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6. O paradigma de Aplicação
Se pensarmos o Direito como algo que se constitui e se manifesta num sistema logico de
normas, então este é autónomo perante a realidade histórico-social da sua eventual
realização. Por outras palavras isto significa que, se o direito é um sistema logico-abstrato de
normas, então as exigências praticas provindas da realidade histórico-social, bem como a
problemática da realização do direito nessa realidade, não vão ser consideradas pelo
Normativismo.
Esta autonomia que refiro supra, implica que na projeção do Direito na realidade histórico-
social se exclua qualquer possibilidade juridicamente constitutiva. Pelo contrario com base
nela, é apenas necessário que o direito pressuposto no sistema logico de normas, apenas se
reita na solução concreta.
A solução para este problema, deverá obter-se por mera aplicação logico-dedutiva da lei, sem
nenhuma mediação normativo-juridicamente constitutiva.
É ainda possível dizer, que se o objeto da aplicação se oferece numa particularidade concreta
que o distingue do geral abstrato da norma e o particular e concreto da aplicação. Ora esta
identidade apenas é alcançada mediante uma relação logico dedutiva do geral para o
particular.
Em suma, o que este paradigma da aplicação da lei, segundo o silogismo subsuntivo pretendeu
foi garantir a relação entre o geral e o particular sem implicações normativas.
Quanto ao paradigma da aplicação da lei ao caso concreto, podemos dizer que ser a boca que
pronuncia as palavras da lei, ser independente e neutro subsume se em libertar-se da sujeição
a poderes ou forças politicas, de forma a garantir que as prescrições da vontade geral se
cumpram em cada caso-problema, sem quaisquer restrições á sua universalidade racional,
garantindo assim a racionalidade e a neutralidade da resposta que o juiz dará sobre o que é
direito em cada caso.
Este paradigma tem como característica um Direito-Lei pré-determinado, onde não existe
qualquer interferência do mundo dos casos concreto, ou seja, abstraísse do caso-problema e
interpreta a lei em abstrato.
Nesta concessão caberá ao juiz de pegar nos factos empíricos discretos, e organiza-los á luz da
sua relevância jurídica e das exigências de articulação que a hipótese da norma lhe oferece.
Assim o silogismo subsuntivo, seguindo esta linha de raciocino, fica com uma premissa maior
(proposição normativa na sua estrutura, no seu programa condicional): Premissa menor(A
subsunção, cujo núcleo é constituído por um silogismo logico, E conclusão, onde vai ser dada a
solução do problema concreto, que foi obtida por desimplicação logica da norma legal
O funcionalismo surge muito pela atitude da cultura europeia que se começou a forjar na
época moderna em rutura com o paradigma cultural clássico.
O homem moderno rompe com a compreensão do Ser sustentada pelo pensamento clássico, e
assuma uma nova compreensão do ser enquanto ser. Esta compreensão do ser, e com ela, a
de tudo, adquiria um sentido funcional e via-se submetido ao tipo de razão a que Horkheimer
designou de razão instrumental.
Como corolários de tudo isto, temos diversos fatores, como a libertação política, secularização
historicismo etc.
Nesta relação os fins visados são fundamentais, pelo que o que é funcionalizado são os meios
mobilizáveis para a prossecução desses fins.
Num outro ponto de vista, já em relação ao direito em concreto, este não é entendido
funcionalisticamente quando apensas se lhe reconhecem funções ou se pretende vê-lo
cumprir a sua função.
O Direito é então tratado funcionalisticamente quando é convocada para certas funções que
se pretende que ele realize, ou seja é visto como elemento numa relação ou num contexto
sistemicamente funcional.
Posto isto, tratando o Direito desta forma funcionalística, a consequência inevitável será a de
que os seus objetivos ou fins, bem como os efeitos e resultados relevantes deixarem de ser
jurídicos para passarem a ser transjuridicos.
O funcionalismo entende o Direito por referência á sociedade, á realidade pratica nas suas
diferentes dimensões, pensa mesmo o Direito como Função normativa das exigências da
realidade pratica.
Com esta nova linha de pensamento, os valores vão ser substituídos pelos fins(são
necessidades subjetivas, opções decididas pela subjetividade individual), e aos fundamentos os
efeitos.
A pergunta nuclear que o funcionalismo vai dirigir ao Direito é (O Direito) para que serve?
O Direito como pólo politico ou ético-político é visto não só como um instrumento politico que
se orienta por um intenção de politização da juridicidade. Este tem também uma função
política, efeitos políticos e assume objetivos políticos.
1º categoria “Função”
-De serem vários os conceitos de Função, pelo que é necessário saber qual aquele que o
funcionalismo convoca
-De serem diferentes os conceitos de “função” usados pelos funcionalismos materiais e pelo
funcionalismo sistémico.
Contudo, esta categoria é aquela da qual a compreensão funcional do Direito depende e que
justifica todas as restantes a que essa compreensão lança mão. Tais como a funcionalidade e a
instrumental idade, bem como outras.
Entre essas estão o programa finalístico ou programa de fins selecionados, que a categoria
função assegura, ou seja, a compreensão funcional do Direito, traz consigo a compreensão da
lei com um programa finalístico, ou contrario do programa condicional do normativismo. Isto
porque, se os nosso interesses são assumidos pela sociedade, como meras opções subjetivas
socialmente permitidas e equivalentes, então torna-se necessário que a lei se apresente como
uma decisão seletiva e hierarquiza dora dos interesses ou necessidades a satisfazer, assumido
a a lei um papel de estratégia.
Se assim é, podemos dizer que não pode ficar-se por uma perspetivação do programa de fins
em abstrato, sem considerar a sua realização ao concreta e dos efeitos produzidos. Talvez por
esta razão, para o funcionalismo o momento da concreta realização do direito assume enorme
importância.
A eficácia e a eficiência
A Eficácia é uma categoria técnica que refere a capacidade para atingir ou realizar os
fins/objetivos através dos meios ou instrumentos mobilizáveis, que permite perguntas como”
qual a relação que se pode estabelecer entre um recurso de tipo x e um efeito empírico-social
de tipo Y?
Já a eficiência é uma categoria estratégica destinada a apensar a realização dos objetivos num
certo contexto de circuntâncias dotado de efeitos potenciadores e desviantes, pelo que, se
deverá definir um principio de otimização.
O legislador é visto como estratega, cuja estratégia que utiliza é como um programa ou
planificação relativa a todos os domínios práticos em que há que selecionar e decidir objetivos
alternativos, e em seguida, estabelecer uma ordem de preferência entre os objetivos
selecionados, ou seja, se há legislação como programa finalístico caberá á definição da
estratégia jurídica a realizar.
Em relação ao juiz, este é visto com o juiz táctico, sendo a tactica como a consideração das
decisões que, no terreno das suas particulares circunstancias e atuando através de correções,
complementos, desvios, justificados por essas circuntâncias, procuram que o êxito dos
objetivos programados seja alcançado em concreto ou eles se realizem da melhor forma e
adequação possível. Ou seja, á decisão do juiz caberá a realização concerta da tactica.