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Poder Judiciário

Tribunal Regional Federal da 5ª Região


Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

AGTR 102620/AL (2009.05.00.109923-6)


AGRTE : JOSE EDMUNDO TAVARES PEREIRA
ADV/PROC : SAÚ LÍBANO XAVIER DA SILVA e outro
AGRDO : FAZENDA NACIONAL
ORIGEM : 5ª Vara Federal de Alagoas (Competente p/ Execuções Fiscais)
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO

(Relatório)

O desembargador federal Vladimir Souza Carvalho: Agravo de instrumento


interposto por José Edmundo Tavares Pereira, contra decisão do douto juízo da 5ª Vara da
Seção Judiciária de Alagoas, f. 200-204, que, em sede de antecipação de tutela, rejeitou o
pedido do autor, ora agravante, com objetivo de serem suspensos os efeitos do mandado de
imissão na posse, expedido nos autos da execução fiscal movida pela Fazenda Nacional, em
face da arrematação de imóvel que alega ser sua residência.

Sustenta a ocorrência de nulidades processuais, referentes a supostas deficiências


nas intimações anteriores, por não constar o nome dos advogados constituídos, além da
propriedade do bem excutido, que, segundo o agravante, teria sido destinado ao seu filho,
quando do divórcio com sua ex-mulher [o registro em cartório da transferência do bem não
teria sido realizado por falta de recursos].

Indeferi o efeito suspensivo, por entender, naquela ocasião, que as provas trazias
aos autos não ilidiam as diligências dos oficiais de justiça, f. 253-252.

Contraminuta da Fazenda Nacional defendendo ser desnecessária a intimação


pessoal do devedor, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora, f. 257-258.

É o Relatório.

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Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

AGTR 102620/AL (2009.05.00.109923-6)


AGRTE : JOSE EDMUNDO TAVARES PEREIRA
ADV/PROC : SAÚ LÍBANO XAVIER DA SILVA e outro
AGRDO : FAZENDA NACIONAL
ORIGEM : 5ª Vara Federal de Alagoas (Competente p/ Execuções Fiscais)
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO

(Voto)

O desembargador federal Vladimir Souza Carvalho: Na execução fiscal, cuja


arrematação é objeto de ataque, f. 24-36, o ora agravante, ali devedor, manifestou, via da
petição de f. 50, o interesse de embargar, para o que indicou vários bens destinados à
penhora.

Fracassada a penhora, conforme se constata da certidão de f. 59, por certificar o


meirinho que o ora agravante ali não mais residia, foi pedida pela agravada a penhora do
imóvel indicado pelo ora agravante como de residência, f. 61, não se procurando obter dos
seus procuradores, f. 51, qualquer informação acerca do novo endereço do ora agravante,
não se inserindo nas publicações de intimações os seus nomes.

O problema chegou ao ponto de a ora agravada ter concordado com a nulidade dos
atos processuais, realizados sem a menção dos nomes dos advogados do ora agravante, f.
147, tendo o douto juízo reconhecido ser bastante razoável a alegação do executado – de nulidade
dos atos de alienação pela inexistência de intimação do antigo causídico dos atos executórios, f. 152.

No entanto, da arrematação derivou o pedido de imissão de posse, que foi deferido,


f. 154, gerando agravo de instrumento, no qual este relator recomendou o uso da ação
anulatória, prevista no art. 486, do Código de Processo Civil, f. 175-176.

Agora, com a interposição da ação anulatória, f. 24-36, a antecipação de tutela foi


negada, f. 200-204, gerando a movimentação do presente agravo.

Penso que o agravante está carregado de razão em obstar a imissão de posse por
parte do arrematante, por um motivo bem simples: apesar da manifestação de que queria
embargar, e, para tanto oferecia bens a penhora, via procuradores constituídos, f. 50-51, não
se registra nos autos nenhum ato de intimação de seus advogados.

É certo que pode ter prevalecido qualquer motivo que fez com que os seus primeiros
advogados não procurassem saber notícia do andamento do processo, sobretudo quando
seria de estranhar que o Judiciário demorasse tanto a se manifestar sobre um pedido de
oferta de bens a penhora com o intuito de interpor embargos. No entanto, a ausência dos
advogados, qualquer que seja o motivo, é inferior ao fato de não ter, a partir da juntada aos
autos de seu pedido, acompanhado da procuração devida, sido promovida, nem pelo Diário
da Justiça, a intimação destes, pelo menos, para esclarecer acerca do endereço do ora
agravante ou, para informar se ainda se mantinham nos autos como procuradores.

A realidade é que faltou a intimação, e, só pela sua ausência, já é suficiente para dar
guarida a antecipação de tutela negada pelo juízo natural, visto que, no alicerce de todo o
edifício que se seguiu até culminar com a arrematação, há uma base frágil e movediça,
constituída da ausência de intimação dos advogados do ora agravante.

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Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

Por este entender, dou provimento ao agravo de instrumento.

É como voto.

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AGRDO : FAZENDA NACIONAL
ORIGEM : 5ª Vara Federal de Alagoas (Competente p/ Execuções Fiscais)
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO

(Ementa)

Processual Civil e Execução Fiscal. Agravo de instrumento atacando decisão que, em


ação ordinária anulatória de arrematação, indefere pedido de antecipação de tutela,
destinado a obstar a imissão de posse, em imóvel do devedor, autor da demanda anulatória e
ora agravante.
1. Cópias da execução fiscal a demonstrar que o ora agravante, via bastantes
procuradores, ofereceu bens a penhora a fim de embargar, não tendo a penhora sido
realizada em tais bens em função de o devedor não ter sido encontrado em o endereço
indicado, levando a credora a pedir a penhora do imóvel apontado pelo devedor como sendo
seu endereço.
2. Inocorrência a partir daí de qualquer intimação dos advogados do ora agravante,
levando a ora agravada a concordar com a anulação dos atos que culminaram com a
arrematação do imóvel penhorado, tendo o douto juízo natural também considerado a
hipótese de nulidade pela ausência da penhora, sem contudo recuar do deferimento da
imissão de posse no imóvel por parte do arrematante.
3. Ajuizamento de ação anulatória, com fulcro no art. 486, do Código de Processo
Civil, inclusive por recomendação deste relator, em agravo de instrumento anterior, ante
indeferimento da antecipação de tutela, visando obstar a imissão de posse.
4. A realidade é que faltou a intimação, e, só pela sua ausência, já é suficiente para dar
guarida a antecipação de tutela negada pelo juízo natural, visto que, no alicerce de todo o
edifício que se seguiu até culminar com a arrematação, há uma base frágil e movediça,
constituída da ausência de intimação dos advogados do ora agravante.
5. Provimento do agravo de instrumento.

(Acórdão)

Vistos, etc.

Decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por


unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório, voto e
notas taquigráficas constantes dos autos.

Recife (PE), 29 de abril de 2010.


(Data do julgamento)

Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho


Relator

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