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Traduzido do original em Inglês

Journey into the Gospel


By Paul Washer © HeartCry Missionary Society | www.HeartCryMissionary.com

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Tradução por Camila Almeida


Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Setembro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta transcrição são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado pelo website oEstandarteDeCristo.com, com contato prévio com HeartyCry
Missionary Society (HeartCryMissionary.com), sob a licença Creative Commons Attribution-
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Uma Jornada No Evangelho
Por Paul David Washer

O Evangelho De Nossa Salvação

“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também
recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes
tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos
entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1
Coríntios 15:1-4).

Charles Spurgeon escreve: “Nestes dias eu me sinto obrigado a voltar repetidas vezes às
verdades elementares do Evangelho. Em tempos de paz podemos nos sentir livres para
fazer excursões aos distritos interessantes da verdade que se encontram muito longe; mas
agora temos de permanecer em casa, e guardar os corações e as casas da igreja para
defendermos os princípios fundamentais da fé. Nesta época se levantaram na própria igreja
homens que dizem coisas perversas. Há muitos os que nos afligem com suas filosofias e
novas interpretações, pelo que eles negam as doutrinas que professam ensinar, e minam
a fé que eles pleiteiam sustentar. É assim que alguns de nós, que sabemos no que cremos,
e não temos significados secretos em nossas palavras, devemos justamente firmar o pé no
chão e manter a nossa posição, retendo a palavra da vida, e claramente declarar as verda-
des fundamentais do Evangelho de Jesus Cristo” (MTP, Vol. 32, p. 385).

Uma Obra Extremamente Importante Em Progresso

Este livro é o primeiro de uma longa série de livros que lidam com o Evangelho de Jesus
Cristo. Ao longo dos últimos anos, tenho passado horas incontáveis e muitas noites sem
dormir organizando textos e acumulando citações daqueles que eu considero serem os
pregadores mais eruditos e apaixonados do Evangelho: os Puritanos, Jonathan Edwards,
George Whitefield, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones e inúmeros outros. Em vez de
esperar vários anos para publicar uma edição polida, decidimos imprimi-lo “em casa”, e “em
forma bruta”, um capítulo ou dois de cada vez. Se estes primeiros livros forem encontrados
serem úteis para o povo de Deus, vamos continuar a imprimir os outros até que nós esgo-
temos o que temos escrito, e continuaremos a escrever. Como foi dito, este é um livro robus-
to, repleto de perguntas e comentários. Os benefícios gerados a partir deste estudo depen-

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derão do seu investimento. Se você responder às perguntas por impensadamente copiar o
texto e sem procurar compreender o seu significado, muito pouco será adquirido.

Método De Estudo

Cada capítulo e subseção começa com uma introdução de um determinado assunto e, em


seguida, rapidamente avança para o estudo de textos bíblicos individuais que tratam do
assunto. O estudante deve responder às questões somente depois que ele ou ela tenha
meditado cuidadosamente no texto e comparado as suas conclusões com as notas de
estudo na parte inferior da página e com as inserções que contêm citações importantes
sobre o assunto em mãos. Pode ser útil sublinhar ou marcar com um destaque as verdades
fundamentais nas notas de estudo e inserções. Fundado sobre a convicção de que as
Escrituras são a inspirada e infalível Palavra de Deus, este livro foi concebido de tal forma
que é literalmente impossível para o aluno avançar sem uma Bíblia aberta diante dele ou
dela. Ele também foi projetado para que o aluno possa ter a oportunidade de estudar as
Escrituras, na companhia de alguns dos maiores pregadores e estudiosos da história da
Igreja. Este livro pode ser usado por um indivíduo, por um pequeno grupo ou classe de es-
cola dominical. É altamente recomendável que o aluno complete cada parte por si mesmo
antes das reuniões para discussão e perguntas, com o líder do grupo ou discipulado.

Exortação Ao Estudante

O estudo da doutrina é uma disciplina tanto intelectual quanto devocional. É uma busca
apaixonada por Deus que deve sempre levar o aluno a maior transformação pessoal, obedi-
ência e adoração sincera. Portanto, o estudante deve estar em guarda contra o grande erro
de buscar somente conhecimento impessoal, e não a Pessoa de Deus. Nem devoção negli-
gente, nem meras atividades intelectuais são proveitosas, pois em ambos os casos, perde-
se a Deus.

A New American Standard Version

Para concluir este estudo, a New American Standard Version* é necessária. Esta versão
das Escrituras foi escolhida pelas seguintes razões: (1) A convicção inabalável dos tradu-
tores que a Bíblia é a infalível Palavra de Deus; e (2) a sua fidelidade às línguas originais.
[*Escolhemos manter neste estudo as referências da versão ACF (Almeida Corrigida
Revisada Fiel), pois cremos firmemente que esta atende às características que levaram o
Sr. Washer a usar a New American Standard Version (ASV) neste estudo].

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Introdução

De todos os esforços que um homem pode impor a si mesmo, não há nenhum maior do
que buscar compreender o Evangelho de Jesus Cristo e buscar a Sua infinita glória — Deus
em Cristo reconciliando o mundo conSigo mesmo. É uma glória muito profunda para o
nosso intelecto, demasiado grande para os nossos corações, e além do poder de qualquer
linguagem para descrevê-la, e ainda assim, dentro de tão grande mistério nós encontramos
a nossa salvação.

O Dilema Divino

O dicionário Webster define a palavra dilema como “uma situação que implica uma escolha
entre alternativas igualmente insatisfatórias” ou “um problema aparentemente incapaz de
uma solução satisfatória”. Nas Escrituras, o maior de todos os dilemas está diante de nós
em quase todas as páginas: Como pode um Deus justo perdoar o ímpio?

Se Deus simplesmente perdoa os ímpios, Ele não é mais justo. As Escrituras declaram: “O
que justifica o ímpio, e o que condena o justo, tanto um como o outro são abomináveis ao
Senhor” (Provérbios 17:15). Se Deus não perdoa os ímpios, todos perecerão. As Escrituras
declaram: “Porque todos pecaram” (Romanos 3:23); e “o salário do pecado é a morte...”
(Romanos 6:23); e ainda: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4).

Alguém poderia perguntar por que Deus não pode simplesmente perdoar o pecado do
homem e acabar com isso? As Escrituras nos ordenam a perdoar livremente, então, por
que seria errado para Deus fazer o mesmo? A resposta a esta pergunta é tripla. Primeiro,
Deus é um Ser de valor infinito. Mesmo a menor forma de rebelião é um crime grotesco à
Sua Pessoa, um crime de maior traição, uma rebeldia contra a própria ordem da criação. É
digno de mais severa censura. Em segundo lugar, Deus é justo, e o Seu amor é um amor
justo. Deus não pode amar injustamente mais do que Ele pode amar a injustiça. Não há
contradição no caráter de Deus. Ele deve ser tanto justo quanto amoroso, e um não pode
ocorrer em detrimento do outro. Em terceiro lugar, Deus é o Juiz de toda a Terra. Este é o
Seu lugar para que veja esta justiça feita, que o mal seja punido, e esse direito seja
vindicado. Não seria apropriado para o Juiz celeste perdoar os ímpios, não mais do que
seria para um juiz terreno perdoar o criminoso que está diante dele em um tribunal de
direito. Não é a nossa queixa frequente que o nosso sistema de justiça é corrupto? Será
que não trememos quando criminosos condenados são perdoados? Será que devemos
esperar menos justiça de Deus do que nós de nossos próprios juízes? Esse é o grande
dilema: Como podem os homens serem perdoados e Deus ainda ser justo? A resposta é
encontrada no Evangelho de Jesus Cristo.

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A Resposta Divina: O Evangelho

A palavra “Evangelho” vem da palavra grega euangelion que é corretamente traduzida


como “boa nova”. Na história antiga, a palavra era dada a toda a mensagem de grande
alegria. Nas Escrituras, o Evangelho é a “boa nova” que através da vida, morte e ressur-
reição de Jesus Cristo, a penalidade do pecado foi paga e homens pecadores podem ser
salvos!

De acordo com o beneplácito do Pai, o Filho eterno, que é igual ao Pai e a expressão exata
de Sua natureza, voluntariamente deixou a glória do Céu, foi concebido pelo Espírito Santo
no seio de uma virgem, e nasceu o Deus-Homem — Jesus de Nazaré. Como homem, Ele
andou nesta terra em perfeita obediência à Lei de Deus. Na plenitude do tempo, Ele foi
rejeitado por homens e crucificado. Na cruz, Ele levou o pecado do homem, sofreu a ira de
Deus, e morreu no lugar do homem. No terceiro dia, Ele ressuscitou dentre os mortos. Esta
ressurreição é a declaração Divina que o Pai aceitou a morte de Seu filho como um sacrifício
pelo pecado, que a penalidade pela desobediência do homem foi paga, as exigências da
justiça satisfeita, e a ira de Deus apaziguada. Quarenta dias após a ressurreição, o Filho
de Deus subiu aos Céus, está assentado à direita do Pai, e a Ele foi dada a glória, a honra
e o domínio sobre tudo. Ali na presença de Deus, Ele representa o Seu povo e intercede a
Deus em nome deles. Todos os que reconhecem o seu pecado, estado desesperado, e
laçam-se sobre Cristo são totalmente perdoados, declarado justos e reconciliados com
Deus. Este é o Evangelho de Deus e de Jesus Cristo, Seu Filho.

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Capítulo I

O Motivo de Deus Para Enviar O Filho

É oportuno perguntar qual poderia ter sido a motivação de Deus para enviar o Seu Filho
unigênito para morrer, para que homens pudessem ser salvos. Nas Escrituras, descobrimos
que Deus não salva o homem por causa de alguma necessidade Divina, ou por causa do
valor inerente do homem, ou por causa de algum ato nobre que o homem poderia ter feito.
Em vez disso, Deus foi movido a salvar para o louvor da Sua própria glória e pelo grande
amor com que nos amou.

Deus Não Tinha Necessidade

Uma das verdades mais inspiradoras sobre Deus é que Ele é absolutamente livre de qual-
quer necessidade ou dependência. Sua existência, o cumprimento de Sua vontade e a Sua
felicidade ou boa vontade não dependem de alguém ou alguma coisa fora de Si mesmo.
Ele é o único Ser que é verdadeiramente auto-existente, autossustentável, autossuficiente,
independente e livre. Todos os outros seres derivam sua vida e bem-aventurança de Deus,
mas tudo o que é necessário para a existência e perfeita felicidade de Deus é encontrado
em Si mesmo. Ensinar ou mesmo sugerir que Deus fez o homem ou salva o homem porque
Ele era carente ou incompleto é absurdo, e até mesmo blasfemo.

Deus fala através do Salmista: “Da tua casa não tirarei bezerro, nem bodes dos teus currais.
Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas
as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo. Se eu tivesse fome, não to
diria, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude” (Salmos 50:9-12).

O apóstolo Paulo escreve: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do
céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido
por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá
a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (Atos 17:24-25).

Charles Hodge escreve: “De acordo com as Escrituras Deus é autossuficiente. Ele não
precisa de nada fora de Si mesmo para Seu próprio bem-estar ou felicidade. Em todos os
aspectos, Ele é independente de Suas criaturas” (Systematic Theology [Teologia Siste-
mática], Vol. 1, p. 556)

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A. W. Tozer escreve: “Se todos os seres humanos, de repente, tornassem-se cegos, ainda
assim o sol brilharia durante o dia e as estrelas à noite, pois estes não devem nada aos
milhões que se beneficiam de sua luz. Assim, se cada homem na terra se tornasse ateu,
isso não afetaria a Deus de forma alguma. Ele é o que Ele é em Si mesmo, sem considera-
ção de qualquer outro. Crer nEle não acrescenta nada às Suas perfeições; duvidar dEle
não O diminui em nada” (The Knowledge of the Holy [O Conhecimento do Santo], p. 40).

O Homem Não Tinha Mérito

Uma das verdades mais humilhantes sobre o homem é que Ele é absolutamente desprovido
de virtude ou mérito. De acordo com as Escrituras, a imagem de Deus no homem foi seria-
mente desfigurada e a corrupção moral contaminou todo o seu ser: corpo (Romanos 6:
6,12; 7:24; 8:10,13), razão (Romanos 1:21; 2 Coríntios 3:14-15; 4:4; Efésios 4:17-19),
emoções (Romanos 1:26-27; Gálatas 5:24; 2 Timóteo 3:2-4) e vontade (Romanos 6:17;
7:14-15). Todos os homens nascem com uma grande tendência ou inclinação para o peca-
do e são capazes do maior mal, dos crimes mais indizíveis e das perversões mais vergonho-
sas. Tudo o que os homens fazem é contaminado por sua própria corrupção moral, e o
pecado impregna até mesmo os seus atos mais heroicos e altruístas (Isaías 64:6). As Escri-
turas também ensinam que as ações do homem não são movidas por qualquer amor por
Deus ou qualquer desejo de obedecer aos Seus mandamentos. O homem não ama a Deus
de um modo digno nem de acordo com os comandos da lei (Deuteronômio 6: 4-5; Mateus
22:37), nem há um homem que glorifique a Deus em cada pensamento, palavra e ação (1
Coríntios 10:31; Romanos 1:21). Todos os homens preferem a si mesmos a Deus (2 Timó-
teo 3:2-4), e todos os atos de altruísmo, heroísmo, dever cívico e bem religioso exterior é
movido pelo amor a si mesmo ou amor a outros homens, mas não por amor a Deus. Além
disso, a mente do homem é hostil para com Deus, não pode submeter-se à vontade de
Deus, e não pode agradar a Deus (Romanos 8:7-8). Portanto, os homens tendem a cada
vez maior corrupção moral, e esta deterioração moral seria incalculavelmente mais rápida
do que é se não fosse pela intervenção Divina, que restringe o mal do homem. Finalmente,
o homem não pode livrar-se ou recuperar-se de sua condição pecaminosa e depravada.
Ele é morto espiritualmente (Efésios 2:1-3), moralmente corrupto (Salmo 51:5) e não pode
mudar a si mesmo (Jeremias 13:23).

Com base na descrição bíblica acima sobre o homem, é evidente que Deus não foi movido
a salvar o homem por causa de alguma virtude inerente ou mérito encontrado nele. É
evidente que não há nada no homem caído que poderia motivar um Deus santo e justo a
amá-lo, mas somente para trazê-lo a julgamento e condená-lo. O que, então, moveu Deus
a enviar o Seu Filho unigênito para a salvação de homens pecadores? De acordo com as
Escrituras, Deus o fez para o louvor da Sua glória e pelo grande amor com que nos amou.

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Para A Glória De Deus

As Escrituras ensinam que a criação do universo, a Queda do homem, a nação de Israel, a


cruz de Cristo, a Igreja, e o julgamento das nações, todos têm um grande e final propósito:
a glória de Deus. O que significa dizer que Deus faz todas as coisas para a Sua própria
glória? Isso significa que Ele faz tudo o que Ele faz, a fim de que a plenitude de tudo o que
Ele é seja manifestado à Sua criação e que Ele seja estimado, adorado e apreciado como
Deus.

Charles Hodge escreve: “Os homens têm por muito tempo se esforçado para encontrar uma
resposta satisfatória à pergunta: Por que Deus criou o mundo? Para que finalidade isso foi
concebido?... O único método satisfatório de determinação da questão é apelando para as
Escrituras. Ali é explicitamente ensinado que a glória de Deus, a manifestação de Suas
perfeições, é a finalidade última de todas as Suas obras” (The Knowledge of the Holy, Vol.
1, p. 565, 567).

Jonathan Edwards escreve: “Assim, vemos aquela grande finalidade das obras de Deus,
que é tão variadamente expressa na Escritura, é de fato apenas UMA; e esta finalidade é
mais adequada e abrangentemente chamada, A GLÓRIA DE DEUS” (Obras, Vol. 1, p. 119).

Mais uma vez, Jonathan Edwards escreve: “Assim, é evidente que a glória de Deus é a
finalidade última da obra da redenção...” (Obras, Vol. 1, p. 111).

Deus Deve Buscar A Sua Própria Glória?

É frequentemente perguntado, mesmo por Cristãos sinceros, se é ou não é correto para


Deus agir visando a Sua própria glória. Para responder a essa pergunta, precisamos
apenas considerar quem é Deus. De acordo com a Escritura, Ele é infinitamente maior do
que toda a Sua criação reunida. Portanto, não é apenas o direito, mas é necessário que Ele
tome o lugar mais alto e faça da Sua glória a grande razão ou finalidade principal de tudo o
que Ele faz. É certo para Ele tomar o centro do palco e realizar todas as coisas para que
Sua glória [i. e. a plenitude de quem Ele é] seja conhecida por todos, com o fim de que Ele
seja glorificado [i. e. estimado e adorado] acima de tudo. Para Ele, evitar tal preeminência
seria negar que Ele é Deus. Para qualquer um que não seja Deus buscar tal preeminência
seria a forma mais grosseira de idolatria.

Thomas Boston escreve: “Cada agente racional propõe-se um fim ao agir, e o mais perfeito,
o fim mais elevado. Ora, Deus é o Ser perfeitíssimo, e Sua glória, a finalidade mais nobre”
(Obras, Vol. 1, p. 11).

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A. A. Hodge escreve: “Uma vez que o próprio Deus é infinitamente mais digno do que a
soma de todas as criaturas, segue-se que a manifestação de Sua própria excelência é... o
maior e mais digno fim concebível” (Esboços de Teologia, p. 245 [Publicado em Português
pela Editora PES — N. do R.]).

Charles Spurgeon escreve: “Deus deve ter o motivo mais elevado, e não pode haver maior
motivo concebível que a Sua própria glória... O bem de Suas criaturas Ele considera cuida-
dosamente; mas mesmo o bem de Suas criaturas é apenas um meio para o fim principal, a
promoção da Sua glória. Todas as coisas existem, então, para Seu prazer, e para a Sua
glória elas diariamente trabalham” (MTP [Metropolitan Tabernacle Pulpit: Púlpito do Taber-
náculo Metropolitano], Vol. 10, p. 304).

Eis um trecho da carta de Robert Haldane, dirigida, em 1824, ao Sr. Cheneviere, o bem
conhecido professor de Teologia em Genebra: “Não havia nada trazido à consideração dos
estudantes de teologia os quais me assistiram em Genebra, que pareceu contribuir tão
eficazmente para a derrubada de seu falso sistema de religião, fundado sobre filosofia e
vãs sutilezas, como a visão sublime da majestade de Deus apresentada nos quatro versos
finais desta parte da Epístola (ou seja, Romanos 11:33-36). DEle, e por Ele, e para Ele são
todas as coisas. Aqui, Deus é descrito como o Seu próprio fim último em tudo o que Ele faz.
Considerando Deus como alguém tal como eles mesmos, eles [ou seja, os alunos] ficaram,
a princípio, primeiramente assustados com a ideia de que Ele deve amar a Si mesmo supre-
mamente, infinitamente mais do que todo o universo, e, consequentemente, deve preferir
Sua própria glória a todo o mais. Mas quando eles foram lembrados que Deus na realidade
é infinitamente mais amável e mais valioso do que toda a criação, e que, consequente-
mente, se Ele vê as coisas como elas realmente são, Ele deve considerar-Se infinitamente
digno de ser mais valorizado e amado, viram que esta verdade era incontestável. Sua aten-
ção foi, ao mesmo tempo direcionada para numerosas passagens da Escritura, que afir-
mam que a manifestação da glória de Deus é a grande finalidade da criação que Ele tem
principalmente em vista em todas as Suas obras e dispensações, e que este é um propósito
que O leva a exigir que todas as Suas criaturas racionais devam concordar, e buscar, e
promovê-lo como seu primeiro e mais importante dever. Passagens para esse efeito, tanto
no Antigo e Novo Testamento, excedem em número àquelas passagens com as quais estão
cientes os que examinam este assunto” (Romanos, p. 552).

A Glória De Deus E O Bem Da Criatura

É extremamente importante compreender que Deus não busca a Sua própria glória à parte
do maior bem de Suas criaturas. Na verdade, o maior bem que Deus poderia realizar para
as Suas criaturas e a maior bondade que Ele alguma vez poderia mostrar-lhes é glorificar

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a Si mesmo — para dirigir todas as coisas e operar em todas as coisas para que a plenitude
de tudo o que Ele é seja exibido diante deles. Se Deus é de valor, esplendor e beleza infi-
nitos, então, segue-se que o mais valioso, o mais esplêndido, e mais belo dom que Ele
alguma vez poderia dar às Suas criaturas é a mais plena revelação de Si mesmo.

Louis Berkhoff escreve: “Ao buscar a auto-expressão para a glória do Seu nome, Deus não
desconsidera o bem-estar, o bem maior de outros, antes promove-os... O fim supremo de
Deus na criação, a manifestação de Sua glória, portanto, inclui, como fins subordinados, a
felicidade e a salvação das Suas criaturas, e o recebimento de louvores a partir de corações
gratos e adoradores” (Systematic Theology [Teologia Sistemática], p. 136-137).

A. A. Hodge escreve: “Nada pode exaltar e abençoar tanto a criatura do que o que ser feita
o instrumento e o testemunho da glória do Criador infinito” (Esboços de Teologia, p. 245).
Hugh Binning escreve: “a busca de Sua majestade por Sua própria glória não é prejudicial
ao bem da criatura, mas a própria comunicação de Sua plenitude ocorre junto com isso, de
modo que ao glorificar a Si mesmo, Ele é mais benéfico para Suas próprias criaturas... Nos-
so bendito Senhor deve, então, fazer mais para nosso benefício quando Ele faz tudo para
a Sua própria glória... Ó bendito auto-interesse que nos deu um ser e bem-estar; que não
faz nenhuma vantagem disso, mas dá vantagem! Ele tem a honra de tudo, mas nós temos
o benefício de tudo” (Obras, p. 4).

Charles Spurgeon escreve: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e desfrutá-lO. O


maior e mais elevado objetivo de Deus é fazer para Si mesmo um nome glorioso e eterno.
Uma vez que Deus é Deus isso deve ser assim; pois Ele é cheio de amor e bondade para
com as Suas criaturas, e Ele não pode abençoar mais plenamente as Suas criaturas do
que por Se fazer conhecido a elas. Tudo o que é bom, verdadeiro, santo, excelente, amável,
está em Deus. Ele não é apenas o doador de “todo bem e todo dom perfeito”, mas Ele pró-
prio é a soma e a substância de toda a bênção; e é para o bem maior de todas as criaturas
que Ele fez com que elas venham a conhecer o seu Deus” (MTP, Vol. 37, p. 565).

Glória De Deus Através Do Evangelho

Nós aprendemos que Deus glorifica a Si mesmo por dirigir todas as coisas e operar em
todas as coisas para que a plenitude de tudo o que Ele é seja revelada à Sua criação. De
todas as obras de Deus na história, nenhuma glorifica tanto a Deus como a Cruz de Jesus
Cristo e a salvação que foi cumprida por Ele. Neste único ato, a plenitude dos atributos de
Deus é revelada da melhor maneira possível, o que torna possível que Deus seja estimado,
adorado e apreciado no maior grau possível tanto pelos anjos e remidos. Por que Deus deu
Seu Filho para a salvação dos homens? Não olhe para a razão em uma humanidade caída

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que é arruinada em valor e destituída de mérito. Olhe para Deus! Ele realizou esta grande
obra da salvação por causa do Seu Nome e louvor da Sua glória! Jonathan Edwards
escreve:

“Agora, esta distintiva glória do Ser Divino tem sua manifestação mais brilhante nas coisas
desveladas para nós no Evangelho; as doutrinas ensinadas ali, a palavra ali dita, e os
conselhos Divinos, agem e operam ali revelados. Estas coisas têm as mais claras, mais
admiráveis e distintivas representações e demonstrações da glória da perfeição moral de
Deus, que jamais foram feitas ao mundo” (Obras, Vol. 1, p. 291).

1. Em Romanos 11:36 é encontrada uma das declarações mais majestosas de toda a


Escritura. De acordo com este texto, qual é o grande propósito ou “principal finalidade”
de todas as coisas? Como isso nos ajuda a entender o Divino motivo por trás da obra da
salvação de Deus?

2. Nas Escrituras, Deus agir em prol de Seu Nome é Ele agir para a Sua própria glória.
De acordo com a seguinte Escritura, qual é a motivação de Deus para salvar o Seu povo?
Será que Ele salvá-los como uma resposta ao mérito deles, ou com a finalidade de
demonstrar a Sua própria glória?

Salmos 79:9.
Salmos 106:6-8.
Isaías 48:9.
Isaías 63:12.
Jeremias 14:7.
Ezequiel 36:22-23.

Notas De Estudo

Romanos 11:36. “Para Ele são todas as coisas”. Nesta frase simples é encontrado o sentido
de tudo. É uma verdade fundamental da Escritura que Deus criou todas as coisas e age em
todas as coisas por Seu beneplácito, e para o grande propósito de demonstrar ou fazer
conhecidos os Seus gloriosos atributos, para que Ele possa ser adorado e totalmente
apreciado como Deus. “A Ele seja a glória para sempre”. O universo foi criado para ser um
teatro sobre o qual Deus pudesse mostrar Seu valor infinito. Portanto, a única resposta
apropriada é estimar o valor de Deus acima de todas as coisas, atribuir somente a Ele a
mais alta honra, adoração e louvor, e, finalmente, encontrar a nossa alegria e satisfação
única e completamente nEle. No estudo de teologia, há uma frase em latim muito importante
usada para descrever esta verdade: Soli Deo Gloria, que traduzida é “Somente a Deus seja

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a glória”. “Amém” é uma afirmação simples, ainda assim poderosa, que pode ser traduzida
como: “Assim é”, “Assim seja” ou “Que isso seja cumprido”. Aqueles que entendem o valor
de Deus nunca são inquietados ou incomodados por tais declarações como: “Deus faz tudo
para a Sua própria glória”. Eles simplesmente curvam-se em adoração e reconhecem que
Ele está certo em fazê-lo.

Salmo 79:9. Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome... por amor do
teu nome. Homens indignos e pecadores não têm nenhuma base para o seu pedido de
salvação, exceto que Deus pode fazê-lo por Sua própria glória. João Calvino escreve: “Eles
(ou seja, Israel) testemunham que eles não trazem nada propriamente seu para influenciá-
lO a ter misericórdia deles; e que o único fundamento que eles apresentam diante dEle é a
Sua própria glória. Disto aprendemos que os pecadores não são reconciliados com Deus
pelas satisfações ou pelo mérito das boas obras, mas por um livre e imerecido perdão” (CC
[Calvin's Commentaries: Comentários de Calvino], Vol. 5, p. 291). Matthew Henry escreve:
“O nome e honra de Deus seriam muito promovidos, se Ele os libertasse; a Sua misericórdia
seria glorificada ao libertar aqueles que eram tão miseráveis e impotentes. Ao revelar Seu
braço eterno em nome deles, Ele faria para Si um nome eterno; e sua libertação seria um
tipo e figura da grande salvação, que na plenitude dos tempos o Messias, o Príncipe,
operaria, para a glória do nome de Deus” (MHC [Matthew Henry's Commentaries: Comen-
tários de Matthew Henry], Vol. 3, p. 543).

Salmo 106:6-8. Não obstante. Deus salva o pecaminoso Israel (v. 6-7) não “por causa”, mas
“apesar” do que eles merecem. Não há nada em nossa humanidade caída que poderia
mover um Deus justo a agir em nosso nome. É graça Divina e não o mérito humano, o que
retém Deus de vindicar a Sua justiça e derramar a Sua ira. O paralelo do Novo Testamento
a esta palavra é o termo, “Mas Deus... “, em Efésios 2:4. Ele salvou por amor do Seu nome,
para que Ele pudesse fazer conhecido o Seu poder. O Nome de Deus é uma referência ao
próprio Deus. Deus salva o homem por causa de quem Ele é, por amor de Si mesmo, por
Sua própria boa vontade e glória. Esta é a grande “causa primeira” de tudo o que Deus faz.
Albert Barnes escreve: “Pela a promoção da Sua própria honra e glória; pode ser visto que
Ele é poderoso e misericordioso. Isso é constantemente dado como a razão pela qual Deus
salva os homens; por que Ele perdoa o pecado; por que Ele redime a alma; por que Ele
liberta do perigo e da morte.... Esta é a maior razão que pode ser atribuída ao perdão e
salvação de pecadores” (BN [Barne's Notes: Notas de Barnes], Salmos, Vol. 3, p. 104).
John Gill escreve: “E assim, o Israel espiritual de Deus é salvo, não pelas excelências
superiores neles, pois eles não são mais sábios do que outros; nem por causa da sua
retidão; mas para mostrar a sabedoria e fidelidade de Deus, Sua graça e misericórdia, Sua
justiça e santidade, poder, bondade e verdade” (EONT [Exposition of the Old and New
Testaments: Exposição do Antigo e Novo Testamentos], Vol. 4, p. 159).

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Isaías 48:9. “Por amor do Meu nome retardarei a Minha ira”. Aqui, Deus adia Seu julga-
mento por causa de Seu próprio propósito, reputação e glória. Não há nada no homem
pecador que poderia motivar um Deus santo e justo a retardar ou restringir a Sua ira contra
ele. A razão para a misericórdia deve vir de dentro do próprio Deus. “E por amor do meu
louvor me refrearei para contigo, para que te não venha a cortar”. A misericórdia de Deus
é motivada por uma paixão pela Sua própria glória. Ao retardar a Sua ira, Ele recebe
louvores para Si mesmo através daqueles que estão sendo salvos e através daqueles que
ouvem sobre isso! Toda a história redentora abunda da glória de Deus! Charles Spurgeon
escreve: “Então, o Senhor olhou para encontrar uma razão para misericórdia em seu com-
portamento passado, mas não conseguiu ver nenhuma. Ele olhou para seu caráter presente
para um fundamento, e não o achou, pois mesmo enquanto eles estavam sob a vara,
exibiam dureza de coração, de modo que nem mesmo os olhos da misericórdia podia ver
alguma razão neles para o favor. O que o Senhor fará? Ele não agiria sem uma razão: deve
haver algo para justificar a Sua misericórdia, e mostrar a sabedoria do Seu caminho. Desde
que não há nenhuma no infrator, onde a misericórdia encontrará o seu apelo? Eis a inven-
tividade do amor eterno! O Senhor volta-Se para Si mesmo; e dentro de Si mesmo encontra
uma razão para Sua graça...” (MTP, Vol. 18, p. 158).

Isaías 63:12. “Aquele cujo braço glorioso ele fez andar à mão direita de Moisés, que fendeu
as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno?”. Israel era uma nação de
idólatras indignos, mas Deus salvou Israel para fazer para Si um nome eterno. Através da
obra de redenção, Deus constrói um monumento eterno para a Sua glória. Matthew Henry
escreve: “Isto é o que Deus está fazendo no mundo com o Seu glorioso braço, Ele está
fazendo para Si mesmo um nome glorioso, e este durará por eras sem fim, quando os
nomes mais célebres dos grandes da terra estarão escritos no pó” (MHC, Vol. 4, p. 372).
Charles Spurgeon escreve: “Agora, como Deus obteve para Si mesmo um grande nome no
Mar Vermelho, Ele tem obtido muito mais pelas grandes obras de salvação no dom de
Jesus. Ah! Aqui o Egito é eclipsado, e a destruição de Faraó não mais é lembrada... En-
quanto eu O vejo abaixar a cabeça bendita, e O ouço bradar de Sua morte: “Está consu-
mado”, eu digo que o Altíssimo obteve para Si um nome eterno, um nome glorioso... Todos
as outras profundidades são superficiais; este é um abismo. Todas as outras alturas da
bondade podem ser escaladas; mas esta nunca. Empilhe os Andes sobre o Pelion, os Alpes
sobre Alpes, o Matterhorn sobre Mont Blanc, e os Andes nos Himalaias; todos não são
grandes o suficiente para serem um símbolo de Seu amor. O Filho de Deus encarnado
condenado! O Filho de Deus morto! O Filho de Deus na sepultura! e tudo isso por nós!
Verdadeiramente, Ele fez para Si mesmo um nome glorioso” (MTP, Vol. 37, p. 567-568).

Jeremias 14:7. “Posto que as nossas maldades testificam contra nós”. Charles Spurgeon
escreve: “Você é obrigado a confessar que há dez mil razões pelas quais Deus não deve

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abster-Se de Sua ira, e por quais razões esmagadoras Ele deve lançar você fora; mas você
não consegue encontrar sequer um único argumento pelo qual Ele deve ter o prazer de
poupar e salvar você. Todo homem que é realmente trazido a Cristo é primeiramente despi-
do de tudo que ele estabeleceu como dependência como fundamento de esperança, e feito
ver que nele mesmo há culpa merecedora de condenação e rebelião que exige punição,
mas não há nenhuma qualidade que possa mover a simpatia Divina ou segurança, por sua
própria excelência, com relação a Deus. Em nós, por natureza, não há belezas de caráter,
nem encantos da virtude, ou amabilidade de conduta que conquiste o coração do Todo-
Poderoso” (MTP, Vol. 18, p. 159). “Ó Senhor, age por amor do teu nome; porque as nossas
rebeldias se multiplicaram; contra ti pecamos”. Não tendo encontrado nada em seu povo
para mover Deus à misericórdia, o profeta Jeremias suplica a Deus que salve, apesar deles
e por amor do Seu nome. João Calvino escreve: “O Profeta toma como certo que só havia
um remédio: que Deus salvará o Seu povo por amor de Seu próprio Nome; como se ele
dissesse: “Em nós mesmos nada encontramos, senão razões para a condenação; busco,
então, em Ti mesmo uma razão para perdoar-nos; pois, enquanto Tu nos observas, Tu
deves necessariamente nos odiar e ser, assim, um juiz rígido; cesse, pois, de procurar
alguma coisa em nós ou de chamar-nos para uma consideração, mas busca em Ti mesmo
um motivo para salvar-nos” (CC, Vol. 9, p. 210-211).

Ezequiel 36:22-23. “Dize, portanto à casa de Israel: Assim diz o Senhor DEUS: Não é por
respeito a vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes
entre as nações para onde fostes. E eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado
entre os gentios...”. O povo de Israel precisava entender por que eles estavam sendo
libertos. Deus não estava salvando-os por causa do mérito ou virtude deles, mas, apesar
de não terem nenhum dos dois. Este é um grande desencorajamento para o orgulho.
Matthew Henry escreve: “As razões para a misericórdia de Deus são todas buscadas dentro
dEle mesmo; Ele retirará o seu povo da Babilônia, não por causa deles, mas por causa de
Seu próprio nome” (MHC. Vol. 4, p. 961). Este texto é um lembrete importante que a obra
salvadora de Deus em nosso favor foi “por causa dEle” e “apesar de nós”. O nosso caráter
e ações somente poderiam levar um Deus santo a afastar, e um Deus justo a condenar,
mas Deus nos salvou de modo que Seus gloriosos atributos podem ser revelados, e que
Seu nome seja feito grande entre as nações.

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A Razão Para A Demora da Ira

Por Amor Do Seu Nome

“Por amor do meu nome retardarei a minha ira, e por amor do meu louvor me refrearei para
contigo, para que te não venha a cortar” (Isaías 48:9).

Albert Barnes escreve: “Aprenda a partir disso: 1. Que Deus age com referência à Sua
própria glória, a fim de manifestar Suas próprias perfeições, e para assegurar o Seu louvor.
2. Que a razão pela qual os ímpios não são cortados mais cedo em suas transgressões é
para que Ele possa mostrar a Sua tolerância, e garantir o louvor pela longanimidade. 3. Que
a razão pela qual os justos são sustentados em meio às suas falhas frequentes no dever,
à sua infidelidade, e às suas muitas imperfeições, é para que Deus possa receber glória,
mostrando a Sua fidelidade pactual. 4. Esta é uma evidência de piedade — e uma que é
indispensável — que haja uma complacência pela qual Deus deva proteger a Sua própria
glória, de Sua própria maneira, e que haja um constante desejo de que o Seu louvor seja
promovido, seja o que for que aconteça às Suas criaturas” (BN, Isaías, Vol. 2, p. 189).

Charles Spurgeon escreve: “Portanto nos alegramos, e pensamos ser deleitoso que Deus
esteja visando a manifestação de Seu próprio caráter, e em todas as Suas obras está
obtendo para Si mesmo um grande, eterno e glorioso nome” (MTP, Vol. 37, p. 575).

3. Em Jeremias 33:8-9 é encontrado um texto de tal beleza e significado que ele se


destaca mesmo entre as Escrituras listadas acima. De acordo com este texto, Por que
Deus move-Se para salvar os homens? É pelo mérito deles ou para a Sua glória?

a. De acordo com o versículo 8, Como Israel respondeu a todas as misericórdias de


Deus? Que promessa Deus dá a Israel? Ele age por causa deles ou apesar deles?

b. De acordo com o versículo 9, o que motivou Deus a mover-se em favor de Israel?


Qual deveria ser o resultado final da obra salvadora de Deus?

Notas De Estudo

Jeremias 33:8-9. (a) “E os purificarei de toda a sua maldade com que pecaram contra mim;
e perdoarei todas as suas maldades, com que pecaram e transgrediram contra mim”. O
escritor vai a grandes comprimentos para comunicar a extensão do pecado de Israel. Ao
fazê-lo, ele destrói toda a possibilidade de que algum valor ou mérito em Israel mudasse a

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Deus para agir em seu favor. Os homens devem conhecerem esta verdade antes de virem
a apreciar a obra salvadora de Deus por eles. João Calvino escreve: “O favor de Deus, en-
tão, nunca teria sido apreciado pelos judeus se a atrocidade de sua culpa não tivesse sido
claramente feita conhecida a eles” (CC, Vol. 10-4, p. 236). (b) “E este lugar me servirá de
nome, de gozo, de louvor e de glória, entre todas as nações da terra, que ouvirem todo o
bem que eu lhe faço”. Perdoando a iniquidade de um povo indigno, Deus obteria para Si
mesmo um Nome que se moveria até mesmo as nações pagãs a se regozijarem nEle,
louvá-lO e dar-Lhe glória. Observe que os remidos não louvam e honram a Deus tanto por
aquilo que eles têm feito a Ele, mas por aquilo que Ele fez por eles — Ele perdoa pecadores
indignos e purifica a sua iniquidade. “E espantar-se-ão e perturbar-se-ão por causa de todo
o bem, e por causa de toda a paz que eu lhe dou”. O caráter de Deus seria tão revelado
nesta obra da salvação que inspiraria a reverência das nações observadoras. Uma decla-
ração semelhante é encontrada em Ezequiel 36:23: “E eu santificarei o meu grande nome,
que foi profanado entre os gentios, o qual profanastes no meio deles; e os gentios saberão
que eu sou o SENHOR, diz o Senhor DEUS, quando eu for santificado aos seus olhos”.

Por Que Deus Deveria Salvar?


Por Charles Spurgeon

“Não há outra razão pela qual Deus deveria salvar um homem, senão por amor de Seu
nome, não há nada em um pecador que pode lhe dar o direito à salvação, ou recomen-
dar-lhe à misericórdia; deve ser o coração de Deus que deve ditar o motivo pelo qual os
homens devem ser salvos. Uma pessoa diz: ‘Deus me salvará, porque eu sou muito
correto’. Senhor, Ele não fará tal coisa. Diz outro: ‘Deus me salvará, porque eu sou tão
talentoso’. Senhor, Ele não irá. Seu talento! Ora, tu insensato gosmento, vaidoso de si
mesmo, o teu talento não é nada comparado com o do anjo que uma vez estava diante
do trono, e pecou, e que agora está lançado no abismo para sempre! Se Ele quisesse
salvar os homens por seu talento, Ele teria salvado Satanás; pois ele tinha talento
suficiente. Quanto à tua moralidade e bondade, são como trapos imundos, e Ele nunca
te salvará por algo que fizeste. Nenhum de nós poderia ser salvo, se Deus esperasse
algo de nós; nós devemos ser salvos pura e exclusivamente por razões relacionadas a
Ele, e que repousam em Seu próprio seio. Bendito seja o Seu nome, Ele nos salva por
‘amor do Seu nome’” (NPS, Vol. 3, p. 69-70).

“[A verdade de Deus fazendo tudo por amor do Seu nome] abre uma grande porta para
os pecadores. Agora, ouça isso. Talvez haja aqui alguém que diz: ‘Eu sou tão culpado;
eu sou tão indigno; eu sou tão vil, que Deus não pode me salvar por causa de qualquer
coisa em mim. Eu sou tudo o que eu não deveria ser’. Prepare-se, irmão. Não desanime.
Você tem a posse da verdade neste momento. ‘Então, por que Ele me salvaria?’, você

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pergunta, ‘Não pode ser por causa de qualquer uso que Ele pode fazer de mim; porque
eu sou ignorante; eu sou sombrio; eu sou fraco de espírito; Deus nunca pode obter algo
de mim; Ele não pode me salvar por causa disso’. Mas, veja, senhor, Ele pode salvar
você para que Ele possa obter um grande nome para Si mesmo; pois se Ele perdoa
você, um grande pecador deste trará um grande louvor à Sua misericórdia. Se Ele
transforma você, que estava desesperadamente em ruína, isso trará grande estima para
o Seu poder. Se Ele toma você que é tão insignificante e obscuro, isso mostrará
claramente a grandeza de Sua condescendência, e a magnificência de Seu amor” (MTP,
Vol. 37, p. 573).

Notas De Estudo

2 Samuel 7:23. “E quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem
Deus foi resgatar para seu povo, para fazer-te nome”. Duas razões são dadas para a
salvação de Israel: Deus os redimiu por Seu próprio prazer e para a Sua própria glória e
louvor. Jonathan Edwards escreve: “Mais uma vez, isso é representado como se o povo de
Deus tivesse sua existência, pelo menos, como povo de Deus, por causa do nome de Deus”
(Obras, Vol. 1, p. 112). Matthew Poole escreve que Deus redimiu Israel “para promover a
glória do Seu poder e bondade, e outras perfeições” (MPC [Matthew Poole's Commentary:
Comentário de Matthew Poole], Vol. 1, p. 601). Matthew Henry escreve: “Eles foram resga-
tados para ser um povo peculiar para Deus, purificado e de posse dEle mesmo, para que
Ele pudesse fazer para Si um grande nome e fazer por eles grandes coisas” (MHC, Vol. 2,
p. 484).

Atos 15:14. “Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles
um povo para o seu nome”. Deus salvou os gentios não por causa de alguma virtude ou
mérito encontrado neles, mas para a glória do Seu nome, para demonstrar Seu caráter e
poder salvador, e para obter louvores para Si mesmo. William Gurnall escreve: “O que ele
pretende em reunir almas pela graça do evangelho, senão ‘tomar um povo’ dentre a massa
os pecadores ‘para Seu nome’?” (Complete Armor [Armadura Completa], Vol. 11, p. 521).
John Gill escreve: “Foi graça visitá-los, olhar para eles, quando, por muitas centenas de
anos Ele os havia negligenciado, Ele não tinha tomado conhecimento deles; e foi graça
distintiva tomar alguns deles, para ser um povo especial e peculiar para Si mesmo; separá-
los do restante por Sua graça poderosa e eficaz, e estabelece-los em um estado da igreja,
de modo que eles possam mostrar o Seu louvor e glorificá-lO” (EONT, Vol. 8, p. 284).

Efésios 1:5-6. (a) “Segundo o beneplácito de Sua vontade”. O termo “beneplácito” vem da
palavra grega eudokía que significa “bom prazer, deleite ou satisfação”. A nossa salvação

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é apenas o resultado da boa vontade de Deus, e não por causa de algum mérito ou virtude
em nós. Aprouve a Deus salvar os ímpios, e Ele tem prazer e satisfação em Sua obra
salvadora. João Calvino escreve: “Ao adotar-nos, portanto, Deus não pergunta o que
somos, e não é reconciliado conosco por qualquer mérito pessoal. Sua única motivação é
o bom prazer eterno, pelo qual Ele nos predestinou” (CC, Vol. 21, p. 201). Charles Spurgeon
declara: “O que havia em nós que poderia merecer a estima, ou dar deleite Criador? “Sim,
ó Pai”, nós sempre devemos louvar, foi “porque assim Te aprouve” (MTP, Vol. 7, p. 99). (b)
Para o louvor da glória de Sua graça. A palavra “graça” vem da palavra grega cháris que
se refere ao imerecido favor de Deus. A finalidade ou objetivo de Deus ao enviar o Seu
Filho pelos pecadores indignos é para que Seu favor imerecido fosse revelado e que Ele
obtivesse maior glória para Si mesmo. Robert Bolton escreve: “A livre graça e favor de Deus
são a causa primeira e fonte de todo o nosso bem” (Comfortable Walking [Caminhar Con-
solado], p. 10). Thomas Manton escreve: “Essa era a grande finalidade de Deus, a saber,
que a graça fosse admirada e estimada por nós, e fosse o motivo de eterno louvor e ações
de graças” (Obras, Vol. 3, p. 110). Que Ele nos concedeu gratuitamente [tradução literal].
O termo “concedeu gratuitamente” vem da palavra grega charitóo que significa “conceder
com favor ou envolver com bênçãos”. Deus literalmente “nos agraciou” com “graça”, e é a
graça de Deus que traz louvor a Deus. No Amado. Esta breve frase humilha o homem e
exalta a Deus. É apenas “em Cristo” que a salvação vem ao homem. Charles Spurgeon
escreve: “Que maravilha que nós, vermes, mortais, pecadores sejamos os objetos do amor
Divino! Mas isso é apenas ‘no Amado’” (Morning and Evening [Manhã e Noite], p. 534).

Sobre o Fim Principal Da Redenção


Por Jonathan Edwards

“Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2:14).

“Que a glória de Deus é a finalidade última e mais elevada da obra da redenção, é confir-
mado pelo cântico dos anjos no nascimento de Cristo... Deve-se supor que eles sabiam
qual era a finalidade última de Deus ao enviar Cristo ao mundo; e que, em sua alegria
na ocasião, suas mentes poderiam alegrar-se muito com o que era mais valioso e glo-
rioso nisso, que deve consistir em sua relação com o que era a sua finalidade principal
e última. E, além disso, podemos supor que o fato em que principalmente engajaram as
suas mentes era o mais glorioso e jubiloso no caso; e seria o primeiro naquela canção
que deveria expressar os sentimentos de suas mentes, e exultação de seus corações”
(Obras, Vol. 1, p. 110).

Por Amor De Seu Povo

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Uma das declarações mais importantes da Escrituras sobre os atributos de Deus é: “Deus
é amor” (1 João 4:8), e é através do Seu amor pelos pecadores indignos que Ele recebe a
maior glória para Si mesmo. Ao longo de toda a eternidade, Deus será adorado por Seu
amor incondicional para com Seu povo. É crucial entender que o Deus que faz tudo para a
Sua própria glória escolheu obter essa glória através de amar o Seu povo e dar Seu Filho
para sua salvação. É uma grande alegria e consolo saber que o Deus que salva o Seu povo
por amor do Seu nome é o mesmo que os salva por causa de Seu amor. Um amor que está
além de nossa compreensão e linguagem.

James Montgomery Boice escreve: “Agostinho uma vez chamou a cruz de ‘um púlpito’ a
partir do qual Cristo pregou o amor de Deus pelo mundo” (Foundations of the Christian Faith
[“Fundamentos da Fé Cristã”], p. 332).

É extremamente importante entender que a vinda do Filho para salvar os pecadores estava
em perfeito acordo com a vontade de Deus Pai. Nunca devemos pensar sobre o Pai como
um Deus irado que deseja a morte do ímpio. Também não devemos pensar na obra salvífica
do Filho como algo feito de forma independente do Pai, a fim de salvar-nos dEle. Segundo
as Escrituras, foi o Pai, que tanto amou o mundo que Ele enviou Seu Filho, não para con-
denar o mundo, mas para que por Ele o mundo seja salvo (João 3:16-17). A obra salvífica
do Filho é a obra salvífica do Pai. O amor do Filho pelos pecadores é o reflexo perfeito do
amor do Pai por eles.

Charles Spurgeon escreve: “Jesus Cristo é o Salvador; mas não mais do que Deus, o Pai...
Algumas pessoas que são ignorantes do sistema da verdade Divina pensam em Deus, o
Pai, como sendo um grande Ser cheio de ira, e fúria, e justiça, mas não tendo nenhum
amor... Ora, nada pode ser mais incorreto do que tais opiniões. É verdade que o Filho me
redime, mas, então, o Pai deu o Filho para morrer por mim, e o Pai me escolheu na eleição
eterna de Sua graça. O Pai apaga o meu pecado, o Pai me aceita e me adota em Sua
família por meio de Cristo. O Filho não poderia salvar sem o Pai mais do que o Pai sem o
Filho...” (NPS [New Park Street Pulpit: Púlpito De New Park Street], Vol. 3, p. 66).

Novamente Charles Spurgeon escreve: “É verdade que Jesus apartou-Se das glórias do
céu, das felicidades da bem-aventurança, e voluntariamente desceu para o desprezo,
vergonha e zombaria deste mundo inferior. Mas, ainda assim, Seu Pai teve uma parte nisso.
Ele entregou o Seu Filho unigênito; Ele não me negou o Querido do Seu seio, mas deu o
Seu Amado, e enviou-O para baixo com mensagens de amor ao homem. Jesus Cristo veio
voluntariamente, mas ainda assim, Ele veio pela nomeação e envio de Seu Pai” (NPS, Vol.
6, p. 125).

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Deus Como A Causa Primeira do Amor
Por Martyn Lloyd Jones

“A nossa salvação é inteiramente de Deus e do Seu amor. É essencial que eu deveria


estabelecê-lo assim. Às vezes, antes, dissolutamente, o povo evangélico é tentado — e
esta é a tentação peculiar daqueles que são evangélicos — a estabelecer toda essa
questão da Expiação e da Salvação, desta forma, que é algo que o Filho de Deus fez
para afetar o Pai. A ideia é que o Filho, depois de ter feito a obra, por assim dizer, está
diante do Pai e implora a Ele, e tem que convencê-lO a nos perdoar, à luz do que Ele fez
por nós. Essa é uma maneira errada de conceber isto, mas tem sido muitas vezes
colocado assim. Há hinos que são culpados disso mesmo. Lembro-me bem um hino
galês que mui específica e expressamente o coloca assim — que o Filho foi suplicar ao
Pai e dizer: ‘Eu morri por eles, oh, deixe-os viver!’. Isso é certamente uma caricatura do
ensino da Escritura.

Embora devemos sempre enfatizar que a obra foi feita pelo Filho, nunca devemos
esquecer que foi o Pai Quem enviou o Seu Filho para fazer isto. ‘Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito’; ‘Deus estava em Cristo reconciliando o
mundo conSigo mesmo’. Isso é sempre a ação de Deus, Deus é a causa primeira; a
salvação é de Deus, o Pai. É errado representar Deus, o Pai, como sendo passivo, e
como simplesmente respondendo aos apelos e súplicas do Filho para dar-nos a salvação
e perdão com base no que Ele fez por nós” (Romanos, Cap. 5, p. 104-105).

O Amor De Deus Manifestado

O que é o amor de Deus? É aquele atributo Divino que O move livre e altruisticamente a
dar a Si mesmo a outros para o seu benefício ou bem. As Escrituras nos ensinam que o
amor de Deus é muito mais do que uma atitude, emoção ou obra. É um atributo de Deus,
faz parte do Seu próprio Ser ou natureza. Deus não somente ama, mas Ele é amor. Ele é
a própria essência do que é o amor verdadeiro e todo amor verdadeiro flui dEle como a sua
fonte última.

A altura, profundidade e largura do amor de Deus estão além do entendimento das maiores
e mais perspicazes criaturas. Seria mais fácil contar todas as estrelas no Céu ou cada grão
de areia sobre a terra do que medir ou mesmo tentar descrever o amor de Deus. As Es-
crituras ensinam que o amor de Deus se manifesta a todas as Suas criaturas em um número
quase infinito de maneiras. No entanto, há uma manifestação do amor Divino que supera
todas estas: Sua doação de Seu Filho unigênito para a salvação de uma humanidade
pecadora e rebelde! Sem dúvida ou disputa, esta é a maior obra do amor Divino!

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John Flavel escreve: “O dom de Cristo é a manifestação mais elevada e mais plena do amor
de Deus pelos pecadores, do que alguma vez foi feito desde a eternidade para eles” (Obras,
Vol. 1, p. 64).

Archibald Hall escreve: “Estas circunstâncias muito deploráveis de culpa e perdição, nas
quais nos mergulhamos, por pecarmos contra Deus, deu ocasião para que a cena mais
surpreendente da benevolência e misericórdia, que supera toda a expressão, e até mesmo
o próprio pensamento é perdido em maravilha e alegria. Eis, que tipo de amor é esse que
Deus demonstrou por nós! Ele amou o mundo, a ponto de dar o Seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Gospel Worship [Culto
Evangélico], Vol. 2, p. 96-97).

Thomas Boston escreve: “O evangelho é uma respiração de amor e benevolência ao mundo


da humanidade de pecadores” (Obras, Vol. 3, p. 564).

1. Em 1 João 4:8 é encontrada uma das declarações mais importantes das Escrituras
que diz respeito ao caráter de Deus: Deus é amor. Considere esta declaração cuida-
dosamente e, em seguida, explique o seu significado em suas próprias palavras. O que
isso nos revela sobre o motivo por trás da obra salvadora de Deus em favor dos homens
caídos?

2. De acordo com 1 João 4:9, qual é a maior manifestação do amor de Deus para com
os homens pecadores? Como este texto prova que não foi o mérito do homem, mas o
amor de Deus, que O levou a enviar o Seu Filho?

Notas De Estudo

1 João 4:8. “Deus é amor”. Albert Barnes escreve: “Jamais foi feita uma declaração mais
importante do que esta; jamais houve mais significado condensado em poucas palavras do
que nesta curta frase: Deus é amor” (BN, 1 João, p. 331). É essencial compreender que o
amor não é apenas uma decisão ou ação da parte de Deus, mas um atributo do Seu próprio
Ser. Não é necessário que Deus queira amar mais do que é necessário que Ele queira
existir, ser eterno ou ser santo. Ele é amor e, portanto, todos os Seus decretos e obram
fluem do Seu amor e são realizados no reino do amor. Deus cria, revela, governa, salva e
até mesmo julga em amor. Samuel Davies escreve: “Deus é amor; não somente amorável
e amoroso, mas o próprio amor; amor puro, sem mistura, nada além de amor; amor em Sua
natureza e em Suas ações; o objeto, fonte e quintessência de todo o amor” (Davie’s
Sermons [Sermões de Davies], Vol. p. 316). Quando olhamos para a raça depravada e
rebelde de Adão, não encontramos nada que moveria um Deus santo a salvar, mas Deus

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encontra razão em Seu próprio caráter. Sua obra de salvação flui de quem Ele é. Ele ama,
não por causa de algum valor inerente encontrado nos homens ou de algum mérito que
eles têm tido. Pelo contrário, Ele ama o homem, apesar do homem, e é movido a salvar
aqueles que não merecem, porque Ele é amor!

1 João 4:9: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco...”. Albert Barnes escreve:
“O apóstolo não intenciona que ele [ou seja, o amor de Deus] não foi manifestado de
nenhuma outra maneira, mas que esta era uma instância tão proeminente de Seu amor,
que todas as outras manifestações pareciam absorvidas e perdidas nesta” (BN, 1 João, p.
331). “...que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos”. O Pai
ter enviado o Filho para suportar o pecado e morrer condenado em lugar de homens
pecadores, é a maior manifestação do amor Divino. O termo “unigênito” é usado para avivar
a nossa consciência e valorizar a obra do amor de Deus. O cosmos teria sido uma coisa
pequena em comparação com o dom do “Unigênito” de Deus. João Calvino escreve: “Ele
O chama de Seu unigênito, para causa de amplificação. Pois nisso Ele mais claramente
mostrou quão singularmente Ele nos amou, porque Ele expôs o Seu Filho unigênito à morte
por nossa causa” (CC, Vol. 22, p. 239). Thomas Manton escreve: “Que tal remédio seja
fornecido para nós demonstra o amor inefável de Deus” (Obras, Vol. 1, p. 391).

3. Em João 3:16-17 é encontrada uma das passagens mais conhecidas e amadas em


todas as Escrituras. De acordo com este texto, o que motivou Deus a enviar o Seu Filho
para a salvação de homens pecadores? Explique a sua resposta.

Notas De Estudo

João 3:16-17. “Porque Deus amou... de tal maneira”. Robert L. Reymond escreve: “A
expiação nunca deve ser representada de forma a sugerir que isso se deu era o Pai odiava
o pecador e o Filho que amava o pecador, e que a Sua obra na cruz venceu o Pai para a
clemência ou apelou por atitude graciosa do Pai para com o pecador contra a Sua vontade”
(A New Systematic Theology [Uma Nova Teologia Sistemática], p. 641). Charles Spurgeon
escreve: “Deus tem tal amor em Sua natureza que Ele o deixa fluir a um mundo que perece
por seu próprio pecado voluntário; e quando o amor fluiu foi tão profundo, tão grande, tão
forte que mesmo a inspiração não calculou a sua medida, e, portanto, o Espírito Santo nos
deu essa grandiosa pequena expressão “de tal maneira”, e nos deixou para que tentemos
medi-lo, conforme percebemos mais e mais do amor Divino” (MTP, vol. 31, p. 386). “O
mundo”. Alguém pode apreciar esta maravilhosa declaração somente na medida em que
compreende a depravação e rebelião deste mundo. Foi o amor de Deus e não a dignidade
do homem, o desejo de Deus para mostrar misericórdia, e não o mérito do homem que O

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levou a salvar. Albert Barnes escreve: “Este foi um dom gratuito e imerecido. O homem não
tinha direito; e quando não havia nenhum olho a apiedar-se ou braço para salvar, aprouve
a Deus entregar o Seu Filho nas mãos dos homens para morrer em seu lugar. Foi o puro
movimento de amor; a expressão da compaixão eterna, e um desejo de que os pecadores
não perecessem para sempre” (BN, João p. 207).

“Que deu o seu Filho unigênito”. A grandeza do amor de Deus por homens de toda tribo,
língua, povo e nação se manifesta em que Ele entregou o Seu Filho amado como um
sacrifício por seus pecados e fez dEle o meio de sua reconciliação. João Calvino escreve:
“A palavra ‘unigênito’ (monogenés) é enfática, para ampliar o fervor do amor de Deus para
conosco. Por que os homens não são facilmente convencidos de que Deus os ama, a fim
de eliminar qualquer dúvida, Ele declarou expressamente que somos muito queridos por
Deus, de modo que, em nossa consideração, Ele nem sequer poupou o Seu Filho unigênito”
(CC, Vol. 17, p. 124). “Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”. Aqui testemunhamos tanto a amplitude e o propósito do Pai ao, livremente, dar o
Seu Filho. A amplitude é imensa: o mais vil entre a humanidade caída pode vir. Nenhumas
credenciais são necessárias, apenas um coração quebrantado e crente. O propósito é claro
e seguro: aqueles que creem não perecem, sob a justa condenação de seus pecados, mas
têm a vida eterna em comunhão perfeita com Deus. “Porque Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que condenasse o mundo”. Embora o julgamento teria sido adequado em
função da rebelião do homem, Deus enviou o Seu Filho para demonstrar as grandes rique-
zas da Sua misericórdia. Albert Barnes escreve: “Deus poderia justamente tê-lO enviado
[para condenação]. O homem merecia condenação, e teria sido certo tê-la pronunciado;
mas aprouve a Deus que houvesse uma oferta de perdão, e a sentença de condenação foi
adiada” (BN, João, p. 207). Matthew Henry escreve: “Desde que o homem pecou, ele temia
a aproximação e a aparição de qualquer mensageiro especial do Céu, como estando
consciente da culpa e esperando por julgamento: ‘Certamente morreremos, porquanto
virmos a Deus’. Se, portanto, o próprio Filho de Deus vem, ficamos preocupados para obter
informações sobre em que incumbência Ele vem: ‘Há paz?’, ou, como eles perguntaram a
Samuel, trementes, ‘De paz é a tua vinda?’. E esta Escritura retorna a resposta: ‘É de paz’”.
(MHC, vol. 5, p. 889). “Mas para que o mundo fosse salvo por Ele”. Matthew Henry escreve:
“Ele veio ao mundo com a salvação em Seu olhar, com a salvação em Sua mão” (MHC,
Vol. 5, p. 888).

Deus Enviou, Embora O Homem Não Buscasse

John Flavel escreve: “Vejamos quão livremente este dom veio a partir dEle: Não foi arran-
cado de Sua mão por nossa insistência; pois, nós tão pouco desejávamos quanto mere-
cíamos” (Obras, Vol. 1, p. 68).

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Charles Spurgeon escreve: “Nós nunca enviamos a Ele; Ele enviou para nós. Suponha que,
depois que todos tivéssemos pecado, tivéssemos caído de joelhos, clamado importuna-
mente, ‘Ó, Pai, perdoa-nos!’. Suponha que dia após dia estivéssemos, com muitas tristes
lágrimas e clamores, suplicando e pedindo perdão de Deus. Seria grande amor que Ele,
então, encontrasse uma forma de perdoar-nos. Mas não; ocorreu o contrário. Deus enviou
um embaixador de paz para nós; nós não enviaríamos nenhum embaixador a Ele. O homem
virou as costas para Deus, e prosseguiu afastando-se para mais longe e mais longe dEle,
e nunca pensou em voltar o seu rosto para seu melhor Amigo. Não é o homem que suplica
a Deus por salvação; é, se é que posso ousar dizê-lo, como se o próprio Deus Eterno im-
plorasse que Suas criaturas sejam salvas. Jesus Cristo não veio ao mundo para ser busca-
do, mas para buscar o que está perdido. Tudo começa com Ele. Não buscado, sem ser
solicitado pelo objeto de Sua compaixão, Jesus veio ao mundo” (MTP, Vol. 42, p. 29).

Os Fundamentos Apropriados Para A Glória

Octavius Winslow escreve: “O homem sábio deve deixar de gloriar-se na sua sabedoria, o
homem poderoso deve deixar de gloriar-se na sua força, o homem rico deve deixar de
gloriar-se nas suas riquezas, e seu único fundamento de glória neles mesmos deve ser a
sua insuficiência, debilidade, pobreza e fraqueza. Seu único fundamento de glória fora deles
mesmos deve ser que ‘Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16)’” (Evening Thoughts
[Pensamentos Noturnos], p. 330).

João Calvino escreve: “Essa é a ambição ímpia que pertence à nossa natureza, que,
quando a questão refere-se à origem da nossa salvação, nós rapidamente formamos imagi-
nações diabólicas sobre nossos próprios méritos. Assim, imaginamos que Deus é reconcili-
ado conosco, porque Ele tem nos considerado dignos, de modo que Ele deve olhar para
nós. Mas as Escrituras, em todas as passagens, exaltam a Sua misericórdia pura e sem
mistura, a qual deixa de lado todos os méritos... E, de fato, é muito evidente que Cristo falou
dessa maneira, a fim de atrair os homens da contemplação de si mesmos a olharem para
a misericórdia de Deus somente. Ele não diz que Deus foi movido a libertar-nos porque Ele
percebeu em nós algo que era digno de tão excelente bênção, mas atribui a glória de nossa
libertação inteiramente ao Seu amor” (CC, Vol. 17, p. 123).

Charles Spurgeon escreve: “Por que razão Deus deu Seu Filho unigênito para sangrar em
nosso lugar? Nós éramos vermes pela insignificância, éramos víboras pela iniquidade; se
Ele nos salvou, nós éramos dignos da salvação? Nós éramos tais infames traidores que se
Ele nos condenasse ao fogo eterno, nós poderíamos ser exemplos terríveis de Sua ira; mas
o Amado do Céu sangra para que traidores da terra não sangrem. Diga; diga isso no Céu,

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e o anuncie em todas as ruas de ouro a cada hora de cada dia glorioso, que tal é a graça
de Deus “que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça,
mas tenha a vida eterna’” (MTP, vol. 56, p. 303).

Samuel Davies escreve: “Ó! Não foi isso amor; livre, rico, imerecido amor que proveu um
Salvador para os culpados filhos dos homens?... Ó amor, o que fizeste! Que maravilhas
fizeste! Foi tu, amor todo-poderoso, que fizeste descer o Senhor da glória do Seu trono
celestial, para morrer na cruz, um sacrifício expiatório pelos pecados do mundo!” (Davie’s
Sermons, Vol. 1, p. 316).

O Imerecido Amor De Deus

Possivelmente, o aspecto mais surpreendente, mesmo assombroso do amor de Deus é que


ele é incondicional e imerecido. Deus é tão infinitamente grandioso que Ele deve condes-
cender amar até mesmo a mais esplêndida de Suas criaturas. Portanto, é uma demonstra-
ção insondável de graça que Ele pudesse amar o homem caído, e que esse amor levaria à
encarnação e morte de Seu Filho unigênito. Nosso reconhecimento de que o amor de Deus
é totalmente imerecido é absolutamente essencial para qualquer compreensão adequada
do mesmo. É somente na medida em que entendemos a depravação do homem e ausência
de mérito que podemos compreender plenamente a natureza do amor de Deus que O levou
a enviar o Seu Filho.

Thomas Manton escreve: “Nossas obras, quaisquer que sejam, tanto deveres para com
Deus ou homem, não são a primeira causa ou estímulo para inclinar a Deus a mostrar-nos
favor, ou a efetivar a nossa salvação. Não; esta honra deve ser reservada para a graça de
Deus, que se move e causa tudo no empreendimento da nossa salvação. Foi a Sua graça
que nos forneceu um Salvador” (Obras, Vol. 2, p. 404).

John Gill escreve: “Ele [o amor de Deus] não surgiu a partir de qualquer amabilidade neles;
ou a partir de qualquer amor neles por Ele; nem de quaisquer obras de justiça feitas por
eles, mas a partir de Sua própria vontade soberana e prazer” (EONT, Vol. 8, p. 451).

1. Em Deuteronômio 7:6-8 é encontrada uma das declarações mais poderosos nas


Escrituras a respeito do amor de Deus que O leva a chamar um povo formado por indig-
nos, pleiteá-los como Seus próprios, e prover para a salvação deles. Leia o texto até que
você esteja familiarizado com o seu conteúdo e, em seguida, responda às seguintes
perguntas:

a. De acordo com o verso 6, que privilégios Deus assegura ao Seu povo Israel?

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b. De acordo com o verso 7, a Divina eleição e vocação de Israel baseou-se em alguma
grandeza ou mérito encontrado neles? Explique a sua resposta.

c. De acordo com o verso 8, qual foi a verdadeira motivação de Deus para redimir a
nação de Israel e chamá-los para ser Seus próprios? O que essa verdade nos revela
sobre o motivo de Deus para enviar o Seu Filho para redimir os homens pecadores e
torná-los Seus próprios?

2. No Salmo 44:26, a que o salmista apela para que Deus possa intervir e salvar? Como
isso demonstra que Deus salva o Seu povo não pelo seu próprio mérito, mas por causa
de Seu amor por eles? Apelos semelhantes são encontrados em Salmos 6:4 e Salmos
31:16.

Notas De Estudo

Deuteronômio 7:6-8. (a) “Porque povo santo és ao Senhor teu Deus”. A palavra “santo” vem
da palavra hebraica qadosh que é traduzida como “separado”, “especial”, ou “apartado”. O
povo de Israel era “santo” a Deus pois Ele os escolheu para Si mesmo, dentre todas as
nações sobre a terra e os chamou para ser Seu povo. Eles eram o Seu tesouro peculiar
entre as nações e os beneficiários de Sua graça especial. De acordo com 1 Pedro 2:9, o
mesmo pode ser dito da Igreja do Novo Testamento. Que Deus chamasse um povo para Si
mesmo é o maior privilégio Ele poderia lhes oferecer. (b) “o Senhor teu Deus te escolheu,
para que lhe fosses o Seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra”. Escolha
e redenção de Israel de Deus não foi por causa de qualquer mérito encontrado neles. Pelo
contrário, eles eram os menores e mais fracos entre as nações. A razão ou causa para a
salvação nunca é encontrada no homem, mas no propósito e beneplácito de Deus. Um
vislumbre da depravação e rebelião do homem é testemunho suficiente para provar que
essas coisas são assim. De acordo com 1 Coríntios 1:26-28, o mesmo pode ser dito da
Igreja do Novo Testamento. (c) “Mas, porque o Senhor vos amava”. A primeira razão dada
para a Divina eleição e vocação de Israel é mais um insulto do que uma explicação: “Eu o
fiz isso porque eu fiz”. É uma maneira poderosa para explicar que não há nenhuma razão
para o amor de Deus pelo homem do lado de fora do próprio Deus. John Trapp escreve:
“Eis que Ele amou você, porque Ele amou você. Isto pode parecer idem per idem [mesmo
pelo mesmo], mas excelentemente mostra o fundamento do amor de Deus ser totalmente
nEle mesmo” (CONT [Commentary on The Old and New Testament: Comentário Sobre o
Novo e Antigo Testamento], Vol. 1, p. 294-295). John Gill escreve: “Com um amor gratuito;
Ele os amou, porque Ele os amou; ou seja, porque Ele quis amá-los; Seu amor não foi
devido a qualquer bondade neles, ou feita por eles, ou qualquer amor neles por Ele, mas
por Sua própria vontade e beneplácito” (EONT, Vol. 2, p. 32). Matthew Henry escreve:

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“Deus foi buscar a razão disso exclusivamente a partir de Si mesmo. Ele amou porque Ele
quis amar. Tudo o que Deus ama, Ele ama livremente. Aqueles que perecem, perecerem
por seus próprios méritos, mas todos os que são salvos, são salvos por prerrogativa” (MHC,
Vol. 1, p. 756). “E para guardar o juramento que fizera a vossos pais”. A segunda razão
dada para a Divina eleição e vocação de Israel é a Sua fidelidade inabalável. Ao redimir
Israel de Egito, Ele cumpriu as promessas que havia feito aos patriarcas (6:10) e obteve
glória para Si mesmo como o Deus fiel, que guarda a aliança. Matthew Henry escreve:
“Nada neles, ou feito por eles, fez ou poderia fazer de Deus um devedor para com eles;
mas Ele fez de Si mesmo um devedor à Sua própria promessa, que Ele cumpriria apesar
da indignidade deles” (MHC, Vol. 1, p. 756).

Salmo 44:26. Esta petição serve como um excelente lembrete de que a salvação de Deus
não é motivada por alguma virtude ou bem intrínseco no homem, mas por Seu amor
incondicional e soberano (veja também Salmo 6:4; 31:16). “Levanta-Te em nosso auxílio, e
resgata-nos”. Aqui, o salmista está invocando o Senhor para que liberte o Seu povo depois
de uma derrota devastadora por seus inimigos. A frase “levanta-Te” é um termo hebraico
que muitas vezes precede um apelo desesperado por ajuda ou libertação, e o termo
“resgata-nos” é devidamente entendido como exatamente um tal apelo. “Por amor das Tuas
misericórdias”. O fundamento para a petição ou apelo do salmista não é a piedade ou mérito
de Israel, mas a benignidade ou misericórdia de Deus. João Calvino escreve: “Eles se
contentam em atribuir a sua salvação à imerecida bondade de Deus como a única causa
dela” (CC, Vol. 5, p. 172). O único fundamento do homem caído para qualquer apelo por
salvação ou libertação é o caráter de Deus e a disposição em salvar. Além do amor Divino
e livre graça, não há simplesmente nenhuma razão para que um Deus justo realize a
salvação dos ímpios. Jonathan Edwards escreve: “E aqui pode-se observar, segundo que
maneira notável Deus fala do Seu amor aos filhos de Israel no deserto, como se Seu amor
fosse por causa do amor, e Sua bondade fosse sua própria finalidade e causa” (Obras, Vol.
11, p. 115). Matthew Henry escreve: “Nós dependemos da bondade da tua natureza, que é
a glória do Teu nome (Êxodo 34:6)” (MHC, Vol. 3, p. 404).

Deus Amou Por Que Ele Quis Amar

Thomas Manton escreve: “Se você perguntar, por que Ele fez tanto esforço por uma criatura
sem valor, levantado do pó da terra, num primeiro momento, e que agora tinha desordenado
a si mesmo, e não poderia ser de nenhuma utilidade para Ele? Nós temos uma resposta à
mão, porque Ele nos amou. Se você continuar a perguntar, mas por que Ele nos ama? Não
temos outra resposta, senão porque Ele nos amou; pois, além da primeira fonte das coisas
nós não podemos ir” (Obras Completas, Vol. 2, p. 341).

Charles Spurgeon escreve: “De onde veio esse amor? Não de qualquer coisa fora do pró-

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prio Deus. O amor de Deus surge de si mesmo. Ele ama porque é a Sua natureza fazê-lo.
‘Deus é amor’. Como eu já disse, nada sobre a face da Terra poderia ter merecido o Seu
amor, embora houvesse muito para merecer Seu desagrado. Esta corrente de amor flui de
sua própria fonte secreta na Divindade eterna, e não deve nada a qualquer chuva ou riacho
nascido da terra; brota sob o trono eterno, e enche-se plenamente das nascentes do infinito.
Deus amou porque Ele quis amar. Quando indagamos por que o Senhor amou esse homem
ou aquele, temos que voltar à resposta do nosso Salvador para a pergunta: “Sim, ó Pai,
porque assim Te aprouve” (MTP, vol. 31, p. 386).

Por Causa da Bondade de Deus


Por Albert Barnes

“Levanta-te em nosso auxílio, e resgata-nos por amor das tuas misericórdias” (Salmos
44:26).

“Não foi primariamente ou principalmente por consideração deles que o salmista insta
esta oração; foi para que o caráter de Deus fosse conhecido, ou para que pudesse ser
visto que Ele era um Ser misericordioso. A manifestação adequada do caráter Divino,
como mostrando o que Deus é, é em si mesma algo de maior importância do que a nossa
salvação pessoal, pois o bem-estar do universo depende disso; e a esperança mais
elevada que podemos ter, como pecadores, quando chegamos diante dEle, é que Ele
glorificaria a Si mesmo em Sua misericórdia. A isso nós podemos recorrer, e disso nós
podemos depender. Quando isso é instado como um argumento para a nossa salvação,
e quando esse é o único fundamento de nossa confiança, podemos ter certeza de que
Ele está pronto para ouvir-nos e salvar-nos... Desde o começo do mundo — a partir do
momento em que homem apostatou de Deus —, através de todas as dispensações, e
em todas as eras e terras, a única esperança de salvação para os homens tem sido o
fato de que Deus é um Ser misericordioso; o verdadeiro fundamento de apelo bem
sucedido a Ele é, e será sempre, que Seu próprio nome seja glorificado e honrado na
salvação dos pecadores perdidos e arruinados — nas demonstrações de Sua
misericórdia” (BN, Salmos, Vol. 2, p. 25-26).

3. Romanos 5:6-10 é um texto que poderosamente demonstra que o amor Divino, e não
o mérito do homem, foi a motivação ou fundamento para Deus enviasse o Seu Filho
unigênito para morrer pelo pecado. Leia o texto várias vezes até que você esteja fami-
liarizado com o seu conteúdo e, em seguida, responda às seguintes perguntas:

a. Nos versos 6 a 10, há quatro termos usados para descrever os homens e sua relação
com Deus. Explique o significado e a importância destes quatro termos.

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Fracos (v. 6):
Ímpios (v. 6):
Pecadores (v. 8):
Inimigos (v. 10):

b. De acordo com os versos 6, 8 e 10, como Deus responde à inimizade e rebelião do


homem? Como a condição miserável do homem e a resposta graciosa de Deus
demonstram que Seu motivo para salvar não veio de alguma virtude ou mérito no
homem, mas a partir de Sua própria natureza e vontade de amar?

c. Nos versos 7 e 8, um argumento está diante de nós, que serve para demonstrar a
natureza extraordinária da morte de Cristo em nome de homens pecadores. Explique
como esse argumento mostra o amor de Deus e prova que foi o amor Divino e não o
mérito humano que moveu Deus para salvar.

d. Como nossa compreensão do estado pecaminoso e miserável do homem leva-nos a


apreciar mais plenamente o amor de Deus ao enviar o Seu Filho unigênito para morrer
por nossos pecados?

Notas De Estudo

Romanos 5:6-8. (a) Fracos. A palavra “fraco” vem da palavra grega que significa asthenés
“fraco”, “frágil” ou “sem força”. À luz dos versos que se seguem, o significado não é apenas
que o homem estava completamente destituído de qualquer virtude ou poder para salvar a
si mesmo, mas que não havia nada no homem que moveria um Deus santo e justo a salvá-
lo. Martyn Lloyd Jones escreve: “‘fraco’. O que isso significa? Significa ‘incapacidade total’,
isso significa que nós éramos totalmente desprovidos de qualquer força espiritual” (Roma-
nos, Cap. 5, p. 112). Matthew Henry escreve: “Nós estávamos sem força, em uma condição
triste; e, o que é pior, completamente incapazes de ajudar-nos a sair desta condição —
perdidos, e não há nenhum caminho visível aberto para a nossa recuperação — nossa
condição deplorável, e de uma maneira desesperada” (MHC, Vol. 6, p. 397). Robert
Haldane escreve: “Isto introduz a prova do amor de Deus... Cristo morreu por nós enquanto
éramos incapazes de obedecê-lO, e incapazes de nos salvar” (Romanos, p. 192). Ímpios.
A palavra “ímpios” vem da palavra grega asebés que denota alguém que é ímpio ou
destituído de reverência a Deus. Martyn Lloyd Jones define o ímpio como alguém que é
diferente de Deus e/ou vive como se Deus nem sequer existisse — Deus não está presente
em nenhum de seus pensamentos (Romanos, Cap. 5, p. 117-118). A palavra “ímpio” é
adicionada à “fraqueza” para mostrar que os homens não são vítimas indefesas, mas
rebeldes ímpios cuja própria condição depravada torna impossível para eles a reforma.

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Robert Haldane aponta que Cristo morreu por nós, mesmo quando Ele considerou-nos
ímpios (Romanos, p. 192). “Pecadores”, esta palavra vem da palavra grega hamartolos,
que nas Escrituras, indica aquele cujos pensamentos, palavras e ações são contrários à
natureza e à vontade de Deus. Matthew Henry escreve: “Não apenas criaturas fracas e,
portanto, prestes a perecer, mas criaturas pecadoras culpadas, e, portanto, merecedoras
de perecer; não apenas medíocres e sem valor, mas vis, odiosas e indignas de tal favor do
santo Deus” (MHC, Vol. 6, p. 397).

Inimigos. A palavra inimigo vem do adjetivo grego echthrós e refere-se a alguém que é
hostil, que odeia, ou que se opõe oposição amargamente a outro. Nos Evangelhos, é usada
para descrever o Diabo (Mateus 13:39; Lucas 10:19), e em Romanos 8:7 e Colossenses
1:21, é usada para descrever a mente “hostil” do homem caído. Matthew Henry escreve:
“Não somente tais que eram inúteis, mas, tais que eram culpados e desagradáveis; não
somente tais em quem não haveria perda se perecessem, mas tais cuja destruição redun-
daria grandemente para a glória da justiça de Deus, sendo malfeitores e criminosos que
deveriam morrer” (MHC, Vol. 6, p. 397). Robert Haldane escreve: “Realça muito o amor de
Deus o fato dEle haver dado o Seu Filho por nós, sendo nós ainda Seus inimigos. Se nós
tivéssemos descoberto quaisquer sinais de disposição, em nós mesmos, para obedecê-lO,
ou qualquer grau de amor por Ele, Seu amor por nós não teria sido tão surpreendente”
(Romanos, p. 195). (b) “Deus prova o seu amor para conosco... Cristo morreu por nós”. A
palavra “prova” vem da palavra grega sunistáno que significa “mostrar, provar, estabelecer
ou confirmar”. Robert Haldane escreve: “A morte de Cristo por nós como pecadores, de
forma surpreendente, louva, manifesta ou demonstra o amor de Deus por nós” (Romanos,
p. 163). Charles Hodge escreve: “O dom de Cristo ao morrer em nosso lugar, é em toda
parte nas Escrituras representado como a maior prova possível ou concebível do amor de
Deus pelos pecadores” (CER [Commentary on the Epistle to the Romans: Comentário
Sobre a Epístola Aos Romanos], p. 135-136). John Gill escreve: “Deus deu uma clara
evidên-cia disso [o Seu amor], uma prova completa e demonstração do mesmo; Ele tanto
confir-mou-o por este exemplo, que não há espaço nem razão para duvidar dele; Ele o
ilustrou e o revelou com o maior resplendor por esta circunstância dele” (EONT, Vol. 8, p.
451). É extremamente importante entender que a morte de Cristo não adquiriu o amor de
Deus por nós, mas proclamou-o ou demonstrou-o de uma forma nunca antes conseguida.
O amor de Deus por Seu povo era uma realidade Divina antes de que Cristo morresse e
era Sua razão para enviá-lO. John Gill escreve: “O amor de Deus por eles [os pecadores]
era muito antigo; de modo que antecedeu a sua conversão; existia antes da morte de Cristo
por eles; sim, ele era desde a eternidade” (EONT, Vol. 8, p. 451). (c) Porque apenas alguém
morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova
o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. É
considerado um ato de amor altruísta e heroísmo quando alguém morre por outro que é

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digno salvação, mas Cristo deu a Sua vida por nós quando não éramos nem justos, nem
bons, mas mere-cedores da mais severa condenação. Charles Hodge escreve: “Aí está o
mistério do amor Divino revelado. Que Deus amasse os bons, os justos, os puros, os
piedosos, isso é o que nós podemos compreender; mas que o infinitamente Santo ame o
profano, e dê o Seu Filho para a sua redenção, é a maravilha de todas as maravilhas” (CER,
p. 136). Thomas Manton escreve: “O caso é raro que alguém deva morrer por outro, mes-
mos sendo ele muito bom e justo. Mas a expressão da misericórdia de Deus foi infinitamente
acima da proporção de qualquer uma que o homem mais amigável alguma vez mostrou.
Não havia nada no objeto para movê-lO a ele, quando não éramos nem bons nem justos,
mas perversos. Sem consideração a qualquer mérito em nós, pois estávamos todos em um
estado condenável, Ele enviou o Seu Filho para morrer por nós, para resgatar-nos e libertar-
nos da morte eterna, e para nos tornar participantes da vida eterna. Deus amou o mundo
de tal maneira, quando tínhamos pecado de tal maneira, e voluntariamente mergulhado a
nós mesmos em um estado de condenação” (Obras, Vol. 2, p. 343). (d) As Escrituras
apresentam o homem como ele é: pecaminoso, rebelde, corrupto e odioso. Esta tela escura
serve para magnificar o amor de Deus, da mesma forma que o veludo preto serve para
magnificar o brilho do diamante colocado sobre ele. John Murray escreve: “Mas quando
avaliamos nossa fraqueza e particularmente a nossa impiedade, então, descobrimos tanto
a necessidade quanto a maravilha da prova que Deus deu. O que aparece em nossa
convicção quando a nossa impiedade é devidamente ponderada é a nossa odiosidade e a
ira de Deus, e é impossível tomar o amor de Deus por garantido. Que Deus poderia amar
o ímpio, muito menos que Ele os amava, nunca teria entrado no coração do homem (1
Coríntios 2:9-10). Neste contexto, o texto deve ser entendido. A maravilha do amor de Deus
é que este era o amor pelos ímpios” (NICNT [New International Commentary on the New
Testament: Novo Comentário Internacional do Novo Testamento], Romanos, p. 166).
Martyn Lloyd Jones escreve: “Outra forma de medir esse amor é medir a profundidade da
condição deplorável das pessoas a quem Ele amou” (Romanos, Cap. 5, p. 112). Matthew
Henry escreve: “Agora, a partir daqui, Deus recomendou o Seu amor, não somente provou
ou evidenciou o Seu amor (Ele poderia ter feito isso a um preço mais baixo), mas o
magnificou e o tornou ilustre. Esta circunstância muito magnificou e promoveu o Seu amor,
não apenas acima de contestação, mas considera-o objeto de maior assombro e
admiração: “Agora Minhas criaturas verão que Eu os amo, Eu vou dar-lhes um tal exemplo
dele que será sem paralelo” (MHC, Vol. 6, p. 397). Thomas Boston escreve: “Oh, que
surpreendente bondade foi esta que o grande e glorioso Deus entregou o Seu Filho
unigênito à morte por esses rebeldes vis e inimigos, como todos nós somos por natureza!
A bondade de Deus, sob o nome de Seu amor, é considerada como a única causa de nossa
redenção por meio de Cristo” (Obras, Vol. 1, p. 120).

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A Verdade Sobre Um Pecador
Por Martyn Lloyd Jones

“Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém
ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós,
sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:7-8).

“Isto é como o apóstolo prova o seu caso. Ele, a princípio, parte de cima, do homem justo
ao homem bom. Então, ele chega ao fim e, vem para baixo. Onde nós estamos? Certa-
mente não no ‘bom’. Que tal, ‘justo’? Nem mesmo justos. Bem, o que nós somos? Peca-
dores! Não há absolutamente nada amável sobre nós. Deus mostra o Seu amor e prova
o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, não porque éramos amáveis,
encantadores e bons. Bem, apesar de não sermos amáveis, e encantadores, nós éramos
corretos de qualquer forma, éramos cumpridores da lei? Não! Nós não éramos nem
mesmo justos. A verdade sobre nós é que éramos pecadores, e um pecador é exata-
mente o oposto do homem bom e justo. Um pecador é um criminoso. Um pecador é um
homem que errou o alvo; ele procedeu insuficientemente. Não há justiça sobre ele de
modo algum. O próprio termo sugere torpeza moral; não excelência moral, mas o fracas-
so moral. Não somente não guardamos a Lei, somos culpados de transgredir a Lei, nós
quebramos a Lei. Isso é o que um pecador é. Estes são os termos que são usados para
descrevê-lo na Bíblia. Em outras palavras, ele não é apenas um homem que é culpado
de torpeza e ofensas morais, ações erradas e iniquidades, e, por isso, culpado aos olhos
de Deus; ele é condenável diante da Lei, ele é merecedor de desagrado Divino, ele é
merecedor da ira de Deus”.
“Essa é a verdade sobre um pecador. Ele é aquele que deliberadamente desrespeitou a
Lei de Deus, ele não está interessado em Deus, ele não gosta de Deus, ele é um inimigo
de Deus. Por causa disso, ele coloca sua própria vontade contra a vontade de Deus. Ele
diz: ‘É assim que Deus disse? Muito bem, farei o oposto. É este o mandamento? Vou
quebrá-lo. Ele me diz para eu não cobiçar, mas eu quero essa coisa e eu estou indo
obtê-la’. Ele tem, portanto, deliberadamente ofendido a Deus, se rebelado contra Ele, O
atacado, desrespeitado a Sua Lei, rejeitado a Sua voz, seguido o seu próprio caminho
deliberadamente, e fazendo-se culpado aos olhos de Deus. Esse é o tipo de pessoa por
quem Cristo morreu. ‘Não os justos — os pecadores Jesus veio chamar’. Não os homens
bons e amáveis, mas os vis e odiosos! ... É somente quando nos damos conta disso, que
somos capazes de seguir o argumento do Apóstolo. O argumento é o seguinte. Deus
prova o Seu amor para conosco, em que, quando éramos assim, quando nós merecía-
mos a ira de Deus em Sua justiça, e punição, e perdição, e banimento para fora de Sua
vista, Deus, de fato, enviou o Seu Filho para morrer por nós. Se isso não prova o amor
de Deus por nós, nada provará, nada pode provar. As pessoas que mais têm apreciado
o amor de Deus têm sido quase sempre aquelas que mais compreenderam a sua
pecaminosidade” (Romanos, Cap. 5, p. 121-123).

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O Amor De Deus Demonstrado

David Clarkson escreve: “por isso o amor de Deus apareceu em sua maior exaltação, pelo
fato de que quando estávamos tão longe de ser bons ou justos, quando éramos pecadores;
quando inúteis e incapazes, quando repugnantes e odiosos, quando inimigos e odiadores
de Deus; quando não havia nada em nós que pudesse mover, minimamente, a amar-nos,
quando éramos cheios do que poderia compeli-lO a expressar o Seu ódio e indignação
contra nós, mesmo assim Ele concedeu a mais alta expressão de amor; então, deu o Seu
Filho, mesmo, em seguida, Cristo Se expôs à morte por nós. Aqui tanto a grandeza e a gra-
tuidade do Seu amor apareceram, para a maravilha e assombro de todos os que
devidamente o consideram” (Obras, Vol. 3, p. 64-65).

Martyn Lloyd Jones escreve: “Vamos agora resumir toda a argumentação dos versos 6 a 8.
O argumento do Apóstolo é que não há absolutamente nada em nós para nos recomendar,
absolutamente nada. Por que Cristo veio ao mundo? Isso foi em resposta a algum funda-
mento proveniente da humanidade? De modo nenhum! Foi em resposta a algo de bom no
homem? Foi por causa de alguma centelha Divina remanescente, e algumas manifestações
dela? De modo nenhum! Não havia nada na humanidade para recomendá-la a Deus, nada
na natureza humana, nada em qualquer um de nós para nos recomendar de forma alguma
a Deus e ao Seu amor. De fato, a verdade sobre nós era, e é, que havia tudo em nós que
era errado, vil e odioso, tudo calculado fazer com que Deus fosse o nosso antagonista —
inimigos, odiosos, vis, ímpios, pecadores como nós. Temos de perceber que a nossa
salvação é inteiramente gratuita, e provém apenas e completamente do amor de Deus em
Sua infinita graça. Esse é o argumento do Apóstolo” (Romanos, Cap. 5, p. 124).

4. Em Efésios 2:4-5 é encontrada uma das mais belas passagens em toda a Escritura
relativa à obra de salvação de Deus em favor do homem pecador. Leia o texto até que
você esteja familiarizado com o seu conteúdo e, em seguida, escreva seus pensamentos
sobre as seguintes frases. Como elas comunicam que foi o amor Divino e não o mérito
ou dignidade humana que moveu Deus a salvar?

a. Mas Deus...
b. Que é riquíssimo em misericórdia...
c. Pelo Seu muito amor com que nos amou...
d. Pela graça sois salvos...

Notas De Estudo

Efésios 2:4-5. (a) Mas Deus. Os atributos Divinos de misericórdia, amor e graça agora são

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contrastados com a depravação e rebelião de uma humanidade caída descrita nos versos
anteriores. Esta pequena frase “Mas Deus...”, muda o curso de uma humanidade decaída.
Se Deus não tivesse sido movido pelo Seu próprio caráter para agir em nosso lugar, não
haveria nada para nós, senão a condenação e destruição eterna. É somente quando Deus
entra na equação que a salvação aparece. Isso prova que a salvação encontra a sua
origem, não nos méritos do homem, mas nos atributos de Deus, particularmente o Seu
amor, misericórdia e graça. Matthew Henry escreve: “o próprio Deus é o autor desta grande
e feliz mudança” (MHC, Vol. 6, p. 692). Martyn Lloyd Jones escreve: “Há somente uma
esperança para o homem no pecado, diz Paulo: ‘mas Deus’” (Efésios, Cap. 2, p. 65).
Novamente Martyn Lloyd Jones escreve: “Com estas duas palavras nós chegamos à
introdução à mensagem Cristã, a mensagem peculiar e específica que a fé Cristã tem a
oferecer para nós. Estas duas palavras, em si mesmas, num sentido, contêm a totalidade
do Evangelho. O Evangelho fala do que Deus tem feito, a intervenção de Deus; isso é algo
que vem inteiramente fora de nós e mostra-nos aquela obra maravilhosa, incrível e
surpreendente de Deus...” (Efésios, Cap. 2, p. 59).

(b) Que é riquíssimo em misericórdia. A palavra “misericórdia” vem da palavra grega éleos
e aponta para a bondade, ternura e compaixão de Deus se estendendo a criaturas indignas
e miseráveis. João Calvino escreve: “Toda a nossa salvação é aqui atribuída à misericórdia
de Deus (CC, Vol. 21, p. 224). Albert Barnes escreve: “Deus é rico em misericórdia; trans-
bordante, abundante. A misericórdia é a riqueza ou a prosperidade de Deus. Os homens
são frequentemente ricos em ouro, prata e diamantes, e eles se orgulham nessas posses;
mas Deus é rico em misericórdia. Nisso Ele abunda; e Ele é tão rico nisso que Ele está
disposto a transmiti-la aos outros; tão rico que Ele pode fazer todos, pessoas abençoadas”
(BN, Efésios, p. 40-41).

(c) Pelo Seu muito amor com que nos amou. A misericórdia de Deus flui do Seu amor e se
estende até o mais vil dos pecadores. Matthew Henry escreve: “Seu grande amor é a fonte
e causa primária da [Sua misericórdia]; por isso, Ele resolveu mostrar misericórdia... E este
amor de Deus é um grande amor, e esta misericórdia Sua é uma rica misericórdia, indizivel-
mente grande e inesgotavelmente rica” (MHC, Vol. 6, p. 692). Albert Barnes escreve: “Foi
amor aos filhos da ira; amor àqueles que não tinham amor para retornar a Ele; amor aos
alienados e aos perdidos. Isso é amor verdadeiro — a mais sincera e mais pura bene-
volência — amor, não como o de homens, mas tal como o que apenas Deus concede. O
homem ama seu amigo, seu benfeitor, a sua parentela; Deus ama Seus inimigos, e procura
fazer bem a eles” (BN, Romanos, p. 41). Charles Spurgeon escreve: “De todos os santos
no Céu, pode-se dizer que Deus os amou porque Ele quis amá-los; pois, por natureza, não
havia nada mais neles, para que Deus os amasse, mais do que havia nos próprios demô-
nios do inferno. E, quanto aos Seus santos na terra, se Deus os ama, e Ele os ama, isso é

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simplesmente porque Ele quis amá-los, pois não havia qualquer bondade neles por nature-
za; Deus os ama na infinita soberania de Sua grande natureza amorosa” (MTP, vol. 52, p.
9).

(d) Porque pela graça sois salvos. A graça é agora adicionada à misericórdia e ao amor
para mostrar que a salvação do homem nasceu do caráter e da vontade de Deus. O home m
não fez nenhuma contribuição para a salvação, exceto ser o fundo escuro como breu no
qual a luz da graça de Deus é exibida. João Calvino escreve: “Estas palavras nos mostram
que Paulo sempre se sente como se ele não tivesse suficientemente proclamado as rique-
zas da graça Divina, e, consequentemente, expressa, por uma variedade de termos, a
mesma verdade, que tudo relacionado à nossa salvação deve ser atribuído a Deus como
seu autor” (CC, Vol. 21, p. 225). Matthew Henry escreve: “Deus ordenou tudo para que o
todo revele-se ser a partir da graça” (MHC, Vol. 6, p. 692).

5. Em Tito 3:4-5, o apóstolo Paulo faz uma das declarações mais claras na Escritura a
respeito do motivo por trás da Divina obra salvadora em Cristo. Leia o texto até que você
esteja familiarizado com o seu conteúdo e, em seguida, explique como afirma-se que a
Divina salvação dos homens por meio de Cristo foi motivada pelo amor Divino e não pela
dignidade ou mérito do homem?

6. Em 1 João 4:10 encontramos uma magnífica prova final que o amor de Deus foi total
e completamente imerecido. De acordo com o verso 10, qual foi o motivo Divino por trás
de Deus enviar o Seu Filho ao mundo. Isso foi o mérito do homem ou o amor de Deus?
Como este texto demonstra e até mesmo magnifica o amor de Deus?

Notas De Estudo

Tito 3:4-5. É importante primeiro ler o verso três, onde o apóstolo Paulo coloca diante de
nós uma palavra dura sobre a depravação do homem, como John Gill escreve: “para
estabelecer e magnificar a graça de Deus, como preto e branco ilustram um ao outro”
(EONT, Vol. 6, p. 360). “Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso
Salvador”. A primeira razão dada para a obra salvadora de Deus em favor de homens
pecadores é a Sua benignidade. A palavra vem da palavra grega chrestótes que também
pode ser traduzida como “bondade” ou “benignidade”. Matthew Poole define benignidade
como “uma facilidade de fazer o bem para outro; aquela bondade nativa que há em Deus,
tornando-O inclinado a amar, e propenso a fazer o bem aos filhos dos homens. Isso havia
em Deus desde toda a eternidade, mas apareceu no ato dele haver enviar a Cristo, e,
depois, o Seu Espírito, e na aplicação da redenção de Cristo às almas particulares” (COB,
Vol. 3, p. 804).

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“Apareceu... amor de Deus... para com os homens”. A segunda razão dada para a salvação
de homens pecadores de Deus é o Seu amor. A frase “amor para com os homens” vem de
uma palavra grega philanthropía [philéo = amar + ántropos = homem] da qual deriva-se a
palavra em Português “filantropo”. Deus é o grande Filantropo. Sua bondade e amor fizeram
a sua maior demosntração no envio de Seu Filho. Matthew Henry escreve: “Este é o
fundamento e o motivo. A piedade e misericórdia de Deus ao homem em miséria foram a
primeira roda, ou melhor, o Espírito nas rodas, que estabelece e mantém tudo em
movimento. Deus não é, não pode ser, movido por qualquer coisa fora de Si mesmo. A
ocasião está no homem, ou seja, sua miséria e mediocridade. O pecado tendo operado
esta miséria, a ira poderia ter sido comunicada, em vez de compaixão; mas Deus, sabendo
como ajustar tudo com a Sua própria honra e perfeições, poderia apiedar-Se e salvar, ao
invés de destruir” (MHC, Vol. 6, p. 872). “[Ele nos salvou] Não pelas obras de justiça que
houvéssemos feito”. Uma sã refutação feita contra qualquer pensamento que a Divina obra
de salvação poderia ter sido motivada pelo ou com base no homem ou seus méritos.
Matthew Henry escreve: “falsos fundamentos e motivos são removidos aqui: não por nossas
obras previstas, mas por Sua própria livre graça e misericórdia somente. Tudo está sobre
o princípio do favor imerecido e misericórdia, do princípio ao fim” (MHC, Vol. 6, p. 873).
Thomas Boston escreve: “Não havia nada na criatura para movê-lO a tudo isso. Nenhuma
beleza permaneceu na criatura caída, nada para ser visto ali, senão a perversidade e
inimizade contra Deus... Deus não tinha necessidade do homem, nem Ele poderia ter
proveito dele. Mas Ele amou o homem” (Obras, Vol. 10, p. 437-438). Joseph Alleine escre-
ve: “Deus não encontra nada no homem para mover o Seu coração, mas o suficiente para
mover o Seu estômago; Ele encontra o suficiente para provocar a Sua aversão, mas nada
para excitar o Seu amor” (Guide to Heaven [Um Guia Seguro Para o Céu — publicado em
Português pela editora PES], p. 27). Mas segundo a Sua misericórdia. A terceira razão dada
para a Divina obra de salvação é a Sua misericórdia, que é aqui contrastada com os nossos
atos. As mais grandiosas ações dos homens são como trapo da imundícia e levam à conde-
nação, mas a misericórdia Divina salva. “Pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo”. Tanto o fundamento da nossa salvação (a Cruz) e sua aplicação (a obra do
Espírito Santo) são atribuídos à misericórdia de Deus.

1 João 4:10. “Nisto está o amor”. Albert Barnes escreve: “Neste grande dom está a mais
alta expressão do amor, como se tivesse feito tudo o que ele pudesse fazer” (BN, 1 João,
p. 332). “Não em que nós tenhamos amado a Deus”. Para colocá-lo claramente, o amor de
Deus por nós não teve relação com o nosso amor por Ele. A Escritura se refere a nós como
tendo sido “inimigos de Deus” (Romanos 1:30). Esta é mais uma refutação clara de qualquer
pretensão de mérito, virtude ou valor em nós que poderia ter sido a causa da obra salvadora
de Deus. John Gill escreve: “O amor de Deus é anterior ao amor de Seu povo; existia quan-
do o deles não existia; quando eles estavam sem amor por Ele, sim, inimigos em suas men-
tes, pelas más obras, e até mesmo inimigos, portanto, não foi adquirido pelo [amor] deles”
(EONT, Vol. 9, p. 647). Albert Barnes escreve: “Se tivéssemos O amado e O obedecido,

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poderíamos ter tido razão para crer que Ele estaria disposto a mostrar Seu amor por nós
de uma forma correspondente. Mas nós éramos alienados dEle, não tínhamos mesmo
nenhum desejo de Sua amizade e favor. Neste estado Ele mostrou a grandeza do Seu amor
por nós, dando Seu Filho para morrer por Seus inimigos” (BN, 1 João, p. 332). “Mas em
que ele nos amou a nós”. A única razão para a nossa salvação: o amor de Deus que flui de
Sua natureza e é totalmente independente do mérito ou valor do homem. Thomas Manton
escreve: “O amor de Deus existia no princípio, não o nosso” (Obras, Vol. 2, p. 342). João
Calvino escreve: “Deus, induzido por nenhum amor dos homens, amou-os livremente... Foi,
então, a partir da benignidade de Deus somente, como de uma fonte, que Cristo com todas
as Suas bênçãos chegou até nós” (CC, vol. 22, p. 240). Matthew Henry escreve: “Estranho
que Deus ame o impuro, vão, vil, pó e cinzas!... Ele nos amou, quando não tínhamos amor
por Ele, quando nós nos deleitávamos na nossa culpa, miséria e sangue, quando éramos
indignos, merecedores do mal, contaminados e imundos, e carecíamos de ser lavados de
nossos pecados no sangue sagrado” (MHC, Vol. 6, p. 1084). “E enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados”. A palavra “propiciação” vem da palavra grega hilasmós
que denota satisfação ou apaziguamento. Nas Escrituras, ela aponta para um sacrifício que
satisfaz as exigências da ofendida justiça de Deus e apazigua a Sua ira feroz contra o
homem rebelde. O grande e duradouro selo do amor de Deus foi, é e sempre será a morte
propiciadora do Seu Filho por nós. João Calvino escreve: “Pois não foi somente um inco-
mensurável amor que Deus não poupou o Seu próprio Filho, que por Sua morte Ele nos
restaurasse à vida; mas foi benignidade da mais maravilhosa, que deveria encher nossas
mentes com a maior admiração e assombro. Cristo, então, é tão a ilustre e singular prova
de amor Divino por nós, de modo que sempre que olharmos para Ele, Ele nos confirma
plenamente a verdade de que Deus é amor” (CC, vol. 22, p. 239).

Deus Condescendendo Graça

George Swinnock escreve: “Leitor, não é condescendente graça no mais alto grau, ou
melhor, além de todos os graus, deste autossuficiente, absolutamente perfeito, incompará-
vel Deus — quando a alma do homem estava deixada nua, faminta, inquieta, cercada de
inimigos, sem piedade de todas as criaturas, banhada em seu sangue, ofegante, prestes a
cada momento para alcançar o seu fim, e para ser presa por demônios, arrastada para o
seu calabouço de escuridão, para ali fritar em chamas intoleráveis para sempre — que Ele
olhe para o homem nesta condição repugnante com um olhar de favor e amor?... Amigo,
amigo, o que é condescendente graça, se não isto? Ai, o incomparável Deus não tinha
obrigação para com o homem, Ele não necessitava de forma alguma do homem, Ele não
pode esperar o mínimo bem da parte do homem; Ele teria sido tão feliz quanto Ele é, agora,
se raça humana fosse arruinada e tivesse perecido. Além disso, Ele estava infinitamente
desobrigado pelo homem, e tinha toda a razão no mundo para destruí-lo; e ainda assim,
Ele tem o prazer de ser tão diligente do bem-estar do homem, e tão solícito sobre ele como
se fosse pelo Seu próprio” (Obras, Vol. 4, p. 478-479).

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“Nisto Está o Amor”
Por Charles Spurgeon

“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10).

“João, com amor em seu coração, sobe no alto, e usando seu olho de águia, olha para
toda a história, e todo o espaço, e, finalmente, ele posiciona-se sobre um local, pois ele
descobriu aquilo pelo qual ele estava buscando, e ele diz: ‘Nisto está o amor’. Há amor
em mil lugares, como as gotas dispersas, borrifadas sobre as folhas da floresta; mas
quanto ao oceano, que está em um lugar, e quando chegamos a ele, dizemos: ‘Aqui está
a água’. Há amor em muitos lugares, como os feixes de luz vagueantes; mas quanto ao
sol, ele está em uma parte do céu, e à medida que olhamos para ele, dizemos: ‘Aqui está
a luz’. Assim, ‘Aqui’, disse o apóstolo, à medida que ele olhou para o Senhor Jeová,
‘Nisto está o amor’. Ele não apontou para seu próprio coração, e disse: ‘Nisto consiste o
amor’, para este era, antes uma pequena poça cheia do grande mar de amor, ele não
olhou para a Igreja de Deus, e disse de todas as miríades que não consideram as suas
vidas como preciosa a eles: ‘Nisto consiste o amor’, pois o amor deles era somente o
brilho refletido do grande sol do amor; mas ele olhou para Deus, o Pai, no esplendor da
Sua condescendência em dar o Seu único Filho para morrer por nós, e ele disse: ‘Nisto
consiste o amor’, como se todo o amor estivesse aqui, amor à sua altura máxima, o amor
em seu clímax, amor superando a si mesmo: “Nisto está o amor, não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados” (The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 41, p. 1).

“Como Suas criaturas, devemos amar o nosso Criador; como preservados pelo Seu
cuidado, estamos sob a obrigação de amá-lO por Sua bondade: nós devemos a Ele tanto
que o nosso melhor amor é um mero reconhecimento de nossa dívida. Mas Deus nos
amou, a quem Ele não devia absolutamente nada; pois, aquelas que poderiam ter sido
as reivindicações de uma criatura sobre Seu Criador, nós perdemos todas elas por nossa
rebelião. Homens pecadores não tinham direitos em relação a Deus, exceto o direito de
serem punidos. No entanto, o Senhor manifestou amor sem limites por nossa raça, que
somente era digna de ser destruída. Ó palavras! Como vocês me falham! Eu não posso
expressar o meu coração por esses pobres lábios de barro. Ó Deus, quão infinito era o
Teu amor que foi dado sem qualquer obrigação de Tua parte, livremente e não buscado,
e tudo porque Tu quiseste amar, sim. Tu amas porque Tu és amor. Não havia nenhum
motivo, nenhum constrangimento, nenhuma reivindicação pelo que Tu amasses a
humanidade, a não ser que Teu coração Te guiou a assim agir. Que é o homem para
que Te lembres dele? ‘Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas
em que ele nos amou a nós’” (The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 29, p. 113).

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“Quando Deus ama aqueles que O amam, isto parece estar de acordo com a lei da
natureza; mas quando Ele ama aqueles que não O amam, isso deve estar acima mesmo
de todas as leis; isso está, certamente, de acordo, com a extraordinária regra da graça,
e graça somente. Não havia um homem na terra que amasse a Deus. Não havia ninguém
que fizesse o bem, nem um sequer; e ainda assim, o Senhor fixou o olhar do Seu amor
eletivo sobre os pecadores, em quem não havia nenhum pensamento de amá-lO. Não
há mais amor a Deus ali em um coração não renovado do que há de vida dentro de um
pedaço de granito. Não há mais do amor a Deus ali dentro da alma que não é salva do
que há de fogo nas profundezas das ondas do oceano; e aqui em verdade está a
maravilha, que, quando não tínhamos amor a Deus, Ele nos amou. Esta é uma forma
suave de expressá-lo, pois em vez de amar a Deus, meus irmãos, você e eu retínhamos
dEle o mais pobre tributo de honra. Éramos descuidados, indiferentes. Dias e semanas
passaram sobre as nossas cabeças em que dificilmente pensávamos sobre Deus. Se
não houvesse qualquer Deus, não faria muita diferença para nós quanto aos nossos
pensamentos, hábitos e conversação. Deus não estava em todos os nossos pensa-
mentos; e, talvez, se alguém tivesse nos informado que Deus estava morto, deveríamos
ter pensado disso como um belo recorte de notícia, pois, então, poderíamos viver como
nós queríamos, e não precisaríamos estar em qualquer medo de sermos julgado por Ele.
Em vez de amar a Deus, ainda que agora nos alegramos que Ele nos ame, nós nos
rebelávamos contra Ele. Qual das Suas leis nós não temos quebrado? Não podemos
colocar o dedo sobre um mandamento sem sermos obrigados a reconhecer que nós
violamos as suas ordens, ou vivemos aquém de suas demandas” (The Metropolitan
Tabernacle Pulpit, Vol. 42, p. 27- 28).

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Capítulo II

O Motivo do Filho Ao Vir Para Salvar


Nós descobrimos a partir das Escrituras que o Pai não enviou o Seu Filho por causa de
mérito ou valor do homem, mas, sim, para o louvor da Sua glória e pelo grande amor com
que nos amou. A seguir, vamos agora considerar as coisas que moveram o Filho a deixar
de lado a Sua glória, revestir-Se em carne, e dar a Sua vida para a salvação dos homens.
Descobriremos que Ele assim o fez, não por causa de qualquer virtude ou mérito encon-
trado neles, mas para a glória de Seu Pai, pelo grande amor com que nos amou, e pela
alegria que Lhe estava proposta.

Para a Glória de Seu Pai

Depois de apenas um estudo superficial sobre a vida de Cristo, é evidente que a Sua maior
paixão era glorificar o Pai através de fazer a vontade dEle. Um dos aspectos mais
incompreensíveis da Pessoa de Cristo é que, embora Ele, subsistindo em forma do próprio
Deus, Ele não considerou a igualdade com Deus uma coisa a ser alcançada, mas de bom
grado e com alegria Se esvaziou do privilégio Divino e tornou-Se um homem. Ele foi obe-
diente ao Pai até mesmo ao ponto da morte de cruz (Filipenses 2:5-8; Hebreus 1:9). Embora
houvesse outros motivos que moveram Cristo a oferecer a vida pelo homem caído, o
primeiro e mais importante era a Sua todo-consumidora paixão para glorificar o Pai. Neste
sentido, pode-se dizer corretamente que Cristo morreu por Deus.

Jonathan Edwards escreve: “As Escrituras nos levam a supor que Cristo buscava a glória
de Deus, como Seu fim mais elevado e último” (Obras, Vol. 1, p. 109).

1. Em Hebreus 10:7, encontra-se uma profecia messiânica citada a partir do Salmo 40:7.
De acordo com estes dois textos, qual era o grande propósito do Filho de Deus ao vir ao
mundo? Qual era a Sua grande paixão e prioridade?

2. O que as seguintes Escrituras nos ensinam sobre a atitude do Filho para com a
vontade do Pai, Sua paixão pela glória do Pai, e Seu desejo sincero de manifestar o Seu
amor pelo Pai? Explique por que é apropriado dizer que Cristo realizou todas as Suas
obras, até a Sua morte, em primeiro lugar para Deus.

a. A obediência de Cristo à vontade do Pai (João 4:34).


b. A paixão de Cristo, para glória do Pai (João 17:4).
c. O ardente desejo de Cristo para manifestar o Seu amor pelo Pai (João 14:31).

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Notas De Estudo

Hebreus 10:7. “Então disse”. O escritor de Hebreus aplica o Salmo diretamente a Cristo.
Albert Barnes escreve: “Não é fácil ver como isso poderia ser aplicado a Davi em qualquer
circunstância da sua vida. Não havia nenhuma situação em que ele poderia ter dito que
uma vez que sacrifícios e ofertas não foram exigidos, ele veio cumprir a vontade de Deus,
no lugar ou em vez deles... A referência da linguagem, portanto, deve ser ao Messias” (BN,
Hebreus, p. 227). “Eis aqui venho”. Uma grande declaração de submissão voluntária e
obediência determinada. O Filho de Deus Se coloca à disposição e chamado de Deus. John
Gill escreve: “Cristo observando que os sacrifícios legais não eram aceitáveis para Deus;
que havia um corpo preparado para Ele; e que isso foi escrito sobre Ele no livro de Deus,
que Ele deveria vir; e que o tempo agora era vindo, com uma observação de atenção e
admiração, a questão sendo sobre o grande momento e interesse, Ele alegremente
expressa a Sua disposição de vir, imediatamente, sem qualquer compulsão, Ele mesmo, e
não outro” (EONT, Vol. 9, p. 445). “No princípio do livro está escrito de Mim”. Que Cristo é
falado no Antigo Testamento é afirmado pelo próprio Cristo (João 5:46) e pelos apóstolos
(Atos 22:23). Matthew Henry escreve: “Deus não somente havia decretado, mas declarado
por Moisés e profetas, que Cristo viria e seria o grande sumo sacerdote da Igreja, e deveria
oferecer-Se um sacrifício perfeito e aperfeiçoador. Isso foi escrito sobre Cristo, no começo
do Livro de Deus, que ‘a semente da mulher feriria a cabeça da serpente’, e o Antigo
Testamento está repleto de profecias a respeito de Cristo” (MHC, Vol. 6, p. 931). “Para
fazer, ó Deus, a Tua vontade”. É notório que a vontade de Deus é mencionada três vezes
nos versos 7-10. Cristo veio a este mundo com um olhar para realizar a vontade de Deus
para a glória de Deus. John Gill escreve: “Quando Ele veio, Ele começou com o maior
prazer, diligência e fidelidade na pregação do Evangelho, fazendo milagres, fazendo o bem
aos corpos e almas dos homens, e ao consumar a grande obra da redenção do homem,
que era a parte principal da vontade de Seu Pai que Ele veio cumprir” (EONT, Vol. 9, p.
445). Matthew Poole escreve: “Esta vontade de Deus estava em Seu coração, Ele Se
deleitou em obedecê-la” (MPC, Vol. 3, p. 854).

(a) João 4:34. Jesus disse-lhes: “A Minha comida é fazer a vontade dAquele que Me en-
viou”. A vida de Jesus foi um reflexo perfeito das palavras de Jó: “Do preceito de seus lábios
nunca me apartei, e as palavras da sua boca guardei mais do que a minha porção” (23:12).
Ele encontrou a Sua satisfação (ou seja, alimento) em fazer a vontade de Seu Pai. João
Calvino escreve: “Ele não intenciona apenas que Ele a estima muito, mas que não há nada
em que Ele tenha mais prazer, ou em que Ele seja mais alegre ou mais ansiosamente em-
pregado; como Davi, a fim de magnificar a Lei de Deus, diz não somente que Ele a valoriza
muito, mas que ela é mais doce que o mel (Salmo 19:10)” (CC, Vol. 17, p. 169-170). Albert
Barnes escreve: “O Seu grande objetivo, o grande projeto de Sua vida, era fazer a vontade
de Deus... Este grande objetivo absorveu todos os Seus poderes” (BN, João, p. 220).
Charles Spurgeon escreve: “Nosso Senhor e Mestre tinha um só pensamento, apenas um

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desejo, somente um objetivo. Ele concentrou toda a Sua alma, reuniu as vastas inundações
de Suas poderosas capacidades, e focou-as em direção a uma grande finalidade: “A Minha
comida é fazer a vontade dAquele que Me enviou, e realizar a Sua obra” (NPS, Vol. 6, p.
126). “E realizar a Sua obra”. A palavra “realizar” vem da palavra grega teleióo que significa
tornar perfeito, ou completo; realizar completamente, terminar ou trazer ao fim. Albert
Barnes escreve: “É a obra dEle oferecer a salvação, e a Sua redimir, e a Sua aplicar a
salvação ao coração” (BN, João, p. 220). John Gill escreve: “O toda da obra de Deus foi
feita por Ele, assim como o Senhor O comissionou; exatamente, de acordo com o modelo
dado Ele, com toda a fidelidade e integridade; com a mais consumada sabedoria e prudên-
cia; com toda a aplicação, diligência e constância, e de modo a terminá-la, e isso sem a
ajuda de qualquer outro; e de tal maneira que nada pode ser adicionado a ela para torná-la
mais perfeita, ou que possa ser desfeita novamente por homens ou demônios: e que o fazer
e consumar desta foram Sua comida, ou tão deleitoso e revigorante a Ele como carne é
para o corpo, evidencia-se de Sua prontidão e alegria ao envolver-Se nela na eternidade;
de Sua entrada antiga e laboriosa nela no tempo; de Sua constância na mesma, quando
Ele tinha começado, de modo que nada poderia apartá-lo dela; Ele nem abateu-Se nem
falhou sob ela, nem a deixou até que Ele a tivesse consumado” (EONT, Vol. 7, p. 791).

(b) João 17:4. “Eu glorifiquei-Te na terra”. Foi a paixão de Cristo pela glória do Pai que O
trouxe do Céu, revesti-O em carne, e O levou para a cruz. Seria apropriado dizer que Cristo
veio à Terra para obter glória para Deus, e Seu zelo por Sua missão O consumiu (João
2:17). Aqui em nosso texto, Ele declara que Seu zelo não foi em vão, pois Ele realizou
exatamente o que Ele pretendia: Ele glorificou a Deus na Terra de uma forma que foi sem
paralelo na história e que não será substituída em mil eternidades. Além de todos os
decretos e eventos na história redentora combinados, a maior revelação da natureza e da
vontade de Deus vem até homens e anjos por meio da encarnação e da obra da cruz do
Filho. Por isso, é através do Filho e de Sua obra redentora que Deus obtém a maior glória
possível para Si mesmo. “Tendo consumado a obra que me deste a fazer”. No início do Seu
ministério (João 4:34), Jesus declarou que Sua comida era fazer a vontade do Pai que O
havia enviado. Neste texto, Ele declara que tinha realizado essa vontade. John Gill escreve:
“Ele não a tomou (ou seja, a obra de Deus) sobre Si, mas sendo chamado para isso, Ele
prontamente o aceitou... E embora fosse difícil, foi agradável e deleitoso a Ele” (EONT, Vol.
8, p. 84). Jonathan Edwards escreve: “Aqui isso é bastante claro, declarando a Seu pai que
Ele O havia glorificado na terra, e terminou a obra que Lhe foi dada para fazer, Ele quis
dizer que Ele havia terminado a obra que Deus Lhe deu para fazer para esta finalidade: que
Deus seja glorificado. Ele tinha agora terminado esse fundamento, de forma que Ele veio
ao mundo para estabelecer a glória de Deus. Ele havia estabelecido uma base para que o
Pai obtivesse a realização de Sua vontade, e a plenitude do que Ele projetou. Pelo que é
manifesto, que a glória de Deus era o máximo de Seu propósito, ou Sua finalidade última
nesta grande obra” (Obras, Vol. 1, p. 110).

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(c) João 14:31. “Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai
me mandou”. A obediência da qual Cristo fala refere-se especificamente ao seu ser
“obediente até a morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:8). Esta é uma das declarações mais
profundas nas Escrituras. Cristo morreu em obediência ao Pai, a fim de mostrar ao mundo
o Seu amor por Ele. O Filho ama o Pai acima de tudo e totalmente abraça a cruz, mesmo
se apressa para ela, como a maior de todas as oportunidades para demonstrar o Seu amor
imensurável por Ele. Em nossos dias, muitas vezes ouvimos que Cristo amou o homem e
morreu por sua salvação, mas uma verdade ainda maior é menos conhecida e raramente
proclamada: Cristo amou a Deus e morreu para a Sua glória. Matthew Henry escreve:
“Como foi uma evidência de Seu amor pelo homem que Ele morreu para a sua salvação,
assim foi por Seu amor a Deus que Ele morreu, por Sua glória e cumprimento de Seus
propósitos. Que o mundo saiba que entre o Pai e o Filho não há amor perdido” (MHC, Vol.
5, p. 1121). John Gill escreve: “Como um filho é obediente a um pai, assim Cristo foi em
todas as coisas obediente aos mandamentos de Seu Pai celestial, na pregação do Evan-
gelho, obedecendo a lei, e sofrendo a morte; tudo Ele fez e sofreu como o Pai ordenou a
Ele, como homem e Mediador: e para que se mostrasse plenamente o quanto Ele amava o
Seu Pai, e concordava com Ele em todos os Seus desígnios graciosos; quanto a Sua vonta-
de estava resignada à dEle...” (EONT, Vol. 8, p. 64). “Levantai-vos, vamo-nos daqui”. Cristo
ergue-se para encontrar a morte de cruz por amor ao Pai. Matthew Henry, citando Dr.
Goodwin, escreve: “Cristo, mencionando o grande motivo de Seus sofrimentos — o manda-
mento de Seu Pai —, foi a toda pressa para seguir até o sofrer e morrer” (MHC, Vol. 5, p.
1121).

O Deleite Do Filho Na Vontade Do Pai


Por John Gill

“Agora, como a comida é agradável, deleitosa e revigorante para o corpo do homem,


assim fazer a vontade de Deus era tão delicioso e revigorante para a alma de Cristo. Ele
tinha tanto prazer nisso, como um homem faminto tem ao comer e beber. Uma parte da
vontade de Deus era assumir a natureza humana; Ele tinha feito isso, e com deleite e
prazer; uma outra parte dela era cumprir a lei; e a lei estava em Seu coração, e era o
Seu deleite, e Ele estava agora cumprindo-a; e outro aspecto da vontade de Deus era
sofrer e morrer, no lugar e posição de Seu povo; e tão desagradável como este era, em
si, para a natureza humana, contudo, Ele alegremente concordou com isso; e, às vezes,
estava, por assim dizer, impaciente até que isso foi realizado; e Ele voluntariamente
tornou-Se obediente a ela; nenhum homem poderia, com maior ânsia, colocar-se a co-
mer, quando está com fome, do que Cristo em relação à vontade e obra do Pai, mesmo
quanto aos que eram o mais ingratos para com Ele, como o homem” (EONT, Vol. 7, p.
790).

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3. Aprendemos que toda a vida e ministério terreno de Cristo foram direcionados a fazer
a vontade do Pai. Enquanto o Seu ministério terreno estava chegando ao fim e a cruz
estava se aproximando, Cristo fez uma declaração extremamente importante que nos
concede grande visão sobre Seu coração e mente. De acordo com Suas próprias pala-
vras em João 12:27-28, por que Cristo submeteu-Se à vontade do Pai, abraçou a cruz,
e sofreu a sua dor?

4. Em Romanos 15:8-9, duas razões são dadas para a vinda de Cristo e Sua obra de
salvação entre judeus e gentios. Como estas duas razões demonstram que a vinda de
Cristo foi primeiramente e acima de tudo para a glória de Deus? (a) Cristo veio para
confirmar as promessas feitas aos pais (v. 8). (b) Cristo veio para que os gentios pu-
dessem glorificar a Deus pela Sua misericórdia (v. 9).

Notas De Estudo

João 12:27-28. “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta
hora”. Cristo estava profundamente preocupado no mais profundo do Seu espírito, quando
confrontado com a terrível realidade da cruz que O aguardava. Não seria de todo irrazoável
pedir para ser dispensado ou liberto de tal destino. João Calvino escreve: “Em Sua morte
devemos principalmente considerar a Sua expiação, pela qual Ele apaziguou a ira e mal-
dição de Deus, o que Ele não poderia ter feito, sem tomar sobre Si a nossa culpa. A morte
que Ele sofreu, portanto, deve ter sido cheia de horror, porque Ele não poderia prestar satis-
fação por nós, sem sentir, em Sua própria experiência, o terrível juízo de Deus” (CC, Vol.
18, p. 32). “Mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome”. Cristo não quis evitar
a cruz porque esta era a própria razão pela qual Ele havia vindo. Sua morte e a salvação
gloriosa de uma multidão indigna glorificaria abundantemente a glória de Deus como ne-
nhum outro decreto ou evento anterior ou posterior. Charles Spurgeon escreve: “Os ho-
mens, então, não serão redimidos? O sangue da expiação não será derramado, e nenhum
homem será resgatado de descer ao abismo? Ele deve permanecer sozinho, o grão de trigo
não semeado? Se Ele o fizesse, Ele seria bastante feliz e suficientemente glorioso, pois o
Céu é todo Seu. Ele precisa de homens para torná-lO bendito? Será que Ele necessita de
vermes do pó para torná-lO glorioso? Se Ele permanecesse sozinho, Ele ainda seria Deus
e Senhor. Mas, a penalidade de morte será deixada a cargo dos homens, homens culpados,
que merecem suportá-la? Não haverá nenhuma cruz, nenhum Calvário, nenhum túmulo
aberto, não haverá ressurreição, não haverá portas do Céu bem aberta para que as almas
venham? Aqui está a questão, e você vê no texto quão resolutamente Jesus tinha resolvido
isso. Ele diz em efeito: “Pai, glorifica o Teu nome por Minha morte, para esta finalidade Eu
vim a esta hora, para que por Minha agonia e suor de sangue, por Minha cruz e paixão, Eu

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possa resgatar os filhos dos homens. Redimidos eles devem e o serão, Custe-Me o que
custar. Eu resolvi carregar a penalidade, e magnificar a Tua lei, e Eu a cumprirei, embora o
próprio inferno seja aberto contra Mim e todas as suas ondas de fogo passem sobre Mim.
Eu suportarei a cruz, e desprezarei a vergonha, para honrar a Ti, Meu Pai” (MTP, Vol. 24,
p. 6). “Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”.
Jonathan Edwards escreve: “O significado é claramente que Deus glorificou o Seu nome
no que Cristo tinha feito, na obra para a qual Ele O enviou; e que o glorificaria novamente,
e em maior grau, no que Ele ainda faria, e no sucesso do mesmo” (Obras, Vol. 1, p. 110).
Aqui é visto o acordo mútuo entre o Pai e o Filho (veja também João 17:1). Ambos definiram
a glória de Deus como Seu maior objetivo. O grande objetivo da Trindade na obra salvífica
de Cristo é que através da redenção de quem não merece e na forma grandiosa pela qual
ela foi realizada, a plenitude de Deus seja revelada a toda a criação e Deus seja adorado
como Deus.

Cristo Morreu Para A Glória De Deus


por Charles Spurgeon

“Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas
para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia:
Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei” (João 12:27,28). “Observe bem que o
texto indica a intenção profunda que estabilizou a determinação de nosso Senhor. Por
que Cristo resolveu morrer? Será que é para salvar os homens? Sim, mas não como a
principal razão. Sua primeira oração não é: “Pai, salva o Meu povo”, mas: “Pai, glorifica
o Teu nome”. A glória de Deus era a principal finalidade e objetivo da vida e morte de
nosso Salvador. É para que o nome do Pai seja exaltado que Jesus quis ter as almas
resgatadas. Sua paixão teve como intenção principal a demonstração dos atributos de
Deus. E, irmãos, quão plenamente Ele glorificou o nome de Jeová! Na cruz, vemos a
justiça Divina nas feridas sangrantes do grande Substituto: o Filho de Deus deve morrer
quando o pecado é colocado sobre Ele. Ali você também contempla a sabedoria infinita,
pois, o quê, senão a sabedoria infalível poderia ter concebido a maneira pela qual Deus
seja justo e justificador daquele que crê. Ali, também, está o amor, rico, livre, sem limites,
amor eterno, tão evidente como na morte do Redentor dos homens. Até hoje esta
continua a ser uma questão relativa à expiação, que das cartas é a melhor já escrita no
que diz respeito à justiça, à sabedoria ou o amor.

Na expiação os atributos Divinos são todos tão perfeitamente glorificados, de modo que
nenhum remove o outro: cada um tem a sua demonstração sem decréscimo nem mesmo
em mínimo grau, nem diminuem a glória de qualquer outro. Nosso bendito Senhor, para
que o Pai seja glorificado, consuma até o fim o que Ele havia estabelecido diante de Si.

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Seja qual for o conflito que havia em Seu espírito, Seu coração foi fixado em suportar até
a morte o nosso fardo, e o sofrimento até o fim de nossa penalidade” (MTP, Vol. 24, p.
6).

Romanos 15:8-9. (a) “Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão”. Cristo veio
como um servo para a nação de Israel. “Por causa da verdade de Deus, para que confir-
masse as promessas feitas aos pais” — Abraão (Gênesis 12:1-3; 17:7; 18:19; 22:18),
Isaque (Gênesis 26:3-4) e Jacó (Gênesis 28:13-15; 46:2-4). O propósito da vinda de Cristo
como um servo era reivindicar a veracidade de Deus, cumprindo todos os tipos, profecias
e promessas a respeito do Messias e a salvação que Ele traria. Desta forma, Ele provou a
fidelidade de Deus e obteve glória para Ele entre o Seu povo como um Deus que guarda a
aliança cuja palavra é sempre verdade. Matthew Henry escreve: “A melhor confirmação das
promessas é o cumprimento delas. Foi prometido que na descendência de Abraão todas
as nações da Terra seriam abençoadas, que Siló viria dentre os pés de Judá, que fora de
Israel Ele procederia de modo que teria domínio, que de Sião sairia a lei, e muitos outros.
Havia muitas providências intermediárias que pareciam enfraquecer essas promessas,
providências que ameaçavam a deterioração fatal desse povo; mas quando o Messias, o
Príncipe, apareceu na plenitude do tempo, como ministro da circuncisão, foram confirmadas
todas essas promessas, e a verdade delas apareçam; pois em Cristo todas as promessas
de Deus, tanto as do Antigo Testamento e as do Novo são ‘Sim’, e ‘Amém’ nEle” (MHC,
Vol. 6, p. 486).

(b) “E para que os gentios glorifiquem a Deus pela Sua misericórdia”. Cristo veio para que
Deus seja glorificado entre aqueles que não eram o Seu povo e pelos candidatos mais
improváveis para ser Seu povo — os gentios. Robert Haldane escreve: “Era o propósito da
obra de Cristo que os gentios bem como judeus glorifiquem a Deus por causa de Sua
misericórdia. A glória de Deus é, portanto, exibida como o motivo da obra de Cristo. Este é
o objetivo mais elevado de todas as obras de Deus” (Série Genebra, Romanos, p. 614).
“Como está escrito: Portanto Eu Te louvarei entre os gentios, e cantarei ao Teu nome”. Que
Deus seria glorificado por Ele mesmo entre as nações foi uma declaração tão notável que
é necessária uma validação proveniente da Escritura do Antigo Testamento (2 Samuel
22:50 e o Salmo 18:49). Matthew Henry escreve: “Eles glorificarão a Deus por Sua miseri-
córdia. Pecadores não-convertidos não fazem nada para glorificar a Deus; mas obras graci-
osas que convertem a alma operam uma disposição para falar e fazer tudo para a glória de
Deus; Deus pretendia colher uma safra de glória a partir dos gentios, os quais haviam por
muito tempo convertido a Sua honra em vergonha” (MHC, Vol. 6, p. 486). Para resumir,
Deus enviou o Seu Filho para obter glória para Si mesmo por cumprir Suas promessas
feitas aos judeus e por redimir um povo para Si, dentre os gentios.

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1. Em João 15:9 é encontrado um dos textos mais surpreendentes na Bíblia. Que
verdade Jesus declara neste texto? Como isso demonstra que Ele entregou a Si mesmo
na obra da redenção por causa do grande amor com que nos amou?

Notas De Estudo

João 15:9. “Como o Pai Me amou, também Eu vos amei a vós”. Este é um dos versos mais
surpreendentes em toda a Escritura. Qual é o motivo por trás de Sua vinda? É o grande
amor com que Ele nos amou. Como o amor do Pai pelo Filho não pode ser medido, assim
a profundidade do amor do Filho por nós pode não ser sondada. Albert Barnes escreve: “O
amor do Pai por Seu Filho Unigênito é a maior afeição que podemos conceber. É o amor
de Deus por Seu Filho co-igual, que é como Ele, e que estava disposto a suportar os maio-
res sacrifícios e labor para cumprir o Seu propósito de misericórdia. No entanto, esse amor
é apresentado para ilustrar a terna afeição que o Senhor Jesus tem por todos os Seus
amigos” (BN, João, p. 339). Matthew Poole escreve: “O amor do Pai a Cristo é eterno,
imutável, constante, pleno, perfeito, sábio, justo e livre: em todos estes aspectos Cristo ama
o Seu povo como o Pai O ama” (João 15:9). Matthew Henry escreve: “Assim como o Pai O
amava [ou seja, Jesus], o Qual era mui digno, Ele os amava, os quais eram mui indignos”
(MHC, Vol. 5, p. 1125). John Gill escreve: “Há uma semelhança entre o amor do Pai por
Ele, e Seu amor por Seus discípulos: como Seu Pai O amou desde a eternidade, assim Ele
os amou; como Seu Pai O amou com um amor de complacência e deleite, assim Ele tam-
bém o fez e é assim que Ele os ama; e como Seu Pai O amou com um afeto especial e
peculiar, com um amor invariável, constante, imutável, que durará para sempre, da mesma
maneira Cristo ama o Seu povo” (EONT, Vol. 8, p. 97). Charles Spurgeon escreve: “a qual
dos anjos Ele alguma vez disse isso? Eu acredito que os anjos são os sujeitos do amor
Divino, em certo sentido, mas eu nunca li sobre Cristo dizendo-lhes: ‘Como o Pai Me amou,
assim também Eu vos amei’. Este é o privilégio especial dos filhos de Adão, que caíram, o
que os anjos nunca fizeram. Que maravilha!” (MTP, vol. 41, p. 602).

Por Seu Grande Amor Por Nós

No capítulo anterior, tivemos o cuidado de ressaltar que a vinda do Filho para salvar os pe-
cadores estava em perfeito acordo com a vontade do Pai, e que foi o Pai que tanto amou o
mundo que enviou o Seu Filho, para que através dEle o mundo fosse salvo (João 3:16-17).
Neste capítulo, devemos ser igualmente cuidadosos ao ressaltar que o Filho não foi forçado
a assumir esta obra salvadora, nem que Ele fez isto de má vontade. Ao contrário, Ele entre-
gou a Si mesmo totalmente e de boa vontade para que os objetos do Seu amor — uma
humanidade perdida, depravada, rebelde — conhecessem o perdão e a vida eterna.

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É um grande encorajamento e consolo saber que o Filho que realizou uma obra de salvação
tão grandiosa, assim o fez não somente para a glória de Deus, mas pelo grande amor com
que Ele amou o Seu povo. Em suma, o Filho que entregou a Si mesmo por causa de Sua
paixão inabalável pela glória de Deus é o mesmo que morreu por amor de homens caídos
e para alcançar a sua bem-aventurança. O Cristo que morreu para Deus é o mesmo que
morreu por nós.

Jonathan Edwards escreve: “A Escritura em cada lugar apresenta que as grandes coisas
que Cristo fez e sofreu, foram no sentido mais direto e adequado por Seu grande amor por
nós” (Obras, Vol. 1, p. 114).

Louis Berkhof escreve: “A doutrina da expiação vicária, como é dito, não envolve injustiça
da parte do Pai, à medida que Ele simplesmente sacrifica o Filho pelos pecados da huma-
nidade... Não foi o Pai, mas o Deus Triuno que concebeu a plano da redenção. Houve um
acordo solene entre as Três Pessoas na Divindade. E neste plano o Filho voluntariamente
Se comprometeu a suportar a penalidade do pecado e a satisfazer as exigências da lei
Divina” (Systematic Theology, p. 379).

2. A natureza, grau e extensão do amor do Filho por pecadores indignos é uma das
verdades mais surpreendentes da Escritura. Foi esse amor que O levou a dar a Sua vida
em lugar daqueles que Ele veio salvar. O que os seguintes textos nos ensinam sobre
esta verdade?

Gálatas 2:20.
Efésios 5:2.

Notas de Estudo

Gálatas 2:20. “Filho de Deus, o qual me amou”. Pelo grande amor com que nos amou, Ele
livremente entregou-Se à mais cruel das mortes, para sofrer a extensão da ira de Deus
contra o pecado. João Calvino escreve: “Se algum mérito nosso O tivesse levado a redimir-
nos, isso teria sido declarado; mas agora Paulo atribui tudo ao amor; isso é, portanto, a
partir da livre graça. Observemos a ordem: ‘Ele nos amou e Se entregou a Si mesmo por
nós’. Como se Ele tivesse dito: ‘Ele não tinha outra razão para morrer, senão porque Ele
nos amou’, e isso ‘quando éramos inimigos’ (Romanos 5:10)” (CC, vol. 21, Gálatas, p. 75).
Charles Spurgeon escreve: “A linguagem do texto também me sugere que eu deveria
lembrar a você que o amor de Jesus era um amor antigo. É verdade que Ele nos ama agora,
mas Paulo também escreveu verdadeiramente: ‘Quem me amou’. O verbo está no passado.
Jesus me amou na cruz; me amou na manjedoura de Belém; me amou quando a terra não

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existia. Nunca houve um momento em que Jesus não amou o Seu povo... Pense nisso. “Há
muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso
com benignidade te atraí”. Que Ele ame a todos nós, é uma maravilha; que Ele sempre nos
amou, é a maravilha das maravilhas; e este amor é uma parte de Seus propósitos eternos,
e é tão antigo quanto Suas ações na história do universo” (MTP, Vol. 40, p. 339). “E Se
entregou por mim”. O amor foi a motivação de Cristo para “Ele se entregar” por nós. Thomas
Boston escreve: “Veja o incomparável amor do Filho de Deus pelos pobres pecadores. Foi
o amor que O moveu a substituí-los, e comprometer-Se a pagar o resgate... Ele estava dis-
posto a ser difamado, para que pudéssemos ser glorificados; a tornar-Se pobre, para que
fôssemos feitos ricos; a ser acusado e condenado, para que fôssemos justificados; a entrar
na prisão, para que fôssemos livres; e uma a maldita morte vergonhosa, para que pudesse-
mos viver, e reinar em honra para sempre. Oh, quão grande era o seu amor pelos pobres
pecadores!” (Obras, Vol. 1, p. 387). Charles Spurgeon escreve: “Jesus não podia dar mais
do que a Si mesmo. Ele não somente deu a Sua coroa, Seu trono, Sua humanidade, a Sua
vida, Seus sofrimentos, Sua morte, Seus ofícios, Suas excelências, Seus méritos, mas Ele
deu a Si mesmo... Se você medir o amor pelos seus dons, você é assegurado de um amor
imensurável aqui, porque foi provado por um dom incomensurável” (MTP, Vol. 13, p. 340).

Efésios 5:2 “...também Cristo vos amou”. Não há esperança para o pecador fora dessas
quatro palavras. É a maior das tragédias quando a verdade que elas transmitem torna-se
comum e já não nos surpreende. John Gill escreve que Cristo nos amou, “...com um amor
excessivamente grande e forte, o que é maravilhoso, inconcebível e sem paralelo” (EONT,
Vol. 8, p. 98). “E Se entregou a Si mesmo por nós”. Esta é de uma vez por todas a prova
do amor de Cristo. Não há maior prova que possa ser dada, e nada depois deve ser exigido.
João Calvino escreve: “Esta foi uma prova notável do amor mais elevado” (CC, vol. 21,
Efésios, p. 304). Albert Barnes escreve: “A força do Seu amor era tão grande que Ele estava
disposto a entregar-Se à morte em nossa consideração” (BN, Efésios, p. 95). “Em oferta e
sacrifício a Deus”. Para que o homem pecador fosse salvo da ira de Deus, era necessário
que alguém intervisse. Em amor, Cristo aceitou o fardo de nossos pecados e sofreu a ira
de Deus em nosso lugar. A palavra “sacrifício” vem da palavra grega thusía que é a palavra
mais comum utilizada no Novo Testamento para designar um sacrifício oferecido a Deus
pelo derramamento de sangue e expiração da vida. Albert Barnes escreve: “Cristo foi um
sacrifício; e Seu amor foi mostrado em Seu estar disposto que Seu sangue fosse derramado
para salvar os homens” (BN, Efésios, p. 95). “Em cheiro suave”. Como um aroma per-
fumado. O sacrifício perfeito de Cristo foi completamente agradável e aceitável a Deus.
Matthew Henry escreve: “Assim como Ele ofereceu-Se com um propósito de ser aceito por
Deus, assim também Deus aceitou, ficou satisfeito com e apaziguado por este sacrifício”
(MHC, Vol. 6, p. 709).

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O Compensatório Amor do Filho
Por Jonathan Edwards

“Seu [ou seja, de Cristo] deleite na perspectiva da salvação eterna das almas mais do
que compensou o terror que Ele teve de Seus sofrimentos extremos. As muitas águas
não poderiam apagar o Seu amor, nem os rios poderiam afogá-lo, pois o Seu amor era
mais forte do que a morte; sim, do que as dores poderosas e tormentos de uma morte”
(Obras, Vol. 2, 962).

O Acordo do Pai
Por John Flavel

“Aqui você pode supor que o Pai diz, ao dirigir Sua oferta a Cristo por você — Pai: Meu
Filho, aqui está uma companhia de pobres almas miseráveis, que arruinaram a si
mesmas totalmente, e agora são passíveis de Minha justiça! A justiça exige satisfação
por eles, ou irá satisfazer-se na ruína eterna deles: O que deve ser feito por essas almas?
E assim Cristo responde.

Filho: Ó, Meu Pai, tal é o Meu amor e compaixão por eles, que ao invés deles perecerem
eternamente, Eu serei o responsável por eles como seu Fiador; traga todas as Tuas
contas, para que Eu possa ver o que eles devem a Ti; Senhor, traga-as todas, para que
não mais nenhuma conta a pagar por eles; de Minha mão demande-as. Antes, Eu es-
colho sofrer a ira por eles, ao invés de que eles a sofram: sobre Mim, Meu Pai, sobre
Mim seja toda a dívida deles.

Pai: Mas, Meu filho, se Tu empreenderes por eles, Tu deves considerar pagar a última
mínima parte, não espere abatimentos; se Eu poupá-los, Eu não pouparei a Ti.

Filho: Satisfaça-Se, Pai, que assim seja; cobre tudo de Mim, Eu sou capaz de cumprir
isso: e embora isso prove ser uma espécie de ruína para Mim, apesar de todas as Minhas
riquezas empobrecerem, e de todos os Meus tesouros serem esvaziados, contudo Eu
estou contente em fazer isso” (Obras, Vol. 1. p. 61).

O Amor E A Compaixão O Moveram


Por Charles Spurgeon

“Jesus Cristo olhou para os homens não no seu melhor, quando Ele deu a Sua vida pela

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redenção deles, mas no seu pior. Isso é claro, sim, é auto-evidente: se eles tivessem
todos sãos, eles não teriam necessidade de um médico; se eles não estivessem perdi-
dos, eles não teriam necessidade de um Salvador; se a doença não houvesse sido má,
eles não precisariam de tão incomparável remédio como o sangue de Cristo; se não esti-
vessem impotentemente perdidos, não haveria necessidade da onipotência intervir para
efetuar o resgate, e não fosse a ruína terrível até o último grau, não teria sido exigido
que o próprio Deus viesse em carne humana, e expiasse a culpa por Sua própria morte
na cruz. A glória do remédio prova o desespero da doença. A grandiosidade do Salvador
é uma evidência segura do assombro de nossa condição perdida. Olhe para isso, então,
e enquanto o homem é rebaixado, Cristo ergue-Se em sua estima, e enquanto você
valoriza o Salvador, assim você será mais e mais acometido de terror por causa da
grandeza do pecado que precisou de tal Salvador para nos redimir dele” (MTP, Vol. 20,
p. 413).

“Observe-se, então, que quando o Filho de Deus determinou morrer pelos homens, Ele
os viu como ímpios, e alienados de Deus pelas más obras. Ao lançar o Seu olhar sobre
a nossa raça Ele não disse, ‘Aqui e ali Eu vejo espíritos de caráter mais nobre, puros,
sinceros, à procura de verdade, bravos, altruístas e justos; e, portanto, por causa desses
queridos, morrerei por esta raça caída’. Não; mas olhando sobre todos eles, Ele, cujo
julgamento é infalível, retornou com este veredito: ‘Eles estão todos indo para fora do
caminho; eles estão juntamente tornando-se inúteis; não há ninguém que faça o bem,
não há nenhum sequer’. Rebaixe-os nessa estimativa, e nada melhor, Cristo morreu por
eles... Jesus nos viu como nós realmente éramos, e não como nossas fantasias orgulho-
sas são; Ele nos viu sem Deus, inimigos de nosso próprio Criador, mortos em delitos e
pecados, corruptos e inclinados ao mal, e mesmo em nosso ocasional clamor pelo bem,
procurando por isso com o julgamento cego e o coração preconceituoso, de modo que
nós consideramos o amargo, doce e o doce, por amargo. Ele viu que em nós não havia
nenhuma coisa boa, mas todo o mal possível, de modo que estávamos perdidos, total-
mente, desesperadamente, irremediavelmente perdidos e alienados dEle; ainda assim,
vendo-nos naquela situação e condição desgraçada e sem Deus, Ele morreu por nós”
(MTP, Vol. 20, p. 495-496).

“Reunindo todas essas coisas, o homem por natureza, onde Cristo o encontra, é total-
mente desprovido de força de todo tipo, para tudo o que é bom — pelo menos, de
qualquer coisa que é boa aos olhos de Deus, e é aceitável a Deus... Ele não tem abso-
lutamente nenhuma força em de si próprio. Ele é fraco, e encontra-se sem esperança,
impotente, arruinado e perdido, completamente destruído; um esplêndido palácio todo
em ruína, por cujas paredes quebradas correm ventos desolados com gemidos terríveis,
onde bestas de nome vil e aves imundas assombram, um palácio majestoso mesmo em

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ruínas, ainda permanece completamente arruinado e bastante incapaz de auto-
restauração. ‘Sem força’. Ai! ai! pobre humanidade!” (MTP, Vol. 20, p. 412).

“Então deixe isto ser notado — e este é o ponto que eu quero constantemente manter
diante de sua vista — que Jesus morreu por pura compaixão. Ele deve ter morrido por
causa da benevolência mais gratuita por quem não merece, porque o caráter daqueles
por quem Ele morreu não poderia tê-lO atraído, mas eram repugnantes para a Sua santa
alma. Poderia Cristo amar os ímpios e os perversos simplesmente por apresentarem tais
características? Não, Ele os amou não obstante as suas ofensas, amou-os como criatu-
ras caídas e miseráveis, amou-os conforme a abundância da Sua benignidade e compai-
xão, a partir de piedade, e não de admiração. Vendo-os como ímpios, ainda assim Ele
os amava. Este é o amor extraordinário! Não me admira que algumas pessoas são
amadas por outros, pois elas têm um poderoso encanto em seu semblante, seus modos
são cativantes, e suas características o encantam em afeição; “Mas Deus prova o seu
amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. Ele
olhou para nós, e não havia um único sinal de beleza em nós: nós estávamos cobertos
com ‘feridas, inchaços e chagas podres’, contaminações e poluições; e ainda assim,
apesar de tudo isso, Jesus nos amou. Ele nos amou, porque Ele nos ama, porque Seu
coração estava cheio de compaixão, e Ele não quis deixar-nos perecer. Sua compaixão
O levou a buscar os objetos mais necessitados para que o Seu amor pudesse mostrar a
sua capacidade máxima ao erguer homens da degradação mais baixa, e colocá-los na
posição mais alta de santidade e honra” (MTP, Vol. 20, p. 499- 500).

3. A medida do amor de Cristo é que Ele entregou a Si mesmo por nós. Pode haver maior
expressão ou ilustração de amor do que este? O que as seguintes Escrituras nos
ensinam a respeito dessa verdade? Como isso prova mais uma vez que o motivo para a
vinda do Filho não era o mérito ou valor dos homens, mas o amor do Filho?

João 15:13.
1 João 3:16.

Notas De Estudo

João 15:13. “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus
amigos”. A encarnação e morte de Jesus Cristo é a maior expressão, obra e prova de amor.
Matthew Henry escreve: “E este é o amor com que Cristo nos amou, Ele é a nossa Fiança
por nós, corpo por corpo, vida por vida, embora Ele conhecesse a nossa insolvência, e pré-
conhecia o quanto engajar-Se nisto custaria a Ele” (MHC, Vol. 6, p. 1125). John Gill escreve:

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“Ele não somente desceu do Céu, e pôs de lado a Sua glória e majestade real, mas Ele deu
a Sua vida; não Seu ouro e prata, e as riquezas deste mundo, que eram todos Seus, mas
a Sua vida; é notório que nada é mais precioso para um homem do que ele mesmo, seu
tudo. E, além disso, a vida de Cristo não era comum, não era a vida de apenas uma pessoa
inocente, ou a vida de um homem simples, mas de um homem em união com o Filho de
Deus; que era o Senhor da glória e Príncipe da vida, que foi crucificado e morto; uma vida
que esteve inteiramente à Sua disposição; ela nunca tinha sido penalizada pelo pecado,
nem poderia ter sido removida dEle por homens ou demônios; foi entregue de e por Si
mesmo, livre e voluntariamente; e este ‘por’, no lugar, e, em vez de Seu povo, como um
resgate por eles; Ele sendo o seu Fiador e Substituto, e permanecendo no lugar e posição
legal deles, Ele levou os seus pecados sobre Si, suportou a maldição da lei, suportou a ira
de Seu Pai, e toda a punição devida pelo pecado; e assim sofreu a morte, a morte na cruz;
o justo, no lugar e posição dos injustos” (EONT, Vol. 8, p. 68). Charles Spurgeon escreve:
“Nosso Senhor Jesus Cristo não tinha qualquer tipo de necessidade de morrer. Quando um
homem dá a sua vida por seu amigo — e quão raramente isso tem ocorrido! —, ele apenas
antecipa a dívida da natureza que, em qualquer caso, ele tem que pagar antes do tempo.
Se você fosse morrer por mim, ou eu fosse morrer por você, amanhã, o faríamos, um de
nós, somente um pouco mais cedo do que faremos por fim. A morte, em breve, pleiteia
cada um de nós, e ao sepulcro todos nós devemos descer a menos que nosso Senhor
venha rapidamente. Mas, Ele possuía a imortalidade inerente. Nenhuma sentença de morte
estava escrita na testa, Ele poderia viver para sempre... Então, Jesus Cristo ao dar a Sua
vida pelos Seus amigos foi além de qualquer coisa que poderia mesmo acontecer na vida
de qualquer outro homem, um ato voluntário, e, consequentemente, uma exibição mais
maravilhosa de amor do que jamais poderia ser dado em qualquer outro caso” (MTP, vol.
52, p. 222). Thomas Boston escreve: “Ele nasceu santo por eles, viveu santo para eles e
morreu por eles na cruz. Nunca houve tal ato de amizade como essa entre os homens,
alguém que suporte a ira de Deus no lugar e posição de outro. Oh, como Ele os amou!”
(Obras, Vol. 5, p. 246). “Vós sereis Meus amigos”. John Gill escreve: “As pessoas pelas
quais Ele deu a Sua vida, são descritos como ‘Seus amigos’; não que eles fossem original-
mente assim; sendo inimigos e a própria inimizade contra Deus, quando Ele deu a Sua vida
por eles, e os reconciliou; eles não portavam-se amigavelmente, ou como tivessem mos-
trado qualquer amor e afeição por Ele, mas pelo contrário; contudo eles são assim
chamados, porque Ele os havia escolhido para Seus amigos; Ele tinha direcionado sobre
eles, e resolveu torná-los assim; e morrendo por eles, reconciliou aqueles que eram
inimigos; e em consequência disto, pelo Seu Espírito e graça, de inimigos tornou-os amigos;
de forma que Seu amor em morrer por Seu povo é maior do que qualquer instância de amor
entre os homens: Ele deu a Sua vida por Seus inimigos, sem quaisquer perspectiva vil e
egoísta, e isso livre e voluntariamente; enquanto que entre os homens, quando um homem
deu a sua vida por outros, ou eles têm tido muito merecimento, ou ele foi forçado a isso, ou
isso foi feito visando o aplauso popular e vanglória” (EONT, Vol. 8, p. 68).

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1 João 3:16. “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós”... Incontáveis
homens da literatura, poetas e estudiosos têm igualmente muito tentado definir e ilustrar a
natureza do amor. Na cruz, Cristo fez com as obras deles se tornassem obsoletas. Com
Sua morte, Ele definiu, ilustrou e proclamou um amor cuja pureza só é igualada por Seu
zelo. Por Ele, chegamos a conhecer a essência e o significado do amor. Sua morte por Seu
povo é o padrão de ouro do amor. Albert Barnes escreve: “Por isso... nós sabemos o que é
o verdadeiro amor; vemos uma ilustração mui comovente e marcante de sua natureza” (BN,
1 João, p. 322). Charles Spurgeon escreve: “Todos os tipos de sacrifícios podem ser
tomados como provas de afeição, mas o abandono da vida é a prova suprema do amor, do
que ninguém duvida” (MTP, vol. 51, p. 520). Thomas Manton escreve: “Houve poder desve-
lado na criação, quando Deus nos fez semelhantes a Ele mesmo a partir do pó da terra;
mas o amor [foi desvelado] em nossa redenção, quando Ele Se fez como nós. A Pessoa
que estava operando a nossa libertação era o eterno Filho de Deus. Aquele Deus que não
deve nada ao homem, e estava muito ofendido pelo homem, e que não estava em nenhuma
necessidade do homem, tendo a infinita felicidade e contentamento em Si mesmo, Quem
viria e morreria por nós! Nisto conhecemos o amor de Deus” (Obras, Vol. 1, p. 432). Existem
alguns fundamentos que devem ser adequadamente compreendidos, se quisermos alguma
vez perceber a magnitude do amor de Cristo: (1) A infinita grandeza de Quem morreu. Na
cruz, não foi homem por homem, mas Deus pelo homem. O Criador condescende a morrer
pela criatura. (2) A depravação, indignidade e a miséria daqueles por quem Cristo morreu.
Teria sido amor indescritível se Cristo morresse pelos anjos ou pelos homens bons, ou
mesmo pecadores penitentes. Mas Ele morreu por inimigos endurecidos. (3) A gravidade
da morte que sofreu. A cruz em si era conhecida por ser a maior de todas as torturas. Mas
a cruz de Cristo não foi comum. Todas as outras cruzes combinadas são uma coisa pe-
quena em comparação com a Sua, pois Ele morreu sob a ira de Deus. É somente quando
estas três verdades são devidamente entendidas que a morte de Cristo é devidamente
avaliada. Desde que a morte de Cristo é a maior e mais verdadeira demonstração de amor,
deve ser que o amor é o seu autor e a força por trás disso. Não foi o mérito ou virtude
humana que moveu Cristo a entregar-Se tão livremente, mas foi o Seu amor imerecido e
incondicional.

O Eterno Amor Do Filho

Charles Spurgeon escreve: “Desde toda a eternidade o Filho de Deus amou o Seu povo:
mesmo desde os tempos antigos. ‘Enchendo-Me de prazer com os filhos dos homens’.
Muito antes que Ele viesse à terra, Ele amou os homens que Seu Pai Lhe dera, de modo
que Ele determinou ser um com eles, e pelo resgate deles a pagar o preço terrível de vida
por vida. Ele viu toda a companhia dos Seus eleitos no espelho da Sua presciência, e os
amou com um amor eterno, oh, o amor que brilhou no coração de nosso Redentor “no

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princípio”! Esse mesmo amor nunca conhecerá um fim. Aqui para nós é a Sua glória. Ele
nos amou assim, de modo que o Céu não pôde prendê-lO; Ele nos amou assim, de forma
que desceu para nos redimir; e tendo vindo entre nós em meio ao nosso pecado e vergonha,
Ele ainda nos ama. ‘Como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o
fim’. Amor, tu tens a tua maior glória alcançada no coração do Salvador Divino! E a glória
deste amor, que é sem começo, limite, mudança ou fim, é o próprio sangue vital do
Evangelho. O amor de Jesus é as boas novas de grande alegria. O nosso grande Médico
ama o doente, e deleita-Se em curá-los. Ele entra na enfermaria entre os paralíticos e os
feridos pela praga com um intenso desejo de abençoá-los. Jesus é amigo do pecador. Quão
arrebatadoramente isso faz minha alma cantar sobre Ele como ‘Jesus, amante da minha
alma’! Um evangelho gracioso habita na glória do amor de Cristo!” (MTP, Vol. 35, p. 172).

“Muito antes que as luzes do céu fossem acesas, ou as estrelas começassem a brilhar no
Céu, quando ainda todo este mundo dormia na mente de Deus, como florestas não
nascidas dormiam dentro da bolota do carvalho, nós estávamos no coração de Cristo...
Podemos estar certos de que infalivelmente Seu olhar nos contemplou previamente, e que
Seu coração amoroso de antemão nos amou quando ainda não tínhamos existência...”
(MTP, vol. 41, p. 603-604).

A Causa Primária

Thomas Watson escreve: “A causa prima (ou seja, a causa primária), e causa impulsiva, foi
a livre graça. Foi amor em Deus Pai enviar a Cristo, e amor em Cristo que Ele veio para ser
encarnado. O amor foi a motivação intrínseca. Cristo é Deus-homem, porque Ele é um
amante do homem. Cristo veio por piedade e indulgência por nós: non merita nostra, sed
misera nostra (Agostinho). ‘Não nossos méritos, mas nossa miséria’ fez com que Cristo Se
revestisse de carne. Cristo encarnar-Se foi um fundamento de livre graça, e um propósito
de puro amor. O próprio Deus, embora Todo-Poderoso, foi superado com amor. Cristo
encarnado é nada além de amor revestido com carne. Assim como Cristo assumiu a nossa
natureza humana foi uma obra-prima da sabedoria, assim também, foi um monumento da
livre graça” (A Body of Divinity [Lit.: “Um Corpo de Teologia” — Esta obra foi publicada em
Português com o título: “A Fé Cristã”, pela Editora Cultura Cristã], p. 194).

Amor Ao Inferior

Thomas Watson escreve: “Para quem Cristo veio. Foi pelos amigos? Não; Ele veio para o
homem pecador. O homem que tinha desfigurado a Sua imagem, e abusado de Seu amor;
o homem que transformou-se em rebelde; contudo Ele veio para o homem, tendo resolvido
conquistar a obstinação com a bondade. Se Ele viesse por alguém, por que não para os

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anjos que caíram? “Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descen-
dência de Abraão” (Hebreus 2:16). Os anjos são de origem mais nobre, criaturas mais
inteligentes, mais capazes de servir; ai, mas contemple o amor de Cristo, Ele não veio para
os anjos caídos, mas para a humanidade. Dentre as várias maravilhas da magnetita não é
a menos importante, que ela não atraia ouro ou pérolas, antes despreze estes, ela atrai o
ferro para si, um dos metais mais inferiores: assim, Cristo deixa os anjos, os espíritos no-
bres, ouro e pérola, e vem para o pobre homem pecador, e os atrai aos Seus abraços” (A
Body of Divinity, p. 195-196).

John Owen escreve: “Mas o Senhor Cristo colocou o Seu amor em nós, aquele amor a
partir do qual Ele morreu por nós, quando éramos pecadores e ímpios; ou seja, cada coisa
que pode nos tornar desagradáveis e indignos. Embora fôssemos tão desfigurados quanto
o pecado poderia nos tornar, e mais profundamente endividados do que toda a criação
poderia pagar ou responder, ainda assim Ele estabeleceu o Seu amor sobre nós, para nos
libertar dessa condição, e fazer-nos encontrar com a mais íntima comunhão com Ele. Nunca
houve amor que tivesse tais efeitos e que custasse a Ele tão caro em Quem Ele era, e se
mostrasse tão vantajoso para aqueles sobre quem ele foi colocado. Na busca disso, Ele
suportou tudo o que há de mau sobre a Sua própria Pessoa, e nós recebemos tudo o que
há de bom no favor de Deus e bem-aventurança eterna” (Obras, Vol. 1, p. 168).

Pela Alegria Estabelecida Diante dEle

O Filho abriu mão da Sua vida pela glória de Seu Pai, e assim morreu por Deus. O Filho
deu a Sua vida pelo grande amor com que Ele nos amou e assim morreu por Seu povo.
Para concluir nosso estudo, consideraremos um último motivo que levou o Filho à cruz: a
alegria que Lhe fora proposta.

Dizer que o Filho foi movido pela esperança futura de alegria pode dar origem à objeção de
que tal afirmação é contraditória, ou que apresenta Cristo como egoísta. Como Ele poderia
buscar em uníssono a glória de Deus, a salvação de Seu povo e a Sua própria alegria?
Estas acusações são facilmente respondidas. Em primeiro lugar, temos que compreender
que o Filho de Deus encontrava a Sua maior alegria na promoção da vontade e da glória
do Pai. Portanto, a Sua alegria, a glória de Deus e a redenção do povo de Deus era um e
o mesmo para Ele. Ele não tinha lealdades ou paixões concorrentes. Em segundo lugar,
temos que compreender que o Filho de Deus está certo em buscar a Sua própria alegria.
Afinal, todas as coisas foram feitas por Ele e para Ele (Colossenses 1:16). O Pai ama o
Filho, entregou todas as coisas em Suas mãos (João 3:35), e deseja que todos honrem o
Filho como O honram (João 5:23). É a boa vontade do Pai que a alegria do Filho seja

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completa. Toda a criação, em todos os reinos, tem um grande e final propósito: eles foram
criados e existem para a glória e o deleite do Filho de Deus.

Alegria: O Fim Para O Qual Cristo Estava Destinado


Por William Gouge (Comentário sobre Hebreus, Vol. 2, p. 928)

William Gouge escreve: “A alegria de Cristo era e é composta do seguinte:

“1. Aquela glória que Cristo deixou quando Ele desceu às partes mais baixas da terra
(Efésios 4:9); portanto, um pouco antes de Sua ascensão para lá, Ele, assim, orou:
“Agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes
que o mundo existisse” (João 17:5).

2. Tudo o que foi acrescentado pela obra da redenção, como: (1) A manifestação mais
clara das características Divinas de Deus. (2) A exaltação da Sua natureza humana. (3)
A redenção e salvação do homem, seguindo estes. (4) Os louvores que através de todas
as eras devem ser dadas a Ele. (5) A pregação do Evangelho por todo o mundo”.

Alegria: A Recompensa Prometida A Cristo


Por Thomas Boston (Obras, Vol. 8, p. 470-471)

“Por fim, Ele tinha uma promessa de uma recompensa gloriosa a ser conferida a Ele,
como um mérito adequado de Sua obra consumada; havia um gozo estabelecido diante
dEle na promessa, pelo que Ele suportou a cruz, desprezando a vergonha (Hebreus
12:2). Nunca houve tal obra operada; e nunca houve tal recompensa prometida. Quanto
a isso, pertence a promessa quíntupla.

1. A promessa de um novo tipo de participação em Deus, como Seu Deus e Pai: “Ele me
chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus” (Salmos 89:26). Nosso Senhor Jesus tinha
Deus como Seu Pai, por direito de geração eterna, mas houve uma nova relação
constituída entre Deus e Cristo como o segundo Adão, cabeça da aliança, fundamentada
em Seu compromisso e cumprimento da condição da aliança... Porque pela Sua obe-
diência até a morte, Ele obteve o gozo de Deus como um Deus e Pai. Eu não digo, Ele
o obteve para Si mesmo; o homem Cristo não precisava fazer isso, porquanto Ele o tinha,
em virtude da união pessoal das duas naturezas: mas Ele o obteve para os pecadores,
que tinham perdido toda a participação salvífica em Deus, e não poderiam ser felizes
sem isso.

2. A promessa de uma exaltação gloriosa, para ser servo honorário do Pai, primeiro

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ministro do Céu, como grande administrador da aliança: “Eis que o meu servo procederá
com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime” (Isaías 52:13). “Te darei por
aliança do povo” (Isaías 49:8). No cumprimento da condição da aliança, Ele tomou sobre
Si a forma de servo, e Se humilhou até a morte de cruz; pelo que também Deus, segundo
a promessa da aliança, O exaltou soberanamente a primeiro ministro do Céu, e Lhe deu
um nome como grande administrador da aliança, que está acima de todo nome; para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho (Filipenses 2:7-10).

3. A promessa de uma semente e prole, numerosa como as estrelas do céu: “Ele verá a
Sua posteridade” (Isaías 53:10). “Assim será a tua descendência” (Gênesis 15:5); a
saber, “em multidão, como as estrelas do céu” (Hebreus 11:12), toda a multidão dos
eleitos, todos eles vivem por Sua morte, e carregam a Sua imagem, como um filho a de
seu pai. Ele consentiu sofrer as dores da morte; mas estas eram dores de parto, para a
realização de um numeroso nascimento. Ele era como um grão de trigo que cai na terra
e morre; mas a promessa garantida a Ele, nesta condição, é que Ele daria muito fruto
(João 12:24).

4. A promessa de que Ele herdaria todas as coisas, como herdeiro primário. “Também o
farei meu primogênito” (Salmo 89:27). Assim, o apóstolo diz: Deus o “constituiu herdeiro
de tudo” (Hebreus 1:2). E o próprio Cristo declara Sua possessão em conformidade;
“Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai” (Mateus 11:27). Assim, Ele tem por
promessa tesouros adequados para apoiar a honra conferida a Ele. Porém, mais sobre
isso posteriormente.

5. Por último, a promessa de vitória e domínio sobre todos os inimigos Seus e de Seu
povo: “E eu derrubarei os seus inimigos perante a sua face” (Salmo 89:23). Ele foi ao
encontro de Satanás, do pecado e da morte, na disputa dos designados herdeiros da
glória; e não tão logo Ele Se envolveu contra eles, logo o ímpio mundo dos homens
começou uma guerra contra Ele também, mas Ele tinha a promessa de Seu Pai, de
vitória e domínio sobre todos eles; que, embora Ele recebesse a primeira queda, e
morresse na batalha, contudo Sua morte seria a destruição do domínio de Satanás, do
poder do pecado e das correntes de morte que prendiam o Seu povo; e que todo aquele
que prosseguisse em apoiar aquela causa cambaleante, cairia sob Ele: ‘Disse o
SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus
inimigos por escabelo dos teus pés’” (Salmos 110:1).

1. De acordo com o escritor de Hebreus 12:2, por que o Filho de Deus dispôs-Se a deixar
a glória do Céu, tomou sobre Si a carne humana, e suportou a humilhação e a dor da
cruz? Explique a sua resposta.

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Notas De Estudo

Hebreus 12:2. “Pelo gozo que Lhe estava proposto”. Antes da fundação do mundo, o Pai
tinha posto diante de Seu Filho as alegrias inefáveis e prazeres eternos que seriam Seus,
como resultado dEle ser obediente até à morte e morte de cruz. Matthew Henry escreve:
“Ele [ou seja, o Filho] tinha algo em vista sob todas as Suas aflições, o que era agradável
a Ele; Ele Se alegrou ao ver que pelos Seus sofrimentos Ele satisfaria a ofendida justiça de
Deus e asseguraria a Sua honra e governo, de modo que Ele pudesse fazer a paz entre
Deus e o homem, que Ele selaria o pacto da graça e seria o Mediador dele, para que se
abrisse um caminho de salvação para o principal dos pecadores, e que Ele efetivamente
salvaria todos aqueles que o Pai Lhe tinha dado, e Ele mesmo seria o primogênito entre
muitos irmãos. Esta era a alegria que Lhe estava proposta” (MHC, Vol. 6, p. 954). John Gill
escreve: “Cristo sofreu tanta desgraça, e tais sofrimentos; a saber, por uma questão de ter
uma semente espiritual, uma numerosa descendência com Ele no Céu, os quais são Sua
alegria e coroa de júbilo; por causa da salvação de todos os eleitos, no que o Seu coração
estava estabelecido; e para a glorificação das perfeições Divinas, o que não era pouco
deleite e prazer para Ele” (EONT, Vol. 9, p. 472). “Suportou a cruz, desprezando a afronta”.
Cristo não somente suportou com paciência cada ofensa e vergonha associada com a cruz,
mas Ele suportou todo o poder da ira de Seu Pai. Albert Barnes escreve: “Ele, visando a
honra e alegria estabelecida diante dEle, suportou os sofrimentos mais severos a que o
corpo humano pode ser submetido, e a forma de morte que é considerada como a mais
vergonhosa” (BN, Hebreus, p. 295). “E assentou-se à destra do trono de Deus”. Isso resume
todas as honras e as alegrias que foram dadas a Cristo por Sua obediência à vontade de
Deus. Ele foi exaltado ao lugar mais alto do universo, ao lugar mais alto no próprio Céu.

A Alegria De Compartilhar A Presença E Glória Do Pai

O escritor de Hebreus dificilmente poderia nos dar uma explicação mais clara da motivação
que levou Cristo à cruz do Calvário: Ele fez isso pelo gozo que Lhe estava proposto. Mas,
o que era aquela alegria que tanto comoveu o Filho de Deus? Era primeiramente, e acima
de tudo, a alegria de retornar à presença de Seu Pai e de compartilhar a glória de Seu Pai,
uma glória que era Sua, antes da fundação do mundo. Foi uma grande tribulação para o
Filho de Deus deixar a morada de Seu Pai no Céu, e uma aflição infinitamente maior su-
portar o pecado de Seu povo e ser desamparado, mesmo abandonado por Deus em lugar
deles. Ele suportou tais agonias indescritíveis, e até mesmo desprezou-as, porque Ele
olhou para a futura esperança de mais uma vez habitar com o Pai, e regozijar-Se, mesmo
deleitar-Se em Sua presença.

1. O que o Salmo 16:9-11 nos ensina sobre a verdade esboçada na introdução acima?
Com base neste texto, descreva a alegria que levou Cristo à cruz e O sustentou em meio
ao sofrimento indescritível.

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Notas de Estudo

Salmo 16:9-11. Em Atos 2:25-30 e Atos 13:33-37, tanto Pedro e Paulo aplicam estas
palavras de Davi a Cristo e Sua ressurreição. “Portanto está alegre o meu coração e se
regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura”. Cristo enfrentou a cruz
com uma forte alegria de coração e uma grande confiança. “Pois não deixarás a minha
alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. A razão para tal confiança
foi a promessa da ressurreição. Deus havia prometido não deixar Cristo na sepultura, mas
ressuscitar-Lhe dentre os mortos. “Far-me-ás ver a vereda da vida”. Matthew Poole escre-
ve: “Tu me levantarás da sepultura, e Me conduzirás ao lugar e estado de felicidade eterna”
(Salmo 16:11). Albert Barnes escreve: “Embora Ele devesse morrer — descer às regiões
dos mortos, e deitar-Se no túmulo escuro —, contudo havia um caminho, novamente, para
o mundo dos vivos, e esse caminho seria apontado para Ele por Deus. Em outras palavras,
Ele não sofreria permanecer entre os mortos...” (BN, Salmos, Vol. 1, p. 133). “Na tua
presença há fartura de alegrias”. O “gozo que Lhe fora proposto” e que motivou-O a suportar
todas as coisas relacionadas com a Sua encarnação e sofrimento, era que Ele voltaria para
a própria presença de Deus no Céu e para a plenitude da alegria e deleites eternos que são
encontrados ali. Isaías profetizou “o lugar do seu repouso será glorioso” (11:10). Albert
Barnes escreve: “Não alegria parcial; não alegria imperfeita; não alegria misturada com dor
e tristeza; não alegria que, embora, por si só verdadeira, não satisfaz os desejos da alma...,
mas a alegria completa, satisfatória, pura, sem nuvens, sem mistura com qualquer coisa
que diminuiria a sua plenitude ou o seu resplendor; alegria que não será diminuída...” (BN,
Salmos, Vol. 1, p. 133). John Gill escreve: “Cristo, sendo ressuscitado dentre os mortos,
subiu ao céu, e foi recebido na glória na presença de Seu Pai, e é glorificado com Ele
mesmo, com a Sua gloriosa presença, pelo que Ele orou (João 17:5); e isso enche a Sua
natureza humana com plenitude de alegria, um gozo indizível e cheio de glória” (EONT, Vol.
3, p. 585). “À tua mão direita há delícias perpetuamente”. John Gill escreve: “Cristo, tendo
entrado no Céu, está assentado à destra de Deus em natureza humana, uma honra que
não é conferida a nenhum dos anjos (Hebreus 1:13); onde o homem Jesus Cristo é infinita-
mente deleitado com a presença de Deus, as alegrias celestes que nunca desvanecem, a
companhia dos anjos e santos glorificados” (EONT, Vol. 3, p. 585).

Alegria Do Filho Na Presença Do Pai

Charles Spurgeon escreve: “Cristo, ressuscitado dentre os mortos subiu para a glória, para
habitar na proximidade constante com Deus, onde a alegria está em Sua plenitude para
sempre: A previsão disso impulsionou-Lhe em Seu glorioso, mas doloroso labor” (TD
[Treasury of David: Tesouro de Davi], Vol. 1, p. 197).

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Stephen Charnock escreve: “Esta é uma parte da alegria da alma de Cristo; Ele tem agora
a plenitude da alegria, um prazer satisfatório em vez de uma tristeza esmagadora; a ‘pleni-
tude da alegria’, não apenas algumas faíscas e gotas como Ele tinha agora e, então, em
Sua condição humilhada; e isso, na presença de Seu Pai. Sua alma é alimentada e nutrida
com uma visão perpétua de Deus, em cujo rosto Ele contempla não mais carrancas, não
mais propósitos de tratá-lO como um servo, mas aqueles sorrisos que devem dar uma
sucessão perpétua de alegria a Ele, e encher a Sua alma com chamas frescas e puras. Em
comparação com estes deleites as maiores alegrias desta vida são angústia e horror. Sua
alma tem alegrias, prazeres sem mistura, sem número, a plenitude, sem escassez, uma
constância sem interrupção, e uma perpetuidade sem fim” ([Citado por Spurgeon em]
Treasury of David, Vol. 1, p. 209).

Jonathan Edwards escreve: “Cristo desde a eternidade está, por assim dizer, no seio do
Pai, como o objeto de Sua infinita complacência. NEle está a felicidade eterna do Pai. Antes
que o mundo existisse, Ele estava com o Pai, no gozo de Seu amor infinito; e tinha deleite
infinito e bem-aventurança naquele gozo; como Ele declara sobre Si mesmo em Provérbios
8:30: ‘Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as suas delícias,
alegrando-me perante ele em todo o tempo’. E quando Cristo subiu ao Pai depois da Sua
paixão, foi para Ele, para o gozo da mesma glória e bem-aventurança no gozo do Seu
amor... O amor que o Pai tem por Seu Filho é realmente grande: a Divindade, por assim
dizer, total e plenamente flui uma corrente de amor a Cristo; e a alegria e o prazer de Cristo
são proporcionalmente grandes. Este é o fluxo de delícias de Cristo, o rio do Seu prazer
infinito” (Obras, Vol. 2, p. 29).

2. No Salmo 16:9-11, aprendemos que foi a esperança da futura alegria na presença do


Pai que levou o Filho a suportar a cruz. Nos seguintes textos, nós aprenderemos que
parte dessa alegria era a glorificação ou exaltação do Filho ao lugar que era Seu por
direito, mesmo antes da fundação do mundo. Escreva seus pensamentos sobre esses
textos.

João 17:4-5.
João 17:24.

Notas De Estudo

João 17:4-5. “Eu glorifiquei-Te na terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer”.
Cristo glorificou a Deus sobre a terra em duas formas específicas: (1) Ao revelar Deus aos
homens (v. 6); e (2) por Sua obediência à vontade do Pai. João Calvino escreve: “Ele
completou todo o curso da Sua vocação” (CC, Vol. 18, p. 168. “E agora glorifica-Me tu, ó

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Pai, junto de Ti mesmo”. Jonathan Edwards escreve: “A glória do Pai e do Filho é falada
como a finalidade da obra da redenção” (Obras, Vol. 1, p. 110). João Calvino escreve: “Ele
deseja ser glorificado com o Pai, não que o Pai O glorifique secretamente, sem testemu-
nhas, mas que, tendo sido recebido no Céu, Ele possa conceder uma magnífica demonstra-
ção de Sua grandeza e poder, de modo que cada joelho dobre-se diante dEle (Filipenses
2:10)” (CC, Vol 18, p 169). Por que Cristo busca essa glória para Si mesmo? As seguintes
razões devem ser consideradas: (1) Ele desejou tanta glória, porque esta era Sua por
direito. João Calvino escreve: “Ele não deseja nada que não pertença estritamente a Ele”
(CC, Vol. 18, p. 169). Matthew Henry escreve: “Veja com que a confiança Ele espera aquele
gozo estabelecido diante dEle... este não pode ser negado a Ele... Havia tal valor infinito no
que Cristo fez para glorificar ao Seu Pai que Ele mereceu justamente todas as glórias de
Seu estado exaltado. Se o Pai foi um ganhador em Sua glória pela humilhação do Filho,
era apropriado que Filho não fosse perdedor por meio dele” (MHC, Vol. 5, p. 1153-1154).
(2) Ele desejou tanta glória, porque Ele também glorificaria o Pai. Em João 13:31, Jesus
declarou: “Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nEle”. (3) A glória de
Cristo é a alegria dos santos. O santo não terá maior privilégio no Céu do que contemplar
a formosura do Filho exaltado e glorificado. “Com aquela glória que tinha conTigo antes que
o mundo existisse”. Esta é uma forte prova da preexistência e Divindade do Filho. Ele
desejava ter de volta aquela glória que Ele tinha deixado para trás (Filipenses 2:5-11). John
Trapp escreve: “Nosso Salvador, então, não é um Deus ambicioso” (João 17: 5). João
Calvino escreve que Cristo desejou que “a majestade Divina, que Ele sempre possuiu, fosse
agora demonstrada ilustrativamente na Pessoa do Mediador, e na carne humana com que
Ele estava revestido” (CC, Vol. 18, p. 169). Matthew Henry escreve: “Ele ora para que até
mesmo a Sua natureza humana seja promovida para a maior honra que fosse capaz, Seu
corpo a corpo glorioso; e a glória da Divindade fosse agora manifestada na Pessoa do
Mediador, Emanuel, o Deus-homem” (MHC, Vol. 5, p. 1153). Albert Barnes escreve: “Ele
agora ora para que Deus exalte-O até a dignidade e a honra que Ele tinha antes de Sua
encarnação. Este é o estado a que Ele está agora exaltado, com a honra adicional de ter
realizado a expiação do pecado, e ter aberto o caminho para salvar uma raça de rebeldes
da morte eterna” (BN, João, p. 355).

João 17:24. “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam
comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da
fundação do mundo”. A palavra “quero” vem da palavra grega thélo que pode ser traduzida
como “desejar”. Este tem sido chamado de última vontade e testamento de Cristo por Seu
povo. John Trapp escreve: “Cada palavra é cheia de vida e alegria. Eu não desejaria (diz o
Sr. Baxter) por todo o mundo que este único verso fosse deixado de fora da Bíblia” (CONT,
Vol. 5, p. 406). O Pai ama o Filho e não vai responder-Lhe com relutância ou escassamente,
mas em abundância. “Que me deste”. Aqui encontramos um grande motivo para a Divina

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obra salvadora entre os homens pecadores: Ele é movido a salvá-los não por causa de
algum mérito encontrado neles, mas para dar-lhes a Seu Filho. Ao longo dos tempos, Deus
salvou e transformou uma multidão incontável dentre a raça caída de Adão para que Ele
possa dar-lhes como um presente a Cristo (Veja também: João 3:35; 6:37, 39; 10:27-30).
“Também eles estejam coMigo, para que vejam a Minha glória que Me deste”. Cristo revela
agora o grande motivo por trás de Sua petição: Ele pediu que Seu povo pudesse ver o Seu
esplendor eterno, a plenitude de Suas excelências, perfeições, beleza e poder. O Filho
deseja ser glorificado porque Ele é Deus, e é correto que Ele seja glorificado. Evitar essa
glória seria negar Sua Divindade. O Filho deseja que a Sua glória seja vista por Seu povo,
porque a coisa mais amorável e graciosa que Ele poderia fazer por eles e o maior privilégio
que Ele poderia conferir-lhes seria permitir-lhes a entrada na Sua presença para que
contemplem a plenitude de Sua glória. John Owen escreve: “É evidente que nesta oração,
o Senhor Jesus Cristo refere-Se à Sua própria glória e à manifestação da mesma. Mas
aqui, Ele não está tanto preocupado com a Sua própria glória quanto Ele está pelo proveito,
benefício, satisfação e bem-aventurança de Seus discípulos, na contemplação de isso...
Desta forma José encarregou seus irmãos, quando ele havia se revelado a eles, que eles
deveriam dizer ao pai sobre toda a sua “glória no Egito” (Gênesis 45:13). Isso ele fez, e não
para uma ostentação de sua própria glória, mas para a satisfação que ele sabia que seu
pai teria no conhecimento disso. E tal manifestação de Sua glória aos Seus discípulos o
Senhor Jesus Cristo deseja aqui, para encher-lhes com satisfação bendita para sempre”
(Obras, Vol. 1, p. 286). “Porque Tu Me amaste antes da fundação do mundo”. O Pai busca
a glória do Filho por causa de Seu amor eterno e paternal por Ele. John Gill chama-lhe de
um “amor antigo” (EONT, Vol. 8, 91 p.). O Pai criou o universo e ordenou a salvação de
uma multidão a partir da massa da humanidade caída, porque Ele ama Seu Filho e busca
a Sua glória. Por meio de Sua encarnação, vida perfeita, cruz e ressurreição, a porta foi
aberta para o Filho obter a maior glória para Si mesmo. Ele tem “em tudo tenha a preemi-
nência” (Colossenses 1:18), e todas as coisas no Céu e na terra foram “congregadas” nEle
(Efésios 1:10). Tudo isso tem sido realizado de acordo com a benevolência e perfeita
satisfação do Pai.

A Alegria De Adquirir Um Povo Redimido

Até agora, nós aprendemos que Deus o Pai ama o Seu Filho acima de tudo e ordenou todas
as coisas para a Sua glória e por benevolência. Assim, antes da fundação do mundo, Deus
ordenou salvar um povo dentre a multidão da humanidade pecadora para que eles sejam
para a glória, honra e louvor do Filho. De acordo com a vontade do Pai, e tendo em
consideração esta alegria que Lhe fora proposta — a alegria de redimir um povo Seu próprio
— o Filho voluntariamente, mesmo com alegria, suportou tudo por Sua noiva e pela alegria
que ela acabaria trazendo a Ele. Por meio de Sua encarnação e morte, Ele garantiu uma

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grande congregação para Si mesmo de toda tribo, língua, povo e nação. Ele fez deles uma
fonte de contínua alegria, satisfação e glória por toda a eternidade.

Charles Spurgeon escreve: “Trazer Seus escolhidos para a felicidade eterna era a grande
ambição que O inspirou, e O fez percorrer um mar de sangue” (TD, Vol. 1, p. 197), Vol. 1,
p. 197).

Matthew Henry escreve: “A salvação das almas é uma grande satisfação para o Senhor
Jesus. Ele considerará todos os Seus sofrimentos bem proveitosos, e Ele mesmo
abundantemente recompensado, se os muitos filhos forem, por meio dEle, trazidos pela
graça para a glória. Que Ele tenha isso, e Ele tem o suficiente. Deus será glorificado, crentes
arrependidos serão justificados e, então, Cristo estará satisfeito” (MHC, Vol. 4, p. 308).

1. No Salmo 2:8, o que o Pai promete ao Seu Filho? Explique como esta promessa era
um aspecto da “alegria que Lhe fora proposta”, e que O levou a entregar Sua vida na
cruz do Calvário?

2. As seguintes passagens das Escrituras ilustram ainda mais as verdades reveladas no


Salmo 2:8, que o Filho deixou as glórias do Céu e abraçou a cruz para que pudesse
redimir um povo para a Sua própria glória e alegria. Escreva seus pensamentos sobre
esses textos: Isaías 53:11; Isaías 62:5; Lucas 15:10.

Notas De Estudo

Salmo 2:8. Este Salmo é atribuído a Davi (Atos 4:25), e é frequentemente citado no Novo
Testamento como tendo sido cumprido em Cristo (Atos 4:25-27; 13:33; Hebreus 1:5). Ele
foi considerado por muito tempo um salmo Messiânico. “Pede-Me, e Eu te darei os gentios
por herança, e os fins da terra por Tua possessão”. Com relação a Davi, esta promessa
refere-se à sua posse da terra prometida e a sujeição das nações. No que diz respeito ao
Filho de Deus, o salmo se refere ao Seu governo sobre toda a criação e o ajuntamento de
um povo para Si mesmo de toda tribo, língua, povo e nação. Deus foi movido a salvar as
nações, não por causa de algum mérito ou virtude que Ele descobriu neles, mas para que
Ele pudesse dar um povo redimido como herança ao Seu filho, por Sua alegria, beneplácito
e glória. Charles Spurgeon escreve: “Em grandes festas muitos monarcas têm sido
conhecidos por dizerem ao seu favorito: ‘Peça o que eu te darei, e nada te será negado no
dia de hoje’. Desta forma, o grande Pai diz ao Seu glorioso Filho, o Príncipe da Paz, ‘Pede-
Me, e Eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por Tua possessão’. O Pai
solicita que Ele abra a boca, e peça um domínio sem limites. Ele Lhe dará nações distantes,
sim, e toda a terra para ser o Seu reino” (MTP, Vol. 26, p. 253-254). John Gill escreve:
“Estes são dados a Ele como Sua herança e possessão, como Sua porção, para serem

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apreciados por Ele; e Ele os estima, como tal, e reconhece-os como uma formosa herança,
e um tesouro peculiar, Suas joias, e a menina dos Seus olhos” (EONT, Vol. 3, p. 531). Cristo
entregou a Si mesmo na cruz com a esperança da certeza que o Seu trabalho não seria
em vão e Sua recompensa não seria escassa. A graça soberana faria o Filho receber a Sua
recompensa. Deus prometeu a Abraão, Seu servo: “Olha agora para os céus, e conta as
estrelas... Assim será a tua descendência” [Gênesis 15:5]. Se Deus fez tal promessa ao
Seu servo que creu, quanto maior é aquela promessa a Seu Filho que obedeceu até à morte
e morte de cruz!

Isaías 53:11. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhe-
cimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre
si”. A obra do Messias seria marcada pelo sofrimento intenso por carregar as iniquidades
do Seu povo e a ira de Deus. A palavra “trabalho” vem da palavra hebraica `amal que denota
trabalho cansativo, labuta, aflição e angústia. Albert Barnes escreve que a palavra refere-
se, “ao árduo e cansativo labor e aflição envolvidos na obra da redenção, como o que
exauriu os poderes do Messias como um homem, e afundou-O até a sepultura” (BN, Isaías,
Vol. 2, p. 281). “Ele verá”. Uma declaração poderosa. A obra do Messias não seria em vão.
Ele a veria até a sua consumação. Ele a realizaria e Se alegraria, mesmo Se deleitaria, em
sua recompensa: a justificação de “muitos”. João Calvino escreve:” Ele [i.e. Isaías] declara
que Cristo, depois de ter sofrido, obterá o fruto da Sua morte na salvação dos homens.
Quando ele diz: ‘Ele verá’, podemos fornecer as palavras, “Fruto e Eficácia” (CC, Vol. 8-4,
p. 126). “E ficará satisfeito”. O Messias seria completamente satisfeito em Sua realização.
A palavra “satisfeito” vem da palavra hebraica saba que significa ser satisfeito, saciado ou
pleno; alguém ter plenitude ou ter em excesso. Matthew Poole escreve: “Ele estimará a Sua
própria glória e de Seu Pai, e a salvação de Seu povo, uma recompensa abundante por
todos os Seus sofrimentos” (Isaías 53:11). João Calvino escreve: “Isso é repleto da mais
doce consolação; pois Isaías não poderia ter melhor expresso o amor infinito de Cristo por
nós do que ao declarar que Ele tem o maior prazer em nossa salvação, e que Ele descansa
nisso como o fruto de Seu trabalho, e que Aquele que obteve o Seu desejo descansa
naquilo que Ele mais ardentemente desejou; pois, nenhuma pessoa pode ser dito ser
satisfeita, senão aquela que obteve o que desejava tão ardentemente a ponto de ignorar
todo o restante e ficar satisfeito com aquilo somente” (CC, Vol. 8-4, p. 126-127). John Gill
escreve: “Ora, o fruto de tudo isso Ele vê com prazer indizível, e, o que dá a Ele uma
satisfação infinita; a saber, a redenção completa de todos os eleitos, e a glória das
perfeições Divinas demonstradas nisso, bem como a Sua própria glória, em consequência
disso; ... Como uma mulher, depois que ela dá à luz, e as dores agudas são terminadas,
tendo trazido à luz um filho, olha para ele com alegria e prazer, e é satisfeita, e se esquece
de sua anterior dor e angústia; assim também Cristo, depois de todos os Seus sofrimentos
e aflições, vê um grande número de almas regeneradas, santificadas, justificadas e trazidas

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para o Céu, em consequência deles, o que é uma visão mui agradável e satisfatória a Ele”
(EONT, Vol. 5, p. 316). Jonathan Edwards escreve: “Ele vê o trabalho de Sua alma, ao ver
a Sua semente, os filhos trazidos como resultado de Seu trabalho de parto. Isto implica que
Cristo tem o Seu prazer, mais verdadeira e propriamente, em obter a salvação de Sua
Igreja, não meramente como um meio, mas como no que Ele Se alegra e está satisfeito,
mais direta e propriamente” (Obras, Vol. 1, p. 114).

Isaías 62:5. “...como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus”. A
linguagem mais íntima é empregada aqui para comunicar a natureza e extensão da alegria
de Cristo na noiva que Ele redimiu para Si. Encontrou-a maldita, Ele a redimiu com Seu
sangue, Ele transformou-a pelo Seu poder, e Ele a apresenta a Si mesmo com alegria sem
limites. Matthew Henry escreve: “Isto é muito aplicável ao amor de Cristo por Sua igreja e
à complacência dEle em relação a ela, que aparece tão brilhantemente em Cânticos de
Salomão, e que será pleno no Céu” (MHC, Vol. 4, p. 364). John Gill escreve: “Cristo é o
Senhor, Deus de Sua igreja e povo; Emanuel, Deus conosco; e Ele está na relação de um
noivo para eles, e eles na relação de uma noiva dEle; e, como tal, Ele Se alegra com eles
com grande alegria, e isso para fazer-lhes bem; por isso Se alegrou neles desde toda a
eternidade, quando pela primeira vez foram desposados com Ele; E assim Ele faz no tempo,
na redenção: esta foi a alegria proposta a Ele, que O animou a levar a cruz, e desprezar o
seu opróbrio; ou seja, aqueles que seriam resgatados e salvos por Ele, e trazidos à glória;
Ele Se alegra com a conversão deles, e vai apresentá-los a Si mesmo com alegria no reino
espiritual e pessoal, e ao Seu Pai no último dia; e particularmente, o que se intenciona aqui,
haverá uma tal profusão de bênçãos sobre a Igreja no último dia, como o que mostrará
abundantemente a alegria de Cristo em Seu povo” (EONT, Vol. 5, p. 365).

Lucas 15:10. “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que
se arrepende”. O termo “diante dos anjos” é uma referência ao Céu, a morada de Deus
(veja o verso 7). A ideia principal não é que os anjos se alegram, mas que a alegria super-
abundante de Deus por causa da salvação de Seu povo transborda para todo o Céu e a
toda santa criatura que lá habita. “Por um pecador que se arrepende”. A relação entre
Hebreus 12:2 e este verso é claro. A alegria que foi proposta a Cristo e que O levou a dar
a Sua vida em resgate de muitos inclui a alegria de ver uma multidão de santos glorificados,
redimidos pelo Seu próprio sangue. Charles Spurgeon escreve: “Um pecador se arrepen-
deu, e todo o Céu deve ter dia festivo a seu respeito. Oh, irmãos, há alegria suficiente no
coração de Cristo sobre Seus salvos para inundar todo o Céu com deleite. As ruas do
Paraíso são cheias até os joelhos com as águas celestes da alegria do Salvador. Elas fluem
a partir da própria alma de Cristo e os anjos e espíritos glorificados banham-se no intenso
ribeiro” (MTP, Vol. 30, p. 526). Matthew Henry escreve: “Há sempre alegria no Céu. Deus
Se alegra em todas as Suas obras, mas particularmente nas obras de Sua graça. Ele Se

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regozija em fazer o bem aos pecadores penitentes, com todo o Seu coração e toda a Sua
alma. Ele Se regozija não somente na conversão de igrejas e nações, mas, mesmo por um
só pecador que se arrepende, embora, apenas um único” (MHC, Vol. 5, p. 741).

Ele Ficará Satisfeito


Por Edward Payson

“Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o
meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si”
(Isaías 53:11).

“Algum de nós já viu o que os anjos viram, quando o Filho de Deus deixou o seio de Seu
Pai, e trocou um trono no Céu por uma manjedoura na terra; se O tivéssemos visto
despojar-Se de Sua glória, esvaziando-Se da forma Deus, assumindo a forma de servo,
e aparecendo na Terra, à semelhança da carne do pecado, com o propósito declarado
de viver na pobreza, e morrer uma morte ignominiosa, agonizante, maldita — natural-
mente, teríamos sido levados a exclamar: ‘Que justo propósito Ele pode ter em vista?
Que motivo pode ser suficientemente poderoso para induzir tal Ser a fazer sacrifícios tão
grandes, a encontrar sofrimentos tão extraordinários!?’. Esta questão um apóstolo
parcialmente respondeu. Ele nos informou que Jesus Cristo suportou a cruz e desprezou
a vergonha por causa da alegria que Lhe fora proposta. No que consistia essa alegria,
podemos aprender com o capítulo diante de nós, e especialmente a partir de nosso texto.
Aqui é predito, que Ele verá o fruto do trabalho da Sua alma, ou seja, os frutos ou efeitos
de Seus sofrimentos, e ficará satisfeito. No contexto, somos informados o que estes
frutos serão. Ele, justificará a muitos, Ele verá a Sua posteridade, e o prazer do Senhor
prosperará na Sua mão. O gozo proposto a Ele, pelo que Ele suportou a cruz, despre-
zando a vergonha, foi, então, a alegria, o que resultaria de ver Seu Pai glorificado e os
pecadores salvos, em consequência de Sua encarnação, sofrimentos e morte. Isto,
nosso texto afirma, Ele verá, e a visão irá satisfazê-lO. Enquanto o contempla Ele sentirá
que Ele é amplamente recompensado por todos os Seus sacrifícios, labutas e sofri-
mentos...”.

“Nosso Redentor já tem visto muito do fruto dos Seus sofrimentos. O nosso mundo uma
vez estéril, regado por Suas lágrimas e Seu sangue, já produziu uma grande colheita de
justiça e salvação. Sua cruz, como a vara de Arão, brotou e floresceu, e começou a dar
precioso fruto incorruptível. A partir de Sua cruz fluiu todo o conhecimento religioso, toda
a real bondade, toda a verdadeira felicidade que existe entre os mortais desde a Queda.
Na cruz, que, como a escada vista por Jacó na visão, une o Céu e a terra, miríades de
seres imortais, que estavam afundando no abismo sem fundo, têm subido às mansões

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celestiais; outras miríades, agora vivas, estão seguindo-os na subida. Nos patriarcas,
profetas e os israelitas piedosos; nos apóstolos e outros pregadores primitivos do Cristia-
nismo; nos inúmeros convertidos, os quais por instrumentalidade deles, foram transpor-
tados das trevas para a luz; em todos os indivíduos verdadeiramente piedosos, que,
desde então, existiram dentre os homens; em todos os verdadeiros Cristãos, que agora
estão na terra, nosso Redentor tem visto os frutos de Seus sofrimentos. Em cada Cristão
verdadeiro agora presente Ele vê um desses frutos, vê uma alma que foi redimida da
miséria sem fim e desespero por meio de Seu sangue, e feito um herdeiro da glória,
honra e imortalidade. Então, quanto, quão muito, Ele já tem visto realizado, no cumpri-
mento da promessa diante de nós! Quantas almas imortais foram arrebatadas como
tições do fogo eterno! Quantos indivíduos foram instruídos, santificados, perdoados,
consolados e feitos mais do que vencedores, por meio dAquele que os amou! Quantas
famílias piedosas se alegraram juntas em Sua bondade; quantas igrejas foram planta-
das, regadas e feitas florescer! Quanta felicidade os membros de todas essas igrejas
têm na vida, na morte e no Céu! Que imensa, quase inumerável, multidão, de espíritos
felizes, redimidos dentre os homens, estão agora ao redor do trono de Deus e do Cordei-
ro! E mesmo enquanto eu falo, o número desses espíritos felizes, e a colheita que nasce
dos sofrimentos do Salvador estão aumentando. Mesmo enquanto eu falo pecadores em
diferentes partes do mundo estão vindo para o reino de Deus. Mesmo enquanto eu falo,
almas imortais, lavadas no sangue de um Salvador, santificadas pelo Seu Espírito e jus-
tamente feitas vitoriosas sobre o último inimigo, a morte, estão entrando Céu, a partir
dos quatros cantos da terra, e iniciam a sua canção eterna. Ora, Àquele que nos amou,
e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, a Ele glória e poder para todo o sempre.
Amém”.

“E enquanto o nosso três vezes bendito Redentor tem, assim, visto, e ainda vê a felici-
dade dos seres humanos aumentando em virtude de Seus sofrimentos, Ele também tem
visto, e ainda vê a glória de Deus aumentando igualmente. Ele tem visto milhões, que já
foram inimigos de Seu Pai, transformados em amigos; Ele tem visto milhões, que uma
vez cegamente adoravam deuses falsos, e que atribuíam a eles a glória da criação,
preservação e governo do mundo, convertidos de seus ídolos inúteis para adorarem o
único Deus vivo e verdadeiro, que fez o céu e a terra. Ele viu a lei de Seu Pai obedecida
e honrada por multidões, os quais, se não fosse por Ele, teriam continuado a pisoteá-la.
Ele tem visto dez mil vezes dez mil orações e atribuições de louvor, elevadas a partir do
mundo, o que, se não fosse por Sua interposição, nunca teriam haveria uma destas como
aceitáveis sacrifícios espirituais agradáveis ao Seu Pai. Ele viu o trono eterno cercado,
e Aquele que está sentado sobre ele adorado por quase incontáveis multidões, que uma
vez desonraram a Deus na terra, e que estavam prestes a blasfemar dEle no inferno. Em
suma, Ele tem visto Sua Religião voando em todo o mundo como nas asas dos anjos,

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espalhando bênçãos onde ela vai, e proclamando a paz na terra, boa vontade para com
os homens e glória a Deus nas alturas. Certamente, a previsão diante de nós já tem sido
parcialmente cumprida” (Obras Completas, Vol. 2, p. 152-154).

Por Que Deus Se Alegra Nos Redimidos


Por Edward Payson

“Que o infinito e todo-bendito Senhor, diante do qual todas as nações são como nada e
vaidade, deve regozijar-Se no arrependimento de um pecaminoso verme de pó, parece,
à primeira vista, estranho, e quase inacreditável. Porém, por mais estranho ou incrível
que pareça, é evidente, tanto a partir de Suas declarações e Sua conduta, que tal é o
fato... No entanto, é certo, que Deus não Se alegra no arrependimento dos pecadores
porque isso pode adicionar qualquer coisa à Sua felicidade ou glória essencial; pois Ele
já é infinitamente glorioso e feliz, e assim permaneceria mesmo que todos os homens na
terra, e todos os anjos no Céu corressem loucamente para o Inferno. Tem o Todo-
Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou algum lucro em que tu faças perfeitos os teus
caminhos? Não, nossa bondade não o alcança Ele, e quando tivermos feito tudo, nós
somos apenas servos inúteis. Por que então Deus Se alegra quando nos arrependemos?
Ele Se alegra:

1. Porque os Seus graciosos propósitos eternos e Seus compromissos com Seu Filho,
então, são cumpridos. Aprendemos com as Escrituras que todos os que se arrependem,
foram eleitos por Ele em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e dados a Ele como
Seu povo no Pacto da Redenção. Aprendemos também que Ele disse ao Seu Filho: “O
Teu povo será mui voluntário no dia do Teu poder”. Ele, portanto, Se alegra em vê-los
se arrependerem, como nos alegramos quando nossas promessas são cumpridas, e os
nossos propósitos favoritos realizados.

2. Deus Se alegra quando os pecadores se arrependem, porque trazê-los ao arrependi-


mento é a Sua própria obra. Esta é uma consequência do dom de Seu Filho, e é efetuada
pelo poder do Seu Espírito. As Escrituras nos informam que Ele Se alegra com todas as
Suas obras, e com razão Ele Se alegra nelas; pois elas são todas boas. Mas, se Ele Se
alegra em Suas outras obras, muito mais Ele pode alegrar-Se nesta, uma vez que é de
todas as Suas obras a maior, a mais gloriosa, e a mais digna dEle mesmo. Nessa obra,
a imagem de Satanás é apagada, e a imagem de Deus restaurada a uma alma imortal.
Nessa obra, um filho da ira é transformado em um herdeiro da glória. Nesta obra, um
tição de fogo é arrebatado do fogo eterno, e plantado entre as estrelas no firmamento do
Céu, para que ali brilhe com resplendor crescente para todo o sempre. Essa não é uma
obra digna de Deus, uma obra na qual Deus pode devidamente Se alegrar?

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3. Deus Se alegra com o arrependimento dos pecadores, porque proporciona-Lhe uma
oportunidade de exercer misericórdia e demonstrar o Seu amor a Cristo, perdoando-os
por amor a Ele. Cristo é Seu Filho amado, em quem Ele está sempre bem satisfeito. Ele
O ama como a Si mesmo, com um amor infinito; um amor que é tão inconcebível por
nós, como Seu poder criativo e a duração eterna. Ele O ama não somente por causa da
relação próxima e inseparável união que subsiste entre eles, mas pela perfeita santidade
e excelência de Seu caráter, e especialmente pela benevolência infinita que Ele demons-
trou em realizar e consumar a grande obra da redenção do homem. Como é a natureza
do amor manifestar-se em atos de bondade para com o objeto amado, Deus não pode,
senão desejar demonstrar o Seu amor por Cristo, e mostrar a todos os seres racionais o
quão perfeitamente Ele está satisfeito com o Seu caráter e conduta, como Mediador. A
fonte inesgotável de amor a Cristo, que enche Seu coração, está constantemente à pro-
cura de novos canais em que possa fluir e mostrar-se às criaturas. Como Davi perguntou:
‘Há ainda alguém que tenha ficado da casa de Saul, para que lhe faça benevolência por
amor de Jônatas?’ [2 Samuel 9:1], assim podemos conceber Deus como perguntando:
‘Há ainda algum pecador arrependido, a quem Eu lhe faça benevolência por amor de
Cristo?’. E quando um pecador é encontrado, Deus não pode deixar de estar satisfeito,
porque isso Lhe proporciona uma oportunidade para mostrar o Seu amor por Cristo,
concedendo perdão em virtude de Sua expiação e intercessão...

4. Deus Se alegra quando os pecadores se arrependem, porque Ele Se agrada de vê-


los escapar da tirania e das consequências do pecado. Deus é luz; santidade perfeita.
Deus é amor; pura benevolência. Tanto a Sua santidade e a Sua benevolência O levam
a Se alegrar quando pecadores escapam do pecado. O pecado é aquela coisa abominá-
vel que Ele odeia. Ele o odeia como uma coisa má ou maligna, e amarga ou destrutiva.
Na verdade, é ambos. É a peste, a lepra, a morte das criaturas racionais. O pecado
infecta e envenena todas as suas faculdades; mergulha-os nas mais baixas profundezas
da culpa e miséria, e contamina-os com uma mancha, que todas as águas do oceano
não podem lavar, que todos os fogos do Inferno não podem remover; a partir do que
nada pode purificá-los, senão o sangue de Cristo” (Obras Completas, vol. 3, p. 235-241).

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este estudo para trazer muitos
Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!

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 Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida  Pregação Chocante — Paul Washer
pelos Arminianos — J. Owen  Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon
 Confissão de Fé Batista de 1689  Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado
 Conversão — John Gill Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200
 Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs  Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon
 Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel  Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon
 Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon  Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.
 Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards M'Cheyne
 Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins  Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer
 Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink  Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon
 Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne  Sangue, O — C. H. Spurgeon
 Eleição Particular — C. H. Spurgeon  Semper Idem — Thomas Adams
 Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —  Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
J. Owen Owen e Charnock
 Evangelismo Moderno — A. W. Pink  Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de
 Excelência de Cristo, A — J. Edwards Deus) — C. H. Spurgeon
 Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon  Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.
 Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink Edwards
 Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink  Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina
 In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen
Spurgeon  Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
 Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A — Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.
Jeremiah Burroughs Owen
 Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação  Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
dos Pecadores, A — A. W. Pink  Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
 Jesus! – C. H. Spurgeon Downing
 Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon  Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
 Livre Graça, A — C. H. Spurgeon  Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
 Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield Claraval
 Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry  Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
 Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill no Batismo de Crentes — Fred Malone
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— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
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Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
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Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
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na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
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encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
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de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
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Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
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para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
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Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
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Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
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se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
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nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
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por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
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também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
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Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
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interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
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produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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