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DO DIREITO DE FAMÍLIA
DO CASAMENTO
E tem música....
DOS IMPEDIMENTOS
Algumas pessoas não podem casar. Contraído casamento nas
hipóteses de proibição será nulo. É o caso dos ascendentes que não
podem casar com descendentes, dos afins em linha reta, adotante
com o cônjuge do adotado, irmãos, pessoas casadas e o cônjuge
sobrevivente com quem matou ou tentou matar seu consorte e foi
condenado.
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E também tem musiquinha ....
ESPÉCIES DE CASAMENTO
Há vários tipos de casamento. Ele pode ser celebrado por
procuração quando o nubente não puder comparecer, nomeando
mandatário mediante instrumento publico com poderes especiais. Se
ambos não puderem comparecer deverão nomear mandatários
diferentes.
O casamento putativo é aquele em que um ou ambos os cônjuges
não sabiam da existência de um impedimento. É nulo ou anulável,
mas não se sabia disso. Produz todos os efeitos de um casamento
válido, mas só se os cônjuges estavam de boa-fé, ou seja, se
ignoravam os impedimentos. Se os cônjuges estavam de má-fé, só
produzirá efeitos em relação aos filhos. Se só um dos cônjuges estava
de boa-fé, o casamento produz efeitos em relação a ele e aos filhos.
O casamento nuncupativo ocorre quando um dos nubentes está
em iminente risco de morte, e não se pode obter a presença de
autoridade para presidir o ato. Nesse caso o casamento será
celebrado na presença de seis testemunhas, que tenham parentesco
com os nubentes em linha reta ou colateral até o segundo grau. Essas
pessoas deverão, em até dez dias, comparecer perante a autoridade
judicial para requerer a declaração de que os contraentes se
receberam como marido e mulher.
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Casamento consular é aquele de brasileiro que está fora do país,
perante as autoridades ou cônjuges brasileiros. Assim que um ou
ambos os cônjuges voltarem ao Brasil, deverão registrar no cartório de
seu domicilio no prazo de cento e oitenta dias.
A conversão da união estável em casamento pode ser requerida a
qualquer tempo, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
no registro civil.
DA INVALIDADE DO CASAMENTO
O casamento pode ser considerado inválido em várias hipóteses.
Se houve casamento contraído por enfermo mental sem discernimento
para os atos da vida civil será nulo. A ação requerendo a declaração
de nulidade pode ser promovida por qualquer interessado ou pelo MP.
Se o casamento ocorreu com nubente que não atingiu idade
mínima ou sem autorização do representante legal será anulável.
Também é anulável se a pessoa era incapaz de consentir, se a
autoridade celebrante não tinha competência ou se celebrado pelo
mandatário que não sabia da revogação ou invalidade do mandato.
Será ainda anulável por vicio de vontade, ou seja, se quando a pessoa
consentiu havia erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. As
hipóteses de erro estão descritas no artigo 1556. Esse erro ocorre
quando se desconhecem dados sobre sua identidade, honra e boa
fama, tornando a convivência insuportável, como por exemplo o
cônjuge que descobre que seu consorte é homossexual. Também se
considera erro essencial quem ignora a existência de crime anterior ao
casamento, tornando insuportável a vida em comum.
A ignorância de defeito físico irremediável, moléstia grave
transmissível que possa por em risco a saúde do outro cônjuge ou sua
descendência também enseja a anulação, por ser erro essencial. E, da
mesma forma ocorre com o desconhecimento de doença mental grave
anterior ao casamento.
O casamento celebrado em virtude de coação, em que um dos
cônjuges consentiu em razão de temor de mal considerável é anulável.
Quem pode pleitear a anulação nesses casos é o cônjuge que incidiu
em erro ou sofreu a coação. Mas é importante lembrar que a
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coabitação com a ciência do vício valida o ato. Assim, se a pessoa
sabia do vício não poderá mais propor a ação de anulação, salvo nas
hipóteses de defeito físico irremediável, moléstia grave ou doença
mental.
Anulado o casamento por culpa de um dos cônjuges ele perde
todas as vantagens obtidas do cônjuge inocente e fica obrigado a
cumprir as promessas feitas no contrato antenupcial.
DA EFICÁCIA DO CASAMENTO
O casamento gera vários efeitos. Qualquer um dos cônjuges pode
acrescer ao seu sobrenome o sobrenome do outro. Terão os cônjuges
deveres recíprocos de felicidade, mútua assistência, vida em comum,
respeito e consideração e o sustento, a guarda e a educação dos
filhos. Surge também o vínculo de afinidade do cônjuge com os
parentes do seu consorte.
DA UNIÃO ESTÁVEL
A lei reconhece a união estável entre homem e mulher desde que
esteja configurada a convivência pública, contínua e duradoura e com
objetivo de constituir família. Assim, havendo relação de convivência e
um relacionamento de marido e mulher os companheiros têm direito à
regulamentação e proteção da lei. À união estável aplicam-se os
mesmo princípios do casamento, bem como as normas relativas aos
alimentos e os impedimentos. Se um dos companheiros já for casado
mas estiver separado de fato, não há óbice à configuração da união
estável. Se não for celebrado contrato entre os companheiros
estipulando as relações patrimoniais, aplica-se o regime da comunhão
parcial de bens. Concubinato, de acordo com a lei, se constitui na
relação não eventual entre homem e mulher impedidos de casar. Se
for o caso, não se configura a união estável, salvo que já estavam
separados de fato ou judicialmente.
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Parentes em linha colateral ou transversal são as pessoas que
não descendem umas das outras mas pertencem ao mesmo tronco. É
o caso dos irmãos, tios sobrinhos e primos.
A contagem do vínculo se faz por graus. Na linha reta não há
limite de graus. Na colateral só são parentes até o quarto grau, que
são os primos.
O parentesco é natural quando resultante de consangüinidade, ou
civil, se resultante de outra origem, como por exemplo a adoção. O
parentesco por afinidade decorre do casamento ou da união estável. O
cônjuge ou companheiro torna-se parente por afinidade dos parentes
do outro. Esse parentesco se limita aos ascendentes, descendentes e
irmãos. A dissolução do casamento ou da união estável só extingue o
parentesco por afinidade com relação aos irmãos. Assim, o homem
que se casa novamente terá duas sogras, já que a dissolução do
primeiro casamento não extinguiu o parentesco por afinidade na linha
reta, ou seja, com a sogra. Por outro lado, nada impede que o homem
se case com a cunhada pois o parentesco nesse caso se extinguiu.
DA FILIAÇÃO
Os filhos sempre terão os mesmos direitos independentemente de
serem havidos da relação de casamento ou serem adotados. É a
aplicação do princípio da igualdade de todos os filhos.
Da lei civil decorre uma presunção de que os filhos foram
concebidos durante o casamento. O artigo 1.597 traz todas as
hipóteses gerando presunção legal de paternidade, que é relativa, já
que a prova da impotência do cônjuge para gerar encerra essa
presunção. A filiação se prova com a certidão de nascimento, não
sendo permitido a ninguém contestá-la, salvo se provado erro ou
falsidade do registro. Nem o adultério nem a confissão materna
excluem a paternidade. O direito de contestar a paternidade é dado ao
pai e a ação negatória de paternidade não prescreve, podendo seus
herdeiros prosseguir na ação. Pode também o filho propor ação de
prova de filiação que é igualmente imprescritível.
O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido por um
dos pais ou por ambos. Esse reconhecimento é irrevogável. Pode ser
voluntário ou em ação de investigação de paternidade proposta pelo
filho.
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DA ADOÇÃO
Adoção é o ato jurídico pelo qual se estabelece um vínculo de
filiação. Ela atribui ao adotado a condição de filho do adotante. Só se
pode ser adotado por duas pessoas se elas foram casadas ou viverem
em união estável. Poderão até ser divorciados ou separados e adotar
conjuntamente. Mas amigos ou irmãos não podem adotar
conjuntamente.
Para que seja possível adotar, necessário obedecer alguns
requisitos. Deverá a adoção constituir um benefício para o adotando.
Se ele for maior de 12 anos, a adoção dependerá do seu
consentimento, que pode ser revogado até a sentença que constitui a
adoção. Esse consentimento é dispensável caso os pais do adotando
sejam desconhecidos ou destituídos do poder familiar. Só poderá
adotar quem for maior de 18 anos e deve haver, obrigatoriamente uma
diferença de idade de 16 anos ente o adotante e o adotado.
Guarde a música.......
DO PODER FAMILIAR
O poder familiar é o conjunto de direitos e deveres dos pais,
relativos à pessoa e aos bens dos filhos menores. Compete a ambos
os pais em igualdade de condições. O pai ou mãe que castiga o filho
imoderadamente, o deixa em abandono ou pratica atos contrários à
moral e aos bons costumes poderá perder o poder familiar por decisão
judicial. Pode ainda ser suspenso o poder familiar se um dos pais
faltar com os seus deveres, abusando de sua autoridade. E também
se houver condenação por crime com pena superior a 2 anos de
prisão.
DOS ALIMENTOS
Os alimentos são prestações destinadas a suprir as necessidades
vitais de alguém que não pode provê-las por si.
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São de várias espécies. Os alimentos naturais se destinam a
assegurar a sobrevivência. Os civis são para manter o padrão de vida.
Podem ainda ser provisórios ou provisionais.
Provisórios são fixados em ação de alimentos liminarmente.
Provisionais são fixados em cautelar de ação de nulidade ou anulação
de casamento, separação judicial, divórcio ou alimentos. Eles não
dependem de prova do casamento ou do parentesco, ao contrário dos
provisórios. Podem ser pedidos pelos parentes, cônjuges ou
companheiros. É um direito de pais e filhos, que se estende aos
ascendentes e na falta deles aos descendentes, e na sua falta aos
irmãos. É uma obrigação transmissível aos herdeiros do devedor. Não
se pode renunciar ao direito de pedir alimentos. Pode-se não exerce-
lo, mas renunciar é impossível. O crédito é impenhorável, também não
podendo ser cedido. Os alimentos são irrepetíveis ou seja,
irrestituíveis, independente do resultado final da ação. Se um dos
cônjuges separado judicialmente vier a necessitar de alimentos terá o
outro que prestá-los. Mas se o credor se casar, constituir união estável
ou concubinato, o outro não terá mais de prestar alimentos a ele.
DA TUTELA E DA CURATELA
Se um menor não estiver sob o poder familiar, será nomeado um
tutor com o encargo de administrar seus bens, representá-lo e assisti-
lo. Portanto, terá um tutor o menor cujos pais faleceram, foram
julgados ausentes, enfim, que perderam o poder familiar. Ele pode ser
nomeado pelo juiz ou pelos pais. Os pais nomearão tutor por
testamento ou outro documento autêntico. Se não tinham o poder
familiar a nomeação é nula. Caso os pais não tenham nomeado tutor,
a lei estabelece uma ordem. Primeiro os ascendentes e na falta deles
os colaterais. É a tutela legítima. Se não houver ninguém, ou se os
tutores forem excluídos ou removidos por serem inidôneos, a tutela
será dativa, nomeando-se alguém que resida no domicílio do menor.
Os irmãos órfãos terão só um tutor. O tutor deve prestar contas da sua
administração, apresentando balanço contábil ao juiz, mesmo que os
pais do tutelado tenham disposto o contrário. Acaba a tutela com a
maioridade, com o retorno do menor ao poder familiar, com o
reconhecimento ou com a adoção. Mas o tutor fica responsável até a
aprovação das contas pelo juiz.
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Na curatela não se protege o menor, como é na tutela. O curador
administra os bens de um incapaz que não pode fazê-lo por si.
Também rege e defende o incapaz.
Será dado curador para quem não tiver discernimento para os
atos da vida civil em razão de doença, deficiência mental ou outra
causa.
Também será dado curador ao deficiente mental, o ébrio habitual,
o toxicômano, o pródigo e os excepcionais. A incapacidade é
declarada por meio da interdição,que pode ser requerida por qualquer
parente ou pelo Ministério Público.
Proferida a sentença de interdição, mesmo com a interposição de
recurso já ocorre a produção de efeitos. A curatela tem limites, que
são fixados pelo juiz. Por exemplo, o curador do pródigo, praticará os
atos relativos à administração do seu patrimônio, nada além disso.
DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
A ordem de vocação hereditária é a matéria que trata da
legitimidade para suceder. Poderão suceder as pessoas já nascidas
ou já concebidas na época da sucessão, ou seja, o nascituro. Podem
também suceder as pessoas jurídicas e filhos não concebidos de
pessoas indicadas pelo testador. A lei possibilita, portanto, a sucessão
pela prole eventual, estabelecendo que se em até dois anos da
abertura da sucessão não for concebido o herdeiro, os bens serão dos
herdeiros legítimos. No caso da prole eventual, os bens ficarão
confiados a um curador. O filho do concubino do testador também
pode suceder.
Algumas pessoas não podem ser nomeadas herdeiras nem
legatárias por expressa disposição legal. São elas a pessoa que
escreveu o testamento e o cônjuge, ascendentes e irmãos, as
testemunhas testamentárias, o concubino do testador casado, o
tabelião. Disposições testamentárias que beneficiem essas pessoas
são nulas, inclusive quando simuladas, aparentando contrato oneroso.
Ouça a musiquinha.....
DA DESERDAÇÃO
A exclusão por indignidade não se confunde com a deserdação.
Pela deserdação um herdeiro necessário é excluído da sucessão em
testamento. Só é possível, portanto a deserdação na sucessão
testamentária. O motivo da deserdação deve ser expressamente
indicado no testamento. Além disso, o herdeiro instituído no lugar do
deserdado deverá provar que a causa alegada no testamento é
verdadeira. Para tanto ele tem o prazo de 4 anos, contados da
abertura do testamento.
Portanto, para que haja deserdação é necessária existência de
testamento bem como de herdeiros necessários. Necessárias ainda a
expressa declaração do motivo da deserdação e a prova por quem a
aproveita da veracidade da sua causa.
Pode ocorrer a deserdação pelos mesmos motivos que autorizam
a exclusão por indignidade além de outras enumeradas no artigo
1.963. Como exemplos, temos a ofensa física ou a injúria grave.
DA PETIÇÃO DE HERANÇA
Pode propor a ação de petição de herança quem pretender a
restituição da herança ou o reconhecimento judicial do direito de
suceder. Mesmo que a ação de petição de herança seja exercida por
um dentre vários herdeiros, poderá compreender todos os bens
hereditários. A ação é movida em face de herdeiro ou possuidor da
herança.
Procedente a ação, o herdeiro ou possuidor será condenado a
entregar a parte da herança que cabe ao autor da ação. Se os bens
foram transferidos a terceiros, a ação pode ser movida contra eles e o
possuidor originário fica responsável pelo valor dos bens alienados.
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
São herdeiros necessários o cônjuge, os ascendentes e os
descendentes. Eles têm direito à metade dos bens da herança,
constituindo a legítima. A legítima é calculada tomando-se o valor dos
bens na data da abertura da sucessão, descontadas as despesas com
funeral e as dívidas, acrescendo-se o valor dos bens da colação. Caso
algum herdeiro tenha recebido bens da parte disponível do de cujus
ficará com estes sem perder os bens da legítima.
DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
Se algum herdeiro é incapaz de suceder ou ausente ou falecido a
herança é transferida ao herdeiro mais próximo. É o direito de
representação. Imagine-se que o de cujus tenha dois filhos, A e B. B é
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falecido e tem dois filhos, C e D. A herança será partilhada entre A e C
e D, que receberão a parte que caberia ao seu pai, falecido. Os
representantes recebem aquilo que o representado herdaria em
quotas iguais.
DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
A sucessão testamentária, como o próprio nome diz, decorre do
testamento. O testamento é um ato personalíssimo pelo qual alguém
dispõe do seu patrimônio e faz outras disposições. A pessoa pode
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dispor livremente sobre os seus bens, desde que respeite a legítima
dos herdeiros necessários, que é constituída pela metade do seu
patrimônio. O testamento pode ser mudado a qualquer tempo.
DOS CODICILOS
Codicilo é um ato pelo qual alguém dispõe sobre o seu patrimônio.
Diferencia-se do testamento por se referir a disposições de pequeno
valor, e por não serem necessárias as mesmas formalidades que para
o testamento. Pode ser feito por escrito particular datado e assinado.
O codicilo é válido mesmo que exista testamento, mas se foi feito
testamento posteriormente e não se confirmou o codicilo, ele é
considerado revogado.
DOS LEGADOS
Legado é a disposição testamentária pela qual se deixa a alguém
bens determinados. Se a coisa não pertencia ao testador no momento
da abertura da sucessão o legado é ineficaz. Ele pode ser de crédito
ou quitação de dívida, de alimentos ou de usufruto. No legado de
crédito o testador é credor de um terceiro, e transfere ao legatário
esse crédito. Já se o legatário for devedor do testador, com o legado
de quitação de dívida, ocorre o perdão desta. O legado de alimentos
compreende o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o
legatário viver. Se ele for menor, inclui também a sua educação. É o
que estabelece o artigo 1.920. O legado de usufruto, se instituído sem
que se fixe um período, entende-se que foi deixado ao legatário por
toda a vida.
DAS SUBSTITUIÇÕES
O testador poderá nomear um substituto para receber a herança
ou o legado quando os herdeiros ou legatários não puderem ou não
quiserem recebe-la. Pode ser em razão de indignidade ou recusa da
herança,por exemplo. Nesses casos, será contemplado o substituto
nomeado. A substituição pode ser vulgar ou recíproca e pode ser
fideicomissária.
A vulgar ocorre quando o testador substituir o herdeiro ou
legatário por outra pessoa. Pode também substituir por várias
pessoas. A recíproca ocorre quando o testador substitui um
beneficiário pelo outro.
A substituição fideicomissária tem por objeto beneficiar a prole
eventual. É o que determina o artigo 1.952. Assim, o testador beneficia
os herdeiros e também estabelece que quando estes falecerem a
herança ou o legado se transmita ao herdeiro fideicomissário. Não
pode haver substituição fideicomissária da legítima, somente da parte
disponível. O testador beneficia o fiduciário.
Ele é a pessoa que sucede em primeiro lugar. E o último
destinatário da herança é o fideicomissário.
O fiduciário fica com a propriedade dos bens, mas é restrita e
resolúvel. Ele deve proceder ao inventário desses bens e prestar
caução, além de devolve-los assim que o fideicomissário exigir.
Quando sobrevém a sucessão, ele responde por eventuais encargos
da herança que ainda restarem.
Os fideicomissos não podem ir além do segundo grau. Se forem,
serão nulos.
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DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO
O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo como pode
ser feito. A revogação pode ser total ou parcial. Não há qualquer
proibição de o testador mudar a sua vontade. Mas não é possível
revogar cláusula que reconhece o filho havido fora do casamento. O
testamento cerrado fica revogado quando é aberto ou dilacerado.
DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO
Se o testador não sabia que tinha herdeiros necessários, ou se
quando testou não tinha descendentes mas posteriormente veio a tê-
los ocorre o rompimento do testamento. A lei presume que se o
testador soubesse desses fatos teria testado de maneira diferente.
DO TESTAMENTEIRO
Testamenteiro é a pessoa que cumpre as disposições de última
vontade do testador. Na falta de testamenteiro, a execução do
testamento competirá ao cônjuge e na falta deste ao herdeiro
nomeado pelo juiz. O encargo de testamenteiro é personalíssimo.
Compete ao testamenteiro defender a validade do testamento. O
testador pode nomear um ou mais testamenteiros separadamente.
Cada um pode exercer o seu cargo independentemente da atuação
dos outros, mas são todos obrigados solidariamente a dar contas dos
bens a eles confiados. A única exceção ocorre se cada um tinha
funções distintas e se limitou a elas. Ao testamenteiro com a posse e
administração dos bens compete cumprir o testamento e requerer a
abertura de inventário. Pelos serviços que presta, o testamenteiro tem
direito a um prêmio. Esse prêmio pode ser fixado livremente pelo
testador.
Mas se ele não houver fixado será arbitrado pelo juiz, em valor
entre 1% e 5% da herança. Se o testamenteiro for removido ou não
tiver cumprido o testamento ele perde o prêmio, que reverterá para a
herança.
DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
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Inventário é a relação com a descrição dos bens que serão
partilhados. Havendo herdeiros capazes e de acordo com relação à
partilha, pode-se proceder ao inventário por escritura pública. Do
contrário deverá observar o procedimento previsto nos artigos 982 e
seguintes do Código de Processo Civil. A herança responde pelo
pagamento das dívidas. Após a partilha, os herdeiros só respondem
na proporção da sua parte.
DOS SONEGADOS
Se algum herdeiro sonegar bens da herança no inventário ele
perderá o direito que lhe cabia sobre esses bens. Se o sonegador for o
inventariante ele será removido. Podem propor a ação de sonegados
os herdeiros ou credores da herança.
DA COLAÇÃO
Antes da partilha é preciso conferir todos os bens que foram,
recebidos em doação pelos descendentes. Eles devem declarar esses
bens no inventário sob pena de sonegados, para o fim de igualar as
legítimas. É a famosa colação. O valor dos bens será computado na
parte indisponível. Os bens doados, portanto, voltam para a massa da
herança, para que sejam posteriormente partilhados. As doações de
parte disponível ficam dispensadas da colação. Pode ainda uma
doação ser dispensada da colação quando foi outorgada pelo doador
no testamento. Os gastos ordinários com os descendentes e as
doações remuneratórias de serviços prestados não vêm à colação.
DA PARTILHA
Ao final do inventário o monte líquido que foi apurado é entregue
aos sucessores do de cujus. Herdeiros e os credores podem requerer
a partilha da herança mesmo que o testador proíba. O testador pode
deliberar sobre a partilha, compondo os quinhões hereditários de cada
um. Ao partilhar os bens deve-se observar a maior igualdade possível
entre cada herdeiro.
Se os herdeiros forem todos capazes e concordarem com a
partilha, ela pode ser feita por escritura pública, por escrito particular
homologado pelo juiz ou por termo nos autos. Se um dos herdeiros for
incapaz ou se não houver acordo quanto a partilha, ela será judicial.
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Se, por algum motivo, houver bens que não foram partilhados no
inventário, deverá ser feita a sobrepartilha desses bens. Como
exemplo podem ser citados os bens de liquidação onerosa ou difícil,
os sonegados ou outros, dos quais só se soube após a partilha. A
sobrepartilha será feita nos mesmos autos do inventário. Pode-se
anular a partilha caso ocorra algum dos motivos que invalidam os
negócios jurídicos. O direito de anular a partilha se extingue em um
ano.
DA ANULAÇÃO DA PARTILHA
A partilha pode ser anulada pelos mesmos vícios e defeitos que
invalidam os negócios jurídicos em geral. O direito de se requerer a
anulação da partilha se extingue em um ano.
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