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De acordo com o mais recente relatório da Organização das Nações Unidas para

Agricultura e Alimentação (FAO) de 2016, estima-se que o Brasil deve registrar um


crescimento de 104% na produção da pesca e aquicultura até 2025; o mesmo afirma que
o aumento na produção brasileira será o maior até o momento, na região da América
Latina e Caribe, seguido de México (54,2%) e Argentina (53,9%). Em vista dessa
crescente especialização e fomento à pesquisa e inovação tecnológica, muitos estudos
tem sido conduzidos no sentido de expandir ainda mais as culturas já existentes e
agregar novas espécies com potencial comercial, e que forneçam uma boa resposta à
criações em cativeiro sejam de águas doces ou salgadas.
.A Carapeva (Eugerres brasilianus) é uma espécie nativa muito comum em todo
o litoral brasileiro e mais abundante na região sudeste, esta espécie integra a família
Gerreidae, sendo a maior integrante, podendo medir até 40 cm (FIGUEIREDO;
MENEZES, 1980). Distribui-se no Atlântico Ocidental, desde a Carolina do Sul, EUA,
até Santa Catarina, BR (CERVIGÓN et al., 1992; FLOETER et al., 2003). No Brasil,
possui interesse comercial, sendo um dos três principais recursos pesqueiros do
complexo lagunar de Araruama, na região da baixada litorânea do estado do Rio de
Janeiro, que possui cerca de 3.000 pescadores artesanais (SAAD, 2003).
A espécie foi recentemente incluída entre as que possuem maior potencial para a
piscicultura marinha no Brasil por possuir bom valor de mercado além da possibilidade
de ser utilizada em policultivos em viveiros. Outros pontos interessantes para criação
desta espécie na aquicultura é seu hábito alimentar onívoro e sua capacidade de
alimentação no substrato. (CAVALLI e HAMILTON, 2007; PASSINI et al., 2013).
Possuí ciclo de desova parcelada, que ocorre entre os meses de Fevereiro à
Março e de Julho à Setembro. Estima-se que os adultos desovam em regiões de maior
profundidade, mas que os jovens utilizam as águas rasas de praias e canais de mangue
como criadouro (MENEZES & FIGUEIREDO 1980). Existem diferenças morfológicas
pontuais entre machos e fêmeas, especialmente com relação à papila urogenital,
tamanho e cor.
O estudo das salinidades na piscicultura constitui relevante recurso técnico, que
pode fornecer dados vitais para melhorar a produção e o manejo. A salinidade é um
importante fator de sobrevivência, metabolismo e distribuição de muitos peixes. Os
ovos de alguns teleósteos marinhos são muitas vezes liberados em amplos estuários,
onde ocorrem mudanças abruptas de salinidade resultando em morte ou prejudicando
consideravelmente a habilidade de produzir ovos férteis. (MACEDO et al.; 2013). Por
estarem sujeitos à variação diária de salinidade, as espécies estuarinas são modelos
interessantes para o estudo de mecanismos de osmorregulação. Mas é fato que, em
muitas espécies, os gametas são marcadamente tolerantes a mudanças de salinidade
(HOLLIDAY, 1969).
O estresse osmótico oriundo de um meio hiper ou hipo salinizado é uma das três
variáveis mais importantes no cultivo de peixes, os outros dois são o fotoperíodo e a
temperatura. A otimização desses parâmetros e o balanço adequado entre eles pode
resultar na melhoria das taxas de crescimento e sobrevivência e, consequentemente, na
redução do período de cultivo e dos custos de produção (HART et al., 1996). Sendo a
salinidade o fator mais importante, por estar associada à regulação osmótica.
A descrição dos estádios embrionários de uma espécie pode fornecer inúmeras
vantagens, tais como: o reconhecimento de seus embriões em ambientes naturais, o que
permite uma melhor avaliação do local de desova daquela espécie e a detecção das
alterações no seu desenvolvimento nas incubadoras, as quais poderão acarretar má
formações larvais e baixa produtividade (ALVES & MOURA, 1992).
Experimentos nesta área são importantes para aperfeiçoar a produção de larvas
em laboratório. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar a
influência da salinidade na incubação de ovos de Carapeva, avaliando o seu
desenvolvimento embrionário e a taxa de eclosão.

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