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STEPHANIE FARDOSKI

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: “POR QUE OS ALUNOS NÃO GOSTAM DA


ESCOLA?”

Trabalho apresentado como recurso


avaliativo, da disciplina de Tópicos
especiais em psicologia da educação
IV: Contribuições da psicologia
cognitiva, do Curso de Pedagogia da
Universidade Federal do Paraná.
Disciplina ministrada pelo professor
Leandro Kruszielski.

CURITIBA
2018
“POR QUE OS ALUNOS NÃO GOSTAM DA ESCOLA?”

O presente trabalho tem como objeto discorrer sobre o livro “Por que os
alunos não gostam da escola?”, de Daniel T. Willingham. A seguinte obra traz
como tema principal a aceitação da escola pelas crianças, assim como os
métodos possíveis para a aprendizagem das mesmas. No decorrer da obra, o
autor traz uma abordagem sobre o pensamento e os processos envolvidos em
sua construção. Outra temática presente na obra, diz respeito a memoria e sua
relação com a construção do conhecimento, trazendo então, exemplos e
estratégias que podem ser utilizadas em sala de aula. No desenvolvimento do
seguinte trabalho, serão analisados o primeiro, o quarto e o quinto capítulo da
obra.
No primeiro capítulo do livro o autor busca introduzir a ideia de
pensamento e o funcionamento cerebral em relação a este mecanismo,
vinculando com a relação entre os alunos e a escola. Segundo Willingham, a
mente humana não é programada para pensar. O cérebro é responsável por
diversas funções fundamentais, as quais deve realizar com êxito, e o pensar não
está entre as principais funções cerebrais. O cérebro humano é responsável por
funções vitais para a vida do indivíduo, entre elas a visão, audição, movimento,
que são executadas com mais eficiência do que o pensamento. Para explicar a
capacidade visual humana, o autor utiliza da comparação com um sistema de
computador, usando uma linguagem simples e de fácil entendimento. O exemplo
auxilia na compreensão do porque o pensar exige menos do que outras
atividades do corpo humano. O computador, assim como o cérebro humano,
realizam atividades logicas e solucionam problemas, mas quando o assunto é
movimentação e capacidade visual, o computador não consegue executar tais
funções. Isso ocorre pois o cérebro humano possui funções únicas, que exigem
energia e eficácia, para garantir o funcionamento do sistema corporal como um
todo. As múltiplas funções cerebrais garantes aos indivíduos a capacidade de se
adaptar a situações distintas, sem muito esforço.
O pensar não esta inserido nas funções que demandam pouca energia,
ou seja, não é executado de forma automática. Para a melhor compreensão do
leitor, o autor utilizou de recursos ilustrativos e exemplos. Um dos exemplos
utilizados, foi uma situação problema, que mostra ao leitor a dificuldade do
pensamento, diferenciando o pensar do fato de ver o problema. O ver é uma
tarefa automática, enquanto o pensar requer esforço. É possível realizar mais
de uma tarefa por vez, mas não é possível pensar em duas coisas ao mesmo
tempo.
O texto aponta que diferentemente do pensamento, a memória não
demanda tanto esforço, pois exige também da capacidade visual. A partir do
momento em que o individuo entra em contato com algo, as informações são
captadas, codificadas e armazenadas, para que possam ser utilizadas
posteriormente. Sendo a assim a memória torna-se mais confiável do que o
raciocínio, pois acontece de forma automática, fornecendo respostas
rapidamente sem exigência do pensamento. A memória não exige atenção, ao
contrário do pensamento. Muitas vezes o indivíduo acaba utilizando da memória
para guiar suas ações, no lugar de pensar sobre as mesmas. O autor utiliza a
repetição de informações, para que o conteúdo seja transmitido de forma clara,
utilizando diferentes exemplos para o mesmo conceito. Tal mecanismo auxilia
na compreensão, no entanto a repetição excessiva de explicações acaba
tornando a leitura cansativa.

De acordo com Willingham, a atividade mental é atraente, pois quando um


resultado positivo é obtido, o ato de pensar resulta em uma situação prazerosa.
No entanto nem todos os pensamentos alcançam essa sensação, principalmente
os raciocínios que aparentemente não apresenta solução. Os pensamentos
árduos tendem a induzir a criatividade e a persistência do indivíduo, que passa
a criar estratégias para chegar à uma solução e então alcançar o prazer de uma
conquista.
Para a compreensão da dificuldade do pensar, o autor discorre sobre o
processo que envolve o pensamento, utilizando uma imagem esquemática. A
consciência (memória de trabalho) mantem em foco o objeto do pensamento. O
cérebro capta as informações do ambiente, que são transferidas para a memoria
de trabalho, mantendo o individuo consciente de tudo que está ao seu redor.
Para o armazenamento das informações, o cérebro utiliza de dois mecanismos:
a memória de curto e de longo prazo. A memoria de curto prazo é aquela que se
utiliza durante um período de tempo, e após a execução da atividade é
descartada. A memória de longo prazo, são as informações essenciais, que
serão utilizadas ao longo da vida do indivíduo. As informações armazenadas
necessitam de uma organização e tal organização se dá por meio do
pensamento. A reorganização das atividades na memória de trabalho, resulta
em um pensamento bem sucedido.
A introdução feita pelo autor, auxilia na compreensão do porque algumas
crianças não adquirem gosto pela escola. O ambiente escolar exige que a
criança pense constantemente, e essa função é extremamente cansativa para a
mente infantil. Por esse motivo é necessário ter em mente as limitações
cognitivas apresentadas, para então adaptar um planejamento que seja
prazeroso para os alunos. Um plano de aula adequado, levando em
consideração os limites cerebrais, incentivam o exercício do pensamento,
tornando o raciocínio cada vez mais rápido, sendo executado com o mínimo de
esforço.
O presente trabalho apresenta o ponto de vista do autor em relação à
alguns temas trabalhados no livro, relacionando a psicologia cognitiva com o
desenvolvimento escolar das crianças. O próximo capitulo analisado trata-se do
quarto, intitulado de “Por que é tão difícil para os alunos entenderem as ideias
abstratas?”. O capítulo trabalha a questão da interpretação de ideias abstratas,
levando em consideração a dificuldade da associação e aplicação de noções
abstratas.
As abstrações são ideias que surgem fora da realidade e servem de
comparação ou explicação para a resolução de problemas ou compreensão de
determinado assunto. Quando entramos em contato com algo novo, recordamos
de um conhecimento prévio para então compreender o que nos foi apresentado.
Essa recordação seria o elemento abstrato. O autor utilizou de exemplo voltados
para a física e matemática, o que exige do leitor um conhecimento prévio para
compreensão do exemplo apresentado. O autor buscou explicar o conteúdo por
meio do exercício e analise da própria questão analisada. O individuo aprende
sobre determinado assunto, quando executa a reflexão sobre o mesmo. Por mais
claro que seja o autor, em determinados exemplos, como por exemplo o
relacionado a física, torna o assunto mais complicado de ser compreendido.
A compreensão efetiva só ocorre quando há a relação com fatores
anteriores. O entendimento de assuntos jamais vistos anteriormente torna-se
mais difícil, pelo fato de exigir mais esforço para o raciocínio. Segundo o autor a
compreensão é uma lembrança disfarçada. O indivíduo só compreende de fato
algo, quando o exercita.
Deve se levar em consideração que mesmo que haja o entendimento,
cada individuo apresenta um grau distinto de compreensão. Sendo assim é
necessário que os educadores fiquem atentos à esse fator, elaborando
atividades que estimulem o armazenamento e exercício das informações, para
que a turma atinja a compreensão como um todo. O aluno que apresenta
compreensão aprofundada, vai apresentar maior sabedoria em relação a um
determinado assunto, entendendo o assunto como um todo e adquirindo cada
vez mais conhecimento. Por outro lado o aluno que apresenta compreensão
superficial, irá entender o assunto por partes, sendo necessário então o exercício
continuo para atingir a compreensão como um todo. O autor utiliza de exemplos
presentes em nosso cotidiano, o que auxilia no entendimento do texto.
O quarto capitulo nos faz refletir sobre o processo existente para o alcance
do conhecimento. Por meio de uma linguagem simples, o escritor discorre sobre
os desafios existentes na busca do conhecimento. O pensamento torna-se mais
rápido e concreto quando exercitamos as atividades cerebrais. Tal exercício leva
a compreensão total dos estímulos aos quais somos apresentados diariamente.
Nesse contexto entendemos a importância de cada processo psicológico que
envolve a educação, auxiliando na compreensão das atitudes e sentimentos
expressados pelos alunos.
Nesse sentido é possível observar a conexão entre os elementos citados
ao longo da obra. O conhecimento é adquirido por meio do armazenamento dos
estímulos captados no ambiente. Quanto maior a exploração do mundo que
cerca o indivíduo, maior é a quantidade de informações obtidas pelo mesmo.
Tais informações são armazenadas na memoria de trabalho, podendo ser
resgatadas quando necessário. A utilização continua dessas informações,
resultam em um armazenamento profundo, e facilitando o resgaste. Quanto mais
exercícios cerebrais o individuo realizar, maior será a eficiência e a facilidade na
resolução de problemas..
Seguindo o pensamento em relação aos exercícios, o autor discorre no
capítulo cinco ( “Vale a pena fazer exercícios?”) a importância desse mecanismo
no desenvolvimento do pensamento. O exercício traz muitos benefícios para o
indivíduo, pois estimula as funções cognitivas. O sistema cognitivo possui
diversos obstáculos, que possibilitam a manipulação de um número significativo
de informações.
Para as crianças é difícil compreender a importância do exercício, muitas
vezes essa atividade é vista apenas como algo maçante e desnecessário. No
entanto a prática de determinada ação, resulta no alcance de um nível mínimo
de competência. Por meio da repetição, as informações são armazenas e
exercitadas, e com o tempo passam a ter um resgate facilitado e sem muito
esforço. Quanto mais uma atividade é praticada, mais rápido a execução da
mesma torna-se automática.
No ambiente escolar, a pratica serve para desenvolver a habilidade dos
alunos e promover o domínio dos conteúdos pré estabelecidos. Os exercícios
tem como objetivo principal promover a competência dos alunos em relação a
determinados assuntos, e aperfeiçoar esse conhecimento, para que mais tarde
a criança não enfrente dificuldades em seu cotidiano.
Segundo Willingham, o exercício possui inúmeros benefícios para a
mente humana, entre eles, desenvolver habilidades, evitar esquecimentos e
melhorar a transferência. O conceito de transferência é trabalhado em dois
momentos durante o capitulo, o que dificulta a compreensão imediata durante a
leitura, sendo necessário a finalização da mesma para o entendimento total em
relação ao conceito. No entanto é possível identificar que a transferência, trata-
se da utilização das informações, armazenadas e exercitadas, em situações
posteriores, caracterizando a aprendizagem.
Para compreender a aprendizagem como um todo, é necessário analisar
o processo que envolve essa pratica. Para alcançar a aprendizagem concreta, o
individuo precisa passar por alguns processos cognitivos, que já foram citados
ao longo deste trabalho. Como já foi visto, o indivíduo capta estímulos do
ambiente, que são armazenadas na memoria de trabalho e posteriormente
resgatadas. O resgate pode ser feito pela memoria de curto prazo (aquela
utilizada em um curto período de tempo) ou pela memoria de longo prazo
(memoria permanente). Como a memória de trabalho possui espaço limitado, é
necessário que algumas informações sejam transferidas para as outras
memorias. Novamente o autor utiliza de exemplos, que possuem o objetivo de
clarear as ideias apontadas, facilitando a compreensão do capitulo.
No decorrer do capítulo, fica claro a ideia de que é necessário o exercício
diário, de tarefas distintas. Tal pratica facilita algumas funções, tornando
algumas praticas automáticas. Deste modo, muitas ações do ser humano
passam a ser realizadas sem exigir muita energia cerebral, tornando-as mais
prazerosas. A partir do momento em que uma tarefa torna-se automática, é
possível interpretar que a informação continua retida na memória.
A pratica de determinada atividade, leva a repetição, que auxilia no
armazenamento de informações por um período maior de tempo. A pratica
continuada promove o resgate repetitivo das informações, reduzindo a
possibilidade de esquecimento. Nesse sentido o “estudar” não garante o
aprendizado ou evita o esquecimento, a menos que seja realizado o exercício
continuo.
O capitulo cinco foi destinado à explicar a importância dos exercícios para
a construção do conhecimento, sendo assim um complemento para os capítulos
analisados anteriormente. O assunto abordado promove a reflexão, de como as
crianças estão sendo ensinadas e se o método utilizado promove o
conhecimento concreto. A leitura do livro “Por que os alunos não gostam da
escola?” ajuda na compreensão dos processos cognitivos que envolvem a
aprendizagem das crianças, podendo então ser utilizado como instrumento por
educadores dispostos a somar positivamente na aprendizagem de seus alunos.
O autor utiliza de uma linguagem simples e repleta de exemplos, com o
intuito de facilitar o entendimento. Durante a leitura é possível perceber que
muitos conceitos são repetidos, tal estratégia leva a reflexão do próprio conteúdo
abordado na obra. O exercício de determinado assunto leva ao conhecimento,
pois a prática leva a competência. Nesse sentindo as repetições e exemplos
presentes no livro, auxiliam no armazenamento das informações e na
compreensão do mesmo.

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