Cap. 11

TV DESTINO
Central Destino de Produção Capítulo 11
MENINAS DO BRASIL
“O GRANDE FLAGRANTE!”
UMA NOVELA DE
RAMON FERNANDES
IDEIA ORIGINAL
RYNALDO NASCIMENTO
ESCRITA POR
Ramon Fernandes
DIREÇÃO DE
Teresa Lampreia e Carlo Milani
DIREÇÃO GERAL
DENISE SARACENI
Personagens deste capítulo

CACAU HELENA NELINHA VICENZO
CINDY JULIANO NINA VIÚVA-NEGRA
ELIANA MANDRAKE OTÁVIA
FREDERICO MARY-LOU SANDRO
GLÓRIA MURILO TRIPÉ
Participação neste capítulo

RÔMULO/ EMÍLIA/ ÁLVARO/ FOTÓGRAFO/ REPÓRTER/ EMOS/ POVO DA BOATE
Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter informações
confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer
meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora
estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 11 PÁG.: 2
CENA 01. CARRO DE RÔMULO. INTERIOR. NOITE

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. RÔMULO PEGA O
CELULAR E DISCA.
RÔMULO — [tel.] Álvaro?! Aqui é o Rômulo. (pausa) Como que
Rômulo? Aquele que estagiou contigo no jornal, época da
faculdade cara. (pausa/ ri) Tá maluco? Te vi esses dias ainda.
Olha só, presta atenção que eu tenho uma quente pra você.
(pausa) Você ainda trabalha na redação não trabalha? (pausa)
Então, o que você me diria se eu te garantisse de fonte segura
que o deputado Frederico de Castro, o marido da Marina
Braga está com a secretária em um motel de beira de estrada?
(pausa/ ri) Sério pô! (pausa) Ah, mas tudo tem o seu preço né
camaradinha. Eu te dei o furo da notícia, agora você me passa
uma verba, digamos que uma comissão.
RÔMULO SORRI SACANA.
RÔMULO — [tel.] Anota o endereço então e prepara a equipe porque
hoje o escândalo é grande.
EM RÔMULO VINGATIVO.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DE JULIANO. QUARTO DO CASAL. INTERIOR.

NOITE
JULIANO E HELENA ASSISTINDO UM FILME NA TELEVISÃO. COMEM
PIPOCA, HELENA ACONCHEGADA NOS BRAÇOS DO MARIDO, ENQUANTO
ELE OLHA PARA O RELÓGIO DE PULSO NERVOSO.
HELENA — Tão lindo esse casalzinho. Até lembra a gente nos nossos
tempos de namoro né amor?
JULIANO — (impaciente) Aham.
COMEÇAM A SUBIR OS CRÉDITOS FINAIS DO FILME. HELENA BEIJA
JULIANO QUE CORRESPONDE FORÇADO.
HELENA — Amor queria conversar com você sobre o meu livro.
Acredita que a editora ainda não me ligou?
JULIANO LEVANTA RÁPIDO. NÃO DÁ MUITA ATENÇÃO PARA A MULHER.
JULIANO — Sério? Que chato hein.
HELENA — Juliano, que foi?
JULIANO — Lembrei que tenho um compromisso, Helena. Vou ter que

sair agora.
HELENA — Mas esta hora? Pra onde, com quem?
JULIANO — Reunião de trabalho, querida.
HELENA — (agitada) Não me enrola Juliano! Não me enrola porque eu
sei muito bem que você não tem nenhum compromisso hoje.
JULIANO — Como você sabe? Bola de cristal?
HELENA O ENCARA SEM GRAÇA.
HELENA — Vi na sua agenda.
JULIANO — (encara/ bravo) Eu não acredito que você fez isso. Helena
você teve a pachorra de fuçar na minha agenda? Minha vida
pessoal.
HELENA — Eu pensei que a sua vida pessoal era compartilhada com a
sua família, com a sua esposa principalmente.
JULIANO — (alterado) Mas não é! Você tem a sua individualidade e eu
tenho a minha.
HELENA RI DEBOCHANDO.
HELENA — Minha individualidade. (tom) Como se eu tivesse alguma
trancada nessa casa dia e noite vivendo para você.
JULIANO — Vive porque quer, eu não te obrigo à isso.
HELENA — (grita) Mal agradecido!
JULIANO PONDERA. COLOCA OS SAPATOS E SENTA NA CAMA.
JULIANO — Helena, tenta entender que ninguém é propriedade privada
de ninguém. Se você vive para a casa e pra nossa família é
uma opção de vida sua. (pausa) Pode sair à hora que quiser
sair do cativeiro se você se sente tão presa assim.
HELENA — Presa sim, mas às minhas convicções.
JULIANO — (ri) Que convicções?
HELENA — Um casamento feliz e uma relação de fidelidade, coisa que
você não tem cumprido há muito tempo. Será que cumpriu
algum dia?
JULIANO — (encara forte) Se eu não tenho cumprido com as minhas
promessas diante do padre é porque você provocou isso.
HELENA — Provoquei?!
JULIANO — Quando se afundou na bebida.

HELENA LEVANTA-SE DESCOMPASSADA.
HELENA — Não venha jogar a culpa das suas puladas de cerca no meu
alcoolismo. Além do mais eu tenho feito de tudo para me
curar. Nunca mais coloquei uma gota de álcool na boca.
JULIANO RI.
JULIANO — Você acha que eu sou idiota e não vejo você tomando
escondida no barzinho aqui de casa? (frio) Eu não sou burro,
Helena!
HELENA ARRASADA SENTA NA CAMA. SABE QUE ELE DISSE A VERDADE
E COMEÇA A CHORAMINGAR.
JULIANO — Vou sair e não tenho hora pra voltar.
SAIU. SOBE SONOPLASTIA: “SWEET CHILD O MINE” – SHERYL CROW
(instrumental). HELENA FICA ALI CHORAMINGANDO ALGUM TEMPO.
LEVANTA A CABEÇA.
HELENA — Quer saber? Eu não vou ficar aqui sofrendo por causa
desse homem.
HELENA SECA SUAS LÁGRIMAS. VAI ATÉ O CLOSET E SAI COM UMA
BOLSA.
CORTA PARA:
CENA 03. CASA DE JULIANO. SALA. INTERIOR. NOITE

ELIANA VEM DESCENDO AS ESCADAS. VICENZO ENTRA PORTA À
DENTRO.
VICENZO — Oi amor! Que surpresa.
ELIANA — Oi, onde você estava?
OS DOIS DÃO UM SELINHO.
VICENZO — Fui na casa do Vitor, aquele meu colega de faculdade.
Tinha que combinar um projeto com ele. Arquitetura ainda
vai me matar (ri).
ELIANA — (ri) Deus me livre. Como vou fazer sem o meu homem de
olhos azuis, hein?
VICENZO — E você resolveu fazer uma surpresinha para o seu
namorado é?
ELIANA — Já estava com saudades e vim te ver, não agüentei esperar

você me ligar para marcar alguma coisa. Vim e acabei dando
um furo.
VICENZO — Que furo?
ELIANA — Cheguei aqui fui direto pro seu quarto né, como sempre
faço. Você não tava, então achei que tivesse no quarto da sua
irmã, cheguei lá e ela estava com o Sandro. Me xingou até
umas horas.
VICENZO — A Otávia fez isso?
ELIANA — (dramática) Fez sim, só faltou me dar uma surra.
VICENZO — Mas só porque ela estava com o namorado?
ELIANA — Transando né Vicenzo!
VICENZO RI ALTO. ELIANA BATE EM SEU OMBRO, TAMBÉM RI.
ELIANA — Para, eu fiquei constrangida quando eu vi tá!
VICENZO — Imagino a cena.
ELIANA — Nem imagine. (o agarra) Aliás, imagine sim porque eu
estou pensando exatamente em copiar a cena que a sua
maninha estava fazendo.
VICENZO — Eliana, Eliana... Não mexe com fogo garota.
ELIANA MORDE A ORELHA DO NAMORADO.
ELIANA — (sussurra) Mexo sim. E adoro!
OS DOIS SE BEIJAM. VICENZO PEGA ELIANA NO COLO E VAI LEVANDO-A.
ELA GRUDADA EM SEU PESCOÇO.
CORTA PARA:
CENA 04. RUA AUGUSTA. EXTERIOR. NOITE

TOMADA GERAL DA RUA AUGUSTA AGITADÍSSIMA. A MÚSICA ANTERIOR
É TOMADA POR UM BATIDÃO ELETRÔNICO.
FUNDE PARA:
CENA 05. BOATE. INTERIOR. NOITE

PISTA DE DANÇA LOTADA. JOVENS, CASAIS, TODO TIPO DE PESSOA
MISTURADO NAQUELE AMBIENTE. NO BAR, BARMANS FAZEM
ACROBACIAS COM OS DRINKS, OUTROS USAM A TÉCNICA DA PIROMANIA
(COM FOGO). EM ALGUNS PONTOS DA BOATE, CASAIS NAMORANDO, “SE

PEGANDO” PRA VALER. HETEROSSEXUAIS E HOMOSSEXUAIS DE TODAS
AS IDADES MISTURADOS ENTRE AS PESSOAS. CORTA PARA O MEIO DA
PISTA, ONDE HELENA DANÇA COM UMA GARRAFA DE ICE NA MÃO.
CORTES DESCONTÍNUOS DELA DANÇAMENTO FRENETICAMENTE
SOZINHA OU COM OUTRAS PESSOAS AO SEU REDOR. DIVERTE-SE PARA
VALER. NELA.
CORTA PARA:
CENA 06. CASA DE JULIANO. QUARTO DE VICENZO. INTERIOR.

NOITE
PRIMEIRA VEZ QUE O QUARTO DO RAPAZ TAMBÉM É MOSTRADO. TÃO
IGUALMENTE LUXUOSO QUANTO O DE OTÁVIA, PORÉM MASCULINO.
CAMA DE CASAL, ONDE ELIANA E VICENZO ESTÃO ABRAÇADOS
SEMINUS.
VICENZO — Hoje eu vi a Marcela lá na USP.
ELIANA SAI DO ABRAÇO DO NAMORADO E O ENCARA.
ELIANA — Que saco hein! Parece que essa garota está sempre te
rodeando e você adora, Vicenzo. Mosca de padaria, falsa,
idiota!
VICENZO — (ri) Isso tudo é ciúme?
ELIANA — Ciúme é o cacete!
ELIANA LEVANTA.
ELIANA — Já vou indo. Tchau.
VICENZO — Agora? Ah, mas não vai mesmo.
VICENZO A AGARRA. ELIANA SE DESVENCILHA COM FORÇA.
ELIANA — Sai fora Vicenzo. Essa garota acabou de estragar a minha
noite, não me estressa.
VICENZO — Meu amor, a Marcela não fez nada.
ELIANA — (tom) Mas é claro que esta desgraçada não fez nada, ela
nunca faz. É uma santa igual a mamãe dela. Ah me poupe
queridinho.
VICENZO — Tá, eu não falo mais nela, mas não vai. Esquece a
Marcela.
ELIANA — Para de falar o nome dessa nojenta que me dá ânsia!
ELIANA COLOCA O DEDO DENTRO DA BOCA E VICENZO RI.

VICENZO — Cê é doida.
ELIANA — Doida é? Você não me viu louca ainda. Ela que nem tente
roubar o meu namorado porque ela vai comprar uma briga
feia. Briga de peixe grande, coisa que ela nunca será!
VICENZO ENCARA ELIANA QUE CONTINUA BRAVA.
CORTA PARA:
1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 07. SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE

TOMADAS DA CIDADE DE SÃO PAULO À NOITE AO SOM DE “RODA VIVA”
– CHICO BUARQUE.
CORTA PARA:
CENA 08. FAVELA DO URUBU. BORDEL. SALÃO. INTERIOR.

NOITE
FESTA QUE OCORRERA ALI JÁ ACABOU. AS MENINAS LIMPAM O SALÃO.
NINA SENTADA COM OS PÉS PARA CIMA DA CADEIRA. CORTA PARA A
ENTRADA DE VIÚVA-NEGRA. CINDY VIU O NAMORADO E OLHA PARA
MARY-LOU.
NINA — (tom) Já fechou Viúva! Cindy não atende mais hoje.
VIÚVA-NEGRA — Porra Nina. Qualé?! Nunca fez cuzinho assim, qualé disso
agora?
NINA — Ih, cala a boquinha hein Viúva. Bebeu? Acha que pode
entrar na minha casa e falar desse jeito? Mantenha a
compostura aqui dentro.
VIÚVA RI. NINA LEVANTA-SE.
NINA — Mas está certo, você é um dos clientes assíduos e quase
namorado dessa daí. (olha para Cindy) Se quiser pode ir com
ele.
CINDY — Quero não.
VIÚVA-NEGRA — (revoltado) Comassim não quer? Tá de zueira ca minha
cara Cindy?!
CINDY — Acontece que eu estou cansada Viúva.

MARY-LOU — Nós ficamos o dia inteiro de pé organizando o salão para a
festinha de hoje.
VIÚVA-NEGRA — Quero nem saber. Mulhé que eu escolhê tem que se deitar
comigo a hora que eu querer! Nem vem de caô pra cima de
mim não!
CINDY OLHA PARA NINA QUE DÁ DE OMBROS.
NINA — Você que sabe menina. Só estranho muito você que
sempre pagou maior pau para o Viúva-Negra agora recusar
transar com ele.
CINDY — Tô cansada Nina só isso.
MARY-LOU — É Nina, ela não quer.
NINA — Cala a boca Anastácia que a conversa não fez curva!
MARY-LOU SE JUNTA COM AS OUTRAS MENINAS. FICAM MAIS A FRENTE
VIÚVA E CINDY.
CINDY — (direta) Hoje não!
VIÚVA-NEGRA — (concorda) Firmeza então mano. Mas é o seguinte, quando
cê vier de gracinha pro meu lado eu que vou te dar o chapéu e
catar outra pra cê aprender a deixar de ser otária.
NINA — Viúva./
VIÚVA-NEGRA VAI SAINDO. QUANDO CHEGA À PORTA SE VIRA E ENCARA
CINDY.
VIÚVA-NEGRA — Num esperava isso de tu mina. Decepção.
SAIU. CINDY OLHA PARA NINA QUE FAZ CARA FEIA E SAI DALI TAMBÉM.
MARY-LOU VAI PARA APOIAR A AMIGA.
CORTA PARA:
CENA 09. RUA AUGUSTA. BOATE. INTERIOR. NOITE

HELENA JÁ CAMBALEANTE PASSA PELAS PESSOAS. DO PV DELA VEMOS
TUDO TURVO. PESSOAS OLHAM PARA ELA E RIEM, MAS ELA NEM SE
IMPORTA. ERGUE SEU COPO DE BEBIDA E BRINDA NO AR. UM HOMEM
TENTA AGARRÁ-LA, MAS ELA NÃO DÁ MORAL. SE DESVENCILHA, O
EMPURRA E SAI. VEM DANÇANDO ENQUANTO ANDA PELA BOATE. VAI
CHEGANDO PERTO DA PORTA DE SAÍDA, PEGA SUA BOLSA NA
CHAPELARIA E ERGUE O COPO MAIS UMA VEZ, COMO SE BRINDASSE.
BEBE O RESTO DA BEBIDA DE UMA SÓ VEZ E DÁ UM GRITO

COMEMORANDO. SAI SE BATENDO COM UM GRUPO DE PESSOAS PERTO
DA SAÍDA.
CORTA PARA:
CENA 10. RUA AUGUSTA. EXTERIOR. NOITE

FOCALIZAMOS A FRENTE DA BOATE, UMA DENTRE TANTAS DA AVENIDA.
HELENA SAI DO LOCAL TROCANDO AS PERNAS LITERALMENTE. GRANDE
MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAS NA RUA. HELENA PÁRA NA CALÇADA E
TENTA “SE ENCONTRAR”. RODA A CABEÇA E RI DESCOMPASSADA.
AVISTA SEU CARRO UM POUCO DISTANTE DALI. ELA VAI TENTANDO
CHEGAR ATÉ O VEÍCULO. ATRAVESSA A RUA E PARA NO CARRO. OLHA
PARA UM GRUPO DE EMOS ALI NA CALÇADA QUE BEBEM E RIEM DELA.
ELA RI DE VOLTA, SEM NOÇÃO. ENTRA NO VEÍCULO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:
CENA 11. CARRO DE HELENA. INTERIOR/ EXTERIOR. NOITE

HELENA SENTADA NO BANCO DO MOTORISTA. ENTRA MÚSICA TEMA
DELA. ELA RI ALGUNS SEGUNDOS, MAS ACABA SE ENTREGANDO AO
CHORO FÁCIL. CHORA DESESPERADA, DEIXA A CABEÇA CAIR SOBRE O
VOLANTE.
Inserir flashback:
JULIANO — (ri) Que convicções?
HELENA — Um casamento feliz e uma relação de fidelidade, coisa que você não
tem cumprido há muito tempo. Será que cumpriu algum dia?
JULIANO — (encara forte) Se eu não tenho cumprido com as minhas promessas
diante do padre é porque você provocou isso.
HELENA — Provoquei?!
JULIANO — Quando se afundou na bebida.
Fim do flashback
VOLTA PARA HELENA. ELA COM A CABEÇA SOBRE O VOLANTE, BUZINA

SEM QUERER POR UM TEMPO. ERGUE A CABEÇA E TENTA SECAR AS
LÁGRIMAS.
JULIANO — [off] Você acha que eu sou idiota e não vejo você tomando escondida
no barzinho aqui de casa? (frio) Eu não sou burro, Helena!
O CELULAR DELA TOCA. HELENA REMEXE A BOLSA E ENCONTRA O

APARELHO. TEM DIFICULDADE, MAS ATENDE.
HELENA — [tel.] Alô?

EDITORA — [off] Helena Telles? Aqui é da Editora Charlize. Desculpe
o incomodo da hora, mas acabamos de fechar o seu livro e
estamos ligando para marcar o lançamento dele.
HELENA — [tel./ confusa] Lançamento?! (pausa) Eu sei, eu sei. Pode
marcar aí.
EDITORA — [off] Dona Helena? Está tudo bem com a senhora?
HELENA COMEÇA A CHORAR. DESLIGA O CELULAR E O JOGA EM CIMA
DO BANCO DO CARONA. CHORA DESESPERADA. CORTA PARA O
EXTERIOR DO VEÍCULO. O CARRO SAI DO LOCAL CANTANDO PNEU.
CORTA PARA:
CENA 12. CASARÃO DE CELESTINO. COZINHA. INTERIOR.

NOITE
CLOSE EM TRIPÉ QUE CONSERTA O CANO DA PIA. ESTÁ SEM CAMISA,
SUADO E UM POUCO SUJO. SEU ABDÔMEN DEFINIDO E SEUS MÚSCULOS
APARENTES DEIXAM MURILO OFEGANTE. MURILO DE FRENTE PARA ELE,
ENCOSTADO NA MESA. NÃO TIRA OS OLHOS DE TRIPÉ. CLOSE EM SUAS
MÃOS QUE ARRANHAM A MESA COMO FORMA DE DESEJO.
TRIPÉ — Ô Murilo, não se preocupa não que aqui o serviço já tá
acabando. Eu só preciso de uma cola de cano. Cê tem?
MURILO DISTANTE OLHA PARA TRIPÉ. O CARA PERCEBE E FICA SEM
JEITO.
MURILO — (confuso) Hã? Não, não, imagina, pode continuar.
TRIPÉ — Mas eu preciso de uma cola de cano. O seu pai tem em
casa?
MURILO — (sorri) Ah, uma cola. Acho... Acho que não. Cê pode
aguardar um segundo pra eu ver se acho na vizinha?
TRIPÉ OLHA PARA O RELÓGIO DE PULSO.
TRIPÉ — Tá tarde, mas vai lá. Já tá tudo ferrado mesmo né. (ri).
MURILO — (concorda rindo) Já volto.
TRIPÉ CONCORDA SEM GRAÇA. MURILO SAI E TRIPÉ SE ABAIXA. VAI
PARA DEBAIXO DA PIA MEXER NO CANO. MURILO COLOCA A CABEÇA
ALI DE VOLTA. OLHA PARA O CORPO DE TRIPÉ E MORDE OS LÁBIOS. RI E
SAI DE VEZ.
CORTA PARA:
CENA 13. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE

MURILO ANDA RÁPIDO PELAS VIELAS DA FAVELA. SEMPRE COM UM
SORRISO ESTAMPADO NO ROSTO. QUANDO FLÁVIO PASSA POR ELE, ELE
VIRA O ROSTO COMO SE NÃO QUISESSE SER RECONHECIDO. SEGUE SEU
CAMINHO. CORTE PARA ELE ENTRANDO EM UMA PRECÁRIA FARMÁCIA
ALI NA FAVELA.
FUNDE PARA:
CENA 14. FAVELA DO URUBU. FARMÁCIA. INTERIOR. NOITE

MURILO ENTRA NA FARMÁCIA E VAI ATÉ A ATENDENTE NO BALCÃO.
MURILO — Dona Emília, a senhora me vê um remédio para dormir?
EMÍLIA — Um remédio pra dormir, Murilo? Não sabia que você
tinha esse problema.
MURILO — É que ultimamente ando bem nervoso com algumas
provas da escola. Não tenho mais conseguido dormir à noite
só pensando nas notas.
EMÍLIA — Quando meu marido me traia com a bunduda da padaria
eu fiquei assim também.
MURILO — (ri) E ele voltou para a senhora?
EMÍLIA — Voltar? Meu filho, ele deve estar comendo brioche e
baguete até hoje. Tomei nojo de padaria.
MURILO — Tá, vamos parar que quero dormir cedo hoje. Preciso de
um calmante bem forte ou um sonífero.
EMÍLIA — Tá. Vou ver um aqui pra você.
MURILO CONCORDA E EMÍLIA SAI PARA VER O REMÉDIO. ELE ESPERA.
CORTA PARA GLÓRIA QUE PASSA ALI EM FRENTE E PARA NA PORTA DA
FARMÁCIA. ESTRANHA AO VER MURILO.
GLÓRIA — O que o Murilo está fazendo tão tarde fora de casa? Ah,
mais o pastor não vai gostar nada de saber disso.
GLÓRIA SAI DALI. EMÍLIA ENTREGA O REMÉDIO PARA MURILO QUE PAGA
RAPIDAMENTE E SAI DA FARMÁCIA.
CORTA PARA:

MURILO VAI CAMINHANDO PELA FAVELA COM O VIDRO DE REMÉDIO.
GLÓRIA MAIS ATRÁS DELE, SEMPRE À ESPREITA E ALERTA.
CENA 16. CASA DE CACAU. SALA. INTERIOR. NOITE

FOCAMOS A SALA SIMPLES DA CASA DE CACAU. A TELEVISÃO LIGADA
EM ALGUM CANAL. CACAU COCHILA NO SOFÁ COM BELINHA EM SEU
COLO QUE TAMBÉM DORME. CACAU VAI ACORDANDO E VÊ A FILHA.
SORRI, PASSA A MÃO PELA SUA TESTA E SE PREOCUPA.
CACAU — Meu Deus... Mas você tá ardendo em febre, minha filha.
(sacode) Filha, Belinha, acorda.
CACAU LEVANTA ASSUSTADA E ABAIXA. FICA DE FRENTE PARA A
MENINA. EXAMINA MELHOR.
CACAU — (preocupada) Ai meu Deus, não pode ser. E agora o que
eu faço?
ANDA PREOCUPADA. VAI PEGAR O CELULAR EM CIMA DE UM MÓVEL.
DEIXA BELINHA DORMINDO.
CACAU — Calma Cláudia, você sempre soube o que fazer nessas
horas.
CACAU DISCA UM NÚMERO. ESPERA ALGUNS SEGUNDOS.
CACAU — (nervosa) Atende Rafael, por favor.
O CELULAR CAI NA CAIXA POSTAL. CACAU BUFA. OLHA PARA A FILHA
DORMINDO.
CACAU — Força filha. Vai ter que ser como nos velhos tempos antes
do tio Rafa, só eu e você juntas enfrentando isso.
ELA PEGA A BOLSA E SAI RAPIDAMENTE DECASA. EM BELINHA
DORMINDO.
CORTA PARA:

CACAU ANDA PELA FAVELA RÁPIDA E PREOCUPADA. CORTA PARA A
CASA DE MANDRAKE, FOCAMOS A SUA FIGURA MISTERIOSA NO VIDRO
REFLETIDO DA JANELA. ENTRA SONOPLASTIA DE SUSPENSE. ELE
DESPERTA AO VER CACAU PASSAR.
CORTA PARA:

CACAU SAI DA FARMÁCIA QUE FECHA AS SUAS PORTAS. SAI COM UMA
SACOLA DE REMÉDIOS. MANDRAKE A VÊ, COLOCA UMA TOUCA NA
CABEÇA E SAI DE TRÁS DE UM POSTE. PARA EM SUA FRENTE. CACAU DÁ
UM GRITO. MANDRAKE TENTA AGARRÁ-LA. ELA CORRE PELA RUAZINHA
ESTREITA DA FAVELA. MANDRAKE É MAIS RÁPIDO E CORRE ATRÁS
DELA. CACAU GRITA POR SOCORRO E MANDRAKE TAMPA A SUA BOCA.
ELA SE DEBATE, TENTA CHUTÁ-LO E DEIXA CAIR A SACOLA COM OS
REMÉDIOS. MANDRAKE IMOBILIZA SEUS BRAÇOS E VAI LEVANDO-A
PARA UM BECO. SUPER CLOSE NOS OLHOS APAVORADOS DE CACAU. OS
DOIS FUROS NA TOUCA DE MANDRAKE REVELAM SEUS OLHARES, MAS
PERVERSOS. CORTA PARA O BECO. MANDRAKE TENTA LUTAR CONTRA
CACAU QUE FAZ DE TUDO PARA SE SOLTAR. ESTÁ QUASE CONSEGUINDO
QUANDO MANDRAKE LHE DÁ UMA CORONHADA E ELA CAI SOBRE UNS
SACOS DE LIXO. MANDRAKE RI E VAI PARA CIMA DA MOÇA. MANDRAKE
RASGA A SUA BLUSA RAPIDAMENTE E CHUPA OS SEUS PEITOS, VAI
DESCENDO PELA BARRIGA. BEIJA O PESCOÇO E PASSA A MÃO PELAS
COXAS DELA. CLOSE EM CACAU DESACORDADA.
CORTA PARA:
2º INTERVALO COMERCIAL
CENA 19. PRÉDIO DE ZENILDA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE

TAKE DA FACHADA DO PRÉDIO ONDE MORAM ZENILDA E THÉO.
SONOPLASTIA SUAVE AO FUNDO.
FUNDE PARA:
CENA 20. APARTAMENTO DE ZENILDA. QUARTO DE HÓSPEDES.

INTERIOR. NOITE
THÉO SENTADO NA CAMA LENDO UM LIVRO. ALGUÉM BATE A PORTA.
THÉO DEIXA O LIVRO DE LADO.
THÉO — Entra.
É ZENILDA QUE ENTRA SORRATEIRA.
ZENILDA — Licença Théo. Te atrapalho?
THÉO — É claro que não meu amor.

ZENILDA FICA SEM GRAÇA E THÉO CORRIGE:
THÉO — Digo, Zenilda. Pode falar. O que cê quer?
ZENILDA — Nós podemos conversar uns minutinhos? Vi que você tava
lendo um livro, não quero te atrapalhar.
THÉO — Até parece que somos dois estranhos Zenildinha. Nada é
mais importante que você pra mim, mesmo nós estando
separados como agora.
ZENILDA — Então. É sobre isso que eu queria conversar. Sobre a nossa
separação.
THÉO ENCARA ZENILDA. NELE.
CORTA PARA:
CENA 21. PORTO ALEGRE. MOTEL. FRENTE. EXTERIOR. NOITE

RÔMULO EM SEU CARRO OLHA NERVOSO PARA O HORÁRIO NO PAINEL
DO VEÍCULO. UM CARRO DISCRETO DE VIDRO FUMÊ PARA MAIS A
FRENTE. RÔMULO SE AGITA. DO OUTRO VEÍCULO SAEM ÁLVARO E MAIS
DOIS AMIGOS. ÁLVARO COM UM MICROFONE NA LAPELA DA CAMISA E
OS OUTROS DOIS COM UMA CÂMERA UMA MÁQUINA DIGITAL. OS DOIS
FICAM ESPERANDO E ÁLVARO VAI FALAR COM RÔMULO.
ÁLVARO — Tem certeza Rômulo?
RÔMULO — Não confia em mim? Pode entrar que se bobear é capaz de
ainda pegá-los com a “mão na massa”.
RÔMULO RI. ÁLVARO PEGA UMAS NOTAS E ENTREGA PARA RÔMULO.
ÁLVARO — Tomara. (pausa) Pagamento pela informação, tomara que
valha algo mesmo.
RÔMULO — Valerá, cê vai ver. Você vai ter a resposta amanhã na sua
manchete.
ÁLVARO — (concorda) Beleza. Vou indo então porque tenho um
flagrante de manchete pra fazer.
ÁLVARO RI E SAI. FAZ SINAL PARA OS COLEGAS QUE ENTRAM NO
CARRO. ÁLVARO TAMBÉM ENTRA NO VEÍCULO E SE ENCAMINHA PARA O
MOTEL. CORTA PARA RÔMULO CONFERINDO O DINHEIRO.
RÔMULO — Nada paga uma vingança.
RÔMULO RI E SAI COM O CARRO DA FRENTE DO MOTEL.
CORTA PARA:
CENA 22. MOTEL. GARAGEM. INTERIOR. NOITE

O VEÍCULO DE ÁLVARO ENTRA NA GARAGEM. SAEM OS COLEGAS E
DEPOIS O REPÓRTER.
CENA 23. MOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE

TÍPICO QUARTO DE MOTEL COM TUDO QUE TEM DIREITO. SONOPLASTIA:
“SUPER MULHER” – ANA CAÑAS. O ESPELHO NO TETO REVELA NELINHA
NUA SOBRE A CAMA. FAZ POSE PARA FREDERICO QUE VEM DA
HIDROMASSAGEM ENROLADO EM UMA TOALHA BRANCA. OS DOIS RIEM
SAFADOS. ELE PEGA UMA GARRAFA DE CHAMPANHE E LEVA JUNTO COM
DUAS TAÇAS PARA A CAMA.
NELINHA — Você acha que a sua esposinha de merda ganha estas
eleições?
FREDERICO — Se acho? Pelo que eu conheço da Marina ela não é de
perder nem em par ou ímpar. Ainda mais com o povo
aclamando aquela doida por onde ela passa.
FREDERICO E NELINHA BEBEM O CHAMPANHE E SE BEIJAM BEM
GOSTOSO. FRED PEGA NAS COXAS DE NELINHA QUE DÁ UM GRITO
ABAFADO.
FREDERICO — Tem coisa bem melhor pra fazer do que falar nela.
NELINHA — Concordo inteiramente.
OS DOIS SE AGARRAM. ELA DEIXA CAIR A TAÇA SOBRE A CAMA.
FREDERICO SOBE EM NELINHA E A BEIJA DO PESCOÇO ATÉ O UMBIGO.
CAM VAI SUBINDO E FOCANDO O ESPELHO DE TETO. NELINHA INVERTE A
POSIÇÃO E FICA SOBRE FREDERICO. O MORDE NO PESCOÇO.
CORTA PARA FREDERICO SEM CUECA COM O PÊNIS DE FORA PREPARA-SE
PARA TRANSAR COM NELINHA DE FRANGO ASSADO.
FUNDE PARA:
CENA 24. MOTEL. ESCADARIA/CORREDOR. INTERIOR. NOITE

ÁLVARO E OS COLEGAS SUBINDO COM OS OBJETOS DA REPORTAGEM
NAS MÃOS, TUDO BEM PORTÁTIL. ATENÇÃO: INTERCALAR A ENTRADA
DELES COM A TRANSA DE FREDERICO E NELINHA. SOBEM ALGUNS

LANCES DE ESCADA. CHEGAM AO CORREDOR E VÃO VENDO OS
NÚMEROS. CONFEREM NAS DUAS PONTAS DO CORREDOR. CHEGAM À
PORTA DO QUARTO. ÁLVARO FAZ SINAL. ELES LIGAM OS EQUIPAMENTOS
E ENTRAM.
CORTA PARA:
CENA 25. MOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE

FREDERICO TRANSANDO COM NELINHA QUE ESTÁ NA MESMA POSIÇÃO.
ELA ARRANHA AS DUAS COSTAS.
NELINHA — (geme) Mete gostoso.
FREDERICO — Depois dessa noite você vai pedir pra ser minha pelo resto
da vida...
A PORTA É ARROMBADA. ENTRA ÁLVARO E SUA EQUIPE. FREDERICO SE
VIRA ASSUSTADO.
FREDERICO — O que é isso?
ÁLVARO — (tom) Registramos agora o flagrante da traição do
deputado Frederico de Castro com sua amante e secretária
Nelinha Alvarenga.
NELINHA SE TAMPA RAPIDAMENTE COM O LENÇOL.
NELINHA — (grita) Mais que porra é essa?
O FOTÓGRAFO REGISTRA TUDO COM A MÁQUINA. FREDERICO TAMBÉM
TENTA SE PROTEGER DOS FLASHES. NELINHA GRITA. CLOSES
ALTERNADOS DE TODOS. ÁLVARO QUERENDO COLHER ALGUM
DEPOIMENTO. FREDERICO ESTÁTICO. SONOPLASTIA DE AÇÃO ATÉ O FIM
DA SEQUÊNCIA. ÁLVARO VAI PRA CIMA DA CAMA COM UM MICROFONE
DE MÃO. NELINHA TAMPA O ROSTO. FLASHES EM CIMA DO CASAL.
ÁLVARO — Deputado, uma declaração para o Diário do Povo.
FREDERICO PARTE PARA CIMA DE ÁLVARO TENTANDO ARRANCAR O
MICROFONE DELE. O FOTÓGRAFO SÓ REGISTRA. O OUTRO REPÓRTER QUE
FILMA AINDA TENTA AJUDAR O COLEGA. FREDERICO DÁ UM SOCO EM
ÁLVARO. O FOTÓGRAFO DESTAMPA NELINHA QUE GRITA.
FREDERICO — (p/ Nelinha\tom) Me ajuda aqui sua idiota!
NELINHA — (grita) Eu vou embora Frederico!
NELINHA TENTA TIRAR O FOTÓGRAFO DE SUA FRENTE. FREDERICO
TROCA SOCOS COM ÁLVARO. O “CÂMERA-MAN” TENTA APARTAR
ENQUANTO O FOTÓGRAFO REGISTRA A BRIGA. NELINHA PEGA O SEU

VESTIDO E CORRE PARA O BANHEIRO. FLASHES E MAIS FLASHES DA
BRIGA. ÁLVARO DÁ UM SOCO EM FREDERICO QUE TENTA TIRAR A
DIGITAL DO OUTRO. NELINHA SAI DO BANHEIRO CORRENDO, JÁ VESTIDA
E COM AS SANDÁLIAS NAS MÃOS. O FOTÓGRAFO REGISTRA E CORRE
ATRÁS. NELINHA SAI DO QUARTO. FREDERICO E ÁLVARO BRIGANDO.
CORTA PARA:
CENA 26. MOTEL. CORREDOR. INTERIOR. NOITE

NELINHA ARRUMANDO A SANDÁLIA NO PÉ SAI DO QUARTO E VAI
CORRENDO NA TENTATIVA DE FUGIR DO LOCAL. SEU VESTIDO DE
ONCINHA RESSALTA AOS OLHOS. O FOTÓGRAFO VAI ATRÁS, TIRA MAIS
ALGUNS ÂNGULOS DA MOÇA. ELA VAI PARA A ÁREA DA ESCADARIA.
CENA 27. MOTEL. EXTERIOR. NOITE

NELINHA EM UMA ÁREA MAIS ARBORIZADA AO LADO DO MOTEL. CORRE
DESESPERADA DALI. SE BATE EM ALGUMAS FOLHAGENS. OLHA PARA
TRÁS ALGUMAS VEZES. CONSEGUE ESCAPAR.
CORTA PARA:
CENA 28. PORTO ALEGRE. RUA. EXTERIOR. NOITE

EM UMA AVENIDA DA CIDADE MAIS CALMA, SEM MUITO TRÂNSITO ESTÁ
UM TÁXI. CAM DÁ CLOSE NO VIDRO DO VEÍCULO. NELINHA NO INTERIOR
DO TÁXI. NERVOSA.
CORTA PARA:
CENA 29. CARRO DE FREDERICO. INTERIOR. NOITE

FREDERICO COM UM MACHUCADO NO CANTO DA BOCA. COLOCA A MÃO
E GEME DE DOR.
FREDERICO — Desgraçados! Conseguiram escapar levando as fotos, as
filmagens, tudo! (bufa) Só quero ver o que vai acontecer
agora.
PEGA O CELULAR. DISCA. NO VISOR O NOME DE NELINHA. CHAMA POR

ALGUNS SEGUNDOS ATÉ CAIR NA CAIXA POSTAL. JOGA O CELULAR NO
CHÃO.
FREDERICO — Não precisa atender, mas amanhã eu te mato sua
vagabunda! (pensativo) A Marina vai me trucidar.
FREDERICO TENSO.
CORTA PARA:
CENA 30. APARTAMENTO DE ZENILDA. QUARTO DE HÓSPEDES.

INTERIOR. NOITE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 20. THÉO FICA TENSO.
THÉO — Veio me entregar algum papel para eu assinar? (se corta)
Olha, eu só assino na presença dos meus advogados,
Zenildinha.
ZENILDA — Para homem, não coloque a carroça na frente dos bois que
não é nada disso. E para de me chamar de Zenildinha que isso
é brega, Théo.
THÉO FAZ SINAL DE ZÍPER NA BOCA. ZENILDA SENTA NA SUA CAMA.
ZENILDA — Eu tive pensando no Alberto.
THÉO — Se é pra falar deste homem...
ZENILDA — Se você ficar interrompendo eu saio por essa porta e não
volto mais!
THÉO — Não, por favor. Pode falar.
ZENILDA — Então eu estava pensando no Alberto, na falta que ele me
fez esse tempo todo e no apoio que casar com você me
trouxe? Não pense que eu digo que casar com você foi por
comodidade, eu te amo ou te amava não sei.
THÉO — Não diz isso de “te amava” que me corta o coração. Eu
ainda te amo e muito.
ZENILDA — (cont.) O fato é que pensando em tudo isso eu cheguei à
algumas conclusões.
THÉO — Fale.
ZENILDA — Eu estou velha e não vou mais casar com outro homem,
sendo sincera.
THÉO — (ri) Não está velha.
ZENILDA — Cala a boca que eu sei do que tô falando quando olho no

espelho. (pausa) Também não vou sair por aí conhecendo
outros homens à esta altura da vida, ter um marido pelo
menos tem com quem conversar no fim da vida. Alguém pra
compartilhar nossas inseguranças, experiências e afins.
THÉO — Precisa de um marido ou de um analista, Zenildinha?
ZENILDA LEVANTA-SE.
ZENILDA — Não dá pra conversar com você. Tchau!
THÉO — (grita) Não!
THÉO SE COLOCA NA FRENTE DA PORTA E ABRE OS BRAÇOS.
THÉO — Eu juro que fico quieto, mas não vai me deixar nessa
consumição mulher. Fala logo.
ZENILDA — (bufa) Ainda te dou ouvidos.
ZENILDA VOLTA A SENTAR. THÉO FICA DE PÉ, MAS MAIS CALMO.
ZENILDA — Resumindo, eu resolvi não me separar mais de você. Pode
voltar a dormir comigo. Desisti do divórcio.
THÉO — Como é?!
ZENILDA — Ficou surdo? Não vou mais pedir o divórcio, não vou
perder meu tempo e dinheiro nisso. Pronto, falei! Algo a
declarar? Mas ó não se anima porque não será como antes.
THÉO FICA EUFÓRICO E DÁ VÁRIOS PULINHOS PELO QUARTO. ZENILDA
OLHA E RI. THÉO ABRAÇA A ESPOSA E DÁ MIL BEIJINHOS PELO ROSTO.
THÉO — Como assim?
ZENILDA — Aquilo... Aquilo que todos os casais fazem...
ZENILDA FAZ NÃO COM O DEDO. THÉO FICA DESAPONTADO MAIS
DISFARÇA.
ZENILDA — (levantando-se) Então pega as suas coisas e volta para o
quarto e mais uma coisa. (pausa) Jogatina te fará ir parar no
meio da rua ou na sarjeta como você disse.
THÉO — Sem meus cavalinhos?
ZENILDA — Quer os cavalinhos, o baralho ou a esposa? Decida.
ZENILDA SAI. EM THÉO FRUSTRADO.
CORTA PARA:

MANDRAKE TIRA TODA A ROUPA DE CACAU E VAI MORDENDO O SEU
CORPO. ELA VAI ACORDANDO LENTAMENTE E VÊ O QUE ESTÁ
ACONTECENDO.
CACAU — (grita) Socorro. Alguém me ajuda!
MANDRAKE LHE DÁ UM TAPA NA CARA. ELA GRITA E ELE TENTA
TAMPAR A SUA BOCA. CORTA PARA UMA RUA, AONDE RAFAEL VEM
ANDANDO COM SEUS LIVROS DE CURSINHO. EM OFF OS GRITOS DE
CACAU. ELE ARREGALA OS OLHOS ASSUSTADO. PÁRA NA RUA.
CACAU — [off] Socor./
RAFAEL AGITADO. CORRE LADEIRA ABAIXO. CORTA PARA O BECO ONDE
ESTÃO MANDRAKE E CACAU. ELA JÁ DE PÉ PARA FUGIR, ELE A AGARRA
PELA CINTURA. O TRAFICANTE COM A CALÇA JÁ PELO JOELHO. CACAU
CONSEGUE CORRER DO BECO, TODA MARCADA E SEMINUA. RAFAEL
CORRE POR ALI E VÊ A NAMORADA. CACAU DESESPERADA CORRE EM
SUA DIREÇÃO. MANDRAKE ARRUMA A CALÇA E SAI DO BECO. RAFAEL
ABRAÇA CACAU E SE COLOCA NA SUA FRENTE. MANDRAKE APONTA
UMA ARMA PARA O CASAL. RAFAEL ENFRENTA O MASCARADO. CLOSE
NA ARMA, CORTA EM EFEITO CHICOTE PARA O SUPER CLOSE DO ROSTO
DE RAFAEL.
CORTA PARA:
EFEITO FINAL: O ROSTO DE RAFAEL FICA CINZA, ENQUANTO O

PLANO DE FUNDO É PREENCHIDO COM AS CORES DA BANDEIRA DO
BRASIL.
FIM DO CAPÍTULO 11
Créditos sobem ao som de: “Tudo Diferente – Maria Gadú”.

Cap. 11

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Central Destino de Produção Capítulo 11

Personagens deste capítulo

Participação neste capítulo

CENA 01. CARRO DE RÔMULO. INTERIOR. NOITE

CENA 02. CASA DE JULIANO. QUARTO DO CASAL. INTERIOR.

JULIANO — Lembrei que tenho um compromisso, Helena. Vou ter que

JULIANO — Quando se afundou na bebida.

CENA 03. CASA DE JULIANO. SALA. INTERIOR. NOITE

ELIANA — Já estava com saudades e vim te ver, não agüentei esperar

CENA 04. RUA AUGUSTA. EXTERIOR. NOITE

CENA 05. BOATE. INTERIOR. NOITE

(COM FOGO). EM ALGUNS PONTOS DA BOATE, CASAIS NAMORANDO, “SE

CENA 06. CASA DE JULIANO. QUARTO DE VICENZO. INTERIOR.

ELIANA COLOCA O DEDO DENTRO DA BOCA E VICENZO RI.

CENA 07. SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE

CENA 08. FAVELA DO URUBU. BORDEL. SALÃO. INTERIOR.

CINDY — Acontece que eu estou cansada Viúva.

CENA 09. RUA AUGUSTA. BOATE. INTERIOR. NOITE

BEBE O RESTO DA BEBIDA DE UMA SÓ VEZ E DÁ UM GRITO

CENA 10. RUA AUGUSTA. EXTERIOR. NOITE

CENA 11. CARRO DE HELENA. INTERIOR/ EXTERIOR. NOITE

VOLTA PARA HELENA. ELA COM A CABEÇA SOBRE O VOLANTE, BUZINA

O CELULAR DELA TOCA. HELENA REMEXE A BOLSA E ENCONTRA O

HELENA — [tel.] Alô?

CENA 12. CASARÃO DE CELESTINO. COZINHA. INTERIOR.

CENA 13. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE

CENA 14. FAVELA DO URUBU. FARMÁCIA. INTERIOR. NOITE

CENA 15. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE

CENA 16. CASA DE CACAU. SALA. INTERIOR. NOITE

CENA 17. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE

CENA 18. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE

CENA 19. PRÉDIO DE ZENILDA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE

CENA 20. APARTAMENTO DE ZENILDA. QUARTO DE HÓSPEDES.

THÉO — É claro que não meu amor.

CENA 21. PORTO ALEGRE. MOTEL. FRENTE. EXTERIOR. NOITE

CENA 22. MOTEL. GARAGEM. INTERIOR. NOITE

CENA 23. MOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE

CENA 24. MOTEL. ESCADARIA/CORREDOR. INTERIOR. NOITE

DELES COM A TRANSA DE FREDERICO E NELINHA. SOBEM ALGUNS

CENA 25. MOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE

ENQUANTO O FOTÓGRAFO REGISTRA A BRIGA. NELINHA PEGA O SEU

CENA 26. MOTEL. CORREDOR. INTERIOR. NOITE

CENA 27. MOTEL. EXTERIOR. NOITE

CENA 28. PORTO ALEGRE. RUA. EXTERIOR. NOITE

CENA 29. CARRO DE FREDERICO. INTERIOR. NOITE

PEGA O CELULAR. DISCA. NO VISOR O NOME DE NELINHA. CHAMA POR

CENA 30. APARTAMENTO DE ZENILDA. QUARTO DE HÓSPEDES.

ZENILDA — Cala a boca que eu sei do que tô falando quando olho no

CENA 31. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE

EFEITO FINAL: O ROSTO DE RAFAEL FICA CINZA, ENQUANTO O

Créditos sobem ao som de: “Tudo Diferente – Maria Gadú”.

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