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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

Estado1/ Governo2/ Administração3

1. Nação politicamente organizada (povo, território e governo soberano). Pessoa


jurídica de direito público.
2. Parte do Estado responsável por gerir a atividade do mesmo.
3. Uma das funções estatais: administrar

Estado de direito: Estado submisso às leis.

Tripartição de poderes: legislativo, judiciário, executivo (função administrativa)

Administração Pública:

→ Sentido formal/subjetivo/orgânico: máquina do Estado, estrutura do Estado voltada


para administração.

→ Sentido material/objetivo: aplicação das normas no caso concreto.

Escolas:

→ Critério do serviço público: O direito administrativo está ligado à prestação de


serviços públicos (muito restrito)

→ Critério do Poder Executivo: o Direito Administrativo diz respeito a toda a atuação


do Poder Executivo (nem toda a atuação do executivo é analisada no Direito
Administrativo, pois existem as funções atípicas)

→ Critério das relações jurídicas: relações entre o Estado e o administrado (outros


ramos do direito também o fazem)

→ Critério residual: Afasta a função legislativa, judiciária e atividades de direito


privado.

→ Critério teleológico (finalidade): toda a atuação do Estado visando interesse da


coletividade (insuficiente)

→ Critério da administração pública/funcional (Hely Lopes Meireles): é um


conjunto harmônico de princípios que regem os órgãos, os agentes e a atividade pública
para a realização dos fins desejados pelo Estado de forma direta (independente de
provocação), concreta (diferente da função Legislativa que é geral e abstrata) e imediata
(resolve problemas de governo específicos, diferentemente da função política).

(Realiza os fins do Estado, sendo que quem os define é o direito constitucional)

Fontes do Direito Administrativo

Lei: É a fonte primária do Direito Administrativo, abrangendo a Constituição, as leis


ordinárias, delegadas e complementares e os regulamentos administrativos.
Doutrina: É resultante de estudo feito por especialistas, que analisam o sistema
normativo, resolvem contradições e formulam definições e classificações.

Jurisprudência: É o conjunto de decisões reiteradas e uniformes, proferidas pelos órgãos


jurisdicionais ou administrativos, em casos idênticos ou semelhantes.

Costume: É a norma jurídica não escrita, originada da reiteração de certa conduta por
determinado grupo de pessoas, durante certo tempo, com a consciência de sua obriga-
toriedade.

Interpretação (pressupostos)

→ Desigualdade entre o estado e o particular

→ Presunção (relativa) de legitimidade dos atos da administração

→ Necessidade da discricionariedade (margem de escolha dentro dos moldes da Lei)

Sistema administrativo:

→ Contencioso administrativo (francês): separação absoluta de poderes

→ Jurisdição única (inglês): somente o judiciário faz coisa julgada material (por isso, as
questões processadas administrativamente podem ser reapreciadas pelo Judiciário)

PRINCÍPIOS:

→ Supremacia do interesse público sobre o privado: justifica as prerrogativas e


garantias do Estado.

→ Indisponibilidade do interesse público: limitações ao administrador, pois o interesse


público é indisponível.

→ LIMPE:

 Legalidade: diferente da legalidade aplicada ao particular, o administrador só


pode fazer o que a lei permitir.
 Impessoalidade: não discriminação e, sob a ótica do agente público, atividade do
agente imputada ao Estado.
 Moralidade (jurídica e não social): boa-fé, honestidade, não corrupção.
 Publicidade: transparência (admite restrições para garantir a intimidade, vida
privada ou quando houver relevante interesse público) → é requisito de controle
e eficácia dos atos administrativos.
 Eficiência: (EC 19/98) produzir muito gastando pouco.

→ Contraditório e ampla defesa: prévia, técnica e em duplo grau de julgamento com


possibilidade de contraditório diferido ou postergado.

→ Implícitos (na Constituição Federal)


 Razoabilidade e proporcionalidade: exigem que a administração pública só
atue dentro dos padrões médios aceitos pela sociedade (limita a
discricionariedade).
 Autotutela/Auto controle/sindicabilidade: a própria administração deve
controlar seus atos (súmula 473, STF).
 Motivação: A princípio, os atos administrativos devem ser
fundamentados/justificados (subsunção do fato à norma).
 Continuidade: a atividade administrativa é ininterrupta.

Observações ao princípio da continuidade:

→ Direito de greve: o militar não o possui, mas os servidores públicos civis possuem
(norma de eficácia limitada, aplicando-se a lei geral de greve até que lei especial
superveniente seja editada)

→ É possível a interrupção do serviço público por inadimplemento? Sim, não configura


violação ao princípio, desde que haja a situação de urgência e que haja aviso prévio ⟶
supremacia do interesse público sobre o privado (alguns doutrinadores discordam).

→ É possível exceção de contrato não cumprido no Direito Administrativo? Sim, se a


administração pública for inadimplente até 90 dias (exceção de contrato não cumprido
diferida ou postergada)

PODERES ADMINISTRATIVOS:

Introdução:

→ Poderes E deveres

→ Poderes instrumentais: instrumentos dados à administração para o alcance do interesse


público.

→ Abuso de poder:

 Excesso de poder: vício de competência (sanável)


 Desvio de poder: vício de finalidade

Poder Vinculado x Poder Discricionário

→ Poder vinculado: ocorre quando a lei não dá margem de escolha ao agente (todos os
elementos estão definidos em lei)

→ Poder discricionário: ocorre quando a lei prevê a prática do ato dando margem de
escolha o agente público, que deve adotar os critérios de oportunidade e conveniência.

(Ambos são limitados pela lei)

Espécies

Poder normativo ou regulamentar:


→ Edição de normas gerais e abstratas dentro dos limites da Lei.

→ São atos normativos (não lei).

→ Regulamento (ato) ou decreto (forma do regulamento)

→ Direito comparado:

 Regulamento executivo: para a fiel execução da Lei


 Regulamento autônomo: substituto do texto integral (é possível somente
excepcionalmente no Brasil ⟶ 84, VI, CF)

Poder hierárquico:

→ Poder de organização e estruturação interna da competência

→ Hierarquia1 x Vinculação2:

1. Atos de coordenação e subordinação


2. Atividades da administração indireta

→ Delegação1 e avocação2 de competência

1. Extensão da competência
2. Buscar para si a competência de agente hierárquico inferior

Veda-se delegação e avocação nos casos de:

 Atos normativos
 Decisões sobre recurso hierárquico
 Competência exclusiva

MACETE: Veda-se a delegação de ANOREX

Poder disciplinar:

→ Utilizado pelo agente público para aplicação de sanções aos demais agentes, dada a
prática de uma infração disciplinar funcional.

→ Sancionatório

→ Vínculo especial

→ Devido processo legal (contraditório e ampla defesa)

→ Princípio da proporcionalidade

Poder de polícia:

→ Decorre da supremacia do interesse público


→ Não exige vínculo especial

→ Polícia judiciária1 x Polícia administrativa2

1. Incide sobre pessoas


2. Incide sobre bens e direitos

→ Restringe liberdades e uso da propriedade em busca do interesse público

→ Normas gerais e individuais

→ Atos preventivos e repressivos

→ Discricionários (em regra) e vinculados

→ Não podem ser delegados a particulares, exceto os atos meramente executivos e


materiais

→ Atributos

 Discricionariedade
 Imperatividade
 Coercitividade (meios indiretos de coerção, ex: multa)
 Autoexecutoriedade (meios diretos de execução, ex. rebocar carro em frente a um
hospital)

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

→ Prestação direta ou centralizada do serviço: União, Estados, Municípios e Distrito


Federal

→ Descentralização: Prestação indireta ou descentralizada ⇒ particulares ou entidades


da administração indireta (autarquias, Fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista)

→ Desconcentração: especialização interna, já que não houve transferência das atividades


da administração direta à indireta e vice-versa.

→ Os órgãos públicos não são pessoas jurídicas, mas integrantes de uma:

 Teoria da representação: o agente e o órgão público são representantes do Estado.


Crítica: o Estado não é incapaz
 Teoria do mandato: o agente público é mandatário do Estado. Crítica: não é uma
relação contratual
 Teoria do órgão (imputação volitiva): em virtude de lei e considerando que os
agentes fazem parte do Estado, a vontade dos agentes é imputada à pessoa jurídica
do Estado
Órgãos públicos: centros especializados de competência, sem personalidade jurídica,
com capacidade processual (representantes próprios), podendo figurar como polo ativo
em demandas. Ex.: Ministérios

Classificação dos órgãos:

→ Quanto à posição estatal ou hierarquia:

 Independentes: estão no topo da hierarquia administrativa, sendo que, na esfera


administrativa, não cabe recurso contra suas decisões (ex. Presidência da
República)
 Autônomos: imediatamente inferiores aos órgãos independentes, gozam de
autonomia financeira e administrativa (ex. Ministério da Fazenda)
 Superiores: não tem independência ou autonomia, mas podem proferir decisões
para determinar as formas de ação de seus agentes (ex. Procuradoria Geral da
Fazenda Nacional)
 Subalternos: órgãos de mera execução de atividades (ex. Coordenadoria Geral de
RH)

→ Quanto à esfera

 Central: tem competência em toda a extensão da pessoa jurídica que ele integra
(ex. TJ-BA)
 Local: tem competência limitada a parte territorial da pessoa jurídica a que ele
integra (ex. TRT 5ª região)

→ Quanto à estrutura

 Simples: tem estrutura formada por um único órgão (exemplo: Senado Federal)
 Composto: estrutura formada por dois ou mais órgãos (exemplo: Congresso
Nacional)

→ Quanto à atuação funcional

 Singulares: manifestam a vontade de um agente


 Colegiados: manifestam a vontade de dois órgãos (exemplo: Assembleia
Legislativa)

→ Quanto às funções

 Ativos: atuam diretamente na execução da atividade pública


 Consultivos: emitem opinião, mas não produzem manifestação de vontade e não
geram obrigação
 Controle: princípio da sindicabilidade, controle da administração pública

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Regras Gerais

→ Personalidade jurídica própria (patrimônio/receita autonomia/administrativa)


→ Criação e extinção dependem de lei específica (somente as autarquias, pois no caso de
fundação pública, empresa pública ou sociedade de economia mista, a lei apenas autoriza
a criação, consequentemente dependem de registro e, no caso da fundação pública, exige-
se lei complementar)

→ Fins públicos e não lucrativos

→ Controle da atividade pela administração direta (não se confunde com hierarquia ou


subordinação)

 Controle finalístico, tutela administrativa, supervisão ministerial ou vinculação


(ex. o ente da administração pública direta é responsável por nomear os dirigentes
da administração descentralizada)
 Cabe recurso hierárquico próprio (da decisão de um órgão para um outro da
mesma pessoa jurídica) e recurso hierárquico impróprio (da decisão de um ente a
outro)

Autarquia

→ Pessoa jurídica de direito público, com as garantias e limitações do Estado, exerce


atividade típica do Estado.

→ Tem imunidade tributária recíproca, privilégios processuais (prazos dilatados, remessa


necessária → duplo grau de jurisdição), responsabilidade civil objetiva, regime de
pessoal estatutário

Espécies

→ Autarquias de controle/corporativas/profissionais: conselhos de profissão/classe


(Ex. CREA, CRM), exceto a OAB.

→ Autarquias em regime especial:

Universidades públicas: Independência pedagógica, forma diferenciada de escolha dos


dirigentes, os quais possuem um mandato certo.

Agências reguladoras: regulam a atividade de interesse público prestada por


particulares.

 Possuem poder normativo (apenas os prestadores de serviços estão sujeitos a ele,


não os usuários)
 Dirigente nomeado pelo Presidente da República com aprovação do Senado ou
pelo Governador com aprovação da Assembleia, para mandato fixo. Após o
mandato, ele se submete ao período de quarentena, no qual não pode prestar
serviços para a empresa que ele regulava, durante esse período ele fica vinculado à
autarquia, recebendo a remuneração integral de dirigente
 O regime de pessoal é estatutário embora a lei disponha de forma diversa
(Diferentemente da agência executiva)
 Licitam mediante consulta (específica das agências reguladoras) e pregão
 Regulam serviços públicos exclusivos e delegados, serviços particulares de
utilidade pública, atividade de fomento e atividades econômicas

→ Agência executiva: autarquia comum (e não em regime especial) que, por meio da
celebração de um contrato de gestão, se qualifica como agência executiva.

 Essa qualificação dura enquanto durar o contrato de gestão, o qual dá a ela mais
autonomia financeira e administrativa em troca de cumprir o plano de
reestruturação, para que a mesma volte a ser eficiente (qualificação temporária
dada por decreto)
 A dispensa de licitação para essas agências é dobrada
 Constitucionalidade das agências executivas (críticas):

a) Premia as autarquias ineficientes.

b) aquilo que foi dado por lei não pode ser ampliado por um contrato de gestão.

Fundações públicas

→ Patrimônio destinado a fins públicos.

→ Pode ser criada como pessoa jurídica de direito público ou como pessoa jurídica de
direito privado. No primeiro caso, ela é considerada uma autarquia fundacional, seguindo
o regime de autarquia; no segundo caso, ela é uma fundação governamental, seguindo o
regime misto/híbrido (sem as prerrogativas dadas as autarquias, mas submetendo às
limitações impostas às mesmas)

Empresas estatais

→ Empresa pública e sociedade de economia mista

→ Pessoa jurídica de direito privado

→ Diferenças entre empresa pública e sociedade de economia mista:

 Capital: na empresa pública, o capital é 100% público, não se admitindo


investimento de particular; na sociedade de economia mista, o capital é misto com
maioria do capital votante pertencente ao poder público
 Forma: as empresas públicas podem ser criadas sobre qualquer forma societária
prevista no direito, já a sociedade de economia mista tem que ser necessariamente
S/A

→ Características comuns a ambas:

 Criação: lei autorizadora


 Não goza de nenhuma prerrogativa pública que não seja extensível às empresas
privadas, mas se submetem às limitações estatais (regime híbrido)
 Regime celetista (CLT)
 Contratos civis e comerciais sem prerrogativas
 Não há privilégios processuais aplicáveis à fazenda pública
 As empresas estatais responsáveis pela prestação de serviço público ou
exploradoras de atividade econômica não podem ter finalidade de lucro, as
primeiras aproximam mais do direito público e as segundas, do direito privado,
assim, existe uma gradação nesse regime híbrido de acordo com essa
aproximação.
 Os bens são privados, mas se forem pertencentes à empresas estatais prestadoras
de serviços públicos, eles gozam das garantias do Estado (ex.: impenhorabilidade)
 Falência e Recuperação: a lei diz que não é possível aplicá-las às empresas
estatais, mas a Constituição diz ser aplicável às empresas estatais exploradoras de
atividade econômica.
 OBS.: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos: segundo a jurisprudência, são
serviços indelegáveis à pessoas de direito privado e gozam de regime de fazenda
pública (só são delegáveis as entregas de encomenda e impressos)

Terceiro setor/Entes de cooperação/Paraestatais

→ Atuam ao lado do Estado na proteção do interesse público. Não integram a estrutura


da administração pública e não precisam realizar concurso para contratação de seus
empregados.

→ Entidades do serviço social autônomo: sistema S (Senai Sesi Sesc). Prestam


assistência ensino a determinadas categorias sociais e profissionais. Atuam sem
finalidade lucrativa, podem receber orçamento público e cobrar contribuições parafiscais
com natureza de tributos. Devem licitar e se submetem ao controle do Tribunal de Contas

→ Entidades de apoio (Fundações privadas, associações ou cooperativas): atuam ao lado


de hospitais e universidades públicas auxiliando-as em suas atividades. Celebram um
convênio por meio do qual podem ser cedidos bens, servidores e podem ser destinadas
verbas orçamentárias. Se submetem ao Tribunal de Contas e devem realizar licitações.

→ Organizações sociais (OS’s): particulares, sem finalidade lucrativa, sem necessidade


de lei autorizadora.

 Prestam serviços públicos não exclusivos do Estado (saúde, educação e


assistência social)
 Celebram com o Estado um contrato de gestão, por meio do qual adquire-se a
qualificação de OS
 Há a transferência de rubricas orçamentárias, cessão de bens e servidores públicos
 Se submetem ao controle do Tribunal de Contas e não precisam licitar

→ Organização da sociedade civil e de interesse público (OSCIP): entidades privadas


sem fins lucrativos que atuam na prestação de serviços públicos não exclusivos do Estado
(rol maior que o da OS).

 Celebra um termo de parceria com o Estado (menos generoso que o contrato de


gestão), que prevê tão somente a destinação de verba orçamentária
 Se submetem ao Tribunal de Contas e não há dispensa de licitação
 Não podem ser qualificadas como OSCIP: OS, sociedades empresárias,
sindicatos, partidos políticos, entidades religiosas e cooperativas de trabalho
 O dirigente da OSCIP pode ser pago, desde que com salário fixo e com regime de
emprego

→ Organizações das sociedades civis (OSC): entidades privadas, sem fins lucrativos
que atuam na realização de serviço público por meio de termo de colaboração (plano de
trabalho proposto pela administração pública) ou termo de fomento (plano de trabalho
proposto pela entidade privada)

 Exige licitação, via internet e presta contas ao Tribunal de Contas e ao agente


público que a contratou
 Sanções: advertência, suspensão temporária de participação e declaração de
inidoneidade

ATOS ADMINISTRATIVOS

Ato administrativo é toda declaração unilateral do Estado ou de quem lhe faça as vezes,
no exercício de prerrogativas públicas, destinada a cumprir concretamente a lei, e sujeita
a controle de legitimidade pelo Judiciário.

→ Atos administrativos (espécie) ≠ atos da administração (gênero)

Os atos da administração podem ser:

 Atos privados: regime de direito privado


 Atos materiais (fatos administrativos): mera execução da atividade estatal
 Atos políticos: função Pública do Estado, não se sujeitam ao controle jurisdicional
em abstrato
 Atos Administrativos: admite-se delegação, por isso, nem todo ato Administrativo
é ato da administração

Elementos dos atos administrativos:

Forma: modelo determinado pela lei para exteriorização do ato administrativo. A regra
para os atos administrativos é a forma escrita. No entanto, existem atos que são praticados
de forma verbal, através de sinais (Ex.: semáforo) ou outros sons (Ex. apito do guarda de
trânsito).

Finalidade: objetivo almejado pelo Poder Público com a prática do ato.

Competência ou sujeito: se refere à pessoa que pratica o ato administrativo

Objeto: aquilo que o ato enumera, dispõe, declara, enuncia, certifica, extingue, autoriza,
modifica.

Motivo: fato que autoriza ou determina a prática do ato administrativo

OBS.: A forma, finalidade e competência são sempre elementos vinculados!

MACETE: Os elementos dos atos administrativos são Fi Fo COM


Atributos do ato administrativo

Presunção de legitimidade: Todo ato administrativo é presumivelmente legítimo,


cabendo ao particular provar o contrário.

Imperatividade: é o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu


cumprimento ou execução.

Autoexecutoriedade: possibilidade de a Administração executar determinados atos


administrativos diretamente, independentemente de ordem judicial. Cabível quando
prevista em lei ou em casos de urgência.

Classificação dos atos administrativos

Quanto aos destinatários:

 Atos gerais (ou regulamentares), os quais não têm destinatários específicos;


 Atos individuais (ou especiais), os quais possuem destinatários certos.

Quanto ao alcance:

 Atos internos: destinados a produzir efeitos dentro da Administração Pública;


 Atos externos: que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos,
os próprios servidores. Somente entram em vigor depois de divulgados pelo órgão
oficial;

Quanto ao regramento:

 Atos vinculados, para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua


realização (não existe liberdade de opção para o administrador público);
 Atos discricionários, nos quais a Administração pode praticar com liberdade de
escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua
oportunidade e do modo de sua realização;

Quanto à formação:

 Ato simples: resultante da manifestação de vontade de um único órgão;


 Ato complexo: se forma pela conjugação de vontades de mais de um órgão
administrativo;
 Ato composto: que é resultante da vontade única de um órgão, mas que depende
da verificação por parte de outro para se tornar exequível.

*Efeito prodrômico: acontece nos atos administrativos que dependem de duas


manifestações de vontade. Este efeito se configura com o dever da segunda autoridade se
manifestar quando a primeira já o fez. Esse dever vem antes do aperfeiçoamento do ato,
que se chama preliminar ou prodrômico.

Quanto à estrutura:

 Ato concreto: exaure-se em uma única aplicação. (Ex.: concessão de férias)


 Ato abstrato: comporta reiteradas aplicações, sempre que se apresente a hipótese
nele prevista. (Ex.: aplicação de penalidade)

Formas de extinção dos atos administrativos

Renúncia (beneficiário abre mão da vantagem concedida);

Cumprimento de seus efeitos;

Desaparecimento do sujeito ou do objeto;

Contraposição ou derrubada (em razão da prática de um ato contrário ao primeiro);

Cassação (extinção em razão de descumprimento de deveres pelo particular);

Caducidade (extinção em razão de lei superveniente que proíbe a prática do ato);

Revogação (supressão de um ato administrativo legítimo, legal e eficaz, mas que não mais
atende ao interesse público. Efeito ex nunc).

Anulação (invalidação de ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria


Administração ou pelo Judiciário. Efeito ex tunc).

Convalidação: Ocorre quando é possível sanar um vício do ato administrativo sem que
haja prejuízo, nem a particulares, nem à administração.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

É o poder-dever de vigilância e correção que a própria Administração, os Poderes


Legislativo e Judiciário ou o povo exercem sobre a atuação administrativa,

Formas de controle:

Quanto à origem do controle:

 Interno: é o exercido dentro de um mesmo Poder, por meio de órgãos que


integram sua própria estrutura. Ex.: o controle da chefia sobre os atos de seu
subordinado.
 Externo: é o exercido por um Poder sobre os atos praticados por outro Poder.
Exemplos sustação, pelo Congresso Nacional, de atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do Poder Regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa.
 Popular: mecanismo de controle que possibilita ao administrado verificar a
regularidade da atuação da Administração.

Quanto ao aspecto controlado:

Controle de legalidade ou legitimidade: será verificado se o ato foi praticado em


conformidade com a lei, com outro ato administrativo de conteúdo impositivo e com os
princípios. O controle de legalidade pode ser feito pela própria Administração (controle
interno), pelo Judiciário (ex.: mandado de segurança) ou pelo Legislativo (ex.: Tribunal
de Contas verificando a legalidade na admissão de pessoal);

Controle de mérito: verificará a conveniência e a oportunidade do ato controlado, e será


feito pelo próprio poder que executa o ato, não podendo ser feito pelo poder judiciário (o
qual somente controla atos vinculados, e não discricionários)

LICITAÇÃO

Conceito: É o procedimento administrativo por meio do qual a Administração Pública


seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse.

Princípios

→ Procedimento formal: vinculação da licitação às prescrições legais em todos os seus


atos e fases.

→ Publicidade de seus atos: Abrange todos os atos do procedimento, inclusive a abertura


dos envelopes da documentação e da proposta, que devem ser feitos em público.

→ Igualdade entre os licitantes: impede a discriminação entre os mesmos.

→ Sigilo das propostas: Impede que um licitante proponente conheça o preço do outro.

→ Vinculação ao Instrumento Convocatório: O edital vincula tanto os licitantes quanto a


Administração.

→ Julgamento objetivo: Deve apoiar-se em fatos concretos exigidos pela Administração


e confrontados com as propostas oferecidas pelos licitantes.

→ Adjudicação compulsória: a Administração deve contratar o vencedor do


procedimento licitatório.

Excludentes de Licitação:

→ Dispensa

Licitação dispensada: Trata-se de norma de regramento vinculado não há margem de


opção para a Administração.

Licitação dispensável: A Lei traz as hipóteses em que a licitação é dispensável (que


formam um rol taxativo).

Cinco principais hipóteses:

 Valor: até 10% do valor do convite (até 8 mil reais nos casos de bens e serviços e
15 mil reais para obras e serviços de engenharia). As empresas públicas,
sociedades de economia mista, consórcios públicos e agências executivas têm
dispensa de até 20% do valor do convite.
 Casos de guerra ou grave perturbação da ordem
 Casos de urgência, desde que não ultrapasse 180 dias improrrogáveis e seja feita
em razão da situação de urgência.
 Em casos de licitação deserta (≠ licitação fracassada, na qual os licitantes são
todos inabilitados ou desclassificados)
 Contratações firmadas pelas organizações sociais (OS)

→ Inexigibilidade:

Impossibilidade jurídica de competição entre contratantes:

 Produtor ou vendedor exclusivo: a licitação é inexigível quando e tratar de


aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos
por produtor exclusivo;
 Serviços técnicos profissionais altamente especializados:
 Contratação de artistas consagrados

Vedada para serviços de divulgação e publicidade!

Procedimento da licitação:

A licitação compõe-se de duas fases:

Interna: Inicia-se com a abertura do procedimento, caracterização e necessidade de


contratar, definição clara e detalhada do objeto a ser contratado e reserva de recursos
orçamentários.

Externa: Compreende o edital ou o convite, conforme o caso, que pode ser antecedido
por audiência pública, a habilitação, a classificação ou o julgamento das propostas, a
homologação e a adjudicação.

→ Audiência pública: Deverá ser divulgada pelos meios previstos para a publicidade do
edital e realizada com antecedência mínima de 15 dias antes da publicação do edital.

→ Edital: É o instrumento pelo qual a Administração leva ao conhecimento público a


abertura de concorrência, de tomada de preços, de concurso e de leilão, fixando as
condições de sua realização e convocando os interessados para apresentação de suas
propostas.

* Carla-convite: É o instrumento convocatório da licitação na modalidade Convite. É uma


forma simplificada de edital, que dispensa a publicação, sendo enviada diretamente aos
possíveis proponentes, escolhidos pela própria repartição interessada.

→ Habilitação dos licitantes: recebimento da documentação e proposta. (os requisitos tem


que estar previstos em lei e devem ser indispensáveis à execução do contrato):

 Habilitação jurídica
 Qualificação técnica
 Qualificação econômico-financeira
 Não exploração de trabalho infantil, regularidade fiscal e regularidade trabalhista
 Em caso de micro e pequenas empresas, há benefícios (continuam participando
da licitação sem regularidade fiscal, tendo cinco dias úteis após a classificação
para regularizar a situação)

→ Classificação ou julgamento das propostas (deverá atender aos critérios de avaliação


descritos no edital.)

→ Homologação: aprovação da licitação e de seu resultado

→ Adjudicação: é o ato pelo qual a autoridade superior declara, perante a lei, que o objeto
licitado é do licitante vencedor.

Anulação da licitação

Toda licitação é passível de anulação, feita pela própria administração ou pelo Poder
Judiciário. Para tanto, deverá a Administração observar o princípio de devido processo
legal, concedendo aos interessado o direito ao contraditório e a ampla defesa.

Revogação da licitação

É a invalidação da licitação por motivo de interesse público, devendo ser justificada.

→ Tipos de licitação:

 Menor preço (regra)


 Melhor técnica (sendo que o edital estabelece o que é melhor técnica)*
 Técnica e preço*
 Maior lance

Serviços de Informática ou de natureza intelectual*

→ Critério de desempate:

 Produzido no país
 Produzido por empresa brasileira (não importa o capital)
 Investimento em tecnologia ou pesquisa no país

 Não havendo desempate: sorteio

OBS: Se uma das empresas empatadas for microempresa ou empresa de pequeno porte,
ela tem preferência no desempate, inclusive se essas fizerem proposta com preço 10%
maior que a outra (continua sendo considerado empate)

Regras gerais:

→ Intervalo mínimo: entre a publicação do edital e a abertura do envelope

→ Comissão de licitação: mínimo de três membros, sendo que pelo menos dois deles
devem ser servidores efetivos do órgão, havendo responsabilidade solidária pelos atos
praticados pela comissão, salvo quando o servidor foi voto vencido em determinado ato
da Comissão e isso ficar registrado em ata. A comissão pode ser:

 Especial: designada especialmente para um determinado procedimento licitatório


e, após ele, é dissolvida.
 Permanente: designada para as licitações do órgão pelo período de um ano, sendo
vedada recondução de TODOS os membros de uma vez.

→ Obrigatoriedade: administração direta e indireta, fundos especiais e demais entes


mantidos ou subvencionados pelo Poder Público, salvo em casos de dispensa ou
inexigibilidade.

→ Empresa pública e sociedade de economia mista exploradoras de atividade econômica:


sendo editada lei específica regulamentando procedimento dessas empresas afasta-se a
Lei Geral 8666/93, sendo possível a simplificação das licitações por meio de decreto.

Modalidades gerais de licitação

É vedada a criação de novas modalidades ou a combinação das modalidades já existentes.


São elas:

 Concorrência*
 Tomada de preço*
 Convite*
 Concurso**
 Leilão**
 Pregão**

*Preço

**Objeto

Concorrência

→ Contratações de grande vulto e ampla competição

→ Obras e serviços de engenharia acima de 1 milhão de reais e aquisição de bens e outros


serviços acima de 650 mil.

→ Contratos em que a concorrência é obrigatória independentemente do valor:

 Concessão de serviço público


 Aquisição e alienação de imóveis (exceto alienação de imóvel adquirido por dação
em pagamento ou decisão judicial, hipóteses em que cabem a concorrência ou o
leilão)
 Contrato de empreitada integral: entrega do bem pronto para o uso (≠ empreitada
global)
 Concessão de direito real de uso: conceder o uso de bens públicos a particulares
 Licitação internacional: admite participação de empresas estrangeiras que não
tenham sede no país. Exceções: Cadastro Internacional de licitantes (tomada de
preço) e quando não há fornecedor no país (convite).

→ Prazo:

 Melhor técnica, técnica e preço e empreitada integral: 45 dias


 Menor preço e maior lance: 30 dias

Tomada de preço:

→ Licitantes cadastrados no órgão, geralmente o SICAF, ou com cadastramento com três


dias de antecedência à abertura dos envelopes.

→ Validade do cadastro: um ano.

→ Obras e serviços de engenharia até 1 milhão de reais e aquisição de bens e outros


serviços até 650 mil.

→ Hipóteses em que não for obrigatória concorrência

→ Intervalo mínimo:

 Melhor técnica ou técnica e preço: 30 dias


 Menor preço e melhor lance: 15 dias

Convite:

→ Modalidade mais restrita, só participam os convidados (mínimo três convidados, salvo


comprovada restrição de mercado)

→ Os não convidados podem participar, desde que cadastrados no órgão e manifestem


interesse nesse sentido no prazo de 24 horas antes da abertura dos envelopes.

→ Instrumento convocatório: carta convite (não é publicada, publicidade se manifesta no


momento do envio dos convites e afixação no átrio da repartição em local visível ao
público)

→ Contratação de pequeno valor: obras e serviços de engenharia até R$ 150.000 e


aquisição de bens e outros serviços até R$ 80.000.

→ Intervalo mínimo: 5 dias úteis

→ Pode não ter comissão em caso de escassez de pessoal, tendo apenas um servidor
efetivo (situação excepcional de interesse público).

Concurso:

→ Escolha de trabalho técnico, artístico ou científico, havendo remuneração o prêmio.


→ Comissão: pessoa idônea e com conhecimento na área (mínimo três membros)

→ Intervalo mínimo: 45 dias

Leilão:

→ Alienação de bens móveis inservíveis, apreendidos ou empenhados (e não penhorados


como diz o legislador, pois não estamos tratando de leilão judicial, mas administrativo);
bens imóveis, que tenham sido adquiridos por dação em pagamento ou decisão judicial;
e os bens do patrimônio público desafetados que não ultrapassem R$ 650.000.

→ Intervalo mínimo: 15 dias

→ Sempre do tipo maior lance

→ Leiloeiro: oficial, cadastrado na junta ou servidor público designado (não há comissão)

Pregão:

→ Lei 10.520 de 2002

→ É a modalidade mais utilizada no Brasil

→ Aquisição de bens e serviços comuns pelo Estado, ou seja, bens que podem ser
designados no edital com expressão usual de mercado

→ Não se pode utilizar pregão para a obra

→ Responsável pelo procedimento: pregoeiro

→ Comissão de apoio ao pregoeiro ≠ comissão de licitação

→ Intervalo mínimo: 8 dias úteis

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

São acordos de vontade entre a Administração Pública e terceiros, regidos por normas de
direito público específicas.

Formalização do contrato administrativo

Instrumento do contrato administrativo: É o termo, lavrado em livro próprio da repartição


contratante. Além do termo de contrato (obrigatório para casos que exigem concorrência
e tomada de preços), existem: carta-contrato, nota de empenho de despesa e autorização
de compra de serviço.

Conteúdo: vontade da partes expressa no momento de sua formalização.


Garantias para a execução do contrato: A escolha da garantia fica a critério do contratado,
dentre as modalidades previstas em lei, que são dinheiro, títulos da dívida pública, seguro
garantia e fiança bancária.

Características

Cláusulas exorbitantes: são prerrogativas da Administração em razão de sua posição de


supremacia em relação à parte contratada. Ex.: alteração e extinção unilateral do contrato;

Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro: o particular terá direito à


manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, de maneira que,
alterada uma condição, este particular poderá solicitar a alteração contratual visando tal
equilíbrio.

Teoria da imprevisão: ocorre quando, no curso do contrato, há eventos excepcionais e


imprevisíveis que desequilibram a equação econômico-financeira do contrato. O evento
imprevisto pode ocorrer:

a) Por motivo de força maior ou caso fortuito;

b) Fato do príncipe: é o fato geral do Poder Público que afeta substancialmente o contrato,
apesar de não se direcionar especificamente a ele.

c) Fato da administração: toda ação ou omissão da Administração que se dirige e incide


direta e especificamente sobre o contrato, retardando ou impedindo sua execução.

d) Sujeições ou interferências imprevistas: é a descoberta de um óbice natural ao


cumprimento do contrato.

Fiscalização do contrato: A Administração tem o dever/poder de acompanhar a


execução do contrato. Esse direito/dever compreende: a fiscalização, a orientação, a
intervenção e a aplicação de penalidades contratuais.

Extinção do contrato

Pode se dar por:

Conclusão do objeto: É a regra, ocorrendo de pleno direito quando as partes cumprem


integralmente suas prestações contratuais.

Término do prazo: É a regra nos ajustes por tempo determinado, nos quais o prazo é de
eficácia do negócio jurídico contratado, de modo que, uma vez expirado, extingue-se o
contrato.

Rescisão: desfazimento do contrato durante sua execução por inadimplência de uma das
partes, podendo ser:

 Administrativa: realizada por ato unilateral da Administração, por inadimplência


do contratado (com culpa ou sem culpa) ou por interesse do serviço público;
 Judicial: é decretada pelo Poder Judiciário, em ação proposta pela parte que tiver
direito à extinção do contrato;
 De pleno direito: é fato que ocorre independentemente da vontade de qualquer
uma das partes.
 Amigável: ocorre mediante a celebração de um distrato.

Anulação: declarada quando se verificar ilegalidade na formalização ou em cláusulas


essenciais do contrato.

CONSÓRCIOS PÚBLICOS

Os consórcios são constituídos através de contratos cuja celebração dependerá da prévia


subscrição de protocolo de intenções, podendo ser realizados entre entes de níveis
federativos distintos.

Os consórcios adquirirão personalidade jurídica, podendo constituir associação privada


ou pessoa jurídica de direito público (e, neste caso, integra a administração indireta dos
entes consorciados).

RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO ESTADO

A responsabilidade civil é a obrigação de reparar danos patrimoniais exaurindo-se com a


indenização.

Existem algumas teorias que tentam explicar a extensão de tal responsabilidade. A saber:

Teoria da culpa administrativa: Leva em conta a falta do serviço para impor à


Administração o dever de indenizar, independentemente da culpa subjetiva do agente
administrativo (a vítima é quem deve comprovar a falta do serviço).

Teoria do risco administrativo: Segundo esta teoria, não são necessárias a falta do ser-
viço público nem a culpa de seus agentes, bastando a lesão, sem o concurso do lesado
(basta que a vitima demonstre o fato danoso e injusto ocasionado por ação ou omissão do
Poder Público).

Teoria do risco integral: É a modalidade extremada do risco administrativo, abandonada


na prática, por conduzir ao abuso e à iniquidade social (a Administração fica obrigada a
indenizar todo e qualquer dano suportado por terceiros, ainda que resultante de culpa ou
dolo da vitima);

A teoria da responsabilidade objetiva da Administração (da responsabilidade sem


culpa): funda-se na substituição da responsabilidade individual do servidor pela
responsabilidade genérica do Poder Público. A Administração, ao deferir a seu servidor
a realização de certa atividade administrativa, assume o risco de sua execução e responde
civilmente pelos danos que esse agente venha a causar injustamente a terceiros. (Aplicada
no Direito Brasileiro)

OBS.: Só se atribui responsabilidade objetiva à Administração pelos danos que seus


agentes causem a terceiros, não se responsabilizando por atos predatórios de terceiros
nem por fenômenos naturais que causem prejuízo aos particulares.
Reparação do dano: A reparação do dano causado pela Administração a terceiros é
obtida amigavelmente ou por ação de indenização. Uma vez indenizada a vitima, fica a
entidade com o direito de reaver do funcionário os valores pagos à vítima, por meio da
ação regressiva.

SERVIDORES PÚBLICOS

Classificação

Agentes políticos: Integram o Governo em seus primeiros escalões, investidos por


eleição, nomeação ou designação para o exercício de atribuições constitucionais
(políticos eleitos pelo voto popular, ministros de Estado, juízes, promotores de justiça,
membros dos Tribunais de Contas).

Agentes administrativos: Vinculam-se ao Estado ou às suas entidades autárquicas e


fundacionais por relações de emprego, sendo sujeito à hierarquia funcional e não
exercendo atividades políticas ou governamentais.

Agentes honoríficos: São cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,


transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica,
honorabilidade ou notória capacidade profissional, sem qualquer vinculo empregatício e
normalmente sem remuneração (função de jurado, mesário eleitoral, membro de comissão
de estudo).

Agentes delegados: São particulares que recebem a incumbência da execução de


determinada atividade, obra ou serviço público e a realizam em nome próprio, por sua
conta e risco, mas segundo as normas do Estado (concessionários e permissionários de
obras e serviços públicos, serventuário de cartórios, leiloeiros, tradutores e intérpretes
públicos).

Acessibilidade aos cargos públicos

A investidura em cargo ou emprego público depende de prévia aprovação em concurso


público de provas ou de provas e títulos, salvo as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

O concurso tem validade de até dois anos, contados da homologação, prorrogável uma
vez, por igual período (art. 37, 111, CF).

Paridade de vencimentos

A remuneração e os subsídios do funcionalismo público e dos membros de qualquer dos


poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios detentores de mandato eletivo,
bem como os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas todas as vantagens, não poderão exceder o subsídio
mensal dos ministros do STF, aplicando-se como limites: no Executivo, o subsidio dos
prefeitos nos Municípios, e o subsídio do governador, nos Estados e DF; no Legislativo,
o subsídio dos deputados estaduais; no Judiciário, o subsídio dos desembargadores do TJ,
limitado a 90,25% do subsídio dos ministros do STF (este limite se aplica aos membros
do MP, procuradores e defensores públicos).
Acumulação de cargos, empregos e funções públicas

A regra constitucional é pela vedação de qualquer hipótese de acumulação remunerada


de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários e observado o teto
salarial dos ministros do STF (art. 37, XVI, CF):

 A de dois cargos de professor;


 A de um cargo de professor com outro técnico científico;
 A de dois cargos privativos de profissional de saúde, desde que com profissão
regulamentada.

Estabilidade (Requisitos):

 Nomeação para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público;


 Efetivo exercício por três anos (estágio probatório);
 Avaliação especial e obrigatória de desempenho por comissão instituída para essa
finalidade.

A exoneração não é penalidade, mas simples dispensa do servidor, por não convir à
Administração sua permanência.

Já a demissão se constitui em pena administrativa e poderá ser aplicada ao servidor que


cometa infração disciplinar ou crime funcional regularmente apurado em processo admi-
nistrativo ou judicial.

Uma vez adquirida a estabilidade, o servidor somente poderá perder o cargo:

 Em virtude de sentença judicial transitada em julgado;


 Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
 Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei
complementar, assegurada ampla defesa.

Aposentadoria:

→ Por invalidez permanente: com proventos proporcionais ao tempo de contribuição,


exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, especificada em lei;

→ Compulsória: aos 70 anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de


contribuição;

→ Voluntária: quando requerida pelo servidor, desde que cumprido tempo mínimo de
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se
dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:

 60 anos de idade e 35 de contribuição, se homem, e 55 anos de idade e 30 de


contribuição, se mulher, com remuneração integral;
 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição.
Fica vedada a percepção de mais de uma aposentadoria, ressalvadas as aposentadorias
decorrentes dos cargos acumuláveis na forma da CF, que deverão obedecer ao limite
fixado 110 art. 7, § 11°, XI.

FORMAS DE PROVIMENTO DOS CARGOS PÚBLICOS

Originária: pressupõe a inexistência de uma relação jurídica anterior mantida entre o


Servidor e a Administração. A única forma de Provimento Originário é a nomeação, que
pode ser realizada em caráter Efetivo ou para Cargos de Provimento em Comissão.

Derivada: As formas derivadas de provimento dos cargos públicos decorrem de um


vínculo anterior entre Servidor e Administração. São elas:

 Promoção
 Readaptação
 Reversão
 Aproveitamento
 Reintegração
 Recondução

→ Promoção: é a elevação de um Servidor de uma classe para outra dentro de uma


mesma carreira. Com isso, há a vacância de um cargo inferior e consequentemente o
provimento do cargo superior.

→ Readaptação: é a passagem do Servidor para outro cargo compatível com a


deficiência física que ele venha a apresentar.

→ Reversão: é o retorno ao Serviço Ativo do Servidor aposentado por invalidez quando


insubsistentes os motivos da aposentadoria, pode acontecer para o mesmo cargo se ele
ainda estiver vago ou para outro semelhante. Não havendo cargo vago, o Servidor que
reverter ficará como excedente.

→ Aproveitamento: é o retorno ao Serviço Ativo do Servidor que se encontrava em


disponibilidade e foi aproveitado, devendo realizar-se em cargo semelhante àquele
anteriormente ocupado.

→ Reintegração: é o retorno ao Serviço Ativo do Servidor que fora demitido, quando a


demissão for anulada administrativamente ou judicialmente, voltando para o mesmo
cargo que ocupava anteriormente. Dá-se com o ressarcimento de todas as vantagens que
o servidor deixou de receber durante o período em que esteve afastado.

→ Recondução: é o retorno ao cargo anteriormente ocupado, do servidor que não logrou


êxito no estágio probatório de outro cargo para o qual foi nomeado decorrente de outro
concurso.

MACETE:

ReVersão = V de Velhinho, aposentado. É a volta do aposentado por invalidez ou pelo


interesse da administração.
ReaDaptação = D de Doente. A investidura do servidor em cargo compatível com uma
limitação física que tenha sofrido (doença, acidente, etc).

REINtegração = Lembre-se de REINvestidura. Uma nova investidura do servidor em seu


cargo, após a invalidação de sua demissão.

Recondução = volta: lembre-se que é a volta do servidor ao cargo que ocupava


anteriormente ao atual.

SERVIÇO PÚBLICO

Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob as
normas e controle estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade ou simples conveniências do Estado (art. 175, CF).

Classificação:

Quanto à essencialidade:

→ Serviços públicos: São os que a Administração presta diretamente à comunidade, por


reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social e do
próprio Estado, como os de polícia e saúde pública.

→ Serviços de utilidade pública: São os que a Administração, reconhecendo sua


conveniência para os membros da coletividade, presta diretamente ou permite que sejam
prestados por terceiros (concessionários, permissionários) e sob seu controle, mas por
conta e risco dos prestadores, mediante remuneração do usuários. Exemplos: transporte
coletivo, energia elétrica, gás, telefone.

Quanto à finalidade:

Serviços administrativos: São os que a Administração executa para atender a suas


necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao público, tais
como os da imprensa oficial, das estações experimentais e outros dessa natureza.

Serviços industriais: São os que produzem renda para quem os presta, mediante a
remuneração (tarifa ou preço público) da utilidade usada ou consumida. Essa
remuneração é sempre fixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é prestado por
seus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários, permissionários ou
autorizatários.

Quanto aos destinatários:

→ Serviços uti universi ou gerais: São os que a Administração presta para atender a
coletividade no todo, como os de policia, iluminação pública, calçamento. São serviços
indivisíveis, não mensuráveis e mantidos por imposto e não por taxa ou tarifa.

→ Serviço uti singuli ou individuais: São os que têm usuários determinados e utilização
particular e mensurável para cada destinatário, como ocorre com telefone, água, gás e
energia elétrica domiciliares, remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público).
Quanto à natureza:

→ Serviços públicos próprios: São os que constituem atividade administrativa


tipicamente estatal, executada direta ou indiretamente.

→ Serviços públicos impróprios: São os que, embora satisfaçam necessidade coletivas,


são atividades privadas.

Competência para prestação de serviço

→ Competência da União: Em matéria de serviços públicos, abrange os que lhe são


privativos (art. 21, CF) e os que lhe são comuns (art. 23), permitindo atuação paralela dos
Estados membros e Municípios.

→ Competência do Município: Restringe-se aos serviços de interesse local. A


Constituição Federal elegeu determinados serviços de interesse local como dever
expresso dos Municípios, como o transporte coletivo, a educação pré-escolar, o ensino
fundamental, os serviços de atendimento à saúde da população e outros.

→ Competência do Estado membro: É residual. A única exceção diz respeito à exploração


e distribuição dos serviços de gás canalizado (art. 25, § 2º). Pertencem aos Estados todos
os serviços não reservados à União nem distribuídos ao Município

CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

É o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública delega a outrem a execução


de um serviço público, para que o faça em seu nome, por sua conta e risco, assegurada a
remuneração mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente
da exploração de serviço (art. 175, CF). Tem as mesmas características dos demais con-
tratos administrativos, além dessas exclusivas:

Só existe concessão de serviço público quando e trata de serviço próprio do Estado,


definido em lei;

 O Poder Público transfere ao particular apenas a execução dos serviços,


continuando a ser seu titular;
 A concessão deve ser feita sempre por meio de licitação, na modalidade
concorrência;
 O concessionário executa o serviço em seu próprio nome e corre os riscos normais
do empreendimento;
 A tarifa tem a natureza de preço público e é fixada em contrato;
 O usuário tem direito à prestação dos serviços;
 A rescisão unilateral da concessão antes do prazo estabelecido denomina-se
encampação;
 A rescisão unilateral por inadimplemento denomina-se caducidade ou decadência;
 Em qualquer caso de extinção da concessão é cabível a incorporação dos bens dos
concessionários mediante indenização (é o que se chama de reversão).

PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (PPP)


Contrato administrativo de concessão especial.

Pode existir nas modalidades:

 Patrocinada: quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários,


contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado;
 Administrativa: quando a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Vedada nas seguintes hipóteses:

a) Valor do contrato inferior a R$ 20 milhões;

b) Período de prestação do serviço seja inferior a cinco anos;

c) Que tenha como objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e


instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

Deverá ser precedida de licitação na modalidade concorrência.

BENS PÚBLICOS

Classificação

 Bens de uso comum do povo ou do domínio público: mares, praias, rios, estradas,
ruas e praças (todos os locais abertos à utilização pública, de uso coletivo, de
fruição própria do povo).
 Bem de uso especial ou do patrimônio administrativo (também chamado bens
indisponíveis): São os que se destinam especialmente à execução dos serviços
públicos, tais como os edifícios das repartições públicas, os veículos da
Administração, os mercados e outras serventias que o Estado põe à disposição do
público, com destinação especial.
 Bens dominicais: São aqueles que, embora integrando o domínio público como os
demais, não possuem destinação pública.

De acordo com a natureza física, os bens públicos integram o domínio terrestre (imóveis
em geral), o domínio hídrico ou o domínio aéreo.

Utilização do bem público

Pode dar-se por meio dos institutos de direito público ou pela utilização de institutos
jurídicos de direito privado.

Autorização de uso: ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo


qual a Administração consente que o particular se utilize de bem público com
exclusividade.

Permissão de uso: ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual
a Administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem publico.
Concessão de uso: É o contrato administrativo pelo qual o Poder Público atribui a
utilização exclusiva de bem público a particular para que o explore segundo sua
destinação específica.

Concessão de direito real de uso: é o contrato pelo qual a Administração transfere o uso
remunerado ou gratuito de terreno público a particular para que dele se utilize em fins
específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra
exploração de interesse social.

Cessão de uso: É a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade


ou órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas condições estabelecidas no
respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado.

Atributos:

Imprescritibilidade: Decorre da consequência lógica de sua inalienabilidade originária.


Os bens públicos são inalienáveis enquanto destinados ao uso comum do povo ou a fins
administrativos especiais.

Impenhorabilidade: Decorre de preceito constitucional que dispõe sobre a forma pela


qual serão executadas as sentenças judiciais contra a Fazenda Pública, sem permitir a
penhorabilidade de seus bens.

Não oneração: É a impossibilidade de oneração dos bens públicos (das entidades estatais,
autárquicas e fundações).

INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE PRIVADA

É todo ato do Poder Público que, compulsoriamente, retira ou restringe direitos dominiais
privados ou sujeita o uso de bens particulares a uma destinação de interesse público.

Os fundamentos da intervenção na propriedade privada e baseiam na necessidade pública,


utilidade pública ou interesse social, previstos em lei federal.

Formas de Intervenção

→ Desapropriação

É a retirada compulsória da propriedade para a realização do interesse público, operando


a transferência do bem para o patrimônio público.

Características

A aquisição não provém de nenhum título anterior (forma originária de aquisição de


propriedade) e, por isso, o bem expropriado torna-se insuscetível de reivindicação e
libera-se de quaisquer ônus que sobre ele incidiam precedentemente, ficando os eventuais
credores sub-rogados no preço.

Duas fases: decreto de desapropriação e estimativa da justa indenização com a


transferência do bem expropriado para o domínio do expropriante.
Toda desapropriação deve ser precedida de declaração expropriatória regular, na qual se
indique o bem a ser desapropriado e se especifique sua destinação pública ou interesse
social.

Requisitos constitucionais

→ Necessidade Pública ou interesse social

→ Indenização justa, prévia e em dinheiro (em caso de desapropriação para observância


do Plano Diretor do Município, pode ser em títulos da dívida pública e em caso de
desapropriação para fins de reforma agrária, pode ser em títulos da dívida agrária)

Processo expropriatório

A desapropriação poderá ser efetivada de duas formas:

Via administrativa: É o acordo entre as partes quanto ao preço, reduzido a termo para
a transferência do bem expropriado, o qual, se imóvel, exige escritura pública para a
subsequente transcrição no registro imobiliário.

Processo judicial: O procedimento expropriatório tem natureza administrativa, havendo


a intervenção do Poder Judiciário somente quando não se chegar a acordo quanto ao valor
da indenização.

Imissão na posse (Requisitos):

Alegação de urgência pelo poder expropriante (no próprio ato expropriatório ou no curso
do processo judicial);

Depósito da quantia fixada segundo critérios previstos em lei;

Requerimento no prazo de 120 dias a contar da alegação de urgência (não requerida nesse
prazo, o direito caduca).

Desvio de finalidade: Ocorre quando o bem expropriado para um fim é empregado em


outro sem utilidade pública ou interesse social. O bem desapropriado para um fim público
pode ser usado para outro fim público sem que ocorra desvio de finalidade.

Anulação da desapropriação: A desapropriação está sujeita à anulação, que pode ser


proferida tanto pelo Judiciário como pela própria Administração.

Retrocessão: direito do expropriado de exigir de volta seu imóvel, caso este não tenha o
destino para que se desapropriou.

→ Tombamento

É a declaração editada pelo Poder Público acerca do valor histórico, artístico, paisagístico,
arqueológico, turístico, cultural ou cientifico de bem móvel ou imóvel com o objetivo de
preservá-lo.
Pode ser:

 De ofício: incidente sobre bens públicos;


 Voluntário: incidente sobre bens particulares com a anuência dos proprietários;
 Compulsório: incidente obre bens particulares.

→ Servidão administrativa

Caracteriza-se pelo ônus real incidente sobre um bem particular, com a finalidade de
permitir uma utilização pública. A servidão administrativa não transfere o domínio ou a
posse do imóvel para a Administração, limitando apenas o direito de usar e fruir o bem.

→ Requisição

É a utilização coativa de bens ou serviços particulares pelo Poder Público, para


atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias.

→ Ocupação temporária

É a utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares pelo Poder Público,


para execução de obras, serviços ou atividades públicas ou de interesse público.

→ Limitação administrativa

É uma das formas pelas quais o Estado, uso de sua soberania interna, intervém na
propriedade e nas atividades particulares, de três maneiras: positiva (fazer) – o particular
fica obrigado a realizar o que a Administração lhe impõe; negativa (não fazer) – o
particular deve abster-se do que lhe é vedado: permissiva (deixar fazer) – o particular
deve permitir algo em sua propriedade.

Exemplos: permissão de vistorias em elevadores de edifícios, fixação de gabaritos,


ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária, obrigação de dirigir com cinto de
segurança.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Probidade = Moralidade

Improbidade ≠ Imoralidade (a qual é apenas uma das espécies de improbidade)

Natureza da Sanções

Ação Civil Pública com sanções de natureza civil pela prática de atos de improbidade
(não é regulamentada pela Lei de Ação Civil Pública, mas pela própria Lei de
Improbidade).

Vale ressaltar que quem pratica ato de improbidade também responde na esfera penal e
administrativa.

Sujeitos
→ Ativo:

Agente Público:

 Agentes políticos
 Particulares em Colaboração com o Estado
 Servidores Estatais (temporários, estatutários ou celetistas)

Particular que concorra, induza ou se beneficie da prática de atos de improbidade

→ Passivo

Qualquer pessoa que receba dinheiro público

Entes da administração direta ou indireta

Entidades Privadas que recebam dinheiro público:

 + 50% do capital: se equipara ao ente da administração pública para fins de


improbidade
 – 50% do capital: a lei de improbidade se aplica de forma limitada → sanções
patrimoniais no limite do dinheiro público

Espécies de Improbidade

→ Os que gerem enriquecimento ilícito em virtude da função pública

→ Dano ao erário

→ Os que atentem contra os princípios da administração pública

Sanções
Processo

Na ação de improbidade, os juiz julga os fatos e não os pedidos

Aplica-se sanções de natureza civil

Sujeito Ativo

 MP (como parte)
 Lesado (MP como fiscal da Lei)

Sujeito Passivo

 Agentes Públicos
 Particulares concorrentes ou beneficiados

Cautelares

 Indisponibilidade de bens (garante a efetividade da pena)


 Afastamento preventivo o servidor (garante a instrução processual)
 Investigação e bloqueio de contas

LEI ANTICORRUPÇÃO (Lei 12.846/13)

Responsabilidade Civil e Administrativa da Pessoas Jurídicas por atos contra a


administração (sem prejuízo das sanções aplicáveis às pessoas físicas)
É possível acumulações de sanções de natureza administrativa e civil

Não traz nenhuma sanção de natureza penal

Atos lesivos:

Que atentem contra:

 O patrimônio público
 Princípios
 Compromissos Internacionais

Rol exemplificativo:

 Dar ou prometer vantagem ao agente público (corrupção)


 Patrocinar ilícito administrativo
 Ocultar benefícios de ato ílicito
 Dificultar investigação de agência reguladora ou sistema financeiro
 Fraudar licitações e contratos

Sanções (sem prejuízo da reparação dos danos causados)

Multa

Publicação extraordinária da condenação (macula a imagem da empresa)

Processo Administrativo

→ Instauração: pela autoridade máxima de cada órgão (admitida delegação)

→ CGU: Competência concorrente (Executivo Federal)

→ Comissão: mínimo 2 servidores estáveis

→ Instrução probatória ampla (defesa em 30 dias)

→ Relatório da Comissão (mera orientação, não obriga o julgador)

→ Julgamento (por quem instaurou)

→ Prazo de 180 dias, prorrogáel uma única vez

→ Possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica

Acordo de Leniência (CGU)

“Delação premiada na esfera administrativa”

→ Requisitos cumulativos:
1. Primeira Pessoa Jurídica interessada em firmar o acordo
2. Cessar o envolvimento com o fato
3. Cooperar às suas expensas (custas), até o final da investigação

→ Benefícios

Não aplicação das penas:

 Publicação extraordinária da sanção


 Proibição de receber incentivos e benefícios creditícios

Redução de até 2/3 da multa (sem prejuízo de ressarcimento ao erário)

(A rejeição da proposta pela administração não faz prova contra a pessoa jurídica que
demonstra interesse)

Responsabilidade Judicial (Civil)

Ação Judicial de competência da entidade lesada ou do Ministério Público

Segue as regras da Lei de Ação Civil Pública, com algumas peculiaridades

Penas:

→ Perda de bens

→ Suspensão das atividades

→ Proibição de receber benefícios e incentivos de 1 a 5 anos

→ Dissolução compulsória da personalidade jurídica

Prescrição: 5 anos, contados do conhecimento do fato ou da cessação da continuidade

Interrupção do prazo prescricional: Instauração de processo administrativo e acordo de


leniência

OBS.: Cadastro Nacional de empresas punidas (CNEP): é um banco de informações


mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU) que tem como objetivo consolidar a
relação das empresas que sofreram qualquer das punições previstas na Lei nº 12.846/2013
(Lei Anticorrupção)

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