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Relações sociais de gênero, identidade de gênero e sexualidades:


notas introdutórias para uma reflexão crítica1
Marylucia Mesquita2

1. Iniciando uma conversa...

Discutir sobre relações sociais de gênero, identidade de gênero e


sexualidades (intencionalmente no plural) exige, de início, compreender
que existem diferentes perspectivas teórico-políticas de explicação. A
perspectiva que adoto parte da compreensão que os conceitos são
ferramentas históricas, numa perspectiva crítica e de totalidade. Ou
seja, devem servir para que possamos nos aproximar ao máximo do que
seja a realidade que procuramos conhecer3. Os conceitos são
interelacionados e estão inscritos numa dada sociabilidade. Estou me
referindo à sociabilidade capitalista, patriarcal, racista e heterossexista
dos dias atuais.

Os conceitos e as idéias não são neutros e abstratos. Não são algo


distante da realidade. São construídos por mulheres e homens a partir
de experiências concretas de vida. Eles nascem da própria realidade e
da necessidade de compreendê-la. Têm como finalidade nos ajudar a
desvendar a aparência do que se mostra aos olhos e a desvendar pré-
noções, crenças, (pré)conceitos, dogmas, discriminações e violências, às
quais, na maioria das vezes, são praticadas como se fossem naturais
(fizessem parte da natureza humana) e, portanto, não fossem históricas
(produto da ação de mulheres e homens). Muitas vezes as noções, as
crenças, as discriminações, as violências, os (pré)conceitos e os dogmas
são reproduzidos por mulheres e homens (in)conscientemente sem se
questionar: Por que é assim? Poderia ser de outra forma?

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O presente texto foi elaborado (agosto/2010 e sofreu alterações em agosto/2011) com a
finalidade pedagógica de sensibilização para processos de formação de grupos que pretendem
romper com a cultura da heterossexualidade obrigatória, do sexismo e da
homofobia/lesbofobia/transfobia social e institucional. Fortaleza, agosto de 2011 sob a
inspiração do arco-íris... Trata-se de um texto introdutório ao debate.
2
Assistente Social da Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza,
coordenando o Núcleo de Formação e Pesquisa em Direitos Humanos LGBT. Mestra em
Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Militante
lesbiana/negra/feminista no movimento de mulheres lésbicas negras feministas latino-
americano e do Caribe e no DIVAS – Grupo em Defesa da Diversidade Afetivo-Sexual. E-mail:
maryluciatrabalho@gmail.com .
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Na perspectiva teórica, aqui adotada, a realidade é sempre mais complexa do que as teorias
que tentam explicá-la, porque é movimento, é contraditória, envolve diferentes sujeitos e sofre
múltiplas determinações e precisa ser compreendida a partir da totalidade.
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2. Relações sociais de gênero: um conceito que nos ajuda a


entender por que “em briga de marido e mulher devemos
meter a colher!!!”

- “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”? (autor


desconhecido)

- Segundo dados do IBGE, projeta-se que, no mínimo, há 2.1 milhões de


mulheres espancadas por ano no país; 175 mil por mês; 5,8 mil por dia;
243 por hora ou 4 por minuto, uma mulher a cada 15 segundos.

- “Se minha mulher me traísse, eu a mataria. Ela faz parte de minhas


posses. Eu sinto que a possuo, da mesma forma que possuo meu carro.
E eu não empresto meu carro”. (Al Goldstein, editor norte-americano –
1973)

- A mulher é feita para o homem. O homem é feito para a vida. (Richard


Burton, ator britânico – 1975)

- “Lugar de mulher é na cozinha”. (autor desconhecido)

Poderíamos elencar inúmeras outras frases que desde


pequeninos/as escutamos ao longo de nossas vidas e que estabelecem
um lugar de submissão e subordinação para as mulheres. Para esta
lógica ideológica e cultural chamamos de patriarcado.

Em outro texto que escrevi em 2009 afirmei que:

“O patriarcado como sistema de dominação e opressão


afirma relações hierarquizadas e desiguais entre mulheres
e homens. As diferenças sexuais presentes no “ser macho”
ou “ser fêmea” são transformadas em condição de
subordinação histórica das mulheres. Várias são as
situações emblemáticas: a violência contra a mulher se
revela como exemplo corrente de como as desigualdades se
manifestam. Quando apanha, a mulher quase sempre é
culpada porque – supostamente – fez algo indevido e o
agressor raramente é punido. Quando uma mulher faz a
opção para não viver a maternidade é vista pela família,
religiões e sociedade em geral como “alguém que não
cumpriu sua missão”, pois no imaginário social para se
realizar como mulher é obrigatório viver a maternidade.
Quando sente tesão e deseja outra mulher é porque foi,
supostamente, “mal amada” por um homem. Tais
exemplos revelam o quanto a dominação masculina está
sempre presente”. (Mesquita, 2009)

Na perspectiva feminista,
3

“o patriarcado designa uma formação social em que os


homens detêm o poder, ou ainda, mais simplesmente, o
poder é dos homens. Ele é, assim, quase sinônimo de
“dominação masculina” ou de opressão das mulheres”
(Hirata, Helena, 2009, pág. 173).

Por que falamos em dominação masculina e opressão das


mulheres? De onde nasce esse entendimento? Nasce da análise sobre a
diferença sexual biológica que estabelece “o macho” e “a fêmea” e que se
desdobra em papéis sociais pré-definidos, respectivamente, masculino e
feminino.

O patriarcado constitui o sistema ideológico que pré-estabelece


um status de superioridade aos homens e as “relações sociais de
gênero” significam, de forma breve, as relações de poder estabelecidas
entre homens e mulheres; entre homens e entre mulheres.

Simone de Beauvouir afirmou que “Ninguém nasce mulher, mas


se torna mulher”. Nesta simples frase estão colocados, como nos lembra
Saffioti (2004), os fundamentos do conceito de gênero, uma vez que o
conceito de gênero se impõe contra o essencialismo biológico, contra a
naturalização da anatomia do corpo como destino.

Não podemos negar que esta análise é resultado de uma luta


coletiva do movimento feminista, das pesquisadoras feministas que ao
observar que não é natural a desigualdade existente entre homens e
mulheres criaram o conceito relações sociais de gênero o qual se
coloca para nos ajudar a desconstruir as desigualdades existentes na
relação entre homens e mulheres, entre mulheres e entre homens.

Para contribuir no processo de desconstrução dessas


desigualdades, o movimento feminista no mundo inteiro investe no
processo de auto-consciência e auto-organização das mulheres, bem
como no processo de organização coletiva, contribuindo para produzir
e/ou resgatar autonomia, autodeterminação e a liberdade como valores
negados a existência das mulheres pela ideologia patriarcal. As
mulheres são educadas para o mundo privado, doméstico. São
educadas para cuidar dos/as outros/as: filhos/as, maridos... O
feminismo problematiza e desconstrói esse entendimento, afirmando
que “o pessoal é político” e a vida pública também é uma possibilidade
para ser vivida pelas mulheres. Aliás, as mulheres podem construir
diferentes projetos de vida. Um deles pode ser a maternidade. Portanto,
esta não pode ser compreendida como obrigação e sim como escolha.
Assim nascem as oficinas de auto-reflexão, rodas de conversa, cursos,
marchas, caminhadas, atos públicos.
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O pensamento cartesiano nos ensina a compreender o mundo de


forma dicotômica, binária e dualista: razão X emoção; feminilidades X
masculinidades. Apreendê-lo exige de nós uma análise crítica e de
totalidade, ou seja, compreender que a realidade é multi-determinada
por diferentes fatores e que, portanto, a realidade não significa a soma
de partes isoladas, desconectadas entre si.

Antes de compreender o conceito de relações sociais de gênero


se faz necessário discutir o que é sexo4. Isso é importante porque duas
falsas idéias se reproduziram e se reproduzem historicamente: (1) a
falsa dicotomia sexo e gênero, o primeiro situado exclusivamente no
terreno da biologia, da natureza e o segundo, exclusivamente, no
terreno da sociedade e da cultura; (2) a relação mecânica e causal entre
sexo e gênero e a negação das diferentes identidades de gênero.

Explicando de outra maneira:

Compartilhamos com Saffioti (2004) que é preciso considerar que


há uma unidade entre sexo e gênero e não uma dicotomia/separação.
Isso porque estamos falando de pessoas que são históricas, que se
fazem e se lapidam no dia-a-dia a partir de suas múltiplas relações
sociais. Portanto, não são pré-fabricadas, pré-determinadas. Têm sexo,
tem uma identidade de si e do outro/a sobre o que é/deve ser feminino
e sobre o que é/deve ser masculino. Têm desejos afetivos e eróticos
dentro do instituído como padrão dominante (heterossexualidade) ou
rompem/transgridem com o padrão dominante de afetividade erótica.
Nesse sentido, as sexualidades que envolvem a identidade biológica, as
práticas sexuais, a identidade de gênero só podem ser compreendidas
inscritas no contexto sócio-político-econômico-cultural.

Falar de unidade entre sexo e gênero não significa dizer que se


trata de uma mesma coisa, mas sim que cada conceito apresenta
características que os diferenciam e os unificam.

Quando falamos em sexo estamos nos referindo às características


físicas, biológico-genitais do ser macho ou do ser fêmea.

Segundo Camurça e Gouveia (2004, pág.11), “quando falamos em


sexo estamos nos referindo aos aspectos físicos, biológicos de macho e
fêmea, àquelas diferenças que estão nos nossos corpos...”

4
Não estou adotando sexo como relação sexual, embora este possa ser uma outra definição
de sexo.
5

Assim, inclusive ocorre com os animais irracionais e com os


animais racionais (nós, seres humanos). Ou seja, uma pessoa pode
nascer com pênis (e isso vai denominar a pessoa de macho) ou pode
nascer com vagina (e isso vai denominá-la de fêmea). E ainda, uma
pessoa pode nascer com sua genitália mista: “parte macho, parte fêmea.
Por exemplo: pode ter externamente uma vagina, mas internamente não
ter útero, e sim próstata. Um caso assim só é descoberto tardiamente,
quando não vem a menstruação, ou até nunca se descobre” (SOF, 1998,
pág. 29). Quando uma pessoa possuir os dois órgãos - pênis e vagina -
será considerada hermafrodita.

Nesse sentido, nascemos com determinado corpo marcado pelo


sexo biológico. Pelos genes, somos todos machos OU fêmeas. Cláudio
Picazio (1998) afirma que

“na sexta semana de gestação, o gene XY [dos machos]5


começa a determinar a diferenciação do feto masculino do
feminino, que tem o gene XX. Começam então a ser
formados o pênis e o saco escrotal no macho, e o útero, o
ovário, a vagina e o clitóris na fêmea. Quando nascemos,
são estas características que determinam se seremos
tratados como meninos ou meninas.” (1998, pág. 19/20)

No entanto, embora o sexo se refira ao campo do corpo


físico/genital, diferente dos animais irracionais que agem por instinto, a
espécie humana é essencialmente determinada pela socialização, pelo
contexto social, político, econômico e cultural. E, portanto, em nossas
sociedades o sexo (macho e fêmea) termina por instituir uma norma
social fixa, binária e estática, a qual exige compreender os conceitos de
“relações sociais de gênero” e “identidade de gênero” para desnaturalizar
as relações de poder e desnaturalizar a anatomia. Complicou? Então
vejamos:

Sabemos que tanto a menstruação como a experiência da


gravidez6, até o momento, só acontecem no corpo da mulher. São
capacidades e vivências determinadas pelo sexo. Ou seja, o macho não
menstrua e nem engravida. Animais também são machos ou fêmeas,
mas eles não são homens OU mulheres, masculinos OU femininos.
Afinal, os animais não têm identidade de gênero, mas os indivíduos
têm. (Gouveia e Camurça, 2004)
5
Grifo meu
6
Em relação à espécie humana, sabemos que a gravidez é uma capacidade e experiência que
somente acontece no corpo da mulher por ter nascido fêmea. No entanto, a
gravidez/maternidade não podem ser impostas às mulheres como obrigação e destino e sim
como opção. A sociedade patriarcal nega, historicamente, a capacidade de decidir sobre o
corpo e a vida reprodutiva das mulheres.
6

Dito de outra forma: como seres humanos, o nosso sexo não é


somente biológico/genital é também sócio-cultural. E a partir das
diferenças sexuais a sociedade cria convenções, crenças, normas,
idéias, pré-noções sobre o que é ser homem e ser mulher, o que ser
masculino e ser feminino.

A sociedade pré-estabelece

“como deve ser a relação entre homem e mulher, a


relação entre as mulheres e a relação entre os
homens (...) O conceito de gênero implica em uma
relação, isto é, nas nossas sociedades o feminino e o
masculino são considerados opostos e também
complementares. Na maioria das vezes o que é
masculino tem mais valor. Assim, as relações de
gênero produzem uma distribuição desigual de poder,
autoridade e prestígio entre as pessoas, de acordo
com o seu sexo. É por isso que se diz que as relações
de gênero são relações de poder ” (Camurça e
Gouveia, 2004, pág.13).

Dessa forma, o conceito de relações de gênero

“se refere às relações entre mulheres e homens,


mulheres e mulheres, homens e homens. Todas estas
relações criam várias desigualdades, fazendo com que
alguns tenham mais poder sobre outros, sejam
considerados mais importantes e respeitados na
sociedade” (Camurça e Gouveia, 2004, pág.14).

Ora, se a sociedade pré-estabelece papéis sociais para homens e


mulheres, isso significa que não nascemos com um ou outro papel, uma
ou outra característica, mas aprendemos a ser como somos no decorrer
de nossas vidas, a partir das experiências possíveis nos diferentes
processos de socialização: família, escola, trabalho etc. O problema é
que estamos inseridos/as em uma cultura patriarcal, ou seja, que é
sexista e machista e, portanto, há uma tendência dominante a
aprendermos desde crianças a não respeitar a diversidade humana e a
nos tornamos intolerantes e autoritários/as. Diferenças são
reproduzidas como desigualdades.

Na família, desde o momento da concepção de uma criança a


primeira pergunta que se faz é: “será menino ou menina?” Essa
pergunta não é à toa, demonstra que desde cedo somos colocados/as
em duas caixinhas excludentes entre si: OU é menina OU é menino!
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Se for macho, será chamado de menino e “suas roupas serão


preferencialmente azuis, e ele receberá comentários do tipo: “Como é
forte, corajoso!” Ou se afirma: “Já nasceu com a cara de macho. Vai ser
um homem muito namorador!” Se for fêmea será chamada de menina.
O rosa será a cor da maioria de suas vestes e, desde pequena, ela
ouvirá frases como: “Que linda! É uma princesinha!” Ou então: “Olha,
como é meiga, frágil, tão quietinha!!”

As crianças vão crescendo: Meninos brincarão de bola, pipa,


carrinho... Brincadeiras que conduzem ao mundo público, à liberdade...
Meninas brincarão de bonecas, de casinha... Brincadeiras que as
ensinam desde pequeninas o lugar do privado, do cuidado dos/os
outros/as, da maternidade...

As relações de gênero hierarquizam o masculino acima do


feminino. Mas já vimos que isso é uma construção social, portanto,
podemos desconstruir.

Se, como dissemos no início, os conceitos não são abstrações


distantes da realidade, mas sim frutos dos processos sociais, políticos,
econômicos e culturais liderados pela ação política de sujeitos políticos
e sujeitos coletivos. Não há como negar, ocultar, invisibilizar que a
produção e a difusão do conceito de relações sociais de gênero estão
diretamente relacionadas à ação política dos movimentos feministas que
a partir de muitas lutas sociais passa a questionar a desigualdade
existente entre mulheres e homens. A teoria feminista denominou
relações sociais de gênero como uma ferramenta importante para
colocar na cena pública elementos ocultos que têm, social e
historicamente, reforçado o poder do macho, do masculino e
inferiorizado e subordinado as mulheres.

As relações de gênero têm suas raízes nos processos de


socialização que iniciam na família, perpassam na escola, nas
amizades, nas religiões, nas relações com amigos/as, no trabalho, na
organização política... E terminam por naturalizar desigualdades.

Nesse sentido, que o feminismo observou que a formação sócio-


cultural de mulheres e homens tinha como base a desigualdade de
condições entre ambos. Senão vejamos:

- no Brasil, somente em 1934, as mulheres tivessem direito ao voto;

- o cuidado da educação dos/as filhos/as é, historicamente,


reproduzido como apenas das mulheres;
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- apesar de homens e mulheres trabalharem fora de casa as tarefas


domésticas são responsabilidades exclusivas das mulheres;

- ainda hoje, apesar das mulheres trabalharem nos mesmos postos de


trabalho dos homens, na maioria das vezes, o salário das mulheres é
inferior;

- as mulheres devem casar “virgens”, mas isso não é critério também


para os homens;

- a maternidade é uma obrigação e não escolha para a vida das


mulheres;

- há reprodução da idéia de “aceitar” a violência praticada contra a


mulher, afinal “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher!”
reforça uma lógica das mulheres como propriedade dos homens;

- é natural a traição por parte dos homens e quando a mulher o faz é


um atentado à “honra”.

Em síntese, as relações sociais de gênero:

- propõem problematizar que na sociedade se estabelece a divisão


sexual dos papéis sociais, predefinindo o “lugar das mulheres” e o
“lugar dos homens” a partir da desigualdade entre os sexos;

- “estabelecem uma hierarquia entre homens e mulheres na estrutura


do poder”;

- na tradição judaico-cristã e na tradição islâmica, o gênero constitui


uma maneira primordial de estruturar os modos de perceber e
organizar, concreta e simbolicamente, toda a vida social, estabelecendo
papéis pré-definidos para homens e mulheres, subordinando estas
últimas;

- dizem respeito à imagem construída pela sociedade sobre o que deve


ser masculino e feminino e dessa forma estabelece uma relação
complementar e dependente.

Dessa forma, as relações sociais de gênero se traduzem como um


conceito importante e útil para explicar que histórica e socialmente são
reproduzidas relações desiguais entre homens e mulheres, portanto,
nos ajuda a compreender os inúmeros privilégios que se colocam na
vida dos homens e as infinitas dificuldades e interdições que se colocam
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na vida das mulheres quer em relação à família, à maternidade, ao


trabalho, aos espaços públicos, à sexualidade.

3. “Quem decide minha identidade sou eu!” - Identidade de


gênero: a que será que se destina?

A identidade de gênero é um conceito que surge, no Brasil, no


final da década de 1980 a partir da incidência política do movimento
LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros).
Pensar a identidade de gênero pressupõe retomar a construção dos
papéis sociais como decorrentes do meio social, político, econômico e
cultural em que vivemos. Como vimos, desde crianças aprendemos
algumas normas e regras que vão sendo repassadas por nossos avós,
pai, mãe, escola, religião, mídia... instituindo o que “deve ser” “papel de
mulher” e “papel de homem” e esses papéis são determinados pelas
relações sexo/gênero que impõem uma compreensão restrita e binária
que é sempre excludente: OU é menino OU é menina; OU é masculino
OU é feminino.

A identidade de gênero é um conceito que nasce do movimento


LGBT, particularmente, do movimento trans a partir da necessidade
de questionamento e desconstrução da lógica binária e dualista homem
X mulher; masculino X feminino. E dessa forma, a identidade de gênero
pode ser: masculino, feminino, travesti, transexual e transgênero.

Segundo os Princípios de Yogyakarta a identidade de gênero se


refere à

“experiência interna, individual e profundamente sentida


que cada pessoa tem em relação ao gênero, que pode, ou
não, corresponder ao sexo atribuído no nascimento,
incluindo-se aí o sentimento pessoal do corpo (que pode
envolver, por livre escolha, modificação da aparência ou
função corporal por meios médicos, cirúrgicos ou outros) e
outras expressões de gênero, inclusive o modo de vestir-se,
o modo de falar e maneirismos” (2006, pág. 9/10).

Ou seja, a identidade de gênero diz respeito à maneira como


alguém se sente e apresenta para si e para os demais como homem ou
mulher, masculino ou feminino ou ainda uma mescla de ambos,
independente do sexo biológico.

Com isso podemos identificar que a identidade de gênero põe em


xeque o que, historicamente, foi instituído como exclusivamente
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masculino e como exclusivamente feminino e mostra que tais conceitos


não são absolutos, estáticos e excludentes. Podemos observar com as
inúmeras mudanças de nosso tempo. Por exemplo:

- determinadas profissões pertenciam ao universo do “masculino” como


jogador de futebol; motorista de caminhão, de táxi. No Brasil,
atualmente, a melhor jogadora do mundo é uma mulher, Marta.

- o uso de cabelos grandes e brincos era uma “característica feminina”.


Atualmente, encontramos em homens e mulheres.

Portanto, considerando que os papéis sociais são construídos


socialmente e, portanto, podem ser modificados não podemos
permanecer amarrados a padrões rígidos de comportamento, modos de
ser e de se colocar no mundo.

Buscando tornar nítido, por exemplo:

Vamos às seguintes afirmações:

(1) Na lógica sexista, uma criança nasce com uma genitália “pênis”,
portanto, será considerado macho e chamado de Pedro e,
portanto, será homem e masculino.

(2) Nessa mesma lógica sexista, uma criança nasce com uma
genitália “vagina”, portanto, será considerada fêmea e chamada
de Marcela e, portanto, será mulher e feminina.

Mas, esta explicação é sexista, dualista, binária e mecânica, pois


Pedro, macho, não necessariamente, vai possuir uma identidade de
gênero total ou predominantemente masculina. Da mesma forma,
Marcela, fêmea, não necessariamente, vai possuir uma identidade de
gênero total ou predominantemente feminina.

Fomos socializados na família, na escola, nas religiões, no


trabalho, nas relações de amizade, relações de militância para usar
apenas as seguintes lentes de entendimento:

Pedro possui pênis, portanto seu sexo biológico é macho. Sua


identidade de gênero é masculina e a orientação do desejo afetivo-
sexual afirma a heterossexualidade.

Marcela possui vagina, portanto seu sexo biológico é fêmea. Sua


identidade de gênero é feminina. E a orientação do desejo afetivo-sexual
afirma a heterossexualidade.
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Essa explicação é real, é reproduzida como a única possibilidade,


mas NÃO o é! Existem várias outras! Que tal usarmos lentes arco-íris
para conseguir enxergar de forma mais ampliada?

Ex.1: Pedro possui pênis. Seu sexo biológico é macho. No entanto, sua
identidade de gênero não afirma o gênero dominante, no caso o gênero
masculino. Diferentemente se reconhece com identidade de gênero
travesti. Relaciona-se com mulheres e a orientação do desejo afetivo-
sexual afirma a heterossexualidade.

Ex.2: Pedro possui pênis. Seu sexo biológico é macho. No entanto, sua
identidade de gênero não afirma o gênero dominante, no caso o gênero
masculino. Diferentemente se reconhece com identidade de gênero
travesti. Relaciona-se com homens e a orientação do desejo afetivo-
sexual afirma a homossexualidade.

Ex.3: Pedro possui pênis. Seu sexo biológico é macho. No entanto, sua
identidade de gênero não afirma o gênero dominante, no caso o gênero
masculino. Diferentemente se reconhece com identidade de gênero
transexual feminina (ou mulher trans). Realizou o processo de
readequação genital no SUS. Relaciona-se com mulheres e a orientação
do desejo afetivo-sexual afirma a lesbianidade.

Ex.4: Pedro possui pênis. Seu sexo biológico é macho. No entanto, sua
identidade de gênero não afirma o gênero dominante, no caso o gênero
masculino. Diferentemente, se reconhece com identidade de gênero
transexual feminina (ou mulher trans). Relaciona-se com homens e a
orientação do desejo afetivo-sexual afirma a heterossexualidade.

Ex. 5: Marcela possui vagina. Seu sexo biológico é fêmea. No entanto,


sua identidade de gênero não afirma o gênero instituído socialmente, no
caso o gênero feminino. Diferentemente, se reconhece com identidade
de gênero transexual masculino (ou homem trans). Realizou o processo
de readequação genital no SUS. Relaciona-se com mulheres e a
orientação do desejo afetivo-sexual afirma a heterossexualidade.

Ex. 6: Marcela possui vagina. Seu sexo biológico é fêmea. No entanto,


sua identidade de gênero não afirma o gênero instituído socialmente, no
caso o gênero feminino. Diferentemente, se reconhece com identidade
de gênero transexual masculino (ou homem trans). Realizou o processo
de readequação genital no SUS. Relaciona-se com homens e a
orientação do desejo afetivo-sexual afirma a homossexualidade.
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Nesse sentido, o movimento trans nos provoca a pensar e a


compreender definitivamente que: Quem decide a nossa identidade
somos nós! Sou eu! É você! Ninguém tem esse direito de nos impor
como queremos ser, nos expressar, quais nossos gostos, identidades,
desejos...

4. “O Amor exige expressão e reverência coletiva” - Politizando


o debate sobre as sexualidades...

“Por que a vivência do amor entre mulheres, entre


homens provocou ao longo da história, e ainda provoca,
tanta hostilidade, a ponto de gerar as mais diversas
reações negativas: rejeição familiar, repulsa social,
discriminação no trabalho e violência nas suas múltiplas
faces (psicológica, moral, patrimonial, física, sexual...)?”
(Boschetti e Mesquita, 2010)
“Por que esta expressão do amor incomoda de tal
forma que sua vivência e expressão podem, em algumas
sociedades, ser punidas com prisão, perseguições, tortura
e até a morte?” (Boschetti e Mesquita, 2010)
“Por que as democracias modernas, mesmo após o
reconhecimento e conquista de diferentes tipos de direitos,
seguem negando e interditando a
homossexualidade/lesbianidade e a bissexualidade como
expressões da sexualidade humana? (Boschetti e
Mesquita, 2010)

Estas perguntas precisam ser refletidas, problematizadas e


respondidas por cada um/a de nós que se pretende libertário/a,
democrático/a e sujeito de direitos. Acredito que

toda forma de amor exige reverência coletiva, por isso as


relações afetivas, sejam entre homens e mulheres, sejam
entre mulheres, sejam entre homens necessitam de
respeito e reconhecimento público para serem vividas em
plenitude e integralidade. O amor não pode viver na
invisibilidade, ocultado pelo medo de reações
intransigentes, incompreensíveis, restritivas e intolerantes.
A vivência e expressão do amor é uma necessidade de vida,
por isso devem ser asseguradas igualmente a todas as
pessoas, sem nenhuma forma de discriminação. Nada
justifica a homofobia/lesbofobia/transfobia sutil ou
explícita que não reconhece e rejeita as relações
homoafetivas. (Boschetti e Mesquita, 2010)

Desde meados do século XX, o anti-semitismo, o racismo, o


sexismo e a homofobia representam as expressões mais candentes do
13

preconceito e da discriminação nos debates públicos e nas lutas sociais


e políticas. E nesse sentido, que se torna necessário tratar do
preconceito e da discriminação nos âmbitos acadêmico, social e político.
Conforme, Rios (2007), há uma discrepância entre bibliografia e as
políticas públicas desenvolvidas a partir de cada um destes temas.

Vivemos em uma sociabilidade em que o padrão de sexualidade


dominante é o da heterossexualidade. Na verdade, a heterossexualidade
compulsória configura-se como um sistema de dominação instituído
socialmente como natural, como norma e inquestionável. A
heterossexualidade obrigatória é uma das expressões do patriarcado.
Para impedir o reconhecimento da lesbianidade/homossexualidade e da
bissexualidade como expressões legítimas da sexualidade humana
assim como o é a heterossexualidade, o sistema opressor denominado
“heterossexualidade compulsória” (Monique Wittig, 1978; Adrienne
Rich, 1980) passa a criar, conforme Daniel Borrilo (2001) atitudes e
discursos de intolerância, rechaço, temor, aversão, ódio, preconceito,
discriminação e perseguição a pessoas que não cumprem com o rol de
gênero masculino dominante, com o papel estabelecido culturalmente
pelo poder masculino para homens e mulheres, incentivando assim
diferentes formas de violência a toda expressão afetivo-sexual entre
pessoas do mesmo sexo. A essas atitudes/discursos chamamos de
homofobia/lesbofobia/transfobia7 que é uma construção sócio-
histórica.

Até o ano de 2011, em países como: Afeganistão, Irã, Mauritânia,


Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Sudão, Emirados Árabes Unidos,
Iêmen a lesbianidade/ homossexualidade é motivo para pena de morte.

7
Apesar do conceito de homofobia designar etmologicamente medo, aversão, ódio a iguais.
Historicamente, o termo é associado a homossexuais masculinos, invisibilizando a opressão
sofrida pelas lésbicas, travestis e transexuais. Por este entendimento é que o movimento de
mulheres lésbicas latino-americanas e caribenhas fez a opção política de adotar o conceito de
lesbofobia para visibilizar as diferentes formas de violência praticadas contra mulheres
lésbicas. E o movimento trans fez a opção política de adotar o conceito de transfobia para
visibilizar a opressão que sofrem as travestis e transexuais. Neste artigo adotaremos a
conjunção dos termos homofobia/lesbofobia/transfobia.
14

E em outros, a lesbianidade/homossexualidade é motivo de prisão:


Bangladesh, Butão, Egito, Guiana, Índia, Maldivas, Nepal, Nicarágua,
Cingapura, Uganda e Zanzibar.

Parto do entendimento da sexualidade humana como dimensão


da individualidade humana, portanto como construção sócio-histórica e
como possuidora de uma dupla dimensão: privada e pública, o que
exige (1) compreender que determinados sujeitos têm seus direitos
violados pelo não reconhecimento da dimensão pública da sexualidade
humana; (2) e que, portanto, se impõe às profissões contribuir para a
desconstrução da homofobia/lesbofobia/transfobia institucional para
que os usuários LGBT tenham garantidos e ampliados seus direitos.
Nesse sentido, parto de 2 (dois) pressupostos:

- o caráter contraditório que envolve a luta por direitos na sociabilidade


capitalista. Este caráter contraditório aponta para a existência de
limites, no entanto, reconhecer os limites não torna esta luta
secundária. Ao contrário, ela se torna fundamental, apesar de muitas
vezes, se restringir ao campo jurídico-formal e não se materializar no
cotidiano de milhares de mulheres e homens que mantém práticas
sexuais homoafetivas.

- escolhi pensar a sexualidade como referência as relações sociais, a


sociabilidade. Isso significa reconhecer que o respeito à diversidade
sexual e, portanto, que o exercício à livre expressão da sexualidade deve
ser garantido para quem tem orientação sexual voltada para
homossexualidade, para heterossexualidade e para bissexualidade. É o
que acontece com a população heterossexual que tem garantida a
expressão dos seus afetos nas ruas, nas praças, nos bares, na família,
no trabalho, nos diferentes espaços de sociabilidade.

No entanto, não podemos esquecer que vivemos em uma sociabilidade


capitalista que em si representa uma forma limitada e restritiva da vida
social, à medida que mercantiliza e coisifica relações entre as pessoas.
As pessoas passam a ter valor pelo que têm e não pelo que são. Na
15

sociedade moderna até existe um discurso em defesa da expressão das


individualidades, fundada no ideário de “liberdade, igualdade e
fraternidade” no entanto isso acontece, na maioria das vezes no âmbito
jurídico-formal, no plano das leis. Ou seja, no cotidiano da população
LGBT todos os dias se enfrentam situações de homofobia (piadas,
chacotas, humilhação, violência física, expulsão de casa, expulsão da
escola, assassinatos...

Compartilho com Santos (2003) do entendimento de que as


questões relacionadas à sexualidade humana não se constituem
“expressões periféricas da vida social, mas que representam uma
dimensão significativa das relações humanas e do desenvolvimento das
individualidades” e potencialidades humanas. Nesse sentido,
compreender a sexualidade humana como dimensão da individualidade
não significa pensá-la a partir de uma referência essencialista, inerente
ao sujeito singular que vive ilhado, desconectado das relações sociais.
Ao contrário disso, o processo de individualidade é uma construção
social e histórica que traduz o modo como mulheres e homens
produzem seus meios de vida, desfrutam da riqueza socialmente
produzida e afirmam suas particularidades como gênero humano.
Considerados esses pressupostos passo a socializar breves reflexões
acerca heterossexualidade obrigatória ou heterossexismo e seu
desdobramento que é a homofobia/lesbofobia/transfobia.

A sexualidade é uma dimensão fundamental da existência


humana e por isso não é justo que determinado segmento da sociedade,
no caso as pessoas cuja orientação sexual é voltada para
heterossexualidade possam ter garantidos os direitos civis, políticos,
sociais, econômicos e culturais e a população LGBT tenha negado tais
direitos, além do mais básico: o de existir e ser conhecido como
cidadão/cidadã.
Por que estamos falando de sexualidadeS no plural? Porque a
heterossexualidade não é a única expressão da sexualidade humana.
16

Esta pode ser vivenciada a partir de três expressões:


homossexualidade/lesbianidade; bissexualidade; heterossexualidade.
Vivemos em uma sociedade que é capitalista, patriarcal, racista e
heterossexista. Isso significa dizer que desde pequeninos/as
introjetamos desvalores que estabelecem diferenças como desigualdades
e impõem um padrão dominante de gênero (o masculino) e de
sexualidade (a heterossexualidade). Dessa forma se naturaliza a
negação, o desrespeito aos direitos de pessoas que rompem a imposição
da heterossexualidade. É nesse contexto que nascem os termos
vulgares e pejorativos: sapatão8, mulher-macho, veado, bichinha,
mulherzinha...
Na socialização patriarcal que vivemos, sabemos que,
historicamente, as mulheres são educadas para responder às
escolhas/desejos e necessidades dos/as outros/as (pai, marido,

8
Sobre a utilização do termo “sapatão” há polêmicas e divergências no âmbito do próprio movimento
lésbico-feminista latino-americano e caribenho. Compartilho de vertente teórico-política do movimento
lesbiano-feminista que compreende que os conceitos têm história e, portanto, reconheço que o termo
“sapatão” nasce de um fundamento patriarcal. Isso significa dizer que nasce para informar socialmente
que uma mulher que deseja e sente tesão por outra mulher pretende ser homem. Afinal, na perspectiva
patriarcal as mulheres são objeto de desejo dos homens. Acredito ser necessário e imprescindível
afirmar o conceito mulher como desconstrução do instituído socialmente. Portanto, incomoda e se
revela como afronta ao patriarcado tornar público “sou mulher e amo, desejo, sinto tesão por outra
mulher!” Assim, não me filio à perspectiva teórico-política queer que valoriza a adoção do termo como
ação política do movimento de lésbicas no sentido de seu fortalecimento político. E nesse sentido,
compartilho que a “partir dos anos 90 surge nos Estados Unidos um novo desvio de gênero,
representado em alguns espetáculos da cantora Madonna e promovido por ativistas e alguns
universitários com o nome de movimento e teoria queer: bizarro, ambíguo, insulto usado para designar
homossexuais, reivindicado aqui para afirmar e reunir todos os comportamentos diferentes daquele da
heterossexualidade normativa: homossexuais, lésbicas, transexuais, travestis, bissexuais etc.) Inspirados
por uma forma de pós-modernismo e reprovando os movimentos feministas, lésbicos e gays anteriores
por terem centrado o seu foco sobre questões relativas às identidades coletivas construídas, os queer
consideram que as categorias de oposição binária (homens/mulheres, homo/heterossexual) são
ultrapassadas ou mesmo “essencialistas” (enquanto nós havíamos demonstrado que elas são
construídas pela opressão!). Trata-se então de ultrapassar o gênero (transgendering), embaralhando,
desordenando, “perturbando” (Butler, 1990) as categorias de sexo e sexualidade. Eles *queer+ se
interessam pelo(s) gênero(s) como uma “representação” quase teatral (performance), que cada
indivíduo poderia desempenhar à sua maneira (ver os artigos críticos de F. Collin, 1994; Charest, 1994;
Marthieu, 1994). Os aspectos simbólicos, discursivos e paródicos do gênero são privilegiados em
detrimento da realidade material histórica das opressões sofridas pelas mulheres, e essa tendência
encontra forte oposição entre algumas lésbicas e feministas, especialmente as feministas “de cor”
americanas e as do Terceiro Mundo” (Hirata, Helena... *ET al]. (orgs). 2009, pág. 228).
17

filhos/as, família, religião etc.) e passam a negar-se como sujeito ético


capaz de agir com consciência, liberdade e responsabilidade. É como se
as mulheres não fossem capazes de fazer escolhas, ter desejos e
necessidades seus e não dos outros. E dessa forma se impõem como
“função da mulher”: a maternidade, o cuidado (solitário) da família, a
educação (solitária) dos/as filhos/as e dos/as idosos/as, a negação do
direito à esfera pública, o que contribuiu, no Brasil, para que somente
em 1934, as mulheres pudessem exercer o direito de votar, por
exemplo. As mulheres são educadas para a vida doméstica e privada. A
maternidade aparece na vida das mulheres como destino e obrigação e
não como escolha. Aos homens é ensinado o direito à liberdade, ao
espaço público e se tornam responsáveis em prover a família. É óbvio
que, devido às conquistas dos movimentos feministas e de mulheres
este cenário vem sendo alterado em vários sentidos, no entanto, ainda
prevalece uma cultura patriarcal e machista que submete as mulheres
ao lugar de subordinação, submissão e dominação masculina.
Nesse contexto, o heterossexismo, ou seja, a afirmação e
imposição da heterossexualidade e a negação da
homossexualidade/lesbianidade e da bissexualidade vai se
naturalizando em nossa formação desde crianças.
O heterossexismo constitui um sistema ideológico de dominação
que se afirma em todos os espaços da existência humana (família,
escola, trabalho, religiões, mídia, lazer, Estado e suas instituições
(saúde, segurança pública, educação, por ex.), profissões, impondo a
heterossexualidade como única expressão da sexualidade humana
legitimada e reconhecida socialmente. Nessa perspectiva, expressões
como a homossexualidade/lesbianidade e a bissexualidade assim como
a travestilidade e transexualidade como diferentes expressões da
identidade de gênero são compreendidas, equivocadamente, como
anormalidade, como perversão, como desvio. É importante compreender
que a heterossexualidade como obrigação não é algo natural, mas sim
uma construção sócio-histórica, ou seja, são mulheres e homens que a
reforçam como única possibilidade.
18

heterossexismo = heterossexualidade compulsória =


heterossexualidade obrigatória

Partilho do entendimento que não se nasce com a orientação do


desejo pré-estabelecido para afirmar a heterossexualidade ou a
homossexualidade/lesbianidade ou a bissexualidade. Desejos se
sentem. Você que está lendo este texto recorda quando se apaixonou a
primeira vez em sua vida? Você planejou? Você disse para si: “eu quero
me apaixonar por Maria e não por Joana?” Foi assim? Penso que não!
Você sentiu desejo e optou se iria vivê-lo ou não. A questão é que como
nossa sexualidade está inscrita no meio social, político, econômico e
cultural desde sempre aprendemos a ser heterossexuais. Mas, mesmo a
heterossexualidade sendo passada, reproduzida de gerações em
gerações como única possibilidade é possível e a história já demonstrou
isso desde a Grécia antiga que podemos nos atrair e sentir desejo
erótico por pessoas do mesmo sexo/gênero.
É importante dizer que o heterossexismo dominou as ciências e as
profissões por muito tempo. Somente em 1985, o Conselho Federal de
Medicina retirou a homossexualidade do catálogo das doenças e a
Organização Mundial de Saúde fez o mesmo em 1990. A Psicologia, em
1999, aprova a Resolução 001/1999 que proíbe psicólogos/as de
atendimento de cura, pois também reconhece que não é doença e,
portanto, estes/as profissionais não podem ter atendimento
discriminatório. O Serviço Social, profissão realizada por assistentes
sociais passa a negar o heterossexismo em seu Código de Ética
Profissional no 11º princípio em 1993 e em 2006 lança a Campanha
Nacional “O Amor fala todas as Línguas: Assistente Social contra o
preconceito” e a Resolução nº 489 que proíbe assistentes sociais de
atendimento discriminatório por orientação sexual.
Essas conquistas no âmbito jurídico-formal são resultado de anos
e anos de muitas lutas do movimento LGBT internacional e brasileiro.
E, portanto, a sociedade e demais profissões precisam se atualizar e
19

acompanhar a mudança dos tempos que vem no sentido de reparar


históricas violações de direitos.
As históricas violações de direitos são reproduzidas pelo que se
chama de HETERONORMATIVIDADE.
A heteronormatividade constitui a normatização ideológica da
heterossexualidade em todos os espaços institucionais, impondo que
todas as outras expressões da sexualidade humana
(homossexualidade/lesbianidade/bissexualidade) constituam crime,
desvio, anormalidade, perversão, “pecado”.

HETERONORMATIVIDADE =

HETEROSSEXUALIDADE COMO NORMA

A heterossexualidade obrigatória como sistema ideológico de


dominação exige a heteronormatividade como sistema de materialização
de diferentes formas de preconceito e discriminação a ser realizado
pelas diferentes instituições sociais e políticas.

A repressão sexual heterossexista traz como conseqüência


perversa o que se convencionou chamar de
homofobia/lesbofobia/transfobia social e institucional.

Antes de falar de homofobia/lesbofobia/transfobia, o que é


Fobia?

“Fobia é um sentimento ou reação interna ou externa de rejeição


a algo de que não gostamos, sobre o qual não concordamos, que não
aprovamos ou do qual temos medo”. (Eliane Gonçalves).

E o que é Homofobia/Lesbofobia/Transfobia?

É a intolerância, rechaço, temor, medo, preconceito e perseguição


a pessoas que não cumprem com o rol de gênero masculino dominante,
com o papel estabelecido culturalmente pelo poder masculino para
homens e mulheres. O/A outro/a é inferior, anormal. (Daniel
Borrilo/Olga Viñuales)
20

Compreendo a Homofobia/Lesbofobia/Transfobia como uma


construção sócio-histórica e ideológica de idéias, atitudes que interdita,
rejeita a vivência afetivo-sexual, cujo desejo é orientado para a não-
heterossexualidade e que afirma o masculino como gênero dominante.

E dessa forma, concretamente a


Homofobia/Lesbofobia/Transfobia vai se manifestar através do ódio,
intolerância, preconceito, discriminação e qualquer forma de violência
contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

E o que é HOMOFOBIA/LESBOFOBIA/TRANSFOBIA
INSTITUCIONAL?

Significa o preconceito, a discriminação contra lésbicas, gays,


bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros manifestado através de
expressão de piadas e chacotas, maus tratos, atendimento diferenciado
e desqualificado, negação de benefícios e informações. Representa a
ausência de conduta ética profissional dentro de instituições públicas e
privadas, dentre outros (Marylucia Mesquita e Luanna Marley, 2009)
21

Algumas expressões da Lesbofobia/Homofobia/Transfobia

 Na pesquisa publicada no livro “Juventude e Sexualidade” (2004),


a UNESCO entrevistou alunos entre 10 e 24 anos nas escolas
públicas de 14 capitais brasileiras, Fortaleza foi apontada como a
capital com o maior índice de discriminação contra
homossexuais, constatando-se também que a discriminação
contra homossexuais é mais abertamente assumida pelos/as
jovens alunos/as além de ser valorizada entre eles.
Aproximadamente ¼ dos/as alunos/as indicaram que não
gostariam de ter um/a colega homossexual, sendo que os
percentuais extremos dessas respostas ficam entre 30,6%
22

(Fortaleza) e 22,6% (Belém), o que corresponde em números


absolutos a 112.477 (Fortaleza) e 43.127 (Belém)

 Na Pesquisa: “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil:


intolerância e respeito às diferenças sexuais” (2008): 92% das
pessoas entrevistadas afirmaram que os outros têm algum grau
de preconceito em relação aos homossexuais e 28% reconhece e
declara o próprio preconceito contra LGBT (5 vezes maior que
com negros e idosos)

 Não reconhecimento da homoafetividade como expressão da


sexualidade humana

 Crimes de ódio: violência física – 3.196 LGT assassinados no


Brasil entre 1980 e 2009 (Fonte: GGB)

 Violência psicológica

 Violência moral

 Imposição e naturalização da invisibilidade, da “dupla vida”

 Homossexualidade/lesbianidade disseminada AINDA como


patologização

 Piadas preconceituosas que estigmatizam lésbicas, gays,


bissexuais, travestis e transexuais.

 Lesbofobia/homofobia/transfobia institucional praticada por


profissionais da saúde, educação, segurança pública, habitação e
pelas diferentes legislações que não reconhecem a população
LGBT como cidadãos/cidadãs, sujeitos de direitos.

 as relações homoafetivas não são reconhecidas como família. Em


2011 passam a ser reconhecidas apenas como união civil.

 Controle religioso sobre a vida sexual (judaico-cristão): se


estabelece a culpa às população LGBT pelo exercício do direito de
decidir sobre seu corpo e sua vida afetivo-sexual. Há uma
reprodução do estigma, como exercício de poder ao que é
diferente tornando-o desigual.

Um outro elemento importante para considerar no debate da


sexualidade humana é compreender a existência de cinco conceitos que
se interconectam entre si. Alguns deles já vimos no decorrer deste texto:

- identidade biológica = sexo


23

- relações sociais de gênero

- identidade de gênero

- orientação sexual

- prática sexual

- identidade política.

No que se refere à Orientação Sexual já que estamos partindo da


desconstrução do heterossexismo, da desconstrução da
heterossexualidade como obrigação podemos afirmar e reconhecer que
os desejos eróticos/os sentimentos afetivo-sexuais podem se expressar
voltados para: homossexualidade/lesbianidade, heterossexualidade e
bissexualidade.

Sendo assim, o que significa LGBT, MSM, HSH?

Lésbicas – Mulheres que se relacionam afetivo-sexualmente com


mulheres.

MSM - Mulheres que fazem sexo com mulheres. Conceito elaborado


pelo Ministério da Saúde.

Gays - Homens que se relacionam afetivo-sexualmente com homens.

HSH - Mulheres que fazem sexo com mulheres. Conceito elaborado pelo
Ministério da Saúde.

Bissexuais -

Homens que se relacionam afetivo-sexualmente com homens e com


mulheres

Mulheres que se relacionam afetivo-sexualmente com homens e com


mulheres
24

No que se refere à Identidade de gênero vimos que nascemos


com um sexo biológico: macho, fêmea ou hermafrodita. E como vivemos
em uma sociedade sexista, machista e heterossexista, o sexo biológico
termina por impor, muitas vezes, uma determinada identidade de
gênero, como se fosse uma relação a-histórica, mecânica. Ou seja, João
nasceu macho, ou seja, com um pênis e isso não significa que sua
identidade de gênero seja masculina. Ou de outra forma, Maria nasceu
fêmea e não significa que sua identidade de gênero será feminina. A
identidade de gênero, como vimos, é uma construção sócio-histórica, ou
seja, construída a partir do processo de socialização/interação
indivíduo – sociedade quer seja na família, na escola, na universidade,
no trabalho, no lazer, na relação com os/as amigos/as, nas religiões, na
mídia, dentre outros. Isso significa a necessidade de reconhecer que a
identidade de gênero pode ser: masculina / feminina / travesti /
transexual / transgênero.

Travestis = Homens que se identificam com a imagem e o estilo


feminino, que desejam e se apropriam de indumentárias e adereços da
estética feminina, realizam com freqüência a transformação de seus
corpos através da ingestão de hormônios e/ou da aplicação de silicone
industrial, assim como pelas cirurgias de correção estética e do
implante de próteses. (Beth Fernandes)

Transexuais = Homens ou mulheres que não se identificam com seus


genitais biológicos nem com suas atribuições sócio-culturais, podendo,
através da cirurgia de transgenitalização, exercer sua identidade de
gênero em consonância com seu bem estar bio-psico-social. (Beth
Fernandes)

Transgêneros = Àqueles/àquelas que transitam pelo gênero


manifestando-se opostamente ao gênero dominante instituído
(masculino). Podem ser transgêneros: pessoas com orientação sexual
voltada para heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade.
25

Um outro conceito importante é a PRÁTICA SEXUAL. Se refere a


pessoas que têm práticas homoafetivas, heteroafetivas ou biafetivas e
não necessariamente querem tornar público reconhecendo-se numa
identidade política.
Os movimentos sociais se organizam em virtude do
compartilhamento de carências, necessidades, negação de direitos.
Todas as lutas sociais, movimentos sociais necessitam de sujeitos
políticos que materializem, que vocalizem uma agenda política de
demandas e reivindicações. Assim, é com o movimento feminista,
movimento de mulheres, movimento de mulheres e homens negros/as,
movimento de direitos humanos, movimento sem terra, movimento dos
sem teto, movimento da reforma urbana, movimento da reforma
antimanicomial e tantos outros. No caso, do Movimento pela Livre
Orientação e Expressão Sexual e Livre Expressão da Identidade de
Gênero, os sujeitos políticos são: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,
Transexuais e Transgêneros que lutam para romper com a
heterossexualidade obrigatória e com o sexismo.

E o que é identidade política do Movimento LGBT?

Refere-se ao reconhecimento que a sexualidade humana possui


uma dupla dimensão9: privada e pública e, portanto, faz-se necessário a
explicitação pública, a publicização da orientação sexual e identidade
de gênero. Ou seja, ao se organizarem coletivamente assumem uma
determinada identidade política: LGBT.
Afirmar que as práticas afetivo-sexuais possuem uma dupla
dimensão: privada e pública significa afirmar que cada um/a na sua
singularidade é quem sente e deseja. Não posso impor para ninguém
que deseje como eu desejo! Cada um/a que sabe como quer e pode
responder as suas fantasias e necessidades sexuais. Há pessoas que

9
MESQUITA, Marylucia - Artigo “Orientação Sexual: Experiência privada, opressão privada e pública –
um desafio para os direittos humanos”, apresentado durante o X Congresso Brasileiro de Assistentes
Sociais no RJ em 2001.
26

não têm gostam de fazer sexo oral, outras que gostam de sexo oral, anal
e etc. Esta é, por exemplo, a dimensão privada da sexualidade. No
entanto, não podemos restringir a sexualidade apenas à dimensão
privada porque isso seria insuficiente e superficial.
Nesse sentido, se impõe reconhecer a dimensão pública da
sexualidade humana. Ou seja, a prática afetivo-sexual exige a garantia
de uma dimensão pública, coletiva. O ser humano necessita expressar
que é amado e pode amar. E isso é garantido à população heterossexual
que tem direito à expressão pública de seu afeto na rua, nos bares em
qualquer espaço público. Não é justo que heterossexuais tenham direito
à coisa pública e lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros
tenham que viver em guetos, “no armários”, excluídos da sociedade. A
sexualidade assim como a necessidade de alimentar, de ter um local
para morar, de ter trabalho é uma dimensão fundamental da nossa
existência humana e não deve permanecer aprisionada. A sociedade e o
Estado precisam garantir o reconhecimento das múltiplas sexualidades,
da diversidade sexual. Afinal, a sexualidade é uma parte integral da
individualidade de todo ser humano e seu desenvolvimento total
depende da satisfação de necessidades humanas básicas tais como
desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e
amor. Nessa perspectiva, a sexualidade é construída através da
interação entre o indivíduo e sociedade. O pleno desenvolvimento da
sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e
social. (Idem, 2001)

Mais ainda, viver a sexualidade assume caráter público no


sentido de que não há justificativas, senão de cunho moralista e
conservador, que incorporem legitimidade quando cerceiam direitos
considerados fundamentais: os direitos sexuais. Cabe-nos indagar: O
que leva pessoas, instituições a se reivindicarem autorizadas e legítimas
a determinar como os indivíduos devem se relacionar afetivo-
sexualmente? O que faz com que indivíduos e instituições coloquem em
xeque a competência e o compromisso profissionais de homens e
27

mulheres a partir da orientação dada as suas práticas e desejos sexuais


e às suas identidades de gênero que negam o essencialismo binário
masculino OU feminino? Em que medida se efetiva a laicidade do
Estado Brasileiro? Compreendemos que é dessa forma que se expressa
aspectos do padrão dominante de sexualidade: a heterossexualidade
compulsória e se afirma a identidade de gênero binária: OU masculino
OU feminino. Vale realçar que tal padrão se justifica pela reprodução da
família e da propriedade privada e, portanto, a partir de um referencial
de cunho extremamente autoritário, moralista, conservador e
fundamentalista.

Para finalizar, acredito que os avanços identificados nas últimas


décadas em torno da democratização da sociedade não têm sido
suciecientes para inserir em profundidade o respeito e a valorização da
liberdade de orientação e expressão sexual e a livre identidade de
gênero na agenda do Estado e das políticas sociais. O que está em jogo
são complexas relações vigentes na sociabilidade capitalista, fortemente
caracterizada pela desigualdade social; pela opressão de gênero, de
raça/etnia e de orientação sexual e de identidade de gênero. No que se
refere à orientação sexual é relevante enfatizar que, apesar de algumas
conquistas sobre o reconhecimento da diversidade sexual prevalece em
diferentes espaços, no âmbito privado e público, a noção predominante
de que a heterossexualidade é a norma estabelecida, reconhecida e
legitimada. Nesse sentido, na vida cotidiana, mulheres e homens que
vivenciam práticas sexuais homoafetivas tendem à invisibilidade e,
portanto, o papel dos movimentos sociais pela diversidade sexual torna-
se fundamental à medida que seguem ocupando a cena pública na luta
pelo reconhecimento de direitos civis, políticos, econômicos e sócio-
culturais e afirmando-se como sujeitos políticos. No entanto, impõe-se
como desafio estreitar articulações com outros movimentos sociais,
como o Movimento de Mulheres Negras e Homens Negros, Movimento
Nacional de Direitos Humanos, Movimento Sem Terra, dentre outros,
bem como tensionar as profissões liberais como o Serviço Social, a
28

Psicologia e o Direito, provocando-os a incorporar em sua agenda


política as reivindicações do movimento de lésbicas, afinal a defesa
radical do exercício da sexaulidade sem fronteiras não é privativa dos
movimentos pela diversidade sexual e pela livre identidade de gênero. É
responsabilidade política da sociedade civil organizada comprometida
com a construção de uma sociabilidade verdadeiramente libertária e
emancipada e do Estado brasileiro que se reivindica laico.

SUGESTÕES DE FILMES SOBRE A TEMÁTICA LGBT:

- Desejo proibido - A culpa é da água

- Meninos não choram - Transamérica

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Orientação e Expressão Sexual – O Amor fala todas as Línguas:
Assistente Social na Luta contra o preconceito. Artigo publicado nos
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DOCUMENTOS:

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http://www.clam.org.br/pdf/principios_de_yogyakarta.pdf

Dossiê: Saúde das Mulheres Lésbicas - Promoção da Eqüidade e da


Integralidade. Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e
Direitos Reprodutivos – Rede Feminista de Saúde. Pesquisa realizada
por Regina Faccini e Regina Maria Barbosa, março/2006. Disponível
em:
http://www.redesaude.org.br/Homepage/Dossi%EAs/Dossi%EA%20Sa%FAde%20das%20Mulh
eres%20L%E9sbicas.pdf

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