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1 IMIGRAÇÃO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO SÉCULO XX E XXI

1.1 INÍCIO DA QUESTÃO IMIGRATÓRIA: NOVO MAPA GEOPOLÍTICO


DA EUROPA PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
1.1.1 Organização Internacional dos Refugiados
1.1.2 Comitê Intergovernamental para Migrações Europeias
1.1.3 Industrialização no Brasil

1.2 CRISE ATUAL DOS REFUGIADOS


1.2.1 Primavera Árabe
1.2.2 Guerra Civil Síria
1.2.3 Crise dos Refugiados

2 LIBERALISMO E SOCIALISMO
2.1 VISÃO DE LIVRE MERCADO E VISÃO SOCIALISTA DA ECONOMIA
2.1. O problema do cálculo econômico
2.1.2 Liberalismo

3 LIBERALISMO E IMIGRAÇÃO
3.1 ECONOMIA LIBERAL E IMIGRANTES
3.2 CRISE DOS REFUGIADOS E LIBERALISMO: VIÉS ECONÔMICO

4 XENOFOBIA
4.1 ASPECTO CULTURAL
1 IMIGRAÇÃO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO SÉCULO XX E XXI

1.1 INÍCIO DA QUESTÃO IMIGRATÓRIA: NOVO MAPA GEOPOLÍTICO DA


EUROPA PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A abordagem que será a pauta é uma historicidade – uma abordagem breve e


cronológica – sobre a questão da imigração no mundo moderno industrializado, e como
fica comigo a responsabilidade de iniciar o tema sobre os fluxos migratórios, a melhor
maneira é – na medida do possível – iniciar apresentando uma cronologia histórica, que
inicia especificamente no século XX, no mundo pós-segunda guerra mundial.
Obviamente a questão de imigrações e refugiados remonta à Antiguidade, mas pra
melhor poder abordar o contemporâneo, decidiu-se por iniciar numa cronologia
histórica cujo início é o mundo pós-segunda guerra e as transformações em escalas
globais que decorreram disso.
A questão da imigração e de refugiados – ao menos na forma mais parecida com
a que vemos hoje – acontece entre o fim da Primeira Guerra Mundial e o início do
fenômeno que se alastra a partir dela, os chamados Estados Totalitários. Segundo
dados provenientes da Liga das Nações, criada em 1919, na década de 1935 já havia por
volta de 970.000 mil refugiados pela Europa – alguns de países propriamente europeus
– cuja maioria era, nessa época, composta por judeus alemães (dada a ascensão do
nacional-socialismo na Alemanha), russos, que escapavam do regime totalitário
soviético e muitos espanhóis, porque na década de 30 houve a Guerra Civil Espanhola
entre os republicanos, apoiados pela URSS, e os nacionalistas, apoiados por Portugal,
Alemanha e Itália.
O avanço desses regimes totalitários, na Alemanha, União Soviética, e na
tomada de poder do general Francisco Franco na Espanha, foram fenômenos sem
dúvida responsáveis pelas primeiras crises de deslocamento forçado da população; os
refugiados que escapavam desses regimes buscavam refúgio em países industrializados
com um viés liberal e mercantil: Inglaterra, França e Holanda, países que permitiam
as liberdades individuais ante uma coletivização.
Chega 1939, os nazistas invadem a Polônia e a invasão é logo repreendida por
uma aliada, a Inglaterra. Têm início a guerra e os genocídios; chega 1945, o final. A
partir de 1945, a Europa certamente ganha um novo mapa geopolítico em decorrência
da guerra; a primeira questão imigratória entre as nações têm início aqui: a parte
ocidental da Alemanha, governado por EUA, Inglaterra e França – a parte capitalista –
agora acolhe mais de 700.000 mil refugiados europeus, vítimas e fugitivos da guerra,
que inicialmente após 1945, ocupam com mais segurança o território alemão guardado
pelos Aliados. Entre esses quase um milhão de refugiados da guerra que viviam sob a
proteção dos aliados, haviam russos, polacos, tchecos, pessoas da Iugoslávia, famílias
judias que ficaram em campos de concentração, entre outras. Grande parte pertenciam à
países do leste europeu agora agregados como Estados satélites da União Soviética, ou
seja, praticamente a URSS acoplou gradativamente essas pequenas nações do leste
europeu em seu território, sob um só julgo socialista. Em decorrência disso, os
refugiados na parte ocidental da Alemanha não queriam voltar à seu país de origem.
(MAPA 1: EUROPA E ALEMANHA. MAPA 2: URSS).

1.1.1 Organização Internacional dos Refugiados

Dessa forma, a Europa dos Aliados encontrou o primeiro problema com a


imigração, esse fluxo alto de famílias e indivíduos de diferentes nacionalidades tendo
que serem distribuídos pelo continente europeu para uma melhor estabilização
jurídica, política e economia das nações européias, afim de recuperar o que foi perdido
na guerra. Em 1946-47 é criado então, como uma ramificação do trabalho da ONU, um
órgão chamado ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS, cuja
finalidade era o auxilio na resolução do problema dos refugiados no pós-guerra.
(Lembrar Israel-1948, e imigrações judaicas de muitas vítimas do holocausto).
Cerca de 40% do orçamento da Organização dos refugiados, ou seja, do
necessário para mantê-la, vinha dos Estados Unidos, tamanha foi a influencia que o país
teve para a Europa pós-guerra; somar isso mais o plano Marshall lá. O meio através do
qual os países pertencentes aos Aliados encontraram para inicialmente manter os
imigrantes e poder gradativamente dispersá-los foi por campos temporários de
displaced persons, um termo no Brasil mais conhecido por deslocados, ou deslocados
de guerra, que foram os refugiados da segunda guerra confinados em campos e que vão
aos poucos sendo realocados em diferentes nações pela Organização, encarregada de
administrar esses campos e realocar as milhares de famílias. Lembrar do Brasil. (FOTO:
ESCOLA; FOTO:TIME (opciona))
1.1.2 Comitê Intergovernamental para Migrações Europeias

Em 1951, a função da Organização termina por ter, nesse ano, cumprido com
eficiência a meta de realocar os refugiados pelas nações. O nome e a função da
Organização passam por uma transição nesse ano: passa a se chamar Comitê
Intergovernamental para Migrações Europeias; ainda um órgão da ONU, com certas
modificações e limitações.
Não sendo mais necessárias as imigrações decorrentes de refugiados de guerra
(concluídas em 1951), o Comitê Internacional agora muda um pouco seu contexto: não
trabalha mais na questão de oferecer refúgios para os refugiados da segunda guerra, mas
tratar dos imigrantes – que sempre houve em grande número – com um olhar voltado
para oportunidades nas nações que aos poucos estavam se industrializando no mundo
inteiro. Aqui há um exemplo claro de como foi benéfica (não perfeita) a associação
entre fluxos migratórios e o liberalismo, uma vez que a questão da imigração agora têm
como pauta inseri-los como trabalhadores qualificados em novas e modernas atividades
industriais e tecnológicas que iam encontrando sua aurora, desde o Japão (que com o
incentivo ocidental cresceu muito após a segunda guerra) até o Brasil.
Resumindo: a partir da transição da Organização Internacional para o Comitê de
migrações, em 1951, os imigrantes que esse órgão da ONU enviava para diferentes
nações por meio da geopolítica já não era mais tingido de refugiado de guerra, mas
indivíduos que podiam agir no desenvolvimento econômico das nações que
começavam a se modernizar; nações muitas vezes que pela primeira vez tinham um
liberalismo econômico na agenda e a ânsia pelo desenvolvimento e progresso. Isso pode
servir como embasamento da idéia interessante de que – muitas vezes – o direito surge
para assegurar uma estabilidade econômica-material, uma vez que em 1951 é então
criado o Estatuto dos Refugiados pela ONU, logo que começa os primeiros grandes
fluxos migratórios para movimentar a economia na Europa e no resto das nações que
compactuavam com um certo grau de liberalismo.
Em paralelo à criação desse Comitê e do Estatuto dos Refugiados, em dezembro
de 1950 foi criado pela ONU também o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), órgão que funciona até hoje, inclusive é o responsável pelas
movimentações imigratórias que acontecem desde 2011. No tratado desse comissariado
consta que os objetivos básicos são: proteger homens, mulheres e crianças refugiadas e
busca soluções duradouras para que possam reconstruir suas vidas em um ambiente
estável.

1.1.3 Industrialização no Brasil

Recapitulando: ao fim da segunda guerra, a maior parte da Europa ocidental


torna-se liberal capitalista, com a mais potente nação, os Estados Unidos, a nortear as
relações geopolíticas do continente. Na década de 50, ocorrem então as revoluções
tecnológicas e países como o Brasil encontram um alvorecer nesse ramo também,
graças em grande parte à vitória dos Aliados na segunda guerra e da influência da
industrialização em países tanto da Europa como na America Latina, em especial o
Brasil. O exemplo aqui usado pra mostrar isso é a Ford: existia uma ramificação dela
em São Paulo desde 1919, mas era limitada, pois todas as peças e o maquinário era
importado. Entrando o Brasil nesse processo de industrialização, num sentido primitivo
de tentar acompanhar a forma como se desenvolvia outras nações liberais sob a
influência dos EUA, em 1956 o nosso país produz o primeiro veículo com 60% do
material próprio daqui, não mais peças importadas, pois havia chegado um ponto em
que as nações já não podiam mais se manter no quesito de importações, mas era preciso
produzir para melhor se adaptar às novas tendências tecnológicas de mercado, iniciadas
na década de 50. (FOTO: Fábrica Ford – primeiro carro)
Nesse período o Brasil manteve relações sim com o Comitê de migrações da
ONU, recebendo então imigrantes, de descendência polaca, alemã, do leste europeu, de
etnias e religiões diferentes, que ajudavam na movimentação da economia e na
progressividade da produção. O Brasil, por exemplo, acolheu entre 1945 e 1952 mais de
29 mil refugiados. Eis uma das formas que o liberalismo é compatível com a idéia de
imigração. A critica que geralmente é colocada nesse ponto é que então esse sistema de
mutua cooperação entre os estados capitalista era para a finalidade de ter mais mão de
obra, mas sim, é isso mesmo: trabalhadores de nações européias ou de outros
continentes que podem, numa economia liberal, se qualificar e se estabilizar com a
família em um novo país onde o empreendedorismo individual é incentivado, muito em
decorrência da nova era tecnológica que era o contexto da década de 50 no país.
Resumindo, assim como era na época da Organização Internacional dos
Refugiados, o Comitê Intergovernamental era financiado principalmente pelos Estados
Unidos, e os fluxos migratórios norteados por países que hoje compõem a União
Européia mais os EUA, durante a década de 50 à 1980 aproximadamente, desenvolveu
muito as imigrações de indivíduos de um país para outro não mais no sentido de
refugiados de guerras, mas com a finalidade de desenvolver melhor o sistema liberal-
capitalista nas nações em ascensão por meio dos imigrantes, ou seja, abastecer
nações recém-industrializadas com trabalhadores com a oportunidade de qualificação;
Não a garantia, mas oportunidade. O Comitê deslocou imigrantes para vários locais do
globo, entre os quais: Israel, Nova Zelândia, Austrália, Brasil, Canadá, EUA, entre outros
.

1.2 CRISE ATUAL DOS REFUGIADOS

A própria experiência pós-segunda guerra mundial dos refugiados por toda a


Europa e dispersados pelo resto do mundo foi um exemplo de crise dos refugiados, bem
como foi mostrado como na prática os países com economia de tendência liberal foram
os majoritários que se preocuparam com a questão, responsáveis por uma viabilização
da inserção dos refugiados em diferentes nacionalidades com uma evolução industrial e
tecnológica em ascensão – tema também tratado na questão da globalização.

1.2.1 Primavera Árabe

O principal evento que serviu de estopim para tudo o que viria depois foi a
chamada Primavera Árabe: uma série de revoltas sancionadas pela sociedade civil em
2011 em países autoritários ou indiferentes, primeiro nas ruas das cidades no norte da
África, se espalhando para países até o oriente médio, entre os quais Egito, Líbia,
Tunísia, Iêmen, entre outros.
Esses governos autoritários, completamente anti-democráticos, estavam há
muito tempo no poder passando por gradativas crises econômicas, alta taxa de
desemprego e uma grande taxação de alimentos, bem como a falta de democracia como
regime de governo – antes, eram ditaduras de caráter teocrático-autoritário.

1.2.2 Guerra Civil Síria

Na Síria em especial – uma das nações que as revoltas da primavera árabe


abrangeu – as revoltas contra o governo de Bashar al-Assad (no poder desde 2000)
culminaram na formação de um grupos rebeldes, em antítese às Forças Militares do
ditador, tendo início a partir de 2011 a Guerra Civil. Chegou um momento também em
que forças extremistas islâmicas, os jihadistas, acenderam ao poder militar no meio do
conflito para iniciar uma “guerra dentro da guerra”, onde entram em litígio tanto com as
forças militares do Estado como com os rebeldes moderados, apoiados pelos EUA. No
presente estima-se que a Guerra na Síria já fez mais de 500.000 mil mortes e provocou a
emigração de 4 milhões de refugiados que buscam escapar do conflito. (FOTO: Mapa e
ditadores da primavera árabe).

1.2.3 Crise dos refugiados

As nações da Turquia e do Egito são as que mais recebem os refugiados sírios;


estes, por sua vez junto com populações de outras nações (partícipes ou não da
primavera árabe) do norte da África ou oriente médio, visando fugir de territórios
dominados por conflitos étnicos e religiosos, tentam pelo mediterrâneo alcançar a
Europa, onde existe um senso de liberdade e democracia praticamente irreconhecível
em alguns desses países permeados por conflitos.
Na Europa, a ONU, por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados, tenta estabilizar os recém-chegados do mar mediterrâneo nos chamados
campos de refugiados, cujo alguns se estendem por milhares de quilômetros.
Gradativamente, os refugiados são então aos poucos enviados por ondas migratórias
para países europeus que possuem um certo pacto contratual entre si, muito em
decorrência dos acordos e tratados da ONU e da União Européia. De todos os países, há
dois em especial que mais recebe refugiados: a Suécia e a Alemanha.
A Suécia têm um abrangente histórico de refugiados de religião islâmica desde
1978 aproximadamente, quando o país resolveu abrir as portas para tal medida. A
Alemanha, também, é um dos principais destinos dos refugiados quando chegam na
Europa. Desde 2011/2012 a Alemanha recebe extenso número de refugiados; a partir de
2015 porém, com o caso do menino refugiado encontrado morto numa praia da Turquia,
o país decretou que facilitaria os processos de recebimento de imigrantes refugiados,
diminuindo a burocratização do processo e permitindo a imigração de uma forma mais
desenfreada. (FOTO: Estatísticas dos refugiados: suas nacionalidades e países que mais
os recebem).
2 LIBERALISMO E SOCIALISMO

2.1 VISÃO DE LIVRE MERCADO E VISÃO SOCIALISTA DA ECONOMIA

No ponto de vista liberal, o caso da imigração foi, é e pode continuar sendo algo
benéfica e que progrida com a economia – com certas restrições, como por exemplo o
combate à imigração e a mão-de-obra ilegal. Resumido aqui será a forma do liberalismo
e do socialismo de enxergar uma sociedade, e posteriormente será mostrado como a
imigração e a ocupação de novos postos de trabalho é muito mais compatível e pacifica
com a visão do liberalismo do que ao contrário. Ao fim, apresentado há de ser o
problema da xenofobia nos países liberais, sob os aspectos culturais e econômicos que
permeiam o termo.

2.1.1 O problema do cálculo econômico

A crítica liberal (Escola Austríaca, Hayek, Friedman, Escola de Chicago) sobre


como a economia deve suceder numa sociedade socialista é a seguinte: no socialismo,
seguido à risca, sendo abolida a livre iniciativa e – principalmente – a propriedade
privada do cidadão como meio de produção de bens, a economia, para poder se
movimentar, se basearia num planejamento centralizador, ou seja, suprimido os
direitos de propriedade (que produza bens) e livre mercado, o Estado, agora totalitário,
governado pelo proletariado e controlando os meios de produção, há de criar um órgão
ou instituição especial só para o planejamento econômico de toda a nação sob sua
jurisdição. Uma vez que o novo Estado socialista implantado é o responsável pela
nação, as demandas – ou seja, as necessidades – da sociedade civil vão surgir cada vez
mais, de formas cada vez mais variadas, o que desaguaria num Estado inchado carente
de suprir as necessidades de sua nação. Uma vez que o liberalismo reconhece que cada
cidadão é um individuo diferente, sendo impossível uniformizar a população sob uma
ditadura do proletariado. (FOTO: 2 mapas: livre iniciativa e planejamento central
coletivista)
Uma das principais pautas do socialismo é a igualdade material, e um órgão
estatal que planeje como a economia irá funcionar terá em sua pauta a tentativa de
aparelhar a sociedade para cominar o máximo possível desse tipo de igualdade. Sendo a
economia da sociedade centralizada, como uma ramificação do poder totalitário do
Estado em si, o maior desafio encontrado nessa economia socialista é exatamente o de
conseguir atender as diferentes demandas da sociedade civil sob seu julgo, ou seja,
conseguir atender de forma onisciente tudo o que os cidadãos precisam, com a
finalidade última da tal igualdade material e tendo o Estado como novo detentor dos
meios de produção. Assim, na própria realidade objetiva observou-se em países como a
Venezuela, por exemplo, de economia centralizadora, a escassez de itens básicos desde
papeis higiênicos até os de necessidade extremada, a alimentação.
Levando em conta que um dos principais valores do liberalismo é a liberdade
individual, portanto, a limitação do Estado (e não o sumiço do mesmo) e o Estado
Democrático de Direito, algo que o liberalismo produz, têm-se que a idéia de um Estado
socialista totalitário que possa uniformizar a população para a distribuição de igualdade
material é um delírio, uma vez que enfrentaria o problema da racionalização adequada
de bens de consumo para com a sua sociedade.
Na visão liberal, a partir de Mises, Hayek e, na América, Milton Friedman, a
presunção socialista de centralizar a economia não tinha impacto unicamente sob o
campo econômico, mas é também um ato privativo da liberdade individual, uma vez
que teríamos um órgão do Estado que determinaria para qual local determinado bem
seria levado, sendo que as demandas da sociedade viriam de todo o território nacional,
por isso haveria uma falha de grandes dimensões na tentativa socialista de racionalizar o
processo econômico. Do mesmo modo, é fadada a erros por não permitir que a
sociedade civil evoluísse por si com a propriedade e a produção individual de bens para
que, na forma de venda e consumo, possa atender a população livremente. A única
igualdade que o liberalismo realmente preza, como é especificada em Os Fundamentos
da Liberdade, de Hayek, é a perante a lei.

2.1.2 Liberalismo

A visão liberal desse conflito das demandas de consumo da sociedade é superada


pelo livre mercado, a concorrência capitalista e a operação de preços. Exemplificando
essa última, pilar de todas as outras: se em determinada região do Estado os preços de
um bem são altos, sua oferta é escassa; se em outra área um bem é ofertado por
instituições privadas (lojas, fábricas, empresas), de forma muito mais abrangente, há
uma concorrência entre os setores que distribuem o consumo à sociedade e os preços do
tal bem diminuem. Ou seja, se o determinado bem é ofertado de forma mais abrangente,
é porque ele constitui uma demanda da sociedade, como por exemplo: papeis
higiênicos, alimentação, produtos de higiene em geral etc. Assim sendo, os preços de tal
bem caem como decorrência da concorrência, e a sociedade civil se vê com suas
demandas cumpridas pela iniciativa privada, e não estatal. Algo semelhante é abordado
no projeto de regulação de renda formulado por Adam Smith.
Essa lógica de mercado é o que cria postos de trabalho no liberalismo, e é nesse
ponto que a imigração será tratada e mostrado como o sistema liberal é benéfico ao
imigrante que busca a qualificação de suas aptidões para o mercado de trabalho.

3 LIBERALISMO E IMIGRAÇÃO

3.1 ECONOMIA LIBERAL E IMIGRANTES

No primeiro advento do liberalismo industrial, nos séculos XVIII e XIX, os


liberais já se opunham a tentativas legais de restringir imigrações, opondo-se a leis que
dificultavam a mobilidade de trabalhadores do campo para os postos de trabalho. No
ponto de vista liberal, as barreiras severas à imigração drasticamente reduzem a
produtividade do trabalho humano.
O liberalismo, como conjunto de valores tanto de relações entre os indivíduos
como do âmbito econômico, vê a imigração, em essência, como algo positivo para a
economia. Existem exceções no mundo real – posteriormente será abordado o ponto de
vista da xenofobia –, mas em matéria econômica e em detrimento do desenvolvimento
econômico, a imigração é compatível com o modo de produção liberal.
A cartilha liberal, em teoria e prática, tende a incentivar legislações que
permitam que mais trabalhadores do mundo possam se mover livremente, escolhendo os
países com melhor produtividade onde possam exercer uma atividade laboral mais
produtiva e próspera para si mesmo, contribuindo para a diversificação e progresso da
economia. Em tese, a crença no livre-mercado, aqui, é também movida para o âmbito
laboral, do trabalho, na oferta e procura de trabalhadores.
Desse modo, a imigração é viabilizada numa nação como maior quantidade de
mão-de-obra qualificada para a produção de bens e oferecimento de serviços: em áreas
onde há escassez de profissionais, a força laboral do imigrante é direcionada, permitindo
que desfrute de um emprego, qualificação progressiva e retorno salarial para aos poucos
melhorar sua situação, já ruim quando precisa escapar de sua nação.
Ao preencher vagas inativas por falta de profissionais locais ou por falta de
interesse devido ao salário oferecido, o imigrante auxilia na produção de bens ou no
oferecimento do serviço da instituição específica, que de outra forma não haveriam de
acontecer, dada a baixa procura local pelo setor. Assim, a renda gerada no trabalho
exercido pelos imigrantes seria reinvestida na economia nacional através do
aprimoramento da empresa, permitindo melhor qualidade de produtos, mais procura
pelo setor e, em decorrência disso, mais competitividade no mercado e criação de novos
postos de trabalho, para locais ou imigrantes.
Da mesma forma, imigrantes em uma nação liberal têm liberdade para ascender
em sua própria propriedade privada, criando e regularizando seu próprio negócio com o
crescimento pessoal e familiar como finalidade.

O liberal sustenta que toda pessoa tem o direito de viver onde desejar
[...]. Pertence (essa exigência) à própria essência da sociedade, que se
baseia no princípio da propriedade privada dos meios de produção de
todo homem pode trabalhar e dispor de seus ganhos como lhe
aprouver. (Mises, 2010).

3.2 CRISE DOS REFUGIADOS E LIBERALISMO: VIÉS ECONÔMICO

Pesquisas apontam que na atualidade, os países da Europa em específico passam


por uma baixa taxa de natalidade, onde casais de nacionalidade européia andam tendo
em média apenas 2 filhos por casal, uma realidade diferenciada dos anos 50-60, onde
famílias pequenas eram exceções, sendo hoje a norma (40% a 55% por cento das
mulheres européias nascidas nas primeiras décadas pós-guerra na Europa têm hoje no
máximo 2 filhos).
A análise mostra que um dos principais fatores para a redução do nível de
nascimento foi o adiantamento da formação profissional ante à constituição familiar. O
planejamento profissional precoce na vida dos jovens veio ocupando a noção de
constituir família o quanto antes, sendo agora os estudos e a inserção no mercado de
trabalho com qualificações a prioridade. Dessa forma, a inserção feminina no mercado
de trabalho também é apontada como um fator que adia a formação familiar, surgindo a
dicotomia carreira x família. Alemanha, Portugal e Itália constituem os países mais
importantes e com a menor taxa de natalidade já registrada na Europa. Assim, têm-se
uma maior taxa de população idosa e já aposentada do mercado de trabalho, frente a um
número já reduzido de jovens (se em comparação com a segunda metade do século XX)
que procuram ingressar-se no mesmo.
Dessa forma, na visão econômica mais otimista no ponto de vista liberal, os
fluxos migratórios, a inserção de imigrantes, que possuem uma taxa de natalidade já
bem maior que a das famílias européias, é positiva, pois contribui para o aumento de
uma população em idade ativa para o trabalho, gerando mais movimentação econômica
e profissionais qualificados para o mercado.
Mais de ¾ dos imigrantes se constituem em idade de trabalho e inserção de mão-
de-obra qualificada para o mercado, em diferentes ramos, uma vez que em sua grande
maioria não são pessoas pobres e analfabetas, mas profissionais de suas regiões do
Oriente Médio que perderam os bens por causa da guerra. Com a integração de mão-de-
obra dos estrangeiros na economia local, a longo prazo têm-se um aumento dos recursos
e bens produzidos.
Assim – defende o viés econômico mais otimista – os gastos governamentais
aplicados no recebimento, habitação, educação e capacitação dos refugiados traz
resultados mediatos, mais à frentes, onde tornam-se indivíduos qualificados para a
inserção no mercado de trabalho como empregados, empreendedores, pequenos
comerciantes, entre outros, contribuindo para a movimentação econômica das nações.
Até 2030: serão 8% da população européia. (Fontes das pesquisas: Credit Suisse,
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), Instituto Max
Planck de Rostock, Hamburg Institute of International Economics).

4 XENOFOBIA

Mesmo em nações que adotaram o liberalismo e seus princípios como modo de


gerar a economia e basear as relações sociais, é possível detectar na sociedade civil –
em grupos mais ou menos organizados – um sentimento de aversão à estrangeiros por
dois motivos em específico: o desacordo econômico e cultural. Assim, essa parte haverá
de mostrar como, no aspecto econômico (embora não deixando de lado uma divagação
sobre o aspecto cultural), o discurso xenófobo progride, bem como mostrar que não há
fundamentação suficiente que corrobore a idéia de que imigrantes degradam a economia
e tiram empregos.

4.1 ASPECTO CULTURAL

Mais predominante nos países que compõem a União Europeia, a xenofobia


causada por divergências culturais têm por fundamento a seguinte dicotomia: a
incompatibilidade entre valores sociais e individuais do país natal dos imigrantes em
relação aos vigentes nos países de cunho liberal da Europa. Junto com o aspecto
econômico (depois), essa incompatibilidade provoca a xenofobia e o racismo.
Os refugiados, em geral vindo de países do Oriente Médio e norte da África,
possuem em sua subjetividade os valores inerentes da cultura islâmica, entre os quais a
diferença entre o termo “democracia”. Uma vez que na Europa e ocidente em geral, o
conceito de democracia é a soberania do povo, nos países de maioria islâmica, todos os
aspectos da vida dos cidadãos são permeados pela influência religiosa, culminando na
Shariah, a Lei Islâmica que visa abrangir a totalidade dos valores e das relações
humanas em coletividade. Do mesmo modo, a política para os países islâmicos não é
somente vista como uma forma de exercício do poder, mas uma extensão da vontade
divina, sendo a sociedade passível de aceitação e gratidão por tal.
Destarte, muitas vezes pode haver de os imigrantes refugiados não
compactuarem com os valores exercidos nas sociedades européias de viés mais liberal,
dentre os quais: artes, independência da mulher, liberdade de expressão, liberdade de
crença e culto, e a clara separação entre a religião e a política. Sobre isso, Estados
Europeus, como Alemanha e Reino Unido, já viabilizam um sistema de justiça baseado
na Shariah, válido para os imigrantes muçulmanos. Tal fato já é realidade, porém sendo
a jurisdição desses tribunais independentes limitada à questões civis e familiares entre
os grupos islâmicos.
Entre as diferenças de valores, ficam visíveis os conflitos de ordem moral que
permeiam entre a sociedade européia e os imigrantes, do mesmo modo que as diferenças
comportamentais, onde já foi elaborado na Alemanha mesmo uma cartilha advertindo os
homens a não incomodarem as mulheres numa piscina pública, após sucessivos relatos
de assédios cometidos por imigrantes. (FOTO: cartilha)
No mesmo caminho, há grupos autônomos na Alemanha com uma ideologia
mais xenófoba e completamente contra a imigração, muito devido à alguns
acontecimentos que acabaram sendo uma mancha na imagem dos imigrantes refugiados:
as mais de 500 denúncias de assédio sexual que mulheres fizeram após a virada do ano
na cidade de Colônia, na Alemanha, onde vários imigrantes, que chegaram ao país com
as ondas de refugiados, cometeram assédios durante as festividades. Na Alemanha,
especificamente em Colônia, Hamburgo e Stuttgart, durante estas festividades, teria
havido uma onda de assédio em massa por parte dos imigrantes contra as mulheres, algo
análogo ao que acontece na Suécia, país que desde a década de 70 recebe refugiados das
nações do Oriente Médio.
Implementando as questões comportamentais de alguns refugiados –
incompatíveis com os valores liberais – com o medo da possibilidade de haver
fundamentalistas islâmicos entre as ondas migratórias, tanto grupos autônomos de
europeus surgem nesse contexto com o objetivo de impedir a imigração e a proliferação
dos imigrantes, com um fundamento teórico amparado no nacionalismo, como em
alguns casos as próprias nações que viabilizam meios de acolher refugiados em número
elevado (França) procedem no Estado com leis proibindo, por exemplo, o uso da burca
na praia, algo que vai de choque com o princípio de liberdade religiosa, logo, algo
contrário à doutrina liberal.

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