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20/11/2017 REPENSANDO O DIREITO: AULA DE HERMENÊUTICA.

PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO DO DIREITO

AULA DE HERMENÊUTICA. PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO DO


DIREITO
1. Noção de Integração

-Ao julgar determinadas lides, o juiz poderá se ver às voltas com casos não previstos na
lei. Mesmo em tais casos, o juiz não pode deixar de julgar sob a alegação de que não
existe norma jurídica enquadrável ao caso.

-Duas são as causas da incerteza na aplicação da lei:

a)As lacunas (insuficiência legal). Dificuldade que se resolve mediante o


estabelecimento de normas supletórias da lei
b)Os textos ambíguos ou obscuros. Dificuldade que se resolve mediante a
interpretação.

-Quando determinado texto legal omitir determinada situação jurídica que seja objeto
da lide, o juiz, que não pode deixar de sentenciar, terá sua tarefa reduzida à
interpretação quando houver norma legal ou costumeira aplicável ao caso; caso
contrário, deverá integrar a norma, recorrendo à analogia e aos princípios gerais do
direito.

-Integração segundo o Professor Paulo Nader trata-se de um processo de


preenchimento de lacunas, existentes na lei, por elementos que a própria legislação
oferece ou por princípios jurídicos, mediante operação lógica e juízos de valor.

-Diz a LICC em seu Art. 4º: "Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito".

2. Espécies de Integração

2.1 – Auto-Integração = processo de integração da que utiliza elementos do próprio


ordenamento jurídico.
Exemplo: Paulo sofreu um prejuízo em decorrência de uma viagem de trem pela
empresa COMPANHIA VALE DO RIO DOCE. No caso, se não houvesse uma lei que
disciplinasse a questão do transporte ferroviário, Paulo poderia aplicar uma norma de
transporte rodoviário ou de transporte aéreo, editada no Brasil.

2.2 – Hetero-Integração = é um processo no qual o aplicador do direito se utiliza de


normas jurídicas pertencentes a outro ordenamento jurídico.

Exemplo: Em questões de comércio exterior é comum a utilização de normas


estrangeiras quando não exista uma norma brasileira que trate do assunto.

3. Teorias sobre as Lacunas do Direito = segundo Carlos Cossio as teorias que tentam
explicar as lacunas do direito são as seguintes:

3.1 – Teoria do Realismo Ingênuo = Tem fundamento na evolução da sociedade, ou

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seja, a lei é criada para resolver conflitos sociais que surgem das mais variadas relações
jurídicas, mas, entre a data da criação da lei e sua publicação ocorrem situações as mais
diversas que muitas vezes escapam à visão do legislador. E assim ocorrem espaços
vazios, brancos, no texto legal.

-Segundo o jurista Vellado Berron a tese do Realismo Ingênuo sobre a existência das
lacunas tem por finalidade justificar o arbítrio dos juízes, ou seja, os julgadores só
podem se valer da integração quando houver omissões na legislação. Por conseguinte,
é fácil perceber que a tese tem fundamento na idéia de que o Direito é uma ordem
estática.

3.2 – Teoria do Empirismo Científico = É uma teoria que tem base na chamada norma
de liberdade, segundo a qual tudo o que não está proibido está juridicamente permitido,
para explicar a inexistência de lacunas no ordenamento jurídico.
3.3 – Teoria do Ecletismo

-Segundo essa corrente, as lacunas só existiriam na lei, mas, de forma nenhuma no


ordenamento jurídico, o qual é um sistema repleto de critérios de aplicação das normas
jurídicas. É a corrente de pensamento que predomina na doutrina.

3.4 – Teoria do Pragmatismo

-É uma corrente que reconhece a existência de lacunas no ordenamento jurídico.


Contudo, os defensores dessa corrente entendem que o Direito dispõe de fórmulas para
regular todos os conflitos sociais. É a corrente que predomina entre os juízes e
tribunais.

3.5 – Teoria do Apriorismo Filosófico

-Tese defendida por Carlos Cossio, o qual entende que a ordem jurídica não tem
lacunas. É uma teoria que aparenta semelhança com a Teoria do Empirismo Científico,
mas, há se diferencia na fundamentação, vez que para esta o Direito é concebido como
soma de regras jurídicas.

Contudo, segundo Carlos Cossio “O Apriorismo Filosófico concebe a ordem jurídica


como uma estrutura totalizadora, de onde resulta que um Regime de Direito Positivo é
uma totalidade e, por conseguinte, que não há casos fora do todo, porque, do contrário,
o todo não seria o todo.”

4 – Postulado da Plenitude da Ordem Jurídica


-Postulação: Para a lógica, um postulado é um enunciado aceito sem prova, quer dizer,
sua veracidade não é demonstrada através de argumento.

►No Mundo do Direito Positivo, do ponto de vista prático, vigora o Postulado da


Plenitude da Ordem Jurídica, segundo o qual, o Direito Positivo é pleno de respostas e
soluções para todas as questões que surgem no meio social.

1º Exemplo: CPC, Art. 126 - O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando
lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas
legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de
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direito.
2º Exemplo:

Lei de Introdução ao Código Civil, Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz d

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