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Roma Antiga

As origens (séc. X - VIII a.C.)


Versões míticas dos próprios romanos:
• Lenda de Rômulo e Remo: longa tradição local. "Eneida", Virgílio (séc. I a.C.): influência dos épicos gregos. Fontes: os próprios autores
romanos  cautela ao interpretá-los!
Evidências arqueológicas:
• Etruscos ao norte, gregos ao sul (ambos povos urbanizados; influência cultural de ambos os povos na península itálica); no centro da
península: tribos latinas não urbanas.
• Surgimento de Roma: indícios de ocupação permanente em 1000 a.C.; fundação: a partir da junção de vilas independentes existentes nas
colinas da região (+ou- 750 a.C.).
Monarquia (753-509 a.C.)
Organização política:
• Teria havido sete monarcas (monarquia era um sistema comum nas cidades Etruscas e da Magna Grécia).
• Funções do rex: militar, religiosa, jurídica, construção de obras públicas. Sucessão não hereditária.
• Aristocracia: conselho de anciões (senado)  escolhia o rei.
• Assembleia (30 curiae, 10 de cada tribo)(homens em idade militar): ratificar a escolha do rei e lhe conferir poder de comando (imperium).
• Período de expansão de Roma sobre as cidades latinas vizinhas.
Organização social:
• Patrícios, plebeus e escravos.
• Populus romano: massa dos homens adultos. Divisão entre cidadãos e não-cidadãos. Cidadãos agrupados em tribos  obrigações militares
e unidades políticas. Conforme a cidade crescia, mais tribos eram criadas.
• Famílias agrupadas em clãs (gens). Análise de nome romano:

Lucius Cornelius Sulla

pessoal clã família

• Clientela: relação de subordinação e proteção entre indivíduos.

Patrão, beneficiu Cliente, obligatio


( favor ) ( obrigação )

República ( 509 - 27 a.C. )


• Fim da monarquia: governo despótico do último rei Tarquinius Superbus? Ou gradual transição para o sistema Republicano?
Organização institucional
• Duas bases: reuniões de cidadãos e cargos preeminentes  evitar concentração de poder!
• Senado: em tese, órgão apenas consultivo (disputa entre facções).
• Eleição anual de dois cônsules: "executivo" (imperium e auspicium); poderiam escolher um ditador que governaria por 6 meses em casos
extremos.
• Demais cargos (mandatos anuais, eletivos, colegiado):
• Pretores: funções judiciais.
• Edis: manutenção da cidade.
• Questores: responsáveis pelo tesouro público.
• Censores: realizavam o censo  definia o lugar de cada cidadão na sociedade romana (quem era elegível, qual posição ocuparia no exército).
• Pontifex maximus: liderança religiosa.
Assembleia Centurial Tribal Plebeia
Composição Todos os cidadãos Todos os cidadãos Somente plebeus
Unidades de 193 centúrias 35 tribos 35
votação
Presididas Cônsul ou pretor Cônsul ou pretor Tribuno da plebe
Elegiam Cônsules, pretores e Edis patrícios e Tribunos da plebe
censores questores e edis plebeus
Poderes Guerra e paz Propostas do Propostas do
legislativos cônsul ou pretor tribuno da plebe
Poderes judiciais Ouvir apelos de Vereditos em Vereditos em
cidadão em casos julgamentos julgamentos
gravíssimos
• Três princípios das assembleias: convocadas por um oficial; votos em bloco (não individual); encerramento da votação quando se atingia
minoria simples.
Luta de ordens, 494-287 a.C.:
• Conflitos político-sociais entre patrícios e plebeus.
• Em larga medida, as instituições da República foram moldadas por estes conflitos.
• Agenda de reivindicações plebeias:
• Evitar arbitrariedades cometidas pelos patrícios detentores de cargos públicos.
• Fim do nexum (dependência por dívidas).
• Acesso aos cargos públicos e ao sistema político (contra o movimento de monopolização política realizado pelos patrícios no início da
República).
• Distribuição de terras conquistadas.
• Codificação das leis.
• Revolta plebeia em 494 a.C.: secessão: criação de um Estado plebeu paralelo fora de Roma com instituições próprias: assembleia da plebe, dois
tribunos da plebe (poder de veto), dois edis, local de culto próprio. Paulatinamente, estas instituições foram incorporadas à República.
• No séc. II a distinção política entre plebeus e patrícios perde sentido prático. Nobiles: plebeus e patrícios de família de destaque no senado;
homines novi: indivíduos estreantes no senado (novos membros da elite).
Lei das Doze Tábuas, 450 a.C. Codificação das leis romanas
Lex Canuleia, 445 a.C. Permissão do casamento entre
patrícios e plebeus

Lex Licinia Sextia, 367 a.C. Acesso dos plebeus ao consulado


Lex Poetelia Papiria, 326 a.C. Fim do nexum
Lex Hortensia, 287 a.C. A assembleia plebeia torna-se um órgão
legislador com validade para todos os
cidadãos romanos
Expansão sobre a península itálica Três fases:
• 1) controle sobre os latinos (753-338 a.C.); 2) Itália central, guerras contra os Samnitas (345-290 a.C.); 3) sul: colônias gregas (280-272
a.C.).
• Revés: saque de Roma pelos gauleses, 390 a.C.: forte impacto simbólico.
• Fundação de colônias.
• Consequências da expansão: incremento do poder do senado; crescimento econômico e populacional; construção de obras públicas;
maior número de escravos; processo de helenização; alívio das tensões sociais.
O controle sobre os subjugados
Organização de uma confederação com vários graus de cidadania romana. Ao invés de tratamento duro, Roma oferecia privilégios e
integração. Exigência fundamental: auxílio militar. Preferência: exercício de hegemonia ao invés de anexação.

As Guerras Púnicas
• Primeira Guerra (264-241 a.C.): vitória romana; Cartago paga pesada indenização e abre mão da Sicília; conquista da Sardenha e
Córsega em 338 pelos romanos. Roma com poderosa frota naval.
• Segunda Guerra (218-201 a.C.): campanha de Aníbal Barca; campanha de Cipião, o Africano. Cartago perde a sua soberania.
Povoação romana da Espanha.
• Terceira Guerra (149-146 a.C.): "delenda Carthago est".
• Expansão sobre os Reinos Helenísticos
• Conquista da Macedônia em 168 a.C. e destruição de Corinto em 146 a.C.; hegemonia romana na região do Mar Egeu (aliados:
Rhodes e Pérgamo).
• Acentua-se o processo de helenização das elites romanas.
Conflitos sociais e crise da República
• Consequências da expansão em meados do século II a.C.: desestabilização da ordem baseada no soldado-fazendeiro. Concentração de
terras nas mãos da elite romana. Formação de um novo segmento social, os equestres (homens enriquecidos ligados a atividades
mercantis).
• Divisão na forma de atuação política: optimates x popularis.
• Irmãos Graco (tribunos da plebe): quebra abrupta da tradição republicana:
• Tibério Graco (133 a.C.): defesa de reforma agrária; desafiou o veto de outro tribuno e o senado e buscou se reeleger. Assassinado.
• Caio Graco (123-21 a.C.): leis populares (baratear o trigo), antagonista do senado, apoio das massas. Conflitos de rua. Assassinado.
• Guerra dos Aliados (91-87 a.C.): rebelião de aliados italianos pela concessão da cidadania romana (derrota militar, mas a cidadania
foi ampliada).
• Mário x Sila (88-82 a.C.)  disputa entre dois generais e políticos romanos: mobilização de legiões contra os próprios romanos
(guerra civil no coração da República); violência para atingir sucesso político. Reforma militar de Mário: cidadão pobre armado à custa
do Estado; promessa de terras
(politização do Exército).
• Ditadura de Sila, 81 a.C.: massacres e proscrições; distribuição de terras para apoiadores; reformas políticas com o objetivo de
restabelecer a autoridade do senado e diminuir as prerrogativas dos tribunos da plebe.
• Revolta de Espártaco (73-71 a.C.).
• Pompeu, anos 60: conteve revolta na Espanha; combateu a intensa pirataria no Mediterrâneo; derrotou o rei Mitrídates VI (que
matara 80.000 romanos na região da Ásia Menor); anexação de Jerusalém; rivalidade com Crasso.
• Primeiro triunvirato (59-53 a.C.): aliança informal entre Pompeu, César e Crasso  enfrentar o senado. Crasso morre em campanha
no Oriente; César conquista a Gália  no retorno, cruza o Rubicão com suas tropas para enfrentar Pompeu, "Alea iacta est". Guerra
Civil 49-45 a.C..
• Ditadura de César (49-44 a.C.): nunca assumiu-se como rei, porém era ditador vitalício. Assassinado por senadores conspiradores
em 44 a.C..
• Segundo Triunvirato (43-33 a.C.): Marco Antônio, Lépido (comandantes de César) e Otávio (sobrinho-neto de César e seu herdeiro)
 arranjo legalizado cujo objetivo era estabilizar a República e perseguir os assassinos de César. Novas proscrições e confisco de
propriedades. Deificação de César. Conflito militar aberto entre M. Antônio e Otávio a partir de 33 a.C.. Vitória final de Otávio, que
anexa o Egito  fim da República!
Alto Império - Principado (I - III d.C.)
Primeiro imperador: Octávio Augusto (31 a.C. 14 d.C.)
• Não assumiu a posição de rei, preferia exercer seu poder por meio de sua autoridade, influência e prestígio. Fonte de seu poder:
conjunto de honrarias, privilégios, cargos e títulos concedidos pelo senado e pelas assembleias. Assumia-se como princeps (primeiro
cidadão); Augusto (divino); pater patriae.
• "Respeitou" as instituições republicanas: senado, assembleias e magistraturas.
• Reforma militar: carreira militar profissional; controle sobre todas as legiões. Defesa das fronteiras. Criação da guarda pretoriana.
• Marca o início de um período de prosperidade e estabilidade. Pax Romana. Desenvolvimento cultural: literatura e arquitetura.
• Pão e circo.
Dinastias do período do Principado
Dinastia Júlio-Claudiana (14-68 d.C.)
Dinastia Flaviana (68-96)
Baixo Império - Dominato (III-V d.C.)
Crise do século III (235-284)
• Fim da dinastia dos Severos: seguidas guerras entre os generais pelo poder (ausência de critérios de sucessão imperial). Enfraquecimento
do senado.
• Ameaças externas: poderosas confederações de tribos bárbaras e o império dos persas sassânidas.
• Fim da expansão territorial: crise na economia escravista (ausência de mão de obra).
Império Romano dividido e enfraquecido durante a crise
A restauração da ordem
• Reunificação do império: imperador Aurélio (270-75).
• Diocleciano (284-305): governo mais abertamente autocrático. Legitimação divina (Hércules e Júpiter); perseguição de cristãos.
Tetrarquia.
• Constantino (306-337): fundação de Constantinopla; Édito de Milão (liberdade religiosa para os cristãos); suporte à Igreja; converteu-
se ao cristianismo. Concílio de Niceia (325): formulação da ortodoxia católica.
• Teodósio (379-395): divisão do império em duas partes; Édito de Tessalônica (cristianismo religião oficial do império).
• Difusão do cristianismo: século III e IV.
Queda do Império do Ocidente
• Processo de "barbarização" do império: integração de bárbaros no exército romano; estabelecimento consentido de povos bárbaros
dentro do império; crescimento do poder dos generais germânicos; declínio das cidades e ruralização; gradual formação de uma
cultura romano-germânica.
• Saque de Roma em 410, em 455, e, finalmente, em 476, quando o último imperador (Rômulo) é derrubado pelo líder bárbaro
Odoacro.
• Queda ou lento processo de transformação?
• O Império do Oriente perdurou até 1453, mantendo o legado da Antiguidade.

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