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II SIMPÓSIO DO AGRONEGÓCIO DE PLANTAS OLEAGINOSAS

TEMA: MATÉRIAS-PRIMAS PARA BIODIESEL


ESALQ, PIRACICABA, 9 a 10/05/2006

Zoneamento Agroclimático das


Principais Plantas Oleaginosas
do Brasil

Paulo Henrique Caramori


TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO

Elementos climáticos
mais importantes
para as plantas
TEMPERATURA

Geadas

Danos por Frio IDEAL Danos por Calor

0ºC 10ºC 30ºC 35ºC


REPOUSO CRESCIMENTO RESPIRAÇÃO
ABORTO DE
FLORES
PRECIPITAÇÃO

Períodos críticos

Emergência Floração

Seca – Maior causador de frustração


de safras em todo o mundo
Zoneamento Agrícola
1- Regiões sem histórico de produção
Séries Mapeamento em
curtas de larga escala
clima (mapas de aptidão)

2- Regiões com histórico de produção e pesquisa


clima - Experiência do agricultor
e técnicos
solos
- Dados de pesquisas e
relevo experimentação
CÁLCULO DOS RISCOS
MAIOR DETALHAMENTO E VALIDAÇÃO
P R O A G R O, 1993

DÍVIDA DE 700 MILHÕES DE REAIS

Seca ou
95% Excessos
de chuva

PROJETO DE REDUÇÃO DE RISCOS CLIMÁTICOS


( ZONEAMENTO AGRÍCOLA)
ZONEAMENTO DO RISCO
CLIMÁTICO
ENFOQUE: Redução dos riscos de perdas
por eventos desfavoráveis (seca, geadas,
excesso de chuvas)

Produtos:

1- Definição de Regiões climaticamente aptas

2- Épocas de semeadura adequadas


para culturas anuais
Culturas com zoneamento de risco
climático no Brasil

• Algodão •Feijão caupi


• Arroz (irrigado e sequeiro) •Mandioca
• Banana
•Milho
• Café
• Cevada •Soja
• Feijão (três safras) •Trigo
Nível de risco é definido pelo
agente financiador e/ou segurador

MAPA – Risco máximo de 20% de perdas


por eventos climáticos desfavoráveis

Financiamento pelo Banco do Brasil


Seguro Agrícola (PROAGO) com taxas reduzidas
REDE DE COLETA DE
DADOS METEOROLÓGICOS
- Temperatura
- Precipitação Pluviométrica
- Vento
- Umidade Relativa
- Radiação Solar

Séries históricas de dados (30 anos)


ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO
Estações pluviométricas no Brasil
DISTRIBUIÇÃO DAS ESTAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS

280 Km

* 2.380 estaç ões c om série históric a de 15 anos de da dos diários


_

_
EMBRAPA CERRADOS / ANEEL
Cálculo da
disponibilidade
hídrica
Balanço Hídrico
Precipitação + Transpiração (T)
Irrigação

Evaporação (E)
Escorrimento (F)

20 cm

50 cm
D Armazenamento

Drenagem profunda ou
Ascensão capilar (D)
BALANÇO HÍDRICO DO PARANÁ
(Thornthwaite & Matter, 1948)

O L
Paranavaí 00 a 05mm
Cornélio 05 a 10mm
Sto Antônio
S
Maringá Procópio 10 a 15mm
Londrina da Platina
Apucarana 15 a 20mm
Umuarama Cianorte

Campo Mourão Ortigueira Arapoti


Ivaiporã

Toledo

Ponta Grossa
Cascavel

Guarapuava
Curitiba
Foz do Iguaçu Paranaguá

Francisco Beltrão
Pato Branco União da Vitória
Palmas
Balanço hídrico com base em modelo físico-fisiológico

Pr
ec
ip
ita Evapotranspiração
çã
o

SIMBA Ev. Interceptação

Trasnpiração
Evaporação

o ff
un
R

Infiltração

q=K( dΨ//dt
q=K(θ) Redistribuição

Percolação

Faria & Madramootoo, 1996


Evapotranspiração
• Evapotranspiração de referência (ETo) –
Estimada com dados das estações
meteorológicas

• Evapotranspiração Máxima (ETm) – Perda


de água da cultura durante o ciclo, sem
restrições hídricas

• Evapotranspiração real ou atual (ETr) –


Perda de água da cultura com ou sem
restrições hídricas
Balanço Hídrico em Piracicaba (1997)
120 50
45
100
40
35
80
Precitipação (mm)

ETP e ETR (mm)


30
60 25
20
40
15
10
20
5
0 0
F2

2
J1

J3

J2

J1

J3

2
S1

S3
2

2
1

D
O
A

A
M

Decêndios
Precipitação ETP ETR
Coeficiente de cultura (Kc = ETm / ETo)

ETm/ETo
1,10 – 1,30

1,0
0,5-0,7

0,3-0,4

e
o to ão e o
a çã ia e n
r
ç
a ão de açã
m in ênc
r rg scim o
Fl izaç nto at ur
e e lin me s
G me Cr o
M
e p chi ão
r
en g
Coeficientes de cultura (Kc)
Cultura Kc inicial Kc médio Kc
final

Oleaginosas 0,35 1,15 0,35


Mamona 1,15 0,55
Canola 1,0 – 1,15 0,35
Cártamo 1,0 – 1,15 0,25
Girassol 1,0 – 1,15 0,35

Kc é medido experimentalmente ETm = Kc ETo


Fonte: Crop evapotranspiration – FAO Irrigation and Drainage Paper 56
Allen, Pereira, Raes, Smith, 1998.
Balanço Hídrico Agroclimático
1,0

Adequado
ETr / ETm

0,5

Deficit

Tempo (dias)

ETm = Evapotranspiração máxima da cultura (sem restrição hídrica)


ETr = Evapotranspiração da cultura em qualquer condição
de umidade do solo
Modelo SARRAZON
• Estabelece um Indice de Satisfação das Necessidades de
água:

ISNA = ETr / ETm


• Estabelece valor crítico de ISNA na fase mais sensível da
cultura (em torno do florescimento)
0,6 A 0,7 para culturas mais sensíveis
ISNA CRÍTICO
0,4 A 0,5 para culturas mais tolerantes
• A condição do ISNA satisfatório deve ocorrer em pelo
menos 80% dos anos para uma época de plantio ser
recomendada
Exemplos de ISNA

MAMONA

• ISNA > 0,50 - Região favorável

• ISNA > 0,50 e < 0,40 - Região intermediária

• ISNA< 0,40 - Região desfavorável


Silva, M.T. Zoneamento de risco climático para a mamona no estado de
Alagoas. Disponível em: http://www.biodieselbr.com/pdf/mamona/121.PDF
Balanço Hídrico Agroclimático
Excesso
CAD
(mm) Adequado

(1-p)CAD

Nível crítico Déficit

Tempo (dias)
CAD = Capacidade de água disponível no perfil do solo (mm)
p = fração de esgotamento tolerável pela cultura
Esgotamento tolerável (p) por culturas

• Amendoim p = 0,5
• Cártamo p = 0,6
• Girassol p = 0,45

Interpretação:
p = 0,6 – A absorção de água pelas raízes começa a sofrer
restrições (stress) quando há retirada de 60% da CAD do solo
> p > tolerância ao déficit hídrico
Cálculo da
disponibilidade
térmica
Temperatura varia com altitude, latitude e
longitude

A cada 100 m de elevação

temperatura decresce aproximadamente 0,65oC

Temperatura = a + b.lat + c.long + d.alt


Altitude – resolução 800 m
Altitude – resolução 90 m
Geadas
• Tmínima = a + b.lat + c.long + d.alt

Tmínima – medida nas estações meteorológicas

300
INVERSÃO TÉRMICA
250

200

ALTURA (cm)
Tmín de 3 a 4oC a 2 m de altura
150

100
T relva em torno de 0oC
50

Gis/2000
GEADA 0
0 1 2 3 4 5
TEMPERATURA ( C )
Risco de geadas pode ser estimado com base nas
temperaturas mínimas registradas em abrigos
meteorológicos

Tmín. < 3oC geada


Probabilidade de geadas no Paraná
Excesso de chuvas na colheita
• Duração do período com alta umidade é
mais importante que total de chuvas

• Critério: 50 mm em 5 dias, sendo pelo


menos 3 dias com chuvas
N
_ 23º N
_ 23º
N

O L O L

O L

Riscos de
S S

_ 24º _ 24º S

_ 25º _ 25º

excesso de _ 26º

54º
I
53º
I
52º
I
51º
I
50º
I
49º
I
_ 26º

54º
I
53º
I
52º
I
51º
I
50º
I
49º
I

chuvas _

O
N

L
_ 23º

O
N

S
L
_ 23º

O
N

S
L

_ S
_ 24º _ 24º

_ _ 25º _ 25º

_ _ 26º _ 26º

54º 53º 52º 51º 50º 49º 54º 53º 52º 51º 50º 49º
I I I I I I I I I I I I

_ 23º N
_ 23º N
_ 23º N

O L O L O L

S
S S

_ 24º _ 24º _ 24º

_ 25º _ 25º _ 25º

_ 26º _ 26º _ 26º

54º 53º 52º 51º 50º 49º 54º 53º 52º 51º 50º 49º 54º 53º 52º 51º 50º 49º
I I I I I I I I I I I I I I I I I I

_ 23º N
_ 23º N _ 23º N

O L
O L O L

S S
S

_ 24º _ 24º _ 24º

_ 25º _ 25º _ 25º

_ 26º _ 26º _ 26º

54º 53º 52º 51º 50º 49º 54º 53º 52º 51º 50º 49º 54º 53º 52º 51º 50º 49º
I I I I I I I I I I I I I I I I I I
Etapas do Zoneamento Agrícola

Levantamento de Dados de Produção

1- Dados de área plantada e produtividade por município

2- Áreas de concentração da cultura nos últimos anos

3- Limites extremos de exploração comercial


Oleaginosas do Estado da Bahia na Safra 2004/2005

Oleaginosas Área Produção Produtividade


plantada (em mil (kg/ha/ano)
(em mil ha) kg)
Mamona 172 129 750
Soja 870 2.349 2.700
Algodão 233,1 488 3.450
Dendê 41.690 164 3.963
Girassol xx xx 1.557
Pinhão- xx xx xx
Manso
xx = não existe plantio comercial Fonte: Conab 2005
R E GIÃO CAF E E IR A DO P AR ANÁ
área em hectares
até 100
entre 100 e 500
entre 500 e 1500
entre 1500 e 3000
acima de 3000
Etapas do Zoneamento Agrícola

Reuniões com Especialistas da Cultura

1- Levantar todos os dados de experimentação sobre épocas


de semeadura / avaliações de produtividade

2- Resgatar trabalhos anteriores

3- Levantar todas as exigências climáticas da cultura durante


o seu ciclo
Exigências Climáticas
• Amendoim (CAMARGO et al., 1974)
Temperatura média mensal acima de 21 oC
durante o ciclo
Boa disponibilidade hídrica nos dois meses
iniciais
Deficiência hídrica moderada nos dois
últimos meses do ciclo
Aptidão Climática para a cultura do amendoim em São Paulo
Exigências Climáticas
• Dendê
• Precipitação 1800 a 2000mm, chuvas
mensais sempre acima de 100mm
• Insolação de 1800 horas/ano
• Temperatura média de 25 a 27oC, com
mínimas acima de 19oC
Estimativa da área adaptada ao plantio de dendezeiros no Brasil

Estado Hectares (milhões)


Acre 2,5
Amapá 0,5
Amazonas 54,0
Bahia 0,9
Pará 5,0
Rondônia 2,0
Roraima 4,0
Tocantins 1,0
Total 69,9
Fonte: Veiga et al., 2000. Embrapa Amazônia Oriental. (Documentos, 60).
Exigências Climáticas
• Girassol
• Temperatura acima de 8oC na emergência
• Temperatura média de 20 a 25 oC durante
o ciclo
• Excesso de chuvas na colheita prejudica
qualidade dos grãos
• Ventos fortes provocam quebra e
acamamento
• Deficiência hídrica nos 20 dias que
antecedem o florescimento e na formação
dos grãos diminui produtividade
Aptidão Climática para a cultura do girassol em São Paulo
Exigências Climáticas
• Canola
• Planta de cultivo de inverno
• Não tolera temperaturas elevadas
• Temperaturas de 5ºC a 30ºC com
ótimo de 20 a 22ºC
• Mesma faixa de exploração do trigo,
aveia e cevada
• É exigente em umidade
Exigências Climáticas
• Mamona
• Tolerante à deficiência hídrica
• Precipitação mínima de 600 a 750 mm em pelo
menos 5 meses
• Requer umidade para crescimento e seca para
maturação e colheita
• Iniciada a germinação a temperatura deve
manter-se acima de 12oC
• Temperatura ideal de 20 a 30oC
• 2oC durante 4 horas causa morte da planta
• Temperaturas < 10oC comprometem a
viabilidade do pólen
Fonte: http://www.biodieselbr.com/plantas/mamona/clima-solo-mamona.htm
Exigências Climáticas
• Nabo forrageiro
• Temperatura mínima
crítica de -4oC
• Temperaturas amenas
durante o crescimento
favorecem florescimento
e produção
• Resistente à seca
http://www.uidaho.edu/sugarbeet/nmtds/oilseed.htm
Derpsch & Calegari – Plantas para adubação verde de inverno. 1992. Circular IAPAR 73.
Etapas do Zoneamento Agrícola

Dados de Solos e Relevo

1- Características físicas e hídricas dos solos, para determinar


a capacidade de retenção de água

2- Mapas de altitude com valores a cada pixel de 800 m ou 90 m


Etapas do Zoneamento Agrícola
Análise Climática

1- Organização dos dados meteorológicos

2- Determinação da disponibilidade climática -


temperatura, chuvas, radiação solar, umidade,
ventos

3- Determinação dos riscos climáticos – temperaturas


extremas (geadas, resfriamentos, temperaturas
altas), veranicos, excesso de chuvas
Riscos de deficiência hídrica
(Metodologia do MAPA)

1. Determinação da variação do Kc
2. Cálculo da ETo (decendial)
3. Organização dos dados de chuva diária
4. Cálculo da chuva efetiva (chuva > 40 mm
ocorre 30% de escorrimento)
5. Profundidade efetiva das raízes (80%)
Riscos de deficiência hídrica
(Metodologia do MAPA)

6. Definição das classes de retenção de água


no solo (três classes)
7. Determinação da CAD (mm)
8. Duração do ciclo da cultura
9. Datas de simulação (decêndios)
10. Especificação do ISNA (ETr / ETm)
Riscos de deficiência hídrica
(Metodologia do MAPA)
11. Espacialização do déficit no SIG
12. Listagem dos municípios aptos (80% dos
anos com ISNA satisfatório)
Validação dos Resultados

1- Discussões com especialistas da cultura


2- Apresentação aos técnicos envolvidos com a cultura
3- Re-análise e ajustes
ZONEAMENTO
DAS CULTURAS
ANUAIS

São determinadas as áreas


aptas e as épocas de
semeadura de menor risco
ZONEAMENTO
DE CULTURAS
PERENES

São mapeadas as
áreas aptas e
inaptas para a
cultura
ZONEAMENTO
DA SERINGUEIRA
IMPACTOS - CULTURA DO MILHO PR (2004)

• Área plantada: 1,4 milhão ha


• Produtividade: 5,5 mil kg/ha
• Produção: 7,7 milhões ton.
• Valor da produção: R$ 205 milhões de reais
• Dados do IAPAR:
– Plantio 1 mês antes ou após período ideal
causa perdas de 10 a 40% na produtividade
– Admitindo perdas médias de 10% com plantio
fora da época ideal:
PREJUÍZOS ANUAIS DE R$ 20,5 MILHÕES DE REAIS
Produção Agrícola Municipal 2002
Municípios com e sem Zoneamento Agrícola
variação da área colhida em relação à área plantada

Municípios com Zoneamento Municípios sem Zoneamento


Culturas Zoneadas
Área Plantada Área Colhida Variação Área Plantada Área Colhida Variação
(ha) (ha) (%) (ha) (ha) (%)
Algodão herbáceo
609.967 606.918 0,50% 154.025 153.513 0,33%
(em caroço)
Arroz
2.089.431 2.073.636 0,76% 1.084.799 1.070.690 1,30%
(em casca)
Feijão
1.871.194 1.831.575 2,12% 2.425.748 2.284.056 5,84%
(em grão)
Milho
9.147.530 8.931.040 2,37% 3.105.164 2.777.633 10,55%
(em grão)
Soja
14.606.774 14.593.072 0,09% 1.775.261 1.772.369 0,16%
(em grão)
Sorgo granífero
414.416 329.796 20,42% 101.227 93.807 7,33%
(em grão)
Trigo
2.002.423 1.955.834 2,33% 149.408 149.068 0,23%
(em grão)
TOTAL 30.741.735 30.321.871 1,37% 8.795.632 8.301.136 5,62%

Fonte: IBGE

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