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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
8ª Câmara de Direito Público

Registro: 2018.0000408809

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº


1056179-16.2016.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
ESTADO DE SÃO PAULO, é apelado WESLEY PEREIRA PINTO.

ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal


de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Anularam, de ofício, a
sentença e determinaram o retorno dos autos à Vara de origem para
realização de prova pericial. V.U.", de conformidade com o voto do Relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos.


Desembargadores BANDEIRA LINS (Presidente sem voto), JOSÉ MARIA
CÂMARA JUNIOR E PAULO DIMAS MASCARETTI.

São Paulo, 23 de maio de 2018

ANTONIO CELSO FARIA


RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
8ª Câmara de Direito Público

ACF nº 7.267/2018
8ª Câmara de Direito Público
Apelação nº 1056179-16.2016.8.26.0053
Comarca de São Paulo
Apelante: Wesley Pereira Pinto
Apelado: Fazenda do Estado de São Paulo

APELAÇÃO. Concurso Público. Polícia Militar.


Exame médico. Ação declaratória e constitutiva
objetivando a anulação do ato que excluiu candidato
do concurso público por reprovação no exame médico,
impossibilitando-o de submeter-se a outras etapas
previstas no edital para ingresso no Quadro de Praças
de Polícia Militar como Soldado PM de 2ª Classe.
Sentença que julgou procedente o pedido. Prova
juntada aos autos dissociadas dos motivos
determinantes do ato administrativo. Ausência de má-
fé por parte do apelante. Necessidade de produção de
prova pericial. Inteligência do artigo 370 do CPC.
Sentença anulada de ofício, com determinação de
retorno dos autos à vara de origem para realização
de prova pericial.

Trata-se de ação ajuizada por Wesley


Pereira Pinto em face da Fazenda do Estado de São Paulo, em
que alega ter prestado concurso público para o cargo de Soldado
PM de 2ª Classe da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
conforme Edital DP-01/321/15, no qual logrou aprovação nas

Apelação nº 1056179-16.2016.8.26.0053 - V. 7.267 - mcv


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primeiras fases, tendo sido considerado inapto no exame médico,


segundo o autor, por apresentar uma cicatriz de natureza
cirúrgica na região da clavícula esquerda. Pede a nulidade do ato
administrativo sob enfoque, tornando-se sem efeito sua
reprovação e garantindo que possa prosseguir no certame,
alegando que encontra-se apto a realizar atividades físicas,
mormente pelo fato de ter sido classificado entre os primeiros no
teste de aptidão física realizado no concurso.
A r. sentença de fls. 112/114, cujo relatório
se adota, julgou procedente o pedido. Em face da sucumbência,
condenou a parte vencida a suportar as custas processuais e a
verba honorária da parte contrária, fixada no percentual mínimo
do valor da causa, a ser apurada em execução, nos termos do
artigo 85, §3º do Código de Processo Civil.
Apela a Fazenda Pública, requerendo a
reforma da r. decisão, para que o pedido seja julgado totalmente
improcedente. Alega má-fe da parte autora, uma vez que,
conforme documentos apresentados pelo Centro Médico da
Polícia Militar, o motivo da reprovação do autor não se deu pela
cicatriz em sua clavícula, e sim por possuir “desvio de septo
nasal”, o que o impossibilitaria de exercer a função policial
adequadamente.
Recurso processado regularmente, com
apresentação de contrarrazões às fls. 137/145.
É o relatório.

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A sentença deve ser anulada e determinada a


realização de prova pericial.

O requerente ajuizou a presente demanda


com vistas à anulação do ato administrativo que o excluiu do
certame para o cargo de Soldado PM de 2ª Classe da Polícia
Militar do Estado de São Paulo, Edital DP-01/321/15, na fase de
exames médicos.
Para tanto, alega que a sua exclusão do
concurso foi desproporcional, juntando laudo médico particular,
atestando que o autor se encontra “apto a exercer qualquer
atividade física que requeira uso de força muscular e articular,
não apresentando nenhuma restrição” (fls. 72/74).
Depreende-se que o autor acreditava, de boa-
fé, ter sido sua inaptidão embasada na cicatriz que possui na
clavícula esquerda, decorrente de cirurgia, da qual se recuperou
totalmente. Assim, o laudo considerado pelo d. Magistrado,
assinado por médico ortopedista, diz respeito às suas funções
muscular e articular, não sendo conclusivo acerca das funções
otorrinolaringológicas.
Embora não tenha sido requerida pelas
partes a prova pericial, cabia ao magistrado, como destinatário da
prova, de ofício, determinar a produção da necessária prova ao

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julgamento do mérito, conforme preceitua o art. 370 do CPC1.


Assim, verificando-se a necessidade de
realização de prova pericial para o deslinde da causa, a sentença
deverá ser anulada para que se reabra a fase de instrução
processual.
Ante o exposto, anula-se a sentença,
julgando-se prejudicado o recurso, determinando-se a
realização da prova pericial.

ANTONIO CELSO FARIA


Relator

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Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias ao julgamento do mérito.

Apelação nº 1056179-16.2016.8.26.0053 - V. 7.267 - mcv

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