Você está na página 1de 155

CONSTITUIÇÃO

DOGMÁTICA.
MATÉRIA DE FÉ.
2

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA.
MATÉRIA DE FÉ.

2
AUTOR:PASTOR EMERSON HENRIQUE BRITTES
FORAMAÇÃO ACADEMICA: BACHAREL MESTRADO EM TEOLOGIA.PSICANÁLISE
CLINICA.PROCESSAMENTO DE DADOS
SECRETARIO E COFUNDADOR DA SOCIEDADE CATARINENSE DE PSICANALISE - SCP
JOINVILLE – SC – BRASIL – MARÇO DE 2018

Capa: Esta página (fólio 292), ricamente decorado, de introdução ao Evangelho segundo João
retirado do Livro de Kells.
3

PARTE I
Sobre este livro 05
Dedicatória 06
Agradecimento especial 07
Introdução 08
A Declaração de Chicago Sobre a Inerrância da Bíblia (1978) 09
Deus Palavra - Dei Verbum “Palavra de Deus” 13
3
A Bíblia pelo mundo 19
Análise sobre a quantidade de manuscritos Bíblicos em comparação com os clássicos 21
Inspiração, Revelação e iluminação 24
Inspiração verbal e plenária 24
O Verbo de Deus 28
É Deus quem revela 30
Notas adicionais sobre a Bíblia 34
A Septuaginta (LXX) ou versão dos setenta 36
Codex – Códice – Livro 40
Texto Massorético – TM 47
O Códice do Cairo dos Profetas 48
O Códice Or 4445 B 49
O Códice de Alepo 49
O Códice de Leningrado 49
TANACH ou TANAKH 52
Papiro de Nash 56
A oração Shemá Israel 57
A Bíblia em Português 59
As divisões da Bíblia 60
As divisões da Bíblia em capítulos e versículos 60
A personalidade da palavra de Deus 60
4

PARTE II
Cristologia, o estudo da pessoa de Cristo 73
A dogmática é matéria de fé 73
Concílios ecumênicos 83
1º Concilio ecumênico – Niceia 86
2º Concilio ecumênico – Constantinopla 89
3º Concilio ecumênico – Éfeso 93
4
4º Concilio ecumênico – Calcedônia 93
O Credo Niceno 95

Breve histórico dos debates conciliares 95

União hipostática de Cristo 97


A humanidade de Cristo. A vida terrestre do Messias 99

O paradoxo: homem e Deus, Jesus homem 102

Um corpo de carne para o verbo 107

Jesus Cristo, segundo Adão e homem novo 113

Identificado pela placa 114

Um pouco de história 117

A tumba de Herodes 120

O Ossuário de Tiago 123

A santidade de Jesus. A positiva santidade do Cristo 125


O Filho Unigênito 129
Os dois estados de Cristo – 1 º Humilhação 132

Kenosis, esvaziamento 136

Exposição de Filipenses 2:5-8 137

Atributos de Deus e de Jesus 137

Os dois estados de Cristo – 2º Exaltação 141

Jesus foi ao inferno? 143


5

O Despertar e a saída do túmulo 146

As aparições do Cristo ressuscitado 147

Ofícios de Cristo 148

A Culpa 153

Cristo pré-encarnado 159

Conclusão 164
5
6

Sobre este livro

Obra redentora do Espírito Santo não se limitou ao espaço – tempo da obra


apostólica, foi nos deixada uma herança histórico-profético que lançou a base
Adoutrinária que é retransmitida ao mundo com o aperfeiçoamento da igreja para
cada momento histórico. Deste tema ocupasse este livro. Contudo, negamos que se
possa rejeitar a Inerrância Bíblica sem graves conseqüências, quer para o indivíduo
quer para a Igreja. Este livro não pretende ser uma resposta final sobre temas tão
profundos e importantes. Também não é um escrito tendencioso, polemico nem 6
mesmo defensor de denominação religiosa em particular em detrimento de outra.
Qualquer que seja a denominação religiosa do leitor, ele encontrará grande proveito e
satisfação com o que encontrará nestas páginas. Defendendo o cristianismo, mas
reconhecendo que diante da dignidade de Deus e da grandiosidade de sua Santa
Palavra estou pessoalmente aquém e este tratado em falta permanente neste labor,
reconheço que toda obra humana é só trabalho preparatório e um livro teológico o é
ainda mais que qualquer outra obra precária, provisória, contextual e temporal; pois
só conhecemos em parte, mas grande é o Senhor que nos iluminará na senda do saber
até a sua vinda. É a defesa da fé exercida por todo aquele que crê e dos que ainda
virão a crer em Deus e no seu projeto para toda a humanidade que me anima a
escrever. A história nos ajudará a entender o mundo, as realizações humanas, as
gerações que declaram a outras gerações os feitos do Senhor nosso Deus e as
profecias Bíblicas. Assim também a história nos auxiliará pelos caminhos da fé para
conhecer um pouco a construção da CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DA NOSSA FÉ. Os
dogmas, as doutrinas da fé cristã foram construídas no tecido da história das gerações
de adoradores em todos os tempos. Não existe doutrina à parte da história da fé, por
sua vez o fortalecimento da fé cristã está construído pelos trilhos dogmáticos do
ensino das Escrituras sobre a pessoa principal do cristianismo, O Senhor Jesus Cristo,
nosso mestre e salvador. A nossa firme constituição de fé se tornou dogma, conceito e
doutrina que perdura até os nossos dias. Como isto aconteceu? Como cremos no que
cremos sobre a Bíblia, Deus, Jesus e o Espírito Santo? Como isto tem afetado a nossa
vida de fé, religião, nossos conceitos sobre a vida pelos séculos até os dias atuais?
Creio que esta literatura será útil para aplicar na Escola Bíblica, no Seminário, como
fonte e consulta para pesquisa para os sermões e claro na sua meditação diária. Faça a
sua consideração com oração e estude com fé. Foi produzido com amor, suor com
ajuda de Deus. Aproveite bem!
Toda Honra e Glória a Deus!
O Autor.
7

DEDICATORIA

Ao único Deus.
8

PARTE I
INTRODUÇÃO
DEUS, sendo Ele Próprio a Verdade e falando somente a verdade, inspirou as Sagradas
Escrituras para revelar-Se à humanidade perdida, e através de JESUS CRISTO, como Criador e
Senhor, Redentor e Juiz as Escrituras Sagradas fossem o testemunho de DEUS sobre Si
mesmo. O Divino não pode de maneira nenhuma ser colocado no mesmo nível com qualquer
coisa humana ou temporal, esta pode apenas apontar na direção Daquele.
8
As Escrituras Sagradas, sendo a própria Palavra de DEUS, escrita por homens
preparados e supervisionados por Seu ESPÍRITO, possuem autoridade divina infalível em
todos os assuntos que abordam; deve ser crido, como instrução divina, em tudo o que
afirmam; obedecidas, como mandamento divino, em tudo o que determinam; aceitas, como
penhor divino, em tudo que prometem.
O ESPÍRITO SANTO, seu divino Autor, ao mesmo tempo nos confirma através de Seu
testemunho interior e abre nossas mentes para compreender seu significado. Tendo sido na
sua totalidade e verbalmente dadas por DEUS, as Escrituras não possuem erro ou falha em
tudo o que ensinam, quer naquilo que afirmam a respeito dos atos de DEUS na criação e dos
acontecimentos da história mundial, quer na sua própria origem literária sob a direção de
DEUS, quer no testemunho que dão sobre a graça salvadora de DEUS na vida das pessoas.
A autoridade das Escrituras ficaria inevitavelmente prejudicada, caso essa Inerrância
divina absoluta seja de alguma forma limitada ou desconsiderada, ou caso dependa de um
ponto de vista acerca da verdade que seja contrário ao próprio ponto de vista da Bíblia; e tais
desvios provocam sérias perdas tanto para o indivíduo quanto para a Igreja.
Deus inspirou as Escrituras sagradas com o propósito de revelar a Si mesmo para a
humanidade. O objetivo é que as Escrituras fossem o testemunho verdadeiro de Deus sobre
Si mesmo aos humanos, sua criação. O desejo de um pai em ser amado, reverenciado,
reconhecido e respeitado pelos seus filhos, dando-lhes a grata oportunidade de conhecer as
suas origens, seu propósito, sustento, manutenção, futuro e de que nunca estaríamos sós na
imensidão deste universo que nos mostra a grandeza do nosso criador, em que nos é
impossível saber onde começa e onde termina; esta é mais uma prova da magnitude e
majestade e poder infinito do grande arquiteto do universo.
A origem e a direção das Escrituras são de Deus, que também nos dá o testemunho de
Cristo e sobre a graça salvadora na vida dos habitantes do planeta Terra.
A autoridade das Escrituras de Deus estaria comprometida se Deus houvesse inspirado
mentiras, delírios, fantasias e enganos, erros e apresentasse uma proposta falsa de
redenção, restauração, amizade e salvação para a humanidade que não fosse o próprio
Cristo.
9

Por tanto afirmamos que Deus sendo a própria verdade fale somente a verdade. Ele
mesmo é o penhor e a garantia divina em tudo o que prometem as Escrituras, a maior prova
desta garantia está em ter enviado o seu primogênito, nosso fiador, para por nós dar a sua
vida, consumando em si mesmo a certeza e a convicção de que as ações e palavras e
promessas de Deus, o criador, em Cristo tem o Amém o “assim seja”. Cristo, com sua vida
terrestre, morte e ressurreição assinou com seu próprio sangue a verdade e imutabilidade,
dando testemunho do amor que há em Deus e em tudo o que Ele disse e fez registrar nas
Escrituras de Deus para nosso acesso ao Pai. (2º Coríntios 1:20-21).
Na exposição do texto sagrado no livro de Hebreus 6:13-14 notamos claramente a
repetição da disposição divina registrada no livro de Genesis 22:15-17: 9

Hebreus 6: 13Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si mesmo, tendo em vista
não haver outro maior por quem jurar; 14e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e
farei numerosos os seus descendentes”.
Genesis 22: “...chamando Abraão, 16e declarou: “Juro por mim mesmo, Palavra de Yahweh:
porquanto me ofereceste este gesto, não me negando teu filho amado, o teu único filho,
17Esteja convicto de que Eu te cumularei de bênçãos, Eu te confirmarei uma posteridade tão
numerosa quanto as estrelas do céu e quanto a areia que se espalha pelas praias do mar...”
Observando estes dois textos verificamos que a fé de Abraão ao apresentar Isaque como
oferta à Deus era algo tão real e verdadeiro e ele estava tão convicto e confiante neste Deus
poderoso que tornou a promessa feita por palavras ditas sobre dar para Abraão um filho,
transformando estas palavras em substância, foi capaz de trazer a existência um ser humano
que antes vivia apenas nos pensamentos de Deus e na esperança contida no coração de Sara
e Abraão que já se consideravam pais de uma criança que ainda não existia na realidade, não
era palpável, nem vista, quanto a palavra e a promessa que Deus fez a Abraão eram
verdadeiras, que mesmo que este filho morresse o Deus que trouxe a existência aquela
pessoa seria capaz também de trazer-lhe de volta dos mortos, uma prefigura do próprio filho
do Deus de Abraão. A verdade daquilo que Deus disse a Abraão foi tão profundo que gerou
uma fé correspondente que os levou a receber a existência de uma criança que não existia; a
isto chamamos fé. Verificamos que Deus jurou unicamente por si mesmo, pois não havia e
nunca haverá outro maior que Deus. Ele é o único que não tem ninguém acima dele, ele é
absoluto e único, verdadeiro e imutável, sendo ele mesmo a garantia de que cumpriria o que
havia declarado e o único capaz de fazê-lo realizar-se; sendo isto uma verdade absoluta,
crível, infalível e real. Um pensamento também é real, no entanto não podemos ver o
pensamento, mas isto não significa que o pensamento não é real. No entanto apenas Deus
tem o poder de tornar o pensamento em substância e vida. Verificamos a expressão: tenha
certeza, esteja convicto, pronunciada por Aquele que fez a promessa. E o que é a certeza? A
resposta está em Hebreus 11:1-2
Hebreus 11: 1Ora, a fé é a certeza de que haveremos de receber o que esperamos, e a prova
daquilo que não podemos ver. 2Porquanto foi mediante a fé que os antigos receberam bom
10

testemunho. 3Pela fé compreendemos que o Universo foi criado por intermédio da Palavra
de Deus e que aquilo que pode ser visto foi produzido a partir daquilo que não se vê.
E a certeza é a fé, a convicção, “o esteja certo” e o amém; e a fé é esta certeza absoluta que
Aquele que declarou fará realizar, pois foi a palavra proferida por Deus a prova e a garantia
da realização e concretização do que foi dito por ele mesmo. Novamente verificamos que até
mesmo o universo (as coisas visíveis), veio à existência pela palavra de Deus, ou seja, a partir
do que não se vê (Haja...). Antes de haver qualquer substância o mundo e tudo o que há no
universo, os seres vivos e nós, tudo já estava nos pensamentos de Deus, inclusive o plano da
salvação. Bastou Deus falar, dar a ordem, para que tudo que se vê, mas, não existia viesse a
tornar-se realidade, este fato é tão real quanto você que está lendo é uma pessoa de 10
verdade. Veja estes textos:
1ª Pedro 1:20 – conhecido, de fato, antes da criação do mundo, porém revelado nestes
últimos tempos em vosso favor.
João 17:5 – E agora, Pai, glorifica-me junto a Ti, com a glória que Eu tinha contigo antes que
o mundo existisse. Jesus ora ao Pai pelos discípulos
Apocalipse 13:18: - E todos os habitantes da terra adoraram a besta. São eles os que não têm
os nomes escritos no Livro da Vida que pertence ao Cordeiro, que foi morto antes da criação
do mundo.
Tendo isto em mente, agora sabemos que não há outro Deus, há somente Yahweh; todos os
outros são apenas reflexos das mentes pervertidas dos homens, o que o único Deus chama
de idolatria, algo que Ele detesta, pois o ofende, assim como um filho que dá honra a outro
que não o gerou desprezando seu verdadeiro pai, adota um falso pai, mentido para si mesmo
e desonrando a Deus.
Notamos que Deus prometeu a Abraão uma descendência numerosa, uma nação que sairia
dele e daria a estes descendentes uma terra em que habitariam, sob uma bandeira e
legislação, tendo um território próprio e unido ao único Deus. Sabemos que esta promessa
se concretizou, e que muitas civilizações se ergueram e desapareceram, mas Israel continua
como prova e testemunho de que há Deus e que Ele zela por seu povo e por sua palavra que
é verdadeira.
1ª Samuel 15:29: Aquele que é a Glória de Israel não falta com a verdade nem muda seu
propósito, pois não é um ser humano para que se arrependa do que aprova.
Tito 1:2-3: - fé e conhecimento que se fundamentam na esperança da vida eterna, a qual o
Deus que não mente prometeu antes da criação do mundo. 3No devido tempo, ele trouxe à
luz (trouxe a existência) sua Palavra (João 1:14), por meio da pregação que me foi confiada
por determinação de Deus, nosso Salvador,
Malaquias 3:6: - Em verdade, Eu, Yahweh, o SENHOR, não mudo; por essa razão, vós, ó filhos
de Jacó, não sois completamente destruídos.
11

Tiago 1:17: - toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes,
em quem não há oscilação como se vê nas nuvens inconstantes.
Isaías 46:4: - Eu serei o mesmo até quando os vossos cabelos brancos chegarem e ainda na
idade avançada Eu vos sustentarei; Eu vos criei e vos conduzirei; sim, Eu vos levarei e vos
livrarei.
Números 23:19: - Deus não é ser humano, para que minta.
Isaías 38:8 - Este é o sinal de que Yahweh fará o que empenhou sua palavra: 8Farei a sombra
do sol retroceder os dez graus que ela já cobriu na escadaria de Acaz. E a luz do sol, de fato,
voltou os dez graus que tinha avançado sobre os degraus. 11

Isaías 45:23 - Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo e a minha
Palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.
Isaías 45:21b - Porventura, não o fiz Eu, Yahweh? Pois não há outro Deus, senão Eu; Deus
justo e Salvador não existe outro além de mim.
Isaías 45: 5-6: Eis que Eu Sou Yahweh, o SENHOR, e não existe nenhum outro; além da
minha pessoa não há Deus! 6Para que saibam todos, que do nascente ao poente, não há
ninguém além de mim. Eu Sou o Eterno, e não existe nenhum outro!
Naum 1:2 - 2Eis que Yahweh é Deus zeloso, ciumento e vingador! Yahweh, o SENHOR, não
tolera outros deuses e age como terrível vingador contra toda idolatria. Em seu furor e
indignação Yahweh executa sua vingança contra todos os seus adversários!
Isaías 41:4 Quem fez e agiu desta maneira? Quem chamou as gerações desde o princípio? Eu,
Yahweh, que sou o primeiro e sou o mesmo com os últimos.
Êxodo 3:14 - Então afirmou Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou. E deveis dizer aos filhos de
Israel: Eu Sou me enviou a vós outros!” 15Disse Deus ainda mais a Moisés: “Assim dirás aos
filhos de Israel: ‘Yahweh, o Deus de vossos antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque e o Deus de Jacó me enviou até vós. Esse, pois, é o meu Nome eternamente, e assim
serei lembrado de geração em geração!
É desta sublime personalidade divina que deriva e têm origem as Escrituras e são nas
Escrituras onde encontramos a pessoa de Deus revelada aos homens; a isto denominamos:
revelação, e com isto a inerrancia e infalibilidade de Deus e das Escrituras tomam forma e
substância em nossas vidas, um reflexo de quem é Deus, provando-se sempre verdadeiro e
acima de tudo e de todos. É também de onde deriva e origina-se a nossa fé e doutrina, nossa
constituição dogmática é matéria de fé, sem a qual é impossível agradar a Deus.
Efésios 2:8-9 - 8Porquanto, pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus; 9não vem por intermédio das obras, a fim de que ninguém venha a se orgulhar
por esse motivo...
12

Deus ao fazer um juramento por si mesmo, demonstra que não há ninguém além dele
mesmo que possa autenticar a sua palavra. Deus tem moral para isto e a ética necessária
para sustentar a sua moral. Ele mesmo se oferece como avalista e fiador do que diz e
promete: “abençoando te abençoarei”; e isto finaliza a situação retirando toda a dúvida e
receio: “Eu juro por mim mesmo que abençoando te abençoarei”; então podemos acreditar
que é verdade, pois é impossível que Deus minta ou fique oscilando em duas opiniões
diferentes. Deus não pode jurar por outros deuses, pois eles não existem, sendo ele único
apenas ele mesmo pode garantir ser verdade e sustentar eternamente o que Ele diz e o que
está escrito. Não há outro ser como Ele, e nesta condição Ele está só.
1ª Crônicas 17:19-21 - Ó Yahweh! Por amor de teu servo, e conforme a tua vontade realizou 12
este feito grandioso e tornaste conhecidas todas essas maravilhosas promessas. 20Não
existe nenhum ser como tu, ó SENHOR, tampouco há outro Deus além de ti, segundo tudo
quanto temos testemunhado.
Colossenses 1:16-17 - 16porquanto nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou dominações, sejam governos ou poderes, tudo foi
criado por Ele e para Ele. 17Ele existe antes de tudo o que há, e nele todas as coisas
subsistem.
O registro sobre Deus e suas obras devem ser anunciadas e propagadas de geração a geração
para que a sua imensa bondade e verdade fiquem gravadas na memória de todas estas
gerações e sirvam de testemunho da sua verdade, infalibilidade, inerrancia, sua fidelidade,
amor e juízo, vida e força.
Afirmamos ainda que as escrituras devam ser recebidas como a palavra de Deus, crida,
examinada, honrada e vivida. Ter convicção da sua realidade e verdade, cumprimento da
esperança que nos faz acreditar no Deus que é o seu autor. Negamos que a autoridade das
Escrituras provenha da igreja, tradições ou de qualquer outra fonte além Dele mesmo e de si
própria.
Assim como Abraão provou que sua fé, nas palavras de Deus era uma fé real, (oferecendo
seu único filho que foi poupado) assim também Deus provou ser verdade suas promessas e
palavras enviando seu único filho para dar testemunho da verdade, sendo este aquele que
não foi poupado (Rom. 8:32)
João 18:37 - Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu
sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
O registro sobre Deus e suas obras, devem ser anunciadas e pegadas de geração em geração,
pois estas palavras não passarão, ou seja, nunca deixarão de viver. Para que a imensa
bondade de Deus fique gravada na mente de todas as gerações é necessária publicá-las por
todo o planeta e que sirvam de testemunho da sua pessoa e verdade infalível e inerrante, a
fidelidade de Deus, seu amor e justiça, vida e força (Salmos 145:4-8).
13

Nos versículos de Hebreus 4:12-13 esclarece a prerrogativa única das escrituras, pois não há
outro livro que tenha vida e seja sensível, saiba discernir a mente do leitor e seu coração, sua
alma tão profundamente quanto a bíblia. Os escritos sagrados e seu autor estão de fato tão
intimamente ligados que o rei Davi aconselha seu filho Salomão, o próximo rei na linha de
sucessão, registrado em 1ª Crônicas 28:9-10 dizendo a ele que o Senhor Deus, examina
profundamente os corações e mentes dos homens e conhece as mais intimas intenções da
mente humana. Em 1ª Crônicas 29:17 Davi declara que Deus mergulha no coração do
homem, penetra, assim como a espada de dois gumes de Hebreus 4:12-13, a palavra é
eficiente para levar a efeito, a sentença proferida por esta Palavra divina é como fogo que
purifica, como martelo que quebra até os mais duros corações e barreiras, como espada que 13
penetra discernindo, purificando os seus leitores (Salmos 139:23-24 – sonda meu coração
Senhor).
Consideremos, pois que a palavra Deus viva, sensível e atuante tornou-se carne humana,
uma pessoa, o verbo se fez homem (João 1:14).
Em 1ª Crônicas 28:12,19 Davi diz a seu filho Salomão que o projeto do templo não era
autoria sua e sim do grande arquiteto do tabernáculo de Moisés; e que tudo isto lhe havia
sido revelado por Deus que deu a ele entendimento para executar o projeto, discernimento
e inspiração que chegou a Davi, em seu coração e escritas por ele, entregues a Salomão. Em
1ª Crônicas 28:11-21, observamos que aquele projeto foram instruções de Deus para Davi
sobre como deveria ser a planta do templo de Salomão, o projeto arquitetônico detalhado e
até mesmo o quanto deveria ser utilizado com ouro, prata e madeira. Deus deu para Moisés
o modelo do Tabernáculo e para Davi o modelo do Templo. Ambos não eram projetos de
seres humanos mortais, mas obra divina. Mais um motivo para que Deus não autorizasse
Davi a construir o templo com suas próprias idéias de seu coração e mente, mas deveria
esperar receber a palavra de Deus com os ideais do grande arquiteto, para Seu objetivo e
com significados dados por Ele. Assim toda palavra que Deus ditou para Moisés e revelou no
intimo de Davi se tornaram realidade concreta, com significados eternos (1ª Crônicas 29:1b),
como Deus é eterno também o são as suas palavras (Mateus 24:35).
14

A seguir nossa confissão de fé na infalibilidade das Escrituras Sagradas. Este texto foi
uma produção de 1978 do ICBI - International Council on Biblical Inerrancy, em um esforço
de defender a Inerrância das Escrituras Sagradas, frente aos desafios lançados.

A Declaração de Chicago Sobre a inerrancia da Bíblia (1978)


14

Em 1978 um grande encontro das igrejas protestantes americanas, incluindo


representantes dos conservadores, Reformistas e Presbiteriana, Luterana, Batista e outras
denominações, adotou a Declaração de Chicago sobre a inerrancia Bíblica.
A Declaração a seguir discorre sobre a doutrina da inerrancia das Escrituras,
esclarecendo-nos sobre o que isso vem a ser e advertindo-nos contra a sua negação. Estamos
convencidos de que negá-la é ignorar o testemunho dado por Jesus Cristo e pelo Espírito
Santo, e rejeitar aquela submissão às reivindicações da própria palavra de Deus. Diante da
enxurrada de desvios doutrinários que tem invadido a Igreja, é dever de cada crente manter-
se firmemente apegado à Escritura, tendo como certa a sua suficiência e a sua Inerrância.
A autoridade das Escrituras é um tema chave para a igreja cristã, tanto desta quanto
de qualquer outra época. Aqueles que professam fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador
são chamados a demonstrar a realidade de seu discipulado cristão mediante obediência
humilde e fiel à Palavra escrita de Deus. Afastar-se das Escrituras, tanto em questões de fé
quanto em questões de conduta, é deslealdade para com nosso Mestre. Para que haja uma
compreensão plena e uma confissão correta da autoridade das Sagradas Escrituras é
essencial um reconhecimento da sua total veracidade e confiabilidade.
Artigos de Afirmação e Negação

 Artigo I.Afirmamos que as Sagradas Escrituras devem ser recebidas como a Palavra
oficial de DEUS.Negamos que a autoridade das Escrituras provenha da Igreja, da
tradição ou de qualquer outra fonte humana.
 Artigo II.Afirmamos que as Sagradas Escrituras são a suprema norma escrita, pela qual
DEUS compele a consciência, e que a autoridade da Igreja está subordinada à das
Escrituras.Negamos que os credos, concílios ou declarações doutrinárias da Igreja
tenham uma autoridade igual ou maior do que a autoridade da Bíblia.
 Artigo III.Afirmamos que a Palavra escrita é, em sua totalidade, revelação dada por
DEUS.Negamos que a Bíblia seja um mero testemunho a respeito da revelação, ou que
somente se torne revelação mediante encontro, ou que dependa das reações dos
homens para ter validade.
15

 Artigo IV.Afirmamos que DEUS, que fez a humanidade à Sua imagem, utilizou a
linguagem como um meio de revelação.Negamos que a linguagem humana seja
limitada pela condição de sermos criaturas, a tal ponto que se apresente imprópria
como veículo de revelação divina. Negamos ainda mais que a corrupção, através do
pecado, da cultura e linguagem humanas tenha impedido a obra divina de inspiração.
 Artigo V.Afirmamos que a revelação de DEUS dentro das Sagradas Escrituras foi
progressiva.Negamos que revelações posteriores, que podem completar revelações
mais antigas, tenham alguma vez corrigido ou contrariado tais revelações. Negamos
ainda mais que qualquer revelação normativa tenha sido dada desde o término dos
escritos do Novo Testamento. 15
 ArtigoVI.Afirmamos que a totalidade das Escrituras e todas as suas partes, chegando
às próprias palavras do original, foram registradas por inspiração divina.Negamos que
se possa corretamente falar de inspiração das Escrituras, alcançando-se o todo, mas
não as partes, ou algumas partes, mas não o todo.
 Artigo VII.Afirmamos que a inspiração foi a obra em que DEUS, por Seu ESPÍRITO,
através de escritores humanos, nos deu Sua palavra. A origem das Escrituras é divina.
O modo como se deu a inspiração permanece em grande parte um mistério para
nós.Negamos que se possa reduzir a inspiração à capacidade intuitiva do homem, ou a
qualquer tipo de níveis superiores de consciência.
 Artigo VIII.Afirmamos que DEUS, em Sua obra de inspiração, empregou as diferentes
personalidades e estilos literários dos escritores que Ele escolheu e preparou.Negamos
que DEUS, ao fazer esses escritores usarem as próprias palavras que Ele escolheu,
tenha passado por cima de suas personalidades.
 Artigo IX.Afirmamos que a inspiração, embora não outorgando onisciência, garantiu
uma expressão verdadeira e fidedigna em todas as questões sobre as quais os autores
Bíblicos foram levados a falar e a escrever.Negamos que a finitude ou a condição caída
desses escritores tenha, direta ou indiretamente, introduzido distorção ou falsidade na
Palavra de DEUS.
 Artigo X.Afirmamos que, estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao
texto autográfico das Escrituras, o qual, pela providência de DEUS, pode-se determinar
com grande exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais que
as cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de DEUS na medida em que
fielmente representam o original.Negamos que qualquer aspecto essencial da fé cristã
seja afetado pela falta dos autógrafos. Negamos ainda mais que essa falta torne
inválida ou irrelevante a afirmação da inerrancia da Bíblia.
 Artigo XI.Afirmamos que as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são
infalíveis, de modo que, longe de nos desorientar, são verdadeiras e confiáveis em
todas as questões de que tratam.Negamos que seja possível a Bíblia ser, ao mesmo
tempo infalível e errônea em suas afirmações. Infalibilidade e inerrancia podem ser
distinguidas, mas não separadas.
16

 Artigo XII.Afirmamos que, em sua totalidade, as Escrituras são inerrante, estando


isentas de toda falsidade, fraude ou engano.Negamos que a infalibilidade e a
Inerrância da Bíblia estejam limitadas a assuntos espirituais, religiosos ou redentores,
não alcançando informações de natureza histórica e científica. Negamos ainda mais
que hipóteses científicas acerca da história da terra possam ser corretamente
empregadas para desmentir o ensino das Escrituras a respeito da criação e do dilúvio.
 Artigo XIII.Afirmamos a propriedade do uso de inerrancia como um termo teológico
referente à total veracidade das Escrituras.Negamos que seja correto avaliar as
Escrituras de acordo com padrões de verdade e erro estranhos ao uso ou propósito da
Bíblia. Negamos ainda mais que a inerrancia seja contestada por fenômenos Bíblicos, 16
tais como uma falta de precisão técnica contemporânea, irregularidades de gramática
ou ortografia, descrições da natureza feitas com base em observação, referência a
falsidades, uso de hipérbole e números arredondados, disposição tópica do material,
diferentes seleções de material em relatos paralelos ou uso de citações livres.
 Artigo XIV.Afirmamos a unidade e a coerência interna das Escrituras.Negamos que
alegados erros e discrepâncias que ainda não tenham sido solucionados invalidem as
declarações da Bíblia quanto à verdade.
 Artigo XV.Afirmamos que a doutrina da inerrancia está alicerçada no ensino da Bíblia
acerca da inspiração.Negamos que o ensino de JESUS acerca das Escrituras possa ser
desconhecido sob o argumento de adaptação ou de qualquer limitação natural
decorrente de Sua humanidade.
 Artigo XVI.Afirmamos que a doutrina da inerrancia tem sido parte integrante da fé da
Igreja ao longo de sua história.Negamos que a inerrancia seja uma doutrina inventada
pelo protestantismo escolástico ou que seja uma posição defendida como reação
contra a alta crítica negativa.
 Artigo XVII.Afirmamos que o ESPÍRITO SANTO dá testemunho acerca das Escrituras,
assegurando aos crentes a veracidade da Palavra de DEUS escrita.Negamos que esse
testemunho do ESPÍRITO SANTO opere isoladamente das Escrituras ou em oposição a
elas(1).
 Artigo XVIII.Afirmamos que o texto das Escrituras deve ser interpretado mediante
exegese histórico-gramatical, levando em conta suas formas e recursos literários, e que
as Escrituras devem interpretar as Escrituras.Negamos a legitimidade de qualquer
abordagem do texto ou de busca de fontes por trás do texto que conduzam a um
revigoramento, desistorização ou minimização de seu ensino, ou a uma rejeição de
suas afirmações quanto à autoria.
 Artigo XIX.Afirmamos que uma confissão da autoridade, infalibilidade e inerrancia
plenas das Escrituras são vitais para uma correta compreensão da totalidade da fé
cristã. Afirmamos ainda mais que tal confissão deve conduzir a uma conformidade
cada vez maior à imagem de CRISTO. Negamos que tal confissão seja necessária para
a salvação. Contudo, negamos ainda mais que se possa rejeitar a inerrancia sem
graves conseqüências, quer para o indivíduo quer para a Igreja.
17

CONCLUSÃO
As Escrituras têm produzido resultados práticos indiscutíveis; têm influenciado
beneficamente civilizações, transformado vidas e trazido luz, inspiração e conforto a milhões
de pessoas. Nelas podemos confiar a orientação integral de nossa vida, e delas podemos
extrair os fundamentos do bem-estar e liberdade humana. O Senhor as estabeleceu como
regra, bússola, alimento e fonte de bênçãos para a vida do crente.
A Bíblia mostra a vontade de DEUS, a situação do ser humano, o caminho da salvação, o
destino dos pecadores e a bem-aventurança dos crentes. 17

 Seus ensinos são sagrados, seus preceitos exigem comprometimento, seus


relatos são verdadeiros e suas decisões, imutáveis.
 Leia-a para tornar-se sábio e viva de acordo com ela para ser santo.
 A Bíblia ilumina o caminho, fornece alimento para seu sustento, dá refrigério e
alegria ao seu coração.
 Ela é o mapa dos viajantes, o cajado dos peregrinos, a bússola dos pilotos, a
espada dos soldados e o manual de vida dos cristãos.
 Nela o paraíso foi restabelecido, o céu se abriu e as portas do inferno foram
subjugadas.
 CRISTO é seu grandioso tema, nosso bem é seu propósito, e a glorificação de
DEUS é seu objetivo.
 Ela deve encher nossos pensamentos, guiar nosso coração e dirigir nossos
passos.
 Leia-a devagar, com freqüência, em oração. Ela é fonte de riqueza, um paraíso
de glórias e uma torrente de alegrias.
 Ela lhe foi dada nesta vida, será aberta no juízo e lembrada para sempre.
 Ela nos impõe a maior responsabilidade, compensará os maiores esforços e
condenará todos os que brincarem com seu conteúdo sagrado.
18

DEUS PALAVRA
18
DEI VERBUM
PALAVRA DE DEUS

Autoridade da palavra de Deus. As Escrituras Sagradas.

“e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira pela qual foi ensinada, para que seja
capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela”. Tito 1:9
sta lição trata de um dos mais importantes pilares da doutrina cristã: a inerrancia das
Sagradas Escrituras. Através desta doutrina, aprendemos que a Bíblia é a Palavra de DEUS e,
Eportanto, fala com autoridade divina ao homem moderno. Foi este o pensamento dos
reformadores quando substituíram a tradição pelo lema: Sola Scriptura (Somente a
Escritura).
É a prerrogativa da Bíblia em sua totalidade em não errar em questões pertinentes a fé e aos
costumes, quando pretende conferir uma orientação universal decisiva. Esta prerrogativa é
um direito especial e inerente, é privilégio das Escrituras Sagradas e somente dela terem tal
autoridade divina nas questões de fé e na manutenção das tradições que representam o
testemunho desta fé viva e que dura para sempre daqueles que por esta causa vivem e dos
que já morreram. No entanto não devemos supor que na Bíblia temos tudo quanto Deus
queria revelar. Seria impossível conter em um só livro tudo o que Deus quisesse revelar.
Porém o que está escrito é o suficiente como guia e autoridade em nossa vida.
(João 20: 30 \ 21: 25)
O concilio vaticano II da igreja católica em 08 de novembro de 1965 aprovou a sua
CONTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM que aborda o tema REVELAÇÃO DIVINA sob dois
pontos de vista:
1) A revelação em si mesma. 2) A sua transmissão.
A relação entre estes dois pontos de vista que geram alguma confusão entre os católicos, foi
clarificada por esta constituição que segue logo abaixo:
A santa igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos
tanto do antigo como do novo testamento, com todas as suas partes, por que escritos sob a
19

inspiração do Espirito Santo, eles tem Deus como autor e nesta sua qualidade foram
confiadas à igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu homens na posse
das suas faculdades e capacidades para que, agindo Deus neles e por eles, pusesse por
escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que ele, Deus, queria. (Dei verbum
– Concilio Vaticanus II – 1965 – Capitulo III).

Podemos verificar que ao apreciarmos tal declaração não encontramos um traço de


religiosidade, mas sim uma clara constatação de mais puro brilho que serve como ponto 19
comum entre todos aqueles que se declaram cristãos e que tem na Bíblia sua regra de fé e
conduta. De fato as Sagradas Escrituras, a Bíblia, é a revelação de Deus em linguagem
humana.A Bíblia, toda a Escritura, foi inspirada por Deus e não por pretensão humana,
sendo Deus seu único Autor. Sendo Deus autor das Escrituras a autoridade destas provém
daquele que fez com que se assentasse por escritos seus pensamentos, histórias, ideais e
palavras. (2º Timóteo 3:16 \ 2º Pedro 1:21 \ 1º Pedro 1:23)
A autoridade divina é demonstrada pela infalibilidade das Escrituras, uma vez que ela tem
origem em Deus e é a expressão da sua mente. A autoridade humana nas Escrituras é
coadjuvante pelo fato de ter sido iniciativa de Deus e seu projeto. Foi Deus o ter movido os
homens a registrarem segundo a sua vontade e sob seu controle o que está registrado. Foi
Deus mesmo quem escolheu aqueles 40 homens que receberam a sua palavra e a
transmitiram na forma escrita. Deus não pode errar. A Bíblia é a palavra de Deus. Portanto, a
Bíblia está isenta de erros. A Bíblia e seu conteúdo são verdadeiros e confiáveis em todas as
questões de que tratam. Não é possível a Bíblia ser infalível e ao mesmo tempo errônea em
suas afirmações. Infalibilidade e inerrancia podem ser distinguidas, mas não separadas. O
Espirito Santo dá testemunho acerca das Escrituras de Deus. Esse testemunho do Espírito
Santo não opera isoladamente das Escrituras ou em oposição a elas (1). Jesus demonstrou que
as Escrituras são divinas ao esclarecer ele mesmas a Bíblia quando começando por Moisés e
os profetas explicou sobre tudo o que estes falaram dele mesmo como registrado em Lucas
24:25-27.
O padrão de infalibilidade não está na consciência do homem, mas nas Escrituras. Quando
em qualquer matéria a consciência contrária à palavra de Deus, devemos saber que ela não é
a voz de Deus (Jeremias 17:9). A natureza do homem foi deformada pelo pecado por isso a
consciência não é mais um guia infalível à verdade e ao dever (1º João 4:6 – o espírito da
verdade e o espírito do erro). Deus é infalível e tudo o que Ele faz é bom, perfeito e
agradável. A sua palavra reflete a sua pessoa, no livro de Tiago 1:17 está escrito: “Toda boa
dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há
mudança, nem sombra de variação”.A Bíblia veio do alto, do Pai das luzes, ela é luz para o
nosso caminho e lâmpada para nossos pés.Está escrito sobre Deus em Malaquias 3:6:
“Porque eu, o SENHOR, não mudo”. Deus é fiel quanto a sua palavra, as suas, promessas e
20

também quanto as suas ameaças e também sobre a


salvação a redenção e seu imutável amor pela Neste interim gostaria de citar o
humanidade. Se Deus não pode mentir como Decreto Lei 44 129 em seu artigo
está escrito em Tito 1:2: “Em esperança da vida 572º do Código do processo civil
Brasileiro (CPC)redação de 1961
eterna, a qual Deus, que não pode mentir, como segue abaixo:
prometeu antes dos tempos dos séculos”. Assim
1. Antes de começar o depoimento, o
também é a palavra que sai de sua boca e que está tribunal fará sentir ao depoente a
escrita, ela se cumpre, ela deve ser a verdade importância moral do juramento que
mesmo quando não é plenamente compreendida vai prestar e o dever que lhe incumbe
de ser fiel à verdade, advertindo-o ao
pelo homem, ainda assim deve refletir a mais pura 20
mesmo tempo das sanções a que o
e firme verdade em todos os aspectos. O Espirito expõem as falsas declarações; em
Santo que dá testemunho da palavra de Deus não seguida exigirá que o depoente
serviria como uma falsa testemunha, não apoiaria o preste o seguinte juramento: «Juro
perante Deus que hei-de dizer toda a
falso testemunho, pois ele é o Espírito da verdade, verdade e só a verdade».
verdade esta que vem a ser a revelação de Deus aos 2. Se o depoente declarar que
homens sobre si mesmo e seus propósitos (João prefere prestar o compromisso de
16:13). honra, a fórmula do juramento é
esta: «Juro pela minha honra que
Esta expressão: Palavra de Deus; não indica hei-de de dizer toda a verdade e só a
verdade».
primordialmente um registro, mas aquilo que foi
3. A recusa a prestar o juramento
dito, a palavra falada, a doutrina, a verdade equivale à recusa a depor, devendo o
vitalizadora descortinada por Cristo que foi juiz advertir o depoente da
posteriormente registrada.A supervisão de Deus e a cominação aplicável. (penalidade)

preservação nos dá segurança de que hoje Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou
possuímos a palavra de Deus verbal, inerrante e negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador,
infalível. Ela é única e será assim para sempre. tradutor ou intérprete em processo
Ao examinarmos o texto Bíblico de Hebreus 3: 7,15 judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral:
e 4:7que declara: “se hoje ouvires a sua voz, (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
significando como proclama o Espírito Santo”;e ao 28.8.2001)
compararmos como o que está escrito em O 1º decreto lei citado acima já
Apocalipse3:22: ”ouça o que o Espirito Santo diz.”, sofreu alterações posteriores. No
ou seja, como o Espirito Santo diz ou o que Ele está entanto o que gostaria de chamar
atenção é que a palavra de Deus
dizendo, entendemos que Deus se comunica, fala
verdadeira e somente verdadeira, fiel,
através do Espirito Santo e o que o Espirito Santo imutável, não pode ser menor ou de
disse ficou registrado, está escrito na Bíblia.Deus fez teor menos importante ou menos
isto e continua se comunicando conosco através honrada que a Leis dos Homens, nem
o Espirito Santo daria um falso
daquilo que está escrito na sua palavra que é testemunho de Deus.
eterna, tendo como testemunha eterna desta
palavra o Espirito Santo que nos confirma esta
verdade.Somente um ser vivo pode se comunicar e
fazer-se entender, este Ser vivo é o Espirito Santo. Veja o que está escrito em Hebreus 4:12-
13 sobre a palavra de Deus ser viva: “A palavra de Deus é viva”. O que é vivo possui um
21

conjunto de atividades e funções inerentes e


próprias da vida que há em si mesmo (é eficaz,
John Locke filosofo inglês, conhecido
com o pai do liberalismo, de educação
tem ação), é necessário que tenha característica
cristã puritana e calvinista, em seu livro de um ser vivo. Um ser que vive e tem
Considerações sobre as consequências inteligência, tem movimento, tem consciência,
da redução do juro, de 1692 onde também deve ter algum poder para decidir,
escreve sobre economia na Inglaterra
faz a seguinte citação interessante: “A realizar e desenvolver seus ideais, propósitos e
relação entre a Lei divina e a Lei seus atos. Mas neste caso, a vida da palavra de
natural é de conformidade, isto é, Deus vai além dos conjuntos de definições da
uma não nega e nem se opõe a outra
ciência para o conceito daquilo que significa vida, 21
e vice-versa. A lei natural além de ser
a vontade de Deus, é um corpo de leis pois Deus não é criatura, é livre e independente
em conformidade com a natureza sendo Ele mesmo a fonte de toda a vida e autor
racional e obriga o homem não das Escrituras também é a fonte da vida da sua
somente porque é a expressão da
vontade de Deus, mas porque o
palavra.
compreender entre os decretos da lei A definição Fisiológica, A definição Metabólica, A
natural e a natureza racional é o
mesmo que intuir a verdade de uma definição Bioquímica (ou biomolecular) A
proposição tautológica ou demonstrar definição Genética, A definição Termodinâmica
a verdade de um teorema geométrico. não podem explicar Deus como também não
Locke admite a possibilidade de que a
podem explicar a sua palavra. Não podemos
Lei divina venha a se sobrepor a Lei
natural, o artigo da Lei divina entender a Palavra de Deus sem orientação do
compromete a humanidade com a seu autor.
defesa da vida e pode legitimamente
sobrepor-se legitimamente a estas”. "Para Aristóteles, a alma está diretamente ligada
Trocando em miúdos: As Leis de Deus à vida: "Aquilo que possui alma se distingue
superam as Leis naturais quando a
daquilo que não possui alma pela vida"
sobrevivência e salvação do homem
está em jogo e quanto a manutenção (Aristóteles, De anima II. 2, 413a22-23). Aquilo
da criação de Deus. Tautologia é uma que tem vida tem alma, e vice-versa.Para
proposição matemática cujo valor Aristóteles alma e vida são inseparáveis. Se
lógico é sempre verdadeiro que não
consideramos que o que dá vida e dinâmica
admite contradição assim como na
matemática a contradição é uma (poder e realização, atos e efeito) para a palavra
proposição cujo valor é sempre falso e de Deus é o Espírito Santo de Deus o autor das
a contingencia é indeterminada, assim Escrituras, poderemos entender o texto de
a Lei de Deus que está na sua palavra
jamais poderá ser uma proposição de
Hebreus 4:12-13. A palavra de Deus é viva porque
contradição ou de contingencia, pois possui o Espírito de Deus em si mesma, então ela
isto seria admitir que ela fosse falsa ou realiza tudo aquilo para qual foi expelida,
indeterminada, contrariando assim o soprada, inspirada, ela possui alma, vida, eficácia,
próprio Deus e sua palavra; equivaleria
dizer que a Lei divina é errônea, tem efeito, é animada tem vida própria (Isaias
mentirosa e falha, que não se 55:11). Nenhuma outro escrito tem este
determina e que é inferior a lei natural dinamismo, poder e atuação e autoridade,
ou a lei do homem, o que o escritor
somente aquela palavra que foi dita, escrita e
citado não admite em nenhuma
hipótese.Infelizmente este escritor era produzida por Deus pois esta é a única que tem
defensor do escravagismo negro. em si mesma a vida de Deus, eterna, poderosa
22

imutável e completa. A inerrancia da Bíblia e sua


infalibilidade decorrem da plena inspiração e Constituição Federal de 1988
supervisão do Espírito Santo. A Bíblia é a fiel e Nós, representantes do povo
inconteste palavra de Deus. Isenta de erro. A verdade brasileiro, reunidos em Assembléia
Nacional Constituinte para instituir
divina revelada na Escritura é apresentada de modo um Estado Democrático, destinado
explicito certo e transparente. O ensino genuíno das a assegurar o exercício dos direitos
Escrituras não tem discrepâncias doutrinárias, é único sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o
em todo o mundo e adaptável a qualquer cultura.
desenvolvimento, a igualdade e a
(João 17:17/1ª Reis 17:24/Salmos119:142, justiça como valores supremos de
151\Prov.22:21).As infalibilidades das Escrituras são, uma sociedade fraterna, pluralista e 22
pois a infalível palavra de Deus. O poder sobrenatural sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida,
das Escrituras não pode ser analisado em laboratório,
na ordem interna e internacional,
porque se refere a algo milagroso e sobrenatural e com a solução pacífica das
divino. A palavra de Deus não contradiz a natureza controvérsias, promulgamos, sob a
das coisas criadas por Deus, ela na verdade é a sua proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
melhor descrição embora não seja um livro cientifico
FEDERATIVA DO BRASIL.
não há contradição na natureza com a palavra de seu
Notamos aqui a máxima cristã dita por
criador, salvo no que chamamos milagres, quando Jesus: Sem mim, nada podeis fazer.
Deus intervém na natureza contrariando-a para um
bem maior. A lei da razão, a lei natural, a lei da
opinião, a lei civil, a lei da economia são expressões imperfeita de uma lei maior e perfeita: A
Lei divina.
Comentários sobre o Concilio Vaticano I e II
O Concílio Vaticano I, o vigésimo concílio da Igreja católica, cujo maior legado foi a proclamação
do dogma da infalibilidade papal aconteceu em 8 de Dezembro de 1869 a 18 de Dezembro de
1870sobre a Constituição Dogmática "Pastor Aeternus"; proclamou como dogma a
Infalibilidade Papal,ex cathedra (literalmente, "a partir da cadeira de São Pedro") O Papa está
sempre correto. Uma vez proclamadas e definidas solenemente, esta matéria da fé católica
transformada em dogma, ou seja, em verdades imutáveis e infalíveis que qualquer católico
deve aderir aceitar e acreditar de uma maneira irrevogável. A conseqüência da infalibilidade
papal é que a definição ex catedra dos Papas não pode ser revogada e é por si mesma
irreformável. (O Vaticano jamais poderá voltar atrás na decisão e conceito da Constituição
Dogmática Pastor Aeternus, mesmo que tenha cometido ou no futuro cometa algum
engano ou equivoco em alguma decisão ou doutrina não poderia voltar atrás, se arrepender
ao errar ou cometer engano ou se quer admitir tal possibilidade, pois é infalível – segundo
este dogma).
O Concílio Vaticano II de 1965, por outro lado, foi convocado para lidar com uma situação
bastante diferente. Promulgou-se a autoridade da revelação Divina das Escrituras como
infalíveis e inerrante; na verdade foi uma constatação de algo já sabido há muito pelos cristãos
de todo o mundo. O Papa Paulo VI declarou em 1972: “Pensamos que após o Concílio viria um
dia de sol para a história da Igreja (católica); em vez disso, deparamo-nos com novas
23

tempestades”. (IX ANNIVERSARIO ELL'INCORONAZIONE DI SUA SANTITÀ - OMELIA DI PAOLO


VI-Solennità dei Santi Apostoli Pietro e Paolo. Giovedì, 29 giugno 1972)
As causas para o claro desapontamento do Papa nesta declaração seriam que depois do
Concilio Vaticano II, o mundo teria sofrido tamanha revolução que as boas decisões do concilio,
se tornaram insuficientes para conduzir o homem a Deus. Outra visão seria o Concílio como a
causa do problema. Outros argumentos que talvez justifiquem o comentário e lamento do
Papa Paulo VI estão listados abaixo:

a) O Concilio Vaticano II de 1965declarouas Escrituras Sagradas como inerrante, infalíveis


e imutável sendo a revelação divina ela reflete o caráter inerrante, infalível e imutável 23
de Deus seu autor. O Concilio Vaticano Ide 1870 por sua vez atribuiu ao Papa estas
mesmas características divinas ao declarar o Papa em conjunto com seu colegiado,
inerrante e infalível que são características divinas intransferíveis aos homens
contrariando as próprias Escrituras Sagradas que declaram ser todo o homem falível,
pecador (Romanos 3:23); uma controvérsia que teria causado confusão no
entendimento dos católicos. Afinal um homem (O Papa) não poderia ter a mesma
autoridade que as Escrituras Divinas. O Papa poderia errar, contrariando o Concilio
Vaticano I que o declara infalível ou poderiam ser as Escrituras falíveis assim como os
homens o são; ou o Papa e as Escrituras são igualmente infalíveis, inerrante e imutáveis
assim como Deus é, e neste caso estariam os dois em igualdade – homem e Escritura e
o seu caráter divino perfeito – então uma dúvida sobre quem realmente tem maior
autoridade: o homem e seu colegiado (isto serve para qualquer colegiado) ou as
Escrituras que são Sagradas. Isto colocaria em cheque o pensamento de outro Papa: “O
deposito da fé devia ser guardado, não se apartando do patrimônio sagrado da
verdade”. Papa João XXIII
b) Os atributos incomunicáveis de Deus são exclusividade de Deus, são intransferíveis aos
anjos e aos homens e a qualquer outra criatura – A Independência de Deus, A
Imutabilidade de Deus, Infinidade de Deus, A Unidade de Deus, A simplicidade de Deus.
A palavra ou o nome Asseitatis- significa que Deus é auto-existente. Ele não depende
de ninguém fora de si mesmo para ser o que ele é. Onipotência, Onipresença,
Onisciência e Soberania completam a lista dos atributos incomunicáveis de Deus.

Atributo, do latim atributo significa: Propriedade inerente do ser sem a qual este não pode
existir nem ser concebido. Não é acrescentar algo, é propriedade fundamental da substancia
imanente (Jó 12:10) Os atributos revelam um vislumbre do seu caráter, o caráter de Deus
nos auxilia na compreensão da natureza infinita de Deus. São as perfeições e qualidades de
Deus. Tudo que se fala de Deus pode ser dito de Jesus Cristo e do Espírito Santo, mas, não
pode ser afirmado ou dito sobre o homem, por quanto o homem é falível, imperfeito,
dependente e mortal; seu coração é enganoso, e seus pensamentos são maus desde o
nascimento, o homem é pecador, mesmo os mais santos são falhos, podem ser
atormentados pelo medo, tomados pelo orgulho, arrogância e dureza interior, não pode ser
24

confiável nem infalível e inerrante, pois, este é um atributo exclusivo de Deus e da sua
Palavra, não do ser humano.

c) O Papa ocuparia (ex cátedra) a cadeira de Pedro, sua liderança na igreja,porém notamos
Pedro sendo chamado de "pedra de tropeço" nos versículos em Mateus 16.23, logo que
agiu de modo reprovado por Cristo. No livro de Gálatas 2:11-21, uma censura do
apóstolo Paulo de Tarso referente a posturas de Simão Pedro. Segundo consta na
Escritura, Paulo de Tarso acusou Simão Pedro, o primeiro papa segundo a igreja
católica, de não saber lidar com os gentios convertidos: “E, chegando Pedro à
Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível”. 24
d) Em outra ocasião descrito no livro de Lucas 22:54-71 Pedro nega a Jesus três vezes.
Lembramos que o mesmo Pedro usou da violência com uma espada para defender seu
mestre. O primeiro Papa tão amado por Cristo, um herói da fé e um líder da igreja era
acometido por falhas, de caráter temperamental e por algumas vezes, inconstante e
impulsivo. Os Papas assim como Pedro, um descendente de Adão com os mesmos
defeitos e limitações naturais, além das qualidades e virtudes que os tornariam
semelhantes a um Pedro mais humano, mais parecido com homens comuns,
pescadores, pai de família, trabalhador e apóstolo, seriam mais plausíveis e estariam
mais ao alcance dos homens comuns. Diferentes de pessoas que não falham, não
erram e são infalíveis, algo possível apenas para Deus.
e) A história já demonstrara a falha no caráter de alguns dos Papas, assim como as
Escrituras demonstraram a falha dos santos homens de Deus na sua história.
f) Esta infalibilidade Papal é um fardo muito pesado e impossível para um homem, mas
não para Cristo a verdadeira cabeça da Igreja, nenhum Papa ou qualquer outro pode
colocar-se como O Cristo, único cabeça da sua igreja.
g) Contraria a doutrina da Revelação, Inspiração e Iluminação (Theopneustos).
h) Os atributos de Deus que são comunicáveis aos homens por sua vez são:
amor,bondade, sabedoria, justiça, santidade, veracidade, liberdade e paz – Nele (em
Deus) não há nenhum tipo de confusão ou desordem.Jesus em sua humanidade se
despiu dos atributos de Deus, mas, não da sua santidade amor e verdade. Ele renunciou
do exercício independente dos atributos divinos, em nosso favor, isto não significa que
ele não possui os atributos, mas que renunciou aos atributos temporariamente,
enquanto na terra. Os Papas devem seguir este mesmo padrão do mestre de Pedro que
chorou, teve fome, sofreu cansaço, tristeza, e com muita coragem determinado levou
seu ministério até o fim na morte, se aproximando desta forma mais dos homens
pecadores e fracos, mesmo sendo o mestre em forma de Deus, humilhou-se na cruz;
Deus se tornou homem, mas os homens querem ser deuses.

A BÍBLIA PELO MUNDO


25

Do grego biblion, rolo ou livro, livrinhos. É na Bíblia que encontramos o motivo da existência
do homem na terra, é também um importante livro doutrinário para os cristãos. É o livro
mais vendido de todos os tempos, mais de seis bilhões de cópias em todo o mundo. A Bíblia
foi escrita por 40 autores. Os livros do Antigo Testamento foram escritos entre 1.500 A.C e
450 A.C. e os livros do Novo Testamento foram escritos entre 45 e 90 D.C. totalizando um
período de quase 1.600 anos. Um período de 1.600 anos na história e não 1.600 anos
ininterruptos de escritos. Nos primeiros 15 séculos depois de Cristo, as cópias da Bíblia eram
feitas à mão; uma a uma em um processo lento e muito meticuloso. O inicio da imprensa, fez
que as cópias da Bíblia se multiplicassem e, nos últimos tempos, a Bíblia está presente em
computadores, Tablets e nos celulares. 25
A primeira versão portuguesa da Bíblia surgiu em 1748, a partir da Vulgata Latina, traduzida
para o português por João Ferreira de Almeida. Hoje a Bíblia está disponível com pelo menos
99% de fidelidade aos originais, sendo que a maioria das discrepâncias presentes nos outros
1% dos trechos é de natureza trivial e sem relevância.
Outro dado interessante é que a tradução das Escrituras está ligada diretamente ao
evangelismo. Por causa da necessidade de ter a As
Escrituras Sagradas nos diversos idiomas e devido a “A United Bible Societies (UBS) é uma
sua importância é que hoje a Bíblia está disponível rede global de sociedades bíblicas
para 2.935 idiomas falados por 6,039 bilhões de trabalhando em mais de 200 países e
territórios em todo o mundo que
pessoas. Só em 2015, foram feitas traduções para 50
acreditam que a bíblia é para todos.
idiomas, falados por quase 160 milhões de pessoas, Ainda existem muitas pessoas sem
com auxílio das Sociedades Bíblicas Unidas (SBU). acesso a bíblia em seu idioma”.
Graças aos esforços dessa aliança global presente
www.sbb.org.br
em mais de 200 países e territórios, a Bíblia na
íntegra está disponível quase em todo o globo
terrestre.
As línguas mudam e se desenvolvem ao longo do tempo. É por isso que as Sociedades da
Bíblia (SBU) também estão empenhadas em revisar as traduções existentes ou fornecer
novas traduções, quando solicitado, dando às novas gerações a chance de se envolver de
forma significativa com as Escrituras. Em 2017, isso resultou em 26 novas traduções e
revisões, além de nove edições de estudo, com potencial para atingir mais de 566 milhões
de pessoas. 70 milhões de pessoas surdas usam linguagens de sinais como "primeira" ou a
linguagem de coração. Mas apenas 10% das mais de 400 línguas de sinais que existem
possui qualquer Escritura, e as que possuem alguma porção da Bíblia têm muito pouco
dela. Nenhum idioma de sinal tem a Bíblia completa. AUnited Bible Societies está
trabalhando em estreita colaboração com vários parceiros internacionais para ajudar a
atender as importantes necessidades das Escrituras deste grupo de pessoas não
alcançadas.Cerca de 285 milhões de pessoas são deficientes visuais, dos
quais40milhões são cegos. Apenas 44 línguas possuem a Bíblia completa em Braille, com
algumas Escrituras disponíveis em mais de 200 idiomas. Transcrever e imprimir as Escrituras
26

em Braille é um empreendimento significativo: uma Bíblia Braille completa consiste em mais


de 40 volumes volumosos e custa cerca de US$ 600 para imprimir. Mas apesar do
desenvolvimento de áudio e outros formatos eletrônicos acessíveis, Braille continua a ser o
caminho mais popular e efetivo para pessoas cegas se envolverem com a Bíblia. Em 2017, as
Sociedades Bíblicas em 32 países realizaram projetos de Braille para atender às necessidades
das Escrituras de leitores cegos. (Relatório de Acesso das Escrituras em 2017 United Bible
Societies)
ANÁLISE SOBRE A QUANTIDADE DE MANUSCRITOS BIBLICOS EM COMPARAÇÃO COM OS
CLÁSSICOS DA LITERATURA AUTORIZAM A AUTENTICIDADE DA BÍBLIA.
26
Júlio César de Roma; Caius ou Gaius Iulius Caesarescreveu entre 100 e 44 A.C. O fragmento mais
antigo de seus textos datam de 900 D.C. Uma diferença de mil anos do
original. Há apenas 10 manuscritos de sua autoria sendo que as cópias
foram elaboradas mil anos mais tarde. Júlio Cesar de Roma foi importante
político e líder militar romano que desempenhou um importante papel na
transição da república romana para império romano. Em 49 A.C. ele
assumiu o comando de Roma como um ditador. Muito da sua história foi
escrito por ele mesmo, campanhas militares, discurso e cartas; é
considerado como um dos maiores comandantes militares da história. Ele
escreveu: Comentários da Guerra Gálica (De Bello Gallica). História da guerra com a grã
Bretanha em 50 A.C.
Platão; escreveu entre 427-347 A.C. a cópia mais antiga que temos dele
é de 900 D.C., uma diferença de 1200 anos. Há sete manuscritos de sua
autoria. Platão foi um filósofo e matemático do período clássico da
Grécia antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da
Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do
mundo ocidental.
Homero; escreveu a ilíada em 900 A.C. e a cópia mais antiga data de 400
A.C., ou seja,500 anos depois do original. Ao todo temos 643 manuscritos
da ilíada. Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual
tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisséia.
A ilíada trata dos últimos 50 dias da guerra de Tróia que teria durado 10
anos aproximadamente em 1200 A.C., conta a história do herói Aquiles.
Homero foi autor também de Odisseu ou Ulisses. Coincidentemente foi
mais ou menos nesta época que Josué entrou na terra de Canaã.

Plínio, o jovem; (Caio Plínio Cecílio Segundo 61-113 D.C.) sobrinho-neto


de Plínio o velho. Foi destacado orador, jurista e governador da Bitínia
(111-112 D.C.) atual Anatólia na Turquia. Estava presente na cidade de
Pompéia quando da erupção do vulcão Vesúvio em 79 D.C. Seus escritos
27

sobre este dia no qual a cidade de Pompéia se afogou em cinzas são o principal documento
escrito sobre a erupção vulcânica que tornou a cidade conhecida mais pelo desastre que por
sua beleza, daí sua relevância. Da sua história restaram apenas sete cópias. O manuscrito
mais antigo destes é datado de 850 D.C., apresenta assim um intervalo de 750 anos entre o
manuscrito e a possível data de sua autoria.
Tácito, Publio Cornélio Tácito (56DC a 117DC) foi senador, historiador romano e Cônsul.
Suas obras “Anais” e “História” tratam dos reinados dos imperadores: Tibério, Claudio, Nero.
Contou a história de Roma de 14 a 70 D.C. Relatou a primeira guerra romano-judaico. Os
“Anais” são os primeiros registros seculares (não Bíblicos) a mencionarem Jesus Cristo em
relação às perseguições de Nero contra os cristãos. Dos seus escritos restaram apenas duas 27
cópias.
O Novo Testamento foi escrito entre 40 – 100 D.C. O manuscrito mais antigo que há é de 125
D.C. uma diferença entre 25 a 50 anos do original. Ao todo há 25 mil manuscritos do novo
testamento. Uma distância do original pequena e abundância de documentos antigos. Foram
encontrados 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento, língua do tempo de Jesus. Há
10 mil manuscritos latinos e 9.300 porções do Novo Testamento que são traduções antigas
do Novo Testamento grego para o latim, siríaco, copta e outras línguas do mediterrâneo. O
mais antigo e extenso é o rolo de Isaías encontrado em Qumran. Mais de 3.100 manuscritos
contém quase todo o texto Bíblico.
28

28

Atualmente existem mais de 3mil manuscritos hebraicos do Antigo Testamento, 8 mil


manuscritos da Vulgata Latina, mais de 1.500 manuscritos da LVII(Septuaginta) e mais de 65
mil cópias da siríaca pesshita – versão em língua siríaca do século II.O Novo Testamento
possui 20 mil vezes mais manuscritos que a média dos autores clássicos da mesma
antiguidade. Comparativamente entre a Bíblia e os escritos clássicos, a Bíblia apresenta
abundância de documentos muitíssimo maior e com fidelidade ao texto original e entre as
cópias de 99% dos originais com uma distância temporal muito pequena entre os originais e
as cópias. Isto colabora na prova de autenticidade da Bíblia ao ser comparado com outros
escritos que foram recebidos pela humanidade como dignos de alguma confiança e que
foram produzidas em períodos tão antigos. A conclusão é que a credibilidade do Novo
Testamento é maior que qualquer outro documento da antiguidade.Podemos distingui-la em
5 partes:
1– O Antigo Testamento é a preparação do redentor.
29

2– Os evangelhos dizem respeito da manifestação do redentor.


3– Os atos são a proclamação da mensagem do redentor.
4– As epístolas são a explicação da obra do redentor.
5- Apocalipse é a consumação da obra do redentor.

INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO, ILUMINAÇÃO.


29

Estreita ligação entre estes três conceitos são necessários para a compreensão das
Escrituras Sagradas.Para o autor do texto Bíblico, veio a revelação, para a Escritura que ele
Atransmite, veio a inspiração, para o leitor, nas condições de espiritualidade veio a
iluminação. Os profetas e apóstolos foram movidos. Suas Escrituras foram inspiradas, nós
somos iluminados.
Inspiração: Significa soprar para dentro. Deus soprou a sua verdade para dentro do autor
Bíblico humano. Na verdade o que é inspirado não é o autor Bíblico, mas sim o texto das
Escrituras, o texto Bíblico (2ªTimóteo 3:16) Toda a Escritura é inspirada. A palavra utilizada
neste versículo é Theopneustos do grego (Theos= Deus e pneustos= espírito, respiração,
inspiração), expressa que a Escritura é que possui a qualidade de ser a palavra de Deus, e,
portanto autoridade divina. É importante ter em mente que em nossos tempos ninguém é
mais inspirado a produzir algo como a Bíblia, pois ela já foi concluída. Da mesma forma não
temos mais revelações que estão no mesmo nível do texto Bíblico ainda que muitos digam
tê-las. Na verdade o que temos hoje é a iluminação que o Espírito Santo dá aos crentes para
compreender e aplicar o que já foi inspirado e revelado nas páginas da Bíblia. Por isso
devemos ter muito cuidado com inspirações e revelações que muitos afirmam ter fora da
palavra inspirada e revelada que o Senhor já nos deixou. A Bíblia foi inspirada por Deus e
todo o seu conteúdo no que diz respeito ao espiritual e inclusive no que tange ao histórico,
geográfico e arqueológico também são inspirados e tem autoridade divina de um Deus
infalível e refletem a verdade. Mas a Bíblia não é um livro cientifico este não é o seu foco.

O Antigo Testamento é composto por 39 livros escritos em hebraico e aramaico. O Novo


Testamento é composto por 27 livros escrito em grego. A Vulgata Latina é a versão antiga em
latim. A (LXII) septuaginta é a versão grega do Antigo Testamento em hebraico.

Nela se desenvolve o tema da redenção do homem. Inspiração é soprar para dentro, Deus
soprou para dentro do escritor Bíblico a sua verdade. Ele soprou para o homem as suas
30

idéias. Os escritores foram conduzidos pelo Espírito Santo a registrarem o texto soprado por
Deus. É uma influencia sobrenatural do Espírito Santo sobre os autores Bíblicos garantindo
que o que escreveram era precisamente o que Deus pretendia que eles escrevessem.
INSPIRAÇÃO VERBAL E PLENARIA. É a teoria do cristianismo ortodoxo sobre autoridade da
Bíblia. A palavra plenária significa plena ou repleta e verbal significa: as palavras da Escritura.
Sendo assim a inspiração plenária significa que cada palavra na Bíblia é a própria palavra de
Deus. Não apenas as idéias ou pensamentos são inspirados, mas as próprias palavras.
Embora os escritores retenham a personalidade dos autores individuais (os estilos de Paulo e
de João são diferentes dos demais escritores), as próprias palavras são exatamente o que
Deus quis que escrevessem. Cada palavra é a palavra de Deus inspirada. 30

A doutrina da inspiração verbal está intimamente ligada com a revelação plenária. As


próprias palavras da Escritura foram inspiradas por Deus. É impossível que a Escritura seja
inspirada em seus ensinos e pensamentos se as palavras nas quais estes ensinos são dados
não são elas mesmas inspiradas e infalíveis. Pode ser necessário adicionar palavras para
conseguir uma tradução competente no seu idioma, mas aqueles que leem devem saber que
tais palavras foram adicionadas por homens para ajudar a entender o sentido do texto e não
na realidade falada por Deus, a isto confiamos a inspiração plenária em compatibilidade com
a intenção do texto recebido.
Alguns dos argumentos que apóiam este conceito são:
1 - A inspiração verbal é ensinada nas Escrituras:
Salmo 12:6|Provérbios 30:5 |Apocalipse 22:18-19| Salmo 50:17|Salmo 119:30
Exemplos relevantes do fato que as palavras faladas por Deus e que foram escritas como ele
as disse são importantes e que fazem enorme diferença:
a) Genesis 17:7:“estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua
descendência...”.
No caso apresentado acima verificamos que se a palavra descendência estivesse no
plural a profecia não seria uma profecia sobre Cristo.
Veja a explicação de Paulo em Gálatas 3:16: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e
à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como
de uma só: E à tua descendência, que é Cristo”.

Infelizmente vamos encontrar esta discrepância na versão da Bíblia NVI que em Gênesis 17:7
utilizou a palavra descendências, ou seja, no plural e não como disse o apostolo Paulo que
deveria ser no singular.

b) Jeremias 30:2 – “Escreve num livro todas as palavras que te tenho falado”.
c) Jeremias 42: 1-9 “não ocultarei a palavra que Deus falar”... Assim disse o
Senhor; ou: Tudo o que o SENHOR vos responder, eu vo-lo declararei; não vos
ocultarei nada... e lhes disse: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel,
31

Isto pode ser confirmado pela declaração do apóstolo em 2ª Pedro 1:21:”Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
(escreveram) inspirados pelo Espírito Santo”.Trata-se do que está na Bíblia, aquilo que
contém na Escritura. O que os homens de Deus falaram é justamente aquele texto que nós
lemos e que está escrito na sua Bíblia, é este texto falado e escrito que é inspirado por Deus.
31

2 - O TABERNÁCULO
A concepção do tabernáculo reflete os pensamentos de Deus; fala-nos da glória dos céus da
cidade de ouro e da nova Jerusalém. Este assunto pode nos ajudar a entender um pouco
mais sobre a inspiração verbal e plenária das Escrituras Sagradas.
Conforme Hebreus 9:23-24 “... as coisas do tabernáculo são figuras das coisas dos céus”. E
qual o elemento central dos céus? Ali toda riqueza e glória estão reunidas em Jesus Cristo.
Ele é o centro dos pensamentos e propósitos do Pai. Cada aspecto do tabernáculo revela um
aspecto da pessoa de Jesus. A Bíblia é a palavra de Deus. Deus inspirou os homens, soprou-
lhes o que deveriam escrever. Assim se originou as Escrituras, o próprio Deus no-la deu.
A descrição do templo no começo da Bíblia, no livro do Êxodo é um quadro poderoso e vivo
de uma construção que revela os pensamentos de Deus. Cada detalhe tem o seu significado
e podemos encontrar na Palavra de Deus, pois a Escritura se explica por si só. Esta casa não
podia ser construída segundo as idéias humanas. Deveria ser edificado por que Deus tinha
este desejo - Êxodo 25:8:“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. Deus
mesmo mostrou o modelo a Moisés e fizeram tudo segundo o Senhor tinha ordenado. Êxodo
24:8 “E Moisés entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte; e Moisés esteve no
monte quarenta dias e quarenta noites”. Em Êxodo, nos capítulos 39 e 40 Deus orientou
como deveria ser executada cada parte do tabernáculo. O tabernáculo seria algo que homem
algum teria imaginado. O tabernáculo com seus utensílios, regras e rituais foram ditados por
Deus e registrados por Moisés.

3- Os dez mandamentos

O decálogo foi escrito pelo próprio Deus em cooperação com Moisés.


Êxodo 20:1 Então, falou Deus todas estas palavras, Moisés escreveu.
Êxodo 24:4 Moisés escreveu todas as palavras do Senhor
32

Por isso notamos que as palavras registradas no livro do Êxodo e que foram dadas por Deus
para Moisés, descrevendo o tabernáculo, revelam o plano de Deus para redenção da
humanidade, através dos rituais que revelam Jesus e o sacrifício na cruz, o sacerdócio e o
holocausto, o lugar santo e o altar de bronze e também a arca da aliança. Isto foi tudo
32
plenamente revelado no Novo Testamento.
Assim cada orientação dada por Deus a Moisés foi seguida e realizada exatamente como
Deus disse e o que ele disse ficou escrito como herança para nós. Desta forma, todo o
significado que Deus pretendia que fosse conhecido através dos detalhes da construção do
tabernáculo pode ser compreendido plenamente na ótica do Novo Testamento que traz a
plenitude dos tempos e põe em prática o plano da salvação através de Cristo. Deus falou e
Moisés escreveu o que Deus falou, verbal e plenamente. Podemos notar que tanto na
narrativa do Êxodo há um fundo histórico (saída do Egito, andança no deserto, entrada em
Canaã) como também no Novo Testamento há uma herança histórica secular que deu inicio
com o nascimento do esperado redentor no cenário social, político e geográfico do império
romano.
Precisamos ouvir cuidadosamente o que Deus diz, pois cada palavra de Deus é pura.
Salmo 12:6“As palavras do SENHOR são palavras puras como prata refinada em forno de
barro e purificada sete vezes”.

Sabemos que há partes da Escritura em que Deus ditou as palavras, mas nem toda a
Escritura foi elaborada desta maneira.

A inspiração não é um ditado.


Vemos isto no tratado escrito por Lucas. No inicio de seus escritos ele afirma que o que ele
escreve é fruto de muita pesquisa. Lucas 1:1-4; (3) “havendo-me já informado
minuciosamente de tudo desde o princípio”.
O mesmo acontecendo com o livro de Atos que tem como autor também este discípulo. Ele
realizou pesquisa detalhada sobre os fatos narrados em seus escritos. Possivelmente e em
outras ocasiões ele mesmo esteve presente nas narrativas do livro de Atos (Atos 1:1\Lucas
1:3) Embora Lucas não seja citado por nome em Atos, certos trechos usam os pronomes
“nós”, “nosso” e “nos”, indicando que ele participou em alguns eventos narrados no livro.
Ao descrever a rota seguida por Paulo e seus companheiros na Ásia Menor, Lucas diz: “[Eles]
deixaram Mísia de lado e desceram a Trôade.” Foi em Trôade que Paulo teve a visão de um
33

macedônio que fez o apelo: “Passa à Macedônia e ajuda-nos.” Lucas acrescenta: “Assim que
ele viu a visão, [nós] procuramos passar à Macedônia.” (Atos 16:8-10) A mudança de “eles”
para “nós” sugere que Lucas se juntou ao grupo de Paulo em Trôade.
Em seguida, Lucas descreve a atividade de pregação em Filipos na primeira pessoa do plural,
indicando sua participação nela. “No dia de sábado”, escreve, “fomos para fora do portão,
para junto dum rio, onde pensávamos haver um lugar de oração; e assentamo-nos e
começamos a falar às mulheres que se haviam reunido”. Como resultado, Lídia e todos os
membros de sua família aceitaram as boas novas e foram batizados. — Atos 16:11-15.
Verificamos ainda sua participação (a de Lucas) em outras ocasiões como em 2ª Timóteo 33
4:6, 11. “Só Lucas está comigo”. Podemos verificar, tendo em vista o que acabamos de
observar que o ditado verbal pode explicar certas porções da Escritura, mas não toda ela ou
a sua maioria. No entanto o Espirito Santo impediu erros doutrinários.

A história Bíblica da redenção de Gênesis ao Apocalipse é contada com a história humana


como pano de fundo, a doutrina é tecida dentro da história. Não podemos dizer que a
história é imprecisa e afirmar que contem um núcleo de verdades doutrinárias, mas ambos
são verdade. A idéia correta do cristianismo ortodoxo é a inspiração verbal e plenária das
Escrituras
Iluminação; é para os crentes descobrirem as grandes verdades reveladas por Deus em sua
palavra e aplicação para as suas vidas. Isso é um ato contínuo que se findará apenas no
concluir da história da igreja na terra. É a capacidade intelectual de compreender o que foi
inspirado e revelado nas Escrituras. A obra redentora do Espírito Santo não se limitou ao
espaço – tempo da obra apostólica, foi nos deixada uma herança histórico-profético que
lançou a base doutrinária que é retransmitida ao mundo com o aperfeiçoamento da igreja
para cada momento histórico.
Revelação; significa tirar o véu e mostrar algo que estava encoberto. A Bíblia é um mistério
para o homem a ser revelado sempre, e o mesmo Espírito que inspirou revela, tira o véu.
Revelação é o conteúdo registrado pela inspiração. O propósito da Bíblia é trazer a auto-
revelação de Deus aos homens. O propósito é falar de Deus, revelar a si mesmo, porém não
nos é algo completo e não tem todo o conhecimento de Deus, mas o Espírito Santo nos traz
este conhecimento. Jesus é a chave para este conhecimento e compreensão, pois ele rasgou
o véu da separação. Ele é a Palavra de Deus a ser revelada na Bíblia. Jesus é a maior
revelação de Deus e a finalidade da revelação é tornar Deus conhecido.

O Verbo de Deus
O único Deus, sem imagem aloja-se na Escritura para garantir seu reconhecimento, pois a
Escritura tornou-se a presença de Deus, num estado ao mesmo tempo sensível e não
sensível (Sua Teofania escrita). Aparente ou não aparente, manifesto ou não manifesto, mas
onipresente e sabedor de que está sendo consultado, e lido e pensado – possível apenas ao
34

Espírito Onisciente. Para os povos politeístas que circundavam os hebreus era a figura ou
imagem que era sagrada; para os hebreus eram a Torá e as suas Escrituras que eram
sagradas e que sustentavam a tradição e que traduziam o Deus invisível e simultaneamente
traziam a presença de Deus para o homem que a estava lendo. O leitor se tornaria então
uma espécie de portador que se coloca sob a influência da presença divina (era iluminado)
ao estar frente aos escritos sagrados, seu poder e sucesso estavam relacionados em manter
contato diário com a escrita e aplicá-la na condução da sua vida diária. Foi assim que o autor
da Torá ensinou a Moisés e a Josué: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes,
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está
escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te 34
conduzirás” (Josué 1:8).
“quando Deus deu todos estes mandamentos, e o sangue sela a aliança os que estavam
escritos no livro da Lei de Deus” (Êxodo 24:7-8).
A iluminura, ou por analogia o Verbo encarnado – um Deus paradoxal que é verbo e imagem
simultaneamente – que glorifica a Palavra divina e é também didática. Consegue fazer com
que o texto encarnasse em imagem, num tipo de imagem que já não podia mais ser expulsa
do Livro Sagrado, pois havia adquirido o poder de fazer a Escritura manifestar-se por meio
dela. O que estaria sendo visto seria a própria Palavra divina, já que a manifestação visível do
Deus cristão coincidia com o Verbo.
É importante notar que a arca da aliança no Antigo Testamento continha as duas tábuas do
Decálogo, os Dez Mandamentos que são a Lei de Deus no qual se fez aliança; um ômer (3,6
litros) de maná e a vara de Arão que floresceu manifestando seu sacerdócio divino (Êxodo
25:16 /Êxodo 16:32-33 - João 6:50-51 /Num 17:7-8). A arca da aliança com tudo o que ela
guardava em si mesma era a representação visível da presença de Deus, a arca é figurado
futuro Verbo encarnado, o Cristo, que se tornou ele mesmo a palavra, o pão do céu e o
sacerdócio eterno. Cristo é a representação visível da presença de Deus, não é somente a
manifestação do Verbo vivo, mas de uma nova, melhor e definitiva aliança eterna entre Deus
e os homens feito nele mesmo o filho de Deus (Hebreus 9:14).
No entanto, não podemos nos esquecer de que essa escrita visual foi legitimada por um
argumento irrefutável e paradoxal. O paradoxo se resume em atribuir à imagem, que é o
Cristo encarnado, o poder de salvação quando inicialmente para os judeus toda imagem foi
definida como caminho para a perdição (João 19:7 – se fez como Deus é, a sua imagem –
compare com Salmo 82:6 e João 10:34-38). A encarnação da palavra expunha que a imagem
cristã fosse ao mesmo tempo, o único caminho didático para se chegar à Verdade e a
salvação. A imagem cristã era um enigma que podia ser interpretado à luz das Escrituras,
profecias e a iluminação divina como sendo o Verbo encarnado.
A palavra escrita dos hebreus revelava significados por meio de analogias em cadeia, através
da sua história, personagens, tradições e Leis. A partir de uma imagem associada a uma
narrativa Bíblica que remetia a outra imagem, associada a outra narrativa Bíblica até que
35

tudo estivesse pronto para a compreensão de quem era o verbo e não apenas do que era
aquilo, o que estava escrito. Desse modo o sentido de leitura ia sendo traçado mediante
uma teia labiríntica de inter-relações que envolviam imagens e textos, até que a plenitude
dos tempos tivesse chegado para os homens reconhecerem, terem contato de fato com a
pessoa que eles estavam lendo nos escritos. A Escritura se tornou imagem real e verdadeira,
o cumprimento profético foi a encarnação de Deus-palavra (Dei Verbum) em homem, o
Senhor Jesus – o Cristo. Não era algo, mas alguém, não se tratava mais do que, mas de
quem. Isto revela entre muitas outras coisas maravilhosas, a didática de Deus para ensinar
seus filhos e a de Jesus aos seus discípulos, as parábolas (Hebreus 1:1/1ªJoão 1:1-3).
A alegoria determinava um método de apreensão de conhecimento, foi este o significado 35
sagrado do tabernáculo e dos utensílios e dos sacrifícios no Antigo Testamento sob a antiga
aliança. Era um labirinto para o mundo, mas para o cristão, a única maneira pela qual o
homem poderia entender os mistérios da Palavra divina, um método para dar autenticidade,
pois as explicações diretas, claras e transparentes embora existam em abundancia, por si
mesmas incorreria numa explicação superficial. Seria necessário ser um iniciado ou receber a
iluminação divina para poder entender que as representações do passado seriam todas
encarnadas na pessoa do Verbo de Deus.
A parábola é uma história ou metáfora usada para ensinar verdades complexas; existem
conceitos difíceis de entender ou de explicar, mas dentro de uma história, um conceito tem
uma aplicação prática e se torna mais fácil de entender. Jesus usava este método das
parábolas para ensinar o evangelho, revelando assim verdades profundas. (Mates 13:3) Tem-
se dito que uma parábola é uma história terrena com um significado celestial. Sugiro uma
meditação nos lindos versículos registrados em Mateus 13:33-34 consoantes com o Salmos
78:1-7. Assim nos tempos mais antigos, tudo o que foi escrito anunciava profético do que
viria a ser, uma grande parábola sobre Cristo e a salvação, tecida na história do povo judeu.
Em João 1:1 lemos: “O Verbo se fez carne”. Imaginemos em acrescentar ‘em Belém’, apenas
didaticamente. Neste caso poderíamos ter em nossas Bíblias a seguinte frase: “O Verbo se
fez carne em Belém”, melhorando assim a identificação e construção da nossa fé em quem
realmente é o Verbo de Deus. Ainda que não seja assim que está escrito sabemos pelas
Escrituras que o Verbo de Deus nasceu como homem na cidade de Belém conforme
profetizado, o Cristo, a própria palavra de Deus.

É Deus quem revela


Deus revela Deus. A melhor fonte de conhecimento sobre Deus é Ele mesmo.
(Apocalipse3:6,22\2:7, 29\1ªTimóteo 4:1\João 1:8\6:44-46\Isaías 54:13\Mateus11:27).
O cristianismo é a única religião revelada por Deus, pois o cristianismo provém do Deus
cristão, que revelou ao mundo o mistério oculto que é Cristo, este mesmo trouxe a palavra
de Deus aos homens, o evangelho (1ª Coríntios 3:23). Deus revela Jesus, Jesus revela Deus o
36

Pai e o Espirito Santo este por sua vez revela o Pai e o Filho. Jesus revela que o Espírito Santo
vem de Deus; revelados na consciência de que há Deus, na natureza e nas Escrituras.O
mistério da encarnação do verbo é o mistério da união do divino com o humano Jesus
Cristo.Jesus é o verbo oculto em Deus – Dei verbum(Deus palavra)– Jesus Cristo é o mistério que
esteve oculto em Deus.(Efésios3:9\Colossenses1:26-28\2:2-3)Participante da criação (Genesis
1:26\Colossenses1:16-17).Mistério este que no evangelho tornou conhecido ao homem a
salvação que há em Cristo. O evangelho possui o poder de Deus para a salvação (Romanos
1:16-17), pois o mesmo evangelho que fala de Jesus é aquele que salva. A palavra de Deus
descortinada por Cristo está contida no evangelho. Cristo é a chave hermenêutica das
Escrituras, seu centro e domínio. Por tanto a salvação está no evangelho de Jesus que 36
verdadeiramente salva pela pregação da sua palavra e a sua palavra está no evangelho, o
evangelho por tanto se torna um com Cristo para todos os séculos.

O evangelho é:
A palavra de Deus (Mateus 13:19 / Lucas 5:1)
A palavra do Senhor Jesus anunciada (Atos 8:25)
A palavra do Senhor, anunciado e glorificado (Atos 13:48-49 )
A palavra do Senhor Jesus acompanhado pelos milagres (Atos 19:10-12)
A palavra da cruz é o poder de Deus (1ª Coríntios 1:18)
Jesus é o mistério da piedade revelado pelos evangelhos (1ª Timóteo 3:16\João 1:14\1:1)
O mistério de Deus é Cristo (Colossenses 2:2-3)

A eterna Palavra de Deus escolheu essência e existência humana. Karl Barth

A palavra de Deus descortinada por Cristo não designa apenas um documento escrito, mas
sim uma palavra não escrita, porém anunciada (Rhema). Aquilo que foi primeiro anunciado
depois foi registrado (Jeremias 1:14\Ezequiel 1:3). Primeiro veio a palavra, mais tarde o
registro. Jesus descortina ou tira o véu na medida em que aquilo que foi anunciado vai tendo
seu cumprimento, anuncio este proclamado antes de o mundo existir, oculto em Deus.
“No entanto, a voz do céu se espalha pelo mundo inteiro, e as suas palavras
alcançam a terra toda”. Salmos 19:4 NTLH.
Revelação, a princípio repassada de forma oral, depois, registrada com os recursos próprios
da época.Proclamar o evangelho é anunciar o que Jesus revelou, é o que ele disse. Deus zela
37

pelas suas palavras (Isaias 55:11) e Deus fará ter efeito tudo o que Jesus falou. É o que Jesus
realizou que revela a Deus. (Isaias 40:8\Mat.24:35\26:54\1ª Pedro 1:25)
“Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós
foi evangelizada “1ª Pedro 1:25.(esta palavra que foi evangelizada é a mesma que está
escrita no Novo Testamento que você lê em sua Bíblia e proclamada no mundo todo).
Nas Escrituras Sagradas o leitor recebe a verdade que o Espírito Santo originalmente
comunicou aos profetas e apóstolos; assim como através do encanamento recebemos a água
que está armazenada na montanha (Atos 1:16\ 2ª Pedro 1:21) recebemos a palavra divina
que vem do Espírito Santo de Deus pelos escritores inspirados e guiados por Deus; é uma 37
manifestação divina através dos servos de Deus escolhidos para fazer o registro escrito.
Como na natureza há uma manifestação imediata de Deus, (Romanos 1:20) há na
consciência do homem, que o faz perceber que há Deus, a mesma manifestação(1ª Corintios
5:11). Uma manifestação imediata de Deus nas suas obras é aquilo que Deus faze o que Jesus
fez manifestou Deus aos homens (João 14:11). Talvez encontremos toda esta verdade
reunida em um único capítulo da Bíblia, no salmo 19 que narra a grandiosidade da natureza
criada por Deus, da grandiosidade das suas obras (Romanos 1:20Atos 17:25-28\João
14:11).Assim também nas Escrituras há uma manifestação imediata de Deus, uma
manifestação de Deus direta nas Escrituras Sagradas.
(1ª Coríntios 2:9-10). A consciência deve ser
confrontada com as Escrituras, as revelações, dogmas,
Canon ou cânone do grego Kaneh
e doutrinas devem passar pelo critério do que nela tem sua origem na palavra Grega
está contido como norma de base fiel. As Escrituras kanon (kaneh em hebraico), que
ligam o “ser” direto na fonte manancial de Deus; é no significava originalmente “cana de
medir”. Era um padrão, uma
Espírito Santo e nas Escrituras que está a revelação unidade de medida, por extensão
direta de Deus.O padrão de infalibilidade está nas metafórica a cana era usada para
Escrituras, pois ela reflete a mente de Deus. medir, como nosso metro, uma
régua. Assim, “Cânon”, aplicado às
A palavra Cânon significa medida ou padrão; o Escrituras, significa o “padrão” ou o
humano pode então utilizar o cânon para avaliar a sua “critério” para que alguém possa
julgar se um ensino é de Deus ou
vida, circunstâncias e decisões. A consciência pode
não.
medir-se através do padrão de Deus na sua palavra (1ª
coríntios 2:9-12 \ 2ª Pedro 1:20-21 Efésios 6:17).A
revelação imediata sobre Deus contida nas Escrituras
é o que o Espírito Santo diz sobre Ele (sobre Deus). São os pensamentos de Deus que estão
escritos, ainda que parcialmente. (1ª Coríntios 2:16\Isaias 40:13\Apocalipse3:22) A maior
autoridade para o homem é a verdade de Cristo contida na literatura cristã. Cristo é a
verdade em todos os aspectos, pois ele é a maior revelação de Deus:
Na razão humana.
Na natureza, inclui o homem.
38

Na história geral e no cristianismo.


No desenvolvimento das Escrituras.
Embora a linguagem humana não seja em si mesma uma barreira para a comunicação das
Escrituras tanto uma como a outra não esgotam o autor das Sagradas Escrituras em sua
magnificência, majestade, propósitos e decretos que são de eternidade em eternidade, pois
Deus é muito mais sublime que as Escrituras Sagradas, capaz de superar as dificuldades da
linguagem em qualquer tempo sendo Ele mesmo seu autor (Hebreus 7:26).A autoridade da
razão geral e da Bíblia é correlata, pois ambas vem da mesma providência divina. Este ponto
nos capacita a entender o papel das Escrituras na religião. A Escritura é a autoridade da 38
religião. Já que a Escritura é uma espécie de extensão do pensamento de Deus, da sua
mente, da sua natureza e revelação,
compêndio dos seus princípios, Quanto mais a civilização avance, mais será
encarnação da sua vontade e empregada a Bíblia”. Immanuel Kant)
pensamentos devemos dar a ela lugar
privilegiado na vida e na religião. Por tanto nenhum ritual poderá ser mais importante ou
poderoso do que a Bíblia. As Escrituras enquanto revelação divina e compêndio de seus
princípios e pensamentos não dizem respeito a sua totalidade ao infinito, não esgota a
pessoa sublime de Deus.
Os pensamentos de Deus estão contidos na sua palavra escrita, embora não em sua
totalidade ao infinito, os quais o Espírito Santo interpreta, revela, descortina, explica, ensina,
guia. Deus quis se fazer conhecido ao homem dentro da possibilidade do próprio homem Ele
revelou seus pensamentos e projetos para a humanidade e um dos meios pelos quais fez isto
foi através da Bíblia Sagrada, vemos essa possibilidade e realidade na própria escritura nas
declarações em Amós 3:7 / 4:13 e 1º Coríntios 2:10. No livro de Apocalipse 1:17-20, quem dá
a ordem para que se “escreva” para as igrejas é Jesus. Porém, nos capítulos 2:29 e 3:22,
declara que é o Espírito Santo quem “diz”quais são as “palavras”de Cristo que devem ser
“escritas” por João para as igrejas, todas elas. João recebeu diretamente da fonte, o Espírito
Santo, que transmitiu todas as palavras que Jesus, o cabeça da igreja, queria fazer
conhecidas às sete igrejas da Ásia (João 16:12-15). Deus constitui a base de todas as coisas
materiais; todas as doutrinas da Bíblia têm sua razão na mesma natureza divina. As Escrituras
têm o mesmo autor que a natureza tem. O cristianismo não contraria a natureza, mas revela
de maneira mais perfeita a verdade que nela está contida. (Romanos 1:18-20\Gêneses 1:1-2)
O sobrenatural é para Deus natural.Por tanto revelação é desvendar, o descobrimento
daquilo que já existia e exclui a idéia de novidade, de invenção e de criação. A religião
terrena revelada é a religião natural do céu. (Apocalipse 13:8- “desde antes do mundo”) A
cruz já existia desde a eternidade, a expiação é um fato revelado no ser divino.
Para todos os outros escritos que tomam para si mesmo autoria divina que é exclusiva da
Bíblia a qual não pertence a nenhum outro se não ao Pai de Jesus Cristo, fica uma pergunta
para ser respondida: Qual o sentido de uma revelação que não revela nada? Qualquer escrito
que se diga divino à parte da Bíblia com certeza não pertence ao Deus dos hebreus e Pai do
39

Senhor Jesus Cristo; não teve inspiração do Espírito Santo e por tanto não pode ser
considerado nem cristão nem divino já que não há outro Deus fora do Deus cristão.
“Qualquer outro escritor que declare ter ele mesmo sido inspirado pelo Deus dos
hebreus e Pai de Jesus Cristo, que afirme ter escrito algo canônico com o mesmo valor e
autoridade que a Bíblia, sendo cristão ou não, declarando-se convertido a Cristo ou não, e
que reconhece a Bíblia como única escrita inspirada por esse mesmo Deus não deve ser nem
mesmo lido ou crido” (O autor).
A fé inclui a razão e esta na sua mais elevada forma. Não se deve ignorar a necessidade de
um sentimento santo como testemunho da reverência humana diante do criador. No 39
entanto a verdade divina é um mistério (Efésios 3:18-19) e ultrapassar o pleno conhecimento
é somente com ajuda do Espírito Santo (João 16:13). O Espírito Santo somente dá
testemunho da verdade contida nos escritos onde Deus é o autor, ele não serviria de falso
testemunho em um escrito que em nada tem com a revelação divina. A escala de
iluminação e testemunho espiritual perfeita é: A vida unificada, a vida purificadora, a vida
iluminativa.
A espada do Espírito é a palavra de Deus (Efésios 6:17) não é outra palavra mas uma em
especifico a que vem de Deus cujo autor é Ele próprio contida na Bíblia. O Espírito Santo
opera através da verdade exteriormente,
na natureza, no mundo ao seu redor, na “É minha fé na Bíblia que me serviu
Escritura; é por meio desta verdade que de guia em minha vida moral e
ele age, a verdade contida na Escritura literária”. Immanuel Kant
Sagrada e por meio de nenhuma outra
palavra (Romanos 1:20\ Atos 7:51, 55-
57). A palavra de Deus existiu antes que fosse escrita e por aquela palavra os primeiros
discípulos e posteriores foram gerados (1ª Pedro 1:23/ Apocalipse 3:22) foram
regenerados pela palavra da vida. O que está escrito agora foi primeiro falado pelo
Espírito Santo (1ª Reis 17:24/2ª Coríntios 13:8). A igreja é proclamadora da verdade,
eleita por Deus para reter a palavra da vida especificada sobre esta verdade (1ª Timóteo
3:15\Filip. 2:6). A fé por sua vez deve estar fundamentada na palavra de Deus e não na
igreja ou na religião. Se a igreja for boa a sua fé deve ser testada pela palavra de Deus e
não a palavra de Deus ser testada pela palavra da igreja, nem ainda a minha fé. O poder
está na mensagem por que ela vem de Cristo, vem de quem tem poder para tornar a
mensagem poderosa, está pessoa é o Espirito Santo. A mensagem já era verdadeira e
poderosa antes de ser escrita e continuou assim depois de escrito. (Efésios 6:19) Até
mesmo Jesus deu crédito as Escrituras explicando como ela falava dele mesmo (Lucas
24:25-27,32).
Quando não há uma firme convicção produzindo um pleno reconhecimento da verdade de
Deus o resultado pode ser (fé) no erro com conseqüências em atitudes homologas (2ª
Tessalonicenses 2:11-12). Os que não se importam com a verdade contida nas Escrituras nem
amam estas palavras ou não a retiveram serão entregues ao engano as fantasias religiosas e
40

os sinais falsos (Romanos 1:24, 32\ 2ª Tessalonicenses 2:9-12) Talvez por isso tantos tenham
seguido falsos profetas.A riqueza de Cristo está escrita no evangelho (Colossenses
2:3\1:27\Efésios 3:8) A esperança dos céus e a palavra da verdade está no evangelho
(Colossenses1:5).Estas advertências são para nos manter sóbrios livres e firmes na fé que
recebemos de Jesus Cristo (Colossenses 2:4) e para não sermos enganados com palavras
persuasivas.

Notas adicionais sobre a Bíblia


A primeira Bíblia impressa foi produzida em 23 de fevereiro de 1.455 por Johannes 40
Gutemberg, alemão nascido no ano de 1.395, morto em 1.468. A Bíblia foi o primeiro livro
impresso por Gutemberg, o primeiro livro impresso com método revolucionário tipográfico,
com tipos metálicos. A impressão da Bíblia é considerada um momento revolucionário da
história humana, permitindo a popularização do conhecimento. Foram impressos 180
exemplares, mas restam apenas cerca de 50 exemplares espalhados pelo mundo. Existem
apenas 12 exemplares conservados em pergaminhos, apenas 4 estão inteiros eapenas uma
cópia impressa em papel está bem conservada. A Bíblia de Gutemberg é uma versão da
Vulgata Latina, tradução da Bíblia para o latim. Uma cópia completa da Bíblia de Gutemberg
contém 1.282 páginas de 42 linhas cada. Foram utilizados cerca de 3 milhões de caracteres.
Depois de impressos foram ilustrados a mão e foram encadernados em dois volumes. Vinte
operários colaboraram com a obra. No ano de 2019 completou aniversário de 564 anos da
primeira Bíblia impressa. A única cópia impressa que existe foi produzida em papel é do ano
de 1.456. Atualmente todos podem consultar via internet a Bíblia de Gutemberg através do
site da Biblioteca Digital Mundial que digitalizou toda esta obra.
Imagens de uma Bíblia de Gutemberg
41

41

O processo de preservação, conservação e transmissão das Escrituras são claramente um


desejo divino expresso pelo próprio Deus, autor das Escrituras. Deus intimou e ordenou aos
israelitas que guardassem no coração e preservassem na mente, na memória e que
transmitissem as futuras gerações como bem podemos verificar em Deuteronômio 6:4-9. O
povo deveria ouvir e manter contato com as suas palavras (as de Deus) e para isto deu Deus
mandamentos e fez promessas de grande valor. A tradição preservada da torá era
hereditária, passada de forma oral e a torá escrita, representada pela caixinha de couro
conhecidos como “Tefelins” que contém pergaminhos onde estão escritos quatro trechos da
torá. A palavra tefelin significa “prece”. No grego PHYLACTERION, filactério, que significa
“fortificação”, “proteção”, o que explica o uso destes objetos como amuleto. O conteúdo era
a Torá que é traduzido como “Lei”, porém podemos falar em guia, instrução, ensinamento.
Podemos verificar esta poderosa influencia da tradição nos escritos dos Salmos 119:105-111.

Imagens do tefelin, para ser usada na testa e na mão e amarrado ao braço esquerdo, o do
42

O povo deveria ter contato diário com os ensinamentos, recitá-los aos seus
descendentes, orar por estas palavras e preservá-las, amando-as de coração e mente
(Deuteronômio 6:4-9). A obediência a este mandamento é a tradição e fé viva dos mortos. A
promessa de Deus continua preservando a Escritura e o seu conteúdo de geração em
geração, pois o seu autor é zeloso do seu nome, das suas palavras e do seu registro (Isaias
34:16\Êxodo 34:14\Salmos 119:130).Deus incumbiu os homens para um esforço de
preservação das suas palavras. Os manuscritos e cópias das Escrituras desde tempos
imemoriais são a continuidade deste cuidado de Deus pelos séculos preservados e
exaustivamente mais examinados e estudados em todo o mundo em todos os tempos.
A Septuaginta (LXII) ou versão dos setenta. 42

É a primeira e mais antiga tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego. Foi
produzido por ordem do rei (faraó) Ptolomeu II Filadelfo, na cidade de Alexandria no Egito
em 280 A.C. Conhecida como a versão dos setenta. Segundo a tradição, o rei egípcio
Ptolomeu II Filadelfo, (309 A.C. - 246 A.C.) era filho de Ptolomeu I Sóter. Sóter foi um dos 4
generais do conquistador macedônio Alexandre o Grande, rei da Grécia que morreu com
apenas 33 anos (356 A.C. – 323 A.C.). Ptolomeu II Filadelfo casou-se com Arsione I, a filha de
Lisímaco, outro dos 4 generais de Alexandre o grande. A importância dos 4 generais de
Alexandre o Grande está relacionada com a profecia de Daniel 8:1-22, especialmente versos
8,20-22, sendo os mesmos 4 generais representados pelo 4 chifres do bode peludo da
profecia do livro de Daniel.
Flavio Josefo, historiador judeu do primeiro século, cita o rei Ptolomeu II como Tolomeu
Filadelfo. Descreve também as sua generosidade e de como libertou 120 mil judeus
escravizados pelo seu pai, Ptolomeu I Sóter, e também da sua sede de conhecimento, que o
levou a construir a grande biblioteca de Alexandria. Mandou fazer cópias originais e
traduzidas das Leis santas dos Judeus. Contribuiu com muitas peças para o templo de
Jerusalém e admirou-se pelas leis que os Judeus tinham, fazendo indagações sobre como
foram criadas. Aceitando a solicitação do faraó Ptolomeu II Filadelfo, o sacerdote judeu
Eleazar nomeou 72 eruditos judeus que foram enviados para a ilha de Faros em Alexandria
no Egito onde realizaram a tradução em 72 dias. Ao final dos trabalhos verificaram que seus
escritos eram idênticos. Foram enviados 6 eruditos de cada uma das doze tribos de Israel
para levar a cabo a solicitação do faraó. Esta tradução facilitou a leitura da Bíblia pelos
judeus da cultura grega que viviam longe de Jerusalém. O trabalho foi realizado no Egito. É a
primeira versão da Bíblia no idioma grego e serviu de base para muitas das traduções que
temos hoje. A versão LXX foi perdida restando apenas alguns fragmentos. Os mais antigos
códices da LXX (Vaticanus e Sinaíticus) datam do século IV.
Uma versão posterior da lenda, narrada por Fílon de Alexandria, afirma que apesar de os
tradutores terem sido mantidos em salas separadas, todos eles produziram versões idênticas
do texto em setenta e dois dias. Apesar de esse relato ser historicamente implausível, sua
redação traz à tona o desejo dos sábios judeus da época de apresentar a tradução como
43

divinamente inspirada. A Septuaginta tem seu nome vindo do latim:


Interpretatio septuaginta virorum, "tradução dos setenta”

43
44

44

Estátua de Ptolomeu II recuperada do mar, atualmente junto da nova biblioteca de


Alexandria.

“Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai o que puderdes deste livro pelo
raciocínio e o resto pela fé, e, vivereis e morrereis um homem melhor”.
(Abraham Lincoln)
45

45

Inaugurada em meados de 2002, A Nova Biblioteca de Alexandria foi projetada por um jovem
escritório de arquitetura norueguês chamado Snøhetta, que trouxe do passado a ideia de
criar um grande centro cultural para a humanidade.

Interior da nova biblioteca de Alexandria.

“A Bíblia não é um livro simplesmente; é um Ser vivo que tem o poder de conquistar o
os seus
adversários”.(Napoleão Bonaparte)
46

46

A Antiga Biblioteca de Alexandria foi fundada no quarto século, quando a cidade estava sob o
domínio dos gregos e tornou-se um dos maiores centros culturais da história antiga, com
cerca de 700 mil manuscritos que tinham como objetivo preservar a cultura da época.
Freqüentada por grandes gênios como Arquimedes. Uma perda irreparável para a história da
humanidade.

CODEX – CÓDICE – LIVRO


Códice ou códex do latim, que significa livro ou
bloco. São documentos manuscritos ou impressos Estes são os grandes códices que
tanto em pergaminho, papel ou madeira sobreviveram até os dias atuais:

encadernados em forma de livro. Alguns Códex Vaticanus 325-350 D.C.


manuscritos foram gravados em blocos de Códex Sinaíticus 330-360 D.C.
madeira e também encadernados, outros em
Códex Alexandrinus 400-44- D.C.
uma espécie de velino, um couro bem fino como
Códex Ephiraem Rescriptus 450 D.C.
papel e outros materiais que foram sendo
popularizados com o passar dos anos. O códex foi Manuscritos do Novo Testamento
muito utilizado a partir de antes do século V e até Grego em letras maiúsculas (ou unciais) são
manuscritos em caracteres maiúsculos,
o século XV e foi uma forma eficiente de escritos em velino e pergaminho, entre o
preservar e transmitir o texto sagrado. São século III e o século XI. Existem cerca de 320
Unciais
quatro os códices uniciais que contem o texto
completo do Antigo Testamento e do Novo
47

Embora descobertos em épocas e lugares diferentes os quatro códex compartilham muitas


similaridades entre si. Foram escritos em letras maiúsculas e sem espaço entre as letras e
sem espaço entre as palavras. Ainda poderíamos citar o código de Aleppo como um dos mais
importantes, antigos e completo manuscrito da Bíblia hebraica que inclui quase toda a Torá,
é datado de 930 D.C. Considera-se um manuscrito de maior autoridade massoreta que
segundo a tradição foram preservadas de geração em geração, é visto como fonte original
para o texto Bíblico e os rituais judaicos. Uma transcrição de um manuscrito é a cópia mais
exata possível, reproduzindo seu texto exato letra por letra.
Uma transcrição eletrônica é Uma transcrição também pode reproduzir o layout do
essencialmente o mesmo manuscrito e mostrar quaisquer correções que foram feitas 47
conceito de uma transcrição posteriormente a ele, assim ocorreu com os codex.
manuscrita, o leitor poderá
acessar este material
Códex Vaticanus. O nome deve-se ao fato de estar guardado no
acessando o site
Vaticano. Escrito em 759 folhas de velino, contém uma cópia da
www.codexsinaiticus.org.
LXX (Septuaginta). Acredita-se ter sido originário de Alexandria
no Egito, no entanto especula-se que pode ser de algum lugar
da Itália por volta de 300-325 D.C. Não há certeza de sua
origem ou data. É um manuscrito em grego com menos de 300
anos após a Bíblia ter sido escrita. Contém o inteiro texto das Escrituras hebraicas e gregas
(Imagem de página do códex Vaticanus)

Códex Sinaíticus ou Bíblia do Sinai.


A escrita da Bíblia começou no monte Sinai, Êxodo 24:3-4, nos diz: “Vindo, pois, Moisés e
contando ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos, então o povo
respondeu a uma voz e disseram: todas as palavras que o SENHOR tem falado faremos. E
Moisés escreveu todas as palavras do senhor...”E as Escrituras hebraicas continuaram a ser
registradas por mais de mil anos até por volta de 450 A.C.
48

O nome "Codex Sinaiticus" significa literalmente "o Livro do Sinai". Acredita-se ter sido
concluída por volta de 330-360 D.C. Foi descoberta no mosteiro de Santa Catarina na
península do Sinai de onde deriva seu nome Sinaíticus. O Codex Sinaíticus contém o Antigo e
o Novo Testamento em grego - O Antigo Testamento em grego é a Septuaginta - e contém a
mais antiga cópia completa do Novo Testamento em grego escrito à mão. Foi descoberto em
1844 na região do Monte Sinai onde, acredita-se estaria a sarça ardente junto da qual Moisés
teria recebido as Tábuas da Lei.O mosteiro foi construído por ordem do imperador bizantino
Justiniano I (527-565) à volta de uma capela que abrigava a sarça ardente que por sua vez foi
construída por Helena, a mãe do Imperador Romano Constantino. A sarça que ainda hoje ali
está é, supostamente, a original. A capela também é conhecida como "Capela de Santa 48
Helena" e o local é sagrado para os cristãos e muçulmanos.Konstantin Von Tischendorfem
1844 foi quem descobriu e também foi responsável por levar o manuscrito para São
Petersburgo em 1859, na Rússia.
O conteúdo que sobrevive hoje do Codex Sinaiticus compreende pouco mais de 400 folhas
grandes de pele de animal preparada, cada uma das quais mede 380 mm de altura por 345
mm de largura. A história do Codex Sinaiticus é o fruto da colaboração das quatro
instituições que hoje retêm partes do Codex: a Biblioteca Britânica, a Biblioteca da
Universidade de Leipzig, a Biblioteca Nacional da Rússia em Saint Petersburgo, e o Santo
Mosteiro do Deus-Trodden Mount Sinai (Saint Catherine's). Essas instituições reconhecem
que os eventos relativos à história do Codex Sinaiticus, de 1844 até hoje, não são totalmente
conhecidos. Em 9 de março de 2005, um acordo de parceria foi assinado entre as quatro
instituições listadas acima para a conservação, fotografia, transcrição e publicação de todas
as páginas e fragmentos remanescentes do Codex Sinaiticus.(Imagem do códex abaixo)

O conteúdo e disposição dos livros no Codex Sinaiticus lançam luz sobre a história da
construção da Bíblia cristã. A capacidade de colocar esses "livros canônicos" em um único
códice influenciou a forma como os cristãos pensavam sobre seus livros, e isso depende
diretamente dos avanços tecnológicos vistos no Codex Sinaiticus. A qualidade de seu
pergaminho e a avançada estrutura de encadernação que seria necessária para sustentar
mais de 730 folhas de grande formato, que tornam o Codex Sinaiticus um exemplo notável
de fabricação de livros, também possibilitou o conceito de uma "Bíblia". O planejamento
49

cuidadoso, a escrita habilidosa e o controle editorial necessário para um projeto tão


ambicioso nos dão uma visão valiosa sobre a produção de livros cristãos primitivos.
(Mosteiro Santa Catarina no Sinai)

49

Códex Alexandrinus.
É um manuscrito da Bíblia em grego do século V. Contém a maior parte da LXX e o Novo
Testamento. Originário da cidade de Alexandria até 1638 quando foi comprado pelo bispo de
Constantinopla Cirilo Lucaris. Atualmente está no Museu Britânico. Porém há controvérsias
sobre a sua origem, talvez tenha sido levado para Alexandria onde se declarou sua
descoberta. (Abaixo imagem do Códex Alexandrinus).

Códex Ephraemi Rescriptus.


50

Ou reescrito. Está na biblioteca de Paris. É um manuscrito do século V da Bíblia em grego.


Códice de Efrem reescrito; o pergaminho foi lavado para que outro texto fosse escrito por
cima. O local onde foi escrito é desconhecido. Possui quase todo o NovoTestamento.(abaixo
imagem do C.E.R.)

50

Vulgata latina.
É a tradução da Bíblia para o latim escrita entre o fim do século IV e o inicio do século V por
São Jerônimo, a pedido do Bispo (ou Papa) Damásio I que foi usada pela igreja cristã do
ocidente e que verteu a Bíblia diretamente do texto hebraico para o latim que estava mais
popular que o grego no século V. Seu nome vulgata é de vulgar, vulgo, popular, ou versão
popular, versão de divulgação do povo. Escrito no latim popular falado pelas pessoas daquele
tempo. É a Bíblia oficial da igreja romana.
A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas
predecessoras. Foi primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho
Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta.
No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou os textos. Chama-se Vulgata a esta
versão latina da Bíblia que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e
ainda hoje é fonte para diversas traduções.
São Jerônimo, também conhecido por Jerônimo de Estridão, foi um sacerdote cristão,
destacado como teólogo e historiador e considerado confessor e Doutor da Igreja Católica.
Abaixo imagem do texto da Bíblia Vulgata Latina.
51

51
52

(Imagem da capa uma Vulgata Latina)

52
53

Texto massorético.ÉÉ o texto hebraico da Bíblia. A Bíblia de Massora assora foi produzida e
continuamente copiada em torno do século VI até o século X, este foi o período de atividade
dos massoretas. Antes disso havia
avia em Israel
um grupo especial de pessoas que tinham
como missão ão zelar pelas Escrituras
E
Sagradas, eram os escribas que zelavam
pelas tradições de Israel, a sua missão era
cuidar que os escritos divinos não fossem
alterados em nenhuma palavra, era
questão de honra
onra zelar pela fidelidade das 53
Escrituras,
scrituras, algo sagrado e muito sério,s
executado com muita reverência ncia ao Deus
que inspirou tais palavras e deu ordem
para que se registrassem tudo quanto Ele
falou e a história
ória de seu povo mantendo-
mantendo
Papiro Nash
lhe a pureza e evitando que ocorram
alterações em sua transmissão
transmissão.Os
massoretas foram os substitutos utos dos
escribas judeus, elesreuniram
reuniram os textos sagrados em hebraico, examinando e comparando
todos os manuscritos Bíblicos
íblicos conhecidos na época. Seu propósitosito era transmitir por escrito
fielmente a tradição oral da Lei de Deus, a Torá e a inteira tradição judaica. O resultado ficou
conhecido como texto massorético
massorético.

Os Massoretas foram um grupo de escribas


judeus especializados em hebraico e que
trabalharam com o objetivo de preservar as
Escrituras hebraicas. Portanto, massoreta era
alguém que tinha por missão a guarda e
preservação da tradição. A Escola de Massora,
Massor
com seus competentes escribas Judeus fizeram
muito mais. Eles criaram metodologias que
muito
to contribuíram com a escrita, leitura e
pronuncia do hebraico moderno e devido a
qualidade e excelência de seus trabalhos, os
escribas Massoretas foram chamados de "os
Tanakh, a Bíblia hebraica. pais da gramática do hebraico atual"atual". Os
massoretas criaram sinais vocálicos para
substituir
ituir as vogais que não existem no hebraico. O texto massorético inclui documentos
originais muito antigos como o Papiro Nash do século II A.C.. que contém os dez
mandamentos e que foi utilizado por Lutero em sua tradução da Bíblia
íblia alemã em 1534 que
54

por 24 livros do Antigo Testamento e que formam assim o que conhecemos como texto
massorético. Os escribas da Bíblia normalmente eram Judeus mestres e doutores na
literatura judaica, além de serem estudiosos e especializados nas escritas da época. A forma
como os massoretas faziam suas cópias eram com muita rigidez. Após o escriba fazer toda a
cópia manuscrita, esta cópia era testada de forma minuciosa. Eles estabeleciam uma letra
central e contavam quantas letras havia desta letra até as letras finais. Quando alguma
mínima alteração era descoberta ou quando a
contagem do texto era divergente, todo o
Existia um original e este era manuscrito era descartado e destruído. Todas as
copiado manualmente. Da
primeira cópia nasciam outras e
letras em hebraico são consoantes. Para poder ler, 54
dessa forma se multiplicavam e escrever e falar existe um sistema de sinalização
acabaram chegando até nós. que indica os sons das vogais, chamado sistema de
Ou seja, nós recebemos os
sinais massorético. Estes sinais são pontinhos
textos graças às cópias
transcritas do original, que hoje (sinalizadores) adicionais que inseridos acima ou
não existe mais. abaixo da letra, dependendo do caso, indicando a
vogal a ser pronunciada. Os massoretas
desenvolveram uma espécie de manual para
realizarem as cópias e transmitirem o método
aos futuros escribas ou copistas, eram normas
orientadoras que os copistas deveriam seguir
enquanto copiavam os textos sagrados. Também “O Texto Massorético também é a
continham todas as regras gramaticais sobre a base universal para o que podemos
língua hebraica e os princípios da tradição oral e chamar de uma Bíblia Judaica, se
do Talmude, nenhuma palavra ou letra devia ser referindo claramente aos livros
escrito de memória. Antes de iniciarem a cópia, canônicos judaicos, chamados
eles contavam os versos, as palavras e letras de Tanakh, que contém os 24 livros
cada seção e, se os números não fossem sagrados dos judeus que compõem
idênticos na nova cópia, o trabalho era rejeitado, os mesmos 39 livros do Antigo
assinalavam a palavra central do livro que estava Testamento, porém em ordem
sendo copiado.
diferente”. (Biblioteca Teológica).
Por volta do século II surgiram os códices. Até a
descoberta dos Manuscritos do Mar Morto,
alguns dos mais importantes códices em hebraico são os listados a seguir; todos estes são
conhecidos como Textos Massoréticos.

O Códice do Cairo dos Profetas: É o manuscrito massorético mais antigo. Foi escrito em
Tiberíades (cidade ao norte de Israel as margens do mar da galiléia) e contém os Profetas
Anteriores ao exílio babilônico, de Josué a Reis e Posteriores ao exílio babilônico, de Isaías a
Malaquias. Foi escrito por volta de 895 por Moisés ben Asher.

O Códice Or 4445 B: ou Códice Britânico e encontra-se atualmente no Museu Britânico de


Londres. Abrange o Pentateuco com omissões parciais de alguns trechos (Gn 1:1 a 39:19/Nm
55

7:46-73 e 9:12-18 e Dt 1:34 em diante). Foi escrito entre 925/930, talvez por Moisés ben
Asher.

O Códice de Alepo A (ou Codex Alepensis): ou Códex Aleph, conhecido também como Códice
A. Originalmente continha todo o texto do Antigo Testamento. O códice permaneceu na Síria
por quinhentos anos. Em 1947, manifestantes enfurecidos pelo Plano de Partição das Nações
Unidas para a Palestina incendiaram a sinagoga onde era mantido causando danos
irreparáveis. Foi escrito em Jerusalém por volta de 925/930 por Shelomoh ben Buya'a.
Encontra-se atualmente na Biblioteca do Instituto Ben-Zvi, em Jerusalém.Considera-se o
manuscrito original de maior autoridade massoreta, que segundo a tradição estas Escrituras
Hebraicas foram preservadas de geração em geração. Assim o Códice de Alepo é visto como 55
fonte original e a maior autoridade para o texto Bíblico e os rituais judaicos, é o texto mais
fiel aos princípios dos Massoretas. Alepo fica na Síria, é uma das cidades mais antigas do
mundo, tendo sido habitada desde 5 mil anos antes de Cristo.

O Códice de Leningrado B19a (L): Foi escrito por volta do ano 1.000 D.C. por Shemuel ben
Yaakov no Cairo, Egito. Encontra-se atualmente na Biblioteca de São Petesburgo (antiga
Leningrado). Este é o mais antigo manuscrito completo do Antigo Testamento e é a base da
moderna Bíblia Hebraica Stuttgartencia (BHS). O Antigo Testamento hebraico baseada neste
códice pode ser encontrado em A Bíblia Hebraica Quinta (BHQ).

Quando expressamos que os Códices foram escritos, queremos informar que foram copiados
pelos massoretas: Shelomoh ben Buya'a; Shemuel ben Yaakov; Moisés ben Asher. Eram
famílias da escola de massora que desenvolveram seu trabalho de escribas copiando e
adaptando a fonética do original, ao mesmo tempo preservando os textos hebraicos.

A base da Bíblia judaica é o texto massorético, contudo a Septuaginta já era uma realidade
quando os textos massorético foram reunidos e compilados pelos massoretas. A LXX é a
primeira e mais antiga tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego e foi
produzido no Egito em 280 A.C. Uma das diferenças é que a Septuaginta é uma tradução
para o grego e os textos massorético são cópias que estão na língua original do texto, a
língua hebraica. O Códice de Alepo – um texto massorético – é datado de 930 D.C. o Códice
do Cairo escrito por Moises ben Asher é datado de 895 D.C. A versão LXX já havia
completado 1.200 anos de existência desde a sua produção sendo por tanto mais antiga em
12 séculos. Desta informação surge então que, para o Antigo Testamento, a relevância dos
textos massorético – mais recentes - que a LXX e não menos importante, pois acrescentaram
ao texto original sinais que ajudam na pronúncia das palavras e na correta interpretação do
texto inspirado, sinais estes que são chamados de massora. Cabe lembrar que os textos
massoréticos hebraicos possivelmente tiveram sua origem nas mesmas fontes que a LXX, ou
seja, a LXX é uma cópia em grego do texto hebraico realizado diretamente pelos escribas
judeus 12 séculos antes dos massoretas e o texto massorético é cópia em hebraico do texto
hebraico consonantal original do qual se originou a tradução da LXX muito antes do texto
56

massorético ser apresentado, neste caso a fonte para ambas seriam as mesmas e a
autenticidade de ambas estaria garantida.
O quadro abaixo será útil para pesquisa.

56

A relação entre o texto massoréticoe os textos originais, são as várias cópias em hebraico, do
Antigo Testamento, que chegaram até os nossos dias. Três destas cópias são de grande
importância para os nossos estudos. Esses são: O Texto Massorético, o Pentateuco
Samaritano, e os Manuscritos do Mar Morto.
No entanto são quatro as fontes ou ramos diferentes destes textos que são importantes para
a construção do Antigo Testamento:
1- “Protomassorético”: O texto que serviu de base para o trabalho dos massoretas.
2- O texto consonantal do TM (texto original sem consoantes), anterior à época dos
massoretas (possivelmente o mesmo ou equivalente ao que foi usado para produzir a
LXX), é chamado de texto Protomassorético, não contendo ainda a vocalização, a
acentuação e o aparato massorético, que foram desenvolvidos somente durante a
Idade Média (Séc. VI a X). O texto Protomassorético é um dos tipos textuais da Bíblia
Hebraica utilizados pelos judeus, durante o período do Segundo Templo (450 A.C. a 70
D.C.) ao lado de outras formas textuais transmitidas naquela mesma época. O texto
Protomassorético, preservado e transmitido pelos escribas judeus na época do
Segundo Templo, foi a base e a origem do TM desenvolvido pelos massoretas, na
época medieval (e a base do texto do Antigo Testamento que temos hoje).

2 - A tradução grega, “Setenta” ou LXX a Septuaginta. Já abordado anteriormente.


3 - Os documentos encontrados em Qumran em 1947(MMM - Manuscritos do Mar Morto )
Até hoje há divergências em torno da identidade da comunidade de Qumram. Segundo
alguns esse grupo seria identificado com os essênios, um dos vários ramos do judaísmo no
período dos 200 anos que antecederam o advento de Cristo, juntamente com os fariseus, os
57

em aberto até o presente momento. Foram encontrados inúmeros manuscritos papiros


grafados em hebraico, aramaico e também em grego. Estes documentos foram produzidos
entre os anos 200 a 100 a.C. e neles nós podemos encontrar manuscritos de todos os livros
do Antigo Testamento, com exceção, do livro de Ester. Os manuscritos oferecem também,
muitas informações acerca da comunidade de Qumram e discutem as práticas religiosas e as
atividades diárias daquela comunidade. Todos estes manuscritos revelam vários tipos
textuais da Bíblia Hebraica existentes no período do Segundo Templo. Neles está
representado o texto hebraico que deu origem à LXX, o tipo textual hebraico do Pentateuco
Samaritano, assim como o tipo textual do Texto Massorético™. Segundo a estimativa de
alguns estudiosos, o total de manuscritos encontrados gira em torno de 600 a pouco mais de 57
800 manuscritos. O total de textos Bíblicos achados em Qumram chega a quase 200.
4 - O Pentateuco Samaritano, ou seja, a Bíblia da comunidade samaritana, que conservou
somente os 5 primeiros livros da Bíblia como Escritura inspirada por Deus. As cópias
manuscritas mais antigas do Pentateuco Samaritano são aproximadamente do ano 1.100
D.C. Os estudiosos acreditam que estes manuscritos refletem, de maneira apropriada, textos
antigos, produzidos originalmente entre 200 e 100 A.C. De acordo com os estudos
paleográficos, textuais, históricos e, principalmente, dos Manuscritos de Qumram, o tipo
textual do Pentateuco Samaritano pertence ao período do Segundo Templo e não é anterior
ao século II A.C. Este dado coloca o surgimento do Pentateuco Samaritano, solidamente, no
período da história de Israel, conhecido como época dos Hasmoneus (Reino Asmoneu de
Israel: 140 - 37 A.C.- fundada por Simão Macabeu). O tipo texto do Pentateuco Samaritano
que reflete ao tipo de texto do século II A.C., maso Pentateuco Samaritano não pertence a
este período do século II e 10 séculos mais tarde a um período bem posterior.
As traduções modernas da Bíblia hebraica inclusive as edições Brasileiras são baseadas no
texto massorético. A estrutura consonantal ou o tipo texto do Texto Massorético é do
período pós segundo templo quando os judeus se reuniram no concilio de Jâmnia para
determinar a canôcidade dos livros do Antigo Testamento. Deste concílio surgiu um texto
oficial. A comunidade judaica adotou-o como texto oficial das Escrituras Sagradas para os
judeus. O texto Bíblico do Antigo Testamento, tanto de judeus quanto de cristãos, baseia-se
no Texto Massorético estabelecido há muitos séculos pelos escribas na época antiga e, mais
tarde, pelos Massoretas, durante o período medieval e este tem sido o texto base para
nossas Bíblias há mil anos.
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” Mateus 24:35.
58

TANACH ou TANAKH:

O Tanach é a Bíblia Judaica, o Antigo Testamento hebraico que foi compilado pelos
massoretas. A base do Tanakh judaico é o texto massorético.
A palavra TANAKH é o acróstico de três letras:
tav (‫ )ת‬de Torah, nun (‫ )נ‬de Neviim, e caf (‫ )כ‬de Kethuvim.
A palavra Tanakh é derivada da junção dessas divisões.
Assim formando a palavra: ‫תנ״ך‬. TANAKH = Torá+Neviim+Kethuvim.
O Tanakhpor sua vez está divido em três partes ou em três conjuntos de livros a seguir: 58

1 - A Torá (a lei) ou oPentateuco.


É a primeira parte da Bíblia, são os 5 livros do inicio da Bíblia cristã.
No início (No grego Genesis que significa origem, criação,
Genesis Bereshit
geração).
Nomes (No grego Êxodo e no Latim Exodus – saída,
Êxodos Shemot
partida).
E chamou (contem as leis e regulamentos da tribo de
Levítico Vaiicrá
Levi, Levitas).
No deserto (contém dois recenseamentos relatados no
Números Bemidbar
livro, são números do povo hebreu).
Palavras (“Estas sãos as Palavras”. É o que está escrito no
Deuteronômio Devarim inicio deste livro "Elleh ha-devarim" é a primeira sentença
do livro).

2 –Neviim – Profetas.
É a segunda parte da Bíblia e por sua vez está constituída em duas sessões:
A) Antigos profetas:Josué; Juízes; 1ª e 2ª Samuel 1ª e 2ª Reis.
B) Últimos Profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniele os 12 profetas menores.Oséias,
Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
Ainda podemos classifica-los em:
I) Profetas que atuaram antes do cativeiro: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Isaías,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Jeremias.
II) Profetas que atuaram durante o cativeiro babilônico: Jeremias, Ezequiel, Daniel.
III) Profetas que atuaram após o cativeiro babilônico: Ageu,Zacarias, Malaquias.
59

São conhecidos como Profetas Menores os doze últimos Livros proféticos do Antigo
Testamento. Eles são assim conhecidos não por causa de sua importância, mas sim pelo seu
pequeno volume literário e a esse respeito estão em contraste com os escritos dos Profetas
Maiores.Na formação do Cânon hebraico do Antigo Testamento os livros dos doze profetas
menores formavam um só livro chamado “O Livro dos
Doze”. Provavelmente agrupados assim, por Esdras, mais Aurélio Agostinho nasceu em
354 D.C. na cidade de Tagaste,
ou menos em 425 A. C., possivelmente com a finalidade
atual Argélia. Agostinho de
de acomodá-los em um rolo. As designações “Profetas Hipona conhecido
Maiores” e “Profetas Menores” foram dados por universalmente como Santo
Agostinho no princípio do século IV D.C. (Agostinho de Agostinho foi um dos mais
Hipona ou Santo Agostinho). importantes teólogos e 59
filósofos dos primeiros anos do
cristianismo cujas obras foram
Nesta classificação do Neviim optei por colocar o Livro de muito influentes no
Daniel (conseqüentemente ficou também entre os desenvolvimento do
profetas maiores) entre os últimos profetas devido ao cristianismo e filosofia
fato do mesmo estar na ordem dos profetas que aturam ocidental. Muitos protestantes,
durante o exílio babilônico sendo contemporâneo de especialmente os calvinistas,
Jeremias e Ezequiel. Daniel 9:2 cita o Profeta Jeremias, consideram Agostinho como
um dos "pais teológicos" da
ainda verificamos em 2ª Crônicas 36:12-13 o Reforma Protestante por causa
desenvolvimento da vida do profeta Jeremias durante de suas doutrinas sobre a
atuação do rei de Judá Zedequias sob Nabucodonosor salvação e graça divina.Foi o
sendo este citado também por Daniel e Ezequiel. O exílio contato com o neoplatonismo
babilônico teve inicio em 587 A.C. (quando houve a que conduziu Agostinho a se
primeira deportação de cativos para babilônia). Em 605 converter ao cristianismo em
386, retornou a África se desfez
A.C. alguns sobreviventes da Batalha de Carquemis, de seus bens e fez de sua casa
incluindo o jovem profeta Daniel, foram levados para o um centro monástico. Em 391
cativeiro babilônico (a segunda deportação de cativos tornou-se sacerdote em Hipona
para babilônia). Outros foram levados na terceira e logo depois bispo co
deportação com o rei Joaquim em 597 A.C. incluindo o ajudador. Permaneceu na
profeta Ezequiel que atuou junto ao rio Quebar na cidade de Hipona até sua
morte em 430. Agostinho foi
babilônia (Ezequiel 1:1 / 8:1). Outro argumento em favor canonizado e considerado um
desta classificação é que o relato de 2ª Crônicas 36:22-23 dos 35 doutores da igreja
corrobora positivamente com a visão profética de Daniel católica. Principais obras:
a beira do rio tigre relatada no Capitulo 10:1- “no Confissões; A cidade de Deus.
terceiro ano do Rei Ciro, Daniel teve a visão”. Parte 1 e A cidade de Deus
parte 2.

3 –Kethuvimou Chetuvim – Os escritos, 11 livros(Escritos).


Composto pelos livros poéticos e trechos de alguns livros proféticos, trata-se do nome da terceira
parte da Bíblia, que é constituída pelos livros de Salmos, Jó, Provérbios, Rute, Cântico dos
Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras- Neemias, 1ª e 2ª Crônicas.A divisão
em três partes na Bíblia hebraica é citada no Novo Testamento grego em: Lucas 24:44
“E disse-lhes: “Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era
necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés,
nos Profetas e nos Salmos”“.
60

Tanach ou Tanak denomina o conjunto principal dos livros sagrados judaicos, é a Bíblia
judaica. Equivalente ao Antigo Testamento, porém com uma divisão diferente da Bíblia
protestante, no entanto uma equivale à outra. Consiste em 24 livros. Reduzindo-se cada par
de livros de Samuel, Reis, Crônicas a um livro cada, Esdras e Neemias a um livro, os Doze
profetas menores a um livro, estes 24 livros são os mesmos 39 da Bíblia Cristã.
Para entender melhor como os 39 livros do Antigo Testamento são 24 na Bíblia Judaica.
Genesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. 05 livros.
Josué e Juízes 02 livros
60
Rute 01 livro
1ª e 2ª Samuel. 1ª e 2ª Reis. 1ª e 2ª Crônicas 03 livros
Esdras e Neemias 01 livro
Ester 01 livro
Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos. 05 livros
Isaias, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, 05 livros
Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, 01 livro
Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias,
Malaquias.
Total 24 livros

A Bíblia judaica assim como a Bíblia protestante excluiu os escritos apócrifos, entre eles os
livros de 1ª e 2ª Macabeus que contem relatos históricos do povo judeu;os livros de Tobias,
Judite, Sabedoria de Salomão, Baruc ou Baruque e também adições em Ester e em Daniel,
que são os mitos de Susana e Bel e o Dragão não estão incluídas no cânon. O livro de
Macabeus foi escrito em hebraico, mas só foi conservado numa tradução grega. Trata-se do
registro histórico das lutas dos judeus travadas contra os soberanos selêucidas para obter a
liberdade religiosa e política do povo judeu. Seu título provém do apelido de Judas Macabeu.
O relato do primeiro livro dos Macabeus abrange quarenta anos, desde a ascensão de
Antíoco IV Epifânio ao poder, em 175 A.C.,até a morte de Simão, irmão de Judas Macabeu e
o início do governo de João Hircano em 134 A.C. (Antíoco Epifânio na profecia Bíblica de
Daniel 11:41, 45, foi uma espécie de anticristo que profanou o templo judaico e perseguiu a
comunidade dos judeus, chamado por Jesus de Abominação desoladora que tipifica o
verdadeiro anticristo que surgirá na grande tribulação).
O Império Selêucida foi um Estadohelenista que existiu após a morte de Alexandre, o
Grandeda Macedónia. Seleuco, um de seus 4 generais, estabeleceu-se na Babilônia em 312
A.C. - ano geralmente usado para definir a data da fundação do Império Selêucida.
61

Foram considerados inspirados no concilio judaico de Jâmnia (Jâmnia é uma cidade da


Palestina) realizado entre o fim do século I e inicio do século II D.C.(90 e 118 D.C.)os livros
que estivessem de acordo com estes critérios:

1. Ser escrito em Hebraico;


2. Ser escrito dentro da Palestina;
3. Ter sido escrito até a volta do Exílio da Babilônia;
4. Estar de acordo com o Pentateuco.

Com este critério ficava clara a tentativa de também excluir os escritos gregos do Novo
Testamento que estavam circulando reconhecidamente como divinamente inspirados 61
(1ªTessalonicenses 2:13 / 2ªPedro 3:15-16). No entanto estes mesmos critérios se
mostraram poderosos na verificação da verdade escriturístico dos textos analisados,
principalmente os do antigo Testamento, no que diz respeito aos apócrifos. Entre os cristãos
protestantes estes livros não são aceitos como divinamente inspirados por que contradizem
as Escrituras Sagradas tanto o Novo quanto o Antigo Testamento, sendo doutrinariamente
rejeitados como não autentica escritura inspirada por Deus, mas aceito em parte como
historicamente relevante, porém não todo. Para tanto vejamos algumas observações a
seguir:

A) "Se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo; se ela está
imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor." II Macabeus, 15.
Comentário: As Escrituras Sagradas afirmam a respeito de si mesmas que certamente são
inspiradas por Deus, autenticas e divinas, com as assertivas afirmações no Antigo
Testamento quanto declarações afirmativas no Novo Testamento. Jamais as Escrituras ou
qualquer escritor Bíblico original se colocaram em dúvida quanto a sua autenticidade,
inspiração, revelação e iluminação sobre o que estavam escrevendo ou de tudo que já havia
sido escrito por outros autores Bíblicos. Isto não acontece com Macabeus como bem
podemos verificar acima com o uso do “SE”. O escritor de Macabeus deixa bem claro no
verso acima que foi ele mesmo quem escreveu e que pode ter sido tanto medíocre quanto
imperfeito, ou seja, sem nenhuma reverencia a inspiração divina e condução do Espirito
Santo. Na continuação no versículo 39 de Macabeus 15 o escritor ainda afirma que o que
daria prazer é o relato aos ouvidos do leitor, pois considera o que escreveu como uma
mistura de vinho com água. Fica claro que não é puro o que ele esta escrevendo, sendo
assim indigno da confiança quanto a sua inspiração divina.

B) Exorcismo utilizando as entranhas de um peixe – Magia e feitiçaria como


método:“E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração
sobre brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como
da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos
que têm algumas névoas, e sararão” (Tobias 6:5-9).
62

C) A salvação é conquistada através das obras e por méritos próprios e não por Cristo
como um dom gratuito dado por Deus: “porque a esmola livra da morte eterna, e é a que
apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tobias 12:8, 9).
D)A salvação através do conhecimento e não por Jesus:“Assim se tornaram direitas as
veredas dos que estão na terra; os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela
sabedoria foram salvos” (Sabedoria 8:19).
E) Oração pelos mortos texto que apóia o tema PURGATÓRIO: “É, pois, um santo e
salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados” (2ª
Macabeus 12:43-46).
62
F) Mortos que oram pelos vivos:“Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, escutai a
prece dos mortos de Israel, dos filhos daqueles que pecaram contra vós, que não atenderam
à voz do Senhor, seu Deus, e por isso foram levados à desgraça” (Baruque 3:4) Verificar
também o livro de Sabedorias 3:1-4.

G) O mito do jejum permanente de uma mulher: “jejuava todos os dias de sua vida,
exceto nos sábados, e nas neomênias, das festas da sua casa de Israel” (Judite 8:5, 6).Em
nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40
dias e 40 noites e depois não jejuou mais.

H) O profeta Daniel mata um dragão:Daniel pegou piche, sebo e crinas, cozinhou tudo
junto, fez com aquilo uns bolos e jogou na boca do dragão. Ele engoliu aquilo e se
arrebentou.(Daniel 14:23-28) –trecho que foi adicionado no livro de Daniel, mas que não faz
parte dele.

I) Daniel é lançado duas vezes na cova dos leões e Habacuque é transportado para a
cova e vai alimentá-lo:“O anjo do Senhor disse a Habacuc: Esse almoço que você tem aí leve
para Daniel, lá na Babilônia, na cova dos leões’. Habacuc disse: ‘Meu senhor, eu nunca vi a
Babilônia, nem conheço essa cova! ’ O anjo do Senhor pegou-o pelo alto da cabeça, carregou-
o pelos cabelos e, com a rapidez do vento, colocou-o à beira da cova...” No sétimo dia, o rei
foi chorar a morte de Daniel. Chegou à beira da cova e lá estava Daniel sentado
tranquilamente. Então o rei exclamou em alta voz: ‘Tu és grande, ó Senhor, Deus de Daniel!
Além de ti não existe outro Deus’. O rei mandou retirar Daniel da cova e jogou aí àqueles que
pretendiam matá-lo. “Foram devorados num instante, na presença do rei”(Daniel 14:34-36,
40-42. Isto aconteceu no inicio do livro e se repete aqui adicionando o fato do translado de
um Habacuque).

J)Xenofobia e incentivo ao ódio:“Há duas nações que eu detesto, e uma terceira que
sequer é nação: os habitantes da montanha de Seir, os filisteus e o povo idiota que habita em
Siquém”(Eclesiástico 50:25, 26).

L) Lendas absurdas e ficção: "Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiram, e parou na


primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe
monstruoso para devorá-lo. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo:
63

Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse-lhe: Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti.
Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés. (Tobias 6.1-4).

Depois de aproximadamente 435 A.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo
Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros
dos Macabeus, mas eles não foram considerados dignos de inclusão na coleção das palavras
de Deus que vinham dos anos anteriores.Além disso, sabe-se hoje que a quantidade de
apócifos pode ultrapassar o número e cem livros.

Papiro de Nash: O Papiro de Nash com mais de 2 mil anos é um fragmento do século II A.C. 63
contendo o texto dos Dez Mandamentos seguido pela oração Shemá Israel. Antes da
descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, era o mais antigo manuscrito conhecido
contendo um texto da Bíblia Hebraica. O manuscrito foi originalmente identificado como um
lecionário usado em contextos litúrgicos, devido à justaposição do Decálogo (provavelmente
refletindo uma tradição mista, um composto de Êxodo 20:2-17 e Deuteronômio 5:6-21) com
a oração de Shemá Israel (Deuteronômio 6: 4-5), e foi sugerido que é, na verdade, de um
filactério (tefelin, usado na oração diária). Comprado de um comerciante egípcio em
antiguidades em 1902 pelo Dr. Walter Llewellyn Nash e apresentado à Biblioteca da
Universidade de Cambridge - em 1903, o fragmento foi dito ter vindo do Fayyum (Fayyum ou
Faium é uma cidade do Médio Egito localizada 130 km a sudoeste do Cairo).O Papiro Nash foi
digitalizado e pode ser visto na página da Cambridge Digital Library.

A oração Shemá Israel


Neste ponto gostaria de chamar atenção para o significado tão importante deste texto
Bíblico chamado de oração Shemá Israel. Que traduzido é: Ouve Israel.Este texto está dividido
em três partes.A parte um está em Deuteronômio 6:4-9. A segunda parte está em
Deuteronômio 11:13-21e a terceira parte está em Números 15:37-41. A oração completa está
reunida logo a seguir:
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.Shemá Yisrael, A-do-nai E-lo-hê-nu, A-do-
nai Echad.
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças.
E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;E as ensinarás a teus filhos e
delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.E as
escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.Deuteronômio 6:4-9
E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno de
amar ao Senhor vosso Deus, e de O servir de todo o vosso coração e de toda a vossa
alma,Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que
64

recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite.E darei erva no teu campo aos teus
animais, e comerás, e fartar-te-ás.Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos
desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;E a ira do Senhor se acenda
contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais
da boa terra que o Senhor vos dá.Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na
vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos
olhos.E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te, e levantando-te;E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas
portas;Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o
Senhor jurou a vossos pais darem-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.Porque se 64
diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes,
amando ao Senhor vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos
achegardes,Também o Senhor, de diante de vós, lançará fora todas estas nações, e possuireis
nações maiores e mais poderosas do que vós.
.
E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das
suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão
de azul. E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do
Senhor, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais
andais vos prostituindo. Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os
cumprais, e santo sejais a vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do
Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus. Números 15:37-41
A importância destes trechos da Escritura se deve a exortação para transformar em tradição
a ser repetida diariamente pelos judeus por todas as gerações do que foi escrito ali. A
continuidade oral deste texto e o tratamento que lhe é dado como sagrado traduz-se para
nós na fidelidade exigida a todas as palavras escritas e faladas por Deus que deveriam ser
aprendidas, decoradas, rezadas pelas famílias de Israel como o é até os dias de hoje por
milênios. A fidelidade deste povo em cumprir este ritual afirma para nós a certeza de que as
Escrituras foram fielmente copiadas e passadas a todas as gerações conforme foi ordenado
por Deus. Revela também o firme propósito de Deus em abençoar o seu povo a partir da
obediência ao que ele deixou escrito para todos nós e as consequências desastrosas em
esquecer suas leis e mandamentos. Se Deus é fiel para abençoar seu povo a partir do que
está escrito concluímos que sua palavra continua viva para sempre, que tem importância
eterna e carrega correção, dignidade e fidelidade, pois Deus zela pela sua palavra e o que Ele
disse é o que está escrito na Bíblia, pois podemos confiar nele.
A Bíblia em português.
A primeira Bíblia traduzida para o português foi publicada entre os anos de 1644 e 1691 por
João Ferreira de Almeida; pastor reformado de nacionalidade portuguesa que trabalhou para
a Companhia das Índias Orientais Holandesas e que viveu no século 17. Porém a sua tradução
do Novo Testamento foi publicada pela primeira vez entre os anos de 1681 a 1712, em
65

Amsterdam, na Holanda por ordem da Companhia das Índias Orientais para qual trabalhava
o conquistador Mauricio de Nassau.
Há registros históricos de que Mauricio de Nassau (1604 – 1679), governador da colônia
Holandesa no nordeste do Brasil havia encomendado 20 Bíblias grandes e também havia
projetos de tradução da Bíblia para o idioma Tupy, interrompido pelos combates com a
coroa portuguesa. Nassau era de formação protestante tendo estudado em centros
calvinistas em Genebra – Suíça e ingressado na carreira militar a serviço da Holanda em
1621. Como governador da Nova Holanda no Nordeste Brasileiro, mais especialmente em
Recife, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.Permitiu a liberdade de
culto entre os holandeses, franceses, italianos, belgas, alemães, flamengos e judeus 65
promovendo grande tolerância religiosa melhor do que na Europa.Surgem disto os motivos
de o Novo Testamento em português ter sido levado para fora de Portugal e traduzido na
Holanda e Inglaterra. A tradução completa para nosso idioma foi concluída em 1819 em
Londres.
A introdução das Sagradas Escrituras no Brasil começou discretamente em 1814.Com a
participação de brasileiros na edição Revista e Corrigida a partir dos anos 1800, houve
adaptação para o idioma português do Brasil e desde então as revisões aproximaram a
tradução de Almeida para o que é hoje a tradução em nosso idioma. Naqueles primórdios,
exemplares de Novos Testamentos e Bíblias completas eram distribuídos a bordo de navios
que deixavam Lisboa e portos ingleses com destino ao Brasil. Era um trabalho muito
inteligente e de bons resultados. Dependia da boa vontade e do espírito missionário de
capitães de navio, comerciantes, e pessoal diplomático e militar que viajassem para o Brasil.
Os capelães britânicos radicados nos mais importantes postos brasileiros também
participavam deste ministério. A partir de 1818, a distribuição de Bíblias na América Latina
passou a ser feita por meio de agentes das duas sociedades Bíblicas existentes, a Britânica e
a Americana. O primeiro deles foi o pastor batista escocês James Thomson (1781-1854). Foi
ele quem introduziu a Palavra de Deus na Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Porto
Rico, Haiti, Cuba, México e várias ilhas das Antilhas. Não se sabe se ele esteve no Brasil.O
pastor metodista americano Daniel Parish Kidder (1815-1891) foi o primeiro correspondente
da Sociedade Bíblica Americana a se fixar no Brasil. Com a idade de 22 anos, já casado, ele
percorreu o país de norte a sul. Kidder era destemido e criativo. Em uma de suas viagens a
São Paulo, propôs à Assembléia Legislativa da Imperial Província de São Paulo o uso da Bíblia
nas escolas primárias de toda a província e se comprometeu a doar doze exemplares para
cada escola, caso a proposta fosse aprovada.
Entre a chegada dos primeiros exemplares da Bíblia (1814) e a chegada do primeiro
missionário protestante permanente (1855), há um espaço de 41 anos. Isso significa que as
Escrituras Sagradas precederam a implantação das primeiras igrejas evangélicas brasileiras.

Naquele tempo, a Igreja Romana não via com bons olhos o trabalho das sociedades Bíblicas e
de seus colportores (pessoas que se ocupavam da circulação da Bíblia por motivação
66

missionária). Os protestantes pensavam e agiam de maneira diferente. Cada fiel deveria


possuir seu próprio exemplar da Bíblia e conhecer o seu conteúdo, na certeza de que ela é “a
única regra de fé e prática”. (trecho retirado e adaptado de História da Evangelização do
Brasil, p.192, Editora Ultimato).

As divisões da Bíblia.

ANTIGO TESTAMENTO
O Antigo Testamento conta a história do povo hebreu, desde sua fundação com o chamado 66
de Abraão, sua localização na terra palestina, os seus governantes, reis e profetas e
sacerdotes, suas guerras, dificuldades força e conquistas como também seus erros e sua
queda. O povo judeu tem toda sua trajetória registrada na história de Israel narrada na
Bíblia.Essa história retrata a fé do povo no Deus de Israel e descreve a vida religiosa dos
israelitas como povo de Deus. O que Deus fez por este povo e como eles deveriam adorá-lo e
obedecer-lhe e ama-lo.
Antigo Testamento está divido em 5 blocos.
(1) A Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
(2)Históricos:Josué, Juízes, Rute, 1ª e 2ª SAMUEL, 1ª e 2ª REIS, 1ª e 2ªCRONICAS, Esdras,
Neemias, Ester.
(3) Poéticos e Sabedoria:Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares.
(4) Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel.
(5) Profetas Menores:Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque,
Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

NOVO TESTAMENTO
Os livros do Novo Testamento foram escritos pelos discípulos de Jesus Cristo. Estão divididos
em 5 blocos.
(1) Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João.
Os evangelhos são também denominados de Biográficos Sinóticos devidos a certo
paralelismo entre si. Por sua semelhança permitem uma visão panorâmica da vida e obra,
doutrina e paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
(2) Histórico: Atos dos Apóstolos.
(3) Cartas Paulinas:Romanos, 1ª e 2ª Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1ª e
2ª Tessalonicenses, 1ª e 2ª Timóteo, Tito, Filemom.
Também denominadas de Epistolas Paulinas. Escritos do apóstolo Paulo a pessoas e as
cidades onde havia as primeiras congregações, orientando as mesmas.
67

(4) Cartas Gerais ou pastorais. Hebreus, Tiago, 1ª e 2ª Pedro, 1ª 2ª e 3ª João, Judas.Também


denominadas de Epistolas gerais ou universais.
(5) Profético. Apocalipse. Traduzido é revelação. É um livro escatológico.

A DIVISÃO DA BÍBLIA EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS


Atualmente, a Bíblia é dividida em 1.189 capítulos, sendo 929 no AT e 260 no NT. A Bíblia foi
dividida em 31.102 versículos, sendo 23.145 no AT e 7.957 no NT. A divisão por capítulosfoi
realizada pelo Arcebispo Estêvão Langton e pelo Cardeal Hugo de Sancto Caro. Eram duas
divisões diferentes, ambas realizadas no século XIII. Prevaleceu a divisão do Arcebispo 67
Langton, realizada em 1205.
A divisão em versículos veio 300 anos mais tarde. O primeiro a propor tal empresa foi o
italiano Santi Pagnini (1470-1541), mas o seu trabalho não foi aquele adotado por todos. A
divisão em versículos que usamos hoje foi feita por Roberto Estienne e aplicada na sua
edição grega do Novo Testamento, publicada em 1551 e depois na versão em francês de
1553.
A personalidade da palavra de Deus.
As ações humanas só adquirem sentido histórico quando são contextualizados em seu
alcance simbólico. Toda doutrina Bíblica desenvolve-se no tecido da história de um povo,
primeiro os judeus e depois os cristãos, estes que inseridos no mundo, são objetivo maior
do amor de Deus (João 3:16). A doutrina, a instrução, e a Lei refletem o simbólico e
ideológico deste povo a partir de seu idealizador supremo que é o próprio Deus criador e
não apenas pelos seus representantes simbólicos – os homens que foram os lideres e
precursores que impulsionaram esta história e a sua instrução. As rupturas e continuidades
– os escribas que foram substituídos ou podemos dizer “continuados” pelos massoretas que
por sua vez foram seqüenciados pelos evangelistas e apóstolos que escreveram o conteúdo
do Novo Testamento; os cordeirinhos sacrificados que foram definitivamente substituídos
pelo sacrifício de Jesus. No campo da realidade e aparência – houve uma ruptura no
exercício da fé daqueles entre os cristãos que eram os pais da fé judaica, no entanto o
cristianismo deu a estas representações e símbolos da fé uma continuidade mais profunda.
Já não era tanto o que se via de concreto, objetos simbólicos representados na tradição e
na Lei, mas a sua essência, sua síntese o significado que deveria permear o ser.
Cada indivíduo do mundo poderia realizar e viver a doutrina antes exclusiva de um só povo.
Agora todos os gentios poderiam ser os sacerdotes, (Apocalipse1: 6) todos levam consigo a
obrigação de cumprir aquilo que no fundo já era sabido como seu, era intuído, desejado e
conhecido interiormente, a ética e moral e a alegria que é herança de todo ser criado por
Deus. Entendemos no sermão da montanha que Jesus não anula a Torá, ratificando-a,
porém aprofundando seu sentindo a transfere a partir daquele instante para cada individuo
o dever de viver sob aqueles preceitos eternos, os quais não seriam mais um adorno
externo (tefelin, filactério e franjas), mas sim uma escrita nas tábuas do coração, uma
68

conduta desejada que defina um tipo de pessoa independentemente de seu paramento


externo, cumprindo assim a intenção da oração Shema Israel de Deuteronômio 6:1-9 a mais
importante instrução de Deus e o maior dos mandamentos – Mateus 12:28-34 -e disto
depende toda a Lei, os Profetas e os Salmos. Os discípulos, os apóstolos, os gentios e todos
os seguidores em geral podiam usar as Leis para o lado de dentro de si mesmos, internalizá-
las, tomar posse desta escrita que antes era exclusivamente judaica, agora era seu
patrimônio da humanidade, direito e dever, influenciando assim as pessoas e o modo de
viver ao seu redor e por fim todo o mundo sem que dependessem de uma aparência de
sacerdote ou de levita, ou de qualquer coisa que se designara sacra ou digna de reverência,
pois dali em diante o Reino de Deus habitaria não mais fora, ou no aparente, mas dentro de 68
cada um, Deus não andaria mais entre eles, mas dentro deles e de cada um de nós. A
caminhada desde então não seria pelo que se podia ver mais por fé naquilo que não se vê e
que se crê com o coração, não em símbolos, mas em uma pessoa que é tudo o que foi um
dia simbolizado (Hebreus 7:25-27).
A ruptura com a aparência na verdade era uma continuação da mesma fé, porém sem mais
a necessidade desta aparência externa da fé– o paramento, as tradições, os rituais - da Lei
escrita em papiros, mas escrita no interior, na alma, esta era a intenção da instrução da Lei,
suscitar em cada ser o amor por Deus e pela vida em geral (Mateus 6:16-24).Corrobora com
isto o fato de o apóstolo Paulo ensinar que o salvo é justificado pela fé de Abraão, que creu
em Deus e lhe foi outorgado à salvação e as promessas, sendo todas anteriores a escrita
das Leis, da Torá, dos rituais, e das tradições. Agora todo individuo poderia aproximar-se de
Deus cuja imagem é o próprio salvador em pessoa, Jesus Cristo, e receber de fato as
mesmas promessas de Abraão e a salvação cujo símbolo maior era a Escritura, a fé e o
sangue; assim toda a escritura passou a ganhar nova vida e sentido aos olhos daqueles que
antes não poderiam a ela ter acesso, lhes era impossível à aproximação, pois que o
cumprimento da escrita previa ritualidade, imagem do simbólico, sem o qual era insatisfeito
qualquer sacrifício (2ª Coríntios 3:14). A ruptura encarnou a palavra através de uma pessoa
– que rasgou o véu - e a partir de então todos os que se aproximam da palavra de Deus
entram em uma nova dimensão e melhor realidade, um contato direto com o Verbo Vivo e
não mais apenas uma escrita na parede. Viver a vida de fé em Deus foi ao mesmo tempo
uma ruptura com o que antes era um aio, um tutor, uma babá, como também uma
continuação do que na verdade era a intenção de uma fé pura sem intermediários exceto o
próprio Deus; uma preparação para uma compreensão universal,uma instrução para
conduzir ao real e antes intocável pelo Dei Verbum encarnado, o objetivo maior de cada ser
humano, tocar com as suas mãos e ver com seus olhos o verbo vivo entre nós a
personificação da palavra de Deus (1ªJoão 1:1-3).
A Palavra de Deus não é apenas um livro, é o próprio Jesus, o Verbo de Deus (João 1:14). No
entanto Jesus Cristo não é um livro como o é a Bíblia, ele é uma pessoa, assim como Deus é,
Jesus é também; o mesmo se afirma sobre o Espirito Santo.
69

No entanto, Jesus é maior do que o livro, assim como Deus é mais sublime do que os céus
(Hebreus7:26\1ªTimóteo6:16/Êxodo 33:20/Jó37: 23) e o Espirito do Senhor tem todo o
conselho, juízo, sabedoria e ciência. A Bíblia não poderia conter todos os pensamentos de
Deus nem mesmo a sua glória ao infinito (Isaías 40:12-14/1ªCoríntios 2:16). Os homens
mortais tem apenas um vislumbre, como sombras em uma caverna veem apenas em partes
(O mito da Caverna – A Republica Livro VI – Platão - 428-348 A.C e Apóstolo Paulo em 1ª
Coríntios 13:12 - 55 D.C.).
Ao Senhor; Deus de Israel pertence, ou seja, é Dele, todaa majestade, poder, glória e vitória
que há nele mesmo, e de tudo o que há nos céus. Toda a beleza, poder e majestade do
universo, incluído tudo o que a terra é e representa, com as suas surpreendentes riquezas,
69
recursos naturais e belezas conhecidas ou desconhecidas pelo homem pertencem a Deus,
sendo em verdade a sua obra, sua criação (Salmos 24:1). Deus é de eternidade em
eternidade, Ele governa soberano sobre todos, sobre tudo, inclusive o universo e a terra, os
mundos, coisas e seres e nada está acima dele, o trono de Deus é o lugar mais sublime,
mais alto e de maior autoridade que existe.
(1ªCronicas 29:10-12/16: 26-27/2ªCronicas 20:6/Salmos 93:1-2)*.
Quando lemos a pergunta intrigante feita em Isaias 40:18: “Afinal com quem Deus pode ser
comparado? Com quem ele se parece?”Pergunta repetida no versículo 25:”Diz o
Santíssimo: Com quem me comparareis? Com quem eu me assemelho?”.
Frente a isso e ao considerarmos os versículos de 1ª e 2ª Crônicas e dos Salmos colocados
entre parentes anteriormente*, aos quais poderiam ser acrescidos de muitos outros,
percebemos a complexidade e dificuldade em dar uma resposta para as questões
levantadas em Isaias 40. Afinal ninguém conhece a Deus como Ele realmente é. Além disso,
um ser finito e mortal jamais teria capacidade ou condições de definir a Deus, muito menos
compará-lo com alguém ou a algo, o que é na verdade impossível, já que nosso conceito de
ser e existir estão limitados ao espaço/tempo do universo em que vivemos o que não
ocorre com Deus. Entendemos então como isto ofende a Santidade de Deus e o motivo de
sua indignação com a idolatria, o de ser comparado com algo que foge completamente -
não só da razão e também da absoluta verdade e santidade do Deus incomparável, imenso
e que não se pode ser medido pela nossa existência - e muito mais especialmente contra a
de seu próprio povo, e de todas as suas criaturas - daí a sua ira e castigo (Salmos
16:4/Êxodo 20:3). Deus não pode ser comparado com qualquer coisa, Ele não aceita ser
confundido com a sua criação, obra que ele realizou e que não é como Deus é (Êxodo 20:4-
5). Consideremos a meditação no comentário produzido por Santo Agostinho de Hipona,
um dos doutores da igreja, filósofo e defensor da divindade de Jesus Cristo e do Espirito
Santo, defensor da doutrina da Trindade a respeito da grandeza e eternidade de Deus:
“E assim SENHOR – tu que não és às vezes uma coisa e outras vezes algo diferente,
mas este mesmo, o mesmo e o mesmo: santo, santo, santo, Deus onipotente – no
principio, isto é, de ti, em tua sabedoria nascida de tua substancia, foste tu que
fizeste algo, e o fizeste a partir do nada. Com efeito, fizeste céu e terra, não
70

extraídos de ti, por que não há nada que seja igual a ti. Não se admite de modo
algum que algo seja igual a ti se não é feito de ti. E não havia outra coisa antes de ti
da qual o terias feito, Deus, uma trindade e tripla unidade: por isso criaste do nada
céu e terra, o grande e o pequeno, visto seres onipotente e bom em criar toda as
coisas boas, seja o grande céu e terra, essas duas coisas; uma próxima a ti, outra
perto do nada, Quanto à primeira, só tu é superior, quanto à outra, só o nada pode
ser inferior (Agostinho, confissões XII, 7).
As questões feitas por Deus através de seu profeta Isaias são de profunda reflexão.
Proponho dividi-las em parte A e B:
A) verso 18: A quem fareis semelhante a Deus? Ou com quem Deus pode ser comparado? 70
Com o que ou com quem Ele se parece?
B) verso 25: Fareis Deus semelhante a quem, para que Eu lhe seja igual? Com que Deus se
assemelha, a quem Deus é igual?

Buscamos as respostas no mesmo capitulo de Isaías 40:3“Voz do que clama no deserto:


Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”.
Atenção para a expressão: “Voz do que clama no deserto”
O profeta João Batista identifica a si mesmo e proclama ser ele a voz que clama no deserto
como descrito no evangelho de João 1:23 onde lemos: “João lhes disse: “Eu sou a voz do
que clama no deserto: ‘Fazei um caminho reto para o Senhor’, como disse o profeta
Isaías” - Isaías 40:3.
Confirmando a identificação do profeta João Batista como a voz do que clama no deserto
lemos em Lucas 3:1-4, que João Batista recebeu uma convocação de Deus para cumprir o
que está escrito em Isaias 40:3, ele mesmo é a voz do que clama no deserto. O mesmo
acontecendo com o texto no evangelho de Mateus 3:1-3 “surgiu João Batista... este é
aquele que foi anunciado pelo profeta Isaias: Voz do que clama no deserto”.
Em Isaias 40:3 o profeta anuncia a chegada do Senhor e Deus de Israel, mais adiante e mais
uma vez aponta que o Senhor Deus chegou, no versículo 9: “Eis aqui está o vosso Deus”.
Está é uma profecia messiânica. Quem é anunciado pelo profeta Isaías como tendo chegado
a Israel é revelado no evangelho onde osmesmos evangelistasque aplicam a profecia
messiânica para identificar a João Batista, como“a voz que clama no deserto”aplicam
também a profecia para identificar Deus com a pessoa de Jesus Cristo, anunciado por João
Batista, assim como anunciado por Isaías em sua visão. Ainda o que está nos versículos 9-11
de Isaias 40:
“Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que
anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às
cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus. Eis que o Senhor DEUS virá com poder e
71

seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário
diante da sua face. Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços
recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará
suavemente”.
João Batista testemunhou que Jesus era o Cristo anunciado por Isaias. Recomendo a leitura
do capitulo 1ª do evangelho de João concomitantemente com Isaías 40.
As palavras profetizadas 700 anos antes por Isaias que seriam anunciadas em Jerusalém do
primeiro século identificavam e ligavam a pessoa do anunciador com João Batista e o
anunciado (Deus) com Jesus Cristo. (eis aqui está o vosso Deus em Isaías) e (eis aqui está o
cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo em João 1:29-34). 71

Era sabido entre os judeus que somente Deus pode tirar o pecado do mundo e perdoar os
pecadores. No evangelho de Marcos 2:1-12, no episódio do paralitico curado, verificamos
especialmente a declaração sobre quem exclusivamente pode perdoar pecados sendo
aplicada ao Senhor Jesus: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?”.
Talvez seus acusadores tivessem em mente o texto que segue em Isaías 43:25:“Sou Eu
(YAHWEH), Eu mesmo, aquele que apaga tuas transgressões, por amor de mim, e que não
lembra mais de teus erros e pecados”. No entanto Jesus provou ter o poder para perdoar
os pecados quando curou o paralitico, demonstrando assim a sua autoridade tanto para
perdoar pecado igual a Deus, como poder para levantar o doente como Deus faria.
Ainda temos a pergunta de Isaías: “com quem comparareis a Deus?” ou ainda “Fará Deus
semelhante a quem? Com que Deus se assemelha?”.
Está nos versículos 13-14 do mesmo capitulo 40 de Isaias:
“Quem guiou o Espírito do Senhor, ou como seu conselheiro o ensinou?
Com quem tomou Ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho
do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?”

O texto atribui a Deus todo o saber, a ciência, o conhecimento, ou seja, o atributo


incomunicável da onisciência. Que pode ser complementado pelo verso 28 de Isaias 40:“É
inescrutável o seu entendimento. Ou não há esquadrinhação do seu entendimento, ou
não se pode saber ou medir o tamanho ou o quanto Deus sabe”.
A resposta continua sendo proclamada no Novo Testamento em 1ª Coríntios 2:7-8:“Mas
falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos;
para nossa glória. A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a
conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória”.
A sabedoria de Deus neste texto do Novo Testamento é atribuída àquele que foi
crucificado, chamado de Senhor da glória. Quem é este Senhor da Glória?(Salmos 24:9-10)
A resposta ecoa nas palavras de Estevão em Atos 7:2 “O Deus da glória apareceu a nosso
pai Abraão”.
72

A resposta está complementada em outro texto do Novo Testamento: “O qual, sendo o


resplendor da sua glória, (da gloria de Deus) e a expressa imagem da sua pessoa (da
pessoa de Deus)”.
Ambos os textos referem-se ao Pai e a Jesus Cristo tendo os mesmo atributos de sabedoria
e glória.
Podemos verificar a resposta à pergunta de Deus acima citada no texto de Isaias 40: “a
quem me fareis semelhante?” Recebendo uma resposta em Isaias 11:1-2: “Porque brotará
um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.
E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o
espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”. 72

Note o texto: “e se chamará o seu nome: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Todos estes textos são profecias messiânicas que se realizaram plenamente em Jesus Cristo
(Colossenses 1: 15,19).
Ainda poderíamos acrescentar os versos 28-29 de Isaías 40 no sentido de ter Deus, poder
para dar força a outrem, que é outro atributo exclusivo de Deus chamado de Onipotência.
Seu domínio sobre sua criação. Ele, Deus, é quem dá força e nunca se cansa de fazer isto.
Outra parte da resposta está em 1ª Coríntios 2:10. “Deus nos faz saber, nos ilumina com o
seu Espirito; O Espirito de Deus sabe todas as coisas de Deus (Onisciente) O Espirito de
Deus nos faz conhecer o que é de Deus, agora temos a mente de Cristo”(1ª Coríntios 2:10-
16).
A pergunta de 1ª Coríntios 2:16 persiste–“Porque, quem conheceu a mente do Senhor,
para que possa instruí-lo?”.
Quem conheceu a mente do Pai, do Filho e do Espirito Santo? Ninguém. Somente Deus
sabe. Vemos isto em Deuteronômio 29:29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor
nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei”.
As coisas reveladas estão na sua lei, nas Escrituras divinas, na sua palavra para nossa
consulta, no entanto não revela tudo sobre Deus, Jesus e o Espirito Santo (Salmo 147:4-5)
“o seu entendimento é infinito”.
Sua sabedoria, ciência, juízos, caminho são insondáveis, mais altos, incompreensíveis.
(Romanos 11:33-36)
Jó 42:2 - tudo podes e os seus pensamentos não podem ser impedidos.
Jeremias 29:11 – “eu (Deus) sei os meus pensamentos”.Podemos dizer que o Espirito Santo
também sabe: “Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
73

A Bíblia não limita Deus, Jesus é maior que as Escrituras sagradas (Isaías 9:6-7) o Espirito
Santo vai além de todas as coisas e realiza os desígnios de Deus que são eternos (Isaías
61:1-3\11:1-2\Lucas 4:18\Apocalipse 19:13).
Deus só pode ser comparado com Ele mesmo, com Jesus e com o Espirito Santo; eles são O
Deus ELOHIM, revelados na sua criação, em Jesus, no Espirito Santo e nas Escrituras,
embora não limitado a ela (as Escrituras) não contradiz a sua lei. (Isaias 40:8 – a palavra de
Deus é eterna. Apocalipse 1:4 – os 7 espíritos de Deus. Zacarias 4:2, 10- os 7 olhos de
Deus).
Os sete espíritos de Deus devem representar a perfeição e o ministério do Espirito Santo à
igreja (Apocalipse 4:5\5:6). A simbologia do número sete é a perfeição e também denota 73
autoridade de Deus, perene ao seu Espirito.
Isaias 42:1 trata-se de uma profecia messiânica dirigida a Jesus declarando o próprio Deus
que nele (em Jesus) depositaria seu Espirito: “pus sobre ele o Meu Espirito”. Esta profecia
foi confirmada quando Deus mesmo declara sobre Jesus as primeiras palavras de Isaias 42:1
em Mateus 3:17 que diz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Mateus
12:17-18)
Também em Mateus 17 sobre a sua transcendência messiânica na transfiguração. O
messias tem os sete espíritos de Deus (Isaías 11:1-2), o Espirito do Senhor está com Ele, por
isso somente o Messias poderia revelar a Deus o Pai, sendo esta a sua maior obra, revelar a
Deus no âmbito da salvação (parcial com relação a Deus). Isto posto, entendemos que há
muito mais para se conhecer sobre Deus pela eternidade do que poderia ser revelado nas
Escrituras (Oséias 6:6). E que Deus somente pode ser comparado com Ele mesmo revelado
na pessoa de Jesus Cristo e do Espirito Santo.
Salmos 89:6: Pois quem no céu se pode igualar ao SENHOR? Quem é semelhante ao
SENHOR entre os filhos dos poderosos?
Jeremias 10:6: Ninguém há semelhante a ti, ó SENHOR; tu és grande, e grande o teu nome
em poder.
Isaías 45:5, 6: Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei,
ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o
poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.
Resumo
A inspiração é um mistério.
A Bíblia é inspirada por Deus, soprada para dentro do homem.
Inspiração é proteção contra erros.
A inspiração é plenária; toda ela, sobre qualquer assunto.
A inspiração é verbal; palavra por palavra é inspirada.
74

A inspiração torna a Bíblia infalível e inerrante.


Toda Bíblia é inspirada, mas não igualmente importante (João 3:16-Juizes 3:16).
Cada palavra é inspirada, mas só há autoridade quando alguns critérios são cumpridos:
a) no seu contexto;
b) quando é Deus diretamente ou pelos seus profetas e não o registro (inspirado e infalível)
das mentiras do diabo, demônios ou homens.
Inspiração não exclui o uso de registros extras Bíblicos (Atos 17:28\ Tito 1:12\Judas 14-15)
A inspiração está terminada e finalizada (Apocalipse 22:18-19) e só abrangeu a Bíblia. 74
A inspiração não exige mesmos detalhes no relato de um mesmo evento (Mateus27: 37 +
Marcos 15:26 + Lucas 23:38 + João 19:19).
75

CONCLUSÃO
Como na pintura de Michelangelo Mersi Caravaggio (1571-1610) são Mateus e o anjo no
quadro que revela que o apóstolo envolvido pelo anjo e a compaixão e paciência do anjo
relembram e revivem a experiência dos dias em que “o verbo” se fez carne; o produto deste
trabalho refletido na palavra “logos” escrito no livro apoiado no colo do apóstolo, ícone da
inspiração e transmissão do evangelho e Escrituras.

75
76

76
77

Este autor gostaria de parabenizar a Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina –


Brasil, por ter promulgado esta lei que incentiva e auxilia os deficientes visuais a terem
acesso a uma cópia da Bíblia Sagrada em braile, fomentando assim a inclusão de todos
igualmente com acesso as Escrituras Sagradas.

LEI PROMULGADA Nº 12.136, DE 20 DE MARÇO DE 2002

PROCEDÊNCIA – DEP. ADELOR VIEIRA


NATUREZA – PL 291/01 77
DO. 16.871 DE 22/03/02
VETO TOTAL (REJEITADO) MSV 1409/01
DA. 4.968 DE 20/03/02
FONTE –ALESC/DIV.DOCUMENTAÇÃO

Determina a inclusão, no acervo das bibliotecas


públicas do Estado de Santa Catarina, de um
exemplar da Bíblia Sagrada em linguagem
Braile.

Eu, Deputado Onofre Santo Agostini, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de


Santa Catarina, de acordo com o disposto no art. 54, § 7º, da Constituição do Estado, e do
art. 230, § 1º, do Regimento Interno, promulgo a presente Lei:

Art. 1º Fica determinada a inclusão, no acervo das bibliotecas públicas do Estado de Santa
Catarina, de pelo menos um exemplar da Bíblia Sagrada editada em linguagem Braile.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua


Publicação.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário

PALÁCIO BARRIGA-VERDE, em Florianópolis, 20 de março de 2002

DEPUTADO ONOFRE SANTO AGOSTINI


Presidente
78

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA.
MATÉRIA DE FÉ
PARTE II

78

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA.
MATÉRIA DE FÉ
PARTE II
CRISTOLOGIA
79

79
80

CRISTOLOGIA

ESTUDO DA PESSOA DE CRISTO

Vero Dei et vero homo

Verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

“uma dogmática cristã deve ser cristológica em sua estrutura fundamental como
em todas as suas partes, se é verdade que o seu único critério é a Palavra de Deus
revelada e atestada pela Sagrada Escritura e pregada pela Igreja e se é verdade que esta
Palavra de Deus revelada se identifica com Jesus Cristo. (...) A cristologia deve ocupar 80
todo o espaço na teologia… quer dizer, em todos os domínios da dogmática e da
eclesiologia… A dogmática deve ser em seu fundamento mesmo uma cristologia e nada
mais”. Karl Barth -um dos teólogos mais importantes do século XX; Suíça 1886-1968.

A dogmática é matéria de fé.


É a parte da teologia que trata, sistematicamente, do conjunto das verdades reveladas por
Deus, e das verdades fundamentais vinculadas ao Criador. A dogmática é uma área
específica de estudo da teologia sistemática. Os estudos clássicos da teologia têm lugar
diverso para os cristãos Católicos Romanos e Protestantes com suas particularidades tanto
em assunto quanto em conteúdo. A proposta teológica trata como Teologia Fundamental
os principais temas: A Bíblia, Jesus Cristo, Deus, e o Espírito Santo, deslocando os demais
assuntos como desenvolvimento e deixando para o final a escatologia.
Esta Teologia Fundamental está construída tanto em uma ordem de ensino didática como
também em honra Daquele que organizou o universo, a vida, e a própria teologia antes que
o mundo existisse, em verdade é um reflexo da vontade de Deus que inspirou seu povo a
amar a Deus sobre todas as coisas e dar prioridade ao que Ele disse como bem podemos ver
ao decretar que seu povo devia colocar as suas palavras em primeiro lugar todos os dias e
inculcá-las em seus filhos por todas as gerações estabelecendo este comportamento como
norma jurídica perpétua (Deuteronômio 6:1-9/Mateus 22:35-40). Tendo em vista que tudo
começou com a palavra de Deus abordamos na parte um deste livro o tema Palavra de
Deus dando a devida importância ao que Deus disse para evoluirmos em seguida com o
tema Cristologia – O verbo de Deus, a palavra encarnada (João 1:14) - para tratarmos em
outro volume da Teontologia e Pneumatologia. Organizamos a nossa Teologia
Fundamental assim: Bibliologia - Deus Palavra. Cristologia - Verdadeiro Deus e Verdadeiro
homem. Teontologia - A pessoa de Deus. Pneumatologia - A pessoa do Espirito de Deus.
Trindade.

A Bibliologia é um dos campos de estudos da Teologia Sistemática, por tanto da dogmática,


que se ocupa do estudo da Bíblia, desde a sua origem, estrutura, formação, inspiração e
81

história, com os seguintes temas: Autoridade, Revelação, Inspiração, Iluminação,


Canonicidade.

A Cristologia é a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, trata-se aqui da sua relação
com Deus, sua origem, sua santidade, sua obra e o papel dentro da doutrina da salvação,
assuntos que vem sendo discutido desde os primórdios do cristianismo. A Cristologia tem
sido debatida incansavelmente durante séculos, com pontos de vista semelhantes,
divergentes e mesmo com algumas controvérsias. Os principais assuntos são:

A Natureza divino-humana de Jesus (União hipostática)

A Divindade de Jesus 81

A Humanidade de Jesus

A Encarnação

A Revelação de Deus

Presta-nos interessante papel a discussão sobre Dogmática e Hipótese.


Dogma é crença ou convicção firme; firme doutrina ou pensamento é também o
fundamento religioso indiscutível de uma crença. Trata-se de pontos inquestionáveis, uma
verdade absoluta que deve ser ensinada com autoridade. Os dogmas estão presentes no
cristianismo, no judaísmo e no islamismo. Por tanto os princípios dogmáticos são crenças
básicas ensinadas pela religião e que deve ser seguida, respeitado e pregado pelos seus
membros sem nenhuma dúvida.
Ortodoxia é a condição de cumprimento absoluto com todas as decisões, preceitos e ideais
de certos padrões ou dogmas considerado tradicional, de modo rigoroso e rígido. Para os
pensadores ortodoxos, a visão apresentada pela ortodoxia é tida como a única correta, pois
seria baseada em princípios metafísicos e científicos e ou doutrinários; para o cristão a
ortodoxia está associada a uma doutrina cristã, que é caracterizada por seguir
rigorosamente todas as normas tradicionais da igreja. Portanto toda ortodoxia tem sua
base em um dogma ou doutrina, ensino, Lei. O dogma configura-se em o fundamento da
ortodoxia, em outras palavras - a doutrina é a base para a prática da fé do indivíduo - surge
desta percepção o que deve conduzir cada indivíduo ao questionamento se todo dogma da
sua religião tem como base o principio da autoridade, Inerrância e infalibilidade da Palavra
de Deus. A ortodoxia é o conceito, e a ortopraxia é a prática, e o dogma é a origem e base
que sustenta a ortodoxia e a ortopraxia da religião cristã. Surge deste cenário a convocação
do apóstolo Paulo em 1ª Coríntios 11:28: “Examine-se o homem a si mesmo”, e depois de
confrontado com o dogma da salvação passe a prática da fé figurada no ato da ceia do
Senhor. Não há espaço para hipótese no exercício da fé (Hebreus 11:1 – “Ora a fé é a
certeza...”) assim como existe a certeza do perdão e da restauração do homem perdido na
salvação oferecida por Cristo Jesus em seu corpo.Os termos gregos (órthos), que significa
“reto”, e (praxe), que quer dizer “prática” - demonstra que não pode haver uma prática
correta sem um dogma verdadeiro e reto, o dogma é a régua da praxe.
82

Isto está em conformidade com o ensino de Jesus escrito em João 7:16-17, onde o mestre
afirmou que se alguém desejava saber e provar se a sua dogmática era de Deus ou não, por
tanto se tinha mesmo o poder divino como selo do seu ministério, precisaria experimenta-
la, ou desejar fazer ou praticar a dogmática por ele ensinada, para então confirmar que a
sua doutrina vem de Deus; (a fé sem obras estaria morta, sem atividade por tanto inócua e
sem provas), em outras palavras: a prática da doutrina confirma a fé e dá o testemunho
interno ao indivíduo e também um testemunho poderoso que alcança os que ainda não
tem esta mesma fé em Cristo e na sua doutrina, no seu ensinamento. Cristo afirmou em
Mateus 22:29 ser um erro não conhecer a Escritura não conhecendo também o poder de
Deus, uma coisa está ligada a outra, se há poder de Deus logo a doutrina vem Dele mesmo,
este seria o sinal da autoridade da dogmática de Jesus para sempre, que teria efeito eterno
(Atos 14:3). Pois bem, ainda hoje muitos entregam sua vida a Deus por causa do que Cristo 82
fez e ensinou, isto prova que sua palavra tem poder, há um efeito e a causa é Cristo por
tanto se pessoas ainda estão se convertendo a Deus logo a doutrina de Jesus é
verdadeiramente divina e extrai Dele seu poder, podemos afirmar com certeza que Cristo
vem de Deus, não sendo somente um homem e menos ainda um anjo (Gálatas 1:8) já que
nenhuma doutrina de anjo pode ter autoridade divina ou apostólica em igualdade com a do
Cristo ressuscitado a sua dogmática permanece para sempre.

O desafio de Jesus a prática da sua doutrina está também transcrita no seu discurso em
Lucas 6:46-49; neste trecho vemos que Jesus afirma que aqueles que creem ser ele O
Senhor devem agir de acordo com esta crença. Crer em Jesus como O Senhor envolve uma
doutrina (uma instrução), assim aqueles que professavam ser ele O Senhor deveriam
praticar a dogmática ensinada pelo seu Senhor, seu dono, seu tutor, seu mestre e líder – O
Senhor Jesus. O grande mestre afirma que aquele que ouve, ou aprende sua doutrina e à
prática é como alguém que constrói sobre alicerces inabaláveis e indestrutíveis resistentes a
qualquer prova, seja de ordem natural ou sobrenatural, pois sua doutrina vem de Deus que
não se pode abalar ou destruir e tem duração e efeitos eternos (1ª Corintios 3:10-15). Jesus
afirma para estes: “os que ouvem e praticam a minha palavra”, por tanto a praxe (prática)
é resultado de uma orthos (reta) doutrina e não é uma fantasia inventada pelos homens em
devaneio, a isto também chamamos de fé. Em acordo com os ensinos dogmáticos de Jesus
estão as epistolas como em Romanos 10:11 – “Todo aquele que nele crer não será
confundido”; em Tiago 1:22 – “E sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes
enganando-vos a si mesmo”. Observamos a autoridade de Jesus e da sua palavra ainda no
evangelho de Lucas 4:31-37 – “sua palavra era com autoridade... Ele dá ordens com
autoridade e poder e eles se vão” (os demônios). Jesus passa então a prática da sua fé, ou
seja, ele ensinava com autoridade e praticava a autoridade de sua dogmática de seu ensino,
demonstrava isto com curas e libertações, ele mostrava que sua doutrina era de Deus O Pai,
praticando-as, exortando os seus discípulos a seguirem seu exemplo (Marcos 16:20/Lucas
10).

Após ensinar as bem aventuranças (Lucas 6:20-23) ele exorta seus seguidores à prática dos
seus ensinamentos seguindo seu exemplo desafiando seus ouvintes a colocar em prática
sua dogmática e exercer a autoridade que dela vem (Lucas 7:46-49) para estarem firmes
contras as armadilhas do adversário das nossas vidas e sustentados no dia das
83

tempestades, para os discípulos está deveria ser a prova (Mateus 8:26-27). Observa-se
assim que o conceito que Jesus estava ensinando não era uma tese, pois através da
experiência tudo poderia ser comprovado, assim como os incrédulos pediram um sinal de
sua majestade e poder assim Jesus lhes desafiou, a maior prova da sua divindade seria
obtida através da obediência de seus ouvintes que praticassem o que ele dizia e ensinava, a
sua doutrina e seus dogmas, então estes corações cheios de dúvidas seriam cheios de fé,
este era o jeito de Jesus acrescentar mais fé nos seus ouvintes, era a sua didática.

A beleza das Escrituras Sagradas é novamente comprovada na seqüência do texto do


evangelho em Lucas 7:1 – “havendo concluído suas instruções (sua dogmática, doutrina e
ensinamentos, suas leis) para o povo e aos discípulos (não era um ensino misterioso,
iniciático para poucos, era para todos os que tivessem ouvido para ouvir e fé para crer) ele 83
foi para Cafarnaum e ajudou o centurião”. Vemos por esse versículo que Jesus tinha uma
dogmática e que toda sua dogmática, e teologia, e filosofia a sua instrução que é gerada em
Cristo tem autoridade e verdade divinas. A dogmática precisa estar recheada dos ensinos
de Cristo para que o cristão ao praticá-las verifique e experimente por si mesmo ser ela a
verdade de Deus para sua religião e sua vida. Por isto diz a Escritura sobre si mesma: “ela é
eficiente, tem efeito, ela age, é viva e é Deus quem zela por isso mesmo”. Por tanto não é
uma hipótese, mas comprovadamente verdade e realidade.

Hipótese é a suposição de que algo que pode (ou não) ser verossímil, que seja possível de
ser verificado, a partir da qual se extrai uma conclusão é uma especulação, chance ou
possibilidade de algo acontecer. Uma hipótese corresponde a uma possibilidade de
explicação sobre determinada causa de estudo. São responsabilidade dos pesquisadores as
experiências e outros métodos de comprovação para descobrir quais hipóteses são mais
prováveis ou verdadeiras. Assim é responsabilidade de cada um que deseja crer na
divindade de Jesus colocar em prática e fazer o experimento em sua própria vida para obter
a certeza ser ela verossímil.

No campo jurídico a dogmática é a norma prefixada e baseia-se em interpretações que se


atem aos parâmetros das próprias normas sem prejuízo para a coerência interna do sistema
normativo como um todo, no entanto os dogmas jurídicos não são interpretações estáticas
da conduta social, tendo em vista a mutabilidade da conduta humana, da imperfeição da
sociedade, e que por isso mesmo precisam ser revistas e corrigidas, adaptadas a uma
realidade em evolução; ou involução e retrocesso como se tem observado no campo da
ética e da moral, porém seus princípios e pontos de partidas são sempre inquestionáveis – a
valorização da vida, a manutenção da ordem e da paz social e a preservação da família, o
progresso de um povo, a defesa das fronteiras, o comércio, e as relações exteriores – não
são hipóteses, mas realidades concretizadas em qualquer nação, estes princípios são
inquestionáveis. A dogmática jurídica consiste em garantir que estas revisões e atualizações
permaneçam dentro dos limites das normas jurídicas, o que já foi consolidado se torna
norma e deixa de ser hipótese. A norma de Jesus foi prefixada por Deus, O Pai, na história
da humanidade no Éden, na aliança com Abraão e depois concretizado nas pedras do
decálogo pelo próprio dedo de Deus para Moisés e por fim com o próprio Cristo. Ali os
parâmetros de justiça, paz, igualdade e fé foram descritos em letras eternas que
84

posteriormente seriam elevadas a uma dinâmica do cotidiano que tocaria cada vida em
todo o planeta, não pertencendo mais a apenas para um único povo étnico, e isto foi
realizado por Jesus Cristo. A coerência da norma prefixada por Deus foi consolidada e
renovada por Jesus, o filho de Deus, que na plenitude dos tempos (Hebreus 1:1) através da
sua dogmática trouxe para a preservação das famílias de todo o mundo a justiça e paz
relacionada primeira a uma etnia e depois a todos que ouvem, pois foi disto que se tratou o
seu sermão da montanha, uma leitura mais profunda do significado das letras uma elevação
das normas ao seu verdadeiro espírito e significado, uma revisão e não uma rejeição
completa, uma atualização e não uma anulação total; seu sentido foi ampliado para a
responsabilidade individual e não mais um catálogo nacional, seu cumprimento estava todo
em Cristo a Pedra Viva e eterna, não mais em um símbolo estático, mas vivo e imutável
(Hebreus 13:8). 84

Os termos gregos hypo (debaixo) e thesis (tese), tem o sentido de base ou princípio de
sustentação das leis. As hipóteses são o conjunto de condições iniciais a partir das quais,
com base num raciocínio lógico, é elaborada a demonstração de um determinado
resultado, chegando a uma tese. Uma hipótese científica é uma proposição especulativa
que se aceita de forma provisória como ponto de partida de uma investigação. Na teologia
a hipótese de Deus ser verdadeiro e de Jesus ser ao mesmo tempo homem e Deus parte da
premissa inicial que aquilo que está escrito sobre ambos na Bíblia é verdadeiro e real não
um mito ou uma fantasia. É possível verificar a possibilidade e necessidade de Deus, de
Jesus e do Espírito Santo e da salvação do homem, apenas observando tudo que existe, e
no que está acontecendo na história da humanidade e através da meditação, logo se há
possibilidade de que tudo que existe tenha uma origem, então Deus é verificável pelo que
já produziu, e pelo raciocínio humano embora com estes métodos não podemos conhecê-
Lo completamente e ao infinito. Se a possibilidade de Deus ser a explicação ultima como
causa da vida, nosso objeto de estudo, logo a hipótese mais provável é de que há Deus,
logo há Jesus Cristo filho de Deus como Deus é. Se a hipótese de que a Bíblia não é
verdadeira e de que a Palavra de Deus está mentindo fosse comprovada, logo não haveria
mais cristianismo, cessando assim a salvação da humanidade, neste caso também não
haveria um Deus verdadeiro, pois a Bíblia declara que Deus não pode mentir, restando
ainda à possibilidade da existência de um deus mentiroso, o mesmo foi desmascarado por
Jesus quando chamou o diabo de o pai da mentira (João 8:44), neste caso eles não seriam
diferentes um do outro o que violaria o principio da fidelidade e imutabilidade de Deus, por
tanto é impossível (Hebreus 6:18). A premissa da qual Deus é Real e Jesus seu filho é
verdadeiro Deus e verdadeiro homem não torna a hipótese da salvação uma verdade, pois,
ela nunca foi uma hipótese ela sempre foi real, do contrário o que a Bíblia declara sobre
Deus estaria incorreto sendo assim Jesus não seria o que ele disse ser, destas conclusões
nasce à dogmática de que o desejo de Deus é salvar todo o homem e o Salvador é Deus em
forma de homem, seu próprio filho o Senhor Jesus Cristo; se há o desejo logo a uma fonte
deste desejo (Deus) e se há uma fonte há um objetivo, propósito (a salvação) logo ha um
objeto (o homem) o que torna a hipótese em realidade verificável uma verdade indiscutível,
surge daí a inquestionabilidade em que há um Deus e seu filho Jesus é como Deus é em seu
ser, seu desejo e seu objetivo. Ainda resta que a Hipótese Nula é um conceito do âmbito da
estatística e da probabilidade, que afirma que uma hipótese é considerada verdadeira até
85

que surjam evidências que provem o contrário. Ainda não surgiram evidencias que provem
que não há Deus e de que o homem ou outra criatura possa resgatar sozinhas a
humanidade da perdição eterna e colocar o ser humano em paz com seu criador. Com isto
em mente passemos adiante, para conhecer a profundidade das riquezas que há em Cristo
nosso Senhor e verdadeiro Deus.
Deus é o único sujeito da encarnação e também a única pessoa agente. A iniciativa
divina não tolera outro sujeito de ação neste grande mistério. A humanidade de Cristo é
simples predicado da sua vontade e divindade. É nesta humanidade de Cristo que consiste a
salvação do homem. Deus fez isto por que ele pode. Deus fez isto por amor (Hebreus 1:6). A
humanidade de Jesus o homem, é o resultado unicamente da vontade e ação de Deus. Deus
Pai é o agente da encarnação; Deus filho é o sujeito da encarnação (João 3:16). A 85
humanidade de Deus é Jesus o filho de Deus. Jesus o filho do homem é verdadeiro Deus e
verdadeiro homem. (1ª João 5:20\Judas 4)

Em termos humanistas e humanitários podemos declarar que Jesus foi o melhor ser
humano de todos os tempos e será assim para sempre. A capacidade relacionada ao ser
humano em toda a sua plenitude estava em Cristo. O grau de psiquismo, equilíbrio e
serenidade interiores prevalecem no ser do Messias. Uma pessoa com grande interesse
pelos seres humanos. É Jesus quem possui a verdadeira compreensão dos direitos do ser,
da sociedade, a sua psicologia da sua biologia, da alma, do corpo e do espírito humano, da
sua cultura e filosofia. Podemos afirmar que em Cristo havia a plenitude do ser humano. O
homem máximo.

Foi da vontade de Deus que o divino se tornasse humano, o resultado desta vontade
divina, seu predicado, foi o homem Jesus. Neste homem pleno habitava corporalmente a
divindade plena, mas não a sua glória plena visível. (João 1:1, 14,18\Colossenses
1:19\Hebreus 1:3\1º Timóteo 3:16\Filipenses 2:6-8).

Foi da vontade de Deus que seu divino filho fosse homem para demonstrar de fato o
significado de ser humano e o plano e desejo de Deus que todos reflitam a imagem e
semelhança de seu filho Jesus. Por isso Deus mesmo proclamou sua satisfação pessoal em
Jesus (Mateus 3:17\17:5\12:17-18\Marcos 1:11\Isaías 42:1-4). Em Jesus Deus tem
satisfação, prazer e alegria. O Salmos 37:4 exorta: “Deleita-te no Senhor”. Jesus dá ao Pai o
deleite pleno que Deus merece. Portanto torna-se importante prosseguir em conhecer a
Deus através de seu filho Jesus, sua maior revelação. Deus realizou plenamente a sua
vontade em e através de seu filho Jesus, um ser humano verdadeiramente a sua imagem e
semelhança, co-igual ao Pai, único e primeiro da sua espécie (Colossenses 1:9\2:2-3\Oséias
6:6b\João 1:18).

Observamos nas declarações de Deus sobre Jesus registrado em Mateus 3:17, a


revelação contundente da sua identidade (de Jesus), ainda que ofuscada
momentaneamente pela sua humanidade, embora perfeita, quando diz: “meu filho”. Aqui
86

se descobre que aquele carpinteiro de Nazaré é na verdade filho do Altíssimo. Por sua vez
também descobrimos que o Deus dos hebreus tem um filho só seu; descobrimos que Deus
é Pai no sentido real da palavra e que por isso todo homem pode se identificar com Deus
neste sentido, pois Ele é o Pai de todos e nosso criador, o doador da vida que há em si
mesmo (João 5:25-27). Não foi apenas o filho que se tornou carne, mas o Pai declarou aos
mortais que entre eles estava um homem que é Deus Filho. Na verdade este filho é como o
Pai é; em termos populares o filho é igualzinho ao Pai (Mateus 11:27\João 14:7). Este filho é
unicamente do Pai, é único que não tem pais terrestres, tendo como exceção o período da
encarnação quando ele mesmo gerou corpo para si. O milagre da encarnação teve lugar
sem qualquer cooperação humana. Não existem dois filhos de Deus. A união hipostática 86
une humano e o divino em um só e único filho de Deus.

Este tem sido o credo dos cristãos por séculos e o propósito do credo é agir como um
critério de crença correta ou uma ortodoxia, uma dogmática que dá um norte sobre o que
se conhece sobre a pessoa de Jesus Cristo. Entender como foram percebidos e construídos
os dogmas a respeito do Cristo e como este conhecimento tem afetado e definido a nossa
fé é tarefa mui importante e árdua. Havendo decorrido grandes disputas através dos
séculos podemos acreditar que o conhecimento que temos atualmente continua e ainda
será ampliado ao infinito. No entanto não convém desprezar a nossa história, mas presta-
nos grande serviço saber como se desenvolveu tal obra com ajuda de Deus e cooperação
dos homens; para tal finalidade abordaremos resumidamente a construção histórica sobre
a humanidade de Cristo e da sua divindade no decorrer dos séculos, sabendo, porém que
não estaremos esgotando o assunto dos concílios
“A eterna Palavra de Deus
ecumênicos.
escolheu essência e existência
Concílios ecumênicos. humana, santificou-a e assumiu-
a até fazer dela uma só realidade
Concílio ecumênico (gerais ou universais) é uma consigo mesmo, de maneira a
tornar-se, enquanto verdadeiro
reunião de todos os bispos cristãos que foram
Deus e verdadeiro homem, a
convocados para discutir e resolver as questões Palavra da reconciliação dita ao
doutrinárias ou disciplinares da igreja cristã primitiva
homem por Deus.” (Karl Barth).
com o objetivo de encontrar e estabelecer algum
consenso teológico para o cristianismo. O
enfrentamento das heresias, a necessidade de reformas, de reflexão e debates são razões
para estes encontros históricos. A palavra ecumênico significa: mundo habitado;
designando o mundo em geral com ênfase no Império Romano, pois foi durante boa parte
do Império Romano que se desenvolveram os concílios ecumênicos. Os anglicanos,
luteranos, calvinistas e algumas denominações protestantes reconhecem até o 4º concilio,
outros até o 7º concilio. Os sete primeiros concílios ecumênicos foram:
87

1. Primeiro Concílio de Nicéia (325) 5. Segundo Concílio de Constantinopla


2. Primeiro Concílio de Constantinopla (553)
(381) 6. Terceiro Concílio de Constantinopla
3. Primeiro Concílio de Éfeso (431) (680)
4. Concílio de Calcedônia (451) 7. Segundo Concílio de Nicéia (787)

A Palavra bispos vem do grego: epíscopos que significa bispo; inspetor diocesano;
supervisor ou superintendente. O texto Bíblico em 1ª Pedro 2:25, se refere ao Senhor Jesus
como Pastor e Bispo das almas dos homens que se convertem. Os homens que foram 87
escolhidos para liderar, apascentar, cuidar e para guiar os discípulos de Cristo no seu
trabalho na igreja também são chamados de bispos (Atos 20:28/Filipenses 1:1/1ª Timóteo
3:2/Tito 1:7).

O sínodo é a assembléia de bispos de todo o mundo que reunia-se nos concílios. Concilio e
sínodo se refere ao mesmo tipo de encontro e são usados como sinônimos. Os concílios
serviam para clarificar vários aspectos doutrinários e disciplinares nos primórdios do
cristianismo.

O exemplo mais pragmático e que contém considerações de ordem prática, realista e


objetiva, é o concilio de Jerusalém em 49 D.C. que libertou a igreja cristã das regras judaicas
da sinagoga e do judaísmo (Atos 15:21-31\21:25). Este concilio de Jerusalém desligou o
cristianismo do judaísmo e confirmou o ingresso dos gentios na cristandade.

Naquela ocasião foi resolvido o dilema que contaminava as igrejas recém-formadas: para
ser cristão era necessário seguir o judaísmo? Poderemos verificar alguns versículos que
deram base para a decisão de tornar o cristianismo independente do judaísmo e universal
com acesso a todos que aceitando Jesus como seu único salvador podia ser considerado
filhos do mesmo Deus que o são os judeus sem serem obrigados a seguir os costumes
judaicos; decisão tomada pelos discípulos de Jesus logo no 1º século.
(Gênesis 12:3\Gálatas 3:7\Efésios 3:6).
85

1º Concilio Ecumênico: 1º Concílio ecumênico de Nicéia 325 D.C.

85

Acima um Ícone retratando o Primeiro Concílio de Niceia. Foi no concilio de Nicéia que se
fixou a data da páscoa em 17 de abril equivalente a 14 de Nisã dos judeus.

Quando o Imperador de Roma Constantino derrotou o imperador Licínio


em 323 D.C., e finalmente
finalmente unificou o império romano também pôs fim às
perseguições promovidas contra a Igreja cristã. Pouco tempo depois, os
cristãos passaram a enfrentar um problema vindo de dentro da Igreja: a
controvérsia ariana começara e ameaçava dividir a Igreja. O proble
problema
iniciara em Alexandria, na forma de um debate entre o bisp
bispo Alexandre e
o presbítero Ário (presbítero: padre ou sacerdote).

O 1º concilio da igreja primitiva com o objetivo de reunir todos os bispos da igreja de todas
as regiões em que havia cristãos fofoii realizado em 325 D.C.(20/5/325 a 19/6/325) na cidade
de Nicéia, na atual cidade de Iznik na Turquia a pedido do imperador romano Constantino.
Neste concilio foi proclamado à igualdade de natureza entre o Pai e o filho que compõe o
credo Niceno, que é a profissão
rofissão de fé dos 318 bispos que participaram deste 1º Concilio.
Este credo afirma a divindade co-essencial
co do filho aplicando-lhe
lhe o termo: consubstancial
ao Pai. Homoousios tou Patrou (consubstancial ao Pai)
86

O tema importante do concilio de Nicéia era a trindade. Mas a doutrina da trindade só seria
aceitável se crido na divindade do filho que é o Cristo. O vocábulo trindade foi criado por
Tertuliano e passou a fazer parte da teologia cristã. Ele introduziu o vocábulo trinitas para
complemento de Unitas. Segundo Tertuliano, Pai, Filho, Espírito Santo, são um só Deus por
que uma só é a substancia, um só o estado (status) e um só o poder.Foi Tertuliano quem
deu a mais antiga exposição formal sobre a teologia da trindade. Ele foi patriarca do
cristianismo e viveu entre 160 a 220 D.C., viveu cerca de 60 anos de idade, por tanto antes
do concilio de Nicéia.

Havia surgido à controvérsia Ariana sobre a divindade de Jesus entre Ário e Alexandre, 86
ambos da cidade de Alexandria; uma cidade do Egito fundada por Alexandre o grande em
331 A.C. que permaneceu sua capital por mil anos. De acordo com a tradição, a igreja de
Alexandria foi fundada por Marcos, o evangelista, em 42 D.C.

Ário era um jovem presbítero de Alexandria muito ambicioso. Ele estava muito incomodado
com a pregação de Alexandre, bispo da igreja e um senhor idoso. Ário ensinava duas
heresias para contradizer o bispo de Alexandria:

A) Se Cristo é igual ao Pai então ele é seu irmão e não seu filho.
B) Houve um tempo em que o filho não existia e se não existia foi criado, Jesus seria
então o 1º ser criado por Deus. Ensino este perpetuado atualmente pelas
testemunhas de Jeová.

Enquanto isto Alexandre o bispo, ensinava que Pai e Filho são co-iguais.

Ário acreditava em Jesus como salvador, mas negava sua divindade, pois alegava que o filho
não era como Deus. Afirmava que o Logos era inferior ao Pai. Devemos ter em mente que
na igreja primitiva cria-se na divindade de Cristo, mas ainda não se expressava isto
teologicamente. Surgiram então conceitos como:

a) Subordiniacionismo: O filho subordinado ou menor que o Pai e o Espirito Santo


subordinado e inferior ao filho. Concluía-se assim:
1º Pai está acima do filho.
2º Filho está acima do Espírito Santo
3º O Espírito Santo, inferior ao filho e servo do Pai.

b) Monarquianismo: Mono = um, único. Pai = Filho = Espírito Santo


É o mesmo Deus, mas ora se manifesta como Pai, ora como Filho e ora como o Espírito
Santo, mas não é sempre o mesmo.
87

O grande herói deste concílio foi Atanásio, o anão negro, na época do concilio de Nicéia era
diácono de Alexandria e discípulo do bispo Alexandre, foi Atanásio quem mais batalhou
pela doutrina da trindade durante o primeiro concilio. A igreja sempre lutou pela verdade e
nunca antes do século XX foi centro de entretenimento ou de palhaçadas no local de culto a
Deus. Os homens que estavam reunidos no concilio foram os mesmos que antes eram
perseguidos e martirizados por Roma, não eram teóricos eram homens de ação. Atanásio
mais tarde escreveu uma obra sobre a encarnação do verbo.

Foi em Nicéia que se empregou o termo Homo ousis = mesma substancia de Deus Pai para o
filho. Foi assim reconhecido e proclamado que Jesus não foi um homem que se fez Deus, 87
por causa de sua excelência, mas o próprio Deus que se fez homem para reconciliar a
humanidade com Deus. Se o filho não fosse Deus da mesma substancia que o Pai toda a
salvação seria colocada em risco, pois foi iniciativa do Pai salvar o homem. Isto é a graça
divina, não é conquista humana (Efésios 2:8-9).

A expressão consubstancial vem da junção das palavras gregas:

Homos= o mesmo + ousis= substancia, essência, no sentido de ser.

Esta expressão tem o sentido de a mesma essência, co-iguais. O Filho é homousis ao Pai, é
da mesma substancia e essência que o Pai.

2º Concilio Ecumênico: 1º Concilio de Constantinopla realizada em 381 D.C.


88

88

Ilustração extraída de um manuscrito bizantino do século IX retrata o primeiro concilio de


Constantinopla. Observamos que a palavra está no trono e no centro da vida dos homens,
mais tarde seriam os homens que se sentariam no mesmo trono e ocupariam o centro, um
grave equivoco.

Foi realizado na cidade de Constantinopla, atual Istambul na Turquia em 381 D.C. Esta
cidade recebeu este nome em homenagem ao Imperador Constantino e foi elevada a
capital do império romano em 330 D.C., era a nova Roma. Neste concilio afirmou-se a
natureza divina do Espírito Santo. Este concilio foi aceito por católicos, ortodoxos e
protestantes.

Os cristãos não tinham criado um corpo doutrinário no período da perseguição. Seguiu-se


então um longo período de controvérsias doutrinária, daí a importância dos concílios. Os
imperadores queriam um estado unificado para salvar a cultura greco-romana e viram no
cristianismo um aliado.

Desde o édito de Milão em 313 D.C. promulgado por Constantino, imperador do oriente e
Licínio, imperador do ocidente, o cristianismo passou a ser a religião oficial do império
romano, após diversos episódios de perseguição desde a sua origem com Jesus Cristo. Este
decreto de Milão assegurou a tolerância e liberdade de culto para os cristãos,alargada a
89

todo o território do Império Romano. Nascendo então a oportunidade e necessidade de se


integrar uma ortodoxia doutrinária e disciplinar na religião cristã.

O édito de Tessalônica de 380 D.C. decretado pelo então imperador romano Teodósio I
ampliava o edito de Milão. Teodósio determinou que o cristianismo tornar-se-ia
exclusivamente a religião do estado no império romano, abolindo as práticas pagãs
(tradições religiosas politeístas) e fechou os templos pagãos por todo o império romano.
Com este édito de Tessalônica o estado passava a ter como religião oficial o cristianismo, a
religião dos bispos católicos, a religião do apostolo Pedro. O cristianismo Niceno tornou-se
oficial para todos os súditos do reino que deveriam segui-los. 89

Até cerca de 360 D.C. os debates teológicos tratavam mais da divindade de Jesus, a 2ª
pessoa da trindade. No entanto o concilio de Nicéia não esclareceu a divindade do Espírito
Santo, a 3ª pessoa da trindade que se tornou um tema de debate. Foi a partir do 2º concilio
realizado em Constantinopla que se expandiu a menção do Espírito Santo no credo Niceno.

Verificou-se que o Espírito Santo é Senhor que procede do Pai, e com o Pai e o filho é
adorado e glorificado. Com isto ficou estabelecido que o Espírito Santo devesse ser da
mesma ousia (ser) que Deus o Pai. Esta decisão oficial deu apoio para o conceito da
trindade. Surgiram alguns contratempos:

Macedonianismo – Macedônio era arcebispo em Constantinopla. Ele chamava o Espírito


Santo de criatura do filho servente do Pai e do filho. Vários arianos seguiram este ensino.
Foi um movimento herético, uma grave deturpação do credo ortodoxo que surgiu em
meados do século IV que deve seu nome a Macedônio.

Os seguidores desta nova abordagem foram chamados de:

Pneuma-tômacos = adversários do Espírito Santo.

Negaram a consubstancialidade não do filho, mas do Espírito Santo que consideravam uma
criatura do filho e, portanto inferior a este. O Espírito Santo seria uma criação do filho e um
servo do Pai e do filho. Macedônio, foi refutado no concilio de Constantinopla. Os
opositores dele foram: Atanásio, o anão negro que antes em Nicéia foi um diácono agora
em Constantinopla era bispo de Alexandria. Basílio o Grande e bispo da Capadócia e São
Serapião um monge egípcio e professor de teologia.

Uma das medidas do imperador Teodósio I (379-395) foi proibir os cultos helênicos e
filosóficos. Tratou com rigidez aqueles que se opunham aos preceitos católicos. Um dos
grandes conflitos do cristianismo e do paganismo dizia respeito ao homossexualismo,
prática comum na Grécia e Roma. Os guerreiros espartanos tinham o hábito de deitar-se
com os guerreiros mais jovens (14-18 anos de idade). A pederastia era considerada um bom
90

exemplo de companheirismo entre os soldados. Teodósio I proclamou o decreto que


condenava o homossexualismo e a pederastia. Teodósio I ordenou o massacre de
Tessalônica contra os nãos cristãos que resultou em muitas centenas de mortes. Alguns
dizem que a milhares de mortes. Ele foi excomungado pelo bispo Ambrósio por isso.
Arrependeu-se depois. Um dos efeitos negativos do envolvimento do estado nos assuntos
da igreja foi que logo a igreja se viu dominada pelo estado.

O que a Bíblia realmente diz sobre o Espírito Santo.

Para o Espírito Santo ser considerado uma pessoa Ele precisa ter atributos de pessoa:
90
A) Amor: Romanos 15: 30.
B) Alegria: Atos2: 13\Lucas 10: 22\ Gálatas 5: 22\Salmos 51: 10-12
C) Tristeza: Efésios 4: 30
D) Ajuda, intercede, sonda: Romanos 8: 26-27.
E) Tem vontade: 1ª Coríntios 12: 11 (O Espírito Santo age como quer)

Para ser Deus, ele precisa ter atributos de Deus:

A) Revela: Efésios 3:5 (aos santos)


B) Poder de convencer o mundo: João 16:8\ Isaías 40:12-15
C) Atuou na criação: Gênesis 1:2
D) Atuou na criação do homem: Gênesis 2:7
E) Inspirou os homens: 2º Timóteo 3:16\2º Pedro 1:21
F) Investiga: 1º Corinthians 2:10
G) Onipresença: João 14: 16-18/Efésios 6:18\Jeremias 23:23-24\Efésios 4:8-10\Atos
1:8\Mateus 16:8\1º Coríntios 6:19\João15:26.
H) (expressões que denotam onipotência e onisciência como: em todos os lugares; as
expressões que indicam: ao mesmo tempo e de lugar: ficou com todos, na
decorrência do mesmo tempo e tempo continuo como: para sempre, indicam os
atributos divinos).
I) Onisciência: Atos 5:3\Salmos 139:2, 11,13\1º Reis 8:39\Romanos 8:27\Isas 40:12-15.
J) Onipotência: Lucas 1:35-37\Mateus 19:26\Marcos 16:18.
K) Chama para o ministério: 1º Coríntios 12:7-11\Efésios 4:11.
L) Dá-nos a vida eterna: Gálatas 6:8.
M) Somos moradaS de Deus e do Espirito Santo: 1º Coríntios 3: 16-17\ 2º
Coríntios 6:16 - somos morada de Cristo - Gálatas 2:20.

N) Somos moradas do Espirito Santo: 1º Coríntios 6: 19.


91

91

Lugares para os bispos presentes no 7º Concílio Ecumênico. Não parece ser macio como o
veludo das atuais igrejas. Foto de Ferrell Jenkins.

3º Concilio Ecumênico: 1º Concilio de Éfeso 431 D.C.


Foi realizado na cidade grega de Éfeso, atualmente na Turquia. Afirmou-se a unidade
pessoal de Cristo ou que em Cristo havia as duas naturezas humanas e divinas,
indissolúveis, inesperadas e sem confusão, formando homem e Deus em um só e único ser
– Jesus Cristo.

4º Concilio Ecumênico: 1º Concilio de Calcedônia 541 D.C.

Foi realizada na cidade de Calcedônia, atual Anatólia em Istambul na Turquia. Data da sua
realização é de 08\10 a 1\11 de 451 na cidade de Bitinia – Ásia menor com a colaboração de
centenas de bispos. Durante este concilio foi repudiada a doutrina de certo monge
chamado Eutiques que vivia em Constantinopla, relativa ao monofisismo e declarada à
dualidade humana e divina de Jesus, a segunda pessoa da trindade.

Definiu-se ali: Cristo é uma pessoa em duas naturezas perfeitas, sem confusão ou
conversão, sem divisão ou separação. Essas duas naturezas unem-se de forma hipostática.
Permanecendo um mistério como isto se dá. (Tomus Flaviano – Leão I – Bispo de Alexandria)
92

Esta declaração faz parte da carta ao arcebispo Flaviano de Constantinopla, escrita por Leão
Magno ou Leão I que viria a ser o primeiro Papa, para combater as heresias do monge
Eutiques.

Em sua linguagem, Leão I nunca admite haver em Cristo dois sujeitos. As duas naturezas
coexistem integradas após a união do verbo com o humano. As duas naturezas se mantem
sem confusão, as propriedades de cada natureza se mantem intactas e completas onde a
comunhão das duas naturezas se faz na unidade de uma só pessoa: Cristo o único mediador.

O papa Leão I usa o argumento soteriológico que sustenta toda a sua exposição: Pedro, “por
92
revelação do Pai, confessou que o mesmo é o Filho de Deus e Cristo, (Mateus 16: 13-17)
porque admitir um dos dois sem o outro era inútil para a salvação” O argumento salvífico
repousa em três argumentos inseparáveis:

 - a verdade da Divindade de Cristo,


 - a verdade de Sua humanidade e
 - a verdade da unidade de uma mesma Pessoa.

Leão I não tenta criar um meio termo. Estando em perfeito acordo com o dogma de Éfeso
(defendido por São Cirilo e contra Nestório), fica distante tanto de Nestório quanto de
Êutiques e afirma as duas naturezas em Cristo,

Assim podemos entender o termo grego hipóstase mais como pessoa\natureza - tanto
melhor quanto o termo substancia.

Os concílios colocaram em ordem os ensinos cristãos e esclareciam o modo correto de se


referir aos mistérios divinos. A mensagem é sempre a salvação e o combate as heresias que
criavam barreiras a verdade Bíblica.

O credo Niceno foi adotado pela igreja de cristo como resposta contra vários ensinos falsos
como o de Ário, que negou a divindade de Jesus Cristo. A heresia dele foi condenada no
concilio de Niceia em 325.

O CREDO NICENO

01 - Cremos em um só Deus, Pai Todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as


coisas visíveis e invisíveis.

02 – Cremos em um só Senhor Jesus Cristo, o único filho unigênito do Pai, gerado unigênito
do Pai, isto é da substancia do Pai.

03 – Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, não
feito, consubstancial ao Pai.
93

04 – Por quem foram feitas todas as coisas que estão no céu e na terra.

05 – O qual por nós homens e para a nossa salvação desceu se encarnou e se fez homem.

06 – Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus.

07 – Ele virá para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim.

08 – E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida que procede do Pai e com o Pai e com o
Filho é adorado e glorificado. Ele falou pelos profetas.

09 – E quem quer que diga que houve um tempo em que o filho de Deus não existia, ou que 93
antes que fosse gerado ele não existia ou que ele é de uma substancia ou essência diferente
do Pai, ou que ele é uma criatura, ou sujeito a mudança ou transformação, todos os que
falem assim são anatematizados pela igreja católica.

Breve histórico dos debates conciliares.

Nestório, patriarca ou bispo de Constantinopla de 428 -431 D.C. havia proposto a separação
ou a inexistência de duas naturezas em Cristo, uma natureza humana e outra divina, mas
não integradas e sim separadas. A isto deu-se o nome de diofisismo.
Do grego:

Diofisismo: dio=duas e physis=natureza

É um ponto de vista cristológico que se refere as duas naturezas em


Cristo. Depois do concilio da Calcedônia o termo diofisismo passou a
descrever a união hipostática, enfatizando a completa e perfeita
unidade de Jesus, conceito este que perdura até hoje. A partir de
então a humanidade e divindade de Cristo é descrito como hipóstase,
destacando a completa e perfeita unidade das duas naturezas em uma
hipóstase = natureza, substancia, existência.

Êutiques, um monge de Constantinopla, foi quem fundamentou a heresia do monofisismo.


Nascido em 378 D.C. foi ferrenho adversário de Nestório. Em 448 foi condenado por
heresia. Afirmava que a natureza humana de Jesus se dilui na natureza divina como um
copo de vinagre no oceano.

O monofisismo de Êutiques defendia que depois da união do divino e do humano na


encarnação, Jesus teria apenas uma natureza: a natureza divina; e não uma síntese de
ambas. Foi contra o diofisismo de Nestório ou Nestor, que defende que Jesus conservou em
si mesmo as duas naturezas, divina e humana, porém separadas. Esta doutrina monofisita
foi condenada no concilio da Calcedônia em 451. Monofisistas são docéticos e acreditam
94

que Jesus só tinha a natureza humana como uma representação de um corpo, mas não
sendo realmente humano, mas só divino.

Nestor e Êutiques foram rejeitados, o monofisismo e o diofisismo també


também.
m. A dualidade de
Cristo sem a união das personalidades foi rejeitada. No concilio de Calcedônia foi repudiada
a doutrina de Êutiques relativo ao monofisismo e declarada a dualidade humana e divina de
Jesus unida em uma única pessoa em Jesus Cristo. Neste concilio calcedônio ficou
estabelecido a afirmação das duas naturezas na única pessoa de cristo completamente
integradas. Esta declaração doutrinaria resultante dos debates são aceitos até hoje.
94
Pode-se
se afirmar que o diofisismo de Nestor sofreu uma reforma de seu conceito. Aquilo
que foi condenado como uma heresia produziu em certo grau algo positivo e contribui para
o que hoje se denomina como igrejas cal calcedonianas.
edonianas. Atualmente o protestantismo, as
igrejas tradicionais e romanas são cal
calcedonianas ou diofisistas
stas em certo grau.

O que ficou estabelecido como verdade ou ortodoxia sobre a pessoa do Cristo não foi a
criação de um conceito, mas, uma constatação da verdade sobre o Senhor Jesus e a sua
pessoa transcendente. Esta constatação é parte do credo, da crençaa e dogma aceito como
escriturístico para a religião cristã em geral, mostrando assim que apesar dos conflitos e
politicas de homens pecadores a volitiva divina persiste em levar todos os homens a
verdade sobre cristo. Assim ficou conhecido o conceito da natureza de Jesus Cristo:

União hipostática de Cristo

Prosópon Hypostasis Personalidade humana substancia divina

Personalidade humana + essência divina; ambas em Cristo, indissolúveis e inseparáveis, mas


não confundíveis receberam sua melhor descrição no termo:
95

União Hipostática de Cristo

DIVINO HUMANO

Nestório defendia que as duas naturezas de Cristo eram entes separados na mesma pessoa.
95
Após o concilio de Calcedônia declara-se que a realidade das duas naturezas são integrada
em uma só, formando uma unidade harmônica na pessoa de Jesus.

1) - Jesus Cristo, o homem: Vero homo.


2) - Logos, o verbo encarnado: Vero Dei.

Vero homo. ____________ Vero Dei


Verdadeiro homem Verdadeiro Deus

O termo diofisismo reformado poderia então descrever a união hipostática; enfatizando a


completa e perfeita unidade e integração das duas naturezas de Cristo, sua humanidade e
divindade sendo descritos agora como:

Hipóstase = existência, substância natureza.

De certa forma podemos afirmar que o Deus triuno É uma única hipóstase com três
existências da mesma substancia ou natureza, co-iguais, unidas e totalmente integradas no
único Deus e não confundíveis.

O que nós cremos hoje sobre as duas naturezas de Cristo é ortodoxia do concilio de
Calcedônia e Éfeso em 451 D.C. Na ocasião centenas de bispos se reuniram para debater
sobre o assunto e por um fim as discussões entre Nestorianos e Eutiquinianos.

CRISTO É UMA PESSOA, EM DUAS NATUREZAS PERFEITAS SEM CONFUSÃO, SEM


CONVERSÃO, SEM DIVISÃO, SEM SEPARAÇÃO. ESSAS DUAS NATUREZAS UNEM-SE DE
FORMA HIPOSTÁTICA.

Toda a natureza e hipóstase têm a sua face, sua Prosópon (pessoa); a hipóstase do verbo, o
logos divino tem como seu Prosópon ou sua manifestação, sua aparição, a encarnação
como Jesus Cristo, idêntico a Deus, como filho é ao seu pai (Colossenses. 1:15).
96

O concilio não definiu o indefinível, mas confessou:

Vero Dei et vero homo – Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.

A Cristologia é a mãe dos credos, das confissões e da fé (João 15:5\Efésios 3:4-5). Cristo é o
executor das ordenanças de Deus, o mediador entre as criaturas e seu criador. É como
define o apostolo João: O Logos, a palavra, razão e ação de Deus.

Depois de encarnado o verbo; o Logos não ficou encerrado na carne. Sendo a divindade
incompreensível e onipotente, ela existe fora da assumida humanidade sem deixar-lhe de
ser pessoalmente associada (João 3:13\Lucas 23:43). 96

Calcedônia expressou sua fé no mistério da encanação, pronunciou-se sobre a permanência


das duas naturezas de Cristo. Vero Dei et vero homo é apenas uma nova expressão da
encarnação do verbo. Ele, Jesus, permanece verdadeira e plenamente Deus mesmo quando
assume a natureza humana (Hebreus 13:8). Para nós, a igreja, prevalece a plenitude do
testemunho bíblico:

Ninguém conhece o filho, senão o Pai (Mateus 11:27).

A humanidade de Cristo. A vida terrestre do Messias.

Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do CORPO DE JESUS CRISTO, feita uma
vez (Hebreus 10:10).

Vale a pena conhecer as opiniões que surgiram no decorrer da história a respeito da pessoa
de Jesus, e o que os homens têm pensado sobre ele durante séculos, ainda que
resumidamente.

Ebionistas; do hebraico evion = pobre. Por que tinham pensamentos pobres a respeito de
Jesus.

Por volta de 107 D.C. os Ebionistas negavam a natureza divina de Jesus Cristo. Para os
Ebionistas Jesus era somente homem que depois de seu batismo teria uma relação muito
intima com Deus. Ele seria uma pessoa extraordinária, um profeta, mas não era Deus. Estes
foram os judaizantes dentro das igrejas cristãs. É difícil para o judeu crer na trindade, por
isso não poderiam aceitar a divindade de Jesus. Os judaizantes queriam exigir dos
convertidos o dever de seguir a TORÁ, com os seus rituais, com a circuncisão, a guarda do
sábado, e as festas. Consideravam o apóstolo Paulo como um apostata. Apenas alguns
Ebionistas acreditavam Jesus ser o messias, mas entre estes nem todos acreditavam ser ele
Deus. Observamos que esta ideia dos Ebionistas não era nova, mas uma corrente que
tentava continuamente arrastar de volta para os costumes judaicos àqueles que se
97

convertiam ao cristianismo, além de diminuir a importância da pessoa de Jesus no contexto


da salvação. Neste contexto o apóstolo Paulo esteve envolvido nos vários debates
apologéticos de seu tempo, como observamos na carta aos Gálatas 3 onde ele exalta a obra
de Cristo como superior aos rituais da Lei de Moisés, algo percebido em Efésios 3:6-7
quando declara que em Cristo judeus e gentios são co-herdeiros da graça de Deus através
do evangelho de Cristo e não por causa dos rituais judaicos, corroborando com Paulo a
experiência de Pedro em Atos 10, sepulta por fim a teoria judaizante dos Ebionistas. O
concilio de Jerusalém em 49 D.C. realizado pelos apóstolos e demais discípulos, já haviam
decidido não impor aos convertidos ao cristianismo seguir os rituais judaicos. A prática
97
Ebionista seria algo similar ao que ensinam em tempos modernos, os Adventistas quanto ao
uso de alguns alimentos e dias sagrados e a continuidade dos costumes do povo judeu
atualmente.

Os Ebionistas negavam a divindade de Jesus.

Docetas; do grego doketos\dokein\dokeo: parecer, aparência, crer numa aparência.

Surgiu por volta de 70 D.C. esta filosofia tinha origem gnóstica. Os docetas acreditavam que
as coisas materiais são más, o mal reside na matéria. Jesus era puro e não tinha pecado,
logo não teria corpo material. Para estes toda a matéria era corrupta e sede do pecado e do
mal. Como seu corpo era puro, julgavam por tanto que seu corpo era aparente e não real. O
mundo material era mau e corrupto, então aquele corpo não poderia ser real. A sua
crucificação foi um ilusionismo e apenas aparente, não foi real, uma espécie de holograma.
Os docetas não eram uma seita ou religião, era uma corrente de pensamentos. Tentavam
aliar de forma racional a revelação das Escrituras com a filosofia grega. Ao observarmos a
analise do apóstolo João sobre o ponto de vista gnóstico verificamos que esta filosofia era
mais uma tentativa de enganar os cristãos e levá-los a abandonar a fé em Jesus para seguir
antigas religiões pagãs politeístas e exotéricas. Atualmente seu equivalente seria a Seicho
no ie.

“Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus
Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo” (2º João 1:7). “Amados, não
creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos
profetas se têm levantado no mundo.Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o
espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não
confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo,
do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo”. (1ª João 4:1-3)

Os docetas negavam a humanidade de Jesus.


98

Arianismo; Ário, presbítero cristão de Alexandria em 325 D.C. Negava a integridade e


perfeição da natureza divina de Cristo. Negava a consubstancialidade entre Jesus e o Pai.
Consubstancialidade diz respeito a divindade de Cristo ser a mesma que a do Pai. Para estes
o verbo que se fez carne não era Deus, mas um ser criado, uma criatura de Deus. O Cristo
seria um instrumento para a criação, pois a divindade não pode entrar em contato com a
criação, com a matéria. Neste caso Cristo seria inferior e limitado, não possui o mesmo
poder divino, estando entre o Pai e os homens, não seria da mesma natureza divina, mas
um semideus como os antigos heróis gregos. Esta teoria confunde a teoria sobre o estado
anterior de Cristo com o seu estado de humilhação. Negava a integridade e a perfeição da
98
natureza de Cristo.

O Arianismo nega a integridade perfeita de Cristo com a divindade.

A teoria de Apolinário 381 D.C.; Negava a integridade da natureza humana de Cristo. Jesus
não tinha mente humana. O que ele tinha de humano era o corpo e o espírito. O verbo
encarnado tomou o lugar da mente humana de Cristo. Jesus era corpo, verbo e espírito, ele
não era inteiramente humano.

Um resumo

Nestorio: negava a união hipostática de Jesus, negava a integridade das duas naturezas
divina e humana em Cristo. Na opinião de Nestor Jesus se dividia em duas partes. Ele
negava a unidade integral em Cristo e era diofisista.

Eutiques:era monofisista e declarava que após a encarnação do verbo a natureza divina


absorveu a natureza humana. Assim Cristo não era nem divino e nem humano, mas uma
espécie de deus-humano, como uma possessão, tornou-se 100% Deus na encarnação.

Ebionistas: negavam a divindade de Jesus, ele era apenas um homem.

Docetas: negavam a humanidade de Cristo, parecia humano, a crucificação era um


ilusionismo.

Arianismo: Jesus não era inteiramente Deus, mas um semideus criador, menor que Deus.

Todas estas teorias são inverdades.


99

O PARADOXO: HOMEM DEUS & JESUS HOMEM.


Jesus foi uma pessoa real, com corpo real e tangível. Nas Escrituras está revelado como isto
se deu. Em Hebreus 1:6 o texto informa que o primogênito foi introduzido no mundo, e que
este primogênito era digno de adoração dos anjos. Deus o Pai, que não divide sua glória
com ninguém, preparou um corpo humano para seu filho Jesus, isto está registrado em
Hebreus 10:5 “corpo me preparaste”; corpo este que serviu de sacrifício vivo conforme
Hebreus 10:10:“oblação do corpo de Jesus Cristo” (uma real oferta a Deus foi seu próprio
corpo perfeito, o de Jesus). Este sacrifício real executado no corpo real de Jesus Cristo é
testemunhado pelo apóstolo em 1º Pedro 4:1 “... Cristo padeceu por nós na 99
carne...”.Segundo o texto de Hebreus 1:1-8 quem deu a ordem para que os anjos
adorassem o filho foi o mesmo que o introduz no mundo e que o tornou conhecido
universalmente, o segredo de Deus oculto no seio do Pai por todos os séculos foi revelado
(Colossenses 1:25-27/Efésios 3:9), ou seja, o próprio Deus ordena que seu Filho Jesus seja
reverenciado (Deus o Pai não sentiu-se usurpado em sua Soberania ao favorecer seu filho).
O Soberano de todo o universo foi tanto o agente de toda a criação quanto o responsável
pelo envio do seu filho em um corpo humano real e perfeito, sua introdução no mundo foi
vontade divina do Pai com a qual o filho concordou. Desta forma Jesus seria o elemento da
mensagem divina, sendo ele mesmo tanto o mensageiro (a palavra que o Pai enviou aos
homens materializado), quanto a própria mensagem viva e plena, foi também a vida
manifestada como homem em um corpo carnal real e de igual teor aos seus irmãos
terrestres (1ª João 1:1-2).

Os irmãos terrestres de Jesus não são apenas os seus seguidores e discípulos este mais em
sentido espiritual ou como enfatiza a Bíblia “por adoção”; mas Jesus teve sim irmãos
terrenos, filhos de seus pais terrenos, o que coloca em descrédito a crença de que Maria
continuou sendo virgem. Veja estes versículos em sua Bíblia: Mateus 13:55; Marcos 6:3;
João 7:3-5; Atos 1:14; Atos 15:13; Marcos 3:31.

O método pelo qual o primogênito foi introduzido no mundo está descrito em Mateus 1:18
e Lucas 1:35. O Espírito Santo de Deus concebeu em uma mulher virgem chamada Maria o
Santo, o filho de Deus. O Espírito Santo de Deus gerou o filho de Deus e o introduz desta
forma no mundo. Nos Salmos 2:7 está registrado que neste dia se cumpriu a vontade de
Deus: “Tu és meu filho eu hoje te gerei”. Esta geração aconteceu quando a virtude do
Altíssimo cobriu sobrenaturalmente a virgem Maria. Não houve participação de homem.

O paradoxo consiste no esclarecimento da sua divindade revelada em João 1:1: “O verbo


era Deus” e João 1:14: “O verbo (que era Deus) se fez carne e habitou entre nós”e João
1:18: “O filho unigênito que está no seio do Pai”.
100

Podemos ordenar o texto da seguinte forma: O filho unigênito que está no seio do Pai, o
verbo, era Deus e se fez carne e viveu entre os homens.

Conclui-se: O verbo era Deus e se fez carne, o filho.

Os textos de João ligam diretamente o filho que é o verbo estando com o Pai (que é Deus) e
sendo como Deus é (da mesma substancia, homoousios – o mesmo ser). Não é o caso de
“um Deus unigênito”, pois neste caso ou não haveria um filho ou o Pai seria unigênito,
sendo Ele mesmo o filho, negando desta forma a divindade de Jesus. Em Deus não há
100
confusão ou contradição, não há nem sequer uma sombra de variação.

A palavra grega no texto é monogênes Théo = filho unigênito de Deus. Ademais Gálatas 4:4
declara que o filho de Deus nasceu de uma mulher.

Textos de apoio:

 Hebreus 10:5 – corpo me preparaste.


 Hebreus 10:10 – oblação do corpo de Jesus, a oferta foi o corpo.
 Hebreus 1:6 – Deus introduz no mundo o primogênito.
 Mateus 1:18 – foi concebido do Espírito Santo.
 Lucas 1:35 – Descerá sobre ti (a mulher) o Espírito Santo e a virtude do Altíssimo
te cobrirá, o Santo que de ti nascerá será chamado filho do Altíssimo.
 Salmos 2:7 – Tu és meu filho, hoje te gerei (Hoje eu Deus te gerei na Terra, através
do Espírito Santo).
 João 1:1 – O verbo era Deus.
 João 1:14 – O verbo se fez carne e habitou entre os homens.
 João 1:18 – O filho unigênito de Deus.
 Gálatas 4:4 – Deus enviou seu filho, nascido de mulher.

Jesus viveu como homem.

 Lucas 2:40 – crescia o menino. Jesus foi um ser humano normal, foi criança,
adolescente, jovem e adulto e sofreu tudo o que uma pessoa sofre.
 Lucas 2:48-51 – Podemos entender que Jesus passou pelos mesmos processos de
desenvolvimento que qualquer outro ser humano; teve de ser amamentado, teve
dente de leite, crescia em sabedoria, enquanto criança precisava dos pais. Jesus
podia ter fome, sede, medo (Lucas 11:27 bem aventurado o ventre que te trouxe e os
peitos em que mamaste).
 Lucas 8:23 – Jesus dormia.
101

 Mateus 21:18 – Jesus sentiu ou esteve com fome.


 João 4:6 – Jesus esteve cansado.
 Mateus 11:19 – Jesus comia e bebia.
 Lucas 3:23-28 – Jesus tem uma genealogia segundo a ordem adâmica, isto é, um
filho da humanidade autentico.
 João 19:28 – Jesus esteve com sede.
 João 21:25 – Jesus comeu.
 João 21:9-10,15 – Jesus jantou, comeu peixe depois de ressuscitado.
 Mateus 26:37 – Jesus esteve angustiado, com medo 101
 Marcos 14:32-34 – sentiu angustia e medo.
 João 12:26 – sua alma ficou perturbada, ansioso, e aflito.
 João 11:35 – Jesus chorou, teve pesar, ficou triste.
 Hebreus 2:18\4:15\ Mat.4:1 – Jesus foi tentado mas não pecou.
 2ª Coríntios 5:21 – Jesus não conheceu pecado, ele não praticou nenhum pecado.

Jesus precisou da ajuda de um homem Cireneu chamado Simão para levar a cruz; Jesus
morreu como homem. Jesus foi adolescente, homem adulto e Deus. Jesus pode ter errado
o martelo, tropeçado no escuro, mas nunca cometeu nenhum erro moral. Ele suou sangue,
mas perseverou até o fim mesmo quando sentiu medo, dores e angustia. Em nenhum
instante Jesus foi pecador.

Em Hebreus 1:6 declara-se que Deus introduz seu filho no mundo. Obviamente este texto
refere-se a iniciativa de Deus de fazer que seu filho primogênito fosse introduzido, não em
outro mundo, não em um mundo qualquer, mas no mundo dos humanos, no local onde
estão as suas criaturas, o alvo de seu amor, onde os tais nascem crescem e morrem. Seu
filho não foi introduzido neste mundo em uma forma inteligente estranha ou desconhecido
senão na forma humana. Se existem outros mundos habitados no universo com criaturas
inteligentes e de outras formas, Deus ignorou a estes para habitar neste mundo e com esta
forma humana reconciliar consigo tudo o que há nos céus e na terra. “Toda a criação geme
esperando a sua redenção executada plenamente por este homem Jesus” (Colossenses
1:20\Romanos 8:22-23\8:18-21).

Sugiro, pois, que não seria possível medir tanto a sua misericórdia quanto seu amor, nem
mesmo outros mundos podem nos separar deste amor de Deus (Romanos 8:31-39).

Se o centro do universo é onde está Deus então este lugar deve ser aqui mesmo no planeta
Terra, onde Jesus Cristo escolheu para renunciar temporariamente da sua glória divina e
habitar com os homens, e de onde ele mesmo governará pessoalmente por mil anos em
glória no tempo de seu retorno, desde Jerusalém (Apocalipse 20:4,6/21:1-6/Zacarias
102

14:9/Daniel 2:44-45; 7:27). A expressão o filho do homem, aparece em média em 187


versículos na Bíblia podendo variar em diferentes traduções e todas se referem a pessoa de
Jesus Cristo. No evangelho de Mateus em torno de 32 vezes em que Jesus usou esta
expressão para referir a si mesmo. Segundo a Enciclopédia The Word Bible 11% do texto
grego em Mateus consistem na expressão filho do homem, no evangelho de Marcos em 5%
aparecendo 14 vezes, no livro de Lucas em 10% do texto original com 28 ocorrências e em
João 4% com11 repetições.

Sugiro a meditação no texto de Mateus 25:31-32a “E quando o Filho do homem vier em


sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E 102
todas as nações serão reunidas diante dele”.

É Jesus quem está falando (de si mesmo), o que vai acontecer (vir em sua glória), o que ele
(o filho do homem) irá realizar (assentará no trono) em relação as outras pessoas (todas as
nações, implica governos, autoridade e povos) diante dele (indica submissão). Trata-se de
um texto que revela a abrangência do incrível domínio Real e poder de um único homem,
ele mesmo fará isto – o homem Deus fará.

Aspectos do Reino de Deus e de Jesus Cristo que comprovam sua humanidade e divindade:

1)Jesus Cristo, como Rei Supremo (Zacarias 14.9);


2) O reino é para os Salvos (1ªTessalonicenses 4.16-17);
3) O reino é para o remanescente (nações) da Grande Tribulação (Mateus 25.31-46);
4) O reino é para os judeus sobreviventes (Deuteronômio 28.13; Isaías 60.10-15; Zacarias
8.20,23).

O local do Reino: será na Terra, refletindo não somente o aspecto espiritual, mas também o
terrestre (Isaías 65.21; Mateus 5.25-26; Apocalipse 5.9-10).
A Capital do Reino: será Jerusalém (Salmo 48.1-3). Biblicamente, a Palestina é o centro
geográfico da Terra. Será o centro de adoração para todos os povos.
A Universalidade do Reino: o reino do Messias será universal abrangendo o mundo inteiro
(Ezequiel 43.1-7; Mateus 25.31; Zacarias 14.9; Salmo 72).

Convém agora examinar que o primogênito foi introduzido no mundo como gente de igual
material que todas as outras gentes, da mesma forma como todos os povos da Terra:
através do nascimento (Lucas 11:27).Este que estava envolto em panos numa manjedoura e
veio ao mundo como uma criança, um menino que foi o alvo da adoração dos anjos,
segundo o texto de Hebreus 1:6b “que todos os anjos o adorem”eque foi introduzido no
mundo através do seu nascimento como descrito em Lucas 2:11 “nos nasceu hoje o
103

salvador”, no dia do seu nascimento os anjos anunciaram e o adoraram, copiando-os


magos e pastores locais (Lucas 2:13-15\Mateus 2:2,11).

O texto de Mateus 1:18-24 demonstra que Jesus era completamente homem por parte de
mãe (estando Maria, sua mãe...) de quem herdou sua humanidade, mas completamente
Deus por parte de seu Pai (achou-se ter concebido do Espirito Santo..., o que nela está
gerado é do Espírito Santo). Ele era tanto homem quanto era Deus. Maria foi
equivocadamente denominada théotokos: mãe de Deus – esta foi uma expressão que
trouxe muita controvérsia e foi rejeitada pelos reformadores, protestantes e evangélicos no
mundo todo. O termo grego cristotokos: mãe do Cristo - seria mais adequado. Neste 103
sentido Maria e seu marido José podiam exercer a autoridade e cuidados que tem todos os
pais humanos como qualquer outra família de seu tempo que zela pelos filhos naturais
dentro da sua cultura e valores sem jamais se colocar acima de Deus, como seus tutores. A
expressão théotokos inverte a hierarquia universal, não honra o soberano do universo
como EL – o primeiro e único, inverte o processo da criação colocando a mulher como
anterior ao Pai e ao Filho e o Espírito Santo ou em igualdade, o que é impossível. Deus é a
origem de si mesmo, nenhum humano está em igualdade com Jesus, ninguém guiou o
Espírito do Senhor, Deus é auto-suficiente, incriado, livre e independente (Lucas 2:42-49).As
crianças são um somatório do pai e da mãe, naturezas que são unidas pela concepção do
embrião gerado por eles. Somente o que é gerado pelo divino e pelo humano pode ser
considerado divino e humano.

Um corpo de carne para o verbo.

A fonte sobre Jesus Cristo, sua pessoa e sua vida, sua trajetória e seus relacionamentos são
as Escrituras. É nas Escrituras que a igreja busca informações para defender tanto a sua
humanidade quanto a sua divindade. É através da Bíblia que repercute o verbo feito carne,
feito humano autentico. A igreja deve valorizar a realidade da natureza de Cristo, como o
foi debatido nos concílios estudados anteriormente.

Cristo não tinha um corpo aparente (docéticos), mas um corpo carnal como o nosso corpo
é, por isso ele é chamado de filho do homem. A expressão filho do homem é utilizada no
judaísmo e no idioma hebraico para referir-se a um ser humano, uma pessoa, é utilizada
para humanidade; literalmente para filho de Adão; no caso de Jesus trata-se de referir-se a
um ser humano autentico. Este era o titulo que Jesus usou mais vezes para referir-se a si
mesmo.

Usando esta expressão filho do homem para si mesmo, Jesus estava se identificando com o
personagem descrito na profecia de Daniel 7:13-15, aonde alguém semelhante a um filho
do homem, vindo dos céus, e a quem foi dado todo o domínio eterno. Ao dizer que ele era o
filho do homem, Jesus estava afirmando que ele era o Messias, o mesmo SER descrito na
104

profecia de Daniel. O filho do homem que está no céu de João 3:13 é o mesmo filho do
homem de Daniel 7:13-15, Jesus disse quem era e de onde veio.Esta expressão informa que
Jesus Cristo é a encarnação do filho de Deus que toma forma humana para salvar a
humanidade em sua dimensão neo-testamentaria.

O filho do homem na Bíblia se refere a Jesus.

 Mateus 13:37\17:22\18:11\24:44\25:31\12:40
 Marcos 9:31\10:45
 Lucas 5:24\17:24\9:58
104
 João 1:51\8:28
 Atos 7:56\55-56 compare com Daniel 7:13
 Hebreus 2:6
 Apocalipse 1:13\14:14-20
 Daniel 7:13-14
Ao analisarmos a passagem da mulher de Samarinata:

“A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier,
nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo”. (João 4:25,26)

Verificamos por esta passagem das Escrituras que Jesus afirma para aquela mulher que ele
mesmo é Cristo o messias, e que ele já veio, conforme profetizado (estava com ela naquele
momento corporalmente). Observamos o mesmo em Mateus 26:63: “Conjuro-te pelo Deus
vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus”; ao Jesus responder afirmativamente
ao sumo sacerdote, ser ele mesmo o messias, deixava claro na mente de seus
interrogadores que é dele de quem trata o texto de Daniel 7:13-14 : “o filho do homem que
vem sobre as nuvens assentado ao lado do ancião de dias que é o Todo Poderoso”.

O texto de João 1:14 declara que o verbo se fez carne mas também afirma: “vimos a sua
glória como a glória do unigênito do Pai”. Aqueles que testemunharam da vida do filho do
homem viram o Senhor Jesus cheio de graça e verdade, ou seja, viram-no como ele é
realmente, como (Jesus) o filho de Deus o é na sua glória, viram Jesus na sua realidade
divina, embora apenas uma amostra. Podiam comparar esta realidade espiritual real com
aquilo que estava escrito no Antigo Testamento, comparando as coisas espirituais entre si.
A glória de Deus relatada nas Escrituras é a mesma glória do filho do homem que os olhos
dos discípulos viram em Mateus 17; o mesmo filho do homem assentado no trono das
visões em Ezequiel e Isaias.

Assim como Moisés viu a Deus no monte também no monte os discípulos de Cristo o viram.
Deus de Deus, Luz de luz. Aquele filho de Deus semelhante ao filho do homem assentado
no trono das visões, agora estava entre eles, homens mortais, este é na verdade o unigênito
105

do Pai anunciado em Zacarias 12:10, apto a morrer e ressuscitar (Hebreus 2:9). Esta mesma
visão do Senhor da glória está registrado em Apocalipse 1:13-15\Daniel 10:5-6\7:9

Em 1º Timóteo 3:16 lemos ”aquele que se manifestou em carne”, ou em outras palavras:


aquele que tomou para si um corpo humano. Um corpo humano autêntico como os das
pessoas que vivem em qualquer outro lugar do planeta apto a viver na Terra um “ben
adam” filho da humanidade. Isto pode ser confirmado em Hebreus 2:14,16 e 5:7. O verbo
se fez semelhante em tudo, carne e sangue, aos homens, aos irmãos. No capitulo 2 de
Hebreus verificamos que Cristo como filho do homem é superior aos anjos. O que antes era
um mistério agora fora manifestado ou revelado trata-se do filho de Deus encarnado, Jesus 105
o Cristo.

A realidade da humanidade e do corpo do Cristo foi testificada conforme 1ªJoão 1:1-4, as


palavras utilizadas no texto: “nossas mãos tocaram, nossos olhos viram, nós vimos, foi
manifestado” é com certeza fruto de uma experiência real ocorrida no monte da
transfiguração (Mateus 17:5). Ainda em 1º João 4:2-3 o apóstolo enfatiza para os que
afirmassem algo em contrário a isto - que Jesus o filho de Deus não veio em carneou que
não era um humano real e total – que tais pessoas não podiam carregar em si mesmo outro
espírito a não ser o espírito do anticristo. João pode afirmar categoricamente, combatendo
os docetas que tentavam diminuir o verbo encarnado; o próprio João ouviu e registrou as
palavras de Jesus em João 8:44, que esta negação nada mais é que o espírito do enganador
(2º João 1: 7).

O Logos divino de alguma maneira se uniu ao corpo humano. 1ª Timóteo 3:16 informa
como isto se deu constitui-se em um grande mistério. Como a união hipostática aconteceu
não sabemos explicar. No entanto diz a Escritura que “ele se fez homem”;fez isto consigo
ou para si;afirmação completada pelos Salmos 2:7 – “eu hoje te gerei”. Ele, o Logos, tomou
a forma humana nos dias da sua carne conforme mandou seu Pai (Hebreus 5:7).

Outra declaração importante está em Hebreus 10:5-10 que faz referencias as declarações
dos Salmos 40:6-8, referindo-se ao corpo de Jesus como sendo o próprio corpo do sacrifício,
ou seja, um corpo real. Recomendo a leitura completa de todo o capitulo 10 de Hebreus em
contraste com 2º Coríntios 3:5-6. Ademais os versículos de Filipenses 2:6-8 explicam bem
que o verbo se fez o homem Jesus, como diria o teólogo Karl Barth “o predicado da
vontade divinafoi inciativa do Pai e do Filho, o agente da encarnação é Deus”.

O testemunho de Pilatos, governador da Galiléia de 26-36 D.C. registrado em João 19:5:


Ecce Homo, eis o homem; é uma constatação de alguém que estava diante de um homem
real, não era um espírito ou uma aparição como queriam crer os docetas e gnósticos, mas
um Jesus flagelado e com uma coroa de espinhos, individuo que sangrava de verdade e não
apenas um sangue aparente ou docético não era um cenário teatral, mas um ato da vida
106

com todo seu terror e esplendor. Ademais quem estava diante de Pilatos não era um
homem qualquer, nele se concentram todas as virtudes e qualidades, ele é o modelo
perfeito para os demais. A expressão em aramaico bar nasha/bar nash se refere ao homem
no sentido máximo, usada para Jesus, exatamente como na expressão latina de Pilatos -
Ecce Homo - se refere ao homem Jesus, o homem verdadeiro e absolutamente perfeito.

106

Ecce Homo, obra do pintor italiano Antônio Cismei (1821-1891).

Jesus é aquele filho do homem de Daniel 7:13-14, vindo sobre as nuvens. Trata-se de um
ser humano que transcende a mera condição humana. Esta expressão: Filho do homem tem
duplo significado.

a) Indica a condição humana, com a fraqueza inerente a esta condição.


b) Aponta para uma figura humana, de origem transcendente, rodeada de grandeza
divina.

No Novo Testamento a expressão filho do homem aparece cerca de 80 vezes, sempre


utilizada por Jesus referindo-se a si mesmo e nunca a outra pessoa, exceto em Atos 7:56
quando é dita por Estevão, o primeiro mártir. Ele é o filho do homem que atua em sua
107

existência terrenos em meio aos outros seres humanos filhos de Adão, vivendo as
limitações próprias dessa humanidade (Mateus 8:20). Ele é o filho do homem que realiza a
missão do servo de Deus (Mateus 8:31). Ele é o filho do homem que virá no final dos
tempos com glória, poder e com atribuição de julgar (Marcos 8:38\14:62). A expressão -
filho do homem- aponta para a condição humana de humilhação tanto quanto para a
exaltação de Cristo á partir da ressurreição. A comunidade cristã conservou a lembrança do
modo de como Jesus se referia à imagem do Filho do Homem de Daniel 7, dando a
expressão um significado messiânico bem definido, já que os cristãos crêem ser ele mesmo
o Messias que pelos judeus não foi reconhecido entende-se que Jesus fazia uso desta
107
expressão referindo-se a si próprio o que ficaria ainda mais claro com a consumação e o
entendimento de sua missão pelos seus discípulos, idêntica do Messias esperado, o que
acabaria com qualquer objeção quanto a sua identidade já ele mesmo anunciou o que o
filho do homem faria como O Messias. Verificamos a veracidade deste argumento nas
palavras do próprio Jesus em defesa da sua messianidade como em Lucas 11:30/Marcos
2:10. Também levaremos em conta as passagens em que o filho do homem vem
relacionadas com a paixão do messias em Marcos 9:31/10:45/14:21.Aproveitando do texto
de Marcos 14:21 podemos estender nossa investigação para clarificar sobre o filho do
homem no contexto das Escrituras utilizando ainda dois outros textos Bíblicos:

Marcos 14:21: Na verdade o Filho do homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele
homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para o tal homem não haver
nascido. (há uma clara distinção entre a expressão daquele homem e o filho do homem)
Mateus 26:56: Mas tudo isso aconteceu para que as Escrituras dos profetas sejam
cumpridas.Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram.
1ª Coríntios 15: 3: Pois eu te dei em primeiro lugar o que recebi: que Cristo morreu por
nossos pecados, de acordo com as Escrituras. (de acordo com as Escrituras o Filho do
homem profetizado e morto foi Jesus)

Além disto, os textos messiânicos de Isaías tratam o messias como o servo sofredor o que
pode ser facilmente relacionado a Jesus nos capítulos 43,49,50 e 53. O próprio apóstolo
Pedro utilizou-se dos textos de Isaías 53 ao escrever 1ª Pedro 2:21-25 citando Jesus como o
servo sofredor de Isaías. Do mesmo texto de Isaías utilizou-se o apóstolo João no capítulo
12: 37-41 e também o apóstolo Paulo em Romanos 10:16 salientando “nem todos os
Israelitas aceitaram o Evangelho; porquanto declarou Isaías: Senhor quem deu ouvidos a
nossa pregação?

A paixão de Cristo pode ser vista agora como a “paixão do filho do homem” como descrita
em Marcos 9:31: “O filho do homem será entregue, morto e ressuscitará”. Portanto Jesus
estava falando dele mesmo como sendo o filho do homem o justo sofredor, o sacrifício
perfeito.
108

Jesus Cristo, segundo Adão e homem novo.

O apóstolo Paulo admite dois tipos de homem, dois Adões. Na fé cristologica do apóstolo,
Jesus é o verdadeiro homem perfeito, o modelo humano, o homem que vem de Deus é o
segundo Adão, isto é Jesus Cristo. Já o primeiro Adão é o homem terrestre e pecador e não
é divino (1º Coríntios 15:45-48\Romanos 5:14)mas figura de um segundo, daquele que
havia de vir; o verdadeiro Bar-nasha, este sim é o primeiro pois é anterior a tudo. Como
declarou João Batista: este que vem depois de mim é na verdade antes de mim.

Uma vez que existe dois Adão, haverá dois modos diferentes de existir, a existência própria
108
do homem psíquico do Adão terrestre e pecador; e a existência do homem espiritual
própria do segundo Adão, Jesus Cristo que é do céu, fonte de vida eterna (1º Coríntios
15:44-45). Existiu o primeiro homem, fraco e pecador, o ser humano não é divino, ele é
criatura. Porém é chamado a tornar-se celestial, verdadeiro filho de Deus, transformado e
divinizado. Mas esta divinização, ou natureza divina, não é própria do ser humano, é um
dom oferecido por Deus, é graça e não uma qualidade própria do homem e só é possível
em conexão com Jesus Cristo. “Por tanto assim como trouxemos a imagem do homem
terrestre (o 1º Adão), também – receberemos ou seremos - a imagem do homem celeste
(O 2º Adão)”(1º Coríntios 15:49). Desde então somos convidados a nascer de novo da água
e do Espirito, gerados novamente pelo poder regenerador da palavra do Cristo, para ser a
semelhança do segundo Adão em seu caráter agora e em sua glória no futuro; é ser uma
nova criatura isto, pois, é um convite feito pelo próprio Bar Nasha – o novo nascimento, ser
um novo Adão – semelhantes a Jesus o primeiro e também o ultimo.

No passado trouxemos a imagem do 1º Adão; no futuro traremos a imagem do 2º Adão, e


no tempo presente estamos mudando de imagem.

No Novo Testamento, Cristo é a verdadeira imagem de Deus no ser humano Jesus, e a


promessa do IM-MANUEL – não apenas de estar com eles (EM), mas de estar dentro deles
(IM - INTRA), transformando de dentro para fora (Colossenses 1:15\Hebreus 1:3\2º
Coríntios 4:4-6\Romanos 8:29). O homem é chamado para assemelhar-se a esta imagem de
Cristo, morrendo o velho homem para poder viver a vida do homem novo (Colossenses 3:9-
10\Ezequiel 4:22-24\2:15 2º Coríntios 3:18) deixando desta forma uma base sólida como
exemplo e do convite a todos os homens para serem como ele é, se tornarem parecidos a
ele mesmo, seu caráter divino – sejam santos pois EU sou santo.
109

Identificado pela placa.

Na crucificação de Jesus o filho do homem; Pilatos fez uma citação sarcástica contra os
judeus ao colocar uma placa na cruz. Foi para atingir os judeus e derrotar qualquer
esperança de libertação do pesado jugo do império romano e foi proposital:

“Jesus Nazareno, o Rei dos judeus”.

Esta era a placa de identificação, o epitáfio daquele que era mesmo o seu Rei judeu.
Segundo as palavras do próprio Pilatos: “O que escrevi, escrevi” (João 19:22). O conteúdo
daquela escrita revelava quem era a vitima pascoal e o Santo que ali estava pendurado: 109
“este é Jesus o Rei dos judeus”. Aquilo que Herodes intentou no massacre infanticídio da
Judéia – eliminar o inocente que seria o futuro Rei dos judeus – foi alcançado e estava
consumada por Pilatos. Aquela criança brutalmente perseguida 33 anos antes, desde o
ventre de sua mãe, agora estava imolada na cruz, igualmente inocente eternamente como
era quando veio ao mundo cruel que não lhe merecia tão formosa luz e maravilhosa paz.
Agora jazia morto e inerte no madeiro de lenha cruento e sanguinário, feito pelos homens
inspirado pelo diabo.

A placa de identificação - como se fora a de um moderno soldado - incomodava os judeus


por vários motivos; talvez devêssemos salientar o que fora descrito em João 19:20: “muitos
leram este titulo”. O titulo estava em três idiomas: em grego, hebraico e latim
propositalmente, eram as línguas mais populares da época e da região naquele primeiro
século. Certamente a sua tradução e o seu relato teria alcance em muitas regiões do mudo
antigo. Jerusalém estava lotada de pessoas de todas as partes. Quem levasse na memória a
cena dantesca do que viu fora dos muros na capital de Israel e o que estava escrito como
titulo daquela placa fixada sobre a cabeça de um moribundo entre outros dois criminosos
certamente faria o comentário que anunciaria em terras longínquas o de que em Jerusalém
com a ajuda dos judeus, foi crucificado pelos romanos o próprio Rei dos Judeus, o Messias
esperado a tanto por eles mesmos. Os que ouvissem este intrigante relato, quando mais
tarde ao confrontarem isto com as Escrituras e o anuncio do evangelho que seria realizado
pelos discípulos de Jesus na diáspora e além, para o mundo todo, compreenderiam e
saberiam que tanto o relato quanto o que estava nos Escritos se concretizara naquela tarde,
e que o que viram alguns e ouviram muitos mais outros, foi tudo verdade, as profecias
antigas se cumpriram, e que a plenitude dos tempos chegara e se inaugurava uma nova era
para os povos de toda a Terra em que o véu se rasgou e o muro da separação entre Deus e
o homem ruiu para sempre. Aquilo que começou em Belém teve um fim em Jerusalém,
aconteceu tudo na terra santa de Israel – o povo do Deus hebreu, o pai de Abraão de Isaque
e Jacó – estava consumado.
110

Havia muita gente em Jerusalém, as testemunhas foram muitas e de todos os lugares,


povos e idiomas foram arroladas como testemunhas involuntárias da morte do Rei dos
Judeus. Não foram apenas os amigos e familiares dos versos 25-27 de João 19 que
testemunharam os fatos e leram a placa que inaugura a religião de Jesus. Foram
testemunhas também, as tropas ali presentes no local que serviriam em diversos lugares
posteriormente, os soldados foram os primeiros a constatarem que se tratava de alguém de
carne e sangue que estava diante deles, como dito em João 19:34: “Contudo, um dos
soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.

Entendemos que João podia afirmar sobre o que viu. João viu a sua glória em Mateus 17, 110
viu a agonia, morte e sepultamento e também testemunhou o tumulo vazio (João 20:1-4),
foi ele quem primeiro chegou ao sepulcro, foi o segundo a entrar ali, viu e creu (João 20:1-
10). De fato João poderia afirmar que o seu testemunho era verdadeiro (1ºJoão 1:1-4). O
discípulo amado esteve em contato diário direto com Jesus, o filho do homem, como
também esteve diante daquele que transcende todo o entendimento, o filho de Deus, o alfa
e o ômega, o primeiro e ultimo Jesus Cristo, em sua glória (Apocalipse 1:10-19).

Os evangelhos identificam algumas das pessoas reais pelos seus nomes, tanto as que
participaram da prisão, quanto os que interrogaram Jesus. Os que estavam diante dele na
cruz a tal ponto de saberem quais foram as suas ultimas palavras. O motivo de sua
condenação foi conhecido e relatado por testemunhas oculares: O filho do homem foi
condenado por que se fez filho de Deus (Lucas 19:7). O local da sua execução também é
identificado e também seu sepultamento teve um endereço. Durante sua morte houve um
evento climático, cosmológico, o que realçaria o testemunho das pessoas que o
presenciaram e segundo o relato de Lucas 23:44-45, houve trevas por cerca de três horas,
algo muito incomum, bizarro e sobrenatural para não ser notado e relatado. O número de
testemunhas era de uma multidão, muita gente, como em um espetáculo elas saíam
atônitas – o que as perturbava tanto assim? (Lucas 23:48).

No relato de Mateus 27:51 observa-se que houve um terremoto tão forte que fendeu as
pedras, isto é algo que não poderia passar despercebido pelos habitantes daquela
localidade nem de seus visitantes e que seria coincidente com o a morte de Cristo, o que
reforçaria o testemunho do relato concomitante de um com o outro. O testemunho da sua
sepultura é tão poderoso que as mulheres da galileia viram o seu sepulcro e como foi
posto o seu corpo (Lucas 23:55). O método do seu embalsamento também está descrito, os
elementos utilizados seguindo o costume de seu povo, conforme os mandamentos e
instruções de Moisés (Êxodo 20:10\Deuteronômio 5:14). Pedro viu os lençóis no sepulcro,
mas seu mestre já havia ressuscitado, ele viu o sepulcro lacrado, ele viu o sepulcro aberto e
vazio (Lucas 24:12). Os guardas subornados viram, foram testemunhas de como ocorreu a
ressurreição, presenciaram os fatos. A lei prescreve a necessidade de 2 ou 3 testemunhas
111

para firmar o relato como verdadeiro (Deuteronômio 17:6\19:15\Mateus 18:16\2ª


Coríntios 13:1). Os 4 evangelhos nos fornecessem este critérios e indicam ainda muitos dos
que são testemunhos escritos sobre as pessoas que presenciaram estes fatos e que
descrevem com muita riqueza os detalhes, lugares, horários, pessoas, sentimentos, atitudes
e governos que auxiliam nas datações dos fatos.

Então Jesus é tão real quantos todos estes detalhes que só foram relatados por causa dele,
de sua história, missão e vida.

O escritor Fulton Sheen, no seu livro “Vida de Cristo“, comenta:


111
“Na história do mundo, somente uma vez encontramos o caso de que, diante da entrada
de uma tumba, foi colocada uma grande pedra e até guardas para evitar que um homem
morto ressuscitasse: foi o sepulcro de Cristo, na tarde da sexta-feira que chamamos santa.
Que espetáculo podia haver de mais ridículo do que aquele de soldados a vigiar um
cadáver? Puseram sentinelas para que o morto não pudesse andar, para que o silencioso
não falasse e para que o coração transpassado não voltasse a palpitar. Diziam que ele
estava morto. Sabiam que ele estava morto. Diziam que ele não ressuscitaria. E,
entretanto, vigiavam…”.

Os inimigos de Cristo esperavam a sua ressurreição, ou pelo menos contavam com esta
possibilidade como algo possível. As primeiras testemunhas da ressurreição, aliás, foram
mulheres: na sociedade judaica, o testemunho de uma mulher valia pouco. Mesmo que
elas tivessem sofrido uma alucinação, dificilmente teriam recebido crédito ao contá-la. Pelo
contrário: é mais plausível que tivessem deixado os apóstolos ainda menos propensos a
acreditar em visões das quais não quisessem se certificar antes de reconhecer como reais.

Um pouco de história

A descoberta dos artefatos arqueológicos, locais e nomes de pessoas citadas em toda a


Bíblia e principalmente no Novo Testamento dão substancia à realidade histórica destes
reis, governadores, suas dinastias e pessoas que proeminentemente figuram na história de
Jesus.

Em Mateus 26:57 Jesus prisioneiro foi conduzido até o sumo sacerdote Caifás, apontado
pelos romanos entre 18 a 37 D.C., Caifás foi genro de Ánas e chefe da suprema corte dos
judeus, o sinédrio,e podemos verificar em João 18:13 o momento em que Anás e Jesus
estiveram frente-a-frente.Caifás e Ánas foram contemporâneos de Pôncio Pilatos, que foi
governador da Judéia entre 26-36 D.C. ambos participaram do julgamento de Jesus.O
Capitulo 18 do evangelho de João traz o primeiro relato da Paixão de Cristo em João, este
capítulo relata a prisão de Jesus, o julgamento de Jesus pelos judeus e a corte de Pilatos, daí
sua importância para nosso estudo.
112

Ainda podemos confrontar os fatos narrados na história com os relatos em Lucas 3:1-2 que
informam eventos e personagens importantes no contexto da vida de Jesus que nos levam
as mesmas datas em que o Cristo caminhou, viveu, morreu e ressuscitou na terra santa. O
segundo Imperador de Roma foi Tibério César entre 14 a 37 D.C.; conhecido como o
imperador da crucificação de Jesus, era filho adotivo do fundador do império romano César
Augustus que morreu aos 75 anos de idade em agosto de 14 D.C. Tibério César sucedeu-o
logo em seguida, no mês de setembro daquele mesmo ano, seu padrasto e antigo
imperador de Roma. Foi por volta do 15º ano do comando de Tibério, que Pilatos já estava
governando a Judéia nos tempos de Jesus Nazareno. Verificamos então que o ministério de
112
João Batista nesta mesma época devia estar situado por volta do ano 29 – 30 D.C.,
justamente quando em seu clímax Jesus é batizado dando inicio ao seu ministério. Outra
particularidade é a confrontação da vida dos sumos-sacerdotes Anás e Caifás – genro e
sogro – que também lideravam os judeus neste mesmo período, todos estiveram frente a
frente com o Messias Judeu – Jesus Cristo.

Foi justamente Tibério César Augusto,antecessor de Tibério César que decretou o censo no
inicio do 1º século, que levou José e Maria a Belém, onde Jesus nasceu (Lucas 2:1-7). Nesta
mesma época Quirino ou Cirênio era o presidente ou governador da Síria – conforme Lucas
2:2.

O historiador judaico Flavio Josefo do


século I, relata que os quatro filhos de
Anás e seu genro serviram como sumo
sacerdote, Josefo assinala ainda que
nenhum outro sumo sacerdote teve a
mesma sorte. Uma lista com as datas em
que foram sumos sacerdotes segue logo
abaixo, são eles:

1) Anás ben-sete (sogro de Caifás)


15 D.C. (João 18:13).
2) Eleazar ben-Anás 16-17d.c
3) Josefo ben-caifás 18-36 D.C. (genro
de Anás, foi quem julgou Jesus no sinédrio (Mateus 26:57) Contemporâneo de Pilatos
e Tibério Cesar). 4) Teófilo ben-Anás 37-41 D.C. 5) Matias ben-Anás 43 D.C. 6) Anás
ben-Anás 63 D.C.

Tumba da família de Caifás foi acidentalmente descoberta por operários que


construíam uma estrada em um parque ao sul da Antiga Jerusalém em 1990. Os
arqueólogos foram então ao local e encontraram 12 ossuários (caixas para ossos
113

feitas de calcário) ao examinar o local contendo os restos mortais de 63 indivíduos. O


ossuário mais ornamentado tinha a inscrição de nome “José filho de (ou da família
de) Caifás”. “Este era o nome completo do sumo sacerdote que prendeu Jesus,
documentado como Josephus (Antiguidades 18: 2, 2;4, 3)”. No seu interior existiam
os restos de um homem de 60 anos, que quase certamente pertencia ao mesmo
Caifás do Novo Testamento. Este memorável achado provê, pela primeira vez, os
restos físicos de um indivíduo descrito na Bíblia. Este achado deve ser de particular
sensação para os cristãos por causa da precisão da Bíblia pelo fato de que Caifás
entregou Jesus para Pôncio Pilatos, cuja existência a arqueologia também pode
113
comprovar.
Logo a seguir podemos ver uma foto do autor do livro Arqueologia Bíblica – Dr. J. Randall Price; Mestre em teologia,
doutor em filosofia e arqueólogo que participou de diversas escavações na Galileia e Qumram na tumba de Caifás.

Encontrada nas escavações de Cesárea marítima em 1961, uma estela com a frase: Tibério,
Pôncio Pilatos, governador da Judéia, é a prova material do conhecido representante de
Roma que julgou a Jesus. Durante muito tempo a sua existência foi negada pelos céticos
apesar de existirem várias provas do contrário: Pilatos é mencionado pelos historiadores
Josefo, Filo e Tácitus. Foram encontradas moedas cunhadas durante o seu governo. E em
1961, foi encontrada, em escavações na Cesárea, a pedra dedicatória que confirma a
existência de Pilatos.A inscrição não somente confirma a historicidade de Pilatos, mas
clarifica o título que ele possuía como governador. A pedra encontra-se em exposição no
Museu de Israel em Jerusalém.

A tumba de Herodes foi encontrada em maio de 2007 pela Universidade Hebraica de


Jerusalém, em uma zona arqueológica conhecida como Heródio a poucos quilômetros de
Jerusalém. Trata-se de um sarcófago do rei que governou a Judéia de 37 A. C. até sua
114

morte, em aproximadamente 4D.C. e que aparece no Novo Testamento como o rei que
governava a Judéia quando Jesus nasceu.A lista dos sumos-sacerdotes pode ser verificada
no livro A Crônica de Jerônimo de Estridão e de Eusébio de Cesárea.

Podemos citar outro personagem histórico real que esteve com Jesus conforme relatado
em Lucas 23:7-12; Herodes Antipas, nascido em 20 A.C. morto em 39 D.C.; foi tetrarca
(governador) da Galiléia. Antipas é mais conhecido pelos eventos do Novo Testamento que
levaram a morte de João Batista relatados em Marcos 6:14-29 e Mateus 14. Pôncio Pilatos
enviou Jesus para Herodes, quando este estava em Jerusalém durante a Páscoa. Antipas fez
algumas perguntas a Jesus que não encontrando nada que incriminasse o Mestre, mandou- 114
o de volta a Pilatos. Joana, mulher de Cuza, mordomo de Antipas, foi uma das primeiras
discípulas de Jesus (Lucas 8:3).

Herodes Antipas foi um dos quatro filhos de Herodes o Grande que foi rei de Israel de 37
A.C. até 4 A.C. Descrito como "um louco que assassinou sua própria família e inúmeros
rabinos"; Herodes o Grande, deixou disposto, em testamento, a partilha do reino entre três
de seus filhos sobreviventes: Herodes Arquelau,Herodes Antipas e Filipe. Esta família com
cinco governadores esteve relacionada a Jesus desde seu nascimento. Por ocasião do
julgamento de Cristo, Herodes Antipas era governador da Galiléia.

As pessoas ao redor de Jesus estavam em algum momento interligadas entre si e as suas


próprias histórias estão em conformidade cronológica com os evangelhos, são pessoas que
viveram na história de Jesus de alguma forma (Lucas 3:1-2). Não houve nem um relato ou
qualquer outro testemunho tão bem registrado acerca de alguém crucificado pelos
romanos que tenha sobrevivido ou voltado a vida, com exceção de Jesus.

Devemos esclarecer, no entanto que a arqueologia não tem como objetivo explicar a Bíblia
ou confirmar sua veracidade embora ocasionalmente os estudiosos confirmem com suas
descobertas ser verdade o relato Bíblico dando-lhe mais clareza e substancia. O relato
Bíblico tem para a arqueologia um papel secundário, pois o que importa é o artefato, o
relevo, o local e sua autenticidade. Para os cristãos o que importa na arqueologia quando
confirma algum relato Bíblico é a história que ela conta sobre os fatos envolvendo os
artefatos que revelam as situações, e pessoas citadas nas Escrituras Sagradas e a
autenticidade do texto. Ainda que não houvesse nem mesmo um grão de areia ou um caco
de telha que trouxesse alguma novidade sobre o que na Bíblia está escrito, continuaríamos
acreditando em toda a Escritura como verdadeira pela fé em Deus seu autor infalível,
somos gratos quando algum achado arqueológico e histórico comprova a nossa fé, mas o
cristão não anda pela vista e sim pela fé, os artefatos não determinam nossa crença, mas
reforçam a autenticidade da nossa fé em Cristo.
115

O testemunho pagão (55-117)

Tácito (60-120) liga o nome e a origem dos cristãos a CRISTUS, que no reinado de Tibério
sofreu a morte por sentença do Procurador Pôncio Pilatos.

Plínio (62 D.C.-113 D.C.) escreveu ao imperador Trajano (53 D.C.-117 D.C.) por volta do ano
112, para se aconselhar sobre o modo de tratar os cristãos. Sua carta dá uma valiosa
informação extra Bíblica sobre Cristo. Ele elogiou a elevada integridade moral dos cristãos.
Plínio chegou a dizer que eles entoavam uma canção a Cristo como para um Deus.

Seutônio (69-141 D.C.) em sua obra Vidas dos doze Césares mencionou que os judeus foram 115
expulsos de Roma por causa de distúrbios a respeito de Chrestos (Cristo).

Flavio Josefo, (37-100 D.C.) historiador Judeus do 1º século, também falou de Cristo como
um homem sábio que foi sentenciado a morte por Pilatos. Ele falou de Tiago, o irmão de
Jesus, assim chamado Cristo.

Os símbolos cristãos nas catacumbas como peixes, pombas, ancora e outros símbolos dão
testemunho da crença no Cristo histórico, além da existência do calendário cristão, do
domingo e da igreja.

Em grego, a palavra peixe é “IXTHYS” (pronuncia-se “ikhthys”, ou, simplificando, “ictís”). As


letras dessa palavra formam o acróstico “Iēsous Christos Theou Yios Sōtēr”, que quer dizer
“Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” (em grego antigo, Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ͑Υιός, Σωτήρ)

Os apóstolos Pedro e João também estiveram em contato direto com Anás e Caifás por
ocasião da cura de um aleijado registrado em Atos 4:6. Pode-se concluir que se Pedro e
João foram confrontados por pessoas reais com um cargo importante na religião dos
judeus, foram estes mesmos destacados lideres que mantiveram contato com a pessoa real
chamado Jesus, o nazareno.
116

O Ossuário de Tiago

116

Depois de cinco anos de processo, a justiça israelense afirma que caixa mortuária de Tiago
tem dois mil anos e encerra o caso.

Os arqueólogos Yuval Goren, da Universidade de Tel Aviv e Baaz Zissu da Universidade Bar
Ilan, confirmaram a autenticidade de um ossuário pertencente a família de Caifás.
Autoridade de Antiguidade de Israel (IAA) colocou em dúvida a autenticidade de uma
antiguidade conhecida como caixão de Tiago. Depois de 116 seções em um tribunal
israelense, foram ouvidos 133 testemunhos e produzidas 12 mil páginas de documentos de
depoimentos, foram ouvidos 200 especialista no julgamento. O especialista Yuval Goren da
IAA e DA Universidade de Tel Aviv, confirmou que a escrita no ossuário de Tiago onde se lê:
Tiago filho de José, irmão de Jesus, é antigo e autentica. O Caso começou em 2002 e agora
se declarou a autenticidade desta prova que liga um parente próximo de Jesus. É uma
conexão física e arqueológica com o Jesus do novo testamento. O ossuário do irmão de
Jesus é verdadeiro. Este objeto estava na casa de um engenheiro chamado Odes Golan.
Estas são evidencias físicas da existência de Jesus. Nunca se encontrarão os ossos de Jesus
Cristo, pois ele vive e reina para sempre. Seu tumulo permanecerá vazio e pode ser visitado.
117

117

Santidade de Jesus. A positiva santidade de CRISTO

Há abundância de textos Bíblicos que declaram a isenção de culpa em Jesus. A santidade de


Cristo é a essência e destaque de inúmeros textos Bíblicos, alguns destes relacionados
abaixo:

a) A impecabilidade de Jesus.
 2ª Coríntios 5:21 – ele não conheceu pecado
 1ª Pedro 2:22 – ele não conheceu pecado
 1ª João 3:5 – nele não existe pecado
 João 1:29 – ele tira o pecado do mundo
 Isaías 53:9 – nunca fez injustiça ou engano
 João 8:46 – quem entre vós me convence de pecado?
 Hebreus 4:15 – foi tentado, mas não pecou
 Hebreus 9:28 – sem pecado
 Hebreus 7:26 – separado dos pecadores.
b) Inocência de Jesus.
 João 19:4 – Pilatos o inocenta
 Mateus 27:4 – Judas declara ser Jesus inocente
118

 Hebreus 7:26 – santo, inocente, imaculado


c) Jesus foi tentado, mas não pecou.
 Hebreus 4:15 – foi em tudo tentado
 Hebreus 2:17-18 tentado na carne
 Mateus 4:1-11 – tentado pelo diabo
d) Jesus foi justo.
 Isaías 53:9- nunca fez injustiça, não cometeu engano.
 2º Coríntios 5:21 nele foi feita a justiça de Deus
 1º Pedro 3:18 – Jesus foi justo 118
 Marcos 10:18-21 Jesus é bom como Deus é bom
 Mateus 6:33 – Justiça de Deus como recompensa
 Mateus 18:17-21 anuncia e faz triunfar a justiça
 João 5:27\Daniel 7:13-14 – Exerce o juízo, julgamento, justiça.
e) Santidade total de Jesus, inerente a sua pessoa.
 Lucas 1:35\Mateus 1:18 – santo desde o nascimento e concepção.
 João 6:69 – é o santo de Deus
 João 10:36 – o Pai o santificou
 Hebreus 7:26 – santo, inocente, imaculado
 Marcos 1:24 – é o santo de Deus.
 João 10:30 – santo como o Pai.
 João 14:7 – tem os mesmo atributos santos do Pai.
 Hebreus 9:14 – imaculado (1ª Pedro1:16\Levítico 11:44-46\19:2).

Jesus era inocente, santo, imaculado, justo, bom, misericordioso. Ele compartilha os
mesmos atributos e padrões santos de Deus, ele é luz. Ao incitar o jovem rico a segui-lo,
declara-se bom como Deus (Mateus 19:21).

No ministério do filho do homem vemos duas coisas combinadas: a tremenda carga de


todos os pecados e a santidade imaculada, o inocente cordeiro de Deus levando os pecados
do mundo (Hebreus 4:15). Jesus compreende nossas fraquezas, pois passou pelas mesmas
aflições. Quem experimentou a tentação pode ajudar os fracos com amor. A santidade de
Cristo foi tentada para impedir ascensão à cruz. Não podemos admitir pecabilidade em
Cristo, isto seria negar sua perfeita união hipostática.

A santidade de Cristo e a sua vitória sobre a tentação são idéias Bíblicas relevantes e
integrantes da revelação. Jesus nunca transgrediu a lei divina. Esta santidade inalienável
está vinculada a sua obra como mediador. A tentação de Cristo não é uma tentação vulgar,
mas uma tentação vinculada a glória final (João 12:27), ao custo de sofrimentos múltiplos
119

no seu empenho salvador. Cristo, pessoa divina humana, vence a tentação pessoalmente,
num ato de santidade. Vence a tentação de desistir do sofrimento (Mateus 16:24 – ele
tomou a sua cruz). Em Cristo, divindade e humanidade integram uma pessoa impecável
para a salvação.

Nunca estas confissões de fé no propõem Cristo como o homem ideal, exemplar, altamente
perfeito e digno de admiração, mas como o santo, puro e sem mancha, desincumbindo-se
da nossa redenção.

Jesus encarnou uma única vez, ele não vai reencarnar, mas vem do céu para dominar com o
119
seu reino (Daniel 7:13-14) com poder e glória (Mateus 26:64). Jesus é o filho do homem ao
lado do Todo poderoso. Como filho do homem, ele exerce juízo (João 5:27-28). Jesus é o
homem do céu de 1º Coríntios 15:45-49. É o homem perfeito, imagem e semelhança de
Deus (imago Dei). Ressurgiu dos mortos, subiu ao
céu, está entronizado a direita de Deus, por tanto Anátema seja quem
um corpo humano incorruptível. disser que Cristo se
ofereceu em sacrifício
também por si mesmo e
Jesus é o filho de Davi e do Altíssimo.
não exclusivamente por
(Mateus 1:1\21:14-17\Lucas 1:32\Salmos 8:2 nós por quanto não
Hebreus 2:59)
precisava de oferenda
1 - A preocupação do apóstolo Paulo, sua tarefa. àquele que não conheceu
(1ª Coríntios 4:1) pecado algum.
2 - Anunciar as riquezas incompreensíveis de cristo
que estão no evangelho. Concilio de Éfeso 325

3 - Demonstrar isto a todos

a) O mistério que é Cristo (Efésios 3:9)


b) Fazer conhecida a sabedoria de Deus, nos céus e na terra (Efésios 3:10)
4 – A preocupação de Paulo é falar da sabedoria de Deus,
oculta em mistério, preexistente que é o Senhor da
Cristo se fez semelhante Glória crucificado, revelado, que é Jesus (1ª Coríntios.
a nós em tudo, menos 2:7-8).
no pecado. 5 – Sua tarefa era o de revelar os mistérios e a sabedoria
de Deus que está em Cristo. Esta sabedoria é e está em o
Concilio de Calcedônia
Cristo que assumiu uma função criadora em Genesis.
451
(Provérbios 8:22-26\ Apocalipse 3:1-4\Colos.1:16).
120

Observe:

 Provérbios 8:23 – desde a eternidade


 Miquéias 5:2 – Jesus é desde a eternidade
 Salmo 90:2 – Deus é das eternidades
 João 17:5 – Jesus é antes de haver mundos
 Coloss.1:14-18 – Sem Jesus nada se fez
 1º Corint.1:30 – Jesus foi feito sabedoria, justiça, santificação e redenção.

Jesus é o executor da obra de Deus, nos céus e na terra. Nele está a riqueza de sabedoria. 120
Aquilo que estava oculto em mistério antes de todos os tempos é na verdade Aquele; é
Cristo. É desta sabedoria que as Escrituras estão falando, é a revelação deste mistério que
está em Cristo que Paulo se ocupa, esta deve ser a nossa tarefa. (Efésios3:5-9\Colossenses
1:26\2:2-3)

Entra em cena a revelação sobre Deus através da pessoa de Jesus Cristo, sua natureza,
propósitos, relacionamentos (João 14:7,18\10:30\1:18). Conheceremos a pessoa e natureza
de Deus ao conhecer a pessoa de Cristo e sua natureza. Esta sabedoria de Deus esteve
oculta dos principados e potestades do céu (Efésios 3:9-10). Os príncipes deste mundo não
o conheceram (1ª Coríntios 2:8). Este conhecimento sobre Cristo foi dado para a igreja de
Jesus aos humanos que ele comprou com o seu sangue. O conhecimento de Cristo é
revelado ou dado pelo Espírito Santo (1ª Coríntios 2:10). Por tanto encher-se do Espírito
Santo é uma prerrogativa (Efésios 5:18). O Espírito Santo é quem fornece a capacidade para
conhecer a pessoa e obra de Cristo, suas riquezas e sabedoria, sua memória. No entanto o
mistério não desaparece de todo pela revelação de fatos verdadeiros. Deus é imenso, Jesus
é maravilhoso, o Espírito Santo é grandioso, e a eternidade ensinará muito do infinito.

O filho unigênito.

O titulo filho ao ser aplicado a Cristo não é sinônimo de inferioridade, mas sim de igualdade
com o Pai. Significa que o filho participa da mesma natureza de seu Pai. Foi por essa razão
que os judeus acusaram Jesus de blasfêmia, quando ele chamou a Deus de seu Pai (João
5:17-18\10:32-33\19:7\Mateus 26:63).

É importante considerarmos que a palavra filho é sempre empregada para Cristo no


contexto da encarnação e nunca encontraremos menção de um filho eterno. Não é objetivo
primordial de a Bíblia elucidar o ser essencial de Deus, mas revelar Deus aos homens no
contexto da salvação.
121

Ser filho de Deus equivale a ser igual a Deus (João 5:17-18), igual ao Pai em sua natureza,
substancia e essência. Jesus confirmou sua filiação, portanto sua divindade diante do
tribunal judeu, o sinédrio. Por esta declaração ele foi condenado, por fazer-se igual a Deus.
Ele sempre foi filho assim como o Pai sempre foi Pai e Espírito Santo sempre foi ele mesmo,
o que o seu nome diz, ou seja, três Prosópon em uma hipóstase.Diferente do humano que
é criação, feito por Deus de modo especifico e personalizado. Deus chamou Israel, o povo,
de meu filho, por adoção, no seu cuidado, propósito e resgate, como Deus salvador (Êxodo
4:22\Oseías 11:1\Efésios 1:5). Jesus como filho não é semideus, inferior e adotado. Ele não
é um subordinado no sentido hierárquico, salvo na sua condição humana, no estado de
121
humilhação. Pai e filho se completam ao ponto de serem um. O Pai não age sem o filho, o
filho executa a vontade do Pai. O nosso Deus é único na unidade do Pai, filho e Espírito
Santo.

Unigênito diz-se do filho que é eternamente singular. Na bíblia o filho unigênito de Deus é
único, quando aplicado a Jesus. Único gerado do mesmo tipo. O filho é o único do mesmo
tipo do Pai. O filho procede eternamente do Pai, não como criatura, mas como a 2ª pessoa
da trindade.

A Bíblia se refere a Jesus como o principio da criação de Deus (Apocalipse 3:14) isso não se
refere a Cristo no sentido passivo de que no principio ele fora criado por Deus, mas no
sentido ativo de que Cristo é a origem, a fonte e o principio ativo através do qual a
existência veio toda a criação (João 1:1-3,10\Hebreus 1:2\Colossenses 1:15-18). Se Cristo
fora criado na eternidade então ele jamais poderia ter sido chamado de Deus forte, Pai da
eternidade (Isaías 9:6). João afirma que o verbo era Deus, tudo o que pode ser dito a
respeito de Deus, pode ser dito a respeito do verbo, de Jesus.

A Bíblia estabelece este fato, mas não apresenta maiores detalhes de como isto pode ser
explicado. Pela fé entendemos que o universo foi criado pela palavra de Deus, igualmente
pela fé aceitamos que Deus se revelou a nos pela sua palavra (Hebreus 11:3\Deuteronômio
29:29).

Se Cristo o filho unigênito de Deus, não é Deus, então Jesus não pode revelar perfeitamente
a Deus (João 1:18). Neste caso ele também não pode conhecer a Deus perfeitamente como
ele declarou em Mateus 11:27. Para que Cristo conhecesse a Deus e perfeitamente o
revelasse para nós ele deveria ser Deus de Deus o que de fato ele é; o que está no seio do
Pai, um com Ele. Deus só pode ser revelado através de Deus. Deus comunga com Deus,
compartilhando e levando a cabo, a efeito, planos em comum acordo.

Os outros filhos de Deus nascem da salvação, o são quando é feito por Cristo nascido de
novo e feito filho de Deus por adoção (João1:12). Jesus não passa pelo processo do novo
122

nascimento como os outros filhos. É através de Cristo que as pessoas nascem de novo e
assim tornam-se filhos de Deus, são adotados por Deus (Efésios 1:5). Assim como Isaque era
único do gênero, gerado pela promessa, único de Abraão e Sara, Jesus é filho único gerado
entre Deus e a mulher, seu povo.

Filipenses 2:6-8 demonstra que Jesus, o verbo, abriu mão das forças e prerrogativas do
exercício independente de ser Deus, tornando-se subordinado como o homem a Deus,
como filho é para com seu Pai. Na condição de filho submeteu-se ao Pai, na condição de
homem-filho encarnado foi que ele, Jesus, obedeceu até morrer, por que o homem morre,
assim foi com o Cristo. Quando a Escritura diz submeteu-se a si mesmo, entendemos que o 122
Cristo, o homem, não poderia morrer de uma morte natural a não ser por concussão, uma
morte provocada, proposital. Porque notamos a declaração do mestre em João 10:17-
18:“ninguém pode tirar a minha vida, eu tenho poder de dar a minha vida e de tornar a
tomá-la de volta.”

Nisto consiste a submissão, para que Jesus morresse, ele deveria dar ou permitir que lhe
ferissem de morte, assim lhe tirariam a vida. Somente Deus pode fazer isto, justamente o
que Jesus é e fez.

A genealogia de Jesus contida em Lucas 1:23-38 comprova que o Messias era sim
verdadeiro descendente de Adão mas não um filho legitimo de José, ambos descendentes
de Davi. Em Mateus 1:1-16 retrata a linhagem ancestral por parte de pai, José, descendente
de Davi de onde esperava-se que viesse o Messias esperado. No entanto José não era pai
biológico de Jesus. Notamos este detalhe em que a palavra gerou não se aplica a Jesus; no
verso 16 declara que José marido de Maria da qual nasceu Jesus. A resposta para o
surgimento de tal pessoa está no Salmo 2:7: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei”. Gostaria de
sugerir uma leitura opcional para o verso 16 de Mateus 1: “e Jacó gerou a José, marido de
Maria e Deus o Pai gerou a Jesus, que nasceu de Maria virgem esposa de José”.

O Cristo é único que veio a terra por geração divina, isto não aconteceu com outra pessoa,
ele é único como este fato é único, sem sexo, foi obra Santa e sobrenatural.

Os judeus são monoteístas e tem grande reverencia pelo nome do Deus hebreu, nome
santo de um Deus três vezes santo e único. Jesus anuncia para Nicodemos, mestre de Israel
que Deus enviou o seu filho ao mundo. Jesus explicou que era necessário crer no nome do
filho unigênito de Deus. Vejamos que o carpinteiro de Nazaré declara ser ele mesmo o filho
do homem João 3:13. A seguir nos versos 14-15 declara sua relação figurativa com Moises.
(Deuteronômio 18: 15-18 \ Números 21:8-9\João 3:14-15\5:46).

Ao fazer esta declaração em João 3:18, Jesus anuncia que ele tem a vida em si mesmo (João
5:26) assim como o Pai, o Deus único dos Judeus detém a vida em si próprio, este poder,
123

esta característica de Jesus idêntica a Deus o Pai, o torna único da mesma espécie que
Deus. Por isso ele declara-se o unigênito do Pai. Com base nisto podemos ler Deuteronômio
32:39-40 e perceber não somente o espanto dos judeus monoteístas quanto a revelação da
pessoa do Cristo em Jesus bem como na amplitude do amor (João 3:16) e a grandiosidade
deste Deus e do homem transcendente filho único de Deus, reconhecido pelos homens, de
que este Jesus era mesmo o profeta que havia de vir ao mundo anunciado por Moises (João
6:14). Há autoridade no nome do filho unigênito, pois ele veio em nome de seu Pai (João
5:43).

Os dois estados de Cristo – 1 º Humilhação 123

Estado de humilhação e estado de exaltação.

(ou os dois estágios da vida do Senhor Jesus)

Os teólogos na tradição reformada têm diferenciado a encarnação de Cristo em dois


estados baseada no texto escrito pelo apóstolo Paulo em Filipenses 2:6-11. O estado de
humilhação de Cristo (versos 6-8) e seu estado de exaltação (versos 9-11). O ministério
terreno de Jesus Cristo foi uma amostra da humildade divina e do respeito a vida. Podemos
ver o humilde Jesus desde sua mãe grávida sendo forçada a dar a luz a ele em um estábulo
de animais (Lucas 2:7) até seu enterro em uma cova de outra pessoa (Mateus 27:57-60). Ele
sofreu as zombarias dos soldados, foi açoitado e escarnecido (Mateus 27:26-31). Ele foi
deixado nu na cruz para morrer (Marcos 15:24). Sofreu o sentimento de abandono de seu
Pai (Mateus 27:46). Suportou a ira infernal em favor dos seus eleitos (1º Coríntios 15:3\2º
Coríntios 5:21).

O estado de humilhação foi o esvaziamento (Kenosis) das riquezas da sua glória para sofrer
como o servo.

Natureza da humilhação de Cristo

Devemos rejeitar o ponto de vista o qual sugere que as provações e privações da vida
humana de Jesus por si só sejam o estado de humilhação, pois este ponto de vista lança
reprovação sobre a pobreza.

 2º Coríntios 8:9 - Cristo sendo rico se fez pobre para enriquecê-los.


 Mateus 8:20 - o filho do homem não tem descanso
 Filip.2:6-7 - identifica-se com os servos, um trabalhador.
 Mateus 25:35-45 Jesus se identifica com os necessitados.
 Deuteronômio 1:17\10:17\16:19\Tiago 2:19\Jó 34:29\Levítico 19:15 – Ele tem
consideração pelos menos favorecidos.
124

O fato de fazer-se pobre não o faz humilhado, mas as privações que afetam os pobres os
levam a situações humilhantes e se adiante dos mais abastados que os desprezam. É a
atitude do soberbo que provoca a humilhação nos mais necessitados dos qual Jesus
padeceu.

A divindade de Cristo não é obscurecida pelas suas privações, mas ao contrário, é vista
claramente brilhando através da sua humanidade e provações. Apesar de despido dos
atributos relativos da divindade, o Logos retém sua divina consciência de si mesmo com
seus atributos imanentes de santidade, amor e verdade.
124
A humilhação do Cristo constitui na renuncia do exercício independente dos atributos
divinos, como veremos a seguir.

A) O Logos preexistente interrompeu a sua glória divina com o Pai para tomar a forma
de servo. Neste ato ele renunciou voluntariamente, não posse, nem o uso total, mas
ao exercício independente, destes atributos divinos. (João 17:5\Filipenses 2:6-7\2ª
Coríntios 8:9). Ele resignou-se. Em João 13:1-20 o ato de Jesus lavar os pés dos
discípulos simboliza a descida do seu trono de glória, tomando a forma de servo para
nos purificar, pela regeneração e santificação, para as bodas do cordeiro. Ele
renunciou suas prerrogativas divinas e glória para fazer-se como servo que lava,
simbolizando que é ele quem purifica o home dos pecados (Isaías 1:18-19).

B) Na submissão do Logos ao controle do Espírito Santo.


1- Para operar os milagres e realizar as obras (Atos 1:2\10:38\Hebreus 9:14).
 A fonte do poder de Jesus é o Espírito Santo (Mateus 12:28)
 O Espírito Santo capacita para realizar, empodera.
(Lucas 4:18-19 – Isaías 61:1 (Isaías.11:1-2 – os 7 espíritos)).
Deus coloca aquela glória de lado, a forma gloriosa, aquela luz insofrível e aquele brilho
metálico da majestade, para que através de Jesus, o Logos encarnado, fosse revelado Deus.

Revelação é a aproximação voluntária do Ser infinito dos caminhos e pensamentos da


humanidade finita, uma das maneiras em que Deus fez isto aconteceu quando o Logos se
fez homem (João 1:18). Entendemos por isso que a renuncia do Cristo para ser homem
mostra que Jesus, O Logos sabe o que é sofrer, este sofrimento é uma etapa da sua
humilhação (Salmos 22\ Mateus 27:46).

Enquanto esteve no ventre ele abriu mão da onisciência e onipotência.

C) Na submissão do Logos ao controle do Espírito Santo


2- Nas limitações da sua missão messiânica.
125

Renunciou da onipresença; em ele estar corporalmente em vários lugares ao mesmo


tempo. Quando se dirigia para outro lugar se afastava de onde estava aproximando-se de
seu destino, ele não aparecia lá onde queria estar instantaneamente (isto mudou depois da
ressurreição). Ele tinha que se deslocar de um lugar para outro, não estava com o seu corpo
presente em dois lugares ao mesmo tempo. Houve também o tempo necessário para ele
cumprir as profecias messiânicas (João 3:14-15). Foi o Espírito Santo que o levou para o
deserto (Mateus 4:1,13,18,28). Sua onipresença era a do Espírito Santo.

D) Na submissão do Logos ao controle do Espírito Santo.


3 – Em uma comunicação (transmissão) da plenitude divina na natureza humana que ele 125
recebera na união hipostática (João 3:34-35). Ele não recebeu o Espírito por medida ou uma
porção ou parcela, mas a sua plenitude, completo e total. O Espírito Santo repousou sobre
ele em Lucas 4:17-20 (Isaías 61:1-3). Este foi responsável pela sua incubação no ventre de
Maria (Lucas 1:35\Mateus. 1:18).

Podemos verificar a grandiosidade da obra da salvação, pois em Jesus os três estão unidos
na redenção.

 Eu e o Pai somos um (João 10:30\Zacarias 12:10)


 O Pai está em mim (João 14:11)
 Deus estava em Cristo reconciliando o mundo (2ª Coríntios 5:19)
 O Espírito está sobre mim para realizar a salvação (Lucas 4:17).

Quem nos dá a vida eterna?

1. Deus o Pai (1º João 5:11).


2. Deus o Espírito Santo (Gálatas 6:11).
3. Deus o filho (João 10:28).
A humilhação do Cristo ao renunciar o exercício independente do seu poder divino em
submissão ou dependência do Espírito Santo foi voluntária. Ele concordou com o controle
do Espírito Santo nas imitações da sua missão messiânica, ele aceitou a transmissão do
poder por parte do Espírito Santo. O seu estado de humilhação consiste também na
submissão a vontade do Pai (Mateus 26:53-54\26:39\João 6:38-40).

E) A renúncia do exercício (a utilização) dos poderes divinos e sua aceitação voluntária


da tentação, sofrimento e morte (Mateus 27:40-44).
 Ele poderia chamar seus anjos (Mt.4:6-7\Mt.26:53-54).
 Voluntário em dar a sua vida (João 10:17).
 Renunciou a sua glória, aceitou a tentação, aceitou sofrer e ser tentado
(Filipenses 2:8).
126

Por tanto devemos considerar a humilhação de cristo não como apenas um ato, mas uma
contínua renúncia que começou com a Kenosis, o esvaziamento do Logos se tornando
homem e que culminou na auto-sujeição do Deus-homem na morte na cruz.

Estágios da humilhação de Cristo.

1. Concepção de Cristo (Lucas 1:35,38).


2. O nascimento de Cristo (Lucas 2:7\11:27).
3. O padecimento de Cristo (1ª Pedro 3:18\Is.53:4).
4. A morte de Cristo (Isaías 53:8-9\Lucas 23:46).
126
5. O sepultamento de Cristo (Mateus. 27:59-60).

Padecimento, e sofrimento de Cristo. A dor sofrida por Jesus foi:


a) Física e morte.
b) De carregar o pecado da humanidade (Isaías 53:6,12\João 1:29\2ª Coríntios
5:21\Gálatas 3:13\Hebreus 9:28).
c) Abandono (Marcos 14:34\Mt 26:56\Hc 1:13\Mt 27:46).
d) A dor de suportar a ira de Deus (Romanos 3:25-26).

Podemos ainda distinguir:

1- O Logos interrompeu o uso independente dos atributos divinos ao tornar-se homem.


2- Submissão as leis que regulam a origem das almas recebendo sua natureza humana
da virgem cuja concepção miraculosa tornaria pura (Jó12:10\Hebreus 12:9\Zacarias
12:1).
3- Sujeição as limitações que o crescimento e o desenvolvimento envolviam, atingindo a
consciência da sua filiação aos seus 12 anos, não operando milagres antes de seu
batismo.
4- A subordinação de si mesmo ao controle do Espirito Santo em estado, conhecimento,
ensinos e atos vivendo assim não independente, mas, como um servo.
5- Sua sujeição a tentação e ao sofrimento em conexão a uma raça pecaminosa e
finalmente a morte que se constitui a pena da Lei.

Kenosis, esvaziamento.

Kenótica ou Kenosis é a doutrina do esvaziamento do Logos para tornar-se o homem Jesus.


Ao tornar-se carne o Logos ou a Palavra, tornou-se visível, audível e palpável. A Kenosis, ou
o esvaziamento, não é a extinção do Logos. Jesus deixa de depender de seu poder divino
para depender do Espirito Santo.
127

Exposição de Filipenses 2:5-8

 O Sujeito da sentença nos versos 6-7: “sendo em forma de Deus e aniquilou-se a si


mesmo”; está revelado ou identificado no final do verso 5 – Jesus Cristo – então
vejamos: “Jesus Cristo sendo em forma de Deus”.

Verso 6: “Jesus que aniquilou-se a si mesmo, esvaziou-se.”

Concluímos:

 Jesus Cristo é o Logos encarnado, sendo em forma de Deus, por tanto preexistente, 127
esvaziou-se (como no verso 8) e tornou-se homem, Jesus Cristo é considerado O
encarnado.
 Jesus Cristo o Logos preexistente, existindo como Deus, esvaziou-se e se fez homem e
nesta condição chamado filho, humilhou-se até a morte.
 Considerando a sua forma de existência anterior igual a Deus e não igual a anjos, ele
não se importou em abandonar a sua forma preexistente se tornando um filho.

 O Logos preexistente em sua forma e prerrogativas divinas é o Senhor como o Pai é.

Textos de apoio:

Salmos 110:1-2\Isaías 44:6\48:12\45:5-6,22-23\Romanos 4:11\10:9,13\Filipenses 2:9-11.

Mateus 22:41-46 + Salmos 110:1-2 + Atos 2:34-36

Mateus 21:15-17 + Salmos 8:2 – Jesus recebe louvor dado ao Senhor e cita o Salmo 24:10
também usado por Paulo em 1º Coríntios 2:8).

Atributos de Deus e de Jesus.

Os atributos de Deus revelam um vislumbre do seu caráter e nos auxilia na compreensão da


natureza infinita de Deus. São as perfeições e qualidades de Deus. Tudo que se fala de Deus
pode ser dito de Jesus Cristo e o Espírito Santo.

A palavra Atributo é latim e incorpora a propriedade inerente do ser sem a qual este não
pode existir nem ser concebido. Não é acrescentar algo, é propriedade fundamental da
substancia imanente do ser. (Jó 12:10/Atos 17:25-28\Colossenses 1:17\Jeremias 23:24).

Podemos dividi-las em duas classes: Comunicáveis e incomunicáveis.


128

Atributos incomunicáveis.

Que não são compartilhados ou não são comunicados a nenhuma criatura são exclusivos de
Deus de Jesus e do Espírito Santo e a mais ninguém.

1 – Asseidade, asseitatis: significa que Deus é auto-existente. Ele não depende de ninguém
fora de si mesmo para ser o que ele é (Salmos 90:1-2).

Podemos afirmar o mesmo sobe Jesus (Miquéias 5:2). No entanto o Logos eterno
submeteu-se ao mesmo processo de origem como filho do homem. A origem do filho na
virgem foi somente na encarnação, gerado pelo Espírito Santo. 128

2 – Eternidade: Ele sempre existiu, não foi criado por ninguém


(Genesis 21:33\Salmos 90:1-2\Miquéias 5:2\João 1:1-3).

Jesus também não foi criado ele sempre existiu (Apocalipse 1:1,8)

3 – Unidade: Deus é um e todos os seus atributos estão inclusos em seu ser o tempo todo
(Deuteronômio 6:4\Efésios 4:6\ 1ª Coríntios 8:6\1ª Timóteo 2:5).

Todos os atributos divinos estão em Jesus o tempo todo, mas ele renunciou usa-los todos
enquanto homem.

4 – Imutabilidade: Deus não muda jamais, tanto o seu ser como suas perfeições não sofrem
alteração. Ele não muda seus propósitos e promessas (Tiago 1:17\Hebreus 13:8\6:17-
20\Tito 1:2).

Jesus também é imutável (Efésios 1:1-6) nos seus propósitos de salvar o mundo (João
5:24\6:37-40\10:10,28-30)

5 – Infinitude – Deus é infinito em seu ser e não sofre limitações e espaço e tempo não
podem limitar a Deus (1ª Reis 8:27\Atos 17:24).

Jesus também é infinito e ilimitado. Apenas no seu corpo ele aceitou e sofreu limitações,
mas não a sua alma e seu Espírito. A alma sobrevive fora do corpo e vai as alturas. Ele
precisou aguardar as limitações do desenvolvimento humano e foi limitado pelo tempo em
que deveria cumprir sua missão no espaço limitado da terra entre a humanidade.

6 – Onipresença – Estar presente em toda parte com toda a plenitude de seu ser o tempo
todo (Salmos 139:7-12).

Jesus renunciou a isto apenas por causa e no seu corpo, ele não estava fisicamente em
todos os lugares ao mesmo tempo e não aparecia instantaneamente onde queria, mas se
129

deslocava para onde queria ir. No entanto não estava encerrado no copo como se fosse
dele prisioneiro.

7 – Onipotência - Possui todo o poder, seu poder é infinito e ilimitado (2ªCorintios


6:18\Apocalipse 1:8).

Jesus abriu mão do uso total deste poder (Mateus 26:53).

8 – Onisciência – Deus conhece todas as coisas de forma completa e absoluta.

Jesus abriu mão enquanto no ventre. 129

9 – Soberania – Controla todas as coisas. Deus é soberano e imperador supremo sobre tudo
e todos, universo e história.

Jesus abriu mão deste atributo na encarnação (Daniel 7:9,13-14\Isaias 9:6-7).

Atributos comunicáveis.

São compartilhados em certa medida com o homem, foram impressos na criação da


humanidade e basicamente consiste disto a imagem e semelhança de Deus. Deus
comunicou seus atributos aos homens e por tanto o homem se parece com Deus em alguns
aspectos (Romanos 2:14-15).

O logos não renunciou a estes atributos:

10 – Amor – amor ágape, amor fraternal, amor profundo e incondicional que ao mesmo
tempo revela grande afeição e cuidado, zelo, correção, abnegação (1ª João 4:8\Romanos
5:5).

11 – Bondade – enfatizam a benevolência de Deus para com as suas criaturas (Salmos


86:5\100:5\119:68\Atos 14:7).

12 – Misericórdia – revelam compaixão e piedade de Deus para com os miseráveis e


angustiados (Efésios 2:4-5).

13 – Sabedoria – Deus é infinitamente sábio, Ele é a fonte de sabedoria é superior a dos


homens. A sabedoria divina, do Pai, filho e do Espírito Santo, não é aprendida, é integrada e
completa, anterior a existência de algo e não requer raciocínio ou meditação (Daniel
2:20\Jó 12:13\Romanos 11:33\Provérbios 8:22).

14 – Justiça – Plenamente justo e perfeito e sua retidão, não provem nenhum tipo de
desigualdade (Salmos 11:7\Daniel 9:7\Atos 7:31).
130

Jesus é justo o tempo todo (Isaias 53:9\ 1ª Pedro 3:18).

15 – Santidade – Completamente separado do pecado e comprometido com a sua honra


(Isaias 40:25\Habacuque 1:12).

Jesus é completamente santo sempre (Hebreus 7:26).

16 – Veracidade – é verdadeiro, infalível e confiável (Hebreus 10:28\João 17:3) – Jesus é a


verdade

17 – Liberdade – Deus não precisa de nada nem de ninguém para fazer o que quer. Ele é 130
completamente livre para executar a sua vontade (Mateus 11:26\Isaias 40:13-14).

Jesus renunciou parcialmente, se fez servo, renunciou e aceitou as privações (2ª Coríntios
8:9).

18 – Paz – Nele não há nenhum tipo de confusão ou desordem (Juízes 6:24) Jesus é o
príncipe da paz (Isaias 9:6-7).

Diferente de Deus o homem continua sendo homem mesmo que não tenha alguns dos seus
atributos. Deus não poderia ser Deus se lhe faltasse um dos seus atributos, pois Ele é
perfeitamente expresso em cada um deles e ao mesmo tempo dos seus atributos Ele não
depende, pois Deus é em si mesmo completo e independente. Foi desta independência que
o Logos renunciou para ser o filho do homem.

Atributos do homem, que Jesus possui

1 Reputação, o caráter piedoso.

2 Ética, ele mantém a sua palavra.

3 Moralidade, força interior, no centro de seu coração.

4 Um coração calmo e controlado pelo Espirito Santo que produz sabedoria.

5 Hábitos, disciplina.

6 Ele assume responsabilidade.

7 Ele é um amigo.

Os dois estados de Cristo – 2º Exaltação

Estado de humilhação e estado de exaltação.


131

(ou os dois estágios da vida do Senhor Jesus)

Da mesma forma que a humilhação, a exaltação tem como sujeito a pessoa de Cristo.
Apesar de que a exaltação se realiza na natureza humana, seus efeitos se manifestam na
pessoa de Cristo, o verbo de Deus, que personaliza sua natureza humana. Cristo está tão
exaltado que tem de ter um nome acima de todo o nome e todos devem reverenciá-lo.

A razão da exaltação de Cristo segundo o texto de Filipenses 2:6-11 encontra-se em dois


fatores. O primeiro fator está relacionado como o inicio do verso 9: “Pelo que, ou”, por isso;
assim observamos que Cristo foi exaltado por que sofreu tudo aquilo que consiste os versos
131
6-8. Outro fator importante é quem exaltou o Cristo: “Por isso Deus o exaltou”.

Cristo não coroou a si mesmo, foi a mão de Deus que colocou a coroa na cabeça de Cristo.
Ele não elevou a si mesmo ao trono de majestade, mas seu Pai o elevou até ali e o colocou
em seu trono. Esta também é a esperança dos santos, repetir a experiência que agora afeta
ao seu Senhor (Hebreus 5:4,5,10).

Isto é conforto e segurança para o corpo de Cristo na terra, o nosso cabeça está na posição
mais exaltada de todos. Visto que estamos ligados a Ele, a sua posição exaltada é fonte de
alegria, pois as bênçãos celestiais fluem dele para todos os ramos da videira (Efésios 1:3,13-
14).

A união da natureza humana e divina em Cristo continua por que é indissolúvel e eterna.
Depois de sua morte Jesus voltou para a destra do Pai, recebeu novamente aquela glória
que tinha antes do mundo e entrou em pleno uso daqueles poderes que tivera antes do
período da humilhação (Atos 7:55-56\ João 17:5).

O Salmo 8:4-6 com sua dissertação sobre a glória da natureza humana cumpre-se
plenamente em Cristo como aplicado em Hebreus 2:6-10, especialmente os versos 7 e 9 :
“vemos coroado, um pouco menor ou aquele\Jesus feito menor por pouco tempo”.

O Salmos 16:10 foi um dos temas abordados por Pedro em seu discurso sobre o
pentecostes, verificamos isto em Atos 2:25-35, onde ele tão bem explica que o tema deste
texto de Salmos não se aplicava a Davi mas sim ao Messias, aproveitando a ocasião ainda
para dissertar no verso 34 sobre o Salmos 110:1-2 tema que o próprio Jesus utilizou-se em
Mateus 22:41-46\21:15-17 Comprovando assim a transcendência de Jesus.

Ao confrontarmos o Salmos 16:10 com Atos 2:24,31 verificamos que a ressurreição era
necessidade natural pois era impossível Jesus permanecer e ser detido pela morte, ele não
foi deixado no hades.
132

Esta exaltação que afetou a humanidade apenas em sua cabeça, que é Cristo, deve ser a
experiência de todos os membros do seu corpo. Assim serão livres da corrupção e da morte
e devem assentar-se com Cristo em seu reino (Daniel 7:9,22,27\Apocalipse 20:4\22:5).

Jesus foi ao inferno?

O estado de humilhação do Cristo não inclui o inferno, também este fato não procede para
seu estado de exaltação. Esta idéia decorre de uma interpretação errônea das passagens
em 1ª Pedro 3:19 e 4:6. Vou acrescentar comentário [entre chaves] para entender melhor o
significado do texto:
132
Porque também cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos...; vivificado
pelo Espírito, no qual [Espírito] também foi e pregou [por intermédio de Noé], aos espíritos
[agora] em prisão...; pregando o evangelho também aos [que hoje estão] mortos...

Quem pregou àqueles condenados foi Noé. O versículo diz que, no Espírito Jesus pregou aos
[espíritos] agora em prisão os quais foram rebeldes à pregação de Noé. Noé pregou no
Espírito de cristo às pessoas de seu tempo, mas elas não creram o que significa dizer que
por meio de Noé era o próprio Senhor Jesus que estava falando a eles.

Os espíritos encerrados em prisão são os incrédulos que viveram no tempo de Noé, cujos
espíritos ou almas estavam encerrados nas trevas da ignorância como em uma prisão.
Cristo pregou a eles não em carne, pois ele ainda não era encarnado, mas em espirito, isto é
na natureza divina, através de Noé (santo Agostinho)

O apostolo Pedro declarou sobre si mesmo em Atos 15:7 que ele fora chamado para ser Luz
para os gentios. O apostolo Paulo fez a mesma afirmação sobre ele mesmo e Barnabé em
Atos 13:46-49 e Atos 26:23 e Atos 9:15. Em suas declarações eles citam uma profecia
messiânica que está em Isaias 42:6. Como tema deste capitulo de Isaias citamos a epigrafe
O Servo do Senhor e no capitulo 49:6 de Isaias com a epigrafe: O Servo do Senhor é luz para
os gentios. Sabemos que a luz para os gentios é cristo e as suas boas novas anunciando
pelo evangelho de cristo pregado aos gentios. Mas Jesus não pregou aos gentios, o foco do
seu ministério foi Israel. Quem anunciou a Luz de cristo aos gentios foram os apóstolos
pregando aos não judeus.

Sendo assim os apóstolos citados acima anunciarem o evangelho aos espíritos [agora] em
prisão, ou seja, eles pregaram o evangelho aos que [hoje] estão mortos. No entanto o texto
de Isaias 42:6\49:6 afirma que Jesus faria isto, ser luz para os gentios, e ele fez, através de
Pedro, Paulo e Barnabé; Paulo foi escolhido para isto (Atos 9:15\Romanos 1:5\Gálatas 2:7-
8\Atos 26:23) Em Atos 11:9 o evangelho é pregado aos não judeus, em Atos 11:25 Barnabé
busca Paulo para este fim.
133

Os apóstolos pregaram no [Espírito de Cristo] como se fosse Ele (Jesus) pregando aos que
[agora] estão mortos. Digamos que você pregue o evangelho a uma pessoa, ela não aceita,
morra e vá para o hades. Pode-se dizer que você pregou a ela no Espírito de Cristo, ou seja,
como se fosse Ele (Jesus) mesmo pregando a ela, não depois de morta, mas, enquanto
ainda vivia.

Alguns têm interpretado 1ª Pedro 4:6 dizendo que Jesus proclamou o evangelho aos mortos
para que tivessem uma segunda chance de serem salvos. Esta teoria da 2ª chance é
atraente para aqueles que resolvem viver uma vida longe de Cristo agora. Mas pelo
contrário, Hebreus 9:27 concordando com 1ª Pedro 4:5 diz que após a morte vem o juízo 133
sem nenhuma outra oportunidade para aceitar o evangelho. 2ª Pedro 2:4-8 demonstra que
os anjos maus, o povo do tempo de Noé e Sodoma e Gomorra já foram condenados. Quem
foi poupado foram Noé e Ló.

No texto de 1ª Pedro 3:19 analisamos que Cristo foi ou é apontado aqui “indo em espírito”.
Esses espíritos em prisão são identificados em 1ª Pedro 3:20 como pessoas que viveram em
outro tempo, no tempo de Noé e que nesse momento sobre o qual Pedro escreve, essas
pessoas estavam condenadas (espíritos em prisão).

Porque somente para este grupo? Se houvesse possibilidade de haver mudança na


condição deles então Jesus deveria continuar evangelizando o inferno para sempre! Este
ponto de vista realmente não procede, pois contradiz as Escrituras. Além disto, parece sem
proposito Jesus ir até o inferno para dizer algo que já é sabido por todos que estão lá
aguardando o julgamento do grande dia. Pedro estaria apontando que estes condenados
vivos na época de Noé, eram, nesse momento que Pedro estava escrevendo, espíritos em
prisão, ou condenados.

Quanto ao texto de Efésios 4:8-10, nas escrituras hebraicas a esfera dos mortos é sheol que
significa simplesmente sepultura, habitação dos mortos, o mundo inferior. A palavra grega
no novo testamento é hades, com o mesmo sentido.

As palavras:

Infernos – latim

Hades – grego

Sheol – hebraico

Tem na maioria das vezes o sentido de lugar de todos os mortos, a sepultura, sepulcro,
cova. Esta palavra não descreve sempre o lugar para onde vão as almas dos mortos; mas o
lugar para onde os corpos vão: a cova.
134

Todas as pessoas vão para a sepultura, mas, as almas dos homens vão para lugares
diferentes.

Em Mateus 16:18 Jesus declara que as portas do inferno não prevalece contra a igreja;
Jesus não estava afirmando se referindo ao tormento eterno no inferno, estava afirmando
que o sepulcro não poderia reter os eleitos. As portas ou obstáculos da morte não foram
capazes de deter Jesus e não podem manter cativo o cristão (1ª Coríntios 15:55) As portas
do hades não prevalecerão sobre a promessa da ressurreição.

1. Jesus declarou Está consumado (João 19:30) Ele não foi ao inferno sofrer mais.
134
2. Na cruz Jesus disse que naquele mesmo dia estaria no paraíso (Lucas 23:43).
3. Jesus não precisou descer ao inferno para pegar as chaves da morte, pois, Daniel 7
declara que toda autoridade foi dada a Jesus pelo Ancião de Dias na ascensão dele.
Ao declarar que desceu ao hades enfatiza que o processo de morte foi plenamente
concluído. Ele realmente morreu, foi uma morte genuína.

Em João 20:17 lemos a declaração de Jesus: “Não me detenhas, porque ainda não subi
para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso
Pai, meu Deus e vosso Deus”. Esta declaração diz respeito ao corpo de Jesus com sua alma,
pois Jesus não havia subido com o seu corpo, mas que iria para o Pai depois, ele ainda
encontraria os discípulos.

Sobre a declaração de Apocalipse 1:18 o leitor deve confrontar este texto a luz das
Escrituras, comparando escritura com escritura para entender todo o conteúdo da
declaração. Confrontar com Hebreus 2:14-15\Atos 2:24,31\Salmos 16:10\110:1-2\1ª
Coríntios 15:25-26.

Por tanto a exaltação de Cristo não começa com sua hipotética descida ao inferno de
tormento, nem tampouco sua humilhação chega a este ponto.

O Despertar e a saída do túmulo.

Estão amplamente divulgadas em Mateus 28 e os acontecimentos e a ordem no dia da


ressurreição nos evangelho são:

1. As mulheres, Maria Madalena, Maria mãe de Jesus e Salomé vão ao sepulcro.


2. Ao chegarem elas, ou talvez pouco antes, desceu o anjo, o Senhor ressuscitou e os
guardas caíram por terra coo que mortos.
3. Pouco depois disso, o mesmo anjo aterrorizava os guardas, fala com as mulheres que
haviam chegado a cena.
135

4. As mulheres encontram a pedra rolada para um lado e Maria Madalena volta para
contar o ocorrido aos discípulos (Lucas 23:55-24:1\João 20).
5. Pedro e João ao receberem a noticia vão ao tumulo examinar e vão embora (João
20:11-18).
6. Maria Madalena volta a cena da ressurreição chorando, ainda duvidosa, então vê os
dois anjos e o próprio Senhor Jesus (João 20:11-18).
7. Maria, mãe de Tiago e José, retornou com as outras mulheres ao sepulcro, as
mulheres veem a dois anjos (Lucas 24:4-5\Marcos 16:5) e ao receberem a mensagem
angelical saem a procura dos discípulos, mas ao encontro delas sai o próprio Jesus
135
(Mateus 28:8-10).

Houve dois terremotos na vida de Jesus:

1- Mateus 27:51 anunciava a sua morte.


2- Mateus 28:2 anunciava a ressurreição.

A mensagem da ressurreição: A morte não é mais permanente, nem mesmo com relação ao
corpo, quanto menos no que diz respeito a alma. Para o crente não há morte. (João 5:28-
29\ 1ª Coríntios 15:55-57\Filipenses 1:23)

As melhores testemunhas da ressurreição foram os guardas que vigiavam o sepulcro.

Pela sua morte Cristo venceu o poder do pecado da morte e do diabo para nós e por nós,
não para si mesmo, pois Ele está acima de tudo isto; é santíssimo e sempre foi sem pecado
e ele tem sempre todo o poder e nada e nenhuma coisa ou criatura poderia impedi-lo ou
persuadi-lo ou incentivá-lo, pois ele é um ser livre todo poderoso como seu Pai o é.
Conseguiu o perdão para o seu povo e não para ele mesmo, pois ele é inocente e
imaculado. Pela ressurreição conseguiu a justificação deste mesmo povo diante de Deus
completando assim a sua obra (Romanos 4:25\5:1), o justo Jesus é quem nos torna justos
diante de Deus o Pai.

As aparições do Cristo ressuscitado

1- A Maria Madalena (João 20:11-17).


2- A Maria sua mãe (Mateus 28:8-9).
3- Aos discípulos de Emaús (Lucas 24:13-32).
4- Para Pedro (Lucas 24:33-34).
136

5- Aos dez discípulos, Tomé ausente (Marcos 16:14).


6- Aos 11 discípulos, Tomé presente (João 20:26-29) inúmeros sinais (João 20:30-31).
7- A sete apóstolos, junto ao mar da Galiléia.
8- A mais de 500 irmãos (1ª Coríntios 15:6).
9- Para Tiago meio irmão do Senhor.
10- Só aos apóstolos, a grande comissão (Mateus 28:16-20).
11- Aos apóstolos no cenáculo (Marcos 16:14-20).
12- A Estevão no seu apedrejamento (Atos 7:55-56).
13- A Paulo na sua conversão (Atos 9:3-8).
136
14- A Paulo em Corinto (Atos 18:9-10).
15- A Paulo no templo (Atos 22:17:21).
16- A Paulo em Jerusalém (Atos 23:11).
17- A Paulo em outra visão (2ª Coríntios 12:1-4).
18- A João em Patmos, várias visões no Apocalipse (Apocalipse 1:9-20).
O Senhor não fiou continuamente com os discípulos no dia da ascensão que acontece 40
dias após o domingo de páscoa. Dez dias após ocorre o pentecostes (50º dia). O
pentecostes era comemorado 50 dias após a páscoa (Atos 2:1\Levíticos 23:15-21).

Ofícios de Cristo.

Os escritores apresentam os ofícios de Cristo em número de três: Profeta, Sacerdote, Rei.


São termos que expressam idéias diferentes das relações humanas no Antigo Testamento,
no contexto de Israel. Os três cargos mais importantes que existiam no povo de Israel do
Antigo Testamento eram o de profeta (Natã em 2ª Samuel 7:2), o sacerdote (Abiatar 1ª
Samuel 30:7) e o rei (Davi em 2ª Samuel 5:3). Eram ofícios distintos, mas prefiguravam
aquele que deveria combinar em si mesmo todas estas atividades e virtudes. Foram
símbolos de Cristo como profeta, rei e sacerdote.

Os três ofícios de Cristo são necessários:

Profeta; porque nos salva da ignorância do pecado. O profeta fala as palavras de Deus ao
povo.

Sacerdote; porque nos salva da culpa do pecado. O sacerdote oferecia sacrifícios, orações e
louvores a Deus pelo povo.

Rei; para nos salvar do domínio do pecado que há em nós. O rei governa o povo como
representante de Deus.

Oficio: função, posição. Não são funções separadas como o de presidente da republica,
presidente do STF e senador, isolados na sua execução. Embora distintas são
137

interdependentes. Cristo é sempre um profeta sacerdote, sacerdote real e rei sacerdote.


Estas funções juntas cumprem a redenção, ele é todas as funções ao mesmo tempo
sempre.

1ª Coríntios 1:30 – Ele é sabedoria – obra profética; justiça, justificador – obra sacerdotal;
santificação e redenção – obra real, obra do rei.

A natureza profética de Cristo:

Não é ser um prenunciador do futuro, mas a de um interprete e revelador da vontade


divina, um meio de comunicação entre Deus e os homens, um porta voz e expositor das 137
escrituras. Designa alguém que vem com uma mensagem da parte de Deus para o povo
(Deuteronômio 18:8\Êxodo 7:1).

 Genesis 20:7 – Abraão é chamado de profeta.


 Salmos 105:15 – se refere aos patriarcas.
 Mateus 11:9 – João Batista que não tem predições registradas, mas revela que Jesus
é o cordeiro de Deus.
 1ª coríntios 2:8\Efésios 2:20\3:5 – expositores das Escrituras exemplo da exposição
do Salmos 24:10 aplicado a Cristo.

O profeta unia três métodos para cumprir seu oficio: ensino, predição e operação de
milagres. Jesus realizou estes três fatores. Ele ensinava, operava milagres e proferia
predições (Deuteronômio 18:15 /Atos 3:22). Exemplo: Moisés e Jesus.

 Mateus 5:7 – ensino


 Mateus 8-9 – milagres
 Mateus 24-25 - profecias
Jesus chamava a si mesmo de profeta,

 Mateus 13:57 – não há profeta sem honra a não ser na sua casa.
 Lucas 13:33 – para que não morra um profeta em Jerusalém.
Jesus foi chamado de profeta,

 João 9:17 – a cura o cego


 João 17:8\14:9 – aquele que revela a mensagem de Deus.
Elementos fundamentais da profecia e do oficio profético de Jesus:

1. Discernimento das coisas espirituais (os demais profetas por iluminação divina), mas
cristo ele próprio é a luz.
138

2. Pela inspiração divina em termos de verdade cristã (os demais profetas) Jesus é ele
mesmo a verdade.
3. Discerne as sinalizações a longa distancia e as indicações da providencia divina;
anunciando aos homens que preparem o caminho (para os demais profetas) pois
cristo sabe o fim de tudo.

Estágios da obra profética de Cristo.

1) A obra preparatória do Logos, iluminando a humanidade para o advento de Cristo em


138
carne.
 João 1:9 – ali estava a luz verdadeira que ilumina o mundo. O mudo, toda a
civilização, arte, ciência e filosofia é luz de Cristo quebrada, são partículas dele.
 Hebreus 12:25-27 – O monte Sinai e Moisés preparavam o caminho.
 Mateus 23:30-34 – enviou profetas preparando sua vinda.
 Lucas 11:49 – enviou apóstolos e profetas (47-51).

2) O mistério do Cristo encarnado. Ele mostrou-se profeta por excelência. Como os


profetas do Antigo Testamento submetia-se a direção do Espírito Santo, ele achava a
fonte de todo poder e conhecimento em si mesmo. A palavra de Deus não vinha a
ele, ele mesmo era a palavra de Deus, o verbo. O ensino de Jesus não foi inspirado, a
sua fonte foi a encarnação, ele foi o inspirador o verdadeiro mestre (Lucas 6:19\8:45-
46\João 2:11\8:38,58\Jr 2:1).

3) A direção e o ensino da sua igreja na terra desde sua ascensão. Atividade profética de
Cristo continua através de seus apóstolos, ministros e influência do Espírito Santo. A
igreja é uma instituição profética para ensinar o mundo por meio da pregação e
ordenanças. Os crentes são profetas apenas como proclamadores do ensino de Cristo
(Números 19:11\Joel 2:28) não como reveladores de doutrinas pois na plenitude dos
tempos o filho é quem fala conosco pela sua palavra (João 16:12-14). A obra profética
de cristo estava apenas iniciando (Atos 1:1), mas continuou com a iluminação dos
apóstolos e os pregadores cristãos, a conversão dos pecadores. Tudo isto faz parte da
obra profética de Cristo executada pelo Espírito Santo. Toda profecia moderna é
apenas uma nova publicação da mensagem de Cristo. Toda profecia prova sua
autenticidade pelos milagres.

A atividade profética inclui 1ª Coríntios 14:3: edificação, exortação, consolação, que devem
fazer parte da mensagem pregada.
139

Cristo como sacerdote, o sumo pontífice (Hebreus 3:1).

O profeta representa Deus diante dos homens. O sacerdote representa os homens diante
de Deus. No Antigo Testamento o sumo sacerdote era um homem escolhido para ser o
mediador entre Deus e o homem. A perfeição deste ofício se completou em Cristo (1ª
Timóteo 2:5). O sacerdote cumpria seu oficio oferecendo sacrifício e fazendo interseção,
mas sendo homem imperfeito antes de oferecer sacrifícios pelos outros oferecia tinha que
oferecer primeiro por si mesmo (Levítico 16:11\9:7-8,15).

O sacerdote bíblico era uma pessoa divinamente consagrada para representar o homem
139
diante de Deus e oferecer sacrifícios que assegurarão o favor divino (Hebreus 8:3).
Sacrifícios que assegurariam o perdão e aceitação de Israel por Deus. Uma vez por ano o
sumo sacerdote fazia expiação por Israel, em certo sentido ele era o salvador de Israel,
aquele que aparecia diante de Deus para obter o perdão.

a) As vitimas eram imolados no pátio exterior, Cristo foi crucificado na terra e fora de
Jerusalém.
b) O sangue era levado ao lugar santíssimo e aspergido na presença de Deus. A
aceitação de Jesus que ascendeu ao céu para apresentar-se em nosso lugar na
presença de Deus. Aceitação por Deus de seu sangue nos dá a certeza da aceitação
de todos que confiam no seu sacrifício.
c) As vitimas sacrificadas por ele eram animais irracionais que não tinham a ver com os
pecados cometidos pelos homens.
d) Jesus não necessitava apresentar e oferecer sacrifícios por seus pecados, pois ele não
os tinha. Ele também não usou de irracionais para aliviar a humanidade. Ele ofereceu
a si mesmo, Jesus é o sacerdote ideal (Hebreus 7:24-28).
A obra propiciatória de Jesus no seu oficio sacerdotal é o tópico de maior importância da
teologia sistemática.

O cordeiro do sacrifício perfeito oferecido uma única e ultima vez para sempre é eterna.
Mas a obra sacerdotal ainda continua. Ele vive para aplicar os méritos e o poder de sua obra
expiatória perante Deus a favor dos pecadores (Hebreus 9:14 – soteriologia). Ele intercede
e se compadece de nós, eternamente justo ao Pai (Hebreus 2:14-16\4:15). Portanto, um
sacerdote deveria ser da natureza humana, com experiência humana que saiba o que é
tentação, por isso um anjo não pode ser sacerdote de homens.

Recomendo a leitura de Hebreus 8 – 10.


140

A culpa

As Escrituras ensinam que cristo obedeceu e sofreu e nosso lugar (foi nosso substituto) para
satisfazer uma demanda imanente da santidade divina e remover um obstáculo para o
perdão e restauração da culpa (ofensa a santidade de Deus x restauração).

O atributo fundamental de Deus é a santidade e santidade não é amor (sem santidade


ninguém verá a Deus), amor comunicante de si mesmo, santidade é a retidão auto
afirmativa (Deus é santo, sejam santos). A santidade limita e condiciona o amor, pois o
amor pode querer (obter) a felicidade (é uma condição para) só na medida em que esta
140
(felicidade) resulta da retidão (santidade) ou consiste nela isto é, na conformidade com
Deus (Isaias 59:1-2\1ª João 2:1\5:17\Salmos 37:4). A felicidade eternal está condicionada a
santidade sendo ela o resultado o amor derramado nos corações dos salvos.

A santidade não é idêntica ao amor, nem uma manifestação dele. Por que a preservação
própria deve preceder a entrega de si mesmo e por que a benevolência encontra seu
objeto, motivo, padrão e limite na justiça, na santidade, então a comunicação de si mesmo.
Deus deve primeiro sustentar o seu próprio ser (Jesus quem faz isto) para depois dar ele a
outrem e essa sustentação deve ter seu mérito, seu motivo do que a sustenta em beneficio
daquele que recebe (Mateus 26:36-42).

A santidade estabelece conexão com a felicidade, atribuindo o sofrimento do pecado a


infelicidade. Como todas as coisas foram criadas por meio dele (Colossenses 1:16\João 1:1-
2) e é Cristo que a sustenta toda a criação e o homem, portanto a providencia e
preservação é sua obra, por isto ele deveria ser o restaurador do favor divino através do
oficio sacerdotal sendo ele próprio o sacrifico perfeito. Ele veio para os seus, ele morreu
pelos que são seus (João 1:10-12\Romanos 8:3).

Cristo suportou a reação da santidade de Deus contra o pecado que constituía a pena.

Enquanto o amor de cristo explica sua voluntariedade de suportar o sofrimento por nós, só
a santidade fornece a razão para a constituição do universo e da natureza humana que
torna necessário o sofrimento (antes que houvesse mundo)

Ele é o nosso substituto por causa da sua impecabilidade o que nunca poderíamos fazer por
nós mesmos. O único motivo da expiação é que Deus seja justo (Romanos 3:26) pois a
expiação está baseada na justiça de Deus e não no seu amor. Santidade é as vezes
empregada para expressar qualidade moral da divindade, ou o caráter moral de Deus.
Como sacerdote cristo nega qualquer relação com o pecado (Hebreus 2:14-16\1ªJoão 2:1-2
– sacerdote advogado).
141

Melquisedeque: Salmo 110:4 – Hebreus 7:25

Jesus é descendente de Davi, da tribo de Judá, portanto ele era rei, pois sob a lei de Moisés
ele poderia ser rei porque era da tribo real de Judá (2ª Sm 7:12-16\At 2:29-31). No entanto
ele não poderia ser sacerdote sob a lei de Moises, pois não era da tribo de Arão\Levi. Porém
o salmista o declarou sacerdote segundo outra classe a de Melquisedeque (Hebreus 7:11-
14). Porque Melquisedeque além de ser sacerdote antes de haver lei de Moisés era
também rei de Salém, antigo nome de Jerusalém. Não há registro da sua origem nem da
sua morte (Genesis 14:18-20\Hebreus 7:1) parece continuar para sempre como sacerdote
desde tempos indefiníveis. 141

Um sumo sacerdote superior aos levitas, ultimo e eterno que mudou o sacerdócio araônico
com um novo pacto (Hebreus 7:18\Mateus 26:28).

Oficio real de Cristo, Jesus o Rei.

O oficio real de Cristo faz parte do seu estado de exaltação. Aquele que esteve em estado
ultimo de humilhação, pois humilhou-se a si mesmo até o ultimo estágio, o tumulo
emprestado, recebe o maior estado e mais sublime de exaltação.

a) Deus exaltou Cristo em seus títulos:


1 – Ele foi exaltado para ser Senhor (Atos 19:17), o seu nome, nome de Senhor era
engrandecido.
2 – Ele é Senhor com respeito a sua soberania, sobre anjos, arcanjos, serafins, todos no céu
e tudo e todos na terra (Mateus 28:18).
3 – Diante do Senhor se dobre todo joelho nos céus e terra (Filipenses 2:10). Nome aqui é
colocado em relação a sua pessoa, sua divindade, dobrar-se é colocar-se em sujeição,
submeter-se a ele como Senhor e Juiz.

b) Cristo é exaltado como um príncipe (Daniel 12:1) Jesus como o anjo


salvador e Senhor (Apocalipse 1:5 – é o príncipe dos reis da terra) Ele
é o anjo do pacto, é o grande príncipe (Isaias 9:5-7). O Soberano dos
reis da terra que seguram suas coroas em consideração a ele. Seu
trono acima das estrelas e anjos, ele é exaltado em seus títulos de
honra (Filipenses 2:9-11\Hebreus 2:10\Hebreus 1:8 – teu cetro e
reino).

c) Deus o exaltou em seu oficio. Deus o honrou para ser salvador do


mundo, o príncipe e salvador (Atos 5:31). Foi uma grande honra para
Moises ser salvador temporário, Cristo é salvador eterno (Lucas 1:69).
142

Ele salva do pecado (Mateus 1:21) Salva da ira (1ªTess 1:10\Rm 5:9). A
salvação é uma flor da sua coroa (Atos 4:12). Foi uma grande honra
para Cristo que ele vai compartilhar com os seus súditos (Apocalipse
5:9-19\Daniel 7:18,22,27).

d) Deus o exaltou em sua ascensão. Ele não subiu a sua a órbita terrestre
ou solar, ele foi aos céus (Lucas 24:51\Efésios 4:10). Ele não deixou
casas ou terras, mas a sua benção (Lucas 24:50-51). Subiu como um
vencedor triunfalmente (Salmos 68:18). Ele triunfou sobre a morte, o
142
inferno e o pecado para cada crente (Efésios 4:8-11) Ele concedeu o
Espírito Santo assim como um rei em sua coroação entrega presentes
liberalmente aos seus favoritos.

e) Deus exaltou Cristo quando o recebeu a sua direita (Marcos


16:19\Efésios 1:20-23).Deus não tem mão direita ou esquerda, pois
Ele é espírito, isto é uma metáfora tomada da corte real, quando os
reis se agradavam de seus favoritos ao colocá-los próximos de si
mesmos ou deixá-los a direita (1ª Reis 2:8-9). Estar a direita significa
que Cristo está em lugar de dignidade e honra. A natureza humana de
Cristo unida a divindade está agora no trono real no céu e é adorado
pelos anjos (Hebreus 1:6). Em sua exaltação ascendeu a uma altura
que não é possível ir mais alto (Hebreus 1:13\2:8\Efésios 4:10).
O poder do império está com o Pai, através de Cristo Ele rege a igreja, o Pai recomenda que
todos se curvem ao régio poder de Cristo.

Aquele que foi conduzido por um bando de soldados será servido por um regimento de
anjos (Marcos 8:38\Mateus 26:53\Judas 14\Mateus 4:11\Hebreus 1:14\Salmos 148:2).
Cristo julgara seus julgadores, Pilatos que o condenou, reis deverão deixar seus tronos e vir
a esse julgamento onde não haverá mais apelação.

Na época do antigo testamento havia três tipos e mediadores entre Deus e seu povo; o
profeta, o sacerdote e o rei (1ª Timóteo 2:5). Cristo reúne em si mesmo os 3 ofícios. Jesus é
o Cristo-profeta que ilumina as nações. O Cristo-sacerdote que e ofereceu como sacrifício
pelas nações. O Cristo-rei que reinará sobre as nações. O plano de Deus para o governante
perfeito foi que ambos os ofícios fossem investidos na mesma pessoa. Por isso
Melquisedeque, por ter sido tanto rei de Salém, como sacerdote de Deus (Genesis
14:18\Hebreus 7:13,17\Hebreus 7:23,26\Salmos 110:1-4). Houve um período na história de
Israel que este ideal quase se realizou. O país foi governado por sumo sacerdotes que
também eram governantes civis:
143

- Sacerdote Eli, governou por 40 anos (1ª Samuel 1:7)e foi também juiz.

- Sacerdote e Juiz (1ª Samuel 10:25).

-Os livros de 1ª e 2ª Samuel mostram as 3 funções especificas, os ofícios.

No período da independência, 167 – 63 a.c. também chamado de período Macabeu e


Hasmoneu, o sacerdote Matatias seguido pelo seu filho Judas que uniu em si mesmo
autoridade civil e sacerdotal e assim estabeleceu a linhagem dos sacerdotes governadores
hasmoneanos que pelos seguintes 100 anos governaram uma Judeia independente.
143
Foram:

 Matatias 167 – 166 A.C.


 Judas 166 – 161 a.c.
 Jonatas 161 – 143 a.c.
 Simão 143 – 135
 João Hircano I – 135 – 104
 Aristóbulo e filhos 104 – 63 dos Macabeus

No período romano:

Herodes, O Grande foi rei da Judéia 37 A.C. – 4 D.C. que reedificou o templo. Nesta fase
surgiram os fariseus (separados) os saduceus (Justos) os essênio (piedosos).

Também na idade média (V-XV) o Papa reivindicou e tentou exercer um poder espiritual e
temporal na Europa. Ele pretendeu governar como representante de Cristo tanto a igreja
como sobre as nações.

“As duas experiências, a judaica e a cristã fracassaram e até onde se pode julgar por esses
exemplos, nem os interesses temporais e nem os espirituais dos homens são promovidos
quando confiados ao mesmo representante. A dupla tarefa é grande demais para ser
desempenhada por um homem”. Dr. H.B.Swate.

Apenas o esperado Messias era digno e capaz de exercer o duplo cargo (Salmos 110:1-4).
Ele é um sacerdote no trono (Zacarias 6:13) é o Cristo glorificado (Hebreus 10:13).

De acordo com as profecias do antigo testamento o Messias seria um grande rei da casa de
Davi que governaria Israel e as nações (Isaias 11:1-9\Salmos 72).

 Jesus afirmou ser ele este rei, na presença de Pilatos (João 18:36).
 Jesus predisse sua vinda com poder e majestade (Mt 25:31).
144

 Na cruz ele falou de seu reino, o paraíso (Lucas 23:42).


 Jesus foi entronizado e coroado pelo Pai e com o Pai (Ap 3:21\Ef 1:20-22).
 Jesus diante de Deus é rei, cabeça da igreja e Senhor do mundo, mestre de homens.
 A terra é dele (Salmos 24:1\50:12\1ª Crônicas 29:11-13). Os reinos que satanás
ofereceu a Jesus na tentação, o possuidor destes reinos na verdade é Jesus e também
todas as suas riquezas (Daniel 7:13-14\2:44-45).
 Ele foi ungido rei de Israel (Atos 2:30), não com azeite mas com o Espírito Santo
(Lucas 4:18\Isaias 6:11).
 Ele é o rei da parábola das minas (Lucas 19:12-25).
144
 Ele é o rei dos maus vinhateiros (Mateus 21:33-45).
 Ele virá para reafirmar a sua soberania sobre o mundo e punirá os ímpios (Apocalipse
11:15\12:10\19:16).
 Jesus sentará sobre o trono de Davi na sua vinda e continuará o reino do filho de Davi
por mil anos quando a terra desfrutará de um reino áureo de paz e abundancia.
 Toda esfera de atividade humana estará sob o domínio de cristo, a iniqüidade será
suprimida com vara de ferro. Satanás será preso. A terra ficará cheia do
conhecimento e da glória de Deus assim como as águas cobrem o mar.

O teólogo João Calvino (1643) popularizou a noção de Cristo como aquele que cumpriu os
três ofícios do Antigo Testamento. Desde então muitos outros tem escrito sobre o assunto.
Deve-se notar a priori o termo: ungido=cristo. Ungido é exatamente o que unia os 3 oficio
do antigo testamento.

O catecismo de Westminster ajuda a entender como cristo desempenhou os 3 ofícios:

CMW45 –(1645) como Cristo exerceu oficio do rei?

“Cristo exerceu oficio de rei chamando do mundo um povo para si (At 15:14-18\5:31)
dando-lhes oficiais, leis disciplinares para visivelmente os governar, concedendo graça
salvadora aos seus eleitos, recompensando sua obediência e corrigindo-os em consequência
de seus pecados, preservando-os e sustentando-os em todas as suas tentações e
sofrimentos, restringindo e subjugando todos os seus inimigos e poderosamente ordenando
todas as coisas para o bem de seu povo e também tomando vingança contra os que não
conhecem a Deus e não obedecem ao seu evangelho.”

O reinado de Cristo pode ser visto de forma gloriosa em Apocalipse


(Ap 3:19\1ªTm5:20\Tt 3:10\2ªTess1:8\Cl 1:18\Salmos 2:9\Is 55:5\At 12:17\Rm 2:7\14:11\Ef
4:11-12).
145

O Cristo pré-encarnado

A pré-existência de Cristo se refere a doutrina da existência de Cristo antes de sua


concepção. Uma das passagens relevantes na Bíblia sobre o assunto encontra-se no
evangelho de João 1:1-18. Na visão trinitária, Cristo é identificado como a hipóstase divina
chamada Logos ou verbo. Neste texto inicial do evangelho de João podemos verificar a clara
declaração que tanto identifica quem é Jesus Cristo como o posiciona no tempo e espaço da
existência para a mínima compreensão humana: “No principio era o Verbo...e era Deus,...é
antes de mim, foi primeiro do que eu. O Filho unigênito que está no seio do Pai”. Este
relato é reiterado em João 17:5,24 que se refere a Deus amando o filho antes da criação do 145
mundo. Ao fazermos uma comparação entre os dois textos propostos acima poderemos
verificar que o primeiro afirma que Cristo estava no principio agindo com Deus e que ele
cria tudo que existe como Deus faz. Alguém que vivesse nos séculos passados poderia
afirmar que este principio tratava-se da construção do nosso mundo ou no máximo do
sistema solar. Lendo o segundo texto notamos que agora é Jesus quem declara um fato
sobre si mesmo, o de existir com o Pai muito antes da criação de qualquer outra coisa,
incluindo o nosso mundo. Com o conhecimento que temos hoje sabemos que para nosso
mundo existir e abrigar vida seria necessário um sistema solar, já que o sistema solar
fornece luz, calor e energia e que os planetas com suas orbitas servem como uma proteção
contra catástrofes cosmológicas que ameaçariam a vida na Terra. Ora sabe-se que um
sistema solar que pretende abrigar a vida continuamente não pode simplesmente flutuar
em qualquer lugar; ele precisa de um lugar específico em uma galáxia, em um lugar que
possa servir como ninho para abrigar a vida, é deste tempo e espaço que estamos falando.
No entanto sabemos que Cristo é muito antes disto tudo, ele não veio a existir, mas foi ele
quem trouxe tudo a existência, portanto ele é o que diz o texto Bíblico: anterior a tudo e
todos, é pré-existente. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo dá uma descrição mais
detalhada sobre a pré-existência de Jesus Cristo em Colossenses 1:15-20, declarando que o
Cristo é como Deus o Pai é em todos os sentidos e que sem o Cristo nada haveria de ser e
existir pois ele é antes (PRÉ-EXISTENTE) de todas as coisas e tudo que há visível ou invisível,
nos céus ou na Terra. A necessidade da pré-existência do Cristo é bem clara para a
redenção do homem sem o qual não haveria esperança futura. Já que o Cristo morreu antes
de existir mundo (sua morte vicária já estava no plano de Deus antes da criação) então ele
realmente só pode ser como Deus Pai é, eterno e pré-existente.

Ele é chamado também de Deus filho ou 2ª pessoa da trindade. Esta existência do filho
antes da encarnação tem sido chamada de pré-existência de Cristo. Nas palavras do credo
Niceno: “Cristo desceu dos céus e se encarnou”; Deus filho esvaziou-se (Kenosis) (Filipenses
2:7). Em João 1:1-18 o verbo era preexistente e Cristo é o verbo.
146

Arianismo e a pré-existência de Cristo.

É possível aceitar a pré-existência de Cristo sem aceitar sua divindade no sentido


trinitáriano. Os arianos aceitaram a pré-existência de Cristo sem aceitar sua divindade. Hoje
diversas denominações não trinitarianas como as Testemunhas de Jeová e adventistas
identificam Jesus com o arcanjo Miguel.

Os Pentecostais do Nome de Jesus (unitarianos) não aceitam a pré-existência de Cristo


como sendo distinta da de Deus Pai; acreditam que apenas o “atemporal Espírito do Deus
Pai existia”. Depois disso residiu simultaneamente como Espírito atemporal e dentro do
146
filho do homem na terra.

Negação da pré-existência de Cristo.

Existem grupos e indivíduos que acreditam que a existência de Jesus começou quando ele
foi concebido. Alguns negam que Jesus tenha preexistido no céu e afirmam que Jesus nunca
existiu até o seu nascimento por meio de Maria e que após a sua morte ele ganhou a
imortalidade e só então passou a viver ao lado de Deus no céu.

Mesmo que os Pentecostais do Nome de Jesus aceitem que Cristo é a mesma pessoa que
Deus, eles também acreditam que o filho nasceu e que ele teve um começo, ou seja: “estes
crentes crêem ou entendem que o termo “filho” se aplica a Deus após a sua encarnação”.
Negam a pré-existência de Cristo.

Ário – Constantinopla 336 D.C., fundador do arianismo. Antes de se afastar do


trinitarianismo, foi um presbítero cristão de Alexandria no Egito.

Doutrina Ariana:

 Que o filho e o Pai não eram a mesma pessoa.


 Que o filho foi criado pelo Pai.
 Houve um tempo em que o filho não existia.

A pré-existência de Jesus.

A doutrina da pessoa de Cristo é crucial para a fé cristã. É básica para a soteriologia, pois se
o nosso Senhor não era quem afirma ser, então seu sacrifício foi deficiente para pagar pelos
pecados da humanidade.

A pré-existência de Cristo significa que ele já existia antes de nascer como homem, antes
mesmo da criação do tempo. É um conceito paralelo mais distinto da eternidade. A
importância desta doutrina reside nos seguintes motivos:
147

 1 – no nascimento: se Cristo veio a existir no seu nascimento então não existe uma
trindade eterna.
 2 – na divindade: se Cristo não era preexistente então não pode ser Deus.
 3 – nas declarações: se Cristo não era preexistente então ele mentiu a respeito de quem
ele era e possivelmente teria mentido também sobre outros assuntos.

Se não vejamos as declarações:


 João 3:13\6:38 – ele desceu do céu, eu desci do céu. Ele não disse que nasceu de
Maria e José, ele é transcendente.
147
 João 6:42 – ninguém vem ao Pai senão por mim. Ninguém vai ao Pai exceto por
ele. Jesus sabia de sua natureza divina e que ele estava com o Pai antes da
formação do mundo.
 João 6:62 – somente ele viu o Pai em sua residência (1ªTm 6:16\Hb 7:26\Sal 110:1-
2\At 2:34-36\1:2 e 7:55-56\ Mc 16:19\Lc 24:50).
 João 8:23 – Eu sou de cima..., não sou deste mundo. Se esta declaração fosse falsa
todo o cristianismo seria uma farsa. Os discípulos nunca abstiveram desta
declaração, pois eles conheciam a verdade, eles haviam testemunhado a
divindade dele no monte da transfiguração (Mt 17)
 João 8:42 – Eu saí e vim de Deus. Ele tinha intima relação com o Pai o que
confirma sua divindade.
 João 16:28 – saí do Pai, volto para o Pai. Ele regressou a exclusiva relação com o
Pai, isto comprova sua preexistência eterna. Se Jesus não é divino então o Pai
também não é, pois ambos são um (João 10:30).

As evidencias da pré-existência de Cristo.

 A sua origem celestial, versículos que se referem a existência de Cristo antes do


nascimento – João 3:13,31.
 Sua obra na criação; Cristo estava envolvido na criação sendo anterior a ela – João
1:3\Colossenses 1:16-17\Hebreus 1:2.
 Seu relacionamento com Deus; a Bíblia afirma que Jesus tem a mesma natureza
que Deus – João 10:30\Filipenses 2:6. – e que possui a mesma glória do Pai antes
de o mundo existir – João 17:5.
 Seu relacionamento com João Batista; João Batista reconhece a existência de
Jesus antes de ele vir ao mundo mesmo afirmando que havia nascido antes dele –
João 1:15,30.
148

A eternidade do Cristo pé encarnado.

Significa que Jesus Cristo existiu eternamente. A eternidade e a pré-existência de cristo


andam sempre unidas. Apesar de Ário ter afirmado a pré-existência de cristo e negando sua
divindade e eternidade, ponto de vista defendido pelas Testemunhas de Jeová.

A importância da doutrina da eternidade de Cristo. Se a


eternidade de Cristo é negada, então:

 Não existe trindade.


 Cristo não possui divindade absoluta 148
 Ele mentiu.
As evidencias da eternidade de Cristo.

 A essência de Cristo – Cristo é da mesma essência de Deus (Hebreus 1:3).


 Os profetas – os profetas anunciaram a eternidade do Cristo (Isaias 9:6\Miqueias
5:2\Salmos 90:2\Habacuque 1:12)
 As declarações de Cristo – Cristo afirmou sua existência eterna (João 8:58/17:24).
 A declaração de João evangelista que afirma claramente a eternidade do verbo
(João 1:1).

O exemplo de Jesus em Mateus 4.


Jesus usa a palavra do Pai dando-nos exemplo, para que também façamos uso desta ferramenta da
fé como já descrito pelo apostolo Paulo em Efésios 6:17 e anunciado por Isaías 11:4b e 59:21; como
ferramenta tanto de ataque quanto de defesa e iluminação, (Salmo 119:105) esclarecimento e sabedoria
como registrado em Isaias 11:1-5, 1ª Pedro 5:5-10. Em 2ª Pedro 1:19-21 verificamos que a Palavra é
considerada como concreta, tanto as dos profetas quanto as do próprio Jesus Cristo, reveladas que são
pelo Espírito Santo. A promessa feita nas Escrituras de que o SENHOR sabe livrar os piedosos e manter em
castigo os ímpios para o dia do juízo, se aplica muito bem para o próprio satanás e seus demônios
conforme os versículos 4 de 2ª Pedro 2 e Apocalipse 9:1-5; estes são os que lançados do lugar mais
sublime, estão em trevas abismais aprisionados eternamente para castigo sem fim, destino que será
compartilhado por aqueles que negam ao seu Cristo. Este poder e autoridade só são possíveis por que as
Escrituras não são obra humana, mas, provém de Deus, orientando homens pelo Espírito Santo.
A passagem bíblica registrada em Mateus 4:3 “... disse o diabo a Jesus: se tu és o filho de Deus,
manda que estas pedras se transformem em pães”, é prova que podemos usar o que está escrito crendo
na sua verdade concreta, autoridade e verdade poderosa. Quem usá-la com esta mesma certeza obterá o
mesmo resultado que Cristo obteve, subjugando o adversário, pois é uma Palavra de Deus.
Concluímos ao mesmo tempo em que o vil tentador, ao fazer esta propositura ao Verbo vivo,
confirma mesmo, o que Tiago escreveria mais tarde: ”Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até
mesmo os demônios crêem - e tremem!”, Tiago 2:19. Não acho absurdo dizer que o maligno tem fé em
Jesus como filho de Deus e tem fé em tudo o que está reservado contra ele e o que espera os salvos, ele o
149

sabe bem, pois da glória proposta para os homens foi ele lançado e impedido, restando-lhe apenas
condenação ultima.
Com a proposta de que Jesus transformasse pedras em pães, acreditava no poder sobrenatural do
filho de Deus, que Ele fosse capaz de tirar das pedras pães. Como Deus, o Pai, através de seu servo Moisés
transformou água do rio Nilo em substância diferente: sangue, assim como madeira inanimada, o cajado,
em ser vivo complexo, uma serpente, revertendo o milagre em madeira outra vez, porém não apenas com
uma serpente, mas também todas as outras que os feiticeiros do Faraó realizaram magicamente e que
foram devoradas pelo cajado de Moisés. O desafio do diabo confirmaria de forma inequívoca que estava
tratando com o filho de Deus, com o divino, no entanto sendo o Verbo em forma de Deus ele não usurpou
o lugar de Deus, antes se submeteu a si mesmo enquanto carne, como filho do homem (Filipenses 2:6-10).
Jamais o filho do Altíssimo obedeceria a um pedido de satanás, e com isto Jesus demonstrou quem 149
de fato é o soberano. Curiosamente, o primeiro milagre de Jesus relatado por João 2:9-11 foi transformar
água em vinho, sendo este um produto obtido através de processo artesanal e industrial, sem nenhum
obstáculo e apenas por sua vontade, verificamos que Jesus produziu o melhor vinho. Em Êxodo 4:9 Deus
transformou água em sangue que representa a vida de todos os seres, com todos os elementos químicos e
moléculas que o formam de uma única vez toda água se fez sangue, do mesmo modo Jesus não deixou a
demanda de satã sem a devida resposta. Por duas vezes multiplicou milhares de pães e houve ocasião para
multiplicar milhares de peixes, registrados em Mateus 14:19-21/15:29/Marcos 8:1-10, em um único gesto
Jesus trouxe a existência não uma serpente, mas milhares de peixes, aptos para alimentação, não
encontramos registro de alguém que tenha participado daquele banquete dos alimentos produzidos por
Cristo ter passado algum mal estar. Cabe aqui examinarmos Lucas 11:11 ”Qual pai, dentre vós, se o filho
lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra?”. Jesus sabia que seus filhos precisavam de
alimentos, no entanto para o faraó do Egito, Deus lhe ofereceu aquilo que era a sua imagem e natureza
diabólica do faraó, uma serpente, similar ao seu pai homicida desde o começo, o diabo, revelando assim o
espírito que dominava o Egito que vitimou crianças inocentes e escravizou seus pais por séculos. Aquela
serpente representava o governo egípcio e o espírito do faraó, como descrito nas visões do profeta Daniel,
os reinos deste mundo são sempre feras e bestas, cruéis e sem misericórdia.
Jesus não enviou pessoas em busca de trigo e fermento, não contratou padeiros, não assou os pães.
Não enviou os seus discípulos pescadores profissionais que tinha a sua disposição, Pedro e André, Tiago e
João filhos de Zebedeu. Jesus demonstrou que o impossível e irreal para os homens não está fora do seu
alcance de realização, para Cristo era coisa simples. Deriva-se então o comentário de Jesus: “Provede-lhes
vós mesmos de alimentos”. Diante da frustrante e natural idéia de comprar os alimentos, mesmo sabendo
que ainda assim seria impossível alimentar a todos, puderam unicamente apresentar a sua miserabilidade
limitante diante daquele que tudo pode apenas determinando: HAJA, movido por pura compaixão, a única
atitude que Jesus teve foi o de olhar para os céus e agradecer pelo que ainda não havia, mas que iria
existir, ou seja, ele tinha certeza que realizaria pois abençoando certamente te abençoarei, a convicção
traz certeza e fé é certeza (Hebreus 11:1). O azeite e a farinha da viúva eram pouquíssimos recursos que
foram transformados em abundância pelo profeta do antigo testamento. Que lição: o pouco com Deus têm
muito valor e se torna em abundante provisão. Desta forma, em tempo posterior, Jesus responde a
demanda de satanás se era o filho de Deus capaz de transformar pedras em pães, o que provou de forma
ainda mais sublime, trazendo a existência pães para multidão incontável ao ponto de ficarem saciados e
ainda obterem lucro, acumulando em cestos o que sobrou, ou seja, havia suficiente para alimentar ainda
mais pessoas dos que estavam ali presentes. Jesus não transformou pedras para alimentar a si mesmo,
pouca quantidade, no entanto seu milagre foi prova superlativa que negando-se a si mesmo, fez muito
mais do que dele era esperado, mais do que pensavam os discípulos, as multidões e o envergonhado
rastejante ser de codinome serpente.
150

Lemos em Mateus 4 que o adversário tacanho, desafia o príncipe dos céus a convocar suas hordas
celestiais para ampará-lo em uma queda suicida pública, invocando o salmo 91. Isto prova que até mesmo
o diabo é conhecedor das escrituras, provocando a Cristo demonstrar sua divina filiação, interessante o
contraste do comportamento e resposta de Jesus com a sua declaração Pedro no Getsêmani ao ser
aprisionado pelos judeus: Mateus 26:53 “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria
neste momento mais de doze legiões de anjos?”

A melhor resposta do filho de Deus não foi invocar uma legião de anjos para ajudá-lo a flutuar até o
chão como queria o diabo e tão pouco chamar anjos para defender a si e aos discípulos, pois Cristo era
capaz de defender a si mesmo e aos seus seguidores, mas provar que Deus era capaz de suprir todas estas
necessidades, tanto de flutuar quanto a de proteger cada um dos discípulos da hora mais cruel. A melhor
resposta de Cristo foi sozinho e por seu próprio poder flutuar, elevando-se até as nuvens rumo aos céus, 150
atravessando as dimensões celestiais sentado a destra do Pai com a glória que ele tinha antes com o Pai.
Sendo Cristo mais sublime eu os céus (hebreus 7:6), deu maior prova ser ele mesmo o próprio filho de
Deus que tanto satã questionava quanto o questionamento de Pilatos: ”Logo tu és Rei”. Lançando
definitivamente o diabo ao chão, junto com as serpentes que é o seu lugar, rastejando desamparado,
devastado e irado sabendo que lhe resta pouco tempo (Lucas 10:18).
Cristo também não cedeu as chantagens diabólicas de dar a Cristo um mundo corrompido pelo
pecado e por suas ações demoníacas. Este mundo oferecido pelo inimigo de Deus precisa de concerto,
resgate, salvação, de uma chance que somente Jesus poderia realizar retirar o mundo condenado a
destruição das mãos do diabo, em troca de um gesto de adoração, aquele mesmo objetivo que épocas
anteriores o diabo tentou a fracassou novamente, obter o lugar de Deus. Restou-lhe repreensão: Então
disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás
(Mateus 4:10).
Sigamos este exemplo corajoso de fé e convicção de Cristo que em tudo foi tentado, mas não
pecou, sabendo que a nossa recompensa é aprovação do nosso SENHOR, que sabe livrar os piedosos do
perigo e da tentação, mas mantém os ímpios e inimigos em castigo.

CONCLUSÃO

ESTUDE COM FÉ E ORAÇÃO, ACREDITE NO SEU CHAMADO PARA A VIDA ETERNA E


SANTIDADE COM CRISTO.

SABEMOS QUE HÁ DEUS E SEU CRISTO NÃO NOS DEIXOU SÓ. ENVIOU SEU ESPIRITO SANTO
PARA LEVAR A HUMANIDADE A TODA A VERDADE. (João14:26/Mateus 28:20)

A VERDADE NÃO ESTÁ LÁ FORA, MAS DENTRO DE VOCÊ, O TEMPLO DE DEUS NA TERRA É
CADA SER HUMANO QUE RECEBEU A CRISTO COMO SEU SALVADOR, E ESTÁ NAS
ESCRITURAS.
(Jeremias 31:34/Hebreus 8:10-12/Isaias 54:13/João 6:45/1ª João 2:27)
151

LOGO O FILHO RETORNARÁ PARA OS SEUS ESCOLHIDOS (João 14:1-3).

151
Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se inflamar a
sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.
SALMOS 2:12.
152

152

Você também pode gostar