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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE

RECURSOS E INFRAÇOES DE TRANSITO DE RIO BRANCO / ACRE - JARI.

AIT nº. ….....................

ROMUALDO.............., brasileiro, solteiro, servidor público


federal, professor da Universidade Federal do Acre, portador da CNH n°
…..........................., CPF nº …...................................., residente e domiciliado na
Rua.........., número............., Bairro................, de Rio Branco – AC, vem, mui
respeitosamente, à emérita presença de Vossa Excelência, apresentar

R E C U R S O A D M I N I S T R AT I V O

em desfavor do DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito, autarquia,


localizada nesta cidade, na Av. Nações Unidas – Estação Experimental, pelos fatos e
argumentos que passa a aduzir

I - RESUMO DOS FATOS

No dia 05 de dezembro de 2015, o autuado transitava pela


(….........................................), conduzindo o veículo
(….....................................................), placa (….......................), de sua propriedade,
quando foi abordado por um policial militar, que lhe aplicou a autuação correspondente
à infração contida no art. 165-A do Código de Trânsito Brasileiro, por ter se recusado a
realizar o teste do bafômetro, embora tenha se oferecido ao respeitável servidor para

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realizar quaisquer outros tipos de testes que pudessem esclarecer que não estava
dirigindo sob a influência de álcool.
Ressalte-se primeiramente que não foi apresentado ao recorrente
o atestado de aferição do equipamento junto ao INMETRO, de maneira que não pode
ser aplicada a penalidade diante da recusa de realizar o teste num aparelho cuja
regularidade técnica não tenha sido comprovada.
Por outro lado, o art. 165-A do CTB não é incompatível com o
disposto na Resolução do CONTRAN nº 206/2006 no ponto que permite que a
autoridade obtenha outras provas relativas aos sinais de embriaguez, o que não foi
realizado, não obstante a disposição do recorrente para tanto, já enfatizada acima.
Insta salientar que o agente não descreveu no auto de infração
qualquer sinal de embriaguez no recorrente, posto que inexistiam quando da
fiscalização. Urge também esclarecer que não foi encontrado nenhum recipiente de
bebida alcoólica no interior do veículo.
Ressalte-se que a fiscalização ocorreu no caminho entre o
trabalho do Recorrente (Universidade Federal do Acre) e a sua residência (…......),
pouco depois do encerramento das atividades deste no período noturno como docente
e maestro da Orquestra Sinfônica da Instituição.
Emerge, desta forma, que a penalidade aplicada de 12 meses de
suspensão da CNH, acrescida da multa pecuniária, é manifestamente desproporcional
e causará ao recorrente prejuízos de toda ordem, inclusive na vida familiar, pois é pai
de dois menores, Rodrigo …........, de ….. anos, e Radamés …........, de ….... anos,
sendo que ambos residem com o recorrente, que é a pessoa responsável por levar os
menores até à escola todas as manhãs, estando eles devidamente matriculados na
Escola …........, bem como em todos os outros compromissos que garantem o pleno
desenvolvimento de seus filhos, como médico, lazer e outros.

II - DA AUSÊNCIA DE EVIDENCIAS QUE SUSTENTEM À APLICAÇÃO DE


PENALIDADE
Dispõe o artigo 165-A do Código de Trânsito Brasileiro:
“Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste,
exame clínico, perícia ou outro procedimento que
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permita certificar influência de álcool ou outra
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art.
277.”.
A infração é considerada como gravíssima e sujeitando o infrator
a suspensão do direito de dirigir por 12 meses e multa na razão de dez vezes o valor
estabelecido. Como Medida Administrativa poderá ocorrer a retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.
A seu turno dispõe o artigo 306 do mesmo Código de Trânsito
Brasileiro:
“Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool
ou de outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º. As condutas previstas no caput serão
constatadas por:
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3
miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Contran, alteração da capacidade psicomotora.
§ 2º. A verificação do disposto neste artigo poderá ser
obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico,
exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado
o direito à contraprova.
§ 3º. O Contran disporá sobre a equivalência entre os
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para
efeito de caracterização do crime tipificado neste
artigo.

Por sua vez os artigos 276 e 277 do CTB rezam:


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“Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de
sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às
penalidades previstas no art. 165”.
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido
em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização
de trânsito poderá ser submetido a teste, exame
clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios
técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo
Contran, permita certificar influência de álcool ou outra
substância psicoativa que determine dependência.
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760,
de 2012)
§ 2º A infração prevista no art. 165 também poderá ser
caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de
sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Contran, alteração da capacidade psicomotora ou
produção de quaisquer outras provas em direito
admitidas. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas
administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código
ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer
dos procedimentos previstos no caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008).

O art. 277 do CTB, acima transcrito, encontra-se no Capítulo XVII,


intitulado “Das Medidas Administrativas”. Assim, destina-se ao agente fiscalizador, e
não aos condutores e aos proprietários de veículos, a quem se destina
especificamente o capítulo XV, intitulado, “Das infrações”.
Desta forma, a lei criou um dever para o agente da autoridade de
trânsito que, ao fiscalizar um veículo, suspeitar que o condutor encontra-se em estado
de embriaguez, deverá determinar ou providenciar para que um dos exames
enumerados no referido artigo seja realizado.
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A disjuntiva "ou", prevista na parte final do artigo 277, revela uma
enumeração de exames que poderão ser realizados naquele que se encontrar sob
fundada suspeita de haver ingerido bebida alcoólica.
O texto da norma, ao enumerar outras possibilidades de verificação
da alcoolemia, demonstra claramente que o legislador não estabeleceu a
obrigatoriedade de um cidadão submeter-se ao exame do bafômetro, estando sujeito
aos demais exames, como o clínico ou a perícia médico-legal.
Não se pode deixar de enfatizar que a coação ao teste de
alcoolemia fere princípios constitucionais garantidores dos direitos fundamentais,
dentre eles o da presunção da inocência (CF, art. 5.°, LVII). Aliás, sobre esse tema.
Antônio Magalhães Gomes Filho adverte que "a garantia constitucional não se revela
somente no momento da decisão, como expressão da máxima do in dubio pro reo,
mas se impõe igualmente como regra de tratamento do suspeito, indiciado ou acusado,
que antes da condenação não pode sofrer qualquer equiparação ao culpado; e,
sobretudo, indica a necessidade de se assegurar, no âmbito da justiça criminal, a
igualdade do cidadão no confronto com o poder punitivo, através do processo 'justo’”.
O sentido do direito a não declarar como manifestação do direito
a defesa se assenta na obrigação para o Estado de suportar a carga da prova da
culpabilidade daquele que se presume inocente. Este tem direito a não colaborar no
descobrimento de sua culpabilidade, como compensação da maior debilidade de sua
posição. Por isso, se fala de um genérico direito a não colaborar, e nesta linha
devemos ter presente que os meios de que dispõe o Estado para a investigação dos
delitos se aperfeiçoam - e podem seguir se aperfeiçoando -, incluindo muitas
possibilidades que a simples declaração verbal do imputado.
No caso sub judice, o recorrente foi autuado unicamente por não
ter feito o teste de alcoolemia, sofrendo clara punição pelo exercício do seu direito
constitucional de não fazer o que não esteja obrigado por lei a fazer, ressaltando que
não há norma que obrigue ao teste do bafômetro, mas somente previsão legal de
sansão em caso de não realização.
Ainda não é despiciendo repetir que o Auto de Infração não
contém a informação de que o agente administrativo tenha verificado algum sinal de
embriaguez, porque estes sinais efetivamente não existiam quando da fiscalização,
não havendo nenhuma razão para que o agente concluísse que o recorrente estava
dirigindo o veículo sob a influência do uso de álcool.
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Nesta linha de raciocínio, acrescenta-se que a literalidade do art.
165-A, prevê, para o tipo em enfoque, a recusa em realizar qualquer teste, exame
clínico, perícia ou outro procedimento, o que absolutamente não ocorreu, tendo
inclusive o recorrente se disponibilizado a tanto.

III – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer o autuado, o ARQUIVAMENTO do auto


de infração e seu registro julgando insubsistente conforme preceitua o artigo 281,
inciso I do CTB, e em razão do principio constitucional da ampla defesa e do
contraditório como determina o artigo 5º, inciso LX da CF/88, bem como o fato de que
ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, ainda em decorrência da
ausência de previsão legal no Código de Trânsito Brasileiro que determine que o
condutor se submeta ao “teste do bafômetro”, somando ao fato de que o recorrente se
disponibilizou a realizar outros testes, previstos no art. 165-A e no art. 277, ambos do
CTB.
Seja ainda concedido o EFEITO SUSPENSIVO, na forma do
artigo 285, parágrafo terceiro da Lei Federal 9.503, de 23 de setembro de 1997.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
Rio Branco/AC, …..................................

ROMUALDO.....
RG....., CPF......., CNH.......

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