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FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

DISCIPLINA: Ciência e Tecnologia de Polímeros


IVº Nível de Química Industrial

Trabalho de Pesquisa

Tema: Incineração de Polímeros – Métodos e Consequências

Discente
Cossa, Rafael José Rafael
Docentes
Prof. Dr. Rui Raice
Dr. Julião Monjane

COSSA, RAFAEL JOSÉ RAFAEL 1


Maputo, Abril de 2018

Índice

1. Introdução.....................................................................................................................................3
1.1. Objectivos....................................................................................................................................3
1.1.1. Objective geral.....................................................................................................................3
1.1.2. Objectivos específicos.........................................................................................................3

2. Gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU)....................................................................................4


2.1. Tratamento com reaproveitamento energético.............................................................................4
2.2. Tratamento sem reaproveitamento energético..............................................................................4
3. Métodos de incineração de polímeros...........................................................................................5
3.1. Principais métodos de incineração mais utilizados......................................................................5
3.1.1. Incineração à Queima Directa..............................................................................................6
3.1.2. Forno de leito fluidizado......................................................................................................9
3.1.3. Forno rotativo.....................................................................................................................11

4. Consequências da incineração de Polímeros...............................................................................12

5. Conclusão....................................................................................................................................13

6. Referências bibliográficas...........................................................................................................14

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1. Introdução
O processo de incineração consiste em aproveitar em forma de energia térmica os resíduos
sólidos plásticos (polímeros), o aproveitamento é dado pela queima dos resíduos, reduzindo
assim o volume (Quaresma, 2013).

Segundo Machado (2015), a incineração é um processo que actualmente, pode resultar em


redução superior a 90% dos resíduos, apesar de se aproveitar do poder calorífico dos resíduos de
natureza combustível, e condicionar o aproveitamento da energia térmica resultante do próprio
processo de combustão, porém não se trata de uma solução recomendável, pois possui altos
custos de operação e gera vários problemas ambientais, devido à libertação de produtos tóxicos à
atmosfera.

Dessa forma este trabalho visa destacar alguns métodos de incineração de resíduos sólidos em
especial polímeros (plásticos) e as respectivas consequências dessas transformações químicas.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objective geral


 Fazer um estudo em torno da incineração de polímeros.

1.1.2. Objectivos específicos


 Conhecer os métodos utilizados na incineração de polímeros;
 Saber quais são as consequências do processo da incineração de plásticos.

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2. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
A gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é fundamental para a organização e determinação
dos fluxos de lixo (resíduos, matérias, materiais) e de suas rotas de destino, em uma região. A
partir de uma estractégia de gestão bem planejada e implementada, é possível obter benefícios
relevantes para a população e para o meio, tanto economicamente assim como energeticamente –
através da conservação de energia (e não desperdício), geração de energia, redução da poluição
local e global, geração de empregos, entre outros (Quaresma, 2013).

O gestão de Resíduos Sólidos Urbanos ocupa-se de práticas como: coleta, transbordo, prevenção,
redução, reutilização, reciclagem, tratamento, reaproveitamento energético, recuperação e
disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos em áreas urbanas.

Neste caso, a incineração é uma das formas de gestão de resíduos sólidos em especial polímeros
(plásticos) pois está dentro do tratamento dos mesmos. Os tipos de tratamento são:

2.1. Tratamento com reaproveitamento energético


Tratamento que converte resíduos em energia, na forma de eletricidade ou calor. Os processos
para recuperação de energia do lixo incluem combustão, digestão anaeróbica, gaseificação, entre
outros.

2.2. Tratamento sem reaproveitamento energético


Compreende os processos físicos e biológicos que tem como objectivos a diminuição da poluição
do meio ambiente, a redução de impactos negativos ambientais sanitários e o beneficiamento de
resíduos – sem recuperação energética. As tecnologias, que podem ser utilizadas para tratar o
lixo, são:

Tratamento térmico: tecnologia que utiliza altas temperaturas para queimar resíduos.

Autoclavagem: tratamento aplicado aos resíduos dos serviços de saúde – consiste em uma
cámara a vácuo, onde, por meio de determinada pressão e temperatura, o resíduo é esterilizado
após certo tempo de permanência dentro da cámara. Este tratamento não reduz o volume dos
resíduos – como no caso do tratamento térmico – sendo recomendada a trituração prévia. No
caso da autoclavagem, os resíduos são esterilizados, para que se tornem aptos à disposição final.

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Micro-ondas: tratamento aplicado aos resíduos dos serviços de saúde, o resíduo é previamente
triturado e colocado no forno micro-ondas, que efectua a esterilização. Assim como na
autoclavagem, este tratamento visa adequar os resíduos da saúde à disposição final.

3. Métodos de incineração de polímeros


A combustão convencional é a tecnologia predominante para produção de energia a partir de
resíduos sólidos urbanos (plásticos, borachas e outros sólidos). No decorrer dos anos, a
tecnologia foi sendo desenvolvida, ao se fazer evoluir o conhecimento do processo e da
influência de parámetros operacionais na viabilidade técnica, económica e ambiental da
tecnologia (Chirico, 2013).

Não existe uma solução única para incinerar as montanhas de resíduos que são produzidos
quotidianamente. Com efeito, tem-se à disposição uma vasta gama de métodos que permitem o
tratamento térmico de resíduos em condições compatíveis com as exigências ambientais. O
esquema abaixo oferece um destaque dos principais métodos (tipos de forno) utilizados em
função da natureza dos resíduos a serem incinerados. Obviamente existem diversos outros
sistemas à disposição, com fornos oscilantes, fornos de múltiplos andares, pirólise, fornos a
plasma, etc. A descrição detalhada de tais tecnologias não entra no escopo deste trabalho, por
isso limita-se a ilustrar os métodos mais utilizados (Chirico, 2013).

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3.1. Principais métodos de incineração mais utilizados

Fig.1: Principais métodos de incineração em função do tipo de resíduo.

O método mais comum da incineração convencional é a Incineração à Queima Directa, com


cerca de 800 plantas ao redor do mundo, sendo o mais utilizado. Este método também é
conhecido como “incineração de estágio simples” e “tecnologia de grelha” (Quaresma, 2013).

Além deste método, que abrange cerca de 90% das usinas de incineração de resíduos sólidos
urbanos na Europa, há aqueles de Leito Fluído e Forno Rotativo.

3.1.1. Incineração à Queima Directa


A Incineração à Queima Directa é a opção mais simples e menos custosa para geração de energia
a partir de resíduos sólidos. As usinas modernas geram entre 550 a 600 kWh por tonelada de
resíduos sólidos – esse valor depende, no entanto, de diversos factores, como composição do
lixo, seu poder calorífico, a eficiência da combustão, entre outros (Chirico, 2013).

Neste método, só um mínimo de processamento do lixo é necessário: remoção de itens muito


grandes, prejudiciais ao processo, e de objectos que possam contaminar o fluxo dos plásticos
como lixo.

Funcionamento Básico

Os resíduos sólidos, que são utilizados como combustíveis na queima, são descarregados por
caminhões num poço de armazenamento, de onde uma grua os retira para alimentar uma grelha

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móvel. Na grelha móvel ocorre a incineração do combustível, que passa lentamente por toda sua
extensão – sendo queimado neste meio-tempo.

A incineração dos resíduos com forno a grelha é o processo mais difuso e aquele que até hoje deu
melhores resultados. Não serve, entretanto, para o tratamento de resíduos líquidos ou pastosos, já
que uma fração excessiva escorreria entre as frestas da grelha sem ser incinerada (Chirico, 2013).

Os métodos a grelha se subdividem em dois grupos, de acordo com o princípio utilizado:

 Grelhas de alimentação contínua (por exemplo, a grelha rotativa);

 Grelhas de alimentação descontínua (grelha de elementos móveis, grelha de refluxo).

Grelha rotativa

O leito de resíduos em combustão encontra-se sobre diversos tambores dispostos um atrás do


outro constituindo a grelha. O avanço e atiçamento dos resíduos são obtidos seja por gravidade
que pelo movimento de rotacção dos tambores.

Grelha de elementos móveis

O movimento alternado das barras da grelha assegura o avanço e o atiçamento dos resíduos. Com
a grelha de elementos móveis, a inclinação do plano da grelha no sentido do avanço dos resíduos
não é mais necessária.

Grelha de refluxo

O avanço do combustível se obtém por gravidade no plano inclinado da grelha. O movimento


das barras, em contracorrente com os resíduos, determina o atiçamento.

Diagrama

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Fig.2: Incineração com forno a grelha. Seção longitudinal de um forno-caldeira.

Legenda

1-Tremonha de carga 6-Extractor de escória

2-Alimentador 7-Evacuação das cinzas debaixo da grelha

3-Cámara de combustão 8-Evacuação das cinzas volantes

4-Grelha de combustão 9-Circuito de ar primário de combustão

5-Caldeira de recuperação 10-Circuito de ar secundário de combustão.

Descricção: A emissão de ar orientada sobre a grelha (ar primário) permite o desenvolvimento


em sucessão das três fases da combustão: secagem, desgaseificação, gasificação. Os gases
queimam completamente graças à entrada de ar secundário na fornalha, colocada a montante da
grelha.

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Os resíduos incluindo polímeros são empurrados de um alimentador na zona primária da grelha,
dita zona de secagem, onde são dispersos e secados pela passagem de ar comburente e irradiação
intensa das flamas e das paredes do forno revestidas em materiais refratários.

Na segunda e terceira zonas da grelha acontece a incineração propriamente dita, mediante a


insuflação de ar comburente através da mesma. A última zona é destinada ao final da combustão;
o excesso de ar assegura a combustão completa. Com a incineração concluída, escórias e cinzas
residuais caem através de uma cavidade em um canal de descarga.

Consequências

Uma das maiores preocupações existentes, quanto à métodos de combustão de resíduos sólidos, é
a emissão de poluentes à atmosfera.

Antigamente, devido ao mau uso de incineradores (utilização de tecnologias sem controle de


poluentes) e ao desconhecimento, até o final dos anos 80, dos efeitos tóxicos de alguns
componentes liberados, a incineração teve associada a si uma imagem ruim, principalmente nos
Estados Unidos. A principal preocupação tornou-se a liberação de toxinas (dioxinas e furanos),
metais pesados (mercúrio, chumbo e cádmio), material particulado e gases ácidos (cloreto de
hidrogênio, fluoreto de hidrogênio, dióxido de enxofre e óxidos nitrosos) – que afetam
negativamente a população e o meio ambiente. Felizmente hoje em dia é possível reduzir
significativamente a poluição durante o aproveitamento ou uso destes métodos (Quaresma,
2013).

3.1.2. Forno de leito fluidizado


A incineração a leito fluidizado constitui uma alternativa à incineração tradicional. A combustão
dos materiais acontece em um forno vertical no qual é colocado no fundo um estrato de areia. A
areia é levada ao estado fluido pelo ar comburente injetado no fundo do forno através de
inúmeros bicos.

Diagrama

1. Bicos de fluidificação; 2. Leito de areia fluidizada;

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3. Câmara de combustão;

4. Parede refratária;

5. Alimentação do forno;

6. Bicos de injeção;

7. Queimador de ascensão.

Fig.3: Forno de leito fluidizado estacionário.

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Comparando com a incineração com forno tradicional de grelha de combustão, a incineração com forno de
leito fluidizado apresenta alguns inconvenientes:

 Para que não haja nenhum risco de fusão do leito de areia, é necessário manter a temperatura da
câmara de combustão por volta de 800º C. Por esse motivo, os fornos de leito fluidizado não
encontram utilização na incineração de resíduos industriais em países nos quais a temperatura de
combustão desses resíduos deve pelo menos chegar a 1200ºC.

A incineração a leito fluidizado é utilizada principalmente na combustão de resíduos de baixo PCI (Poder
Calorífico Inferior), ou que possam ser facilmente cortados, como:

 Resíduos derivados de processos produtivos, como resíduos de materiais plásticos, aglomerados de


madeira, etc;

 Lodos industriais ou provenientes de implantações de tratamento;

 Combustíveis obtidos de resíduos de processos industriais, materiais provenientes da crivação, pneus;


 Óleos usados, solvents.

Consequências

Graças à elevada inércia térmica do estrato de areia em suspensão (800º C), é possível incinerar resíduos
com PCI (Poder Calorífico Inferior) muito variáveis e muito baixos, sem modificar sensivelmente os
parámetros operacionais. As propriedades do estrato de areia, similares à aquelas de um fluido, asseguram
um bom rendimento da troca térmica e uma transferência de materiais satisfatória, que resulta em uma
combustão mais enérgica dos materiais e em um melhor rendimento térmico da implantação (Quaresma,
2013).

Visto que as temperaturas são mais baixas, forma-se em proporção menos óxidos de nitrogénio (NOx), o
que permite a redução dos custos de tratamento dos gases da combustão injetando diretamente dolomita ou
carbonato de cálcio no leito fluidizado; tem-se como consequência uma neutralização parcial das
substâncias poluidoras, que são o SOx e o HCl oriundos de resíduos polímeros incinerados (Borrachas e
PVC – Cloreto de polivinilo) respectivamente.
3.1.3. Forno rotativo
Os fornos rotativos são empregados essencialmente na incineração de resíduos industriais e
especiais, no estado líquido, pastoso ou sólido, bem como no tratamento térmico de solos
contaminados. Entretanto não são utilizados na incineração dos resíduos urbanos. Porém, como
todos produzem resíduos especiais (baterias, óleos usados, remédios vencidos, tintas, etc.),
achou-se interessante descrever sumariamente o método de eliminação desses resíduos
perigosos. Um forno rotativo contém os seguintes elementos:

Dispositivos de alimentação dos resíduos

Para resíduos no estado sólido, pastoso ou líquido, bem como em barris.

Paredes frontais

A emissão de ar primário com sistema anelar de uma parte alimenta o processo, e de outra
assegura o isolamento do forno, fechando a cámara de combustão para o exterior. A parede
frontal é composta por um duto deslocável de um circuito de resfriamento a água.

Diagrama

Fig.4: Forno rotativo com sistemas de alimentação de resíduos e câmara de pós-combustão.

Legenda
1. Alimentação por guindaste; 8. Câmara de combustão;
2. Alimentação dos tambores; 9. Avançamento do forno;
3. Circuito de ar primário; 10. Câmara de pós-combustão;
4. Queimador auxiliar; 11. Injeção de água de processo;
5. Injeção de resíduos pastosos; 12. Extração das escórias.
7. Circuito de ar secundário;

4. Consequências da incineração de Polímeros


As emissões atmosféricas provenientes da queima de RSU correspondem ao impacto ambiental
mais importante da incineração. Essas são constituídas principalmente por gás carbónico (CO2),
óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogénio (NOx), nitrogénio (N2) e material particulado.
Em menores concentrações, pode também ocorrer a emissão de gases ácidos clorídrico (HCl) e
fluorídrico (HF). Associados à combustão incompleta, há ainda a produção de monóxido de
carbono (CO), hidrocarbonetos, dioxinas, e furanos; e associados ao material particulado, a
emissão de metais pesados (Machado, 2015). Devido ao menor poder calorífico inferior e menor
eficiência do processo, as concentrações dos poluentes emitidos a partir de instalações de
incineração de RSU são geralmente maiores que aquelas provenientes da queima de
combustíveis fósseis. Estas variam de acordo com a tecnologia de incineração empregada e
conforme a constituição da massa de resíduos em combustão.

A queima dos resíduos gera calor, que aquece uma caldeira (em maioria, aquatubular), gerando
vapor. Este vapor move uma turbina a vapor – e um gerador elétrico, para a produção de
electricidade (ciclo Rankine) (Quaresma, 2013).

Os gases resultantes da queima passam por um sistema de limpeza antes de serem libertados. As
cinzas geradas no processo são testadas antes de serem dispostas – e tratadas, se necessário; elas
podem, em alguns casos, ser reutilizadas por indústrias (Ex., cimenteiras). Um factor importante
destes métodos, do ponto de vista do gerenciamento de resíduos sólidos, é sua capacidade de
reduzir o volume de lixo que precisa ser disposto: a combustão de resíduos reduz o volume do
lixo em até 95% e seu peso em até 80% (Machado, 2015). A diminuição do lixo a ser disposto é
extremamente benéfica – como indicado ao decorrer do trabalho.
5. Conclusão
Em conformidade com a revisão bibliográfica feita, conclui-se que um dos factores importantes
da incineração, sob ponto de vista do gerenciamento de resíduos sólidos, é a sua capacidade de
reduzir significativamente o volume e peso de lixo que precisa ser disposto: a incineração de
resíduos reduz o volume do lixo em até 95% e seu peso em até 80%. O método mais utilizado da
incineração convencional é a Incineração à Queima Directa comumente tratado como
“incineração de estágio simples” ou “tecnologia de grelha”. Outros métodos empregues são:
método de Leito Fluído e Forno Rotativo.

Esses métodos podem condicionar o aproveitamento da energia térmica resultante do próprio


processo de combustão, porém não se trata de uma solução recomendável, pois possui altos
custos de operação e gera vários problemas ambientais, devido à libertação de produtos tóxicos à
atmosfera.

6. Referências bibliográficas
I. Quaresma B. (2013). Tecnologias De Aproveitamento Energético De Resíduos Sólidos
Urbanos. Rio de Janeiro, RJ – BRASIL.
II. Chirico V. D. (2013). Incineração De Resíduos Urbanos. Marcel Kürzi AG, Einsiedeln
(4/97. 1500i).

III. Machado C. F. (2015). Incineração: Uma Análise Do Tratamento Térmico Dos


Resíduos Sólidos Urbanos De Bauru/Sp. Rio de Janeiro, RJ – BRASIL.

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