Você está na página 1de 9

S332 ARTIGO ARTICLE

A desnutrição e obesidade no Brasil:


o enfrentamento com base na
agenda única da nutrição

Malnutrition and obesity in Brazil:


dealing with the problem through
a unified nutritional agenda

Janine Giuberti Coutinho 1,2

Patrícia Chaves Gentil 1


Natacha Toral 1

Abstract Introdução

1 Coordenação-Geral da Brazil, like other developing countries, is current- A presença da desnutrição, deficiência de mi-
Política de Alimentação
e Nutrição, Ministério da
ly experiencing a nutritional transition that is of- cronutrientes, excesso de peso e outras doen-
Saúde, Brasília, Brasil. ten determined by poor eating. Population-based ças crônicas não transmissíveis coexistindo nas
2 Observatório de Políticas
surveys have shown a continuing downward mesmas comunidades e, muitas vezes no mesmo
de Segurança Alimentar e
Nutrição, Brasília, Brasil. trend in undernutrition in this country, together domicílio, caracteriza a transição nutricional 1.
with increases in excess weight at different stages Esse fenômeno é traduzido em um dos maiores
Correspondência
of life. Monitoring the nutritional profile helps desafios para as políticas públicas no momento e
J. G. Coutinho
Coordenação Geral da generate an attitude of surveillance and orienta- exige um modelo de atenção à saúde pautado na
Política de Alimentação e tion of health promotion activities. The Family integralidade do indivíduo com uma abordagem
Nutrição, Departamento de
Health Strategy, together with various situation- centrada na promoção da saúde.
Atenção Básica, Secretaria de
Atenção à Saúde, Ministério al aspects in Brazil, has shown tangible results in Diversos estudos têm demonstrado que o
da Saúde. the reduction of undernutrition; still, poor eating Brasil, assim como outros países em desenvol-
SEPN 511, bloco C, Edifício
Bittar IV, 4º andar, Brasília,
has played a major role in the increased preva- vimento, convive com a transição nutricional,
DF 70750-543, Brasil. lence of obesity and other chronic non-commu- determinada freqüentemente pela má-alimen-
janinegc@yahoo.com nicable diseases, besides having a heavy impact tação 2,3. Ao mesmo tempo em que se assiste à
janine.coutinho@saude.gov.br
on individual quality of life and placing a sig- redução contínua dos casos de desnutrição, são
nificant burden on the Unified National Health observadas prevalências crescentes de excesso
System. Intervening in this contemporary public de peso, contribuindo com o aumento das do-
health dilemma requires prioritizing a unified enças crônicas não transmissíveis. A essas são
nutritional agenda focused on the entire course associadas as causas de morte mais comuns
of life, breaking the vicious circle that begins dur- atualmente. Segundo a Organização Mundial da
ing the intrauterine period and lasts throughout Saúde (OMS), a hipertensão arterial e a obesi-
life. dade correspondem aos dois principais fatores
de risco responsáveis pela maioria das mortes e
Nutritional Epidemiology; Nutritional Transi- doenças no mundo 4. No Brasil, as doenças car-
tion; Chronic Diseases diovasculares correspondem à primeira causa
de morte há pelo menos quatro décadas, acom-
panhada de um aumento expressivo da morta-
lidade por diabetes e ascensão de algumas neo-
plasias malignas 5.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE COM BASE NA AGENDA ÚNICA DA NUTRIÇÃO S333

As doenças crônicas não transmissíveis, por baixas de déficits ponderais, alcançando 3,7%
serem de longa duração, são as que mais deman- de acordo com a última POF. Nesse grupo etário,
dam ações, procedimentos e serviços de saúde, destaca-se particularmente a redução intensa e
gerando no Brasil uma sobrecarga do Sistema contínua do déficit de estatura nas últimas déca-
Único de Saúde (SUS). Estima-se que os gastos das. Os dados do ENDEF e da última POF apre-
do Ministério da Saúde com atendimentos am- sentam um declínio da prevalência de déficit de
bulatoriais e internações em função das doenças altura de 33,5% para 10,8% entre os meninos, e
crônicas não transmissíveis sejam de aproxima- de 26,3% para 7,9% entre as meninas 9.
damente R$ 7,5 bilhões por ano 6. A obesidade, No caso das crianças menores de cinco anos,
a hipertensão e o diabetes são propiciados pelo o déficit de peso por idade foi reduzido nacional-
perfil alimentar encontrado entre as famílias bra- mente de 16,6%, segundo o ENDEF, para 4,6%, de
sileiras, em que há uma participação crescente acordo com os dados da POF de 2002-2003. Nas
de gorduras em geral, gorduras de origem animal regiões Norte (área urbana) e Nordeste, a preva-
e alimentos industrializados ricos em açúcar e lência de déficit de peso partia de valores mais
sódio e a diminuição de cereais, leguminosas, altos, de 21,7% a 24,9% no ENDEF, e foi reduzida
frutas, verduras e legumes 7. de forma contínua ao longo dos inquéritos, al-
Os dados de tendência de consumo são fa- cançando 6,7% e 5,4% 9.
voráveis à reversão dos problemas associados à Diversos fatores têm contribuído para a
desnutrição, com o aumento da disponibilidade redução do déficit ponderal entre as crianças
de calorias per capita e o aumento da participa- brasileiras nos últimos anos. Além dos ganhos
ção de alimentos de origem animal na alimenta- econômicos, houve uma grande expansão dos
ção 7. Por outro lado, ainda persistem no Brasil serviços públicos de saneamento e programas
as formas mais severas da desnutrição, especial- de saúde, gerando uma ampliação da cobertura
mente o déficit de estatura por idade. Este é mais da assistência à saúde na população brasileira.
grave nas regiões Norte e Nordeste, mas também Nesse contexto, cabe ressaltar a organização da
presente em bolsões de pobreza nas demais regi- atenção básica no SUS por meio da Estratégia
ões, o que caracteriza a desnutrição, sem dúvida, Saúde da Família, em franca expansão desde
como um fruto da desigualdade social e pobreza 1994 10.
do país. A Estratégia Saúde da Família tem como pre-
Para atuar neste dilema da saúde públi- missa o atendimento dos indivíduos e famílias
ca contemporânea, é necessário priorizar uma de forma integral e contínua, desenvolvendo
agenda única de nutrição, no enfoque do curso ações de promoção e proteção e recuperação da
da vida, quebrando um ciclo vicioso que se inicia saúde e tem como objetivo reorganizar a práti-
ainda no período intra-uterino, e se perpetua ao ca assistencial, centrada no hospital, passando
longo da vida. a enfocar a família em seu ambiente físico e so-
cial. Corresponde a um modelo de atenção que
pressupõe o reconhecimento de saúde como um
Perfil nutricional da população brasileira direito expresso na melhoria das condições de
vida. No tocante à área da saúde, essa melhoria é
Os resultados de inquéritos populacionais reali- traduzida em serviços mais resolutivos, integrais
zados no Brasil desde a década de 70 têm apre- e, sobretudo, humanizados. Um importante im-
sentado uma redução das prevalências de baixo pacto da Estratégia Saúde da Família é observa-
peso em ambos os sexos, em diferentes fases da do sobre a saúde das crianças: um aumento de
vida e em todas as regiões do país. Segundo o Es- 10% na cobertura da Estratégia Saúde da Família
tudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), re- resulta numa redução de 4,6% na taxa de morta-
alizado em 1974-1975, 7,2% dos homens e 10,2% lidade infantil 11.
das mulheres apresentavam déficits ponderais 7. De Onis et al. 12 apontam que o melhor indi-
Já na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de cador global do bem-estar da criança é o cresci-
2002-2003 verificou-se uma prevalência de baixo mento e, ainda, que o acompanhamento do cres-
peso de 2,8% e 5,4% entre homens e mulheres, cimento não é adotado somente para a avaliação
respectivamente 7. Segundo a OMS, prevalências da saúde e do estado nutricional de uma criança,
de baixo peso de até 5% são consideradas aceitá- mas também corresponde a um excelente indi-
veis em países em desenvolvimento 8. Nesse sen- cador de desigualdade nas populações. Pode-
tido, afirma-se que o déficit ponderal em adultos se inferir que a desnutrição é um dos produtos
não é mais considerado um problema de saúde da desigualdade social que ainda prevalece no
pública no Brasil. Brasil. Para superar essa situação perversa que
Entre adolescentes, os resultados de inqué- compõe o panorama brasileiro da má-nutrição,
ritos têm mostrado freqüências relativamente são exigidas medidas eficientes e urgentes para o

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


S334 Coutinho JG et al.

combate à pobreza e à fome por meio da imple- representa o efeito cumulativo do estresse nutri-
mentação de políticas de inclusão social. cional sobre o crescimento esquelético. Continua
O Brasil e outros 189 países são signatários a ser um dos problemas importantes de saúde
dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio que pública, em razão das conseqüências desastrosas
tem como referencial o alcance de um proces- para o crescimento, desenvolvimento e até para a
so de desenvolvimento inclusivo e justo como sobrevivência das crianças. A baixa estatura tem
prioridade para a eliminação da pobreza. Foram sido relacionada ao atraso na capacidade intelec-
determinados oito objetivos, 18 metas e 48 indi- tual, baixo rendimento escolar, menor capacida-
cadores. No Brasil essas metas foram redimen- de física para o trabalho, além de ser considerado
sionadas a fim de acelerar os esforços do governo como um determinante do maior risco para ge-
e da sociedade na reversão do quadro da pobreza rar crianças com baixo peso ao nascer entre as
e fome. É também importante ressaltar que as mulheres.
metas brasileiras são mais ambiciosas do que as Dentre as estratégias possíveis para o mape-
metas propostas pela Organização das Nações amento da desnutrição no país é a realização de
Unidas (ONU). O primeiro objetivo é erradicar a “Chamadas Nutricionais”. Elas são estratégias
pobreza e a fome. vinculadas às Campanhas de Imunização de
Os desafios a serem enfrentados resultam, Poliomielite (Programa Nacional de Imuniza-
destacadamente, da falta de acesso aos alimen- ções, da Secretaria de Vigilância em Saúde), que
tos, decorrentes do baixo poder aquisitivo de permitem uma mobilização para fins de atitude
milhões de brasileiros. O problema de acesso é de vigilância dos estados e principalmente dos
agravado por uma série de outros fatores, como municípios sobre a importância do acompanha-
condições inadequadas de saneamento básico, mento do crescimento infantil. Além disso, per-
baixos níveis de educação e serviços de saúde mite a obtenção de informações sobre indicado-
deficientes. A fome e a desnutrição no país não res antropométricos e indicadores de consumo
se devem à escassez de produção de alimentos. em crianças menores de cinco anos.
Ao contrário, a agricultura nacional produz mais Em 2005, foi realizada a “Chamada Nutricio-
do que o suficiente para suprir as necessidades nal” na região do semi-árido brasileiro pelo Mi-
da população brasileira. Segundo dados da Or- nistério do Desenvolvimento Social e Combate
ganização das Nações Unidas para Agricultura e à Fome, em parceria com o Ministério da Saúde.
Alimentação (FAO), a disponibilidade de alimen- No evento observou-se que 6,6% das crianças
tos no Brasil aumentou sucessivamente e se situa apresentavam déficit estatural (com valores abai-
no patamar de cerca de 3 mil quilocalorias (kcal) xo do desvio-padrão 2 da mediana da população
por pessoa dia 13. de referência). Diversas variáveis sócio-econô-
O Brasil é um país heterogêneo em relação micas foram relacionadas à baixa estatura, sendo
à distribuição dos determinantes sócio-econô- as maiores prevalências observadas entre crian-
micos da desnutrição. A distribuição regional da ças de um ano de idade (11%), de famílias nas
pobreza mostra variações importantes, desta- quais eram realizadas menos de três refeições
cando-se a freqüência duas a três vezes maior de ao dia (16,2%) e que tinham mães sem instrução
pobres, nas regiões Norte e Nordeste do que nas (14,8%) 18.
regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste 14. Contraste No entanto, uma avaliação feita em diversos
bem evidente ocorre, por exemplo, entre a popu- países por meio de um banco de dados sobre cres-
lação urbana do Sudeste, em que apenas um em cimento infantil da OMS indica que, apesar de o
cada sete indivíduos é pobre, e a população rural Brasil apresentar déficits estaturais importantes,
do Nordeste, em que três em cada cinco indiví- eles ficam abaixo da média global (24,1%) e da
duos são pobres. A distribuição regional da des- média das nações em desenvolvimento (26,5%).
nutrição segue a mesma distribuição da pobre- Neste estudo o Brasil registrou resultados me-
za, determinando, ainda com maior intensidade, lhores que a maioria dos países sul-americanos
as desvantagens das regiões Norte e Nordeste. estudados (Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru, Ve-
Pesquisa realizada em 1996 mostrou freqüência nezuela) – fica em posição desfavorável somente
duas a três vezes maior de crianças com baixa em relação ao Chile e ao Uruguai 12.
estatura no Norte e Nordeste do que nas regiões O outro lado da transição nutricional da po-
do Centro-Sul do país 15. pulação brasileira refere-se às prevalências cres-
Um dos mais relevantes focos de medidas centes do excesso de peso e de obesidade. Os
deve ser a prevenção do déficit estatural na po- inquéritos populacionais têm mostrado um au-
pulação infantil, considerado como produto da mento expressivo do problema entre os homens,
fome crônica, da desigualdade social e da miséria em todas as regiões brasileiras, alcançando 41%
brasileiras 16. Este corresponde a uma das carac- de excesso de peso e 8,8% de obesidade. Entre as
terísticas mais significativas da desnutrição 17 e mulheres, após um aumento de cerca de 50% en-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE COM BASE NA AGENDA ÚNICA DA NUTRIÇÃO S335

tre a década de 70 e final dos anos 80, observa-se atenção à saúde, durante o período gestacional
certa estabilidade nas prevalências, mas 39,2% e e a infância deveria ser a garantia de melhor es-
12,7% apresentavam excesso de peso e obesida- tado nutricional e a possibilidade de eliminar a
de, respectivamente, em 2002-2003 7. desnutrição em áreas e grupos populacionais
específicos.
No Brasil, a Política Nacional de Alimentação
Agenda única da nutrição e Nutrição (PNAN), criada em 1999, explicitou o
papel do setor saúde para a agenda única de nu-
O dilema atual da nutrição em saúde pública é trição, considerando como pressupostos o direito
lidar ao mesmo tempo com situações aparen- humano à alimentação adequada e à segurança
temente contraditórias, como a desnutrição e a alimentar e nutricional 22. Dentre as sete diretri-
obesidade e suas implicações. Organismos inter- zes propostas, três delas merecem destaque: (1)
nacionais vêm referenciando que para o enfren- o monitoramento da situação alimentar e nutri-
tamento da transição nutricional é necessário cional da população brasileira; (2) a prevenção e
colocar na pauta uma série de políticas articula- controle das carências nutricionais e das doen-
das numa “agenda única de nutrição”, mediante ças associadas à alimentação e à nutrição e (3)
a promoção da alimentação saudável, no enfo- a promoção de práticas alimentares e estilos de
que do curso da vida 1. vida saudáveis.
Isso porque a promoção da alimentação sau- A criação da PNAN pautou-se na necessida-
dável constitui-se numa das estratégias de saúde de de recolocar a nutrição no cenário político,
pública de vital importância para o enfrentamen- estruturar as ações de alimentação e nutrição
to dos problemas alimentares e nutricionais do no setor saúde e fomentar uma rede de apoio
contexto atual. Deve consistir em uma aborda- institucional nos estados e municípios brasilei-
gem integral capaz de prevenir ao mesmo tempo ros e, ainda, com a sociedade civil organizada e
as doenças causadas por deficiências nutricio- a academia. Além disso, veio fortalecer o setor
nais – reforçando a resistência orgânica para as numa perspectiva intersetorial, apontando sua
doenças infecciosas – e em uma redução da pre- interface direta com o Sistema Nacional de Segu-
valência do excesso de peso e das outras doenças rança Alimentar e Nutricional (SISAN), discutido
crônicas não transmissíveis associadas 19. desde 2006, com a publicação da Lei Orgânica de
O enfoque do curso da vida foi desenvolvido Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), que
nas últimas décadas, com base em estudos de se fundamenta mediante a articulação de setores
coortes em diversos países, inclusive no Brasil, governamentais, a sociedade civil, a academia e
sugerindo que exposições nutricionais, ambien- o setor produtivo 22,23.
tais e padrões de crescimento durante a vida As Tabelas 1 e 2 apontam exemplos de ações/
intra-uterina e nos primeiros anos de vida po- estratégias que devem ser priorizadas ou forta-
dem ter efeitos importantes sobre as condições lecidas pelo setor saúde, nas três esferas de go-
de saúde do adulto. O retardo de crescimento verno, na concepção de uma agenda única de
intra-uterino e o ganho de peso excessivo nos nutrição.
primeiros anos de vida têm sido associados em Dentre as ações elencadas merecem desta-
muitas pesquisas com o risco aumentado para que as medidas de promoção da alimentação
obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, saudável. Organizar essas ações é um dos de-
resistência insulínica e morbimortalidade car- safios que se impõem atualmente. Isso porque
diovascular na vida adulta, entre outros desfe- promover uma alimentação saudável implica de-
chos desfavoráveis 20. Esse ciclo perverso está senvolver mecanismos que apóiem os sujeitos a
ilustrado na adaptação do modelo proposto por adotar modos de vida saudáveis, revendo hábitos
Darnton-Hill et al. 21, conforme Figura 1. alimentares considerados pouco saudáveis, num
Considerando que o início desse ciclo per- contexto em que a globalização e a urbanização
verso está na má-nutrição intra-uterina e na caracterizam-se como movimentos incessantes
desnutrição infantil, as estratégias clássicas de e contínuos, altamente dificultadores do estabe-
saúde pública, como o pré-natal para as gestan- lecimento de práticas alimentares saudáveis, e
tes, acompanhamento do crescimento e desen- que impactam interesses econômicos contrários
volvimento, fomento do aleitamento materno à saúde pública.
exclusivo até o sexto mês, complementar até o Assim, é fundamental associar medidas de
segundo ano de vida, e ainda uma alimentação incentivo voltadas ao indivíduo como as estra-
complementar adequada, devem ser prioriza- tégias de informação, campanhas e educação
das e fortalecidas em âmbito local de atenção à alimentar e nutrição; com medidas de apoio que
saúde. Ou seja, ampliar e, sobretudo, qualificar auxiliem os indivíduos a fazerem suas escolhas
o acesso aos serviços de saúde e a cobertura da alimentares mais saudáveis, como por exemplo:

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


S336 Coutinho JG et al.

Figura 1

Enfoque do curso da vida no desenvolvimento da transição nutricional.

Má-nutrição uterina e no 1o ano de vida

Má-nutrição na terceira idade Inadequado


Rápido
catch up
crescimento
de crescimento

Má-nutrição na infância
Inadequada
nutrição fetal
Obesidade e outras DCNT

Má-nutrição na fase adulta

Gestantes
Baixo ganho de peso Má-nutrição na adolescência
na gestação
Ganho de peso excessivo
na gestação

Adaptado de Darnton-Hill et al. 21.


DCNT: doenças crônicas não transmissíveis.

rotulagem nutricional dos alimentos, incentivos foi um dos países que se tornaram signatários,
voltados à produção dos alimentos, comerciali- favorecendo a inserção na pauta política, setorial
zação, abastecimento e o acesso físico a alimen- e intersetorial da discussão da obesidade no con-
tos mais saudáveis 19,24,25. texto da transição nutricional, bem como as me-
As medidas de proteção também assumem didas proposta na agenda única da nutrição 24.
lugar essencial no contexto da promoção da Em nível local, a concretização das ações de
alimentação saudável, pois implicam medidas alimentação e nutrição em uma agenda única
regulatórias que protegem a população de prá- pode ser potencializada na atenção primária à
ticas abusivas, como por exemplo: as práticas saúde. Esse é um espaço privilegiado para o de-
de marketing e publicidade de alimentos ricos senvolvimento das ações de incentivo e apoio
em açúcar, gorduras e sal, focadas no público in- à adoção de hábitos alimentares saudáveis e à
fantil, que interferem sobremaneira nos hábitos prática regular de atividade física, garantindo a
alimentares das crianças; no comércio e oferta difusão de informação e a reflexão coletiva sobre
desses alimentos no ambiente escolar, que deve os fatores individuais e coletivos que influenciam
ser um ambiente de formação de hábitos mais as práticas em saúde e nutrição na sociedade e
saudáveis; e na comercialização de alimentos estimulando o espírito crítico e o discernimento
processados, que devem ter seus teores de açú- das pessoas.
car, gorduras e sal limitados, em virtude da má O Brasil adota um modelo de reorientação da
qualidade nutricional dos que estão sendo co- atenção primária à saúde, por meio da Estraté-
mercializados atualmente 19,24,25. gia Saúde da Família. É uma estratégia prioritária
Tal discussão foi difundida mundialmente e que visa atender a indivíduos e à família de forma
tornada oportuna a partir da Estratégia Global integral e contínua, baseado na territorialização,
de Promoção da Alimentação Saudável, Saúde e desenvolvendo ações de promoção, proteção e
Atividade Física, capitaneada pela OMS e discu- recuperação da saúde. Tem como objetivo reor-
tida na Assembléia Mundial, em 2005. O Brasil ganizar a prática assistencial, centrada no hos-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE COM BASE NA AGENDA ÚNICA DA NUTRIÇÃO S337

Tabela 1

Ações realizadas no âmbito da atenção primária à saúde, que devem ser potencializadas nas três esferas de governo, para uma agenda única de nutrição.

Prevenção e controle das carências nutricionais e dos distúrbios Avaliação e monitoramento do estado nutricional
associados à má-alimentação e práticas alimentares saudáveis da população brasileira

Ações realizadas no 1. Suplementação medicamentosa de micronutrientes para grupos 1. Sistema de Informação de Vigilância Alimentar e
âmbito da atenção mais vulneráveis como crianças, nutrizes e gestantes, universal ou Nutricional (SISVAN), no serviço de saúde (Sistema Único
primária à saúde em regiões endêmicas, cuja carência seja considerada problema de Saúde – SUS), para todas as fases do curso da vida
de saúde pública (Portaria nº. 730, (Portaria nº. 1.156, de 31 de agosto de 1990).
de 13 de maio de 2005 e Portaria nº. 729/GM, de
13 de maio de 2005).

2. Educação alimentar e nutricional no serviço de saúde, 2. Protocolo do Sistema de Informação de Vigilância


considerando as diferentes fases do curso da vida e as condições Alimentar e Nutricional (SISVAN): orientações para o
de saúde, a partir das diretrizes alimentares oficiais definidas nos atendimento nutricional em serviços de saúde da atenção
guias alimentares 22,24. básica.

3. Ações intersetoriais que possibilitem o acesso e a informação 3. Protocolos de atendimento para os problemas de
sobre alimentação saudável, envolvendo parcerias especialmente saúde mais prevalentes na região, com destaque para a
entre a educação, assistência social, desenvolvimento agrário e desnutrição, a obesidade e as outras doenças crônicas
saúde 19,24. não transmissíveis e outros distúrbios alimentares.

4. Acompanhamento prioritário na atenção básica às


famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

pital, com enfoque na família em seu ambiente tação e nutrição das famílias, utilizando os diver-
físico e social. Também pode ser definida como sos sistemas de informação da atenção básica,
um modelo de atenção que pressupõe o reco- dentre os quais o SISVAN, que servirão de base
nhecimento de saúde como um direito expresso para a realização do diagnóstico em nível local
na melhoria das condições de vida. No tocante à até a tomada de decisão em diferentes níveis de
área da saúde, essa melhoria e sua qualificação governo.
deve ser traduzida em serviços mais resolutivos, Após diagnóstico local, é possível realizar o
integrais e especialmente humanizados 26. planejamento com vistas à estruturação das ações
Recentemente, foi publicada a portaria que de prevenção e controle das carências nutricio-
institui os Núcleos de Apoio à Saúde da Família nais e de promoção da alimentação saudável no
(NASF) 27, que corresponde a uma iniciativa para serviço, de forma a contemplar as peculiaridades
apoiar as equipes mínimas da Estratégia Saúde e as diversidades locais, assim como definir os
da Família. Esses núcleos poderão ser compostos mecanismos de apoio e os espaços intersetoriais,
por médicos (ginecologistas, pediatras e psiquia- com destaque para o papel das escolas, dos equi-
tras), professores de educação física, nutricionis- pamentos da rede de assistência social e do de-
tas, acupunturistas, homeopatas, farmacêuticos, senvolvimento agrário, como potenciais atores
assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudió- de atuação conjunta.
logos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. A
instituição dos NASF permitirá a ampliação da
abrangência e o escopo das ações bem como da Conclusão: desafios para o enfrentamento
resolubilidade. na agenda única
Na lógica desse modelo de atenção, a agen-
da única da nutrição deve ser organizada pela O conjunto desses dados apresentados de di-
caracterização clara do perfil epidemiológico da ferentes grupos etários confirma que o Brasil
comunidade e dos espaços domiciliares com a convive concomitantemente com a desnutrição
identificação de riscos, problemas, prioridades, e com prevalências preocupantes de excesso de
potencialidades e possibilidades de atuação e peso e obesidade, resultantes da má-alimenta-
reconhecimento da situação de saúde, alimen- ção. Essa situação não apenas afeta o sistema de

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


S338 Coutinho JG et al.

Tabela 2

Medidas coletivas desenvolvidas pelo setor saúde, que devem ser potencializadas nas três esferas de governo, para uma agenda única de nutrição.

Prevenção e controle das carências nutricionais e dos distúrbios Avaliação e monitoramento do estado nutricional
associados à má-alimentação e práticas alimentares saudáveis da população brasileira

Medidas coletivas 1. Fortificação universal de alimentos com micronutrientes (ferro, 1. Chamadas nutricionais: mobilização e sensibilização
ácido fólico e iodo), cuja carência seja considerada problema de para a importância da vigilância alimentar e nutricional;
saúde pública (Resoluções RDC nº. 130, de 26 de maio de 2003 avaliação com representatividade estadual do consumo
e RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002). alimentar e antropométrica de crianças.

2. Campanhas informativas sobre alimentação saudável, 2. Inquéritos populacionais periódicos de estado


incentivando o aumento do consumo de frutas e hortaliças, no nutricional e de consumo alimentar: avaliação de
contexto de uma alimentação saudável 24. consumo alimentar; avaliação antropométrica e; avaliação
de carências nutricionais específicas
3. Medidas de apoio ao aleitamento materno e de promoção da
alimentação complementar 24.

4. Implementação das diretrizes da alimentação saudável


no ambiente escolar: inserção do tema de forma transversal
no currículo escolar; incentivo ao aumento do consumo de
frutas e hortaliças; boas práticas de fabricação dos serviços
de alimentação; restrição ao comércio de alimentos ricos em
açúcar, sal, gorduras saturadas e trans; e monitoramento do
estado nutricional dos escolares (Portaria Interministerial – Saúde
e Educação nº. 1.010, de 8 de maio de 2006) 24.

5. Aprimoramento da rotulagem nutricional obrigatória e, ainda,


estratégias de educação que permitam o seu entendimento
pela população (Resolução RDC nº. 359, de 26 de dezembro de
2003) 24.

6. Criação de marcos legais para limitar o teor de açúcar, sal e


gorduras saturadas e trans nos alimentos processados 24.

7. Controle de todas as formas de publicidade e marketing de


alimentos, voltadas para o público infantil 24.

saúde nacional, mas todo o contexto cultural, portante que essas medidas estejam em conso-
social e econômico do país, sendo reconhecida- nância com as políticas nacionais que têm inter-
mente o maior impedimento à concretização do face com os determinantes do estado nutricional
potencial humano. de uma população e também com os programas
A literatura aponta a necessidade de medi- de transferência de renda.
das de promoção da alimentação saudável como O desafio está posto: o fortalecimento da rede
fundamental para a resolução da desnutrição e de nutrição no SUS institucionalmente, nas três
das deficiências de micronutrientes, ainda, da esferas de governo, que possibilite a implemen-
prevenção da obesidade e doenças crônicas não tação de uma agenda única de nutrição, no foco
transmissíveis relacionadas que vão interromper da promoção da alimentação saudável, no enfo-
a intergeração da desnutrição e pobreza 1. É im- que do curso da vida?

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE COM BASE NA AGENDA ÚNICA DA NUTRIÇÃO S339

Resumo Colaboradores

O Brasil, assim como outros países em desenvolvimen- N. Toral descreveu o perfil nutricional da população bra-
to, convive atualmente com a transição nutricional, sileira no artigo. J. G. Coutinho e P. C. Gentil contribuíram
determinada freqüentemente pela má-alimentação. com a discussão sobre a agenda única da nutrição no
Os inquéritos populacionais mostraram a tendência Brasil. Todas as autoras participaram das revisão final e
contínua de redução da desnutrição no país, associada formatação do trabalho.
ao aumento do excesso de peso em diferentes fases da
vida. O monitoramento do perfil nutricional permite
a geração de uma atitude de vigilância e o direciona-
mento das ações de promoção de saúde. A Estratégia
Saúde da Família, em conjunto com diversos aspectos
conjunturais do país, mostrou resultados concretos pa-
ra a redução da desnutrição; contudo, a má-alimenta-
ção contribuiu de forma expressiva para o aumento da
prevalência de obesidade e de outras doenças crônicas
não transmissíveis, que, além de ter grande impacto
na qualidade de vida do indivíduo, oneram significa-
tivamente o Sistema Único de Saúde. Para atuar nesse
dilema da saúde pública contemporânea, é necessário
priorizar uma agenda única de nutrição, no enfoque
do curso da vida, quebrando um ciclo vicioso que se
inicia ainda no período intra-uterino e se perpetua ao
longo da vida.

Epidemiologia Nutricional; Transição Nutricional;


Doenças Crônicas

Referências

1. Standing Committee on Nutrition. Diet-related 7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pes-


chronic diseases and double burden of malnutri- quisa de Orçamentos Familiares 2002-2003: análi-
tion in West Africa. London: United Nations Sys- se da disponibilidade domiciliar de alimentos e do
tem; 2006. (Standing Committee on Nutrition estado nutricional no Brasil. Rio de Janeiro: Insti-
News, 33). tuto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2004.
2. Batista Filho M, Rissin A. A transição nutricional 8. Organización Mundial de la Salud. El estado físico:
no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad uso e interpretación de la antropometria. Infor-
Saúde Pública 2003; 19 Suppl 1:S181-91. me de un Comité de Expertos de la OMS. Geneva:
3. Bermudez OI, Tucker KL. Trends in dietary pat- World Health Organization; 1995. (Serie de Infor-
terns of Latin American populations. Cad Saúde mes Técnicos, 854).
Pública 2003; 19 Suppl 1:S87-99. 9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pes-
4. World Health Organization. The World Health Re- quisa de Orçamentos Familiares 2002-2003: antro-
port 2002: reducing risks, promoting healthy life. pometria e análise do estado nutricional de crian-
Geneva: World Health Organization; 2002. ças e adolescentes no Brasil. Rio de Janeiro: Insti-
5. Lessa I. Doenças crônicas não transmissíveis no tuto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2006.
Brasil: um desafio para a complexa tarefa da vigi- 10. Departamento de Atenção Básica, Secretaria de
lância. Ciênc Saúde Coletiva 2004; 9:931-43. Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Avalia-
6. Malta DC, Cezário AC, Moura L, Morais Neto OL, ção normativa do Programa Saúde da Família no
Silva Junior JB. A construção da vigilância e pre- Brasil: monitoramento da implantação e funcio-
venção das doenças crônicas não transmissíveis namento das equipes de saúde da família – 2001-
no contexto do Sistema Único de Saúde. Epide- 2002. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
miol Serv Saúde 2006; 15:47-65.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008


S340 Coutinho JG et al.

11. Macinko J, Guanais FC, Souza MFM. Evaluation of 20. Barker DJ, Eriksson JG, Forsen T, Osmond C. Fe-
the impact of the Family Health Program on infant tal origins of adult disease: strength of effects and
mortality in Brazil, 1990-2002. J Epidemiol Com- biological basis. Int J Epidemiol 2002; 31:1235-9.
munity Health 2006; 60:13-9. 21. Darnton-Hill I, Nishida C, James WP. A life course
12. de Onis M, Frongillo EA, Blössner N. Is malnutri- approach to diet, nutrition and the prevention
tion declining? An analysis of changes in levels of of chronic diseases. Public Health Nutr 2004;
child malnutrition since 1980. Bull World Health 7(1A):101-21.
Organ 2000; 78:1222-33. 22. Departamento de Atenção Básica, Secretaria de
13. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Objeti- Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Política na-
vos de desenvolvimento do milênio: relatório na- cional de alimentação e nutrição. 2a Ed. Brasília:
cional de acompanhamento. Brasília: Instituto de Ministério da Saúde; 2005.
Pesquisa Econômica Aplicada; 2007. 23. Brasil. Lei nº. 11.346, de 15 de setembro de 2006.
14. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pes- Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
quisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003. Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o di-
Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e reito humano à alimentação adequada e dá outras
Estatística; 2004. providências. Diário Oficial da União 2006; 18 set.
15. Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil. Pes- 24. World Health Organization. Integrated prevention
quisa Nacional sobre Demografia e Saúde, 1996. of noncommunicable diseases: Global Strategy on
2ª Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Civil Bem-Estar Diet, Physical Activity and Health. http://www.
Familiar no Brasil; 1999. who.int/dietphysicalactivity/strategy/eb11344/
16. Guigliani ERJ. Baixa estatura: um mal da sociedade en/index.html (acessado em 30/Nov/2007).
brasileira. J Pediatr (Rio J) 1994; 70:261-2. 25. Uauy R, Monteiro C. The challenge of improving
17. Laurentino GEC, Arruda IKG, Arruda BKG. Nanis- food and nutrition in Latin America. Food Nutr
mo nutricional em escolares no Brasil. Rev Bras Bull 2004; 25:175-82.
Saúde Matern Infant 2003; 3:377-85. 26. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Aten-
18. Monteiro CA, Conde WL, Konno SC. Análise do in- ção primária e promoção da saúde. Brasília: Con-
quérito Chamada Nutricional 2005. In: Secretaria selho Nacional de Secretários de Saúde; 2007.
de Avaliação e Gestão da Informação, Ministério (Coleção Pró-Gestores – Para Entender a Gestão
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, or- do SUS).
ganizador. Chamada Nutricional: um estudo sobre 27. Brasil. Portaria nº. 154, de 24 de janeiro de 2008.
a situação nutricional das crianças no semi-árido Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família
brasileiro. Brasília: Secretaria de Avaliação e Ges- – NASF. Brasília: Diário Oficial da União 2008; 25
tão da Informação, Ministério do Desenvolvimen- jan.
to Social e Combate à Fome; 2006. (Cadernos de
Estudos: Desenvolvimento Social em Debate, 4). Recebido em 04/Jan/2008
19. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Versão final reapresentada em 30/Jun/2008
Nutrição, Departamento de Atenção Básica, Se- Aprovado em 03/Jul/2008
cretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde.
Guia alimentar para a população brasileira: pro-
movendo a alimentação saudável. Brasília: Minis-
tério da Saúde; 2006.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S332-S340, 2008

Você também pode gostar