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;

E a passagem não caracteriza condição da ação ou pressuposto processual.

A 2º corrente que é minoritária traduz a idéia da obrigatoriedade da passagem pela CCP.

O grande argumento que esta corrente defendia era a interpretação gramatical ou literal do art. 625-D,
“caput”, CLT, pois tem-se a locução imperativa “será submetida”:

Art. 625-D – CLT - Qualquer demanda de natureza trabalhista será


submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da
prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito
da empresa ou do sindicato da categoria.

E também que a passagem representava uma condição da ação para alguns e para outros um pressuposto
processual. Eles aplicavam o artigo 267, IV e VI do CPC, cuja ausência leva a extinção do processo sem
resolução do mérito:

Art. 267 – CPC - Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:


IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição
e de desenvolvimento válido e regular do processo;
VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como
a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse
processual;

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