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SUMÁRIO
I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA EXECUÇÃO CIVIL NO NOVO CPC (PROPOSTA METODOLÓGICA). 1.
Considerações preliminares. 2. Conceito de execução. 3. Processo (autônomo) de execução e fase procedimental executiva. 4.
Técnicas de execução: execução por sub-rogação (direta) e por coerção (indireta). 4.1. Execução por sub-rogação ou direta.
4.2. Execução por coerção ou indireta. 5. Atos executivos. 6. As várias espécies de execução.
II - PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO CIVIL NO NOVO CPC. 1. Princípio de que “não há execução sem
título” ( ou “nulla executio sine titulo”). 2. Princípio da tipicidade dos títulos executivos. 3. Princípio da patrimonialidade. 4.
Princípio do exato adimplemento. 5. Princípio do desfecho único. 6. Princípio da disponibilidade da execução. 7. Princípio da
utilidade. 8. Princípio do menor onerosidade. 9. Princípio da lealdade e boa-fé processual. 10. Princípio do contraditório. 11.
Princípio do respeito à dignidade humana.
III - PARTES NA EXECUÇÃO. 1. Terminologia. 1.1. Partes. 1.2. Legitimidade. 2. Legitimidade ordinária e extraordinária.
2.1. Legitimidade ordinária. 2.1.1. Primária, originária ou direta. 2.1.2. Secundária, superveniente ou independente. 2.2.
Legitimidade extraordinária. 3. Legitimidade ativa. 3.1. Credor a quem a lei confere título executivo. 3.2. Ministério Público.
3.3. Espólio, herdeiros e sucessores. 3.4. Cessionário e o sub-rogado. 3.4.1. Cessionário. 3.4.2. Sub-rogado. 4. Legitimidade
passiva. 4.1. Sujeito que figura no título como devedor. 4.2. Espólio, herdeiros e sucessores. 4.3. Novo devedor. 4.4. Fiador
judicial. 4.5. Responsável tributário. 5. Litisconsórcio na execução.
V - TÍTULO EXECUTIVO. 1. Considerações iniciais. 2. Requisitos da obrigação contida no título executivo (NCPC, art.
783). 2.1. Certeza. 2.2. Liquidez. 2.3. Exigibilidade. 3. Títulos executivos judiciais (NCPC, art. 515). 3.1. As decisões
proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de
entregar coisa. 3.2. A decisão homologatória de autocomposição judicial. 3.3. A decisão homologatória de autocomposição
extrajudicial de qualquer natureza. 3.4. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. 3.5. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos
ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial. 3.6. A sentença penal condenatória transitada em julgado. 3.7. A
sentença arbitral. 3.8. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. 3.9. A decisão interlocutória
estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça. 4. Títulos executivos
extrajudiciais (NCPC, art. 784). 4.1. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. 4.1.1. Letra
de câmbio. 4.1.2. Nota promissória. 4.1.3. Duplicata. 4.1.4. Debênture. 4.1.5. Cheque. 4.2. A escritura pública ou outro
documento público assinado pelo devedor. 4.3. O documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas.
4.4. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal. 4.5. O contrato garantido por hipoteca,
penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução. 4.6. O contrato de seguro de vida em caso de
morte. 4.7. O crédito decorrente de foro e laudêmio. 4.8. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio. 4.9. A certidão de dívida ativa da
Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma
da lei. 4.10. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva
convenção ou aprovadas em assembléia geral, desde que documentalmente comprovadas. 4.11. A certidão expedida por
serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados,
fixados nas tabelas estabelecidas em lei. 4.12. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
1. Considerações preliminares
O processo de execução é disciplinado no Novo Código de Processo Civil
(NCPC, Lei 13.105/2015), nos artigos 771 a 925, do Livro II da Parte Especial. Este livro
divide-se em três títulos: a) Título I - Da execução em geral (NCPC, art. 771 a 796); b) Título
II - Das diversas espécies de execução (NCPC, art. 797 a 913); c) Título III - Dos embargos à
execução (NCPC, art. 914 a 920); d) Título IV - Da suspensão e da extinção do processo de
execução (NCPC, art. 921 a 925).
O livro II da Parte Especial do NCPC regula o procedimento da execução fundada
em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos
procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de
cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei
atribuir força executiva, conforme disposto no NCPC, Art. 771, destacando-se que aplicam-se
subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial. Cumpre destacar que
"a atividade jurisdicional nele exercida é exclusivamente voltada à satisfação de um direito
1
CARVALHO, Fabiano. In WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR, Fredie; TALAMINI, Eduardo;
DANTAS, Bruno (coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT,
2015, p. 1.770.
2
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo código de processo civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 33.
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2. Conceito de execução
Execução é um conjunto de meios materiais disciplinados em lei e à disposição da
Justiça objetivando a satisfação do direito material comprovado por título executivo, e
"consiste na prática de atos jurisdicionais tendentes à realização material do direito atual ou
3
NERY JÚNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Comentários ao código de processo civil. São
Paulo: RT, 2015, p. 1.619.
4
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 18. Segundo o autor, “no processo de conhecimento, a
atividade é essencialmente intelectiva: o juiz ouve os argumentos do autor e do réu, colhe as provas, pondera
as informações trazidas e emite um comando, declarando se o autor tem ou não o direito postulado e se faz
jus à tutela jurisdicional. Já no de execução, a atividade do juiz é desenvolvida para tornar efetivo o direito do
exequente, que o executado resiste em satisfazer ‘sponte própria’. A atividade já não é intelectiva, mas de
alteração da realidade material, na busca da satisfação do direito, que não foi voluntariamente observado. No
processo de conhecimento e na execução (seja ela processo ou mera fase) há um conflito de interesses, que
deve ser solucionado pelo Judiciário (daí a natureza jurisdicional de ambos). Mas o tipo de conflito é distinto:
no primeiro, recai sobre a existência do direito alegado pelo autor em face do réu. Na execução, o conflito é
de inadimplemento. O direito do autor está reconhecido, mas o réu recusa-se a satisfazê-lo espontaneamente,
sendo necessária a intervenção do Judiciário para torná-lo efetivo”.
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GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 2ª ed., São Paulo: Saraiva,
2009, p. 3.
9
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 750.
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5. Atos executivos
Enquanto no processo de conhecimento o juiz impõe regras de conduta entre as
partes, na execução o estado-juiz torna efetivo o direito do credor. Os atos cognitivos visam
revestir de certeza o direito, para que não reste dúvida de “quem deve o que para quem”, e
impõe uma regra de conduta, pois a sentença faz lei entre as partes envolvidas. Ocorre que em
regra tal comando não é cumprido espontaneamente, motivo pelo qual o Poder Judiciário deve
10
NCPC, Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a
serem pagos pelo executado.
§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido
pela metade.
§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução,
podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se
em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.
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intervir novamente na vida das partes para tornar efetivo o que foi determinado na sentença,
uma vez que a Constituição Federal atribui ao Estado o dever de realizar concretamente o
direito da parte.
Os atos executivos são aqueles que objetivam a alteração do mundo exterior, com
invasão da esfera jurídica do executado, e o emprego de medidas necessárias para tornar
efetivo o direito do exequente ou credor.
Ou seja, imagine-se um título executivo obrigando à entrega da coisa, e o devedor
não cumpre, será determinada a busca e apreensão do bem, ou a imissão do autor na posse,
conforme ela seja móvel ou imóvel. Se a obrigação foi de pagamento de determinada quantia,
o juiz determinará a penhora e avaliação do bem, com a subsequente alienação em leilão para
pagamento do credor. Os atos executivos são sempre determinados pelo juiz, mas o seu
cumprimento é atribuído aos seus auxiliares, os oficiais de justiça. Quando se verificar que há
resistência ao cumprimento da ordem judicial, que não pode ser vencida pelos auxiliares da
justiça, o juiz requisitará a força policial, valendo-se das prerrogativas que lhe asseguram o
NCPC nos arts. 782, §2º11 e 846, §2º12.
11
NCPC, Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de
justiça os cumprirá.
§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas comarcas
contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana.
§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará.
§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes.
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a
execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial.
12
NCPC, Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de
justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.
§ 1º Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que
se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas)
testemunhas presentes à diligência.
§ 2º Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora
dos bens.
§ 3º Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência, entregando uma via ao escrivão ou ao
chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a apuração
criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência.
§ 4º Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação.
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Súmula 106 do STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição e decadência.
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NCPC, Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com
identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de
outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações
efetivadas.
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no
prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
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§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça
no prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos
do § 2º indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados.
15
ASSIS, Araken. Manual da execução. 13ª ed., São Paulo: RT, 2010, p. 106-107.
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1. Princípio de que “não há execução sem título” ( ou “nulla executio sine titulo”)
Não se permite a invasão do patrimônio do executado por atos de constrição
judicial como a penhora, busca e apreensão ou imissão na posse, sem um profundo grau de
certeza em relação ao direito da parte ativa, pois o executado é colocado numa situação
processual desvantajosa em relação ao exeqüente.
O título demonstra certeza (ou ao menos uma grande probabilidade) de que o
crédito representado nele efetivamente exista para justificar essas desvantagens que serão
suportadas pelo executado.
16
NCPC, Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos
previstos neste Título:
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de
fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II – a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título singular ou universal;
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
decisão judicial;
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII – a sentença arbitral;
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal
de Justiça;
X – Vetado.
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para
a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que
não tenha sido deduzida em juízo.
17
NCPC, Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV – o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia
Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
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Cabe destacar que "uma das conotações do princípio da tipicidade dos atos
executivos, diretamente decorrente do princípio do devido processo legal, traduz a ideia de
que os atos executivos são "típicos", ou seja, são aqueles previstos pelo legislador"18.
3. Princípio da patrimonialidade
De acordo com o NCPC, art. 78919, o devedor responde com todos os seus bens
presentes e futuros para o cumprimento das suas obrigações perante o credor. Com seus bens,
não com sua pessoa ou com sua dignidade ou integridade física.
A execução não pode consistir em métodos de constrição sobre a pessoa do
devedor, mas sempre sobre o seu patrimônio. Não pode ocorrer, por exemplo, tortura ou
coação do devedor para que se possa obrigá-lo a pagar seu débito. Porém, medidas de pressão
psicológica do devedor são possíveis (multas).
A execução é sempre real (recai sobre uma coisa, uma “res”), e nunca pessoal,
pois são os bens do executado que respondem por suas dívidas, e não seu próprio corpo, por
exemplo, como o previsto na Lei das XII tábuas, que possibilitava que em certas situações era
possível ... “dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores”.
V – o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por
caução;
VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X – o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI – a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de
promover-lhe a execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem
executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei
do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
18
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva.
Primeiros comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 1.115.
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NCPC, Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
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Nas tutelas de obrigação de fazer e não fazer, por exemplo, conforme NCPC, art.
49720 e 53621, o juiz pode utilizar-se dos instrumentos para que seja assegurado ao credor
20
NCPC, Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o
pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação
de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa
ou dolo.
21
NCPC, Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não
fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a
busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade
nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça,
observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento.
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem
judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
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§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se
o art. 525, no que couber.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de
fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
22
NCPC, Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I – a petição inicial for indeferida;
II – a obrigação for satisfeita;
III – o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV – o exequente renunciar ao crédito;
V – ocorrer a prescrição intercorrente.
23
NCPC, Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I – indeferir a petição inicial;
II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III – por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;
IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência;
VIII – homologar a desistência da ação;
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X – nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de
5 (cinco) dias.
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acolhimento integral dos embargos à execução, cujo fundamento seja a inexistência do direito
material exeqüendo.
O único objetivo da execução é satisfazer o direito do exeqüente. A única forma
de prestação que pode ser obtida em tal processo é a satisfação do direito do exeqüente e
nunca do executado. “O executado, na melhor das hipóteses, verá impedida a satisfação do
direito com a extinção do processo sem a resolução do mérito, mas jamais terá a possibilidade
de obter uma decisão de mérito favorável a ele. Na execução, não se discute mérito, busca-se
apenas a satisfação do direito, sendo, portanto, impossível uma improcedência do pedido do
exeqüente”24.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o
autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento
do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se.
24
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 760.
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A desistência pode ser feita pelo Exequente, a qualquer momento, mesmo sem o
consentimento do devedor, exceto se a execução estiver Embargada, com critérios
estabelecidos pelo NCPC, art. 77525.
7. Princípio da utilidade
Não se justifica o processo de execução apenas para prejudicar o devedor, sem
que isso traga proveito prático para o credor. Um exemplo deste princípio ocorre quando a
penhora não será realizada quando restar evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
Também por esse princípio impede-se a aplicação das astreintes (multa para
compelir o devedor ao cumprimento forçado da prestação devida) quando o juiz se convence
e que a obrigação se tornou materialmente impossível de ser cumprida, e somente prejudicaria
o executado, sem nenhum proveito ao exeqüente. Neste caso, a pressão psicológica (execução
por coerção ou indireta) é inútil, pois não depende mais da vontade do executado o
cumprimento da obrigação, a exemplo da obrigação de fazer quando o artista pintor quebra os
dois braços e não pode executar a obra de arte.
A propósito, execução não é vingança privada, mas mecanismo judicial para
satisfação do direito do credor, e sempre que se entender que esse direito não pode ser
satisfeito não haverá razão plausível para a admissão da execução ou dos meios executivos
inúteis para a satisfação do direito.
25
NCPC, Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida
executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
I – serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o
exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II – nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
26
NCPC, Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se
faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios
mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinad
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não pode ocorrer é o exagero dos gravames impostos ao executado. “O estrito respeito ao
princípio da menor onerosidade não pode sacrificar a efetividade da tutela executiva.
Tratando-se de princípios conflitantes, cada qual voltado à proteção de uma das partes da
execução, caberá ao juiz no caso concreto, em aplicação das regras da razoabilidade e
proporcionalidade, encontrar um ‘meio-termo’ que evite sacrifícios exagerados tanto ao
exeqüente como ao executado”27.
É claro que o executado irá criar embaraço para a satisfação do exeqüente, e é por
isso que seu patrimônio deve ser constrito, mas sem exageros. Um exemplo da aplicação deste
princípio é o de permitir que um bem seja alienado em hasta pública por preço vil.
27
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 763.
28
CF, Art. 5º, LV: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
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1. Terminologia
1.1. Partes
Partes são as pessoas que pedem ou em face das quais se pede a tutela
jurisdicional Estatal. Na execução forçada, as partes ativas e passivas são chamadas
tradicionalmente de exeqüente e executado, credor e devedor.
1.2. Legitimidade
Legitimidade (ou “legitimatio ad causam”) é a "pertinência subjetiva da ação, pois
esta só pode ser proposta por quem tiver a titularidade do interesse subordinante, ou
prevalecente, da pretensão, em face daquele cujo interesse, de conseqüência, esteja
subordinado ao do autor. É, no plano material, a titularidade ativa ou passiva na relação
jurídica litigiosa, e, no plano processual, a capacidade processual de estar em juízo"30.
Legitimidade é a pertinência subjetiva entre o que é levado a juízo e a qualidade
para se litigar a respeito dele, existindo tanto no polo ativo quanto no polo passivo.
Importante salientar que, não existe diferença entre a legitimidade no cumprimento de
sentença e na execução autônoma de título executivo extrajudicial, e o que será tratado
adiante vale para os dois.
31
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 42.
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Nesta hipótese, não basta o título executivo judicial para conferir ao exeqüente a
sua legitimação, sendo que para isto ele deve juntar à execução a prova de que o ato ou fato
que lhe dá legitimidade realmente ocorreu. Exemplos:
a) sucessor causa mortis (espólio, herdeiros e sucessores) ou inter vivos (cessão,
sub-rogação),
b) o lesado individual, nas ações civis públicas para defesa de interesses
individuais homogêneos, e
c) a vítima de crime, que queira executar civilmente a sentença penal condenatória
transitada em julgado, proferida contra o ofensor.
Nas hipóteses descritas acima, a execução será promovida por aquele sujeito que
se diz titular da obrigação, ou em face daquele a quem incumbe o seu cumprimento, embora
nenhum deles figure no título executivo.
3. Legitimidade ativa
exemplo da legitimidade do advogado para executar a sentença que fixa seus honorários
advocatícios (Lei 8.906/94, art. 2332, Súmula 306 do STJ33).
32
Lei 8.906/94, art. 23: Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem
ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o
precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.
33
Súmula 306 do STJ: Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da
própria parte.
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3.4.1. Cessionário
Em relação à cessão de crédito, verifica-se que quando a sucessão do credor
ocorrer por ato inter vivos, o polo ativo na execução passará a ser ocupado pelo cessionário, e
não existe necessidade do consentimento do devedor para que a cessão se aperfeiçoe, nos
termos do CC, art. 28635 (plano de validade). Mas o devedor deve ser notificado para que
saiba agora para quem pagar (plano de eficácia). Ou seja, é válido o pagamento feito pelo
devedor não notificado ao credor primitivo. Neste sentido o art. 290 do Código Civil
determina que a cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a
este notificada.
Os direitos podem ser objeto de cessão, exceto os “personalíssimos” e verbas
relativas a benefícios da previdência social, e sendo devido o crédito pelo credor originário o
sujeito passa a ter legitimidade superveniente para executar o título. Para tanto, o cessionário
deve juntar o instrumento de cessão de crédito.
Cabe salientar que “a sucessão aqui decorre de ato negocial, como, por exemplo, o
endosso dos títulos cambiais e a cessão civil, previstos nos art. 286 e seguintes do CC. A
34
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 775.
35 CC, Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a
convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se
não constar do instrumento da obrigação.
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3.4.2. Sub-rogado
Sub-rogado é aquela pessoa que paga uma dívida alheia, assumindo daí todos os
direitos, ações e privilégios que antes eram atribuídos ao credor primitivo.
Em relação à sub-rogação, haverá também legitimidade superveniente na hipótese
de sub-rogação legal (CC, art. 34637) e convencional (CC, art. 34738), sendo necessário que o
sub-rogado prove esse fenômeno como condição para ser admitido como legitimado a propor
ou a continuar no pólo ativo da execução.
Cabe salientar que “haverá sub-rogação legal do credor que paga dívida do
devedor comum; do adquirente do imóvel hipotecado que paga o credor hipotecário, bem
como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; do
terceiro interessado que paga dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
E haverá sub-rogação convencional quando o credor recebe o pagamento de terceiro e
expressamente lhe transfere todos os seus direitos, ou quando terceira pessoa empresta ao
devedor a quantia precisa para obter a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante
sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. A sub-rogação presta-se apenas para conceder
legitimidade ativa àquele que paga; não há sub-rogação no polo passivo da execução. A
legitimidade é ordinária, porque com a sub-rogação o novo credor assume a qualidade jurídica
do anterior”39.
Sobre o assunto, “registre-se que tanto na hipótese de cessão de crédito como de
sub-rogação os novos credores não são obrigados a assumir o pólo ativo da demanda judicial
já em trâmite. Sendo-lhes permitido aguardar o desfecho da demanda para cobrar do antigo
36
NUNES, Elpídio Donizetti. Curso didático de direito processual civil. 14ª ed., São Paulo: Atlas, 2010, p.
887.
37 CC, Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a
reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
38 CC, Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem
possa alienar o objeto em que ele consistiu.
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé,
a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
39
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 43-44.
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credor. Nesse caso, o demandante continua no processo, mas a partir da cessão de crédito ou
da sub-rogação sua legitimidade passará a ser extraordinária, considerando-se que estará em
nome próprio litigando por um direito que não mais lhe pertence.” 40.
Destaca-se uma hipótese de sub-rogação decorrente da fiança, pois o fiador pode
ser obrigado, no todo ou em parte, pelo pagamento da dívida. E se pagar de maneira forçada
ou voluntária, sub-rogar-se-á no direito do credor, e poderá prosseguir nos mesmos autos
contra o afiançado.
4. Legitimidade passiva
40
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 775.
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(benefício do inventário, CC, art. 179241). Essa regra nada tem a ver com a legitimidade
passiva, tratando-se de regra de direito material que exclui a responsabilidade civil do espólio,
herdeiro, que incidirem sobre dívidas superiores à herança.
41 CC, Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a
prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
42 CC, Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do
credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o
credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida,
interpretando-se o seu silêncio como recusa.
43
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 43.
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44CC, Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber,
determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-
lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.
45CC, Art. 1.445. O devedor não poderá alienar os animais empenhados sem prévio consentimento, por escrito,
do credor.
Parágrafo único. Quando o devedor pretende alienar o gado empenhado ou, por negligência, ameace prejudicar
o credor, poderá este requerer se depositem os animais sob a guarda de terceiro, ou exigir que se lhe pague a
dívida de imediato.
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46 CTN, Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
47 CTN, Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa
de lei.
48
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p. 684.
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5. Litisconsórcio na execução
É permitida a formação de litisconsórcio ativo, passivo e misto, tanto na execução
extrajudicial como no cumprimento de sentença.
Salienta-se que “quando se tratar de execução por quantia contra devedor
solvente, o litisconsórcio será sempre facultativo, porque as somas em dinheiro são sempre
divisíveis, podendo ser exigidas apenas por alguns dos credores, em face de apenas algum dos
devedores. Já se a obrigação for de entrega de coisa ou de fazer ou não fazer, o litisconsórcio
poderá ser facultativo ou necessário, conforme o tipo de coisa ou de facere que for objeto da
execução. Por exemplo, se se tratar de obrigação de fazer indivisível, que só possa ser
cumprida conjuntamente pelos devedores, o litisconsórcio será necessário, sendo
imprescindível a inclusão de todos no polo passivo. Ou a entrega de coisa indivisível, que
esteja em poder de duas ou mais pessoas. Mas tais situações são excepcionais, sendo regra na
execução, o litisconsórcio facultativo”49.
Em resumo, o litisconsórcio necessário na execução resume-se às obrigações de
fazer indivisível ou de entrega de coisa indivisível.
49
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 51.
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IV - COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO
1. Considerações iniciais
A execução possui caráter jurisdicional, pois nela o Estado exerce função
substitutiva daquele que deveria cumprir a obrigação (devedor), e assim busca combater a
crise de inadimplemento. Portanto é necessário invocar o Estado, pois o particular não pode
invadir a esfera patrimonial do executado com suas próprias forças, uma vez que o Estado-
juiz possui o monopólio da função executiva. Ou seja, o particular não pode fazer valer seu
direito pelo exercício arbitrário das próprias razões.
Portanto o Estado, no exercício jurisdicional da sua atividade executiva, invade a
esfera patrimonial do devedor, visando a obtenção de um resultado útil mais próximo possível
do que resultaria o adimplemento espontâneo por parte do executado. E a competência, em
matéria de execução, é disciplinada no NCPC nos art. 51650 (para cumprimento de sentença),
e 78151 (para processo de execução autônomo de título executivo extrajudicial).
50
NCPC, Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença
estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde
deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será
solicitada ao juízo de origem.
51
NCPC, Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente,
observando-se o seguinte:
I – a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de
situação dos bens a ela sujeitos;
II – tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III – sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for
encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV – havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer
deles, à escolha do exequente;
V – a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu
origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
aparelhado para a execução é aquele em que a sentença foi proferida. Ocorre que no Novo
CPC existem 3 (três) foros concorrentes:
52
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 35. O autor ainda explica que “nas execuções de alimentos,
além dos três foros concorrentes estabelecidos no art. 475-P, haverá a possibilidade de o credor optar por
mais um: o de seu próprio domicílio. A jurisprudência, atenta à situação do alimentando, permite que ele opte
por requerer a execução no seu domicílio atual, ou seja, mesmo que a ação de alimentos tenha ocorrido em
determinado juízo, o qual proferiu sentença transitada em julgado, o alimentando poderá ajuizar a execução
no local onde tem domicílio atual. Nesse sentido, ‘na execução da prestação alimentícia, o disposto no art.
100, II, prevalece sobre o preceito do art. 575, II’ (STJ, 2ª Seção, CComp 2.933)”.
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2.2. Competência do juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição (NCPC,
art. 516, II)
Trata-se da regra geral para títulos judiciais que estabelece ser competente para a
execução o juízo que tenha sido competente no processo de conhecimento para a produção da
sentença exequenda.
53
CF, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
respectiva opção, e à naturalização.
54
“Essa delegação de atribuições, ao menos para o Supremo Tribunal Federal, vem expressamente prevista no
art. 102, I, “m”, da Constituição Federal, entendendo a melhor doutrina que, mesmo diante da omissão
legal, seja essa regra aplicável para todos os tribunais” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, p.788). CF, Art. 102, I, “m”: Compete ao
Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar,
originariamente: m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação
de atribuições para a prática de atos processuais (...).
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Sabe-se que é mais lógico e eficiente permitir que a execução seja proposta no
local onde se encontram os bens que servirão de garantia ao pagamento do crédito exeqüendo,
no local onde se encontra a coisa objeto de execução ou no local onde a obrigação deve ser
cumprida.
Sensível a essa realidade o parágrafo único do art. 516 do NCPC determina que o
exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde
se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a
obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será
solicitada ao juízo de origem. Segundo esse dispositivo, caso o credor queira optar por outro
juízo que não o atual no qual foi formado o título executivo, deverá requerer de forma
“fundamentada” a remessa dos autos ao novo juízo.
Deverá requerer a quem? Ao novo juízo (onde estão os bens por exemplo), ou ao
juízo que formou o título (o que proferiu a sentença exequenda)? Ao juízo em que se formou
o título, que será o responsável pelo envio dos autos ao novo juízo.
Trata-se de uma exceção ao princípio da perpetuação da jurisdição contido no
NCPC, art. 4355, uma vez que o NCPC art. 516 prevê um foro concorrente para a execução de
sentença condenatória, tendo ocorrido por exemplo mudança de endereço do demandado
(modificação do estado de fato). A propósito, admite-se mudança da competência territorial
por mero ato de vontade da parte autora, independentemente de qualquer modificação de fato
ou de direito superveniente56.
55
NCPC, Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial,
sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
56
Um exemplo pode ser encontrado na seguinte hipótese: “Peter ingressou com processo de conhecimento
contra Aline, domiciliada em São Paulo, na Comarca de São Sebastião, e não tendo sido excepcionado o
juízo, a 1ª Vara Cível de São Sebastião sentenciou a demanda condenando Aline ao pagamento de
R$10.000,00. Sabendo Peter que Aline continua domiciliada em São Paulo, e que tem bens em São Caetano
do Sul, poderá executar a sentença em qualquer dessas Comarcas, ainda que desde o momento do ingresso
da demanda Aline não tenha alterado seu domicílio nem o local em que se encontram seus bens. A simples
vontade de Peter é suficiente para afastar o princípio da perpetuatio jurisdictionis”. (NEVES, Daniel
Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, p.792).
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dominante no sentido de que será competente o juízo cível que seria o competente para
conhecer o processo de conhecimento se não existisse título executivo. Analisa-se então as
três hipóteses previstas no NCPC art. 516, , III.
57
NUNES, Epídio Donizetti. Curso didático de direito processual civil. 11ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2009, p 447.
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Tal matéria é disciplinada pelo NCPC, art. 781, que determina que a execução
fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o
seguinte:
I – a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de
eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II – tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de
qualquer deles;
III – sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução
poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
58
COSTA, Nilton César Antunes da. Poderes do árbitro – de acordo com a lei 9.307/96. São Paulo: RT, 2002,
p. 94. Segundo o autor, “outro problema, se fosse conferido o poder de força ao árbitro, seria a
descentralização desse poder em mãos de árbitros distintos, campo fértil para criação de situações caóticas e,
ainda, seria de fácil violação à ordem pública e aos bons costumes, acarretando a preponderância dos
interesses particulares sobre os interesses públicos, sendo certo que a Lei da Arbitragem adotou princípio
inverso (art. 2º, §1º, da Lei 9.307/96)”.
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V - TÍTULO EXECUTIVO
1. Considerações iniciais
No direito processual civil existem duas espécies de títulos executivos: judiciais
(NCPC, art. 51559), e extrajudiciais (NCPC, art. 78460).
59
NCPC, Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos
previstos neste Título:
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de
fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II – a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título singular ou universal;
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
decisão judicial;
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII – a sentença arbitral;
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal
de Justiça;
X – Vetado.
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para
a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que
não tenha sido deduzida em juízo.
60
NCPC, Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV – o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia
Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V – o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por
caução;
VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte;
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2.1. Certeza
Certeza encontra-se presente quando não há controvérsia quanto à sua existência.
Certeza tem a finalidade de identificar os legitimados ativos e passivos na execução, precisar
a espécie de obrigação (quantia certa, fazer, não fazer, entrega de coisa) assim como
determinar sobre qual bem incidirão os atos executivos.
2.2. Liquidez
Liquidez corresponde à determinabilidade da fixação do quantum debeatur
(“quanto se deve” ou “o que se deve”), sendo que o título executivo deve conter elementos
que possibilitem sua fixação, mesmo que necessitar ser atualizado por meros cálculos
aritméticos.
2.3. Exigibilidade
Exigibilidade é a inexistência de impedimento à eficácia atual da obrigação. A
prova da exigibilidade dá-se geralmente pelo simples transcurso da data de vencimento ou da
inexistência de termo ou condição.
Exemplos de títulos inexigíveis: dívida não vencida, ou multa diária (astreite) sem
que tenha ocorrido intimação pessoal da parte (Súmula 410 do STJ61).
61
Súmula 410 do STJ: a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer e não fazer.
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62
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR, Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno
(coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 848.
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63
CPP, Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor
fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração
do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
64
CPP, Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
65
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 830.
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vítima pretenda acionar-lhes na esfera cível, será obrigado a promover ação de conhecimento
buscando sentença condenatória. O título executivo é formado exclusivamente contra o
condenado na esfera penal.
Em caso de revisão criminal que declare a absolvição daquele que fora
anteriormente condenado na sentença penal transitada em julgado, se a execução não se inicia
haverá perda do título executivo e a execução não poderá ser proposta, e se a execução já foi
iniciada deverá ser extinta por perda superveniente do título executivo, e se a execução já foi
proposta e o dinheiro recebido cogita-se no caso concreto de ação de repetição de indébito.
66
CF, Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;(Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
67
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR, Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno
(coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p.850.
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68
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR, Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno
(coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 851.
69
Título cambiário: “papel que gera direitos e obrigações, sendo que sua transmissibilidade é proporcionada
pelo próprio instrumento representativo. Por exemplo: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata,
warrant” (DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. V.4. São Paulo: Saraiva, 1998, p.569)
70
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p.836.
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pode ser exigido) e autonomia (as disposições contidas na cártula ou título não se vinculam à
causa que as originou).
Em obediência ao princípio da circulabilidade dos títulos de crédito, para o
ajuizamento da ação de execução exige-se que a petição inicial seja instruída com o título
original, não sendo permitidas fotocópias mesmo que autenticadas. Em situações que o título
esteja instruindo outro processo (como ação penal de estelionato), e sendo impossível o seu
desentranhamento, bastará a juntada de fotocópia e “certidão de objeto e pé”71 do processo
em pé em que se encontra o título. Também se o título instruir ação cautelar de arresto,
admite-se a fotocópia, o que não gera prejuízo em virtude dos processos correrem em apenso.
71
Certidão de objeto e pé: Trata-se de “breve relato” do processo. Corresponde a uma “certidão que retrata o
andamento do processo, elaborada pela secretaria do cartório judicial e requerida pelos advogados e pelas
partes” (DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. V.1. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 438, verbete “breve
relato”.
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4.1.3. Duplicata
A duplicada é um título sacado pelo próprio credor, sem a participação do
devedor, e “só é título executivo se aceita, ou, se não aceita, vier acompanhada do instrumento
de protesto, do comprovante de entrega de mercadoria ou da prestação de serviço, e se o
sacado não houver recusado o aceite, na forma como lhe é facultado na lei de duplicadas”72.
A duplicata (criação nacional) é regulada pela Lei 5.474/1968, e corresponde a
uma ordem de pagamento emitida pelo credor para documentar o crédito oriundo de uma
compra e venda ou prestação de serviços, e ganhou no Brasil o espaço que em outros países é
ocupado pela Letra de Câmbio.
Sobre a duplicata virtual: EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO
POR INDICAÇÃO. O STJ, no julgamento do EREsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Raul Araújo,
julgados em 22/8/2012, entendeu que as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio
magnético ou de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que
a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto
no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997. Os boletos de cobrança bancária vinculados
ao título virtual devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos
comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços suprem a ausência física
do título cambiário eletrônico e constituem, em princípio, títulos executivos extrajudiciais.
4.1.4. Debênture
A debênture encontra-se regulada pela Lei 6.404/1976, em especial pelos art. 52 a
74. Debênture é título de crédito mobiliário emitido por sociedade anônima e sociedade em
comandita por ações representativo de uma fração de uma dívida da empresa garantido pelo
ativo do patrimônio social. A índole deste título é a de título ao portador, ressaltando-se que a
Lei 8.021/90 proibiu a emissão de títulos ao portador ou endossáveis, impedindo e
inviabilizando assim a emissão de debêntures.
72
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil – execução e processo
cautelar. V.3. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 66.
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4.1.5. Cheque
O cheque rege-se pela Convenção de Genebra e pela Lei 7.357/1985. Aplicam-se
subsidiariamente o Código Civil (CC, art. 90373).
73 CC, Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste
Código.
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4.5. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de
garantia e aquele garantido por caução
São contratos de garantia, confundindo o legislador o gênero “caução” com
algumas das suas espécies. Caução real são a hipoteca, penhor e anticrese. Caução
fidejussória é afiança. Qualquer espécie de fiança (judicial, legal ou convencional) permite o
ingresso do processo executivo. “Esses contratos de garantia podem ser celebrados por
terceiros, não devedores, que a partir de então passam a ter responsabilidade patrimonial –
sempre no limite da garantia – perante o credor. Há, portanto, responsabilidade de quem não é
o obrigado, no plano do direito material, a satisfazer a obrigação. O exequente, nesse caso,
pode mover a ação de execução exclusivamente contra o devedor, contra o garante, ou contra
ambos (litisconsórcio facultativo)”74.
74
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 839.
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Trata-se de instituto de rara aplicação prática e de vida limitada, pois o art. 2038
do Código Civil75 proibiu a constituição de enfiteuses e de subenfiteuses, restando somente as
já existentes à época da entrada em vigor do referido Código (Lei 10.406/2002).
4.9. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei
A Certidão de Dívida Ativa (CDA) emitida pela Fazenda Pública Federal,
Estadual ou Municipal é título executivo. A execução fiscal é disciplinada pela Lei
6.830/1980, mas o título executivo que permite tal execução está previsto no NCPC.
Dívida ativa é qualquer valor cuja cobrança seja atribuída à Fazenda Pública, e
nos termos do art. 201 do Código Tributário Nacional constitui dívida ativa tributária a
proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa
competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final
proferida em processo regular. A CDA é gerada por procedimento administrativo previsto no
CTN, art. 20276. Cabe destacar que “a singularidade de tal título é que entre todos os títulos
75 CC, Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até
sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis
posteriores.
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou
plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.
76 CTN, Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará
obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a
residência de um e de outros;
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extrajudiciais esse é o único que pode ser formado sem nenhuma participação do devedor ou
de terceiro, atuando em sua formação apenas o credor. Tal característica vem assentada na
boa-fé do Estado e na presunção de legalidade do ato administrativo, permitindo ao Estado ser
o único capaz de formar títulos executivos de forma unilateral, embora por vezes e de forma
indesejada abuse de tal liberdade com indevidas e injustas inscrições na dívida ativa, gerando
infundadas ações de execução por quantia certa”77.
documentos de dívida, dentre outros. Alguns desses serviços são gratuitos e outros são
cobrados, cujos preços são promulgados por lei. Tais valores, portanto, poderão ser objeto de
certidão que tem, para os fins legais, força executiva"78.
4.12. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva
Leis federais extravagantes podem criar títulos executivos extrajudiciais.
Exemplos:
78
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR, Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno
(coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 1.134.
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VI - RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
79
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p.798.
80
NCPC, Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do
executado que:
I – frauda a execução;
II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III – dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV – resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V – intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem
exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.
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Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por
cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível
nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.
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81 CC, Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o
uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X
- a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso.
(Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007).
82
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 811.
83
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil – teoria geral dos recursos, recursos
em espécie e processo de execução. V.2. São Paulo: Atlas, 2010, p. 326.
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tenha participado da ação. Ou seja, o terceiro passou a ter responsabilidade patrimonial por ter
adquirido bem objeto de obrigação reipersecutória.
84CC, Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo
todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou
por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.
85CC, Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados,
pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários,
obrigados somente pelo valor de sua quota.
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.
86 CC, Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do
benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
87 CDC, Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos
estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
88
CLT, Art. 2º, § 2º: Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial
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5089, Lei de crimes ambientais 9.605/98, art. 4º90, CTN, art. 13591). Cumpre destacar que “tal
desconsideração pode ser realizada incidentalmente na própria execução, dispensando-se o
ingresso de demanda autônoma de natureza cognitiva negativa, que tornaria demasiadamente
demorada e complexa a desconstituição”92.
E qualquer que seja a razão para se responsabilizar o sócio, haverá a possibilidade
do exercício do direito ao benefício de ordem (NCPC, art. 795, §2º), podendo o sócio indicar
bens da sociedade para que respondam à satisfação da dívida antes que seus bens sejam
atingidos.
Cabe ainda destacar que em matéria tributária os sócios diretores, gerentes e
representantes são solidariamente responsáveis por obrigações resultantes de atos praticados
com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos, conforme dispõe o
CTN, art. 135, III93. Mas a execução fiscal só pode ser redirecionada contra sócio com poder
de gerência. Em caso de dissolução irregular de pessoa jurídica, somente quem tem poder de
mando deve ser responsabilizado, sendo que eventual irregularidade poderá ser combatida por
objeção (ou exceção) de pré-executividade.
ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
89 CC, Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
90
Lei 9.605/98, art. 4º: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo
ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
91
“As leis tributárias podem indicar a responsabilidade patrimonial do sócio para a satisfação de créditos
decorrentes de dívidas de natureza fiscal, sendo inclusive o sócio considerado parte legitimada passiva na
execução. Em razão do princípio do contraditório, exige-se a citação do sócio para que seja integrado na
execução, abrindo-se a ele todas as defesas possíveis de executado, além, é claro, da impugnação da própria
desconsideração da personalidade jurídica da sociedade, o que se dará perante o próprio juízo da execução,
por meio dos embargos de terceiro, sendo incabível o mandado de segurança. Acertadamente o Superior
Tribunal de Justiça enteneu que o pronunciamento judicial que inclui o sócio na execução com justificativa
em sua responsabilidade patrimonial não é mero despacho, sendo por essa razão recorrível por agravo de
instrumento”. (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São
Paulo: Método, 2010, p. 813).
92
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 813. De acordo com o autor, “existem duas espécies de desconsideração da personalidade jurídica: a)
teoria menor, que se dá pela simples prova de insolvência diante de tema referente ao direito ambiental (Lei
9.605/98, art. 4º) ou ao direito do consumidor (art. 28, §5º, da Lei 8.078/90); b) teoria maior, que exige o
abuso de gestão, ou seja, quando a sociedade é utilizada como instrumento de fraude pelos sócios, referindo-
se ao rt. 50 do CC expressamente a “desvio de finalidade ou confusão patrimonial”.
93 CTN, Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
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3.4. Do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação
respondem pela dívida
Celebrado eventual contrato por partes que sejam marido e mulher, e ocorrido o
inadimplemento, ambos são devedores no âmbito do direito material, e como tais possuem
responsabilidade patrimonial primária. Sendo ambos devedores e possuindo responsabilidade
primária haverá similaridade entre os sujeitos do direito material e do processo, sendo
possibilitadas aos cônjuges as defesas típicas de parte (embargos à execução, exceção de pré-
executividade, etc). Não é possível falar-se em embargos de terceiro, dada a condição de
devedores e executados de ambos os cônjuges.
E se a dívida foi contraída pelo casal e o credor ajuíza a execução apenas contra
um cônjuge? “O simples fato de o cônjuge ser parte no sentido material e, mais que isso,
constar do título executivo, faz com que apesar de não indicado na petição inicial da
execução, ao ingressar na demanda, o faça como parte, e jamais como terceiro, qualidade
incompatível com a sua presença na relação de direito material, consolidada no título
executivo”94.
E se a dívida for contraída por apenas um dos cônjuges? Somente ele será o
devedor e terá legitimidade para figurar no pólo passivo da execução.
94
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 815.
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Verifica-se que a fraude à execução é instituto tratado pelo NCPC, sendo que nela
o prejudicado não é apenas o credor (como na fraude contra credores), mas a própria função
jurisdicional. O ato cometido em fraude à execução é ineficaz perante o credor e o dispensa de
prova do elemento subjetivo consistente no conluio para a fraude entre devedor e terceiro,
pois a intenção fraudulenta é presumida.
A posição do STJ é a de que o terceiro adquirente deva ser protegido se
demonstrar boa-fé. Exige-se que o adquirente saiba da existência da ação ou de fatos que
tornem impossível que ele ignore a insolvência do alienante (registro da ação perante o
cartório de registro de imóveis, ampla divulgação na imprensa, etc.). De acordo com a Súmula
375 do STJ, “o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”.
Verifica-se que a fraude à execução é mais grave que a fraude contra credores,
prejudicando a efetividade da tutela jurisdicional executiva. “Tanto é assim que o
reconhecimento da fraude à execução dispensa ação autônoma e depende somente da
ocorrência de eventum damni, salvo na hipótese de terceiro adquirente de boa-fé”95.
Mais grave que isso apenas a fraude de bem já constrito judicialmente, tendo
ocorrido penhora, arresto, depósito ou qualquer medida constritiva judicial. Mesmo assim ,
respeita-se o adquirente de boa-fé, mas parece claro que o adquirente não poderá alegar boa-fé
se houver, por exemplo, registro de penhora às margens da matrícula do imóvel no serviço
competente.
3.6. Cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores
A fraude contra credores demanda ação de conhecimento própria (muitas vezes
mencionada na doutrina como pauliana ou revocatória), exigindo, para seu êxito,
demonstração do prejuízo sofrido pelo credor com insolvência do devedor, além de intenção
fraudulenta (conluio) entre os demandados.
95
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010,
p. 822.
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96 CTN, Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que
forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
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VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por
eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.
.............................................................................................
CTN, Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
97
Código Civil (Lei 10.406/2002), Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
98 Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade
jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também
será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.
§ 1° (Vetado) .
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
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III.
04 Lei Antitruste/ou da concorrência99 (Lei 8.884/94 – dispõe sobre a prevenção e
repressão às infrações contra a ordem econômica). Art. 18100.
05 Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), art. 4º101.
06 Código Tributário Nacional, art. 135
07 Consolidação das Leis do Trabalho , art. 2º, §2º102,
08 Novo CPC, art. 133 a 137, que disciplina o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica
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Truste: Organização econômico-financeira de empresas agrupadas que está sujeita a um centro decisório
comum com o escopo de monopolizar o mercado e restringir a concorrência, controlando a produção e a
venda de certos produtos e fixando diretrizes alusivas à sua distribuição e ao seu preço. É a combinação
financeira que agrupa sob direção única várias empresas que perdem completamente sua independência.
100 Lei Antitruste (8.884/94). Art. 18. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem
econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também
será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.
101
Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
102
CLT, Art. 2º, § 2º: Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial,
comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,
solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Atualizado em 11 de Novembro de 2015.
E-mail para contato: neyalvesveras@hotmail.com
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Curso de Direito Processual Civil (Novo CPC)
Prof. Ney Alves Veras
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