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Capa: Esta página (fólio 292), ricamente decorado, de introdução ao Evangelho segundo João retirado do Livro de Kells.
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PARTE I
Sobre este livro 05
Dedicatória 06
Agradecimento especial 07
Introdução 08
A Declaração de Chicago Sobre a Inerrância da Bíblia (1978) 09
01 – Deus Palavra - Dei Verbum “Palavra de Deus”. 13
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A Bíblia pelo mundo 19
Análise sobre a quantidade de manuscritos Bíblicos em comparação com os clássicos 21
02 – Inspiração, Revelação e iluminação 24
Inspiração verbal e plenária 24
O Tabernáculo 26
O Verbo de Deus 28
03 – É Deus quem revela 30
04 – Notas adicionais sobre a Bíblia 34
A primeira Bíblia impressa 34
A Septuaginta (LXX) ou versão dos setenta 36
Codex – Códice – Livro 41
Texto Massorético – TM 48
O Códice do Cairo dos Profetas 49
O Códice Or 4445 B 50
O Códice de Alepo 50
O Códice de Leningrado 50
TANACH ou TANAKH 53
Papiro de Nash 57
A oração Shemá Israel 58
A Bíblia em Português 59
As divisões da Bíblia 60
As divisões da Bíblia em capítulos e versículos 61
A personalidade da palavra de Deus 61
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Sobre este livro

A Obra redentora do Espirito Santo não se limitou ao espaço – tempo da obra


apostólica, foi nos deixada uma herança histórico-profético que lançou a base
doutrinária que é retransmitida ao mundo com o aperfeiçoamento da igreja
para cada momento histórico. Deste tema ocupasse este livro. Contudo, negamos que
se possa rejeitar a Inerrância Bíblica sem graves consequências, quer para o indivíduo
quer para a Igreja. Este livro não pretende ser uma resposta final sobre temas tão 3
profundos e importantes. Também não é um escrito tendencioso, polemico nem
mesmo defensor de denominação religiosa em particular em detrimento de outra.
Qualquer que seja a denominação religiosa do leitor, ele encontrará grande proveito e
satisfação com o que encontrará nestas páginas. Defendendo o cristianismo, mas
reconhecendo que diante da dignidade de Deus e da grandiosidade de sua Santa
Palavra estou pessoalmente aquém e este tratado em falta permanente neste labor,
pois só conhecemos em parte, mas grande é o Senhor que nos iluminará na senda do
saber até a sua vinda. É a defesa da fé exercida por todo aquele que crê e dos que
ainda virão a crer em Deus e no seu projeto para toda a humanidade que me anima a
escrever. A história nos ajudará a entender o mundo, as realizações humanas, as
gerações que declaram a outras gerações os feitos do Senhor nosso Deus e as
profecias Bíblicas. Assim também a história nos auxiliará pelos caminhos da fé para
conhecer um pouco a construção da CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DA NOSSA FÉ. Os
dogmas, as doutrinas da fé cristã foram construídas no tecido da história das gerações
de adoradores em todos os tempos. Não existe doutrina à parte da história da fé, por
sua vez o fortalecimento da fé cristã está construído pelos trilhos dogmáticos do
ensino das Escrituras sobre a pessoa principal do cristianismo, O Senhor Jesus Cristo,
nosso mestre e salvador. A nossa firme constituição de fé se tornou dogma, conceito e
doutrina que perdura até os nossos dias. Como isto aconteceu? Como cremos no que
cremos sobre a Bíblia, Deus, Jesus e o Espirito Santo? Como isto tem afetado a nossa
vida de fé, religião, nossos conceitos sobre a vida pelos séculos até os dias atuais?
Creio que esta literatura será útil para aplicar na Escola Bíblica, no Seminário, como
fonte e consulta para pesquisa para os sermões e claro na sua meditação diária. Faça a
sua consideração com oração e estude com fé. Foi produzido com amor, suor com
ajuda de Deus. Aproveite bem!

Toda Honra e Glória a Deus!


O Autor.
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DEDICATORIA

Ao único Deus.
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PARTE I
INTRODUÇÃO

DEUS, sendo Ele Próprio a Verdade e falando somente a verdade, inspirou as Sagradas
Escrituras para revelar-Se à humanidade perdida, e através de JESUS CRISTO, como Criador e
Senhor, Redentor e Juiz as Escrituras Sagradas fossem o testemunho de DEUS sobre Si
mesmo.

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As Escrituras Sagradas, sendo a própria Palavra de DEUS, escrita por homens
preparados e supervisionados por Seu ESPÍRITO, possuem autoridade divina infalível em
todos os assuntos que abordam; deve ser crido, como instrução divina, em tudo o que
afirmam; obedecidas, como mandamento divino, em tudo o que determinam; aceitas, como
penhor divino, em tudo que prometem.

O ESPÍRITO SANTO, seu divino Autor, ao mesmo tempo nos confirma através de Seu
testemunho interior e abre nossas mentes para compreender seu significado. Tendo sido na
sua totalidade e verbalmente dadas por DEUS, as Escrituras não possuem erro ou falha em
tudo o que ensinam, quer naquilo que afirmam a respeito dos atos de DEUS na criação e dos
acontecimentos da história mundial, quer na sua própria origem literária sob a direção de
DEUS, quer no testemunho que dão sobre a graça salvadora de DEUS na vida das pessoas.

A autoridade das Escrituras ficaria inevitavelmente prejudicada, caso essa Inerrância


divina absoluta seja de alguma forma limitada ou desconsiderada, ou caso dependa de um
ponto de vista acerca da verdade que seja contrário ao próprio ponto de vista da Bíblia; e tais
desvios provocam sérias perdas tanto para o indivíduo quanto para a Igreja.

A seguir nossa confissão de fé na infalibilidade das Escrituras Sagradas. Este texto foi
uma produção de 1978 do ICBI - International Council on Biblical Inerrancy, em um esforço
de defender a Inerrância das Escrituras Sagradas, frente aos desafios lançados.
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A Declaração de Chicago Sobre a Inerrância da Bíblia (1978)

Em 1978 um grande encontro das igrejas protestantes americanas, incluindo


representantes dos conservadores, Reformistas e Presbiteriana, Luterana, Batista e outras
denominações, adotou a Declaração de Chicago sobre a Inerrância Bíblica.
A Declaração a seguir discorre sobre a doutrina da Inerrância das Escrituras,
esclarecendo-nos sobre o que isso vem a ser e advertindo-nos contra a sua negação. Estamos
convencidos de que negá-la é ignorar o testemunho dado por Jesus Cristo e pelo Espírito
Santo, e rejeitar aquela submissão às reivindicações da própria palavra de Deus. Diante da 6
enxurrada de desvios doutrinários que tem invadido a Igreja, é dever de cada crente manter-
se firmemente apegado à Escritura, tendo como certa a sua suficiência e a sua Inerrância.
A autoridade das Escrituras é um tema chave para a igreja cristã, tanto desta quanto
de qualquer outra época. Aqueles que professam fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador
são chamados a demonstrar a realidade de seu discipulado cristão mediante obediência
humilde e fiel à Palavra escrita de Deus. Afastar-se das Escrituras, tanto em questões de fé
quanto em questões de conduta, é deslealdade para com nosso Mestre. Para que haja uma
compreensão plena e uma confissão correta da autoridade das Sagradas Escrituras é
essencial um reconhecimento da sua total veracidade e confiabilidade.
Artigos de Afirmação e Negação

 Artigo I. Afirmamos que as Sagradas Escrituras devem ser recebidas como a Palavra
oficial de DEUS. Negamos que a autoridade das Escrituras provenha da Igreja, da
tradição ou de qualquer outra fonte humana.
 Artigo II. Afirmamos que as Sagradas Escrituras são a suprema norma escrita, pela
qual DEUS compele a consciência, e que a autoridade da Igreja está subordinada à das
Escrituras. Negamos que os credos, concílios ou declarações doutrinárias da Igreja
tenham uma autoridade igual ou maior do que a autoridade da Bíblia.
 Artigo III. Afirmamos que a Palavra escrita é, em sua totalidade, revelação dada por
DEUS. Negamos que a Bíblia seja um mero testemunho a respeito da revelação, ou que
somente se torne revelação mediante encontro, ou que dependa das reações dos
homens para ter validade.
 Artigo IV. Afirmamos que DEUS, que fez a humanidade à Sua imagem, utilizou a
linguagem como um meio de revelação. Negamos que a linguagem humana seja
limitada pela condição de sermos criaturas, a tal ponto que se apresente imprópria
como veículo de revelação divina. Negamos ainda mais que a corrupção, através do
pecado, da cultura e linguagem humanas tenha impedido a obra divina de inspiração.
 Artigo V. Afirmamos que a revelação de DEUS dentro das Sagradas Escrituras foi
progressiva. Negamos que revelações posteriores, que podem completar revelações
mais antigas, tenham alguma vez corrigido ou contrariado tais revelações. Negamos
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ainda mais que qualquer revelação normativa tenha sido dada desde o término dos
escritos do Novo Testamento.
 Artigo VI. Afirmamos que a totalidade das Escrituras e todas as suas partes, chegando
às próprias palavras do original, foram registradas por inspiração divina. Negamos que
se possa corretamente falar de inspiração das Escrituras, alcançando-se o todo, mas
não as partes, ou algumas partes, mas não o todo.
 Artigo VII. Afirmamos que a inspiração foi a obra em que DEUS, por Seu ESPÍRITO,
através de escritores humanos, nos deu Sua palavra. A origem das Escrituras é divina.
O modo como se deu a inspiração permanece em grande parte um mistério para nós.
Negamos que se possa reduzir a inspiração à capacidade intuitiva do homem, ou a
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qualquer tipo de níveis superiores de consciência.
 Artigo VIII. Afirmamos que DEUS, em Sua obra de inspiração, empregou as diferentes
personalidades e estilos literários dos escritores que Ele escolheu e preparou. Negamos
que DEUS, ao fazer esses escritores usarem as próprias palavras que Ele escolheu,
tenha passado por cima de suas personalidades.
 Artigo IX. Afirmamos que a inspiração, embora não outorgando onisciência, garantiu
uma expressão verdadeira e fidedigna em todas as questões sobre as quais os autores
Bíblicos foram levados a falar e a escrever. Negamos que a finitude ou a condição
caída desses escritores tenha, direta ou indiretamente, introduzido distorção ou
falsidade na Palavra de DEUS.
 Artigo X. Afirmamos que, estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao
texto autográfico das Escrituras, o qual, pela providência de DEUS, pode-se determinar
com grande exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais que
as cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de DEUS na medida em que
fielmente representam o original. Negamos que qualquer aspecto essencial da fé cristã
seja afetado pela falta dos autógrafos. Negamos ainda mais que essa falta torne
inválida ou irrelevante a afirmação da Inerrância da Bíblia.
 Artigo XI. Afirmamos que as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são
infalíveis, de modo que, longe de nos desorientar, são verdadeiras e confiáveis em
todas as questões de que tratam. Negamos que seja possível a Bíblia ser, ao mesmo
tempo infalível e errônea em suas afirmações. Infalibilidade e Inerrância podem ser
distinguidas, mas não separadas.
 Artigo XII. Afirmamos que, em sua totalidade, as Escrituras são inerrante, estando
isentas de toda falsidade, fraude ou engano. Negamos que a infalibilidade e a
Inerrância da Bíblia estejam limitadas a assuntos espirituais, religiosos ou redentores,
não alcançando informações de natureza histórica e científica. Negamos ainda mais
que hipóteses científicas acerca da história da terra possam ser corretamente
empregadas para desmentir o ensino das Escrituras a respeito da criação e do dilúvio.
 Artigo XIII. Afirmamos a propriedade do uso de Inerrância como um termo teológico
referente à total veracidade das Escrituras. Negamos que seja correto avaliar as
Escrituras de acordo com padrões de verdade e erro estranhos ao uso ou propósito da
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Bíblia. Negamos ainda mais que a Inerrância seja contestada por fenômenos Bíblicos,
tais como uma falta de precisão técnica contemporânea, irregularidades de gramática
ou ortografia, descrições da natureza feitas com base em observação, referência a
falsidades, uso de hipérbole e números arredondados, disposição tópica do material,
diferentes seleções de material em relatos paralelos ou uso de citações livres.
 Artigo XIV. Afirmamos a unidade e a coerência interna das Escrituras. Negamos que
alegados erros e discrepâncias que ainda não tenham sido solucionados invalidem as
declarações da Bíblia quanto à verdade.
 Artigo XV. Afirmamos que a doutrina da Inerrância está alicerçada no ensino da Bíblia
acerca da inspiração. Negamos que o ensino de JESUS acerca das Escrituras possa ser
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desconhecido sob o argumento de adaptação ou de qualquer limitação natural
decorrente de Sua humanidade.
 Artigo XVI. Afirmamos que a doutrina da Inerrância tem sido parte integrante da fé da
Igreja ao longo de sua história. Negamos que a Inerrância seja uma doutrina
inventada pelo protestantismo escolástico ou que seja uma posição defendida como
reação contra a alta crítica negativa.
 Artigo XVII. Afirmamos que o ESPÍRITO SANTO dá testemunho acerca das Escrituras,
assegurando aos crentes a veracidade da Palavra de DEUS escrita. Negamos que esse
testemunho do ESPÍRITO SANTO opere isoladamente das Escrituras ou em oposição a
elas (1).
 Artigo XVIII. Afirmamos que o texto das Escrituras deve ser interpretado mediante
exegese histórico-gramatical, levando em conta suas formas e recursos literários, e que
as Escrituras devem interpretar as Escrituras. Negamos a legitimidade de qualquer
abordagem do texto ou de busca de fontes por trás do texto que conduzam a um
revigoramento, desistorização ou minimização de seu ensino, ou a uma rejeição de
suas afirmações quanto à autoria.
 Artigo XIX. Afirmamos que uma confissão da autoridade, infalibilidade e Inerrância
plenas das Escrituras são vitais para uma correta compreensão da totalidade da fé
cristã. Afirmamos ainda mais que tal confissão deve conduzir a uma conformidade
cada vez maior à imagem de CRISTO. Negamos que tal confissão seja necessária para
a salvação. Contudo, negamos ainda mais que se possa rejeitar a Inerrância sem
graves consequências, quer para o indivíduo quer para a Igreja.
CONCLUSÃO
As Escrituras têm produzido resultados práticos indiscutíveis; têm influenciado
beneficamente civilizações, transformado vidas e trazido luz, inspiração e conforto a milhões
de pessoas. Nelas podemos confiar a orientação integral de nossa vida, e delas podemos
extrair os fundamentos do bem-estar e liberdade humana. O Senhor as estabeleceu como
regra, bússola, alimento e fonte de bênçãos para a vida do crente.
A Bíblia mostra a vontade de DEUS, a situação do ser humano, o caminho da salvação, o
destino dos pecadores e a bem-aventurança dos crentes.
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 Seus ensinos são sagrados, seus preceitos exigem comprometimento, seus


relatos são verdadeiros e suas decisões, imutáveis.
 Leia-a para tornar-se sábio e viva de acordo com ela para ser santo.
 A Bíblia ilumina o caminho, fornece alimento para seu sustento, dá refrigério e
alegria ao seu coração.
 Ela é o mapa dos viajantes, o cajado dos peregrinos, a bússola dos pilotos, a
espada dos soldados e o manual de vida dos cristãos.
 Nela o paraíso foi restabelecido, o céu se abriu e as portas do inferno foram 9
subjugadas.
 CRISTO é seu grandioso tema, nosso bem é seu propósito, e a glorificação de
DEUS é seu objetivo.
 Ela deve encher nossos pensamentos, guiar nosso coração e dirigir nossos
passos.
 Leia-a devagar, com frequência, em oração. Ela é fonte de riqueza, um paraíso
de glórias e uma torrente de alegrias.
 Ela lhe foi dada nesta vida, será aberta no juízo e lembrada para sempre.
 Ela nos impõe a maior responsabilidade, compensará os maiores esforços e
condenará todos os que brincarem com seu conteúdo sagrado.
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DEUS PALAVRA
DEI VERBUM
PALAVRA DE DEUS

Autoridade da palavra de Deus. As Escrituras Sagradas.

“e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira pela qual foi ensinada, para que
seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela”. Tito
1:9
10

E sta lição trata de um dos mais importantes pilares da doutrina cristã: a Inerrância das
Sagradas Escrituras. Através desta doutrina, aprendemos que a Bíblia é a Palavra de
DEUS e, portanto, fala com autoridade divina ao homem moderno. Foi este o
pensamento dos reformadores quando substituíram a tradição pelo lema: Sola Scriptura
(Somente a Escritura).
É a prerrogativa da Bíblia em sua totalidade em não errar em questões pertinentes a fé e aos
costumes, quando pretende conferir uma orientação universal decisiva. Esta prerrogativa é
um direito especial e inerente, é privilégio das Escrituras Sagradas e somente dela terem tal
autoridade divina nas questões de fé e na manutenção das tradições que representam o
testemunho desta fé viva e que dura para sempre daqueles que por esta causa vivem e dos
que já morreram. No entanto não devemos supor que na Bíblia temos tudo quanto Deus
queria revelar. Seria impossível conter em um só livro tudo o que Deus quisesse revelar.
Porém o que está escrito é o suficiente como guia e autoridade em nossa vida. (João 20: 30 \
21: 25)
O concilio vaticano II da igreja católica em 08 de novembro de 1965 aprovou a sua
CONTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM que aborda o tema REVELAÇÃO DIVINA sob dois
pontos de vista:
1) A revelação em si mesma. 2) A sua transmissão.
A relação entre estes dois pontos de vista que geram alguma confusão entre os católicos, foi
clarificada por esta constituição que segue logo abaixo:
A santa igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos
tanto do antigo como do novo testamento, com todas as suas partes, por que escritos sob a
inspiração do Espirito Santo, eles tem Deus como autor e nesta sua qualidade foram
confiadas à igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu homens na posse
das suas faculdades e capacidades para que, agindo Deus neles e por eles, pusesse por
escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que ele, Deus, queria. (Dei
verbum – Concilio Vaticanus II – 1965 – Capitulo III).
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Podemos verificar que ao apreciarmos tal declaração não encontramos um traço de


religiosidade, mas sim uma clara constatação de mais puro brilho que serve como ponto
comum entre todos aqueles que se declaram cristãos e que tem na Bíblia sua regra de fé e
conduta. De fato as Sagradas Escrituras, a Bíblia, é a revelação de Deus em linguagem
humana. A Bíblia, toda a Escritura, foi inspirada por Deus e não por pretensão humana,
sendo Deus seu único Autor. Sendo Deus autor das Escrituras a autoridade destas provém
daquele que fez com que se assentasse por escritos seus pensamentos, histórias, ideais e
palavras. (2º Timóteo 3: 16 \ 2º Pedro 1: 21 \ 1º Pedro 1: 23)
A autoridade divina é demonstrada pela infalibilidade das Escrituras, uma vez que ela tem
origem em Deus e é a expressão da sua mente. A autoridade humana nas Escrituras é 11
coadjuvante pelo fato de ter sido iniciativa de Deus e seu projeto. Foi Deus o ter movido os
homens a registrarem segundo a sua vontade e sob seu controle o que está registrado. Foi
Deus mesmo quem escolheu aqueles 40 homens que receberam a sua palavra e a
transmitiram na forma escrita. Deus não pode errar. A Bíblia é a palavra de Deus. Portanto, a
Bíblia está isenta de erros. A Bíblia e seu conteúdo são verdadeiros e confiáveis em todas as
questões de que tratam. Não é possível a Bíblia ser infalível e ao mesmo tempo errônea em
suas afirmações. Infalibilidade e Inerrância podem ser distinguidas, mas não separadas. O
Espirito Santo dá testemunho acerca das Escrituras de Deus. Esse testemunho do Espirito
Santo não opera isoladamente das Escrituras ou em oposição a elas (1). Jesus demonstrou
que as Escrituras são divinas ao esclarecer ele mesmo a Bíblia quando começando por
Moisés e os profetas explicou sobre tudo o que estes falaram dele mesmo como registrado
em Lucas 24: 25-27.
O padrão de infalibilidade não está na consciência do homem, mas nas Escrituras. Quando
em qualquer matéria a consciência contrária à palavra de Deus, devemos saber que ela não é
a voz de Deus (Jeremias 17:9). A natureza do homem foi deformada pelo pecado por isso a
consciência não é mais um guia infalível à verdade e ao dever (1º João 4:6 – o espírito da
verdade e o espírito do erro). Deus é infalível e tudo o que Ele faz é bom, perfeito e
agradável. A sua palavra reflete a sua pessoa, no livro de Tiago 1:17 está escrito: “Toda boa
dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há
mudança, nem sombra de variação”. A Bíblia veio do alto, do Pai das luzes, ela é luz para o
nosso caminho e lâmpada para nossos pés. Está escrito sobre Deus em Malaquias 3:6:
“Porque eu, o SENHOR, não mudo”. Deus é fiel quanto a sua palavra, as suas, promessas e
também quanto as suas ameaças e também sobre a salvação a redenção e seu imutável
amor pela humanidade. Se Deus não pode mentir como está escrito em Tito 1:2: “Em
esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos
dos séculos”. Assim também é a palavra que sai de sua boca e que está escrita, ela se
cumpre, ela deve ser a verdade mesmo quando não é plenamente compreendida pelo
homem, ainda assim deve refletir a mais pura e firme verdade em todos os aspectos. O
Espirito Santo que dá testemunho da palavra de Deus não serviria como uma falsa
testemunha, não apoiaria o falso testemunho, pois ele é o Espirito da verdade, verdade esta
12

que vem a ser a revelação de Deus aos homens


sobre si mesmo e seus propósitos (João 16:13). Neste interim gostaria de citar o
Decreto Lei 44 129 em seu artigo
Esta expressão: Palavra de Deus; não indica 572º do Código do processo civil
primordialmente um registro, mas aquilo que foi Brasileiro (CPC) redação de 1961
dito, a palavra falada, a doutrina, a verdade como segue abaixo:
vitalizadora descortinada por Cristo que foi 1. Antes de começar o depoimento, o
posteriormente registrada. A supervisão de Deus e tribunal fará sentir ao depoente a
a preservação nos dá segurança de que hoje importância moral do juramento que
vai prestar e o dever que lhe incumbe
possuímos a palavra de Deus verbal, inerrante e de ser fiel à verdade, advertindo-o ao
infalível. Ela é única e será assim para sempre. mesmo tempo das sanções a que o 12
expõem as falsas declarações; em
Ao examinarmos o texto Bíblico de Hebreus 3: 7,15 seguida exigirá que o depoente
e 4:7 que declara : “se hoje ouvires a sua voz, preste o seguinte juramento: «Juro
significando como proclama o Espírito Santo”; e ao perante Deus que hei-de dizer toda
a verdade e só a verdade».
compararmos como o que está escrito em 2. Se o depoente declarar que
Apocalipse 3:22 :”ouça o que o Espirito Santo diz.” prefere prestar o compromisso de
ou seja como o Espirito Santo diz ou o que Ele está honra, a fórmula do juramento é
dizendo, entendemos que Deus se comunica, fala esta: «Juro pela minha honra que
hei-de de dizer toda a verdade e só
através do Espirito Santo e o que o Espirito Santo a verdade».
disse ficou registrado, está escrito na Bíblia. Deus 3. A recusa a prestar o juramento
fez isto e continua se comunicando conosco através equivale à recusa a depor, devendo o
juiz advertir o depoente da
daquilo que está escrito na sua palavra que é
cominação aplicável. (penalidade)
eterna, tendo como testemunha eterna desta
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou
palavra o Espirito Santo que nos confirma esta
negar ou calar a verdade como
verdade. Somente um ser vivo pode se comunicar e testemunha, perito, contador,
fazer-se entender, este Ser vivo é o Espirito Santo. tradutor ou intérprete em processo
Veja o que está escrito em Hebreus 4: 12-13 sobre a judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral:
palavra de Deus ser viva: “A palavra de Deus é (Redação dada pela Lei nº 10.268,
viva”. O que é vivo possui um conjunto de de 28.8.2001).
atividades e funções inerentes e próprias da vida O 1º decreto lei citado acima já
que há em si mesmo (é eficaz, tem ação), é sofreu alterações posteriores. No
necessário que tenha característica de um ser vivo. entanto o que gostaria de chamar
Um ser que vive e tem inteligência, tem atenção é que a palavra de Deus
verdadeira e somente verdadeira,
movimento, tem consciência, também deve ter fiel, imutável, não pode ser menor ou
algum poder para decidir, realizar e desenvolver de teor menos importante ou menos
seus ideais, propósitos e seus atos. Mas neste caso, honrada que a Leis dos Homens, nem
o Espirito Santo daria um falso
a vida da palavra de Deus vai além dos conjuntos de
testemunho de Deus.
definições da ciência para o conceito daquilo que
significa vida, pois Deus não é criatura, é livre e
independente sendo Ele mesmo a fonte de toda a
vida e autor das Escrituras também é a fonte da vida da sua palavra. A definição Fisiológica,
13

A definição Metabólica, A definição Bioquímica


(ou biomolecular) A definição Genética, A
John Locke filosofo inglês, conhecido definição Termodinâmica não podem explicar
com o pai do liberalismo, de educação
Deus como também não podem explicar a sua
cristã puritana e calvinista, em seu livro
Considerações sobre as consequências palavra. Não podemos entender a Palavra de
da redução do juro, de 1692 onde Deus sem orientação do seu autor.
escreve sobre economia na Inglaterra
faz a seguinte citação interessante: “A "Para Aristóteles, a alma está diretamente
relação entre a Lei divina e a Lei ligada à vida: "Aquilo que possui alma se
natural é de conformidade, isto é,
distingue daquilo que não possui alma pela vida"
uma não nega e nem se opõe a outra
e vice-versa. A lei natural além de ser (Aristóteles, De anima II.2, 413a22-23). Aquilo 13
a vontade de Deus, é um corpo de leis que tem vida tem alma, e vice-versa. Para
em conformidade com a natureza Aristóteles alma e vida são inseparáveis. Se
racional e obriga o homem não
consideramos que o que dá vida e dinâmica
somente porque é a expressão da
vontade de Deus, mas porque o (poder e realização, atos e efeito) para a palavra
compreender entre os decretos da lei de Deus é o Espirito Santo de Deus o autor das
natural e a natureza racional é o Escrituras, poderemos entender o texto de
mesmo que intuir a verdade de uma
proposição tautológica ou demonstrar
Hebreus 4:12-13. A palavra de Deus é viva
a verdade de um teorema geométrico. porque possui o Espirito de Deus em si mesma,
Locke admite a possibilidade de que a então ela realiza tudo aquilo para qual foi
Lei divina venha a se sobrepor a Lei
expelida, soprada, inspirada, ela possui alma,
natural, o artigo da Lei divina
compromete a humanidade com a vida, eficácia, tem efeito, é animada tem vida
defesa da vida e pode legitimamente própria (Isaias 55:11). Nenhuma outro escrito
sobrepor-se legitimamente a estas”. tem este dinamismo, poder e atuação e
Trocando em miúdos: As Leis de Deus
autoridade, somente aquela palavra que foi dita,
superam as Leis naturais quando a
sobrevivência e salvação do homem escrita e produzida por Deus pois esta é a única
está em jogo e quanto a manutenção que tem em si mesma a vida de Deus, eterna,
da criação de Deus. Tautologia é uma poderosa imutável e completa. A Inerrância da
proposição matemática cujo valor
lógico é sempre verdadeiro que não
Bíblia e sua infalibilidade decorrem da plena
admite contradição assim como na inspiração e supervisão do Espirito Santo. A
matemática a contradição é uma Bíblia é a fiel e inconteste palavra de Deus. Isenta
proposição cujo valor é sempre falso e
de erro. A verdade divina revelada na Escritura é
a contingencia é indeterminada, assim
a Lei de Deus que está na sua palavra apresentada de modo explicito certo e
jamais poderá ser uma proposição de transparente. O ensino genuíno das Escrituras
contradição ou de contingencia, pois não tem discrepâncias doutrinárias, é único em
isto seria admitir que ela fosse falsa ou
todo o mundo e adaptável a qualquer cultura.
indeterminada, contrariando assim o
próprio Deus e sua palavra; equivaleria (João 17:17/1ª Reis 17:24/Salmos 119:142,
dizer que a Lei divina é errônea, 151\Prov.22: 21). As infalibilidades das Escrituras
mentirosa e falha, que não se são, pois a infalível palavra de Deus. O poder
determina e que é inferior a lei natural
ou a lei do homem, o que o escritor
sobrenatural das Escrituras não pode ser
citado não admite em nenhuma analisado em laboratório, porque se refere a algo
hipótese. Infelizmente este escritor era
defensor do escravagismo negro.
14

milagroso e sobrenatural e divino. A palavra de Deus


não contradiz a natureza das coisas criadas por Deus, Constituição Federal de 1988
ela na verdade é a sua melhor descrição embora não Nós, representantes do povo
brasileiro, reunidos em Assembléia
seja um livro cientifico não há contradição na
Nacional Constituinte para instituir
natureza com a palavra de seu criador, salvo no que um Estado Democrático, destinado
chamamos milagres, quando Deus intervém na a assegurar o exercício dos direitos
natureza contrariando-a para um bem maior. A lei da sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o
razão, a lei natural, a lei da opinião, a lei civil, a lei da
desenvolvimento, a igualdade e a
economia são expressões imperfeita de uma lei maior justiça como valores supremos de
e perfeita: A Lei divina. uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na 14
harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional,
Comentários sobre o Concilio Vaticano I e II com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a
O Concílio Vaticano I, o vigésimo concílio da Igreja
proteção de Deus, a seguinte
católica, cujo maior legado foi a proclamação do CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
dogma da infalibilidade papal aconteceu em 8 de FEDERATIVA DO BRASIL.
Dezembro de 1869 a 18 de Dezembro de 1870 sobre Notamos aqui a máxima cristã dita por
a Constituição Dogmática "Pastor Aeternus"; Jesus: Sem mim, nada podeis fazer.

proclamou como dogma a Infalibilidade Papal, ex


cathedra (literalmente, "a partir da cadeira de São Pedro") O Papa está sempre correto. Uma
vez proclamadas e definidas solenemente, esta matéria da fé católica transformada em
dogma, ou seja, em verdades imutáveis e infalíveis que qualquer católico deve aderir aceitar
e acreditar de uma maneira irrevogável. A consequência da infalibilidade papal é que a
definição ex catedra dos Papas não pode ser revogada e é por si mesma irreformável. (O
Vaticano jamais poderá voltar atrás na decisão e conceito da Constituição Dogmática Pastor
Aeternus, mesmo que tenha cometido ou no futuro cometa algum engano ou equivoco em
alguma decisão ou doutrina não poderia voltar atrás, se arrepender ao errar ou cometer
engano ou se quer admitir tal possibilidade, pois é infalível – segundo este dogma).
O Concílio Vaticano II de 1965, por outro lado, foi convocado para lidar com uma situação
bastante diferente. Promulgou-se a autoridade da revelação Divina das Escrituras como
infalíveis e inerrante; na verdade foi uma constatação de algo já sabido há muito pelos cristãos
de todo o mundo. O Papa Paulo VI declarou em 1972: “Pensamos que após o Concílio viria um
dia de sol para a história da Igreja (católica); em vez disso, deparamo-nos com novas
tempestades”. (IX ANNIVERSARIO ELL'INCORONAZIONE DI SUA SANTITÀ - OMELIA DI PAOLO VI-Solennità dei Santi Apostoli Pietro e Paolo.
Giovedì, 29 giugno 1972)

As causas para o claro desapontamento do Papa nesta declaração seriam que depois
do Concilio Vaticano II, o mundo teria sofrido tamanha revolução que as boas decisões do
concilio, se tornaram insuficientes para conduzir o homem a Deus. Outra visão seria o Concílio
como a causa do problema. Outros argumentos que talvez justifiquem o comentário e
lamento do Papa Paulo VI estão listados abaixo:
15

a) O Concilio Vaticano II de 1965 declarou as Escrituras Sagradas como inerrante, infalíveis


e imutável sendo a revelação divina ela reflete o caráter inerrante, infalível e imutável
de Deus seu autor. O Concilio Vaticano I de 1870 por sua vez atribuiu ao Papa estas
mesmas características divinas ao declarar o Papa em conjunto com seu colegiado,
inerrante e infalível que são características divinas intransferíveis aos homens
contrariando as próprias Escrituras Sagradas que declaram ser todo o homem falível,
pecador (Romanos 3:23); uma controvérsia que teria causado confusão no
entendimento dos católicos. Afinal um homem (O Papa) não poderia ter a mesma
autoridade que as Escrituras Divinas. O Papa poderia errar, contrariando o Concilio
Vaticano I que o declara infalível ou poderiam ser as Escrituras falíveis assim como os
homens o são; ou o Papa e as Escrituras são igualmente infalíveis, inerrante e imutáveis 15
assim como Deus é, e neste caso estariam os dois em igualdade – homem e Escritura e
o seu caráter divino perfeito – então uma duvida sobre quem realmente tem maior
autoridade: o homem e seu colegiado (isto serve para qualquer colegiado) ou as
Escrituras que são Sagradas. Isto colocaria em cheque o pensamento de outro Papa: “O
deposito da fé devia ser guardado, não se apartando do patrimônio sagrado da
verdade”. Papa João XXIII
b) Os atributos incomunicáveis de Deus são exclusividade de Deus, são intransferíveis aos
anjos e aos homens e a qualquer outra criatura - A Independência de Deus, A
Imutabilidade de Deus, Infinidade de Deus, A Unidade de Deus, A simplicidade de Deus.
A palavra ou o nome Asseitatis - significa que Deus é auto existente. Ele não depende
de ninguém fora de si mesmo para ser o que ele é. Onipotência, Onipresença,
Onisciência e Soberania completam a lista dos atributos incomunicáveis de Deus.

Atributo, do latim atributo significa: Propriedade inerente do ser sem a qual este não pode
existir nem ser concebido. Não é acrescentar algo, é propriedade fundamental da substancia
imanente (Jó 12:10) Os atributos revelam um vislumbre do seu caráter, o caráter de Deus
nos auxilia na compreensão da natureza infinita de Deus. São as perfeições e qualidades de
Deus. Tudo que se fala de Deus pode ser dito de Jesus Cristo e do Espirito Santo, mas, não
pode ser afirmado ou dito sobre o homem, por quanto o homem é falível, imperfeito,
dependente e mortal; seu coração é enganoso, e seus pensamentos são maus desde o
nascimento, o homem é pecador, mesmo os mais santos são falhos, podem ser
atormentados pelo medo, tomados pelo orgulho, arrogância e dureza interior, não pode ser
confiável nem infalível e inerrante, pois, este é um atributo exclusivo de Deus e da sua
Palavra, não do ser humano.

c) O Papa ocuparia (ex cátedra) a cadeira de Pedro, sua liderança na igreja, porém
notamos Pedro sendo chamado de "pedra de tropeço" nos versículos em Mateus 16.23,
logo que agiu de modo reprovado por Cristo. No livro de Gálatas 2:11-21, uma censura
do apóstolo Paulo de Tarso referente a posturas de Simão Pedro. Segundo consta na
Escritura, Paulo de Tarso acusou Simão Pedro, o primeiro papa segundo a igreja
16

católica, de não saber lidar com os gentios convertidos: “E, chegando Pedro à Antioquia, lhe
resisti na cara, porque era repreensível”.
d) Em outra ocasião descrito no livro de Lucas 22:54-71 Pedro nega a Jesus três vezes.
Lembramos que o mesmo Pedro usou da violência com uma espada para defender seu
mestre. O primeiro Papa tão amado por Cristo, um herói da fé e um líder da igreja era
acometido por falhas, de caráter temperamental e por algumas vezes, inconstante e
impulsivo. Os Papas assim como Pedro um descendente de Adão com os mesmos
defeitos e limitações naturais, além das qualidades e virtudes que os tornariam mais
semelhantes a um Pedro mais humano, mais parecido com homens comuns,
pescadores, pai de família, trabalhador e apóstolo seriam mais plausíveis e estariam 16
mais ao alcance dos homens, diferente de pessoas que não falham, não erram e são
infalíveis, algo possível apenas para Deus.
e) A história já demonstrara a falha no caráter de alguns dos Papas, assim como as
Escrituras demonstraram a falha dos santos homens de Deus na sua história.
f) Esta infalibilidade Papal é um fardo muito pesado e impossível para um homem, mas
não para Cristo a verdadeira cabeça da Igreja, nenhum Papa ou qualquer outro pode
colocar-se como O Cristo, único cabeça da sua igreja.
g) Contraria a doutrina da Revelação, Inspiração e Iluminação (Theopneustos).
h) Os atributos de Deus que são comunicáveis aos homens por sua vez são: amor,
bondade, sabedoria, justiça, santidade, veracidade, liberdade e paz – Nele (em Deus)
não há nenhum tipo de confusão ou desordem. Jesus em sua humanidade se despiu
dos atributos de Deus, mas, não da sua santidade amor e verdade. Ele renunciou do
exercício independente dos atributos divinos, em nosso favor, isto não significa que ele
não possui os atributos, mas que renunciou aos atributos temporariamente, enquanto
na terra. Os Papas devem seguir este mesmo padrão do mestre de Pedro que chorou,
teve fome, sofreu cansaço, tristeza, e com muita coragem determinado levou seu
ministério até o fim na morte, se aproximando desta forma mais dos homens
pecadores e fracos, mesmo sendo o mestre em forma de Deus, humilhou-se na cruz;
Deus se tornou homem, mas os homens querem ser deuses.

A BÍBLIA PELO MUNDO


Do grego biblion, rolo ou livro, livrinhos. É na Bíblia que encontramos o motivo da existência
do homem na terra, é também um importante livro doutrinário para os cristãos. É o livro
mais vendido de todos os tempos, mais de seis bilhões de cópias em todo o mundo. A Bíblia
foi escrita por 40 autores. Os livros do Antigo Testamento foram escritos entre 1.500 A.C e
450 A.C. e os livros do Novo Testamento foram escritos entre 45 e 90 D.C. totalizando um
período de quase 1.600 anos. Um período de 1.600 anos na história e não 1.600 anos
ininterruptos de escritos. Nos primeiros 15 séculos depois de Cristo, as cópias da Bíblia eram
feitas à mão; uma a uma em um processo lento e muito meticuloso. O inicio da imprensa, fez
17

que as cópias da Bíblia se multiplicassem e, nos últimos tempos, a Bíblia está presente em
computadores, Tablets e nos celulares.
A primeira versão portuguesa da Bíblia surgiu em 1748, a partir da Vulgata Latina, traduzida
para o português por João Ferreira de Almeida. Hoje a Bíblia está disponível com pelo menos
99% de fidelidade aos originais, sendo que a maioria das discrepâncias presentes nos outros
1% dos trechos é de natureza trivial e sem relevância.
Outro dado interessante é que a tradução das Escrituras está ligada diretamente ao
evangelismo. Por causa da necessidade de ter a As Escrituras Sagradas nos diversos idiomas e
devido a sua importância é que hoje a Bíblia está disponível para 2.935 idiomas falados por
6,039 bilhões de pessoas. Só em 2015, foram feitas traduções para 50 idiomas, falados por 17
quase 160 milhões de pessoas, com auxílio das Sociedades Bíblicas Unidas (SBU). Graças aos
esforços dessa aliança global presente em mais de 200 países e territórios, a Bíblia na íntegra
está disponível quase em todo o globo terrestre.
As línguas mudam e se desenvolvem ao longo do tempo. É por isso que as Sociedades da
Bíblia (SBU) também estão empenhadas em revisar
as traduções existentes ou fornecer
“A United Bible Societies (UBS) é uma
novas traduções, quando solicitado, dando às novas rede global de sociedades bíblicas
gerações a chance de se envolver de forma trabalhando em mais de 200 países e
significativa com as Escrituras. Em 2017, isso territórios em todo o mundo que
resultou em 26 novas traduções e revisões, além acreditam que a bíblia é para todos.
Ainda existem muitas pessoas sem
de nove edições de estudo, com potencial para acesso a bíblia em seu idioma”.
atingir mais de 566 milhões de pessoas. 70 milhões
de pessoas surdas usam linguagens de sinais como www.sbb.org.br

"primeira" ou a linguagem de coração. Mas apenas


10% das mais de 400 línguas de sinais que existem possui qualquer Escritura, e as que
possuem alguma porção da Bíblia têm muito pouco dela. Nenhum idioma de sinal tem a
Bíblia completa. A United Bible Societies está trabalhando em estreita colaboração com
vários parceiros internacionais para ajudar a atender as importantes necessidades das
Escrituras deste grupo de pessoas não alcançadas. Cerca de 285 milhões de pessoas são
deficientes visuais, dos quais 40 milhões são cegos. Apenas 44 línguas possuem a Bíblia
completa em Braille, com algumas Escrituras disponíveis em mais de 200 idiomas.
Transcrever e imprimir as Escrituras em Braille é um empreendimento significativo: uma
Bíblia Braille completa consiste em mais de 40 volumes volumosos e custa cerca de US$ 600
para imprimir. Mas apesar do desenvolvimento de áudio e outros formatos eletrônicos
acessíveis, Braille continua a ser o caminho mais popular e efetivo para pessoas cegas se
envolverem com a Bíblia. Em 2017, as Sociedades Bíblicas em 32 países realizaram projetos
de Braille para atender às necessidades das Escrituras de leitores cegos. (Relatório de Acesso das
Escrituras em 2017 United Bible Societies)
18

ANÁLISE SOBRE A QUANTIDADE DE MANUSCRITOS BIBLICOS EM COMPARAÇÃO COM OS


CLÁSSICOS DA LITERATURA AUTORIZAM A AUTENTICIDADE DA BÍBLIA.
Júlio César de Roma; escreveu entre 100 e 44 A.C. O fragmento mais antigo de seus textos
datam de 900 D.C. Uma diferença de mil anos do original. Há apenas 10 manuscritos de sua
autoria sendo que as cópias foram elaboradas mil anos mais tarde. Júlio Cesar de Roma foi
importante político e líder militar romano que desempenhou um importante papel na
transição da república romana para império romano. Em 49 A.C. ele assumiu o comando de
Roma como um ditador. Muito da sua história foi escrito por ele mesmo, campanhas
militares, discurso e cartas; é considerado como um dos maiores comandantes militares da
história. Ele escreveu: Comentários da Guerra Gálica (De Bello Gallica). História da guerra 18
com a grã Bretanha em 50 A.C.
Platão; escreveu entre 427-347 A.C. a cópia mais antiga que temos dele é de 900 D.C., uma
diferença de 1200 anos. Há sete manuscritos de sua autoria. Platão foi um filósofo e
matemático do período clássico da Grécia antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e
fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo
ocidental.
Homero; escreveu a ilíada em 900 A.C. e a cópia mais antiga data de 400 A.C., ou seja, 500
anos depois do original. Ao todo temos 643 manuscritos da ilíada. Homero foi um poeta
épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos
Ilíada e Odisseia. A ilíada trata dos últimos 50 dias da guerra de Troia que teria durado 10
anos aproximadamente em 1200 A.C., conta a história do herói Aquiles. Homero foi autor
também de Odisseu ou Ulisses. Coincidentemente foi mais ou menos nesta época que Josué
entrou na terra de Canaã.
Plínio, o jovem; (Caio Plínio Cecílio Segundo 61-113 D.C.) sobrinho-neto de Plinio o velho. Foi
destacado orador, jurista e governador da Bitínia (111-112 D.C.) atual Anatólia na Turquia.
Estava presente na cidade de Pompéia quando da erupção do vulcão Vesúvio em 79 D.C.
Seus escritos sobre este dia no qual a cidade de Pompeia se afogou em cinzas são o principal
documento escrito sobre a erupção vulcânica que tornou a cidade conhecida mais pelo
desastre que por sua beleza, daí sua relevância. Da sua história restaram apenas sete cópias.
O manuscrito mais antigo destes é datado de 850 D.C., apresenta assim um intervalo de 750
anos entre o manuscrito e a possível data de sua autoria.
Tácito, Publio Cornélio Tácito (56DC a 117DC) foi senador, historiador romano e Consul.
Suas obras “Anais” e “História” tratam dos reinados dos imperadores: Tibério, Claudio, Nero.
Contou a história de Roma de 14 a 70 D.C. Relatou a primeira guerra romana-judaica. Os
“Anais” são os primeiros registros seculares (não Bíblicos) a mencionarem Jesus Cristo em
relação às perseguições de Nero contra os cristãos. Dos seus escritos restaram apenas 2
cópias.
19

O Novo Testamento foi escrito entre 40 – 100 D.C. O manuscrito mais antigo que há é de 125
D.C. uma diferença entre 25 a 50 anos do original. Ao todo há 25 mil manuscritos do novo
testamento. Uma distância do original pequena e abundância de documentos antigos. Foram
encontrados 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento, língua do tempo de Jesus. Há
10 mil manuscritos latinos e 9.300 porções do Novo Testamento que são traduções antigas
do Novo Testamento grego para o latim, siríaco, copta e outras línguas do mediterrâneo. O
mais antigo e extenso é o rolo de Isaías encontrado em Qumran. Mais de 3.100 manuscritos
contém quase todo o texto Bíblico.

19
20

20

Atualmente existem mais de 3 mil manuscritos hebraicos do Antigo Testamento, 8 mil


manuscritos da Vulgata Latina, mais de 1.500 manuscritos da LVII (Septuaginta) e mais de 65
mil cópias da siríaca pesshita – versão em língua siríaca do século II. O Novo Testamento
possui 20 mil vezes mais manuscritos que a média dos autores clássicos da mesma
antiguidade. Comparativamente entre a Bíblia e os escritos clássicos, a Bíblia apresenta
abundância de documentos muitíssimo maior e com fidelidade ao texto original e entre as
cópias de 99% dos originais com uma distância temporal muito pequena entre os originais e
as cópias. Isto colabora na prova de autenticidade da Bíblia ao ser comparado com outros
escritos que foram recebidos pela humanidade como dignos de alguma confiança e que
foram produzidas em períodos tão antigos. A conclusão é que a credibilidade do Novo
Testamento é maior que qualquer outro documento da antiguidade. Podemos distingui-la
em 5 partes:

1– O Antigo Testamento é a preparação do redentor.


2– Os evangelhos dizem respeito da manifestação do redentor.
3– Os atos são a proclamação da mensagem do redentor.
4– As epístolas são a explicação da obra do redentor.
5- Apocalipse é a consumação da obra do redentor.

O Antigo Testamento é composto por 39 livros escritos em hebraico e aramaico. O Novo


Testamento é composto por 27 livros escrito em grego. A Vulgata Latina é a versão antiga em
latim. A (LXII) septuaginta é a versão grega do Antigo Testamento em hebraico.
21

INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO, ILUMINAÇÃO.

A Estreita ligação entre estes três conceitos são necessários para a compreensão das
Escrituras Sagradas. Para o autor do texto Bíblico, veio a revelação, para a Escritura
que ele transmite, veio a inspiração, para o leitor, nas condições de espiritualidade
veio a iluminação. Os profetas e apóstolos foram movidos. Suas Escrituras foram inspiradas,
nós somos iluminados.
Inspiração: Significa soprar para dentro. Deus soprou a sua verdade para dentro do autor
Bíblico humano. Na verdade o que é inspirado não é o autor Bíblico, mas sim o texto das 21
Escrituras, o texto Bíblico (2ª Timóteo 3: 16) Toda a Escritura é inspirada. A palavra utilizada
neste versículo é Theopneustos do grego (Theos= Deus e pneustos= espirito, respiração,
inspiração), expressa que a Escritura é que possui a qualidade de ser a palavra de Deus, e,
portanto autoridade divina. É importante ter em mente que em nossos tempos ninguém é
mais inspirado a produzir algo como a Bíblia, pois ela já foi concluída. Da mesma forma não
temos mais revelações que estão no mesmo nível do texto Bíblico ainda que muitos digam
tê-las. Na verdade o que temos hoje é a iluminação que o Espirito Santo dá aos crentes para
compreender e aplicar o que já foi inspirado e revelado nas páginas da Bíblia. Por isso
devemos ter muito cuidado com inspirações e revelações que muitos afirmam ter fora da
palavra inspirada e revelada que o Senhor já nos deixou. A Bíblia foi inspirada por Deus e
todo o seu conteúdo no que diz respeito ao espiritual e inclusive no que tange ao histórico,
geográfico e arqueológico também são inspirados e tem autoridade divina de um Deus
infalível e refletem a verdade. Mas a Bíblia não é um livro cientifico este não é o seu foco.
Nela se desenvolve o tema da redenção do homem. Inspiração é soprar para dentro, Deus
soprou para dentro do escritor Bíblico a sua verdade. Ele soprou para o homem as suas
ideias. Os escritores foram conduzidos pelo Espirito Santo a registrarem o texto soprado por
Deus. É uma influencia sobrenatural do Espirito Santo sobre os autores Bíblicos garantindo
que o que escreveram era precisamente o que Deus pretendia que eles escrevessem.
INSPIRAÇÃO VERBAL E PLENARIA. É a teoria do cristianismo ortodoxo sobre autoridade da
Bíblia. A palavra plenária significa plena ou repleta e verbal significa: as palavras da Escritura.
Sendo assim a inspiração plenária significa que cada palavra na Bíblia é a própria palavra de
Deus. Não apenas as ideias ou pensamentos são inspirados, mas as próprias palavras.
Embora os escritores retenham a personalidade dos autores individuais (os estilos de Paulo e
de João são diferentes dos demais escritores), as próprias palavras são exatamente o que
Deus quis que escrevessem. Cada palavra é a palavra de Deus inspirada.
A doutrina da inspiração verbal está intimamente ligada com a revelação plenária. As
próprias palavras da Escritura foram inspiradas por Deus. É impossível que a Escritura seja
inspirada em seus ensinos e pensamentos se as palavras nas quais estes ensinos são dados
não são elas mesmas inspiradas e infalíveis. Pode ser necessário adicionar palavras para
conseguir uma tradução competente no seu idioma, mas aqueles que leem devem saber que
22

tais palavras foram adicionadas por homens para ajudar a entender o sentido do texto e não
na realidade falada por Deus, a isto confiamos a inspiração plenária em compatibilidade com
a intenção do texto recebido.
Alguns dos argumentos que apoiam este conceito são:
1 - A inspiração verbal é ensinada nas Escrituras:
Salmo 12:6|Provérbios 30:5 |Apocalipse 22: 18-19| Salmo 50: 17|Salmo 119:30
Exemplos relevantes do fato que as palavras faladas por Deus e que foram escritas como ele
as disse são importantes e que fazem enorme diferença:
22
a) Genesis 17:7: “estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua
descendência...”.
No caso apresentado acima verificamos que se a palavra descendência estivesse no
plural a profecia não seria uma profecia sobre Cristo.
Veja a explicação de Paulo em Gálatas 3: 16: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão
e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como
de uma só: E à tua descendência, que é Cristo”.

Infelizmente vamos encontrar esta discrepância na versão da Bíblia NVI que em Gênesis 17:7
utilizou a palavra descendências, ou seja, no plural e não como disse o apostolo Paulo que
deveria ser no singular.

b) Jeremias 30:2 – “Escreve num livro todas as palavras que te tenho falado”.
c) Jeremias 42: 1-9 “não ocultarei a palavra que Deus falar”... Assim disse o
Senhor; ou: Tudo o que o SENHOR vos responder, eu vo-lo declararei; não vos
ocultarei nada... E lhes disse: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel,
d) Êxodo 14:1 \ Isaias 43:1 \ Ezequiel 1:3 – a expressão: assim disse o Senhor.
Esta expressão e similares aparecem na Bíblia mais de 3.800 vezes. É uma frase
direta, Deus está falando ao homem que as escreveu.

Isto pode ser confirmado pela declaração do apóstolo em 2ª Pedro 1: 21: ”Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
(e escreveram) inspirados pelo Espírito Santo”. Trata-se do que está na Bíblia, aquilo que
contém na Escritura. O que os homens de Deus falaram é justamente aquele texto que nós
lemos e que está escrito na sua Bíblia, é este texto falado e escrito que é inspirado por Deus.
23

2 - O TABERNÁCULO
A concepção do tabernáculo reflete os pensamentos de Deus; fala-nos da glória dos céus da
cidade de ouro e da nova Jerusalém. Este assunto pode nos ajudar a entender um pouco
mais sobre a inspiração verbal e plenária das Escrituras Sagradas.
Conforme Hebreus 9: 23-24 “... as coisas do tabernáculo são figuras das coisas dos céus”. E
qual o elemento central dos céus? Ali toda riqueza e glória estão reunidas em Jesus Cristo.
Ele é o centro dos pensamentos e propósitos do Pai. Cada aspecto do tabernáculo revela um
aspecto da pessoa de Jesus. A Bíblia é a palavra de Deus. Deus inspirou os homens, soprou-
lhes o que deveriam escrever. Assim se originou as Escrituras, o próprio Deus no-la deu.
23
A descrição do templo no começo da Bíblia, no livro do Êxodo é um quadro poderoso e vivo
de uma construção que revela os pensamentos de Deus. Cada detalhe tem o seu significado
e podemos encontrar na Palavra de Deus, pois a Escritura se explica por si só. Esta casa não
podia ser construída segundo as ideias humanas. Deveria ser edificado por que Deus tinha
este desejo - Êxodo 25:8: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. Deus
mesmo mostrou o modelo a Moisés e fizeram tudo segundo o Senhor tinha ordenado. Êxodo
24:8 “E Moisés entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte; e Moisés esteve no
monte quarenta dias e quarenta noites”. Em Êxodo, nos capítulos 39 e 40 Deus orientou
como deveria ser executada cada parte do tabernáculo. O tabernáculo seria algo que homem
algum teria imaginado. O tabernáculo com seus utensílios, regras e rituais foram ditados por
Deus e registrados por Moisés.

3- Os dez mandamentos

O decálogo foi escrito pelo próprio Deus em cooperação com Moisés.


Êxodo 20:1 Então, falou Deus todas estas palavras, Moisés escreveu.
Êxodo 24:4 Moisés escreveu todas as palavras do Senhor
Êxodo 34:1-4 Então, disse o SENHOR a Moisés: Lavra-te duas tábuas de pedra, como
as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas
primeiras tábuas, que tu quebraste... E Moisés fez como o SENHOR lhe tinha ordenado

Por isso notamos que as palavras registradas no livro do Êxodo e que foram dadas por Deus
para Moisés, descrevendo o tabernáculo, revelam o plano de Deus para redenção da
humanidade, através dos rituais que revelam Jesus e o sacrifício na cruz, o sacerdócio e o
holocausto, o lugar santo e o altar de bronze e também a arca da aliança. Isto foi tudo
plenamente revelado no Novo Testamento.
Assim cada orientação dada por Deus a Moisés foi seguida e realizada exatamente como
Deus disse e o que ele disse ficou escrito como herança para nós. Desta forma, todo o
24

significado que Deus pretendia que fosse conhecido através dos detalhes da construção do
tabernáculo pode ser compreendido plenamente na ótica do Novo Testamento que traz a
plenitude dos tempos e põe em prática o plano da salvação através de Cristo. Deus falou e
Moisés escreveu o que Deus falou, verbal e plenamente. Podemos notar que tanto na
narrativa do Êxodo há um fundo histórico (saída do Egito, andança no deserto, entrada em
Canaã) como também no Novo Testamento há uma herança histórica secular que deu inicio
com o nascimento do esperado redentor no cenário social, politico e geográfico do império
romano.
Precisamos ouvir cuidadosamente o que Deus diz, pois cada palavra de Deus é pura.
Salmo 12:6 “As palavras do SENHOR são palavras puras como prata refinada em forno de 24
barro e purificada sete vezes”.

Sabemos que há partes da Escritura em que Deus ditou as palavras, mas nem toda a
Escritura foi elaborada desta maneira.

A inspiração não é um ditado.


Vemos isto no tratado escrito por Lucas. No inicio de seus escritos ele afirma que o que ele
escreve é fruto de muita pesquisa. Lucas 1:1-4; (3) “havendo-me já informado
minuciosamente de tudo desde o princípio”.
O mesmo acontecendo com o livro de Atos que tem como autor também este discípulo. Ele
realizou pesquisa detalhada sobre os fatos narrados em seus escritos. Possivelmente e em
outras ocasiões ele mesmo esteve presente nas narrativas do livro de Atos (Atos 1:1\Lucas
1:3) Embora Lucas não seja citado por nome em Atos, certos trechos usam os pronomes
“nós”, “nosso” e “nos”, indicando que ele participou em alguns eventos narrados no livro.
Ao descrever a rota seguida por Paulo e seus companheiros na Ásia Menor, Lucas diz: “[Eles]
deixaram Mísia de lado e desceram a Trôade.” Foi em Trôade que Paulo teve a visão de um
macedônio que fez o apelo: “Passa à Macedônia e ajuda-nos.” Lucas acrescenta: “Assim que
ele viu a visão, [nós] procuramos passar à Macedônia.” (Atos 16:8-10) A mudança de “eles”
para “nós” sugere que Lucas se juntou ao grupo de Paulo em Trôade.
Em seguida, Lucas descreve a atividade de pregação em Filipos na primeira pessoa do plural,
indicando sua participação nela. “No dia de sábado”, escreve, “fomos para fora do portão,
para junto dum rio, onde pensávamos haver um lugar de oração; e assentamo-nos e
começamos a falar às mulheres que se haviam reunido”. Como resultado, Lídia e todos os
membros de sua família aceitaram as boas novas e foram batizados. — Atos 16: 11-15.
Verificamos ainda sua participação (a de Lucas) em outras ocasiões como em 2ª Timóteo 4:
6, 11. “Só Lucas está comigo”. Podemos verificar, tendo em vista o que acabamos de
observar que o ditado verbal pode explicar certas porções da Escritura, mas não toda ela ou
a sua maioria. No entanto o Espirito Santo impediu erros doutrinários.
25

A história Bíblica da redenção de Gênesis ao Apocalipse é contada com a história humana


como pano de fundo, a doutrina é tecida dentro da história. Não podemos dizer que a
história é imprecisa e afirmar que contem um núcleo de verdades doutrinárias, mas ambos
são verdade. A ideia correta do cristianismo ortodoxo é a inspiração verbal e plenária das
Escrituras
Iluminação; é para os crentes descobrirem as grandes verdades reveladas por Deus em sua
palavra e aplicação para as suas vidas. Isso é um ato contínuo que se findará apenas no
concluir da história da igreja na terra. É a capacidade intelectual de compreender o que foi
inspirado e revelado nas Escrituras. A obra redentora do Espirito Santo não se limitou ao 25
espaço – tempo da obra apostólica, foi nos deixada uma herança histórico-profético que
lançou a base doutrinária que é retransmitida ao mundo com o aperfeiçoamento da igreja
para cada momento histórico.
Revelação; significa tirar o véu e mostrar algo que estava encoberto. A Bíblia é um mistério
para o homem a ser revelado sempre, e o mesmo Espirito que inspirou revela, tira o véu.
Revelação é o conteúdo registrado pela inspiração. O propósito da Bíblia é trazer a auto
revelação de Deus aos homens. O propósito é falar de Deus, revelar a si mesmo, porém não
nos é algo completo e não tem todo o conhecimento de Deus, mas o Espirito Santo nos traz
este conhecimento. Jesus é a chave para este conhecimento e compreensão, pois ele rasgou
o véu da separação. Ele é a Palavra de Deus a ser revelada na Bíblia. Jesus é a maior
revelação de Deus e a finalidade da revelação é tornar Deus conhecido.

O Verbo de Deus
O único Deus, sem imagem aloja-se na Escritura para garantir seu reconhecimento, pois a
Escritura tornou-se a presença de Deus, num estado ao mesmo tempo sensível e não
sensível (Sua Teofania escrita). Aparente ou não aparente, manifesto ou não manifesto, mas
onipresente e sabedor de que está sendo consultado, e lido e pensado – possível apenas ao
Espírito Onisciente. Para os povos politeístas que circundavam os hebreus era a figura ou
imagem que era sagrada; para os hebreus eram a Torá e as suas Escrituras que eram
sagradas e que sustentavam a tradição e que traduziam o Deus invisível e simultaneamente
traziam a presença de Deus para o homem que a estava lendo. O leitor se tornaria então
uma espécie de portador que se coloca sob a influência da presença divina (era iluminado)
ao estar frente aos escritos sagrados, seu poder e sucesso estavam relacionados em manter
contato diário com a escrita e aplica-la na condução da sua vida diária. Foi assim que o autor
da Torá ensinou a Moisés e a Josué: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes,
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está
escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te
conduzirás” (Josué 1:8).
26

“quando Deus deu todos estes mandamentos, e o sangue sela a aliança os que estavam
escritos no livro da Lei de Deus” (Êxodo 24:7-8).
A iluminura, ou por analogia o Verbo encarnado – um Deus paradoxal que é verbo e
imagem simultaneamente – que glorifica a Palavra divina e é também didática. Consegue
fazer com que o texto encarnasse em imagem, num tipo de imagem que já não podia mais
ser expulsa do Livro Sagrado, pois havia adquirido o poder de fazer a Escritura manifestar-se
por meio dela. O que estaria sendo visto seria a própria Palavra divina, já que a manifestação
visível do Deus cristão coincidia com o Verbo.
É importante notar que a arca da aliança no Antigo Testamento continha as duas tábuas do
Decálogo, os Dez Mandamentos que são a Lei de Deus no qual se fez aliança; um ômer (3,6 26
litros) de maná e a vara de Arão que floresceu manifestando seu sacerdócio divino (Êxodo
25:16 /Êxodo 16:32-33 - João 6:50-51 /Num 17:7-8). A arca da aliança com tudo o que ela
guardava em si mesma era a representação visível da presença de Deus, a arca é figura do
futuro Verbo encarnado, o Cristo, que se tornou ele mesmo a palavra, o pão do céu e o
sacerdócio eterno. Cristo é a representação visível da presença de Deus, não é somente a
manifestação do Verbo vivo, mas de uma nova, melhor e definitiva aliança eterna entre Deus
e os homens feito nele mesmo o filho de Deus (Hebreus 9:14).
No entanto, não podemos nos esquecer de que essa escrita visual foi legitimada por um
argumento irrefutável e paradoxal. O paradoxo se resume em atribuir à imagem, que é o
Cristo encarnado, o poder de salvação quando inicialmente para os judeus toda imagem foi
definida como caminho para a perdição (João 19:7 – se fez como Deus é, a sua imagem –
compare com Salmo 82:6 e João 10:34-38). A encarnação da palavra expunha que a imagem
cristã fosse ao mesmo tempo, o único caminho didático para se chegar à Verdade e a
salvação. A imagem cristã era um enigma que podia ser interpretado à luz das Escrituras,
profecias e a iluminação divina como sendo o Verbo encarnado.
A palavra escrita dos hebreus revelava significados por meio de analogias em cadeia, através
da sua história, personagens, tradições e Leis. A partir de uma imagem associada a uma
narrativa Bíblica que remetia a outra imagem, associada a outra narrativa Bíblica até que
tudo estivesse pronto para a compreensão de quem era o verbo e não apenas do que era
aquilo, o que estava escrito. Desse modo o sentido de leitura ia sendo traçado mediante
uma teia labiríntica de inter-relações que envolviam imagens e textos, até que a plenitude
dos tempos tivesse chegado para os homens reconhecerem, terem contato de fato com a
pessoa que eles estavam lendo nos escritos. A Escritura se tornou imagem real e verdadeira,
o cumprimento profético foi a encarnação de Deus-palavra (Dei Verbum) em homem, o
Senhor Jesus – o Cristo. Não era algo, mas alguém, não se tratava mais do que, mas de
quem. Isto revela entre muitas outras coisas maravilhosas, a didática de Deus para ensinar
seus filhos e a de Jesus aos seus discípulos, as parábolas (Hebreus 1:1/1ªJoão 1:1-3).
A alegoria determinava um método de apreensão de conhecimento, foi este o significado
sagrado do tabernáculo e dos utensílios e dos sacrifícios no Antigo Testamento sob a antiga
27

aliança. Era um labirinto para o mundo, mas para o cristão, a única maneira pela qual o
homem poderia entender os mistérios da Palavra divina, um método para dar autenticidade,
pois as explicações diretas, claras e transparentes embora existam em abundancia, por si
mesmas incorreria numa explicação superficial, seria necessário ser um iniciado ou receber a
iluminação divina para poder entender que as representações do passado seriam todas
encarnadas na pessoa do Verbo de Deus.
A parábola é uma história ou metáfora usada para ensinar verdades complexas; existem
conceitos difíceis de entender ou de explicar, mas dentro de uma história, um conceito tem
uma aplicação prática e se torna mais fácil de entender. Jesus usava este método das
parábolas para ensinar o evangelho, revelando assim verdades profundas. (Mates 13:3) Tem- 27
se dito que uma parábola é uma história terrena com um significado celestial. Sugiro uma
meditação nos lindos versículos registrados em Mateus 13:33-34 consoantes com o Salmos
78:1-7. Assim nos tempos mais antigos, tudo o que foi escrito anunciava profético do que
viria a ser, uma grande parábola sobre Cristo e a salvação, tecida na história do povo judeu.
Em João 1:1 lemos: “O Verbo se fez carne”. Imaginemos em acrescentar ‘em Belém’, apenas
didaticamente. Neste caso poderíamos ter em nossas Bíblias a seguinte frase: “O Verbo se
fez carne em Belém”, melhorando assim a identificação e construção da nossa fé em quem
realmente é o Verbo de Deus. Ainda que não seja assim que está escrito sabemos pelas
Escrituras que o Verbo de Deus nasceu como homem na cidade de Belém conforme
profetizado, o Cristo, a própria palavra de Deus.

É Deus quem revela


Deus revela Deus. A melhor fonte de conhecimento sobre Deus é Ele mesmo.
(Apocalipse 3: 6,22\2:7, 29\1ª Timóteo 4:1\João 1:8\6:44-46\Isaías 54:13\Mateus11:27).
O cristianismo é a única religião revelada por Deus, pois o cristianismo provém do Deus
cristão, que revelou ao mundo o mistério oculto que é Cristo, este mesmo trouxe a palavra
de Deus aos homens, o evangelho (1ª Coríntios 3: 23). Deus revela Jesus, Jesus revela Deus o
Pai e o Espirito Santo este por sua vez revela o Pai e o Filho. Jesus revela que o Espirito Santo
vem de Deus; revelados na consciência de que há Deus, na natureza e nas Escrituras. O
mistério da encarnação do verbo é o mistério da união do divino com o humano Jesus Cristo.
Jesus é o verbo oculto em Deus – Dei verbum (Deus palavra)– Jesus Cristo é o mistério que esteve
oculto em Deus. (Efésios3:9\Colossenses1:26-28\2:2-3) Participante da criação
(Genesis 1:26\ Colossenses 1:16-17). Mistério este que no evangelho tornou conhecido ao
homem a salvação que há em Cristo. O evangelho possui o poder de Deus para a salvação
(Romanos 1: 16-17), pois o mesmo evangelho que fala de Jesus é aquele que salva. A palavra
de Deus descortinada por Cristo está contida no evangelho. Cristo é a chave hermenêutica
das Escrituras, seu centro e domínio. Por tanto a salvação está no evangelho de Jesus que
28

verdadeiramente salva pela pregação da sua palavra e a sua palavra está no evangelho, o
evangelho por tanto se torna um com Cristo para todos os séculos.
O evangelho é:
 A palavra de Deus (Mateus 13:19 / Lucas 5:1)
 A palavra do Senhor Jesus anunciada (Atos 8:25)
 A palavra do Senhor, anunciado e glorificado (Atos 13:48-49)
 A palavra do Senhor Jesus acompanhado pelos milagres (Atos 19:10-12)
 A palavra da cruz é o poder de Deus (1ª Coríntios 1:18 )
 Jesus é o mistério da piedade revelado pelos evangelhos (1ª Timóteo 3:16\João 1:14\1:1)
 O mistério de Deus é Cristo (Colossenses. 2:2-3)
28

A eterna Palavra de Deus escolheu essência e existência humana.


Karl Barth

A palavra de Deus descortinada por Cristo não designa apenas um documento escrito, mas
sim uma palavra não escrita, porém anunciada (Rhema). Aquilo que foi primeiro anunciado
depois foi registrado (Jeremias 1:14 \Ezequiel 1:3). Primeiro veio a palavra, mais tarde o
registro. Jesus descortina ou tira o véu na medida em que aquilo que foi anunciado vai tendo
seu cumprimento, anuncio este proclamado antes de o mundo existir, oculto em Deus.
“No entanto, a voz do céu se espalha pelo mundo inteiro, e as suas palavras
alcançam a terra toda”. Salmos 19:4 NTLH.
Revelação, a princípio repassada de forma oral, depois, registrada com os recursos próprios
da época. Proclamar o evangelho é anunciar o que Jesus revelou, é o que ele disse. Deus zela
pelas suas palavras (Isaias 55:11) e Deus fará ter efeito tudo o que Jesus falou. É o que Jesus
realizou que revela a Deus. (Isaias 40:8 \Mat.24:35 \26:54 \1ª Pedro 1:25)
“Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós
foi evangelizada “1ª Pedro 1:25. (esta palavra que foi evangelizada é a mesma que está
escrita no Novo Testamento que você lê em sua Bíblia e proclamada no mundo todo).
Nas Escrituras Sagradas o leitor recebe a verdade que o Espirito Santo originalmente
comunicou aos profetas e apóstolos; assim como através do encanamento recebemos a água
que está armazenada na montanha (Atos 1:16\ 2ª Pedro 1:21) recebemos a palavra divina
que vem do Espirito Santo de Deus pelos escritores inspirados e guiados por Deus; é uma
manifestação divina através dos servos de Deus escolhidos para fazer o registro escrito.
29

Como na natureza há uma manifestação imediata de Deus, (Romanos 1:20) há na


consciência do homem, que o faz perceber que há Deus, a mesma manifestação (1ªCorintios
5:11). Uma manifestação imediata de Deus nas suas obras é aquilo que Deus faz e o que
Jesus fez manifestou Deus aos homens (João 14:11). Talvez encontremos toda esta verdade
reunida em um único capítulo da Bíblia, no salmo 19 que narra a grandiosidade da natureza
criada por Deus, da grandiosidade das suas obras (Romanos 1:20 Atos 17:25-28\ João 14:11).
Assim também nas Escrituras há uma manifestação imediata de Deus, uma manifestação de
Deus direta nas Escrituras Sagradas. (1ª Coríntios 2:9-10). A consciência deve ser confrontada
com as Escrituras, as revelações, dogmas, e doutrinas devem passar pelo critério do que nela
está contido como norma de base fiel. As Escrituras ligam o “ser” direto na fonte manancial
29
de Deus; é no Espirito Santo e nas
Escrituras que está a revelação direta de
Quanto mais a civilização avance, mais será
Deus. O padrão de infalibilidade está nas
empregada a Bíblia”. Immanuel Kant)
Escrituras, pois ela reflete a mente de
Deus.
A palavra Cânon significa medida ou padrão; o humano pode então utilizar o cânon
para avaliar a sua vida, circunstâncias e decisões. A consciência pode medir-se através do
padrão de Deus na sua palavra (1ª coríntios 2:9-12 \ 2ª Pedro 1:20-21 Efésios 6:17). A
revelação imediata sobre Deus contida nas Escrituras
é o que o Espirito Santo diz sobre Ele (sobre Deus).
São os pensamentos de Deus que estão escritos, Canon ou cânone do grego Kaneh
ainda que parcialmente. (1ªCorintios 2:16\Isaias tem sua origem na palavra Grega
40:13\Apocalipse 3:22) A maior autoridade para o kanon (kaneh em hebraico), que
significava originalmente “cana de
homem é a verdade de Cristo contida na literatura
medir”. Era um padrão, uma
cristã. Cristo é a verdade em todos os aspectos, pois unidade de medida, por extensão
ele é a maior revelação de Deus: metafórica a cana era usada para
medir, como nosso metro, uma
Na razão humana. régua. Assim, “Cânon”, aplicado às
Escrituras, significa o “padrão” ou o
Na natureza, inclui o homem. “critério” para que alguém possa
julgar se um ensino é de Deus ou
Na história geral e no cristianismo.
não.
No desenvolvimento das Escrituras.
Embora a linguagem humana não seja em si mesma
uma barreira para a comunicação das Escrituras tanto uma como a outra não esgotam o
autor das Sagradas Escrituras em sua magnificência, majestade, propósitos e decretos que
são de eternidade em eternidade, pois Deus é muito mais sublime que as Escrituras
Sagradas, capaz de superar as dificuldades da linguagem em qualquer tempo sendo Ele
mesmo seu autor (Hebreus 7:26). A autoridade da razão geral e da Bíblia é correlata, pois
ambas vem da mesma providência divina. Este ponto nos capacita a entender o papel das
Escrituras na religião. A Escritura é a autoridade da religião. Já que a Escritura é uma espécie
30

de extensão do pensamento de Deus, da sua mente, da sua natureza e revelação, compêndio


dos seus princípios, encarnação da sua vontade e pensamentos devemos dar a ela lugar
privilegiado na vida e na religião. Por tanto nenhum ritual poderá ser mais importante ou
poderoso do que a Bíblia. As Escrituras enquanto revelação divina e compêndio de seus
princípios e pensamentos não dizem respeito a sua totalidade ao infinito, não esgota a
pessoa sublime de Deus.
Os pensamentos de Deus estão contidos na sua palavra escrita, embora não em sua
totalidade ao infinito, os quais o Espirito Santo interpreta, revela, descortina, explica, ensina,
guia. Deus quis se fazer conhecido ao homem dentro da possibilidade do próprio homem Ele
revelou seus pensamentos e projetos para a humanidade e um dos meios pelos quais fez isto 30
foi através da Bíblia Sagrada, vemos essa possibilidade e realidade na própria escritura nas
declarações em Amós 3:7 / 4:13 e 1º Coríntios 2:10. No livro de Apocalipse 1:17-20, quem dá
a ordem para que se “escreva” para as igrejas é Jesus. Porém, nos capítulos 2:29 e 3:22,
declara que é o Espirito Santo quem “diz” quais são as “palavras” de Cristo que devem ser
“escritas” por João para as igrejas, todas elas. João recebeu diretamente da fonte, o Espirito
Santo, que transmitiu todas as palavras que Jesus, o cabeça da igreja, queria fazer
conhecidas às sete igrejas da Ásia (João 16:12-15). Deus constitui a base de todas as coisas
materiais; todas as doutrinas da Bíblia tem sua razão na mesma natureza divina. As Escrituras
tem o mesmo autor que a natureza tem. O cristianismo não contraria a natureza, mas revela
de maneira mais perfeita a verdade que nela está contida. (Romanos 1:18-20\Gêneses 1:1-2)
O sobrenatural é para Deus natural. Por tanto revelação é desvendar, o descobrimento
daquilo que já existia e exclui a ideia de novidade, de invenção e de criação. A religião
terrena revelada é a religião natural do céu. (Apocalipse 13:8- “desde antes do mundo”) A
cruz já existia desde a eternidade, a expiação é um fato revelado no ser divino.
Para todos os outros escritos que tomam para si mesmo autoria divina que é exclusiva da
Bíblia a qual não pertence a nenhum outro se não ao Pai de Jesus Cristo, fica uma pergunta
para ser respondida: Qual o sentido de uma revelação que não revela nada? Qualquer escrito
que se diga divino à parte da Bíblia com certeza não pertence ao Deus dos hebreus e Pai do
Senhor Jesus Cristo; não teve inspiração do Espirito Santo e por tanto não pode ser
considerado nem cristão nem divino já que não há outro Deus fora do Deus cristão.
“Qualquer outro escritor que declare ter ele mesmo sido inspirado pelo Deus dos
hebreus e Pai de Jesus Cristo, que afirme ter escrito algo canônico com o mesmo valor e
autoridade que a Bíblia, sendo cristão ou não, declarando-se convertido a Cristo ou não, e
que reconhece a Bíblia como único escrito inspirado por esse mesmo Deus não deve ser nem
mesmo lido ou crido” (O autor).
A fé inclui a razão e esta na sua mais elevada forma. Não se deve ignorar a necessidade de
um sentimento santo como testemunho da reverência humana diante do criador. No
entanto a verdade divina é um mistério (Efésios 3:18-19) e ultrapassar o pleno conhecimento
é somente com ajuda do Espirito Santo (João 16:13). O Espirito Santo somente dá
31

testemunho da verdade contida nos escritos onde Deus é o autor, ele não serviria de falso
testemunho em um escrito que em nada tem com a revelação divina. A escala de
iluminação e testemunho espiritual perfeita é: A vida unificada, a vida purificadora, a vida
iluminativa.
A espada do Espirito é a palavra de Deus (Efésios 6:17) não é outra palavra mas uma em
especifico a que vem de Deus cujo autor é Ele próprio contida na Bíblia. O Espirito Santo
opera através da verdade exteriormente, na natureza, no mundo ao seu redor, na
Escritura; é por meio desta verdade que ele age, a verdade contida na Escritura Sagrada e
por meio de nenhuma outra palavra (Romanos 1:20\ Atos 7:51, 55-57). A palavra de Deus
existiu antes que fosse escrita e por aquela palavra os primeiros discípulos e posteriores 31
foram gerados (1ª Pedro 1:23/ Apocalipse 3:22) foram regenerados pela palavra da vida.
O que está escrito agora foi primeiro falado pelo Espirito Santo (1ª Reis 17:24/2ª Coríntios
13:8). A igreja é proclamadora da verdade, eleita por Deus para reter a palavra da vida
especificada sobre esta verdade (1ª Timóteo 3:15\Filip. 2:6). A fé por sua vez deve estar
fundamentada na palavra de Deus e não na igreja ou na religião. Se a igreja for boa a
sua fé deve ser testada pela palavra de Deus e não a palavra de Deus ser testada pela
palavra da igreja, nem ainda a minha fé. O poder está na mensagem por que ela vem de
Cristo, vem de quem tem poder para tornar a mensagem poderosa, está pessoa é o
Espirito Santo. A mensagem já era
verdadeira e poderosa antes de ser “É minha fé na Bíblia que me serviu
escrita e continuou assim depois de de guia em minha vida moral e
escrito. (Efésios 6:19) Até mesmo Jesus literária”. Immanuel Kant
deu crédito as Escrituras explicando
como ela falava dele mesmo (Lucas
24:25-27,32).
Quando não há uma firme convicção produzindo um pleno reconhecimento da verdade de
Deus o resultado pode ser (fé) no erro com consequências em atitudes homologas (2ª
Tessalonicenses 2:11-12). Os que não se importam com a verdade contida nas Escrituras nem
amam estas palavras ou não a retiveram serão entregues ao engano as fantasias religiosas e
os sinais falsos (Romanos 1:24, 32\ 2ª Tessalonicenses 2:9-12) Talvez por isso tantos tenham
seguido falsos profetas. A riqueza de Cristo está escrita no evangelho (Colossenses 2:3\1:27\
Efésios 3:8) A esperança dos céus e a palavra da verdade está no evangelho (Colossenses
1:5). Estas advertências são para nos manter sóbrios livres e firmes na fé que recebemos de
Jesus Cristo (Colossenses 2:4) e para não sermos enganados com palavras persuasivas.

Notas adicionais sobre a Bíblia.


A primeira Bíblia impressa foi produzida em 23 de fevereiro de 1.455 por Johannes
Gutemberg, alemão nascido no ano de 1.395, morto em 1.468. A Bíblia foi o primeiro livro
impresso por Gutemberg, o primeiro livro impresso com método revolucionário tipográfico,
32

com tipos metálicos. A impressão da Bíblia é considerada um momento revolucionário da


história humana, permitindo a popularização do conhecimento. Foram impressos 180
exemplares, mas restam apenas cerca de 50 exemplares espalhados pelo mundo. Existem
apenas 12 exemplares conservados em pergaminhos, apenas 4 estão inteiros e apenas uma
cópia impressa em papel está bem conservada. A Bíblia de Gutemberg é uma versão da
Vulgata Latina, tradução da Bíblia para o latim. Uma cópia completa da Bíblia de Gutemberg
contém 1.282 páginas de 42 linhas cada. Foram utilizados cerca de 3 milhões de caracteres.
Depois de impressos foram ilustrados a mão e foram encadernados em dois volumes. Vinte
operários colaboraram com a obra. No ano de 2019 completou aniversário de 564 anos da
primeira Bíblia impressa. A única cópia impressa que existe foi produzida em papel é do ano
32
de 1.456. Atualmente todos podem consultar via internet a Bíblia de Gutemberg através do
site da Biblioteca Digital Mundial que digitalizou toda esta obra.
Imagens de uma Bíblia de Gutemberg

O processo de preservação, conservação e transmissão das Escrituras são claramente um


desejo divino expresso pelo próprio Deus, autor das Escrituras. Deus intimou e ordenou aos
israelitas que guardassem no coração e preservassem na mente, na memória e que
transmitissem as futuras gerações como bem podemos verificar em Deuteronômio 6:4-9. O
povo deveria ouvir e manter contato com as suas palavras (as de Deus) e para isto deu Deus
mandamentos e fez promessas de grande valor. A tradição preservada da torá era
hereditária, passada de forma oral e a torá escrita, representada pela caixinha de couro
conhecidos como “Tefelins” que contém pergaminhos onde estão escritos quatro trechos da
torá. A palavra tefelin significa “prece”. No grego PHYLACTERION, filactério, que significa
“fortificação”, “proteção”, o que explica o uso destes objetos como amuleto. O conteúdo era
33

a Torá que é traduzido como “Lei”, porém podemos falar em guia, instrução, ensinamento.
Podemos verificar esta poderosa influencia da tradição nos escritos dos Salmos 119:105-111.

33

Imagens do tefelin, para ser usada na testa e na mão e amarrado ao braço esquerdo, o do coração.

O povo deveria ter contato diário com os ensinamentos, recita-los aos seus
descendentes, orar por estas palavras e preserva-las, amando-as de coração e mente
(Deuteronômio 6:4-9). A obediência a este mandamento é a tradição e fé viva dos mortos. A
promessa de Deus continua preservando a Escritura e o seu conteúdo de geração em
geração, pois o seu autor é zeloso do seu nome, das suas palavras e do seu registro (Isaias
34:16\Êxodo 34:14\Salmos 119:130). Deus incumbiu os homens para um esforço de
preservação das suas palavras. Os manuscritos e cópias das Escrituras desde tempos
imemoriais são a continuidade deste cuidado de Deus pelos séculos preservados e
exaustivamente mais examinados e estudados em todo o mundo em todos os tempos.
A Septuaginta (LXII) ou versão dos setenta.
É a primeira e mais antiga tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego. Foi
produzido por ordem do rei (faraó) Ptolomeu II Filadelfo, na cidade de Alexandria no Egito
em 280 A.C. Conhecida como a versão dos setenta. Segundo a tradição, o rei egípcio
Ptolomeu II Filadelfo, (309 A.C. - 246 A.C.) era filho de Ptolomeu I Sóter. Sóter foi um dos 4
generais do conquistador macedônio Alexandre o Grande, rei da Grécia que morreu com
apenas 33 anos (356 A.C. – 323 A.C.). Ptolomeu II Filadelfo casou-se com Arsione I, a filha de
Lisímaco, outro dos 4 generais de Alexandre o grande. A importância dos 4 generais de
Alexandre o Grande está relacionada com a profecia de Daniel 8:1-22, especialmente versos
8,20-22, sendo os mesmos 4 generais representados pelo 4 chifres do bode peludo da
profecia do livro de Daniel.
Flavio Josefo, historiador judeu do primeiro século, cita o rei Ptolomeu II como Tolomeu
Filadelfo. Descreve também as sua generosidade e de como libertou 120 mil judeus
escravizados pelo seu pai, Ptolomeu I Sóter, e também da sua sede de conhecimento, que o
levou a construir a grande biblioteca de Alexandria. Mandou fazer cópias originais e
traduzidas das Leis santas dos Judeus. Contribuiu com muitas peças para o templo de
Jerusalém e admirou-se pelas leis que os Judeus tinham, fazendo indagações sobre como
34

foram criadas. Aceitando a solicitação do faraó Ptolomeu II Filadelfo, o sacerdote judeu


Eleazar nomeou 72 eruditos judeus que foram enviados para a ilha de Faros em Alexandria
no Egito onde realizaram a tradução em 72 dias. Ao final dos trabalhos verificaram que seus
escritos eram idênticos. Foram enviados 6 eruditos de cada uma das doze tribos de Israel
para levar a cabo a solicitação do faraó. Esta tradução facilitou a leitura da Bíblia pelos
judeus da cultura grega que viviam longe de Jerusalém. O trabalho foi realizado no Egito. É a
primeira versão da Bíblia no idioma grego e serviu de base para muitas das traduções que
temos hoje. A versão LXX foi perdida restando apenas alguns fragmentos. Os mais antigos
códices da LXX (Vaticanus e Sinaíticus) datam do século IV.
Uma versão posterior da lenda, narrada por Fílon de Alexandria, afirma que apesar de os 34
tradutores terem sido mantidos em salas separadas, todos eles produziram versões idênticas
do texto em setenta e dois dias. Apesar de esse relato ser historicamente implausível, sua
redação traz à tona o desejo dos sábios judeus da época de apresentar a tradução como
divinamente inspirada. A Septuaginta tem seu nome vindo do latim:
Interpretatio septuaginta virorum, "tradução dos setenta”
35

35
36

36

Estátua de Ptolomeu II recuperada do mar, atualmente junto da nova biblioteca de Alexandria.

“Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai o que puderdes deste livro pelo
raciocínio e o resto pela fé, e, vivereis e morrereis um homem melhor”.
(Abraham Lincoln)
37

37

Inaugurada em meados de 2002, A Nova Biblioteca de Alexandria foi projetada por um jovem escritório de
arquitetura norueguês chamado Snøhetta, que trouxe do passado a ideia de criar um grande centro cultural
para a humanidade.

Interior da nova biblioteca de Alexandria.

“A bíblia não é um livro simplesmente; é um Ser vivo que tem o poder de conquistar os
seus adversários”. (Napoleão Bonaparte)
38

38

A Antiga Biblioteca de Alexandria foi fundada no quarto século, quando a cidade estava sob o domínio dos
gregos e tornou-se um dos maiores centros culturais da história antiga, com cerca de 700 mil manuscritos
que tinham como objetivo preservar a cultura da época. Frequentada por grandes gênios como Arquimedes.
Uma perda irreparável para a história da humanidade.

CODEX – CÓDICE – LIVRO


Códice ou códex do latim, que significa livro ou bloco. São documentos manuscritos ou
impressos tanto em pergaminho, papel ou madeira encadernados em forma de livro. Alguns
manuscritos foram gravados em blocos de
Estes são os grandes códices que
madeira e também encadernados, outros em
sobreviveram até os dias atuais:
uma espécie de velino, um couro bem fino como
papel e outros materiais que foram sendo Códex Vaticanus 325-350 D.C.

popularizados com o passar dos anos. O códex foi Códex Sinaíticus 330-360 D.C.
muito utilizado a partir de antes do século V e até Códex Alexandrinus 400-44- D.C.
o século XV e foi uma forma eficiente de Códex Ephiraem Rescriptus 450 D.C.
preservar e transmitir o texto sagrado. São
quatro os códices unciais que contem o texto Manuscritos do Novo Testamento
Grego em letras maiúsculas (ou unciais) são
completo do Antigo Testamento e do Novo manuscritos em caracteres maiúsculos,
Testamento da Bíblia em grego. escritos em velino e pergaminho, entre o
século III e o século XI. Existem cerca de 320
Embora descobertos em épocas e lugares Unciais
diferentes os quatro códex compartilham muitas
similaridades entre si. Foram escritos em letras maiúsculas e sem espaço entre as letras e
39

sem espaço entre as palavras. Ainda poderíamos citar o código de Aleppo como um dos mais
importantes, antigos e completo manuscrito da Bíblia hebraica que inclui quase toda a Torá,
é datado de 930 D.C. Considera-se um manuscrito de maior autoridade massoreta que
segundo a tradição foram preservadas de geração em geração, é visto como fonte original
para o texto Bíblico e os rituais judaicos. Uma transcrição de um manuscrito é a cópia mais
exata possível, reproduzindo seu texto exato letra por letra. Uma transcrição também pode
reproduzir o layout do manuscrito e mostrar quaisquer correções que foram feitas
posteriormente a ele, assim ocorreu com os codex.
Uma transcrição eletrônica é
essencialmente o mesmo Códex Vaticanus. O nome deve-se ao fato de estar guardado 39
conceito de uma transcrição no Vaticano. Escrito em 759 folhas de velino, contém uma
manuscrita, o leitor poderá
cópia da LXX (Septuaginta). Acredita-se ter sido originário de
acessar este material
Alexandria no Egito, no entanto especula-se que pode ser de
acessando o site
www.codexsinaiticus.org algum lugar da Itália por volta de 300-325 D.C. Não há certeza
de sua origem ou data. É um manuscrito em grego com menos
de 300 anos após a Bíblia ter sido escrita. Contém o inteiro
texto das Escrituras hebraicas e gregas.
(Imagem de página do códex Vaticanus)

Códex Sinaíticus ou Bíblia do Sinai.


A escrita da Bíblia começou no monte Sinai, Êxodo 24:3-4, nos diz: “Vindo, pois, Moisés e
contando ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos, então o povo
respondeu a uma voz e disseram: todas as palavras que o SENHOR tem falado faremos. E
Moisés escreveu todas as palavras do senhor...” E as Escrituras hebraicas continuaram a ser
registradas por mais de mil anos até por volta de 450 A.C.
O nome "Codex Sinaiticus" significa literalmente "o Livro do Sinai". Acredita-se ter sido
concluída por volta de 330-360 D.C. Foi descoberta no mosteiro de Santa Catarina na
40

península do Sinai de onde deriva seu nome Sinaíticus. O Codex Sinaíticus contém o Antigo e
o Novo Testamento em grego - O Antigo Testamento em grego é a Septuaginta - e contém a
mais antiga cópia completa do Novo Testamento em grego escrito à mão. Foi descoberto em
1844 na região do Monte Sinai onde, acredita-se estaria a sarça ardente junto da qual Moisés
teria recebido as Tábuas da Lei. O mosteiro foi construído por ordem do imperador bizantino
Justiniano I (527-565) à volta de uma capela que abrigava a sarça ardente que por sua vez foi
construída por Helena, a mãe do Imperador Romano Constantino. A sarça que ainda hoje ali
está é, supostamente, a original. A capela também é conhecida como "Capela de Santa
Helena" e o local é sagrado para os cristãos e muçulmanos. Konstantin Von Tischendorf em
1844 foi quem descobriu e também foi responsável por levar o manuscrito para São
40
Petersburgo em 1859, na Rússia.
O conteúdo que sobrevive hoje do Codex Sinaiticus compreende pouco mais de 400 folhas
grandes de pele de animal preparada, cada uma das quais mede 380 mm de altura por 345
mm de largura. A história do Codex Sinaiticus é o fruto da colaboração das quatro
instituições que hoje retêm partes do Codex: a Biblioteca Britânica, a Biblioteca da
Universidade de Leipzig, a Biblioteca Nacional da Rússia em Saint Petersburgo, e o Santo
Mosteiro do Deus-Trodden Mount Sinai (Saint Catherine's). Essas instituições reconhecem
que os eventos relativos à história do Codex Sinaiticus, de 1844 até hoje, não são totalmente
conhecidos. Em 9 de março de 2005, um acordo de parceria foi assinado entre as quatro
instituições listadas acima para a conservação, fotografia, transcrição e publicação de todas
as páginas e fragmentos remanescentes do Codex Sinaiticus. (Imagem do códex abaixo)

O conteúdo e disposição dos livros no Codex Sinaiticus lançam luz sobre a história da
construção da Bíblia cristã. A capacidade de colocar esses "livros canônicos" em um único
códice influenciou a forma como os cristãos pensavam sobre seus livros, e isso depende
diretamente dos avanços tecnológicos vistos no Codex Sinaiticus. A qualidade de seu
pergaminho e a avançada estrutura de encadernação que seria necessária para sustentar
mais de 730 folhas de grande formato, que tornam o Codex Sinaiticus um exemplo notável
de fabricação de livros, também possibilitou o conceito de uma "Bíblia". O planejamento
cuidadoso, a escrita habilidosa e o controle editorial necessário para um projeto tão
ambicioso nos dão uma visão valiosa sobre a produção de livros cristãos primitivos.
41

(Mosteiro Santa Catarina no Sinai)

41

Códex Alexandrinus.
É um manuscrito da Bíblia em grego do século V. Contém a maior parte da LXX e o Novo
Testamento. Originário da cidade de Alexandria até 1638 quando foi comprado pelo bispo de
Constantinopla Cirilo Lucaris. Atualmente está no Museu Britânico. Porém há controvérsias
sobre a sua origem, talvez tenha sido levado para Alexandria onde se declarou sua
descoberta. (Abaixo imagem do Códex Alexandrinus).

Códex Ephraemi Rescriptus.


Ou reescrito. Está na biblioteca de Paris. É um manuscrito do século V da Bíblia em grego.
Códice de Efrem reescrito; o pergaminho foi lavado para que outro texto fosse escrito por
42

cima. O local onde foi escrito é desconhecido. Possui quase todo o Novo Testamento.
(abaixo imagem do C.E.R.)

42

Vulgata latina.
É a tradução da Bíblia para o latim escrita entre o fim do século IV e o inicio do século V por
São Jeronimo, a pedido do Bispo (ou Papa) Damásio I que foi usada pela igreja cristã do
ocidente e que verteu a Bíblia diretamente do texto hebraico para o latim que estava mais
popular que o grego no século V. Seu nome vulgata é de vulgar, vulgo, popular, ou versão
popular, versão de divulgação do povo. Escrito no latim popular falado pelas pessoas daquele
tempo. É a Bíblia oficial da igreja romana.
A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas
predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho
Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta.
No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou os textos. Chama-se Vulgata a esta
versão latina da Bíblia que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e
ainda hoje é fonte para diversas traduções.
São Jeronimo, também conhecido por Jerônimo de Estridão, foi um sacerdote cristão,
destacado como teólogo e historiador e considerado confessor e Doutor da Igreja Católica.
Abaixo imagem do texto da Bíblia Vulgata Latina.
43

43
44

(Imagem da capa uma Vulgata Latina)

44
45

Texto massorético. É o texto hebraico da Bíblia. A Bíblia de Massora foi produzida e


continuamente copiada em torno do século VI até o século X, este foi o período de atividade
dos massoretas. Antes disso havia em Israel
um grupo especial de pessoas que tinham
como missão zelar pelas Escrituras
Sagradas, eram os escribas que zelavam
pelas tradições de Israel, a sua missão era
cuidar que os escritos divinos não fossem
alterados em nenhuma palavra, era
questão de honra zelar pela fidelidade das
45
Escrituras, algo sagrado e muito sério,
executado com muita reverência ao Deus
que inspirou tais palavras e deu ordem
para que se registrassem tudo quanto Ele
falou e a história de seu povo mantendo-
Papiro Nash
lhe a pureza e evitando que ocorram
alterações em sua transmissão. Os
massoretas foram os substitutos dos
escribas judeus, eles reuniram os textos sagrados em hebraico, examinando e comparando
todos os manuscritos Bíblicos conhecidos na época. Seu propósito era transmitir por escrito
fielmente a tradição oral da Lei de Deus, a Torá e a inteira tradição judaica. O resultado ficou
conhecido como texto massorético.
Os Massoretas foram um grupo de escribas
judeus especializados em hebraico e que
trabalharam com o objetivo de preservar as
Escrituras hebraicas. Portanto, massoreta era
alguém que tinha por missão a guarda e
preservação da tradição. A Escola de Massora,
com seus competentes escribas Judeus fizeram
muito mais. Eles criaram metodologias que
muito contribuíram com a escrita, leitura e
pronuncia do hebraico moderno e devido a
qualidade e excelência de seus trabalhos, os
escribas Massoretas foram chamados de "os
Tanakh, a Bíblia hebraica. pais da gramática do hebraico atual". Os
massoretas criaram sinais vocálicos para
substituir as vogais que não existem no
hebraico. O texto massorético inclui documentos originais muito antigos como o Papiro Nash
do século II A.C. que contém os dez mandamentos e que foi utilizado por Lutero em sua
tradução da Bíblia alemã em 1534 que vendeu mais de 200 mil cópias até 1546 com a sua
morte. O texto massorético é composto por 24 livros do Antigo Testamento e que formam
46

assim o que conhecemos como texto massorético. Os escribas da Bíblia normalmente eram
Judeus mestres e doutores na literatura judaica, além de serem estudiosos e especializados
nas escritas da época. A forma como os massoretas faziam suas cópias eram com muita
rigidez. Após o escriba fazer toda a cópia manuscrita, esta cópia era testada de forma
minuciosa. Eles estabeleciam uma letra central e contavam quantas letras havia desta letra
até as letras finais. Quando alguma mínima alteração era descoberta ou quando a contagem
do texto era divergente, todo o manuscrito era
descartado e destruído. Todas as letras em hebraico
Existia um original e este era
copiado manualmente. Da são consoantes. Para poder ler, escrever e falar
primeira cópia nasciam outras existe um sistema de sinalização que indica os sons
e dessa forma se multiplicavam 46
das vogais, chamado sistema de sinais massorético.
e acabaram chegando até nós.
Ou seja, nós recebemos os
Estes sinais são pontinhos (sinalizadores) adicionais
textos graças às cópias que inseridos acima ou abaixo da letra, dependendo
transcritas do original, que do caso, indicando a vogal a ser pronunciada. Os
hoje não existe mais. massoretas desenvolveram uma espécie de manual
para realizarem as cópias e transmitirem o método
aos futuros escribas ou copistas, eram normas
orientadoras que os copistas deveriam seguir
enquanto copiavam os textos sagrados. Também
continham todas as regras gramaticais sobre a
“O Texto Massorético também é a
língua hebraica e os princípios da tradição oral e
base universal para o que podemos
do Talmude, nenhuma palavra ou letra devia ser
escrito de memória. Antes de iniciarem a cópia, chamar de uma Bíblia Judaica, se

eles contavam os versos, as palavras e letras de referindo claramente aos livros


cada seção e, se os números não fossem canônicos judaicos, chamados
idênticos na nova cópia, o trabalho era rejeitado, Tanakh, que contém os 24 livros
assinalavam a palavra central do livro que estava sagrados dos judeus que compõem
sendo copiado. os mesmos 39 livros do Antigo
Testamento, porém em ordem
Por volta do século II surgiram os códices. Até a
descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, diferente”. (Biblioteca Teológica).
alguns dos mais importantes códices em hebraico
são os listados a seguir; todos estes são
conhecidos como Textos Massoréticos.

O Códice do Cairo dos Profetas: É o manuscrito massorético mais antigo. Foi escrito em
Tiberíades (cidade ao norte de Israel as margens do mar da galileia) e contém os Profetas
Anteriores ao exilio babilônico, de Josué a Reis e Posteriores ao exilio babilônico, de Isaías a
Malaquias. Foi escrito por volta de 895 por Moisés ben Asher.

O Códice Or 4445 B: ou Códice Britânico e encontra-se atualmente no Museu Britânico de


Londres. Abrange o Pentateuco com omissões parciais de alguns trechos (Gn 1:1 a 39:19/Nm
47

7:46-73 e 9:12-18 e Dt 1:34 em diante). Foi escrito entre 925/930, talvez por Moisés ben
Asher.

O Códice de Alepo A (ou Codex Alepensis): ou Códex Aleph, conhecido também como Códice
A. Originalmente continha todo o texto do Antigo Testamento. O códice permaneceu na Síria
por quinhentos anos. Em 1947, manifestantes enfurecidos pelo Plano de Partição das Nações
Unidas para a Palestina incendiaram a sinagoga onde era mantido causando danos
irreparáveis. Foi escrito em Jerusalém por volta de 925/930 por Shelomoh ben Buya'a.
Encontra-se atualmente na Biblioteca do Instituto Ben-Zvi, em Jerusalém. Considera-se o
manuscrito original de maior autoridade massoreta, que segundo a tradição estas Escrituras
Hebraicas foram preservadas de geração em geração. Assim o Códice de Alepo é visto como 47
fonte original e a maior autoridade para o texto Bíblico e os rituais judaicos, é o texto mais
fiel aos princípios dos Massoretas. Alepo fica na Síria, é uma das cidades mais antigas do
mundo, tendo sido habitada desde 5 mil anos antes de Cristo.

O Códice de Leningrado B19a (L): Foi escrito por volta do ano 1.000 D.C. por Shemuel ben
Yaakov no Cairo, Egito. Encontra-se atualmente na Biblioteca de São Petesburgo (antiga
Leningrado). Este é o mais antigo manuscrito completo do Antigo Testamento e é a base da
moderna Bíblia Hebraica Stuttgartencia (BHS). O Antigo Testamento hebraico baseada neste
códice pode ser encontrado em A Bíblia Hebraica Quinta (BHQ).

Quando expressamos que os Códices foram escritos, queremos informar que foram copiados
pelos massoretas: Shelomoh ben Buya'a; Shemuel ben Yaakov; Moisés ben Asher. Eram
famílias da escola de massora que desenvolveram seu trabalho de escribas copiando e
adaptando a fonética do original, ao mesmo tempo preservando os textos hebraicos.

A base da Bíblia judaica é o texto massorético, contudo a Septuaginta já era uma realidade
quando os textos massorético foram reunidos e compilados pelos massoretas. A LXX é a
primeira e mais antiga tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego e foi
produzido no Egito em 280 A.C. Uma das diferenças é que a Septuaginta é uma tradução
para o grego e os textos massorético são cópias que estão na língua original do texto, a
língua hebraica. O Códice de Alepo – um texto massorético – é datado de 930 D.C. o Códice
do Cairo escrito por Moises ben Asher é datado de 895 D.C. A versão LXX já havia
completado 1.200 anos de existência desde a sua produção sendo por tanto mais antiga em
12 séculos. Desta informação surge então que, para o Antigo Testamento, a relevância dos
textos massorético – mais recentes - que a LXX e não menos importante, pois acrescentaram
ao texto original sinais que ajudam na pronúncia das palavras e na correta interpretação do
texto inspirado, sinais estes que são chamados de massora. Cabe lembrar que os textos
massoréticos hebraicos possivelmente tiveram sua origem nas mesmas fontes que a LXX, ou
seja, a LXX é uma cópia em grego do texto hebraico realizado diretamente pelos escribas
judeus 12 séculos antes dos massoretas e o texto massorético é cópia em hebraico do texto
hebraico consonantal original do qual se originou a tradução da LXX muito antes do texto
48

massorético ser apresentado, neste caso a fonte para ambas seriam as mesmas e a
autenticidade de ambas estaria garantida.
O quadro abaixo será útil para pesquisa.

48

A relação entre o texto massorético e os textos originais, são as várias cópias em hebraico,
do Antigo Testamento, que chegaram até os nossos dias. Três destas cópias são de grande
importância para os nossos estudos. Esses são: O Texto Massorético, o Pentateuco
Samaritano, e os Manuscritos do Mar Morto.
No entanto são quatro as fontes ou ramos diferentes destes textos que são importantes para
a construção do Antigo Testamento:
1- “Protomassorético”: O texto que serviu de base para o trabalho dos massoretas.
2- O texto consonantal do TM (texto original sem consoantes), anterior à época dos
massoretas (possivelmente o mesmo ou equivalente ao que foi usado para produzir a
LXX), é chamado de texto Protomassorético, não contendo ainda a vocalização, a
acentuação e o aparato massorético, que foram desenvolvidos somente durante a
Idade Média (Séc. VI a X). O texto Protomassorético é um dos tipos textuais da Bíblia
Hebraica utilizados pelos judeus, durante o período do Segundo Templo (450 A.C. a 70
D.C.) ao lado de outras formas textuais transmitidas naquela mesma época. O texto
Protomassorético, preservado e transmitido pelos escribas judeus na época do
Segundo Templo, foi a base e a origem do TM desenvolvido pelos massoretas, na
época medieval (e a base do texto do Antigo Testamento que temos hoje).

2 - A tradução grega, “Setenta” ou LXX a Septuaginta. Já abordado anteriormente.


3 - Os documentos encontrados em Qumran em 1947 (MMM - Manuscritos do Mar Morto )
Até hoje há divergências em torno da identidade da comunidade de Qumram. Segundo
alguns esse grupo seria identificado com os essênios, um dos vários ramos do judaísmo no
período dos 200 anos que antecederam o advento de Cristo, juntamente com os fariseus, os
49

saduceus e os zelotes. A identificação da comunidade de Qumram com os essênios continua


em aberto até o presente momento. Foram encontrados inúmeros manuscritos papiros
grafados em hebraico, aramaico e também em grego. Estes documentos foram produzidos
entre os anos 200 a 100 a.C. e neles nós podemos encontrar manuscritos de todos os livros
do Antigo Testamento, com exceção, do livro de Ester. Os manuscritos oferecem também,
muitas informações acerca da comunidade de Qumram e discutem as práticas religiosas e as
atividades diárias daquela comunidade. Todos estes manuscritos revelam vários tipos
textuais da Bíblia Hebraica existentes no período do Segundo Templo. Neles está
representado o texto hebraico que deu origem à LXX, o tipo textual hebraico do Pentateuco
Samaritano, assim como o tipo textual do Texto Massorético ™. Segundo a estimativa de
49
alguns estudiosos, o total de manuscritos encontrados gira em torno de 600 a pouco mais de
800 manuscritos. O total de textos Bíblicos achados em Qumram chega a quase 200.
4 - O Pentateuco Samaritano, ou seja, a Bíblia da comunidade samaritana, que conservou
somente os 5 primeiros livros da Bíblia como Escritura inspirada por Deus. As cópias
manuscritas mais antigas do Pentateuco Samaritano são aproximadamente do ano 1.100
D.C. Os estudiosos acreditam que estes manuscritos refletem, de maneira apropriada, textos
antigos, produzidos originalmente entre 200 e 100 A.C. De acordo com os estudos
paleográficos, textuais, históricos e, principalmente, dos Manuscritos de Qumram, o tipo
textual do Pentateuco Samaritano pertence ao período do Segundo Templo e não é anterior
ao século II A.C. Este dado coloca o surgimento do Pentateuco Samaritano, solidamente, no
período da história de Israel, conhecido como época dos Hasmoneus (Reino Asmoneu de
Israel: 140 - 37 A.C.- fundada por Simão Macabeu). O tipo texto do Pentateuco Samaritano
que reflete ao tipo de texto do século II A.C., mas o Pentateuco Samaritano não pertence a
este período do século II e 10 séculos mais tarde a um período bem posterior.
As traduções modernas da Bíblia hebraica inclusive as edições Brasileiras são baseadas no
texto massorético. A estrutura consonantal ou o tipo texto do Texto Massorético é do
período pós segundo templo quando os judeus se reuniram no concilio de Jâmnia para
determinar a canôcidade dos livros do Antigo Testamento. Deste concílio surgiu um texto
oficial. A comunidade judaica adotou-o como texto oficial das Escrituras Sagradas para os
judeus. O texto Bíblico do Antigo Testamento, tanto de judeus quanto de cristãos, baseia-se
no Texto Massorético estabelecido há muitos séculos pelos escribas na época antiga e, mais
tarde, pelos Massoretas, durante o período medieval e este tem sido o texto base para
nossas Bíblias há mil anos.
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” Mateus 24:35.
50

TANACH ou TANAKH:

O Tanach é a Bíblia Judaica, o Antigo Testamento hebraico que foi compilado pelos
massoretas. A base do Tanakh judaico é o texto massorético.
A palavra TANAKH é o acróstico de três letras:
tav (‫ )ת‬de Torah, nun (‫ )נ‬de Neviim, e caf (‫ )כ‬de Kethuvim.
A palavra Tanakh é derivada da junção dessas divisões.
Assim formando a palavra: ‫תנ״ך‬. TANAKH = Torá+Neviim+Kethuvim.
O Tanakh por sua vez está divido em três partes ou em três conjuntos de livros a seguir: 50
1 - A Torá (a lei) ou o Pentateuco.
É a primeira parte da Bíblia, são os 5 livros do inicio da Bíblia cristã.
Genesis Bereshit No início (No grego Genesis que significa origem, criação, geração).

Êxodos Shemot Nomes (No grego Êxodo e no Latim Exodus – saída, partida).

Levítico Vaiicrá E chamou (contem as leis e regulamentos da tribo de Levi, Levitas).

No deserto (contém dois recenseamentos relatados no livro, são


Números Bemidbar
números do povo hebreu).

Palavras (“Estas sãos as Palavras”. É o que está escrito no inicio deste


Deuteronômio Devarim
livro "Elleh ha-devarim" é a primeira sentença do livro)

2 – Neviim – Profetas.
É a segunda parte da Bíblia e por sua vez está constituída em duas sessões:
A) Antigos profetas: Josué; Juízes; 1ª e 2ª Samuel 1ª e 2ª Reis.
B) Últimos Profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e os 12 profetas menores. Oséias,
Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
Ainda podemos classifica-los em:
I) Profetas que atuaram antes do cativeiro: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Isaías,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Jeremias.
II) Profetas que atuaram durante o cativeiro babilônico: Jeremias, Ezequiel, Daniel.
III) Profetas que atuaram após o cativeiro babilônico: Ageu, Zacarias, Malaquias.

São conhecidos como Profetas Menores os doze últimos Livros proféticos do Antigo
Testamento. Eles são assim conhecidos não por causa de sua importância, mas sim pelo seu
pequeno volume literário e a esse respeito estão em contraste com os escritos dos Profetas
Maiores. Na formação do Cânon hebraico do Antigo Testamento os livros dos doze profetas
51

menores formavam um só livro chamado “O Livro dos Doze”. Provavelmente agrupados


assim, por Esdras, mais ou menos em 425 A. C., possivelmente com a finalidade de acomodá-
los em um rolo. As designações “Profetas Maiores” e “Profetas Menores” foram dados por
Agostinho no princípio do século IV D.C. (Agostinho de
Hipona ou Santo Agostinho).
Aurélio Agostinho nasceu em
Nesta classificação do Neviim optei por colocar o Livro de 354 D.C. na cidade de Tagaste,
atual Argélia. Agostinho de
Daniel (consequentemente ficou também entre os Hipona conhecido
profetas maiores) entre os últimos profetas devido ao universalmente como Santo
fato do mesmo estar na ordem dos profetas que aturam Agostinho foi um dos mais
durante o exilio babilônico sendo contemporâneo de importantes teólogos e 51
Jeremias e Ezequiel. Daniel 9:2 cita o Profeta Jeremias, filósofos dos primeiros anos do
ainda verificamos em 2ª Crônicas 36:12-13 o cristianismo cujas obras foram
muito influentes no
desenvolvimento da vida do profeta Jeremias durante desenvolvimento do
atuação do rei de Judá Zedequias sob Nabucodonosor cristianismo e filosofia
sendo este citado também por Daniel e Ezequiel. O exilio ocidental. Muitos protestantes,
babilônico teve inicio em 587 A.C. (quando houve a especialmente os calvinistas,
primeira deportação de cativos para babilônia). Em 605 consideram Agostinho como
A.C. alguns sobreviventes da Batalha de Carquemis, um dos "pais teológicos" da
Reforma Protestante por causa
incluindo o jovem profeta Daniel, foram levados para o de suas doutrinas sobre a
cativeiro babilônico (a segunda deportação de cativos salvação e graça divina. Foi o
para babilônia). Outros foram levados na terceira contato com o neoplatonismo
deportação com o rei Joaquim em 597 A.C. incluindo o que conduziu Agostinho a se
profeta Ezequiel que atuou junto ao rio Quebar na converter ao cristianismo em
babilônia (Ezequiel 1:1 / 8:1). Outro argumento em favor 386, retornou a África se desfez
de seus bens e fez de sua casa
desta classificação é que o relato de 2ª Crônicas 36:22-23 um centro monástico. Em 391
corrobora positivamente com a visão profética de Daniel tornou-se sacerdote em
a beira do rio tigre relatada no Capitulo 10:1- “no Hipona e logo depois bispo
terceiro ano do Rei Ciro, Daniel teve a visão”. coajudador. Permaneceu na
cidade de Hipona até sua
morte em 430. Agostinho foi
3 – Kethuvim ou Chetuvim – Os escritos, 11 livros
canonizado e considerado um
(Escritos). Composto pelos livros poéticos e trechos de alguns dos 35 doutores da igreja
livros proféticos, trata-se do nome da terceira parte da católica. Principais obras:
Bíblia, que é constituída pelos livros de Salmos, Jó, Confissões; A cidade de Deus.
Parte 1 e A cidade de Deus
Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes,
parte 2.
Lamentações, Ester, Daniel, Esdras- Neemias, 1ª e 2ª
Crônicas. A divisão em três partes na Bíblia hebraica é
citada no Novo Testamento grego em: Lucas 24:44
“E disse-lhes: “Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se
cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”“.

Tanach ou Tanak denomina o conjunto principal dos livros sagrados judaicos, é a Bíblia
judaica. Equivalente ao Antigo Testamento, porém com uma divisão diferente da Bíblia
protestante, no entanto uma equivale à outra. Consiste em 24 livros. Reduzindo-se cada par
52

de livros de Samuel, Reis, Crônicas a um livro cada, Esdras e Neemias a um livro, os Doze
profetas menores a um livro, estes 24 livros são os mesmos 39 da Bíblia Cristã.
Para entender melhor como os 39 livros do Antigo Testamento são 24 na Bíblia Judaica.
Genesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. 05 livros.

Josué e Juízes 02 livros

Rute 01 livro

1ª e 2ª Samuel. 1ª e 2ª Reis. 1ª e 2ª Crônicas 03 livros

Esdras e Neemias 01 livro 52


Ester 01 livro

Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos. 05 livros

Isaias, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, 05 livros

Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, 01 livro


Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Total 24 livros

A Bíblia judaica assim como a Bíblia protestante excluiu os escritos apócrifos, entre eles os
livros de 1ª e 2ª Macabeus que contem relatos históricos do povo judeu; os livros de Tobias,
Judite, Sabedoria de Salomão, Baruc ou Baruque e também adições em Ester e em Daniel,
que são os mitos de Susana e Bel e o Dragão não estão incluídas no cânon. O livro de
Macabeus foi escrito em hebraico, mas só foi conservado numa tradução grega. Trata-se do
registro histórico das lutas dos judeus travadas contra os soberanos selêucidas para obter a
liberdade religiosa e política do povo judeu. Seu título provém do apelido de Judas Macabeu.
O relato do primeiro livro dos Macabeus abrange quarenta anos, desde a ascensão de
Antíoco IV Epifânio ao poder, em 175 A.C., até a morte de Simão, irmão de Judas Macabeu e
o início do governo de João Hircano em 134 A.C. (Antíoco Epifânio na profecia Bíblica de
Daniel 11:41, 45, foi uma espécie de anticristo que profanou o templo judaico e perseguiu a
comunidade dos judeus, chamado por Jesus de Abominação desoladora que tipifica o
verdadeiro anticristo que surgirá na grande tribulação).
O Império Selêucida foi um Estado helenista que existiu após a morte de Alexandre, o
Grande da Macedónia. Seleuco, um de seus 4 generais, estabeleceu-se na Babilônia em 312
A.C. - ano geralmente usado para definir a data da fundação do Império Selêucida.
Foram considerados inspirados no concilio judaico de Jâmnia (Jâmnia é uma cidade da
Palestina) realizado entre o fim do século I e inicio do século II D.C.(90 e 118 D.C.) os livros
que estivessem de acordo com estes critérios:
53

1. Ser escrito em Hebraico;


2. Ser escrito dentro da Palestina;
3. Ter sido escrito até a volta do Exílio da Babilônia;
4. Estar de acordo com o Pentateuco.

Com este critério ficava claro a tentativa de também excluir os escritos gregos do Novo
Testamento que estavam circulando reconhecidamente como divinamente inspirados
(1ªTessalonicenses 2:13 / 2ªPedro 3:15-16). No entanto estes mesmos critérios se
mostraram poderosos na verificação da verdade escriturístico dos textos analisados,
principalmente os do antigo Testamento, no que diz respeito aos apócrifos. Entre os cristãos
protestantes estes livros não são aceitos como divinamente inspirados por que contradizem 53
as Escrituras Sagradas tanto o Novo quanto o Antigo Testamento, sendo doutrinariamente
rejeitados como não autentica escritura inspirada por Deus, mas aceito em parte como
historicamente relevante, porém não todo. Para tanto vejamos algumas observações a
seguir:

A) "Se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo; se ela está
imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor." II Macabeus, 15.
Comentário: As Escrituras Sagradas afirmam a respeito de si mesmas que certamente são inspiradas por
Deus, autenticas e divinas, com as assertivas afirmações no Antigo Testamento quanto declarações
afirmativas no Novo Testamento. Jamais as Escrituras ou qualquer escritor Bíblico original se colocaram em
duvida quanto a sua autenticidade, inspiração, revelação e iluminação sobre o que estavam escrevendo ou
de tudo que já havia sido escrito por outros autores Bíblicos. Isto não acontece com Macabeus como bem
podemos verificar acima com o uso do “SE”. O escritor de Macabeus deixa bem claro no verso acima que foi
ele mesmo quem escreveu e que pode ter sido tanto medíocre quanto imperfeito, ou seja, sem nenhuma
reverencia a inspiração divina e condução do Espirito Santo. Na continuação no versículo 39 de Macabeus 15
o escritor ainda afirma que o que daria prazer é o relato aos ouvidos do leitor, pois considera o que escreveu
como uma mistura de vinho com água. Fica claro que não é puro o que ele esta escrevendo, sendo assim
indigno da confiança quanto a sua inspiração divina.

B) Exorcismo utilizando as entranhas de um peixe – Magia e feitiçaria como método: “E o anjo,


respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas, o seu fumo
afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a
chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão” (Tobias 6:5-9).

C) A salvação é conquistada através das obras e por méritos próprios e não por Cristo como um
dom gratuito dado por Deus: “porque a esmola livra da morte eterna, e é a que apaga os pecados, e faz
encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tobias 12:8, 9).
D) A salvação através do conhecimento e não por Jesus: “Assim se tornaram direitas as veredas dos
que estão na terra; os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos”
(Sabedoria 8:19).
E) Oração pelos mortos texto que apoia o tema PURGATÓRIO: “É, pois, um santo e salutar
pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados” (2ª Macabeus 12:43-46).
54

F) Mortos que oram pelos vivos: “Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, escutai a prece dos mortos
de Israel, dos filhos daqueles que pecaram contra vós, que não atenderam à voz do Senhor, seu Deus, e por
isso foram levados à desgraça” (Baruque 3:4) Verificar também o livro de Sabedorias 3:1-4.

G) O mito do jejum permanente de uma mulher: “jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos
sábados, e nas neomênias, das festas da sua casa de Israel” (Judite 8:5, 6). Em nenhuma parte da Bíblia
jejuar todos os dias da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois não jejuou mais.

H) O profeta Daniel mata um dragão: Daniel pegou piche, sebo e crinas, cozinhou tudo junto, fez com
aquilo uns bolos e jogou na boca do dragão. Ele engoliu aquilo e se arrebentou. (Daniel 14:23-28) – trecho
que foi adicionado no livro de Daniel, mas que não faz parte dele.
54
I) Daniel é lançado duas vezes na cova dos leões e Habacuque é transportado para a cova e vai
alimenta-lo: “O anjo do Senhor disse a Habacuc: Esse almoço que você tem aí leve para Daniel, lá na
Babilônia, na cova dos leões’. Habacuc disse: ‘Meu senhor, eu nunca vi a Babilônia, nem conheço essa cova! ’
O anjo do Senhor pegou-o pelo alto da cabeça, carregou-o pelos cabelos e, com a rapidez do vento, colocou-
o à beira da cova...” No sétimo dia, o rei foi chorar a morte de Daniel. Chegou à beira da cova e lá estava
Daniel sentado tranquilamente. Então o rei exclamou em alta voz: ‘Tu és grande, ó Senhor, Deus de Daniel!
Além de ti não existe outro Deus’. O rei mandou retirar Daniel da cova e jogou aí àqueles que pretendiam
matá-lo. “Foram devorados num instante, na presença do rei” (Daniel 14: 34-36, 40-42. Isto aconteceu no
inicio do livro e se repete aqui adicionando o fato do translado de um Habacuque).

J) Xenofobia e incentivo ao ódio: “Há duas nações que eu detesto, e uma terceira que sequer é
nação: os habitantes da montanha de Seir, os filisteus e o povo idiota que habita em Siquém” (Eclesiástico
50:25, 26).

L) Lendas absurdas e ficção: "Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiram, e parou na primeira pousada
junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para devorá-lo. À sua
vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse-lhe:
Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus
pés. (Tobias 6.1-4).

Depois de aproximadamente 435 A.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo Testamento. A história
do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros dos Macabeus, mas eles não foram
considerados dignos de inclusão na coleção das palavras de Deus que vinham dos anos anteriores. Além
disso, sabe-se hoje que a quantidade de apócifos pode ultrapassar o numero e cem livros.

Papiro de Nash: O Papiro de Nash com mais de 2 mil anos é um fragmento do século II A.C.
contendo o texto dos Dez Mandamentos seguido pela oração Shemá Israel. Antes da
descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, era o mais antigo manuscrito conhecido
contendo um texto da Bíblia Hebraica. O manuscrito foi originalmente identificado como um
lecionário usado em contextos litúrgicos, devido à justaposição do Decálogo (provavelmente
refletindo uma tradição mista, um composto de Êxodo 20:2-17 e Deuteronômio 5:6-21) com
a oração de Shemá Israel (Deuteronômio 6: 4-5), e foi sugerido que é, na verdade, de um
filactério (tefelin, usado na oração diária). Comprado de um comerciante egípcio em
antiguidades em 1902 pelo Dr. Walter Llewellyn Nash e apresentado à Biblioteca da
Universidade de Cambridge - em 1903, o fragmento foi dito ter vindo do Fayyum (Fayyum ou
55

Faium é uma cidade do Médio Egito localizada 130 km a sudoeste do Cairo). O Papiro Nash
foi digitalizado e pode ser visto na página da Cambridge Digital Library.

A oração Shemá Israel


Neste ponto gostaria de chamar atenção para o significado tão importante deste texto
Bíblico chamado de oração Shemá Israel. Que traduzido é: Ouve Israel. Este texto está
dividido em três partes. A parte um está em Deuteronômio 6:4-9. A segunda parte está em
Deuteronômio 11:13-21 e a terceira parte está em Números 15:37-41. A oração completa
está reunida logo a seguir: 55
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Shemá Yisrael, A-do-nai E-lo-hê-nu, A-do-nai Echad.
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal
na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas
portas. Deuteronômio 6:4-9
E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno de amar ao Senhor
vosso Deus, e de O servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, Então darei a chuva da vossa terra
a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. E
darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás. Guardai-vos, que o vosso coração não se
engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles; E a ira do Senhor se acenda
contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra
que o Senhor vos dá. Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por
sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. E ensinai-as a vossos filhos, falando
delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; E escreve-as nos
umbrais de tua casa, e nas tuas portas; Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na
terra que o Senhor jurou a vossos pais darem-lhes, como os dias dos céus sobre a terra. Porque se
diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes, amando ao
Senhor vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes, Também o Senhor, de
diante de vós, lançará fora todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
.

E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes
façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul. E as franjas vos
serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais; e não seguireis o
vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo. Para que vos lembreis de todos
os meus mandamentos, e os cumprais, e santo sejais a vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei
da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus. Números 15:37-41

A importância destes trechos da Escritura se deve a exortação para transformar em tradição


a ser repetida diariamente pelos judeus por todas as gerações do que foi escrito ali. A
continuidade oral deste texto e o tratamento que lhe é dado como sagrado traduz-se para
nós na fidelidade exigida a todas as palavras escritas e faladas por Deus que deveriam ser
aprendidas, decoradas, rezadas pelas famílias de Israel como o é até os dias de hoje por
milênios. A fidelidade deste povo em cumprir este ritual afirma para nós a certeza de que as
56

Escrituras foram fielmente copiadas e passadas a todas as gerações conforme foi ordenado
por Deus. Revela também o firme propósito de Deus em abençoar o seu povo a partir da
obediência ao que ele deixou escrito para todos nós e as consequências desastrosas em
esquecer suas leis e mandamentos. Se Deus é fiel para abençoar seu povo a partir do que
está escrito concluímos que sua palavra continua viva para sempre, que tem importância
eterna e carrega correção, dignidade e fidelidade, pois Deus zela pela sua palavra e o que Ele
disse é o que está escrito na Bíblia, pois podemos confiar nele.
A Bíblia em português.
A primeira Bíblia traduzida para o português foi publicada entre os anos de 1644 e 1691 por
João Ferreira de Almeida, pastor reformado de nacionalidade portuguesa que trabalhou para a 56
Companhia das Índias Orientais Holandesas e que viveu no século 17. Porém a sua tradução do
Novo Testamento foi publicada pela primeira vez entre os anos de 1681 a 1712, em
Amsterdam, na Holanda por ordem da Companhia das Índias Orientais para qual trabalhava
o conquistador Mauricio de Nassau.
Há registros históricos de que Mauricio de Nassau (1604 – 1679), governador da colônia
Holandesa no nordeste do Brasil havia encomendado 20 Bíblias grandes e também havia
projetos de tradução da Bíblia para o idioma Tupy, interrompido pelos combates com a
coroa portuguesa. Nassau era de formação protestante tendo estudado em centros
calvinistas em Genebra – Suíça e ingressado na carreira militar a serviço da Holanda em
1621. Como governador da Nova Holanda no Nordeste Brasileiro, mais especialmente em
Recife, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Permitiu a liberdade de
culto entre os holandeses, franceses, italianos, belgas, alemães, flamengos e judeus
promovendo grande tolerância religiosa melhor do que na Europa. Surgem disto os motivos
de o Novo Testamento em português ter sido levado para fora de Portugal e traduzido na
Holanda e Inglaterra. A tradução completa para nosso idioma foi concluída em 1819 em
Londres.
A introdução das Sagradas Escrituras no Brasil começou discretamente em 1814. Com a
participação de brasileiros na edição Revista e Corrigida a partir dos anos 1800, houve
adaptação para o idioma português do Brasil e desde então as revisões aproximaram a
tradução de Almeida para o que é hoje a tradução em nosso idioma. Naqueles primórdios,
exemplares de Novos Testamentos e Bíblias completas eram distribuídos a bordo de navios
que deixavam Lisboa e portos ingleses com destino ao Brasil. Era um trabalho muito
inteligente e de bons resultados. Dependia da boa vontade e do espírito missionário de
capitães de navio, comerciantes, e pessoal diplomático e militar que viajassem para o Brasil.
Os capelães britânicos radicados nos mais importantes postos brasileiros também
participavam deste ministério. A partir de 1818, a distribuição de Bíblias na América Latina
passou a ser feita por meio de agentes das duas sociedades Bíblicas existentes, a Britânica e
a Americana. O primeiro deles foi o pastor batista escocês James Thomson (1781-1854). Foi
ele quem introduziu a Palavra de Deus na Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Porto
57

Rico, Haiti, Cuba, México e várias ilhas das Antilhas. Não se sabe se ele esteve no Brasil. O
pastor metodista americano Daniel Parish Kidder (1815-1891) foi o primeiro correspondente
da Sociedade Bíblica Americana a se fixar no Brasil. Com a idade de 22 anos, já casado, ele
percorreu o país de norte a sul. Kidder era destemido e criativo. Em uma de suas viagens a
São Paulo, propôs à Assembléia Legislativa da Imperial Província de São Paulo o uso da Bíblia
nas escolas primárias de toda a província e se comprometeu a doar doze exemplares para
cada escola, caso a proposta fosse aprovada.
Entre a chegada dos primeiros exemplares da Bíblia (1814) e a chegada do primeiro
missionário protestante permanente (1855), há um espaço de 41 anos. Isso significa que as
Escrituras Sagradas precederam a implantação das primeiras igrejas evangélicas brasileiras. 57

Naquele tempo, a Igreja Romana não via com bons olhos o trabalho das sociedades Bíblicas e
de seus colportores (pessoas que se ocupavam da circulação da Bíblia por motivação
missionária). Os protestantes pensavam e agiam de maneira diferente. Cada fiel deveria
possuir seu próprio exemplar da Bíblia e conhecer o seu conteúdo, na certeza de que ela é “a
única regra de fé e prática”. (trecho retirado e adaptado de História da Evangelização do Brasil, p.192, Editora
Ultimato).

As divisões da Bíblia.

ANTIGO TESTAMENTO
O Antigo Testamento conta a história do povo hebreu, desde sua fundação com o chamado
de Abraão, sua localização na terra palestina, os seus governantes, reis e profetas e
sacerdotes, suas guerras, dificuldades força e conquistas como também seus erros e sua
queda. O povo judeu tem toda sua trajetória registrada na historia de Israel narrada na
Bíblia. Essa história retrata a fé do povo no Deus de Israel e descreve a vida religiosa dos
israelitas como povo de Deus. O que Deus fez por este povo e como eles deveriam adorá-lo e
obedecer-lhe e ama-lo.
Antigo Testamento está divido em 5 blocos.
(1) A Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
(2) Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1ª e 2ª SAMUEL, 1ª e 2ª REIS, 1ª e 2ªCRONICAS, Esdras,
Neemias, Ester.
(3) Poéticos e Sabedoria: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares.
(4) Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel.
(5) Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque,
Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
58

NOVO TESTAMENTO
Os livros do Novo Testamento foram escritos pelos discípulos de Jesus Cristo. Estão divididos
em 5 blocos.
(1) Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João.
Os evangelhos são também denominados de Biográficos Sinóticos devidos a certo
paralelismo entre si. Por sua semelhança permitem uma visão panorâmica da vida e obra,
doutrina e paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
(2) Histórico: Atos dos Apóstolos.
(3) Cartas Paulinas: Romanos, 1ª e 2ª Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1ª e 58
2ª Tessalonicenses, 1ª e 2ª Timóteo, Tito, Filemom.
Também denominadas de Epistolas Paulinas. Escritos do apóstolo Paulo a pessoas e as
cidades onde havia as primeiras congregações, orientando as mesmas.
(4) Cartas Gerais ou pastorais. Hebreus, Tiago, 1ª e 2ª Pedro, 1ª 2ª e 3ª João, Judas. Também
denominadas de Epistolas gerais ou universais.
(5) Profético. Apocalipse. Traduzido é revelação. É um livro escatológico.

A DIVISÃO DA BÍBLIA EM CAPITULOS E VERSICULOS


Atualmente, a Bíblia é dividida em 1.189 capítulos, sendo 929 no AT e 260 no NT. A Bíblia foi
dividida em 31.102 versículos, sendo 23.145 no AT e 7.957 no NT. A divisão por capítulos foi
realizada pelo Arcebispo Estêvão Langton e pelo Cardeal Hugo de Sancto Caro. Eram duas
divisões diferentes, ambas realizadas no século XIII. Prevaleceu a divisão do Arcebispo
Langton, realizada em 1205.
A divisão em versículos veio 300 anos mais tarde. O primeiro a propor tal empresa foi o
italiano Santi Pagnini (1470-1541), mas o seu trabalho não foi aquele adotado por todos. A
divisão em versículos que usamos hoje foi feita por Roberto Estienne e aplicada na sua
edição grega do Novo Testamento, publicada em 1551 e depois na versão em francês de
1553.
A personalidade da palavra de Deus.
As ações humanas só adquirem sentido histórico quando são contextualizados em seu
alcance simbólico. Toda doutrina Bíblica desenvolve-se no tecido da história de um povo,
primeiro os judeus e depois os cristãos, estes que inseridos no mundo, são objetivo maior
do amor de Deus (João 3:16). A doutrina, a instrução, e a Lei refletem o simbólico e
ideológico deste povo a partir de seu idealizador supremo que é o próprio Deus criador e
não apenas pelos seus representantes simbólicos – os homens que foram os lideres e
precursores que impulsionaram esta história e a sua instrução. As rupturas e continuidades
– os escribas que foram substituídos ou podemos dizer “continuados” pelos massoretas que
por sua vez foram sequenciados pelos evangelistas e apóstolos que escreveram o conteúdo
59

do Novo Testamento; os cordeirinhos sacrificados que foram definitivamente substituídos


pelo sacrifício de Jesus. No campo da realidade e aparência – houve uma ruptura no
exercício da fé daqueles entre os cristãos que eram os pais da fé judaica, no entanto o
cristianismo deu a estas representações e símbolos da fé uma continuidade mais profunda.
Já não era tanto o que se via de concreto, objetos simbólicos representados na tradição e
na Lei, mas a sua essência, sua síntese o significado que deveria permear o ser.
Cada indivíduo do mundo poderia realizar e viver a doutrina antes exclusiva de um só povo.
Agora todos os gentios poderiam ser os sacerdotes, (Apocalipse1: 6) todos levam consigo a
obrigação de cumprir aquilo que no fundo já era sabido como seu, era intuído, desejado e 59
conhecido interiormente, a ética e moral e a alegria que é herança de todo ser criado por
Deus. Entendemos no sermão da montanha que Jesus não anula a Torá, ratificando-a,
porém aprofundando seu sentindo a transfere a partir daquele instante para cada individuo
o dever de viver sob aqueles preceitos eternos, os quais não seriam mais um adorno
externo (tefelin, filactério e franjas), mas sim uma escrita nas tábuas do coração, uma
conduta desejada que defina um tipo de pessoa independentemente de seu paramento
externo, cumprindo assim a intenção da oração Shema Israel de Deuteronômio 6:1-9 a mais
importante instrução de Deus e o maior dos mandamentos – Mateus 12:28-34 - e disto
depende toda a Lei, os Profetas e os Salmos. Os discípulos, os apóstolos, os gentios e todos
os seguidores em geral podiam usar as Leis para o lado de dentro de si mesmos, internaliza-
las, tomar posse desta escrita que antes era exclusivamente judaica, agora era seu
patrimônio da humanidade, direito e dever, influenciando assim as pessoas e o modo de
viver ao seu redor e por fim todo o mundo sem que dependessem de uma aparência de
sacerdote ou de levita, ou de qualquer coisa que se designara sacra ou digna de reverência,
pois dali em diante o Reino de Deus habitaria não mais fora, ou no aparente, mas dentro de
cada um, Deus não andaria mais entre eles, mas dentro deles e de cada um de nós. A
caminhada desde então não seria pelo que se podia ver mais por fé naquilo que não se vê e
que se crê com o coração, não em símbolos, mas em uma pessoa que é tudo o que foi um
dia simbolizado (Hebreus 7:25-27).
A ruptura com a aparência na verdade era uma continuação da mesma fé, porém sem mais
a necessidade desta aparência externa da fé – o paramento, as tradições, os rituais - da Lei
escrita em papiros, mas escrita no interior, na alma, esta era a intenção da instrução da Lei,
suscitar em cada ser o amor por Deus e pela vida em geral (Mateus 6:16-24). Corrobora
com isto o fato de o apóstolo Paulo ensinar que o salvo é justificado pela fé de Abraão, que
creu em Deus e lhe foi outorgado a salvação e as promessas, sendo todas anteriores a
escrita das Leis, da Torá, dos rituais, e das tradições. Agora todo individuo poderia
aproximar-se de Deus cuja imagem é o próprio salvador em pessoa, Jesus Cristo, e receber
de fato as mesmas promessas de Abraão e a salvação cujo símbolo maior era a Escritura, a
fé e o sangue; assim toda a escritura passou a ganhar nova vida e sentido aos olhos
daqueles que antes não poderiam a ela ter acesso, lhes era impossível a aproximação, pois
60

que o cumprimento da escrita previa ritualidade, imagem do simbólico, sem o qual era
insatisfeito qualquer sacrifício (2ªCorintios 3:14). A ruptura encarnou a palavra através de
uma pessoa – que rasgou o véu - e a partir de então todos os que se aproximam da palavra
de Deus entram em uma nova dimensão e melhor realidade, um contato direto com o
Verbo Vivo e não mais apenas uma escrita na parede. Viver a vida de fé em Deus foi ao
mesmo tempo uma ruptura com o que antes era um aio, um tutor, uma babá, como
também uma continuação do que na verdade era a intenção de uma fé pura sem
intermediários exceto o próprio Deus; uma preparação para uma compreensão universal,
uma instrução para conduzir ao real e antes intocável pelo Dei Verbum encarnado, o
objetivo maior de cada ser humano, tocar com as suas mãos e ver com seus olhos o verbo 60
vivo entre nós a personificação da palavra de Deus (1ªJoão 1:1-3).
A Palavra de Deus não é apenas um livro, é o próprio Jesus, o Verbo de Deus (João 1:14). No
entanto Jesus Cristo não é um livro como o é a Bíblia, ele é uma pessoa, assim como Deus é,
Jesus é também; o mesmo se afirma sobre o Espirito Santo.
No entanto, Jesus é maior do que o livro, assim como Deus é mais sublime do que os céus
(Hebreus 7:26\1ªTimóteo 6:16/Êxodo 33:20/Jó37: 23) e o Espirito do Senhor tem todo o
conselho, juízo, sabedoria e ciência. A Bíblia não poderia conter todos os pensamentos de
Deus nem mesmo a sua glória ao infinito (Isaías 40:12-14/1ª Coríntios 2:16). Os homens
mortais tem apenas um vislumbre, como sombras em uma caverna veem apenas em partes
(O mito da Caverna – A Republica Livro VI – Platão - 428-348 A.C e Apóstolo Paulo em 1ª
Coríntios 13:12 - 55 D.C.).
Ao Senhor; Deus de Israel pertence, ou seja, é Dele, toda a majestade, poder, glória e
vitória que há nele mesmo, e de tudo o que há nos céus. Toda a beleza, poder e majestade
do universo, incluído tudo o que a terra é e representa, com as suas surpreendentes
riquezas, recursos naturais e belezas conhecidas ou desconhecidas pelo homem pertencem
a Deus, sendo em verdade a sua obra, sua criação (Salmos 24:1). Deus é de eternidade em
eternidade, Ele governa soberano sobre todos, sobre tudo, inclusive o universo e a terra, os
mundos, coisas e seres e nada está acima dele, o trono de Deus é o lugar mais sublime,
mais alto e de maior autoridade que existe.
(1ªCronicas 29:10-12/16: 26-27/2ªCronicas 20:6/Salmos 93:1-2)*.
Quando lemos a pergunta intrigante feita em Isaias 40:18: “Afinal com quem Deus pode ser
comparado? Com quem ele se parece?” Pergunta repetida no versículo 25: ”Diz o
Santíssimo: Com quem me comparareis? Com quem eu me assemelho?”.
Frente a isso e ao considerarmos os versículos de 1ª e 2ª Crônicas e dos Salmos colocados
entre parentes anteriormente*, aos quais poderiam ser acrescidos de muitos outros,
percebemos a complexidade e dificuldade em dar uma resposta para as questões
levantadas em Isaias 40. Afinal ninguém conhece a Deus como Ele realmente é. Além disso,
um ser finito e mortal jamais teria capacidade ou condições de definir a Deus, muito menos
61

compara-lo com alguém ou a algo, o que é na verdade impossível, já que nosso conceito de
ser e existir estão limitados ao espaço/tempo do universo em que vivemos o que não
ocorre com Deus. Entendemos então como isto ofende a Santidade de Deus e o motivo de
sua indignação com a idolatria, o de ser comparado com algo que foge completamente -
não só da razão e também da absoluta verdade e santidade do Deus incomparável, imenso
e que não se pode ser medido pela nossa existência - e muito mais especialmente contra a
de seu próprio povo, e de todas as suas criaturas - daí a sua ira e castigo (Salmos
16:4/Êxodo 20:3). Deus não pode ser comparado com qualquer coisa, Ele não aceita ser
confundido com a sua criação, obra que ele realizou e que não é como Deus é (Êxodo 20:4-
5). Consideremos a meditação no comentário produzido por Santo Agostinho de Hipona,
um dos doutores da igreja, filósofo e defensor da divindade de Jesus Cristo e do Espirito 61
Santo, defensor da doutrina da Trindade a respeito da grandeza e eternidade de Deus:
“E assim SENHOR – tu que não és às vezes uma coisa e outras vezes algo diferente,
mas este mesmo, o mesmo e o mesmo: santo, santo, santo, Deus onipotente – no
principio, isto é, de ti, em tua sabedoria nascida de tua substancia, foste tu que
fizeste algo, e o fizeste a partir do nada. Com efeito, fizeste céu e terra, não
extraídos de ti, por que não há nada que seja igual a ti. Não se admite de modo
algum que algo seja igual a ti se não é feito de ti. E não havia outra coisa antes de ti
da qual o terias feito, Deus, uma trindade e tripla unidade: por isso criaste do nada
céu e terra, o grande e o pequeno, visto seres onipotente e bom em criar toda as
coisas boas, seja o grande céu e terra, essas duas coisas; uma próxima a ti, outra
perto do nada, Quanto a primeira, só tu é superior, quanto a outra, só o nada pode
ser inferior (Agostinho, confissões XII, 7).
As questões feitas por Deus através de seu profeta Isaias são de profunda reflexão.
Proponho dividi-las em parte A e B:
A) verso 18: A quem fareis semelhante a Deus? Ou com quem Deus pode ser comparado?
Com o que ou com quem Ele se parece?
B) verso 25: Fareis Deus semelhante a quem, para que Eu lhe seja igual? Com que Deus se
assemelha, a quem Deus é igual?

Buscamos as respostas no mesmo capitulo de Isaías 40:3 “Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”.
Atenção para a expressão: “Voz do que clama no deserto”
O profeta João Batista identifica a si mesmo e proclama ser ele a voz que clama no deserto
como descrito no evangelho de João 1:23 onde lemos: “João lhes disse: “Eu sou a voz do
que clama no deserto: ‘Fazei um caminho reto para o Senhor’, como disse o profeta
Isaías” - Isaías 40:3.
62

Confirmando a identificação do profeta João Batista como a voz do que clama no deserto
lemos em Lucas 3:1-4, que João Batista recebeu uma convocação de Deus para cumprir o
que está escrito em Isaias 40:3, ele mesmo é a voz do que clama no deserto. O mesmo
acontecendo com o texto no evangelho de Mateus 3:1-3 “surgiu João Batista... este é
aquele que foi anunciado pelo profeta Isaias: Voz do que clama no deserto”.
Em Isaias 40:3 o profeta anuncia a chegada do Senhor e Deus de Israel, mais adiante e mais
uma vez aponta que o Senhor Deus chegou, no versículo 9: “Eis aqui está o vosso Deus”.
Está é uma profecia messiânica. Quem é anunciado pelo profeta Isaías como tendo chegado
a Israel é revelado no evangelho onde os mesmos evangelistas que aplicam a profecia
messiânica para identificar a João Batista, como “a voz que clama no deserto” aplicam
62
também a profecia para identificar Deus com a pessoa de Jesus Cristo, anunciado por João
Batista, assim como anunciado por Isaías em sua visão. Ainda o que está nos versículos 9-11
de Isaias 40:
“Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que
anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às
cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus. Eis que o Senhor DEUS virá com poder e
seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário
diante da sua face. Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços
recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará
suavemente”.
João Batista testemunhou que Jesus era o Cristo anunciado por Isaias. Recomendo a leitura
do capitulo 1ª do evangelho de João concomitantemente com Isaías 40.
As palavras profetizadas 700 anos antes por Isaias que seriam anunciadas em Jerusalém do
primeiro século identificavam e ligavam a pessoa do anunciador com João Batista e o
anunciado (Deus) com Jesus Cristo. (eis aqui está o vosso Deus em Isaías) e (eis aqui está o
cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo em João 1:29-34).
Era sabido entre os judeus que somente Deus pode tirar o pecado do mundo e perdoar os
pecadores. No evangelho de Marcos 2:1-12, no episódio do paralitico curado, verificamos
especialmente a declaração sobre quem exclusivamente pode perdoar pecados sendo
aplicada ao Senhor Jesus: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?”.

Talvez seus acusadores tivessem em mente o texto que segue em Isaías 43:25: “Sou Eu
(YAHWEH), Eu mesmo, aquele que apaga tuas transgressões, por amor de mim, e que não
lembra mais de teus erros e pecados”. No entanto Jesus provou ter o poder para perdoar
os pecados quando curou o paralitico, demonstrando assim a sua autoridade tanto para
perdoar pecado igual a Deus, como poder para levantar o doente como Deus faria.
Ainda temos a pergunta de Isaías: “com quem comparareis a Deus?” ou ainda “Fará Deus
semelhante a quem? Com que Deus se assemelha?”.
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Está nos versículos 13-14 do mesmo capitulo 40 de Isaias:


“Quem guiou o Espírito do Senhor, ou como seu conselheiro o ensinou?
Com quem tomou Ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do
juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?”

O texto atribui a Deus todo o saber, a ciência, o conhecimento, ou seja, o atributo


incomunicável da onisciência. Que pode ser complementado pelo verso 28 de Isaias 40: “É
inescrutável o seu entendimento. Ou não há esquadrinhação do seu entendimento, ou
não se pode saber ou medir o tamanho ou o quanto Deus sabe”.
A resposta continua sendo proclamada no Novo Testamento em 1ª Coríntios 2:7-8: “Mas 63
falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos;
para nossa glória. A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a
conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória”.
A sabedoria de Deus neste texto do Novo Testamento é atribuída àquele que foi
crucificado, chamado de Senhor da glória. Quem é este Senhor da Glória?(Salmos 24:9-10)
A resposta ecoa nas palavras de Estevão em Atos 7:2 “O Deus da glória apareceu a nosso
pai Abraão”.
A resposta está complementada em outro texto do Novo Testamento: “O qual, sendo o
resplendor da sua glória, (da gloria de Deus) e a expressa imagem da sua pessoa (da
pessoa de Deus)”.
Ambos os textos referem-se ao Pai e a Jesus Cristo tendo os mesmo atributos de sabedoria
e glória.
Podemos verificar a resposta à pergunta de Deus acima citada no texto de Isaias 40: “a
quem me fareis semelhante?” Recebendo uma resposta em Isaias 11:1-2: “Porque brotará
um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.
E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o
espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”.
Note o texto: “e se chamará o seu nome: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Todos estes textos são profecias messiânicas que se realizaram plenamente em Jesus Cristo
(Colossenses 1: 15,19).
Ainda poderíamos acrescentar os versos 28-29 de Isaías 40 no sentido de ter Deus, poder
para dar força a outrem, que é outro atributo exclusivo de Deus chamado de Onipotência.
Seu domínio sobre sua criação. Ele, Deus, é quem dá força e nunca se cansa de fazer isto.
Outra parte da resposta está em 1ª Coríntios 2:10. “Deus nos faz saber, nos ilumina com o
seu Espirito; O Espirito de Deus sabe todas as coisas de Deus (Onisciente) O Espirito de
Deus nos faz conhecer o que é de Deus, agora temos a mente de Cristo” (1ª Coríntios 2:10-16).
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Mas fica a pergunta de 1ª Coríntios 2:16 – “Porque, quem conheceu a mente do Senhor,
para que possa instruí-lo?”.
Quem conheceu a mente do Pai, do Filho e do Espirito Santo? Ninguém. Somente Deus
sabe. Vemos isto em Deuteronômio 29:29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor
nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei”.
As coisas reveladas estão na sua lei, nas Escrituras divinas, na sua palavra para nossa
consulta, no entanto não revela tudo sobre Deus, Jesus e o Espirito Santo (Salmo 147:4-5)
“o seu entendimento é infinito”.
Sua sabedoria, ciência, juízos, caminho são insondáveis, mais altos, incompreensíveis. 64
(Romanos 11:33-36)
Jó 42:2 - tudo podes e os seus pensamentos não podem ser impedidos.
Jeremias 29:11 – “eu (Deus) sei os meus pensamentos”. Podemos dizer que o Espirito
Santo também sabe: “Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus”.
A Bíblia não limita Deus, Jesus é maior que as Escrituras sagradas (Isaías 9:6-7) o Espirito
Santo vai além de todas as coisas e realiza os desígnios de Deus que são eternos (Isaías
61:1-3\11:1-2\Lucas 4:18\Apocalipse 19:13).
Deus só pode ser comparado com Ele mesmo, com Jesus e com o Espirito Santo; eles são O
Deus ELOHIM, revelados na sua criação, em Jesus, no Espirito Santo e nas Escrituras,
embora não limitado a ela (as Escrituras) não contradiz a sua lei. (Isaias 40:8 – a palavra de
Deus é eterna. Apocalipse 1:4 – os 7 espíritos de Deus. Zacarias 4:2, 10- os 7 olhos de
Deus).
Os sete espíritos de Deus devem representar a perfeição e o ministério do Espirito Santo à
igreja (Apocalipse 4:5\5:6). A simbologia do número sete é a perfeição e também denota
autoridade de Deus, perene ao seu Espirito.
Isaias 42:1 trata-se de uma profecia messiânica dirigida a Jesus declarando o próprio Deus
que nele (em Jesus) depositaria seu Espirito: “pus sobre ele o Meu Espirito”. Esta profecia
foi confirmada quando Deus mesmo declara sobre Jesus as primeiras palavras de Isaias 42:1
em Mateus 3:17 que diz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Mateus
12:17-18)
Também em Mateus 17 sobre a sua transcendência messiânica na transfiguração. O
messias tem os sete espíritos de Deus (Isaías 11:1-2), o Espirito do Senhor está com Ele, por
isso somente o Messias poderia revelar a Deus o Pai, sendo esta a sua maior obra, revelar a
Deus no âmbito da salvação (parcial com relação a Deus). Isto posto, entendemos que há
muito mais para se conhecer sobre Deus pela eternidade do que poderia ser revelado nas
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Escrituras (Oséias 6:6). E que Deus somente pode ser comparado com Ele mesmo revelado
na pessoa de Jesus Cristo e do Espirito Santo.
Salmos 89:6: Pois quem no céu se pode igualar ao SENHOR? Quem é semelhante ao
SENHOR entre os filhos dos poderosos?
Jeremias 10:6: Ninguém há semelhante a ti, ó SENHOR; tu és grande, e grande o teu nome
em poder.
Isaías 45:5, 6: Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei,
ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o
poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.

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Resumo
A inspiração é um mistério.
A Bíblia é inspirada por Deus, soprada para dentro do homem.
Inspiração é proteção contra erros.
A inspiração é plenária; toda ela, sobre qualquer assunto.
A inspiração é verbal; palavra por palavra é inspirada.
A inspiração torna a Bíblia infalível e inerrante.
Toda Bíblia é inspirada, mas não igualmente importante (João 3:16-Juizes 3:16).
Cada palavra é inspirada, mas só há autoridade quando alguns critérios são cumpridos:
a) no seu contexto;
b) quando é Deus diretamente ou pelos seus profetas e não o registro (inspirado e infalível)
das mentiras do diabo, demônios ou homens.
Inspiração não exclui o uso de registros extras Bíblicos (Atos 17:28 \ Tito 1:12 \ Judas 14-15)
A inspiração está terminada e finalizada (Apocalipse 22:18-19) e só abrangeu a Bíblia.
A inspiração não exige mesmos detalhes no relato de um mesmo evento (Mateus27: 37 +
Marcos 15:26 + Lucas 23:38 + João 19:19).
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Conclusão:
Como na pintura de Michelangelo Mersi Caravaggio (1571-1610) são Mateus e o anjo no
quadro que revela que o apóstolo envolvido pelo anjo e a compaixão e paciência do anjo
relembram e revivem a experiência dos dias em que “o verbo” se fez carne; o produto
deste trabalho refletido na palavra “logos” escrito no livro apoiado no colo do apóstolo,
ícone da inspiração e transmissão do evangelho e Escrituras.

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