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LEONARDO NUNES
CARLOS ALBERTO
SÃO PAULO
DEZEMBRO 2017
A heurística – respostas rápidas que costumamos dar a perguntas
extremamente complexas, são do ponto de vista comportamental algo bom. Pois
são atalhos mentais que facilitam a tomada de decisão.
E ainda mais, se pensarmos que, hoje em dia precisamos tomar diversas
decisões complexas de forma rápida assim as heurísticas possuem papel
fundamental, pois viabilizam escolhas adequadas, embora imperfeitas
(Kahneman, 2012, p. 127).
estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a
opinião pública nas redes sociais se aproveita de uma característica psicológica conhecida
como "comportamento de manada".
"Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha
de um restaurante quando você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro
tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se outros já
escolheram, deve ter algum fundamento nisso", diz Fabrício Benevenuto, professor da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais.
Ele estuda desinformação nas redes e testou sua teoria com um experimento: controlou quais
comentários apareciam em um vídeo do YouTube e monitorou a reação de diferentes pessoas.
Quanto mais elas eram expostas só a comentários negativos, mais tendiam a ter uma reação
negativa em relação àquele vídeo, e vice-versa.
"Um vai com a opinião do outro", conclui Benevenuto. Em seu experimento, os pesquisadores
chegaram à conclusão de que a influência estava também ligada a níveis de escolaridade:
quanto menor o nível, mais fácil era ser influenciado.
Exército de fakes
Usuária identificada como falsa, com foto de perfil de banco de dados, tem 2.426 amigos
(Foto: Reprodução/Facebook) Usuária identificada como falsa, com foto de perfil de banco de
dados, tem 2.426 amigos (Foto: Reprodução/Facebook)
Usuária identificada como falsa, com foto de perfil de banco de dados, tem 2.426 amigos
(Foto: Reprodução/Facebook)
Evidências reunidas por uma investigação da BBC Brasil ao longo de três meses, que deram
origem à série Democracia Ciborgue, da qual esta reportagem faz parte, sugerem que uma
espécie de exército virtual de fakes foi usado por uma empresa com base no Rio de Janeiro
para manipular a opinião pública, principalmente, no pleito de 2014. E há indícios de que os
mais de 100 perfis detectados no Twitter e no Facebook sejam apenas a ponta do iceberg de
um problema muito mais amplo no Brasil.
A estratégia de influenciar usuários nas redes incluía ação conjunta para tentar "bombar" uma
hashtag (símbolo que agrupa um assunto que está sendo falado nas redes sociais), retuítes de
políticos, curtidas em suas postagens, comentários elogiosos, ataques coordenados a
adversários e até mesmo falsos "debates" entre os fakes.
Alguns dos usuários identificados como fakes tinham mais de 2 mil amigos no Facebook. Os
perfis publicavam constantemente mensagens a favor de políticos como Aécio Neves (PSDB) e
o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), além de outros 11 políticos brasileiros.
Eles negam ter contratado qualquer serviço de divulgação nas redes sociais por meio de perfis
falsos. A investigação da BBC Brasil não descobriu evidências de que os políticos soubessem do
expediente supostamente usado.
Eduardo Trevisan, dono da Facemedia, empresa que seria especializada em criar e gerir perfis
falsos, nega ter produzido fakes. "A gente nunca criou perfil falso. Não é esse nosso trabalho.
Nós fazemos monitoramento e rastreamento de redes sociais", disse à BBC Brasil.
Personas
As pessoas que afirmam ser ex-funcionárias da Facemedia entrevistadas pela BBC Brasil
disseram que, ao começar na empresa, recebiam uma espécie de "pacote" com diferentes
perfis falsos, que chamavam de "personas". Esses perfis simulavam pessoas comuns em
detalhes: profissão, história familiar, hobbies. As mensagens que elas publicavam refletiam as
características criadas.
"As pessoas estão mais abertas a confiar numa opinião de um igual do que na opinião de uma
marca, de um político", disse um dos entrevistados.
"Ou vencíamos pelo volume, já que a nossa quantidade de posts era muito maior do que o
público em geral conseguia contra-argumentar, ou conseguíamos estimular pessoas reais,
militâncias, a comprarem nossa briga. Criávamos uma noção de maioria", diz um ex-
funcionário.
Para Yasodara Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School, da Universidade Harvard, nos
EUA, e mentora do projeto Serenata de Amor, que busca identificar indícios de práticas de
gestão fraudulentas envolvendo recursos públicos no Brasil, "a internet só replica a
importância que se dá à opinião das pessoas ao redor na vida real".
"Se três amigos seus falam que um carro de uma determinada marca não é bom, aquilo entra
na sua cabeça como um conhecimento", diz ela.
Confiança abalada
Para Lee Foster, da FireEye, empresa americana de segurança cibernética que identificou
alguns perfis fakes criados por russos nas eleições americanas, essa tentativa de manipulação
pode não fazer as pessoas mudarem seus votos. "Mas podem passar a ver o processo eleitoral
todo como mais corrupto, diminuindo sua confiança na democracia", afirma.
"As redes sociais estão permitindo cada vez mais coisas avançadas em termos de manipulação
nas eleições", diz Benevenuto, citando as propagandas direcionadas do Facebook. "Estamos
entrando em um caminho capaz de aniquilar democracias."
A solução proposta por pesquisadores para o problema dos perfis falsos e robôs em redes
sociais vai da transparência das plataformas ao esforço político de "despolarizar" a sociedade.
Córdova diz que não se deve pensar em "derrubar todos os robôs" - que não são
necessariamente maliciosos, são mecanismos que automatizam determinadas tarefas e
podem ser usadas para o bem e para o mal nas redes sociais.
"É impossível proibi-los. A saída democrática é ter transparência para outros eleitores", afirma.
Se "robôs políticos" existem e estão voluntariamente cedendo seus perfis para reproduzir
conteúdo de um político, eles devem estar marcados como tal, como, por exemplo,
"pertencente ao 'exército' do candidato X".
Transparência
Mas como aplicar essa lógica para os perfis falsos controlados por pessoas que prestariam
serviço secretamente para políticos, como os identificados pela BBC Brasil?
Uma de suas tarefas, diz ele, deve ser excluir esses perfis falsos da rede - algo que a própria
empresa diz, sem dar detalhes, que pretende fazer no Brasil antes das eleições de 2018.
"Mas o grande desafio mesmo é desarmar a sociedade, que está muito polarizada e sendo
estimulada nos dois campos. Sem essa polarização, cai a efetividade dos perfis falsos", diz
Ortellado.
Córdova defende que os usuários sejam educados sobre o que são robôs e que mais pessoas
os estudem. "O remédio contra esses exércitos de robôs é um exército de pessoas que
entendam a natureza dessas entidades na internet."
Além disso, diz, a tendência é que as plataformas deixem as pessoas controlarem seus próprios
feeds e que existam cada vez mais empresas de checagem de notícias, já que outra
preocupação em 2018 são as "fake news" (notícias falsas). "Não tem solução mágica. É um
ecossistema que está sendo criado."
À BBC Brasil, o Twitter informou que "a falsa identidade é uma violação" de suas regras e que
contas que representem "outra pessoa de maneira confusa ou enganosa poderão ser
permanentemente suspensas".
O Facebook diz que suas políticas não permitem perfis falsos e que está aperfeiçoando seus
sistemas para "detectar e remover essas contas e todo o conteúdo relacionado a elas".
"Estamos eliminando contas falsas em todo o mundo e cooperando com autoridades eleitorais
sobre temas relacionados à segurança online, e esperamos tomar medidas também no Brasil
antes das eleições de 2018."
Mas a pergunta é por que vamos com a manada? talvez conforme nossa
discussão em sala as respostas poderiam ser:
• É difícil decidir, fica mais fácil seguir alguém: em situações de incerteza, ou
quanto mais gente parecer já ter aderido, mais fácil.
• Imitação – primeiro método de aprendizagem
• Conforto da companhia, pertencer ao grupo
• Fantasia: “não posso perder essa chance – não quero ser otário” (isto ao
nosso entender pode sim mudar a opinião de muitos)
• Pensamento secreto: “os outros sabem coisas que eu não sei.
Nossas considerações finais:
As sociedades normalmente são urbanas e complexas e passam por
processos múltiplos e dinâmicos em que há um grande poder da mídia
sobretudo as mídias sociais.
Cada vez mais a sociedade aprimora esse processo de comunicação e a
tecnologia se tornou aliada de tal comunicação humana, além de passar a
participar da rotina da humanidade ao longo de seu desenvolvimento.
No entanto, observamos que cada vez mais nos utilizamos de vieses
para emitir uma opinião, ou tomar uma decisão, o que não é, em sua totalidade
ruim, pois nos confrontamos diariamente com constantes decisões que
requerem uma decisão as vezes de pronta resposta, que não nos permitiria
uma reflexão ou uma discussão aprofundada sob o tema.
Referencial teórico
http://www.wrprates.com/heuristicas-e-vieses-atalhos-e-erros-na-tomada-de-
decisao/. Acesso 14/12/2017 às 22:43
Kahneman, D., & Tversky, A. Choices, values and frames. New York:
Cambridge University Press, Ed. 2000
Kahneman, D. (2012). Rápido e devagar: duas formas de pensar (p. 607). Rio
de Janeiro: Objetiva.
Sternberg, R. J., & Mio, J. S. (2009). Cognitive psychology. Wadsworth
Publishing Company.